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                                 ARTIGO TEOLÓGICO
            1
                O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

                                                por

                                  Carlos Augusto Vailatti

RESUMO

        O propósito deste artigo é comparar algumas figuras proféticas do Antigo
Oriente Médio e/ou suas profecias com o profetismo existente no Antigo Testamento,
sobretudo, em Israel. Ao final do artigo, verificar-se-á quais são as principais
semelhanças e diferenças entre estes dois grupos.

Palavras-Chave: Antigo Oriente Médio, Profetismo, Israel, Antigo Testamento.


RESUMEN

        El propósito de este artículo es comparar algunas figuras proféticas del Antiguo
Oriente Medio y/o sus profecías con el profetismo en el Antiguo Testamento,
especialmente en Israel. Al final del artículo, se comprobará que son las principales
similitudes y diferencias entre estos dos grupos.

Palabras Clave: Antiguo Oriente Medio, Profetismo, Israel, Antiguo Testamento.


ABSTRACT

        The purpose of this paper is to compare some prophetic figures of the Ancient
Near East and/or their prophecies with the prophetism in the Old Testament, especially
in Israel. At the end of the article, check will be what are the main similarities and
differences between these two groups.

Keywords: Ancient Near East, Prophetism, Israel, Old Testament.




1
 Este artigo foi apresentado originalmente como trabalho em 10/2009 para a Escola Superior de Teologia
(EST) para efeito de Integralização de créditos do Curso de Graduação em Teologia.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO                                                                3

I – O Profetismo nas Várias Religiões e Culturas do Antigo Oriente Médio 4

      a)   Profetismo nas Cartas de Mari                                  4
      b)   Profetismo Hitita                                              7




                                                                               © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011
      c)   Profetismo no Período Neo-Assírio                              8
      d)   Profetismo Siro-Palestinense                                   9
      e)   Profetismo no Egito                                            10
      f)   Conclusão                                                      10


II – O Profetismo no Antigo Testamento                                    12

      a) Definindo o Termo “Profeta”                                      12
      b) O Profetismo Multifacetado de Israel                             13
      c) O Autoconhecimento dos Profetas                                  16
      d) O Profeta como Mensageiro                                        17
      e) Conclusão                                                        17

CONCLUSÃO                                                                 19

BIBLIOGRAFIA                                                              21




                                                                      W
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INTRODUÇÃO

       Ao falar sobre Os Profetas do Antigo Testamento devemos ter em mente, antes
de tudo, que estamos diante de um assunto bastante complexo, uma vez que no período
veterotestamentário havia muitos tipos de profetas, os quais atuavam das mais variadas
formas. Algumas vezes os profetas agiam de forma isolada e, outras vezes, atuavam em
grupo, ora em casa, ora em um palácio, às vezes ao longo do caminho e, às vezes, nos




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santuários.2 Seja como for, a característica multifacetada da atuação profética, devido à
sua abrangência inerente, exige que delimitemos sobremaneira o nosso campo de
estudo. Sendo assim, a minha proposta ao escrever este texto será seguir um roteiro de
estudo previamente determinado.
       Iniciarei a minha abordagem tratando de algumas das figuras proféticas e/ou de
suas profecias, as quais podem ser encontradas em vários contextos religiosos e
culturais do Antigo Oriente Médio. Como a nossa intenção não é aprofundar no assunto,
mas apenas realizar um trabalho de caráter mais introdutório, portanto, me limitarei a
fornecer apenas cinco exemplos que contemplem tais tipos de figuras proféticas e/ou
suas profecias.
       Em seguida, buscarei falar sobre o profetismo existente no Antigo Testamento,
mais particularmente, no Antigo Israel. Nesse item, me limitarei a falar apenas sobre
algumas das principais características do profeta israelita.
       Ao término desse breve estudo, verificaremos se as figuras proféticas do Antigo
Oriente       Médio   possuem   algumas     possíveis       semelhanças   com    os       profetas
veterotestamentários e, caso positivo, veremos em que consistem tais semelhanças.
       De forma geral, o presente texto tem como objetivo principal tratar de alguns
dos aspectos básicos referentes à figura dos profetas tanto extra-bíblicos quanto
bíblicos.
       Sendo assim, vejamos então o que nos reserva a leitura de O Profetismo no
Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel.




 ROWLEY, H. H. A Fé em Israel. [Tradução de Alexandre Macintyre]. São Paulo, Editora Teológica,
2003, pp.204, 205.

                                                                                      W
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I – O Profetismo nas Várias Religiões e Culturas do Antigo Oriente Médio

        Quando estudamos o profetismo, temos que ter em mente que não estamos
diante de um fenômeno exclusivamente hebraico. Embora o profetismo hebraico tenha,
sem dúvida alguma, alguns aspectos bem peculiares, todavia, esse fenômeno também
encontra certos paralelos em outras culturas e religiões do Antigo Oriente Médio.3
        De acordo com Georg Fohrer, havia duas formas de profecia no Antigo Oriente




                                                                                                       © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011
Médio, as quais, por sua vez, correspondiam a dois tipos de cenário religioso: a religião
nômade e a religião da área cultivada. Enquanto que, na religião nômade, os “homens
de Deus” ou “pessoas inspiradas” devem ter surgido provavelmente como videntes entre
os nômades, os quais proclamavam as instituições divinas baseados em sonhos e
pressentimentos, a religião da fertilidade, entretanto, que tinha relação com a vegetação
e com os cultos da fertilidade, envolvia “profetas extáticos” os quais se encontravam em
santuários ou em cortes reais.4
        Embora estas informações nos sejam bastante úteis, elas são, todavia, por demais
vagas. Sendo assim, se quisermos comprovar o fato de que o profetismo não era “filho
único” da religião e cultura hebraicas, mas possuía “outros irmãos” (guardadas as
devidas proporções) também em outras culturas e religiões, então, teremos que
aprofundar mais a nossa pesquisa nesta direção. É o que buscaremos fazer a seguir.

        a) Profetismo nas Cartas de Mari

        Comecemos pelas Cartas de Mari (datadas do século XVIII a.C.). Mari é o
nome da antiga cidade do médio Eufrates, na qual foram descobertas no século XX,
dentre outras coisas, cerca de vinte mil tabuinhas dos arquivos reais, contendo textos
reais, jurídicos, econômicos e religiosos que permitem reconstruir amplamente a sua
vida e sociedade.5 Dentre as várias tabuinhas encontradas, nos interessam
particularmente aquelas que foram endereçadas ao último rei de Mari, Zimri-Lim (1790-
1761 a.C.), as quais contêm oráculos que possuem certas semelhanças com as

 Cf. CERESKO, Anthony R. Introdução ao Antigo Testamento numa perspectiva libertadora. [Tradução
de José Raimundo Vidigal]. São Paulo, Paulus, 1996, p.177; HOMBURG, Klaus. Introdução ao Antigo
Testamento. [Tradução de Geraldo Korndörfer]. São Leopoldo, Sinodal, 1981, p.135; SCHMIDT, Werner
H. A Fé do Antigo Testamento. [Tradução de Vilmar Schneider]. São Leopoldo, Sinodal, 2004, p.331.
 FOHRER, Georg. História da Religião de Israel. [Tradução de Josué Xavier]. São Paulo, Ed. Academia
Cristã/Paulus, 2006, pp.290,291.
 MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. [Tradução de Álvaro Cunha et alii.]. São Paulo, Paulus, 1983,
p.585.

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expressões dos profetas veterotestamentários em suas fórmulas introdutórias, bem
como, em sua forma e estilo.6 O fato de haver uma literatura de considerável extensão
sobre a relação entre a “profecia de Mari” e os “profetas da Bíblia Hebraica” nos mostra
a tamanha importância desse assunto para os estudos bíblicos.7
        No que diz respeito às figuras proféticas de Mari, estas podem ser divididas em
dois grupos: as pessoas portadoras de títulos especiais (ocupavam uma posição




                                                                                                           © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011
proeminente na sociedade) e as que não possuem nenhum título específico
(desempenhavam um papel mais periférico e secundário na sociedade).8
        Em se tratando do primeiro grupo, eis os principais títulos das figuras proféticas
de Mari:

        •   Os apilu/apiltu. Ao que tudo indica, os títulos apilu (masculino) e apiltu
            (feminino) são formas participiais do verbo apalu, “responder”. Desta forma,
            o significado “aquele que responde” pode estar se referindo ao fato de que os
            apilus respondiam às perguntas feitas à divindade quando estavam possuídos
            por ela.9

        •   O muhhu/muhhutu. Quanto aos títulos muhhu (masculino) e muhhutu
            (feminino), tais designações são dadas a várias pessoas de Mari. A palavra
            muhhu é derivada do verbo mahu, “entrar em transe”, o que significa que o
            mahu era alguém em transe ou extático. Há indícios de que este indivíduo era
            violento e, às vezes, incontrolado quando possuído pela divindade.10



  MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico, p. 742. Cf. também: CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.4. [M-O]. São Paulo, Editora Hagnos, 2001, pp. 132,133.
 Uma relação contendo algumas das obras mais importantes sobre o assunto pode ser encontrada em:
BARSTAD, Hans M. No Prophets? Recent Development in Biblical Prophetic Research and Ancient
Near Eastern Prophecy. Journal for the Study of the Old Testament (JSOT), Nº57, 1993, p.49.
 WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel. [Tradução de João Rezende Costa]. São
Paulo, Targumim/Paulus, 2006, p.129.
  Idem, Ibidem, pp.129,130. Hoffner lembra que os termos apilu (“respondente”) e mahhu (“profeta
extático”), dentre outros, eram vocábulos que se referiam a indivíduos que habitualmente recebiam e
transmitiam mensagens divinas. (Cf. HOFFNER, Jr., Harry A. Ancient Views of Prophecy and
Fulfillment: Mesopotamia and Asia Minor. Journal of the Evangelical Theological Society (JETS), 30/3,
1987, p.262).
  WILSON, Robert R. Op.Cit., p.133. De acordo com Fohrer, “o apilum ou muhhum corresponde ao
nabi”. (Cf. FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.295). Para maiores informações sobre os
“profetas extáticos” nos primórdios de Israel, consulte: LEVISON, John R. Profecy in Ancient Israel: The
Case of the Ecstatic Elders. The Catholic Biblical Quarterly (CBQ), Nº 65, 2003, pp.503-521.

