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William Faulkner
Título: O som e a fúria
Autor: William Faulkner
Género: Romance Gótico (Ficção)
País: Estados unidos da América
Língua: Portuguesa (Versão original:
Inglesa)
Editora: Dom Quixote
Data de Edição: 6ª Edição a Outubro de
2008(1ª Edição a Maio de 1994)
Número de Páginas: 261 (Versão
original: 336)
WILLIAM FAULKNER nasceu em New
Albany, no Mississippi, a 25 de
Setembro de 1897. Frequentou a
Universidade do Mississippi e, em 1918,
alistou-se na Royal Air Force do Canadá.
Depois de ter viajado pela Europa
durante 1925-1926 em Oxford,
Mississippi, onde teve vários empregos
enquanto tentava afirmar-se como
escritor. O seu primeiro romance foi
publicado em 1926., Soldier’s Party.
Fulkner recebeu o Prémio Nobel de
Literatura em 1949. Pelo seu último
livro, Os Ratoneiros – uma
Reminiscência, recebeu o segundo
prémio Pulitzer, pouco tempo depois da
sua morte, já em 1962.
Há um tempo atrás roubei um livro com o título As I Lay
Dying, confesso que não sou particularmente fã de
William Faulkner, e tentei lê-lo uma vez…mas não me
despertou muito interesse. No entanto, gostei de ler O
som e a fúria, penso que quem gosta de literatura deveria
lêr este título. O livro não é longo e é muito interessante, e
apesar de eu não ser o tal grande fã de Faulkner, ele,
apesar de tudo, recebeu o Prémio Nobel de Literatura e
dois Pulitzers, portante ele deve ser um grande escritor;
afinal o que sei eu?
Hoje ouvi um bando de trovoadas malfeitoras resmungar pelos vales e terras .
Pareciam tão temíveis e furiosas que caíam e entravam em confronto nas ruas e
prédios, como touros jovens que lutam uns contra os outros, disputando para ver
qual o mais forte, sem pensar, sem ter qualquer cuidado sobre os pedaços de relva
que vão pisando, relva verde suculenta e eles pisam-na com os cascos.
Os relâmpagos fazem as suas luzes brilham num espetáculo alucinante de incrível
força e beleza terrível. E não se soltam, embate após embate, como se fossem um
exército em direcção à batalha, tentando assustar o inimigo à desistência,
carregam os seus sabres e escudos, em seguida, numa só voz e com toda a sua
força fazem um grande, glamusoro, grito de guerra. É tudo espetáculo, e até que a
primeira gota esteja derramada, é tudo dança, nada mais.
Hoje, numa tempestade distante, eu presênciei a Mãe Natureza fazer um
fantástico espetáculo de ballet, tudo fruto do seu dominio e soberania sobre os
seus habitantes, e, no fim, era tudo um espetáculo…muito som, e quase pouca
fúria.
"O Som e a Fúria", de William Faulkner, é um dos mais
revolucionários romances do século XX, comparável à
"Recherche", de Proust, ou ao "Ulisses", de Joyce. É a
história da decadência de uma família do Sul dos Estados
Unidos, ou talvez "a tragédia de duas mulheres perdidas",
como afirmou o próprio autor. Mas é também, sobretudo,
a invenção de uma nova e poderosa linguagem.

                                 O romance narra o inexorável declínio de uma
                                       família da velha aristocracia sulista, os
                                   Compson, desde os últimos anos do século
                                                                 XIX até 1928.
A tensão e o conflito estão presentes desde as
primeiras páginas do romance, quando se tem
a perspectiva aflita e imprecisa da narração do
demente Benjy, deficiente mental de mais de
30 anos, que não fala, apenas geme, baba e
urra. Porém há aqui um frescor narrativo e
uma inventividade que só se percebem após
vencido o enorme estranhamento inicial da
tresloucada sintaxe; a seguir, na Segunda
Parte, a angustiosa e não menos perturbada
narração do irmão incestuso, Quentin, torna
esse momento do romance uma espécie de
pesadelo, uma assustadora polifonia de vozes
fantasmagóricas que irrompem na tentativa
de esclarecer os obscuros fatos até ali
expostos.
Porém, o momento de maior êxtase na leitura e de clarividência
narrativa estão reservados para as duas partes finais do romance,
quando explode a raiva, o ressentimento e o involuntário humor
negro de que se mascara o discurso rancoroso e machista do irmão
que ficou pra trás, fechado na província (ao passo que os outros
dois, Caddy e Quentin, de certa forma “ganharam o mundo”), ao
qual sobrou a ingrata tarefa de sustentar (física e mentalmente) a
decadente família Compson. E, por fim, a narração em terceira
pessoa na parte final, que foca a acção nos movimentos da velha
negra Dilsey e seu modo simples (porém verdadeiro a seu modo) de
enxergar a vida e a decadência moral da família (do mundo?) a que
servira (com fidelidade, amor e dedicação) por tantos anos.
“A Cady foi buscar a caixa, pousou-a no chão e abriu-a. Estava cheia
               de estrelas. Quando eu estava quieto, elas estavam quietas. Quando
               eu me mexia, elas brilhavam e cintilavam. Calei-me.”




“Nunca quis falar de tal maneira mas as mulheres não têm
respeito nenhum umas pelas outras senão por elas mesmas”




                       “Não é quando te apercebes que nada te pode
                       ajudar—religião, orgulho, o que for—é quando
                       percebes que não precisas de ajuda alguma.”
Ao longo dos anos várias adaptções do livro de Faulkner foram lançadas
 na sétima arte tais como Today We Live, em 1933, ou por exemplo The
                      sound and the Fury, em 1959.
   Trabalho elaborado pelo aluno Paulo J. C. Alves, nr.º 12 do 12ºA, no
    âmbito da disciplina de Português.