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        •   O assinnu. No que se refere ao título assinnu, o termo tem recebido os mais
            variados significados, tais como: eunuco, homossexual, travesti, prostituto
            cultual masculino ou pederasta. Contudo, segundo a opinião de alguns
            eruditos, o assinnu era somente um ator que interpretava um papel feminino
            em dramas cultuais. Tal significado pode ser resultante do fato de que, na
            Epopéia de Era, a divindade feminina Ishtar, ao possuir o assinnu em um




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            ritual cultual, provocava-lhe certos trejeitos femininos.11

        •   O qabbatum. O título qabbatum refere-se a um “locutor”. Em uma das
            tabuinhas de Mari, este indivíduo fala em nome do deus Dagan de Terqa e
            avisa ao rei Zimri-Lim sobre os atos enganosos do regente chamado
            Esnnuna. Ao que parece, o qabbatum desempenhava um papel mais
            periférico no culto.12

        Já no que concerne ao segundo grupo de figuras proféticas de Mari, havia treze
dos emissores de oráculos os quais não traziam nenhum título em especial relacionado
às suas funções revelatórias. Ao emitirem seus oráculos, tais indivíduos parecem não ter
exibido nenhum tipo de comportamento estereotipado. Dessas treze figuras proféticas,
oito eram mulheres, as quais devem ter exercido menor influência social e religiosa na
sociedade patriarcal de Mari.13 De forma geral, tanto o conteúdo da mensagem como a
maneira como o governo reagiu a este último grupo indicam que eram figuras de menor
representatividade na instituição religiosa de Mari.14
        De qualquer forma, não poderíamos concluir este item sem mencionar antes um
extrato de um oráculo de Mari, o qual mostra que os extáticos receberam certas
instruções da divindade Dagan num sonho. Percebe-se no extrato que o sonho e a visão
são vistos como sendo a mesma coisa. Além disso, chama também a atenção o fato de
que o teor do oráculo diz respeito a um contexto de guerra:




  WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, pp. 136,137.
  Idem, Ibidem, pp.138,139.
   Apesar da escassez de informações sobre o papel da mulher como profetisa na Bíblia Hebraica,
Rabanus Maurus, um abade beneditino que viveu aproximadamente entre 780 a 856 d.C. na Alemanha, já
chamava a atenção para a importância do papel profético de Débora em seu comentário ao livro de Juízes.
(Cf. MAYESKI, Marie Anne. “Let Women Not Despair”: Rabanus Maurus on Women as Prophets.
Theological Studies (TS), Nº 58, 1997, pp.237-253).
  WILSON, Robert R. Op.Cit., pp.139,140.

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           Fala ao meu senhor: Assim diz o teu servo Itur-asdu: no dia em que eu enviei esta
           minha carta ao meu senhor, Malik-dagan, um homem de Sakka veio a mim e contou-me
           o seguinte: “Em meu sonho, eu e um homem do distrito de Sagaratum, na região alta, o
           qual estava comigo, desejávamos ir a Mari. Em minha visão, fui para Tarqa e
           imediatamente entrei no templo de Dagan e prostrei-me diante de Dagan. Quando
           estava de joelhos, Dagan abriu a boca e falou-me como segue: ‘Têm os xeques [reis]
           dos benjaminitas e seu povo estabelecido a paz com o povo de Zimri-lim, que saiu?’.




                                                                                                      © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011
           Disse eu: ‘Eles não estabeleceram a paz’. Quando eu estava a ponto de sair, ele falou-
           me outra vez o seguinte: ‘Por que os emissários de Zimri-lim não permanecem
           continuamente em minha presença e por que ele não me dá um relato completo [de
           tudo]? Caso contrário, eu teria dado, dias atrás, os xeques dos benjaminitas nas mãos de
           Zimri-lim. Agora, vai. Eu te envio; a Zimri-lim tu falarás o seguinte: ‘Manda-me teus
           emissários e dá-me um relato completo. Então, prenderei os xeques dos benjaminitas
           numa armadilha de peixe e os colocarei diante de di”. Foi isso que o homem viu em seu
           sonho e me contou.15


           Finalmente, se as profecias de Mari podem ser definidas como declarações de
forma oracular feitas por especialistas religiosos, endereçadas através da divindade ao
rei (mais raramente a um de seus oficiais) em forma de promessas e garantias, ameaças
contra outros reis ou estados, advertências, demandas ou pedidos, causas diversas com
relações internacionais, guerra, questões cúlticas e bem-estar do rei, então, está claro a
partir da evidência bíblica que essencialmente a mesma instituição é encontrada no
Israel pré-exílico. Todavia, devemos esclarecer aqui que “essencialmente a mesma” não
exclui as várias características específicas de cada cultura além desta caracterização
geral.16

           b) Profetismo Hitita

           Sabe-se que em uma oração proferida durante o curso de uma prolongada praga
em sua terra, o imperador hitita, Mursili II, expressou sucintamente os caminhos da
revelação divina abertos para o Antigo Oriente Próximo:

           Se o povo está morrendo por algum outro motivo [além dos pecados que temos
           descoberto até agora], então, ou deixe-me vê-lo por um sonho, ou deixe-o ser


  FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.294.
  PARKER, Simon B. Official Attitudes Toward Prophecy at Mari and in Israel. Vetus Testamentum
(VT), Vol. XLIII, 1993, pp.67,68.

                                                                                        W
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        determinado por uma pergunta oracular, ou deixe um profeta extático declará-lo, ou,
        como tenho instruído a todos os sacerdotes, eles praticarão a incubação.17

        O que nos interessa nesta declaração é a referência que o imperador hitita faz aos
“profetas extáticos” como canais de comunicação entre os deuses hititas e seus
adoradores. Além desse exemplo, um oráculo entregue a um rei hitita por um vidente
prediz a vitória em uma próxima batalha com essas palavras: “Não temas, ó rei! O deus




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Teshub irá colocar o inimigo das terras sob seus pés, e você irá despedaçá-lo como
potes de argila vazios”.18
        Embora haja algumas semelhanças entre esses oráculos e certas características
da profecia bíblica veterotestamentária, contudo, devemos ser cautelosos em nossas
conclusões. Enquanto os oráculos hititas estavam associados a práticas de adivinhação
pagãs que estavam interessadas em conhecer eventos futuros, para os devotos israelitas,
por sua vez, Deus os fez saber o que desejava que conhecessem, ou através do sagrado
Urim e Tumim dos sacerdotes, ou pelos Seus servos, os profetas.19


        c) Profetismo no Período Neo-Assírio

        Depois do antigo período babilônico, os relatos a respeito de figuras proféticas
deixam de existir, até que são novamente citados nos tempos neo-assírios e nos reinos
de Asaradon e Assurbanipal (680-627 a.C.).20 Não obstante a adivinhação certamente
ainda estivesse em voga durante esse intervalo, porém, pouco se sabe sobre os
“emissores de oráculos” ou profetas e sobre a espécie de intermediação que
representavam.
        Contudo, no período neo-assírio, sabe-se da existência de uma figura profética
conhecida como raggimu (masculino), raggintu (feminino), cujo significado é “aquele
(a) que chama” ou “aquele (a) que grita”. Tais indivíduos, ao que tudo indica, deviam
entregar oráculos, sendo que há indícios de que alguns ragginus agiam em contextos




   Cf. HOFFNER, Jr., Harry A. Ancient Views of Prophecy and Fulfillment: Mesopotamia and Asia
Minor, p.257. Hoffner define incubação (do hitita suppaya seske) como: “a prática de dormir
deliberadamente em um local sagrado a fim de solicitar um sonho oracular”. O autor ainda encontra
paralelos dessa prática no Antigo Testamento, por exemplo, naquilo que ele chama de “sonho oracular”
de Jacó em Betel (Gn 28) e também no sonho do jovem Samuel (1 Sm 3). (Idem, ibidem, p.257).
  Idem, Ibidem, pp.262,263.
  Idem, Ibidem, p.265.
  WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, p.142.

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cultuais.21 Além dessas figuras, havia alguns emissores de oráculos neo-assírios que
recebiam o título de sabrû. Tal designação é derivada do verbo baru, “mostrar”,
“revelar”, que freqüentemente é utilizada principalmente em relação a sonhos e visões.
Sendo assim, as mensagens pronunciadas pelo sabrû eram oriundas geralmente de
sonhos.22 Finalmente, o último emissor de oráculos a aparecer nos textos neo-assírios é
a selutu, a monja. Tal figura profética dedicava-se ao serviço de determinada divindade,




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tendo, pois, funções cultuais regulares na religiosidade neo-assíria.23
       Um interessante exemplo de um oráculo, ainda que muito abreviado, do período
neo-assírio, é aquele em que uma divindade (Ashur?) descreve a resposta ao rei
Asaradon quando ele estava cercado por inimigos: “Tu (Asaradon) abriste a boca. Eu
ouvi a tua necessidade”.24
       De forma geral, os documentos existentes sobre o período ora mencionado
indicam que Asaradon e Assurbanipal foram tolerantes com relação aos emissores de
oráculos dentro da corte real, onde tais figuras atuavam como intermediários centrais.
Todavia, parece que estes indivíduos desempenharam seus papéis somente durante o
tempo em que o rei viu utilidade em suas funções.


       d) Profetismo Siro-Palestinense

       Em se tratando da profecia nas regiões da Síria e da Palestina, há um relato sobre
um egípcio chamado Wen-Amon ou Um-Amun, o qual, ao partir da cidade de Biblos
(por volta do ano 1.100 a. C.), faz uma viagem ao longo da costa siro-palestinense.
Sobre esta viagem, o egípcio faz a seguinte declaração que muito interessa ao nosso
presente estudo:


       Quando ele (o rei de Biblos) oferecia sacrifício aos seus deuses, o deus apoderou-se de
       um de seus jovens mais velhos e fê-lo ficar fora de si, e ele disse: toma o deus, toma o
       mensageiro que tem o deus consigo; foi Amon quem o mandou, foi ele quem
                              25
       determinou a sua vida.




 WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, p.143.
 Idem, Ibidem, p.144.
 Idem, Ibidem, p.146.
 Idem, ibidem, p.149.
 FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.293.

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        Esse relato nos mostra uma espécie de possessão extática durante um ritual
cultual, no qual a pessoa possuída, ao entrar numa espécie de transe, acaba se tornando a
porta-voz da divindade que a possui.

        e) Profetismo no Egito

        Embora no Egito não haja evidência da existência de profetas, todavia, Plínio




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descreveu em sua Historia Naturalis VIII, 185, que, durante uma celebração cúltica que
ocorria em homenagem ao boi Ápis, alguns jovens foram tomados de êxtase e,
conseqüentemente, começaram a predizer eventos futuros.26 Apesar de tal descrição ser
bastante vaga, entretanto, ela nos dá a entender que havia no Egito certas práticas de
adivinhação.27

        f) Conclusão

        O estudo sobre essas várias figuras proféticas existentes em algumas das
principais culturas e religiões do Antigo Oriente Médio serviu para nos mostrar que o
tipo de profetismo exercido ali era caracterizado de forma geral: 1) pelo estado de transe
em que se encontravam geralmente as figuras proféticas, 2) pela importância que o
profetismo atribuía aos sonhos e visões em seu contexto revelatório e 3) pela emissão de
declarações oraculares cujo teor das mensagens se relacionava: a) ao rei, b) aos
adoradores da divindade em nome da qual se emitiam tais oráculos, e ainda c) às
questões mais relevantes para o bem-estar das pessoas em seu cotidiano (conflitos entre
grupos, guerras, orientações cúlticas, advertências etc).
        De forma geral, a importância destas figuras proféticas para a sociedade do
Antigo Oriente Médio pode ser percebida na tamanha influência que estas exerciam
sobre as pessoas das mais variadas camadas sociais, desde o rei até o povo. As
declarações oraculares proferidas por tais figuras proféticas serviam para orientar a vida,
as crenças e o destino das pessoas, adquirindo, portanto, credibilidade dentro daquelas
antigas sociedades. Isto nos mostra o quão relevantes eram.
        Bem, diante dessa conclusão, resta-nos fazer a seguinte pergunta: os profetas do
Antigo Testamento, bem como as suas mensagens, eram semelhantes às figuras
proféticas e aos oráculos encontrados nos relatos dos povos vizinhos do Antigo Oriente

  FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.293.
  Que a adivinhação era uma prática existente no Egito, não há a menor dúvida. Aliás, encontramos uma
evidência bíblica a esse respeito quando José declara praticar o ritual da hidromancia, isto é, a
“adivinhação por meio da água” (cf. Gn 44.5).

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Médio? Nas páginas seguintes, ao estudarmos a figura do profeta veterotestamentário e
a sua mensagem, tentaremos responder a esta pergunta.




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II – O Profetismo no Antigo Testamento

        a) Definindo o Termo “Profeta”

        O vocábulo “profeta”, na Bíblia Hebraica, é derivado do substantivo hebraico
nabi’ e, atualmente, há quatro teorias que buscam explicar a origem desse vocábulo. São
elas: 1) o termo é derivado da raiz árabe naba’a, “anunciar”, de onde se infere a idéia




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de “porta-voz”; 2) o vocábulo procede da raiz hebraica naba‘, “borbulhar”, transmitindo
assim o conceito de “extravasar palavras”; 3) a palavra vem da raiz acadiana nabû,
“chamar”, a qual fala sobre “aquele que é chamado [por Deus]”; e 4) o termo é oriundo
de uma raiz semítica desconhecida.28 Seja como for, o vocábulo é especialmente
utilizado para descrever o profeta como aquele que “revela ou declara as palavras de
Deus aos homens”.29
        Além de nabi’, há ainda dois outros termos que o Antigo Testamento emprega
para designar os profetas, isto é, ro’eh e hozeh. Estas duas últimas palavras são
particípios e também são praticamente sinônimas em seu significado, as quais podem
ser traduzidas como “vidente”.30 Tenney explica este significado da seguinte maneira:



        As duas palavras, ro’eh e hozeh, talvez estejam se referindo primariamente ao fato de
        que a pessoa então designada vê a mensagem que Deus lhe dá. Este “ver” é concebido
        provavelmente como tomando lugar na visão. Ao mesmo tempo, estas duas palavras
        servem igualmente para designar um homem que, tendo visto a mensagem de Deus,
        declara esta mensagem. A ênfase bíblica é completamente prática. Ela não é uma


   HARRIS, R. Laird (org.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de
Márcio Loureiro Redondo, Luiz A.T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto]. São Paulo, Vida Nova, 1998,
pp.904,905. Parker ainda acrescenta que “o nome, nabi’, também pode se referir a uma pessoa em, ou
sujeita a, transe-possessão”. (Cf. PARKER, Simon B. Possession Trance and Prophecy in Pre-Exilic
Israel. Vetus Testamentum (VT), Vol. XXVIII, 1978, p.275).
  GESENIUS, H. W. F. Geseniu’s Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament. [Translated by
Samuel Prideaux Tregelles]. Grand Rapids, Baker Book House, 1979, p.525.
   Esse intercâmbio de significado entre os vocábulos ro’eh e hozeh é citado, por exemplo, por:
ARCHER, Jr., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? [Tradução de Gordon Chown]. São
Paulo, Vida Nova, 1991, p.224; SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.2.
[Tradução de D. Mateus Rocha]. São Paulo, Edições Paulinas, 1977, p. 515 e PETERLEVITZ, Luciano
R. Introdução ao Profetismo. Revista Theos, Campinas, 5ª edição, V.4 – Nº1, 2008, p.4. Para outras
observações sobre o significado desses dois termos hebraicos, consulte: CHOURAQUI, André. Os
Homens da Bíblia. [Tradução de Eduardo Brandão]. São Paulo, Companhia das Letras/Círculo do Livro,
1990, pp.237,238 e ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Werner
Fuchs]. São Paulo, Edições Loyola, 2003, p.369.

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        experiência obscura do modo de recepção da revelação profética que está situada
        adiante, mas sim a declaração expressa da mensagem de Deus.31


        Já na Septuaginta, a palavra usada para se referir ao profeta é o vocábulo grego
profetes, o qual significa: “quem fala em nome de Deus” ou “quem interpreta oráculos
divinos”.32 Segundo Bauer, o fato da LXX utilizar o termo profetes, em vez de usar o
vocábulo mantis, “adivinho”, indica que ela buscou privilegiar o conteúdo da mensagem




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e não a maneira de mediação, como ocorria com os adivinhos pagãos.33
        Em linhas gerais, podemos dizer que os profetas eram embaixadores ou
mensageiros divinos, os quais anunciavam a mensagem de Deus para o seu povo,
especialmente em época de crise. Como bem declarou Ellisen, os profetas eram, acima
de tudo, “pregadores da justiça em época de decadência espiritual”.34

        b) O Profetismo Multifacetado de Israel

        Ao estudarmos o profetismo em Israel, acabamos descobrindo que este possui
uma característica bastante heterogênea.35 E esta heterogeneidade pode ser vista, por

  TENNEY, Merrill C. (ed.). The Zondervan Pictorial Bible Dictionary. Grand Rapids, Zondervan
Publishing House, 1963, p.685.
   BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico.
[Tradução de Fredericus Antonius Stein]. São Paulo, Edições Loyola, 2000, p.345. É curioso notar que
este segundo significado do vocábulo, “quem interpreta oráculos divinos”, também era uma das formas
pelas quais alguns escritores gregos antigos compreendiam o termo, tais como Ésquilo (525-456 a.C.),
Heródoto (485- 420 a.C.) e Píndaro (518-438 a.C.), por exemplo. (Cf. THAYER, Joseph Henry. Greek-
English Lexicon of the New Testament. Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1976, p.553). Para
obter outros detalhes sobre o significado do termo profetes nos escritos da Grécia Antiga, confira:
LIDDELL, H. G. & SCOTT, R. An Intermediate Greek-English Lexicon. (Founded upon the Seventh
Edition of Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon). Oxford, Oxford University Press, 1889, p.704.
   BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Op.Cit., pp.345,346. Já R. E.
Clements chama a atenção para os problemas de definição relativos ao termo “profeta” em hebraico. Ele
afirma que a palavra “profeta” deriva da tradução grega de nabi’, isto é, prophetes, e, desta forma, o
termo “profeta” já é um vocábulo interpretado e distanciado do texto hebraico original. (Cf. CLEMENTS,
R. E. O Mundo do Antigo Israel. [Tradução de João Rezende Costa]. São Paulo, Paulus, 1995, p.206).
Eissfeldt também faz observação semelhante em: EISSFELDT, Otto. Introducción al Antiguo
Testamento. Tomo I. [Traducción de José L. Sicre]. Madrid, Ediciones Cristiandad, 2000, p.159.
   ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. [Tradução de Emma Anders de Souza
Lima]. São Paulo, Editora Vida, 1993, p.210. Etienne Charpentier declara que “o profeta não era ‘alguém
que anunciava o futuro’, mas, antes, alguém que falava em nome de Deus, alguém que fora introduzido
nos planos de Deus (…) e que daí por diante via tudo com os olhos de Deus”. (Cf. CHARPENTIER,
Etienne. Para Ler o Antigo Testamento. [Tradução de Benôni Lemos]. São Paulo, Edições Paulinas,
1986, p.69).
  RENDTORFF, Rolf. Antigo Testamento: Uma Introdução. [Tradução de Monika Ottermann]. Santo
André, Ed. Academia Cristã Ltda., 2009, p.171.

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exemplo, nos vários contextos sociais e históricos em que o profetismo israelita atuou.36
Vejamos quais são eles:

        - Os profetas de congregações ou irmandades.                    Eles são conhecidos como
“filhos de profetas/discípulos de profetas” (p.ex. 2 Rs 2.3,5,7,15), formam comunidades
proféticas (p.ex., 1 Sm 19.18-24) , se relacionam com a divindade através do êxtase (cf.




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2 Rs 3.15), agem como curandeiros, transmissores de oráculos, conselheiros,
milagreiros (cf. 2 Rs 9) e se reúnem na “escola dos profetas” com seu mestre em
espécies de “sessões” proféticas (cf. 2 Rs 6.1-7).37

        - Os profetas do templo. Sabe-se que havia profetas que tinham conexão com os
santuários oraculares, pois podemos constatar que a linguagem destes possui certa
dependência das funções exercidas nestes locais. Observa-se neste contexto uma
linguagem cúltica.38 Podemos citar como representantes dessa tradição do profetismo do
templo os profetas escriturísticos Habacuque, Naum e Joel.39

         - Os profetas da corte. Schökel e Diaz, baseados em conclusões de Gottwald, ao
falarem sobre a relação entre o profeta e o rei, citam quatro características desse tipo de
profeta: 1) possui sólida informação política; 2) exprime sua preocupação política
através de antigas formas literárias israelitas e motivos religiosos; 3) baseia as suas
atitudes na experiência e de acordo com as circunstâncias (caráter prático); e, 4)
considera as instituições políticas como instrumentos dos desígnios divinos.40



  Sigo aqui a estrutura encontrada em: ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, pp.370-
374.
  ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.370.
  BENTZEN, A. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução de Helmuth Alfredo Simon]. São
Paulo, Aste, 1968, p.211.
   ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.370. Fohrer lembra que, apesar de haver uma ala do profetismo
ligada ao templo, isso não imunizava o “sistema cultual” contra as duras críticas proferidas pelos próprios
profetas. (Cf. FOHRER, Georg. Estruturas Teológicas do Antigo Testamento. [Tradução de Álvaro
Cunha]. Santo André, Academia Cristã, 2006, pp.141-146). Gerhard von Rad fala sobre a opinião
defendida por muitos estudiosos de que a maioria dos profetas veterotestamentários foram porta-vozes
cúlticos, sendo, portanto, funcionários do templo. (Cf. RAD, Gerhard von. Teologia do Antigo
Testamento. [Tradução de Francisco Catão]. São Paulo, Aste/Targumim, 2006, pp.489,490). Veja também
o comentário de Sicre sobre a maneira de enxergar o profeta como um funcionário do culto. (Cf. SICRE,
José Luis. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Wagner de Oliveira Brandão]. Petrópolis,
Vozes, 1994, pp.196,197).
  SCHÖKEL, L. Alonso & DIAZ, J. L. Sicre. Profetas I. [Tradução de Anacleto Alvarez]. São Paulo,
Paulus, 2004, p.45.