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  • 2. Título: O som e a fúria Autor: William Faulkner Género: Romance Gótico (Ficção) País: Estados unidos da América Língua: Portuguesa (Versão original: Inglesa) Editora: Dom Quixote Data de Edição: 6ª Edição a Outubro de 2008(1ª Edição a Maio de 1994) Número de Páginas: 261 (Versão original: 336)
  • 3. WILLIAM FAULKNER nasceu em New Albany, no Mississippi, a 25 de Setembro de 1897. Frequentou a Universidade do Mississippi e, em 1918, alistou-se na Royal Air Force do Canadá. Depois de ter viajado pela Europa durante 1925-1926 em Oxford, Mississippi, onde teve vários empregos enquanto tentava afirmar-se como escritor. O seu primeiro romance foi publicado em 1926., Soldier’s Party. Fulkner recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 1949. Pelo seu último livro, Os Ratoneiros – uma Reminiscência, recebeu o segundo prémio Pulitzer, pouco tempo depois da sua morte, já em 1962.
  • 4. Há um tempo atrás roubei um livro com o título As I Lay Dying, confesso que não sou particularmente fã de William Faulkner, e tentei lê-lo uma vez…mas não me despertou muito interesse. No entanto, gostei de ler O som e a fúria, penso que quem gosta de literatura deveria lêr este título. O livro não é longo e é muito interessante, e apesar de eu não ser o tal grande fã de Faulkner, ele, apesar de tudo, recebeu o Prémio Nobel de Literatura e dois Pulitzers, portante ele deve ser um grande escritor; afinal o que sei eu?
  • 5. Hoje ouvi um bando de trovoadas malfeitoras resmungar pelos vales e terras . Pareciam tão temíveis e furiosas que caíam e entravam em confronto nas ruas e prédios, como touros jovens que lutam uns contra os outros, disputando para ver qual o mais forte, sem pensar, sem ter qualquer cuidado sobre os pedaços de relva que vão pisando, relva verde suculenta e eles pisam-na com os cascos. Os relâmpagos fazem as suas luzes brilham num espetáculo alucinante de incrível força e beleza terrível. E não se soltam, embate após embate, como se fossem um exército em direcção à batalha, tentando assustar o inimigo à desistência, carregam os seus sabres e escudos, em seguida, numa só voz e com toda a sua força fazem um grande, glamusoro, grito de guerra. É tudo espetáculo, e até que a primeira gota esteja derramada, é tudo dança, nada mais. Hoje, numa tempestade distante, eu presênciei a Mãe Natureza fazer um fantástico espetáculo de ballet, tudo fruto do seu dominio e soberania sobre os seus habitantes, e, no fim, era tudo um espetáculo…muito som, e quase pouca fúria.
  • 6. "O Som e a Fúria", de William Faulkner, é um dos mais revolucionários romances do século XX, comparável à "Recherche", de Proust, ou ao "Ulisses", de Joyce. É a história da decadência de uma família do Sul dos Estados Unidos, ou talvez "a tragédia de duas mulheres perdidas", como afirmou o próprio autor. Mas é também, sobretudo, a invenção de uma nova e poderosa linguagem. O romance narra o inexorável declínio de uma família da velha aristocracia sulista, os Compson, desde os últimos anos do século XIX até 1928.
  • 7. A tensão e o conflito estão presentes desde as primeiras páginas do romance, quando se tem a perspectiva aflita e imprecisa da narração do demente Benjy, deficiente mental de mais de 30 anos, que não fala, apenas geme, baba e urra. Porém há aqui um frescor narrativo e uma inventividade que só se percebem após vencido o enorme estranhamento inicial da tresloucada sintaxe; a seguir, na Segunda Parte, a angustiosa e não menos perturbada narração do irmão incestuso, Quentin, torna esse momento do romance uma espécie de pesadelo, uma assustadora polifonia de vozes fantasmagóricas que irrompem na tentativa de esclarecer os obscuros fatos até ali expostos.
  • 8. Porém, o momento de maior êxtase na leitura e de clarividência narrativa estão reservados para as duas partes finais do romance, quando explode a raiva, o ressentimento e o involuntário humor negro de que se mascara o discurso rancoroso e machista do irmão que ficou pra trás, fechado na província (ao passo que os outros dois, Caddy e Quentin, de certa forma “ganharam o mundo”), ao qual sobrou a ingrata tarefa de sustentar (física e mentalmente) a decadente família Compson. E, por fim, a narração em terceira pessoa na parte final, que foca a acção nos movimentos da velha negra Dilsey e seu modo simples (porém verdadeiro a seu modo) de enxergar a vida e a decadência moral da família (do mundo?) a que servira (com fidelidade, amor e dedicação) por tantos anos.
  • 9. “A Cady foi buscar a caixa, pousou-a no chão e abriu-a. Estava cheia de estrelas. Quando eu estava quieto, elas estavam quietas. Quando eu me mexia, elas brilhavam e cintilavam. Calei-me.” “Nunca quis falar de tal maneira mas as mulheres não têm respeito nenhum umas pelas outras senão por elas mesmas” “Não é quando te apercebes que nada te pode ajudar—religião, orgulho, o que for—é quando percebes que não precisas de ajuda alguma.”
  • 10. Ao longo dos anos várias adaptções do livro de Faulkner foram lançadas na sétima arte tais como Today We Live, em 1933, ou por exemplo The sound and the Fury, em 1959.
  • 11. Trabalho elaborado pelo aluno Paulo J. C. Alves, nr.º 12 do 12ºA, no âmbito da disciplina de Português.