                                                                                              W
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        - Os profetas independentes, de oposição. Ao que tudo indica, este grupo de
profetas compreende todos os profetas escriturísticos da Bíblia Hebraica (com exceção
dos profetas Habacuque, Naum e Joel), constituindo, inclusive, o grupo mais importante
do Antigo Testamento.41 Certamente, Edgard Leite está fazendo referência a estes
profetas ao dizer que:




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        Toda a literatura profética está repleta (...) da crítica social, onde a denúncia dos abusos
        dos poderosos coincide com a defesa da necessidade do sagrado. A estrutura da
        sociedade está, para os profetas, em flagrante rota de colisão com o espírito da força que
        permite o surgimento da mesma sociedade.42


        - Os profetas literários. No atual estágio em que se encontra a pesquisa sobre os
profetas, acredita-se que nenhum livro profético tem o próprio profeta que leva o seu
nome como seu verdadeiro autor. Uma das hipóteses usadas para explicar isso sugere
que os livros proféticos surgiram porque, no passado, círculos de alunos de profetas
deveriam divulgar amplamente as palavras de seus “mestres profetas”, constituindo-se
assim seus redatores e editores.43 Seja como for, o fato é que os profetas transmitiram
suas mensagens, as quais, por sua vez, foram interpretadas, levadas adiante e, por fim,
escritas (por eles mesmos e/ou por seus discípulos), transformando-se assim em
“palavra viva” e finalmente se tornando livro.44

        Além dessa estrutura quíntupla do profetismo que acabamos de expor acima,
creio que seja proveitoso para o nosso estudo mencionar também o tipo de
categorização profética proposta por Aune.45 Segundo esse autor, existem quatro tipos
de profetas no antigo Israel:


  ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, p.371.
  LEITE, Edgard. Pentateuco: uma introdução. Rio de Janeiro, Imago, 2006, p.119. Opinião semelhante
pode ser encontrada também em: CASTRO, Clóvis Pinto de. (ed.). O Ministério dos Profetas no Antigo
Testamento. São Paulo, Imprensa Metodista, 1993, p.94. Gruen chama a atenção para o fato de que o
profetismo não tem eficácia se atuar sozinho. Ele precisa atuar dentro de uma estrutura jurídica que lhe dê
apoio, algo que acho ser bastante difícil de ocorrer. (Cf. GRUEN, Wolfgang. O Tempo que se Chama
Hoje: introdução ao Antigo Testamento. São Paulo, Paulus, 1985, p.112).
  ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.372,373.
  BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico,
p.345.
  AUNE, David E. Prophecy in Early Christianity and the Ancient Mediterranean World. Grand Rapids,
William B. Eerdmans Publishing Company, 1991, pp.83-85.

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        - Os Profetas Xamânicos (representados, p.ex., por Samuel, Elias e Eliseu);
        - Os Profetas Cultuais e do Templo (representados, p.ex., por Ezequiel e
        Jeremias);
        - Os Profetas da Corte (representados, p.ex., por Gade e Natã);
        - Os Profetas Livres (representados, p.ex., por Amós e Oséias em Israel e por
        Miquéias e Isaías em Judá).




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        c) O Autoconhecimento dos Profetas


        Ao lermos a literatura profética, tomamos conhecimento de que os próprios
profetas estão conscientes do que está ocorrendo com eles em seu aspecto
comportamental geral quando transmitem sua mensagem. H. W. Wolff cita quatro
elementos-chave que indicam esse autoconhecimento profético.46 São eles:


        - Os profetas cuidam para que sua mensagem não seja prejudicada pelos seus
próprios desejos e intenções (Am 7.2,5; Jr 1.6; Is 8.11);47
        - Os profetas não se tornam instrumentos de Iahweh em momentos de
embriaguez ou de êxtase, mas em uma situação de plena consciência. Eles ouvem,
observam e respondem (Is 6.8,9; Am 7.8 ; Jr 1.11-13);
        - Os profetas se preocupam com o futuro, elemento esse que é o núcleo de sua
missão e o aspecto essencial de seu ofício profético (Am 8.1s; 9.1-4; Jr 1.11);48
        - Os profetas são homens cujo viver está repleto de contrastes, sobretudo, no
âmbito psicológico. O profeta, por exemplo, é relutante (Jr 1.6,7), se apavora (Am 3.8),
vive em solidão devido às suas mensagens (Jr 15-17) e sofre perseguição (Jr 20.10).




   WOLFF, H. W. Bíblia: Antigo Testamento: introdução aos escritos e aos métodos de estudo.
[Tradução de Dulcemar Silva Maciel]. São Paulo, Paulinas, 1978, pp.57-59.
  Como diz Gunneweg: “os profetas não anunciam a sua própria palavra, vontade, orientação, promessa
e ameaça, mas a de Deus”. (Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. Teologia Bíblica do Antigo Testamento.
Vol.1. [Tradução de Werner Fuchs]. São Paulo, Teológica/Loyola, 2005, p. 244).
   De acordo com Lasor, Hubbard e Bush, “Deus nunca está interessado no presente simplesmente pelo
presente. Desde a criação, ele sempre está cumprindo seu plano para a humanidade. E Deus nunca
esquece para onde vai e o que faz. (...) A profecia é a mensagem de Deus para o presente à luz da missão
redentora em andamento”. (Cf. LASOR, William S., HUBBARD, David A. & BUSH, Frederic W.
Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 1999, p.247 –
os itálicos são meus).

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        d) O Profeta como Mensageiro

        O teólogo alemão, Hans Walter Wolff, declara que a principal característica da
profecia é o “anúncio”. Segundo ele:


        Seus aspectos formais [da profecia] são dois: é introduzida pela fórmula “Assim falou
        Iahweh” (às vezes conclui com “Iahweh disse”), e Iahweh sempre fala usando a




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        primeira pessoa. Esta forma pertence à linguagem diplomática do antigo Oriente
        Próximo. É encontrada em numerosas cartas da Mesopotâmia. Achamo-la também no
        âmago do Antigo Testamento (...).49


        Esta expressão “Assim fala/falou Iahweh” é conhecida como fórmula de
mensageiro e, de acordo com Werner H. Schmidt, “identifica o profeta como alguém
que foi enviado por Deus, alguém que é intermediário autorizado para transmitir
determinada mensagem a um destinatário concreto”.50 Schreiner completa, dizendo que
o profeta é caracterizado como: a) homem da palavra, b) mensageiro e porta-voz de
Deus e c) pregador.51 Além do mais, essa palavra de Deus dita pelo profeta reveste-se
de importância sob o ponto de vista concreto, pois é uma palavra que se cumpre na
história. Como diz Kaiser, “aquela palavra não era uma palavra ‘vazia’ (req) ou
destituída de poder (Dt 32.47); uma vez pronunciada, atingia o seu alvo”.52


        e) Conclusão

        Ora, depois de discorrermos, ainda que de forma bastante sucinta, sobre alguns
dos principais traços característicos do profeta veterotestamentário, podemos chegar às


  WOLFF, H. W. Bíblia: Antigo Testamento, p.71. Ralph Smith faz a seguinte observação: “o anúncio é
em geral entendido como a palavra do profeta, mas os sacerdotes e levitas também podiam proclamar a
palavra de Deus nos anúncios de bênção e maldição. Ageu pediu a seu povo que fosse aos sacerdotes
perguntar acerca da santidade e da impureza (Ag 2.11-14)”. (Cf. SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo
Testamento. [Tradução de Hans Udo Fuchs e Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 2001, p.107).
  SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Annemarie Höhn]. São
Leopoldo, Sinodal, 1994, p.170.
  SCHREINER, J. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. [Tradução de Benôni Lemos]. São Paulo,
Teológica/Paulus, 2004, pp.184,185. Segundo Heaton, o tema central da pregação dos profetas era a
vocação distintiva de Israel como povo de Deus. (Cf. HEATON, E. W. Everyday Life in Old Testament
Times. New York, Charles Scribner’s Sons, 1956, p.233).
  KAISER, Jr., Walter C. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo,
Vida Nova, 1996, p.144.

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seguintes constatações: 1) Parece não haver um consenso geral sobre o significado exato
do termo hebraico mais comumente usado para se referir ao profeta no antigo Israel, isto
é, nabi’;53 2) O profetismo em Israel era bastante diversificado, pois atuava em vários
contextos sociais: nas “escolas dos profetas”, no templo, na corte e também de forma
independente, por exemplo, protestando contra as injustiças sociais; 3) Os profetas
demonstram ter consciência de sua vocação e de seu papel diante de Deus e do povo.




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Eles sabem que foram enviados por Deus, para transmitirem a Sua palavra para o povo.
Assim, se colocam como intermediários entre a vontade divina e as pessoas, seus
destinatários.




  Eichrodt pensa que “mensageiro” seja o significado mais provável do termo. (Cf. EICHRODT,
Walther. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Cláudio J. A. Rodrigues]. São Paulo, Hagnos,
2004, p.278, nota 36).

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CONCLUSÃO

         Bem, chegamos ao término de nosso estudo. Os dois breves capítulos que
escrevemos serviram para nos proporcionar uma visão bastante panorâmica sobre as
figuras proféticas do antigo Oriente e os profetas do antigo Israel. Mas, agora, devemos
responder à pergunta que fizemos no início desse trabalho: os profetas do Antigo




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Testamento e as suas mensagens eram semelhantes às figuras proféticas e aos oráculos
encontrados nos relatos dos povos vizinhos do Antigo Oriente Médio?
         Respondo. Em termos de essência, duração e volume (de escritos proféticos), o
profetismo israelita é um fenômeno singular no antigo Oriente.54 De forma geral,
podemos dizer que a semelhança entre os fenômenos proféticos encontrados no antigo
Oriente e a profecia israelita existe apenas no que diz respeito à forma. Portanto, o
conteúdo ético e religioso do profetismo hebraico simplesmente não possui paralelo no
mundo antigo.55
         Além disso, deve ser dito aqui que os conflitos radicais entre os profetas
veterotestamentários e o rei ou o Estado não encontram paralelos nos textos do antigo
Oriente. Enquanto que as figuras proféticas extra-bíblicas fazem críticas ao culto, por
exemplo, os profetas bíblicos, por outro lado, fazem críticas sociais e éticas, algo sui
generis.56 Aliás, no que se refere à questão ética, a estrutura básica da profecia israelita
está alicerçada na proclamação de uma mensagem que critica o comportamento
pecaminoso da sociedade de Israel, chamando-a, portanto, ao arrependimento.57 Some-
se a isto ainda o fato de que os profetas de Israel também trazem em seu discurso o
anúncio de um maciço juízo – principalmente contra a injustiça social – algo que não
pode ser constatado da mesma forma nas figuras proféticas dos outros povos, as quais
não se preocupavam com a sorte do povo, como ocorria em Israel.58




   BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico,
p.347.
   MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico, p.742. Sellin e Fohrer declaram que “o elemento comum a
todas essas figuras [proféticas – tanto israelitas quanto não-israelitas] situa-se na linha da estrutura geral e
da psicologia, enquanto as diferenças são fortes em consonância com o conteúdo das revelações
anunciadas”. (Cf. SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento, p.512).
  ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, p.379.
  CARROLL, R. P. Ancient Israelite Prophecy and Dissonance Theory. Numen, Vol. XXIV, Fasc.2,
1977, p.141.
  Idem, Ibidem.

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       Em suma, o profeta encontrado na Bíblia Hebraica possui sensibilidade para o
mal, se importa com as trivialidades, é luminoso e explosivo, está interessado em um
bem maior, é um iconoclasta, demonstra ao mesmo tempo austeridade e compaixão, tem
consciência de que embora poucos sejam culpados, todos são responsáveis por seus
atos, é alguém que experimenta a explosão do céu em seu ofício profético, é alguém que
experimenta a solidão e a miséria e, por fim, o profeta é um mensageiro e uma




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testemunha.59 Belo currículo este, não?!




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   © É permitida a reprodução parcial deste artigo desde que citada a sua fonte.
Citação Bibliográfica: VAILATTI, Carlos Augusto. O Profetismo no Antigo Oriente
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O profetismo no Antigo Oriente e Israel

  • 1. d KW K D / ARTIGO TEOLÓGICO 1 O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel por Carlos Augusto Vailatti RESUMO O propósito deste artigo é comparar algumas figuras proféticas do Antigo Oriente Médio e/ou suas profecias com o profetismo existente no Antigo Testamento, sobretudo, em Israel. Ao final do artigo, verificar-se-á quais são as principais semelhanças e diferenças entre estes dois grupos. Palavras-Chave: Antigo Oriente Médio, Profetismo, Israel, Antigo Testamento. RESUMEN El propósito de este artículo es comparar algunas figuras proféticas del Antiguo Oriente Medio y/o sus profecías con el profetismo en el Antiguo Testamento, especialmente en Israel. Al final del artículo, se comprobará que son las principales similitudes y diferencias entre estos dos grupos. Palabras Clave: Antiguo Oriente Medio, Profetismo, Israel, Antiguo Testamento. ABSTRACT The purpose of this paper is to compare some prophetic figures of the Ancient Near East and/or their prophecies with the prophetism in the Old Testament, especially in Israel. At the end of the article, check will be what are the main similarities and differences between these two groups. Keywords: Ancient Near East, Prophetism, Israel, Old Testament. 1 Este artigo foi apresentado originalmente como trabalho em 10/2009 para a Escola Superior de Teologia (EST) para efeito de Integralização de créditos do Curso de Graduação em Teologia.
  • 2. d KW K D / ÍNDICE INTRODUÇÃO 3 I – O Profetismo nas Várias Religiões e Culturas do Antigo Oriente Médio 4 a) Profetismo nas Cartas de Mari 4 b) Profetismo Hitita 7 © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 c) Profetismo no Período Neo-Assírio 8 d) Profetismo Siro-Palestinense 9 e) Profetismo no Egito 10 f) Conclusão 10 II – O Profetismo no Antigo Testamento 12 a) Definindo o Termo “Profeta” 12 b) O Profetismo Multifacetado de Israel 13 c) O Autoconhecimento dos Profetas 16 d) O Profeta como Mensageiro 17 e) Conclusão 17 CONCLUSÃO 19 BIBLIOGRAFIA 21 W
  • 3. d KW K D / INTRODUÇÃO Ao falar sobre Os Profetas do Antigo Testamento devemos ter em mente, antes de tudo, que estamos diante de um assunto bastante complexo, uma vez que no período veterotestamentário havia muitos tipos de profetas, os quais atuavam das mais variadas formas. Algumas vezes os profetas agiam de forma isolada e, outras vezes, atuavam em grupo, ora em casa, ora em um palácio, às vezes ao longo do caminho e, às vezes, nos © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 santuários.2 Seja como for, a característica multifacetada da atuação profética, devido à sua abrangência inerente, exige que delimitemos sobremaneira o nosso campo de estudo. Sendo assim, a minha proposta ao escrever este texto será seguir um roteiro de estudo previamente determinado. Iniciarei a minha abordagem tratando de algumas das figuras proféticas e/ou de suas profecias, as quais podem ser encontradas em vários contextos religiosos e culturais do Antigo Oriente Médio. Como a nossa intenção não é aprofundar no assunto, mas apenas realizar um trabalho de caráter mais introdutório, portanto, me limitarei a fornecer apenas cinco exemplos que contemplem tais tipos de figuras proféticas e/ou suas profecias. Em seguida, buscarei falar sobre o profetismo existente no Antigo Testamento, mais particularmente, no Antigo Israel. Nesse item, me limitarei a falar apenas sobre algumas das principais características do profeta israelita. Ao término desse breve estudo, verificaremos se as figuras proféticas do Antigo Oriente Médio possuem algumas possíveis semelhanças com os profetas veterotestamentários e, caso positivo, veremos em que consistem tais semelhanças. De forma geral, o presente texto tem como objetivo principal tratar de alguns dos aspectos básicos referentes à figura dos profetas tanto extra-bíblicos quanto bíblicos. Sendo assim, vejamos então o que nos reserva a leitura de O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel. ROWLEY, H. H. A Fé em Israel. [Tradução de Alexandre Macintyre]. São Paulo, Editora Teológica, 2003, pp.204, 205. W
  • 4. d KW K D / I – O Profetismo nas Várias Religiões e Culturas do Antigo Oriente Médio Quando estudamos o profetismo, temos que ter em mente que não estamos diante de um fenômeno exclusivamente hebraico. Embora o profetismo hebraico tenha, sem dúvida alguma, alguns aspectos bem peculiares, todavia, esse fenômeno também encontra certos paralelos em outras culturas e religiões do Antigo Oriente Médio.3 De acordo com Georg Fohrer, havia duas formas de profecia no Antigo Oriente © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 Médio, as quais, por sua vez, correspondiam a dois tipos de cenário religioso: a religião nômade e a religião da área cultivada. Enquanto que, na religião nômade, os “homens de Deus” ou “pessoas inspiradas” devem ter surgido provavelmente como videntes entre os nômades, os quais proclamavam as instituições divinas baseados em sonhos e pressentimentos, a religião da fertilidade, entretanto, que tinha relação com a vegetação e com os cultos da fertilidade, envolvia “profetas extáticos” os quais se encontravam em santuários ou em cortes reais.4 Embora estas informações nos sejam bastante úteis, elas são, todavia, por demais vagas. Sendo assim, se quisermos comprovar o fato de que o profetismo não era “filho único” da religião e cultura hebraicas, mas possuía “outros irmãos” (guardadas as devidas proporções) também em outras culturas e religiões, então, teremos que aprofundar mais a nossa pesquisa nesta direção. É o que buscaremos fazer a seguir. a) Profetismo nas Cartas de Mari Comecemos pelas Cartas de Mari (datadas do século XVIII a.C.). Mari é o nome da antiga cidade do médio Eufrates, na qual foram descobertas no século XX, dentre outras coisas, cerca de vinte mil tabuinhas dos arquivos reais, contendo textos reais, jurídicos, econômicos e religiosos que permitem reconstruir amplamente a sua vida e sociedade.5 Dentre as várias tabuinhas encontradas, nos interessam particularmente aquelas que foram endereçadas ao último rei de Mari, Zimri-Lim (1790- 1761 a.C.), as quais contêm oráculos que possuem certas semelhanças com as Cf. CERESKO, Anthony R. Introdução ao Antigo Testamento numa perspectiva libertadora. [Tradução de José Raimundo Vidigal]. São Paulo, Paulus, 1996, p.177; HOMBURG, Klaus. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Geraldo Korndörfer]. São Leopoldo, Sinodal, 1981, p.135; SCHMIDT, Werner H. A Fé do Antigo Testamento. [Tradução de Vilmar Schneider]. São Leopoldo, Sinodal, 2004, p.331. FOHRER, Georg. História da Religião de Israel. [Tradução de Josué Xavier]. São Paulo, Ed. Academia Cristã/Paulus, 2006, pp.290,291. MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. [Tradução de Álvaro Cunha et alii.]. São Paulo, Paulus, 1983, p.585. W
  • 5. d KW K D / expressões dos profetas veterotestamentários em suas fórmulas introdutórias, bem como, em sua forma e estilo.6 O fato de haver uma literatura de considerável extensão sobre a relação entre a “profecia de Mari” e os “profetas da Bíblia Hebraica” nos mostra a tamanha importância desse assunto para os estudos bíblicos.7 No que diz respeito às figuras proféticas de Mari, estas podem ser divididas em dois grupos: as pessoas portadoras de títulos especiais (ocupavam uma posição © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 proeminente na sociedade) e as que não possuem nenhum título específico (desempenhavam um papel mais periférico e secundário na sociedade).8 Em se tratando do primeiro grupo, eis os principais títulos das figuras proféticas de Mari: • Os apilu/apiltu. Ao que tudo indica, os títulos apilu (masculino) e apiltu (feminino) são formas participiais do verbo apalu, “responder”. Desta forma, o significado “aquele que responde” pode estar se referindo ao fato de que os apilus respondiam às perguntas feitas à divindade quando estavam possuídos por ela.9 • O muhhu/muhhutu. Quanto aos títulos muhhu (masculino) e muhhutu (feminino), tais designações são dadas a várias pessoas de Mari. A palavra muhhu é derivada do verbo mahu, “entrar em transe”, o que significa que o mahu era alguém em transe ou extático. Há indícios de que este indivíduo era violento e, às vezes, incontrolado quando possuído pela divindade.10 MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico, p. 742. Cf. também: CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.4. [M-O]. São Paulo, Editora Hagnos, 2001, pp. 132,133. Uma relação contendo algumas das obras mais importantes sobre o assunto pode ser encontrada em: BARSTAD, Hans M. No Prophets? Recent Development in Biblical Prophetic Research and Ancient Near Eastern Prophecy. Journal for the Study of the Old Testament (JSOT), Nº57, 1993, p.49. WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel. [Tradução de João Rezende Costa]. São Paulo, Targumim/Paulus, 2006, p.129. Idem, Ibidem, pp.129,130. Hoffner lembra que os termos apilu (“respondente”) e mahhu (“profeta extático”), dentre outros, eram vocábulos que se referiam a indivíduos que habitualmente recebiam e transmitiam mensagens divinas. (Cf. HOFFNER, Jr., Harry A. Ancient Views of Prophecy and Fulfillment: Mesopotamia and Asia Minor. Journal of the Evangelical Theological Society (JETS), 30/3, 1987, p.262). WILSON, Robert R. Op.Cit., p.133. De acordo com Fohrer, “o apilum ou muhhum corresponde ao nabi”. (Cf. FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.295). Para maiores informações sobre os “profetas extáticos” nos primórdios de Israel, consulte: LEVISON, John R. Profecy in Ancient Israel: The Case of the Ecstatic Elders. The Catholic Biblical Quarterly (CBQ), Nº 65, 2003, pp.503-521. W
  • 6. d KW K D / • O assinnu. No que se refere ao título assinnu, o termo tem recebido os mais variados significados, tais como: eunuco, homossexual, travesti, prostituto cultual masculino ou pederasta. Contudo, segundo a opinião de alguns eruditos, o assinnu era somente um ator que interpretava um papel feminino em dramas cultuais. Tal significado pode ser resultante do fato de que, na Epopéia de Era, a divindade feminina Ishtar, ao possuir o assinnu em um © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 ritual cultual, provocava-lhe certos trejeitos femininos.11 • O qabbatum. O título qabbatum refere-se a um “locutor”. Em uma das tabuinhas de Mari, este indivíduo fala em nome do deus Dagan de Terqa e avisa ao rei Zimri-Lim sobre os atos enganosos do regente chamado Esnnuna. Ao que parece, o qabbatum desempenhava um papel mais periférico no culto.12 Já no que concerne ao segundo grupo de figuras proféticas de Mari, havia treze dos emissores de oráculos os quais não traziam nenhum título em especial relacionado às suas funções revelatórias. Ao emitirem seus oráculos, tais indivíduos parecem não ter exibido nenhum tipo de comportamento estereotipado. Dessas treze figuras proféticas, oito eram mulheres, as quais devem ter exercido menor influência social e religiosa na sociedade patriarcal de Mari.13 De forma geral, tanto o conteúdo da mensagem como a maneira como o governo reagiu a este último grupo indicam que eram figuras de menor representatividade na instituição religiosa de Mari.14 De qualquer forma, não poderíamos concluir este item sem mencionar antes um extrato de um oráculo de Mari, o qual mostra que os extáticos receberam certas instruções da divindade Dagan num sonho. Percebe-se no extrato que o sonho e a visão são vistos como sendo a mesma coisa. Além disso, chama também a atenção o fato de que o teor do oráculo diz respeito a um contexto de guerra: WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, pp. 136,137. Idem, Ibidem, pp.138,139. Apesar da escassez de informações sobre o papel da mulher como profetisa na Bíblia Hebraica, Rabanus Maurus, um abade beneditino que viveu aproximadamente entre 780 a 856 d.C. na Alemanha, já chamava a atenção para a importância do papel profético de Débora em seu comentário ao livro de Juízes. (Cf. MAYESKI, Marie Anne. “Let Women Not Despair”: Rabanus Maurus on Women as Prophets. Theological Studies (TS), Nº 58, 1997, pp.237-253). WILSON, Robert R. Op.Cit., pp.139,140. W
  • 7. d KW K D / Fala ao meu senhor: Assim diz o teu servo Itur-asdu: no dia em que eu enviei esta minha carta ao meu senhor, Malik-dagan, um homem de Sakka veio a mim e contou-me o seguinte: “Em meu sonho, eu e um homem do distrito de Sagaratum, na região alta, o qual estava comigo, desejávamos ir a Mari. Em minha visão, fui para Tarqa e imediatamente entrei no templo de Dagan e prostrei-me diante de Dagan. Quando estava de joelhos, Dagan abriu a boca e falou-me como segue: ‘Têm os xeques [reis] dos benjaminitas e seu povo estabelecido a paz com o povo de Zimri-lim, que saiu?’. © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 Disse eu: ‘Eles não estabeleceram a paz’. Quando eu estava a ponto de sair, ele falou- me outra vez o seguinte: ‘Por que os emissários de Zimri-lim não permanecem continuamente em minha presença e por que ele não me dá um relato completo [de tudo]? Caso contrário, eu teria dado, dias atrás, os xeques dos benjaminitas nas mãos de Zimri-lim. Agora, vai. Eu te envio; a Zimri-lim tu falarás o seguinte: ‘Manda-me teus emissários e dá-me um relato completo. Então, prenderei os xeques dos benjaminitas numa armadilha de peixe e os colocarei diante de di”. Foi isso que o homem viu em seu sonho e me contou.15 Finalmente, se as profecias de Mari podem ser definidas como declarações de forma oracular feitas por especialistas religiosos, endereçadas através da divindade ao rei (mais raramente a um de seus oficiais) em forma de promessas e garantias, ameaças contra outros reis ou estados, advertências, demandas ou pedidos, causas diversas com relações internacionais, guerra, questões cúlticas e bem-estar do rei, então, está claro a partir da evidência bíblica que essencialmente a mesma instituição é encontrada no Israel pré-exílico. Todavia, devemos esclarecer aqui que “essencialmente a mesma” não exclui as várias características específicas de cada cultura além desta caracterização geral.16 b) Profetismo Hitita Sabe-se que em uma oração proferida durante o curso de uma prolongada praga em sua terra, o imperador hitita, Mursili II, expressou sucintamente os caminhos da revelação divina abertos para o Antigo Oriente Próximo: Se o povo está morrendo por algum outro motivo [além dos pecados que temos descoberto até agora], então, ou deixe-me vê-lo por um sonho, ou deixe-o ser FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.294. PARKER, Simon B. Official Attitudes Toward Prophecy at Mari and in Israel. Vetus Testamentum (VT), Vol. XLIII, 1993, pp.67,68. W
  • 8. d KW K D / determinado por uma pergunta oracular, ou deixe um profeta extático declará-lo, ou, como tenho instruído a todos os sacerdotes, eles praticarão a incubação.17 O que nos interessa nesta declaração é a referência que o imperador hitita faz aos “profetas extáticos” como canais de comunicação entre os deuses hititas e seus adoradores. Além desse exemplo, um oráculo entregue a um rei hitita por um vidente prediz a vitória em uma próxima batalha com essas palavras: “Não temas, ó rei! O deus © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 Teshub irá colocar o inimigo das terras sob seus pés, e você irá despedaçá-lo como potes de argila vazios”.18 Embora haja algumas semelhanças entre esses oráculos e certas características da profecia bíblica veterotestamentária, contudo, devemos ser cautelosos em nossas conclusões. Enquanto os oráculos hititas estavam associados a práticas de adivinhação pagãs que estavam interessadas em conhecer eventos futuros, para os devotos israelitas, por sua vez, Deus os fez saber o que desejava que conhecessem, ou através do sagrado Urim e Tumim dos sacerdotes, ou pelos Seus servos, os profetas.19 c) Profetismo no Período Neo-Assírio Depois do antigo período babilônico, os relatos a respeito de figuras proféticas deixam de existir, até que são novamente citados nos tempos neo-assírios e nos reinos de Asaradon e Assurbanipal (680-627 a.C.).20 Não obstante a adivinhação certamente ainda estivesse em voga durante esse intervalo, porém, pouco se sabe sobre os “emissores de oráculos” ou profetas e sobre a espécie de intermediação que representavam. Contudo, no período neo-assírio, sabe-se da existência de uma figura profética conhecida como raggimu (masculino), raggintu (feminino), cujo significado é “aquele (a) que chama” ou “aquele (a) que grita”. Tais indivíduos, ao que tudo indica, deviam entregar oráculos, sendo que há indícios de que alguns ragginus agiam em contextos Cf. HOFFNER, Jr., Harry A. Ancient Views of Prophecy and Fulfillment: Mesopotamia and Asia Minor, p.257. Hoffner define incubação (do hitita suppaya seske) como: “a prática de dormir deliberadamente em um local sagrado a fim de solicitar um sonho oracular”. O autor ainda encontra paralelos dessa prática no Antigo Testamento, por exemplo, naquilo que ele chama de “sonho oracular” de Jacó em Betel (Gn 28) e também no sonho do jovem Samuel (1 Sm 3). (Idem, ibidem, p.257). Idem, Ibidem, pp.262,263. Idem, Ibidem, p.265. WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, p.142. W
  • 9. d KW K D / cultuais.21 Além dessas figuras, havia alguns emissores de oráculos neo-assírios que recebiam o título de sabrû. Tal designação é derivada do verbo baru, “mostrar”, “revelar”, que freqüentemente é utilizada principalmente em relação a sonhos e visões. Sendo assim, as mensagens pronunciadas pelo sabrû eram oriundas geralmente de sonhos.22 Finalmente, o último emissor de oráculos a aparecer nos textos neo-assírios é a selutu, a monja. Tal figura profética dedicava-se ao serviço de determinada divindade, © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 tendo, pois, funções cultuais regulares na religiosidade neo-assíria.23 Um interessante exemplo de um oráculo, ainda que muito abreviado, do período neo-assírio, é aquele em que uma divindade (Ashur?) descreve a resposta ao rei Asaradon quando ele estava cercado por inimigos: “Tu (Asaradon) abriste a boca. Eu ouvi a tua necessidade”.24 De forma geral, os documentos existentes sobre o período ora mencionado indicam que Asaradon e Assurbanipal foram tolerantes com relação aos emissores de oráculos dentro da corte real, onde tais figuras atuavam como intermediários centrais. Todavia, parece que estes indivíduos desempenharam seus papéis somente durante o tempo em que o rei viu utilidade em suas funções. d) Profetismo Siro-Palestinense Em se tratando da profecia nas regiões da Síria e da Palestina, há um relato sobre um egípcio chamado Wen-Amon ou Um-Amun, o qual, ao partir da cidade de Biblos (por volta do ano 1.100 a. C.), faz uma viagem ao longo da costa siro-palestinense. Sobre esta viagem, o egípcio faz a seguinte declaração que muito interessa ao nosso presente estudo: Quando ele (o rei de Biblos) oferecia sacrifício aos seus deuses, o deus apoderou-se de um de seus jovens mais velhos e fê-lo ficar fora de si, e ele disse: toma o deus, toma o mensageiro que tem o deus consigo; foi Amon quem o mandou, foi ele quem 25 determinou a sua vida. WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, p.143. Idem, Ibidem, p.144. Idem, Ibidem, p.146. Idem, ibidem, p.149. FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.293. W
  • 10. d KW K D / Esse relato nos mostra uma espécie de possessão extática durante um ritual cultual, no qual a pessoa possuída, ao entrar numa espécie de transe, acaba se tornando a porta-voz da divindade que a possui. e) Profetismo no Egito Embora no Egito não haja evidência da existência de profetas, todavia, Plínio © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 descreveu em sua Historia Naturalis VIII, 185, que, durante uma celebração cúltica que ocorria em homenagem ao boi Ápis, alguns jovens foram tomados de êxtase e, conseqüentemente, começaram a predizer eventos futuros.26 Apesar de tal descrição ser bastante vaga, entretanto, ela nos dá a entender que havia no Egito certas práticas de adivinhação.27 f) Conclusão O estudo sobre essas várias figuras proféticas existentes em algumas das principais culturas e religiões do Antigo Oriente Médio serviu para nos mostrar que o tipo de profetismo exercido ali era caracterizado de forma geral: 1) pelo estado de transe em que se encontravam geralmente as figuras proféticas, 2) pela importância que o profetismo atribuía aos sonhos e visões em seu contexto revelatório e 3) pela emissão de declarações oraculares cujo teor das mensagens se relacionava: a) ao rei, b) aos adoradores da divindade em nome da qual se emitiam tais oráculos, e ainda c) às questões mais relevantes para o bem-estar das pessoas em seu cotidiano (conflitos entre grupos, guerras, orientações cúlticas, advertências etc). De forma geral, a importância destas figuras proféticas para a sociedade do Antigo Oriente Médio pode ser percebida na tamanha influência que estas exerciam sobre as pessoas das mais variadas camadas sociais, desde o rei até o povo. As declarações oraculares proferidas por tais figuras proféticas serviam para orientar a vida, as crenças e o destino das pessoas, adquirindo, portanto, credibilidade dentro daquelas antigas sociedades. Isto nos mostra o quão relevantes eram. Bem, diante dessa conclusão, resta-nos fazer a seguinte pergunta: os profetas do Antigo Testamento, bem como as suas mensagens, eram semelhantes às figuras proféticas e aos oráculos encontrados nos relatos dos povos vizinhos do Antigo Oriente FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.293. Que a adivinhação era uma prática existente no Egito, não há a menor dúvida. Aliás, encontramos uma evidência bíblica a esse respeito quando José declara praticar o ritual da hidromancia, isto é, a “adivinhação por meio da água” (cf. Gn 44.5). W
  • 11. d KW K D / Médio? Nas páginas seguintes, ao estudarmos a figura do profeta veterotestamentário e a sua mensagem, tentaremos responder a esta pergunta. © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 W
  • 12. d KW K D / II – O Profetismo no Antigo Testamento a) Definindo o Termo “Profeta” O vocábulo “profeta”, na Bíblia Hebraica, é derivado do substantivo hebraico nabi’ e, atualmente, há quatro teorias que buscam explicar a origem desse vocábulo. São elas: 1) o termo é derivado da raiz árabe naba’a, “anunciar”, de onde se infere a idéia © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 de “porta-voz”; 2) o vocábulo procede da raiz hebraica naba‘, “borbulhar”, transmitindo assim o conceito de “extravasar palavras”; 3) a palavra vem da raiz acadiana nabû, “chamar”, a qual fala sobre “aquele que é chamado [por Deus]”; e 4) o termo é oriundo de uma raiz semítica desconhecida.28 Seja como for, o vocábulo é especialmente utilizado para descrever o profeta como aquele que “revela ou declara as palavras de Deus aos homens”.29 Além de nabi’, há ainda dois outros termos que o Antigo Testamento emprega para designar os profetas, isto é, ro’eh e hozeh. Estas duas últimas palavras são particípios e também são praticamente sinônimas em seu significado, as quais podem ser traduzidas como “vidente”.30 Tenney explica este significado da seguinte maneira: As duas palavras, ro’eh e hozeh, talvez estejam se referindo primariamente ao fato de que a pessoa então designada vê a mensagem que Deus lhe dá. Este “ver” é concebido provavelmente como tomando lugar na visão. Ao mesmo tempo, estas duas palavras servem igualmente para designar um homem que, tendo visto a mensagem de Deus, declara esta mensagem. A ênfase bíblica é completamente prática. Ela não é uma HARRIS, R. Laird (org.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Márcio Loureiro Redondo, Luiz A.T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto]. São Paulo, Vida Nova, 1998, pp.904,905. Parker ainda acrescenta que “o nome, nabi’, também pode se referir a uma pessoa em, ou sujeita a, transe-possessão”. (Cf. PARKER, Simon B. Possession Trance and Prophecy in Pre-Exilic Israel. Vetus Testamentum (VT), Vol. XXVIII, 1978, p.275). GESENIUS, H. W. F. Geseniu’s Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament. [Translated by Samuel Prideaux Tregelles]. Grand Rapids, Baker Book House, 1979, p.525. Esse intercâmbio de significado entre os vocábulos ro’eh e hozeh é citado, por exemplo, por: ARCHER, Jr., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo, Vida Nova, 1991, p.224; SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.2. [Tradução de D. Mateus Rocha]. São Paulo, Edições Paulinas, 1977, p. 515 e PETERLEVITZ, Luciano R. Introdução ao Profetismo. Revista Theos, Campinas, 5ª edição, V.4 – Nº1, 2008, p.4. Para outras observações sobre o significado desses dois termos hebraicos, consulte: CHOURAQUI, André. Os Homens da Bíblia. [Tradução de Eduardo Brandão]. São Paulo, Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1990, pp.237,238 e ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Werner Fuchs]. São Paulo, Edições Loyola, 2003, p.369. W
  • 13. d KW K D / experiência obscura do modo de recepção da revelação profética que está situada adiante, mas sim a declaração expressa da mensagem de Deus.31 Já na Septuaginta, a palavra usada para se referir ao profeta é o vocábulo grego profetes, o qual significa: “quem fala em nome de Deus” ou “quem interpreta oráculos divinos”.32 Segundo Bauer, o fato da LXX utilizar o termo profetes, em vez de usar o vocábulo mantis, “adivinho”, indica que ela buscou privilegiar o conteúdo da mensagem © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 e não a maneira de mediação, como ocorria com os adivinhos pagãos.33 Em linhas gerais, podemos dizer que os profetas eram embaixadores ou mensageiros divinos, os quais anunciavam a mensagem de Deus para o seu povo, especialmente em época de crise. Como bem declarou Ellisen, os profetas eram, acima de tudo, “pregadores da justiça em época de decadência espiritual”.34 b) O Profetismo Multifacetado de Israel Ao estudarmos o profetismo em Israel, acabamos descobrindo que este possui uma característica bastante heterogênea.35 E esta heterogeneidade pode ser vista, por TENNEY, Merrill C. (ed.). The Zondervan Pictorial Bible Dictionary. Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1963, p.685. BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico. [Tradução de Fredericus Antonius Stein]. São Paulo, Edições Loyola, 2000, p.345. É curioso notar que este segundo significado do vocábulo, “quem interpreta oráculos divinos”, também era uma das formas pelas quais alguns escritores gregos antigos compreendiam o termo, tais como Ésquilo (525-456 a.C.), Heródoto (485- 420 a.C.) e Píndaro (518-438 a.C.), por exemplo. (Cf. THAYER, Joseph Henry. Greek- English Lexicon of the New Testament. Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1976, p.553). Para obter outros detalhes sobre o significado do termo profetes nos escritos da Grécia Antiga, confira: LIDDELL, H. G. & SCOTT, R. An Intermediate Greek-English Lexicon. (Founded upon the Seventh Edition of Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon). Oxford, Oxford University Press, 1889, p.704. BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Op.Cit., pp.345,346. Já R. E. Clements chama a atenção para os problemas de definição relativos ao termo “profeta” em hebraico. Ele afirma que a palavra “profeta” deriva da tradução grega de nabi’, isto é, prophetes, e, desta forma, o termo “profeta” já é um vocábulo interpretado e distanciado do texto hebraico original. (Cf. CLEMENTS, R. E. O Mundo do Antigo Israel. [Tradução de João Rezende Costa]. São Paulo, Paulus, 1995, p.206). Eissfeldt também faz observação semelhante em: EISSFELDT, Otto. Introducción al Antiguo Testamento. Tomo I. [Traducción de José L. Sicre]. Madrid, Ediciones Cristiandad, 2000, p.159. ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. [Tradução de Emma Anders de Souza Lima]. São Paulo, Editora Vida, 1993, p.210. Etienne Charpentier declara que “o profeta não era ‘alguém que anunciava o futuro’, mas, antes, alguém que falava em nome de Deus, alguém que fora introduzido nos planos de Deus (…) e que daí por diante via tudo com os olhos de Deus”. (Cf. CHARPENTIER, Etienne. Para Ler o Antigo Testamento. [Tradução de Benôni Lemos]. São Paulo, Edições Paulinas, 1986, p.69). RENDTORFF, Rolf. Antigo Testamento: Uma Introdução. [Tradução de Monika Ottermann]. Santo André, Ed. Academia Cristã Ltda., 2009, p.171. W
  • 14. d KW K D / exemplo, nos vários contextos sociais e históricos em que o profetismo israelita atuou.36 Vejamos quais são eles: - Os profetas de congregações ou irmandades. Eles são conhecidos como “filhos de profetas/discípulos de profetas” (p.ex. 2 Rs 2.3,5,7,15), formam comunidades proféticas (p.ex., 1 Sm 19.18-24) , se relacionam com a divindade através do êxtase (cf. © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 2 Rs 3.15), agem como curandeiros, transmissores de oráculos, conselheiros, milagreiros (cf. 2 Rs 9) e se reúnem na “escola dos profetas” com seu mestre em espécies de “sessões” proféticas (cf. 2 Rs 6.1-7).37 - Os profetas do templo. Sabe-se que havia profetas que tinham conexão com os santuários oraculares, pois podemos constatar que a linguagem destes possui certa dependência das funções exercidas nestes locais. Observa-se neste contexto uma linguagem cúltica.38 Podemos citar como representantes dessa tradição do profetismo do templo os profetas escriturísticos Habacuque, Naum e Joel.39 - Os profetas da corte. Schökel e Diaz, baseados em conclusões de Gottwald, ao falarem sobre a relação entre o profeta e o rei, citam quatro características desse tipo de profeta: 1) possui sólida informação política; 2) exprime sua preocupação política através de antigas formas literárias israelitas e motivos religiosos; 3) baseia as suas atitudes na experiência e de acordo com as circunstâncias (caráter prático); e, 4) considera as instituições políticas como instrumentos dos desígnios divinos.40 Sigo aqui a estrutura encontrada em: ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, pp.370- 374. ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.370. BENTZEN, A. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução de Helmuth Alfredo Simon]. São Paulo, Aste, 1968, p.211. ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.370. Fohrer lembra que, apesar de haver uma ala do profetismo ligada ao templo, isso não imunizava o “sistema cultual” contra as duras críticas proferidas pelos próprios profetas. (Cf. FOHRER, Georg. Estruturas Teológicas do Antigo Testamento. [Tradução de Álvaro Cunha]. Santo André, Academia Cristã, 2006, pp.141-146). Gerhard von Rad fala sobre a opinião defendida por muitos estudiosos de que a maioria dos profetas veterotestamentários foram porta-vozes cúlticos, sendo, portanto, funcionários do templo. (Cf. RAD, Gerhard von. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Francisco Catão]. São Paulo, Aste/Targumim, 2006, pp.489,490). Veja também o comentário de Sicre sobre a maneira de enxergar o profeta como um funcionário do culto. (Cf. SICRE, José Luis. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Wagner de Oliveira Brandão]. Petrópolis, Vozes, 1994, pp.196,197). SCHÖKEL, L. Alonso & DIAZ, J. L. Sicre. Profetas I. [Tradução de Anacleto Alvarez]. São Paulo, Paulus, 2004, p.45. W
  • 15. d KW K D / - Os profetas independentes, de oposição. Ao que tudo indica, este grupo de profetas compreende todos os profetas escriturísticos da Bíblia Hebraica (com exceção dos profetas Habacuque, Naum e Joel), constituindo, inclusive, o grupo mais importante do Antigo Testamento.41 Certamente, Edgard Leite está fazendo referência a estes profetas ao dizer que: © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 Toda a literatura profética está repleta (...) da crítica social, onde a denúncia dos abusos dos poderosos coincide com a defesa da necessidade do sagrado. A estrutura da sociedade está, para os profetas, em flagrante rota de colisão com o espírito da força que permite o surgimento da mesma sociedade.42 - Os profetas literários. No atual estágio em que se encontra a pesquisa sobre os profetas, acredita-se que nenhum livro profético tem o próprio profeta que leva o seu nome como seu verdadeiro autor. Uma das hipóteses usadas para explicar isso sugere que os livros proféticos surgiram porque, no passado, círculos de alunos de profetas deveriam divulgar amplamente as palavras de seus “mestres profetas”, constituindo-se assim seus redatores e editores.43 Seja como for, o fato é que os profetas transmitiram suas mensagens, as quais, por sua vez, foram interpretadas, levadas adiante e, por fim, escritas (por eles mesmos e/ou por seus discípulos), transformando-se assim em “palavra viva” e finalmente se tornando livro.44 Além dessa estrutura quíntupla do profetismo que acabamos de expor acima, creio que seja proveitoso para o nosso estudo mencionar também o tipo de categorização profética proposta por Aune.45 Segundo esse autor, existem quatro tipos de profetas no antigo Israel: ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, p.371. LEITE, Edgard. Pentateuco: uma introdução. Rio de Janeiro, Imago, 2006, p.119. Opinião semelhante pode ser encontrada também em: CASTRO, Clóvis Pinto de. (ed.). O Ministério dos Profetas no Antigo Testamento. São Paulo, Imprensa Metodista, 1993, p.94. Gruen chama a atenção para o fato de que o profetismo não tem eficácia se atuar sozinho. Ele precisa atuar dentro de uma estrutura jurídica que lhe dê apoio, algo que acho ser bastante difícil de ocorrer. (Cf. GRUEN, Wolfgang. O Tempo que se Chama Hoje: introdução ao Antigo Testamento. São Paulo, Paulus, 1985, p.112). ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.372,373. BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico, p.345. AUNE, David E. Prophecy in Early Christianity and the Ancient Mediterranean World. Grand Rapids, William B. Eerdmans Publishing Company, 1991, pp.83-85. W
  • 16. d KW K D / - Os Profetas Xamânicos (representados, p.ex., por Samuel, Elias e Eliseu); - Os Profetas Cultuais e do Templo (representados, p.ex., por Ezequiel e Jeremias); - Os Profetas da Corte (representados, p.ex., por Gade e Natã); - Os Profetas Livres (representados, p.ex., por Amós e Oséias em Israel e por Miquéias e Isaías em Judá). © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 c) O Autoconhecimento dos Profetas Ao lermos a literatura profética, tomamos conhecimento de que os próprios profetas estão conscientes do que está ocorrendo com eles em seu aspecto comportamental geral quando transmitem sua mensagem. H. W. Wolff cita quatro elementos-chave que indicam esse autoconhecimento profético.46 São eles: - Os profetas cuidam para que sua mensagem não seja prejudicada pelos seus próprios desejos e intenções (Am 7.2,5; Jr 1.6; Is 8.11);47 - Os profetas não se tornam instrumentos de Iahweh em momentos de embriaguez ou de êxtase, mas em uma situação de plena consciência. Eles ouvem, observam e respondem (Is 6.8,9; Am 7.8 ; Jr 1.11-13); - Os profetas se preocupam com o futuro, elemento esse que é o núcleo de sua missão e o aspecto essencial de seu ofício profético (Am 8.1s; 9.1-4; Jr 1.11);48 - Os profetas são homens cujo viver está repleto de contrastes, sobretudo, no âmbito psicológico. O profeta, por exemplo, é relutante (Jr 1.6,7), se apavora (Am 3.8), vive em solidão devido às suas mensagens (Jr 15-17) e sofre perseguição (Jr 20.10). WOLFF, H. W. Bíblia: Antigo Testamento: introdução aos escritos e aos métodos de estudo. [Tradução de Dulcemar Silva Maciel]. São Paulo, Paulinas, 1978, pp.57-59. Como diz Gunneweg: “os profetas não anunciam a sua própria palavra, vontade, orientação, promessa e ameaça, mas a de Deus”. (Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. Teologia Bíblica do Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução de Werner Fuchs]. São Paulo, Teológica/Loyola, 2005, p. 244). De acordo com Lasor, Hubbard e Bush, “Deus nunca está interessado no presente simplesmente pelo presente. Desde a criação, ele sempre está cumprindo seu plano para a humanidade. E Deus nunca esquece para onde vai e o que faz. (...) A profecia é a mensagem de Deus para o presente à luz da missão redentora em andamento”. (Cf. LASOR, William S., HUBBARD, David A. & BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 1999, p.247 – os itálicos são meus). W
  • 17. d KW K D / d) O Profeta como Mensageiro O teólogo alemão, Hans Walter Wolff, declara que a principal característica da profecia é o “anúncio”. Segundo ele: Seus aspectos formais [da profecia] são dois: é introduzida pela fórmula “Assim falou Iahweh” (às vezes conclui com “Iahweh disse”), e Iahweh sempre fala usando a © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 primeira pessoa. Esta forma pertence à linguagem diplomática do antigo Oriente Próximo. É encontrada em numerosas cartas da Mesopotâmia. Achamo-la também no âmago do Antigo Testamento (...).49 Esta expressão “Assim fala/falou Iahweh” é conhecida como fórmula de mensageiro e, de acordo com Werner H. Schmidt, “identifica o profeta como alguém que foi enviado por Deus, alguém que é intermediário autorizado para transmitir determinada mensagem a um destinatário concreto”.50 Schreiner completa, dizendo que o profeta é caracterizado como: a) homem da palavra, b) mensageiro e porta-voz de Deus e c) pregador.51 Além do mais, essa palavra de Deus dita pelo profeta reveste-se de importância sob o ponto de vista concreto, pois é uma palavra que se cumpre na história. Como diz Kaiser, “aquela palavra não era uma palavra ‘vazia’ (req) ou destituída de poder (Dt 32.47); uma vez pronunciada, atingia o seu alvo”.52 e) Conclusão Ora, depois de discorrermos, ainda que de forma bastante sucinta, sobre alguns dos principais traços característicos do profeta veterotestamentário, podemos chegar às WOLFF, H. W. Bíblia: Antigo Testamento, p.71. Ralph Smith faz a seguinte observação: “o anúncio é em geral entendido como a palavra do profeta, mas os sacerdotes e levitas também podiam proclamar a palavra de Deus nos anúncios de bênção e maldição. Ageu pediu a seu povo que fosse aos sacerdotes perguntar acerca da santidade e da impureza (Ag 2.11-14)”. (Cf. SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Hans Udo Fuchs e Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 2001, p.107). SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Annemarie Höhn]. São Leopoldo, Sinodal, 1994, p.170. SCHREINER, J. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. [Tradução de Benôni Lemos]. São Paulo, Teológica/Paulus, 2004, pp.184,185. Segundo Heaton, o tema central da pregação dos profetas era a vocação distintiva de Israel como povo de Deus. (Cf. HEATON, E. W. Everyday Life in Old Testament Times. New York, Charles Scribner’s Sons, 1956, p.233). KAISER, Jr., Walter C. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo, Vida Nova, 1996, p.144. W
  • 18. d KW K D / seguintes constatações: 1) Parece não haver um consenso geral sobre o significado exato do termo hebraico mais comumente usado para se referir ao profeta no antigo Israel, isto é, nabi’;53 2) O profetismo em Israel era bastante diversificado, pois atuava em vários contextos sociais: nas “escolas dos profetas”, no templo, na corte e também de forma independente, por exemplo, protestando contra as injustiças sociais; 3) Os profetas demonstram ter consciência de sua vocação e de seu papel diante de Deus e do povo. © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 Eles sabem que foram enviados por Deus, para transmitirem a Sua palavra para o povo. Assim, se colocam como intermediários entre a vontade divina e as pessoas, seus destinatários. Eichrodt pensa que “mensageiro” seja o significado mais provável do termo. (Cf. EICHRODT, Walther. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Cláudio J. A. Rodrigues]. São Paulo, Hagnos, 2004, p.278, nota 36). W
  • 19. d KW K D / CONCLUSÃO Bem, chegamos ao término de nosso estudo. Os dois breves capítulos que escrevemos serviram para nos proporcionar uma visão bastante panorâmica sobre as figuras proféticas do antigo Oriente e os profetas do antigo Israel. Mas, agora, devemos responder à pergunta que fizemos no início desse trabalho: os profetas do Antigo © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 Testamento e as suas mensagens eram semelhantes às figuras proféticas e aos oráculos encontrados nos relatos dos povos vizinhos do Antigo Oriente Médio? Respondo. Em termos de essência, duração e volume (de escritos proféticos), o profetismo israelita é um fenômeno singular no antigo Oriente.54 De forma geral, podemos dizer que a semelhança entre os fenômenos proféticos encontrados no antigo Oriente e a profecia israelita existe apenas no que diz respeito à forma. Portanto, o conteúdo ético e religioso do profetismo hebraico simplesmente não possui paralelo no mundo antigo.55 Além disso, deve ser dito aqui que os conflitos radicais entre os profetas veterotestamentários e o rei ou o Estado não encontram paralelos nos textos do antigo Oriente. Enquanto que as figuras proféticas extra-bíblicas fazem críticas ao culto, por exemplo, os profetas bíblicos, por outro lado, fazem críticas sociais e éticas, algo sui generis.56 Aliás, no que se refere à questão ética, a estrutura básica da profecia israelita está alicerçada na proclamação de uma mensagem que critica o comportamento pecaminoso da sociedade de Israel, chamando-a, portanto, ao arrependimento.57 Some- se a isto ainda o fato de que os profetas de Israel também trazem em seu discurso o anúncio de um maciço juízo – principalmente contra a injustiça social – algo que não pode ser constatado da mesma forma nas figuras proféticas dos outros povos, as quais não se preocupavam com a sorte do povo, como ocorria em Israel.58 BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico, p.347. MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico, p.742. Sellin e Fohrer declaram que “o elemento comum a todas essas figuras [proféticas – tanto israelitas quanto não-israelitas] situa-se na linha da estrutura geral e da psicologia, enquanto as diferenças são fortes em consonância com o conteúdo das revelações anunciadas”. (Cf. SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento, p.512). ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, p.379. CARROLL, R. P. Ancient Israelite Prophecy and Dissonance Theory. Numen, Vol. XXIV, Fasc.2, 1977, p.141. Idem, Ibidem. W
  • 20. d KW K D / Em suma, o profeta encontrado na Bíblia Hebraica possui sensibilidade para o mal, se importa com as trivialidades, é luminoso e explosivo, está interessado em um bem maior, é um iconoclasta, demonstra ao mesmo tempo austeridade e compaixão, tem consciência de que embora poucos sejam culpados, todos são responsáveis por seus atos, é alguém que experimenta a explosão do céu em seu ofício profético, é alguém que experimenta a solidão e a miséria e, por fim, o profeta é um mensageiro e uma © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 testemunha.59 Belo currículo este, não?! HESCHEL, Abraham J. The Prophets. Vol.1. New York, Harper & Row, Publishers, 1969, pp.3-26. W
  • 21. d KW K D / BIBLIOGRAFIA Dicionários/Léxicos BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico. [Tradução de Fredericus Antonius Stein]. São Paulo, Edições Loyola, 2000. © Carlos Augusto Vailatti ● O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ● 2011 CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. [Tradução de João Marques Bentes]. Vol.4. [M-O]. São Paulo, Editora Hagnos, 2001. GESENIUS, H. W. F. Geseniu’s Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament. [Translated by Samuel Prideaux Tregelles]. Grand Rapids, Baker Book House, 1979. HARRIS, R. Laird (org.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Márcio Loureiro Redondo, Luiz A.T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto]. São Paulo, Vida Nova, 1998. LIDDELL, H. G. & SCOTT, R. An Intermediate Greek-English Lexicon. (Founded upon the Seventh Edition of Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon). Oxford, Oxford University Press, 1889. MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. [Tradução de Álvaro Cunha et alii.]. São Paulo, Paulus, 1983. TENNEY, Merrill C. (ed.). The Zondervan Pictorial Bible Dictionary. Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1963. THAYER, Joseph Henry. Greek-English Lexicon of the New Testament. Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1976. Introduções ao Antigo Testamento ARCHER, Jr., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo, Vida Nova, 1991. BENTZEN, A. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução de Helmuth Alfredo Simon]. São Paulo, Aste, 1968. CERESKO, Anthony R. Introdução ao Antigo Testamento numa perspectiva libertadora. [Tradução de José Raimundo Vidigal]. São Paulo, Paulus, 1996. CHARPENTIER, Etienne. Para Ler o Antigo Testamento. [Tradução de Benôni Lemos]. São Paulo, Edições Paulinas, 1986. W
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