O documento descreve a anatomia da mama, técnicas de mamografia e artefatos que podem ocorrer. Resume os principais pontos da anatomia da mama, posicionamentos para incidências cranio-caudal e médio-lateral-obliqua, e os tipos mais comuns de artefatos e como evitá-los para melhor qualidade da imagem.
2. ANATOMIA DA MAMA
Na mulher adulta, a glândula mamária ou mama, é uma saliência cônica ou
hemisférica localizada na parede torácica anterior e lateral. Há grande variação no
seu tamanho de um indivíduo para outro e até na mesma mulher, dependendo de
sua idade e da influência de vários hormônios. Entretanto, a mama normalmente
estende-se da porção anterior da segunda costela até a sexta ou sétima costela, e
da borda lateral do esterno até a axila.
ANATOMIA DE SUPERFÍCIE
A anatomia de superfície incluí o mamilo, uma pequena projeção que contém
uma coleção de abertura de ductos proveniente das glândulas secretoras no interior
do tecido mamário. A área pigmentada que circunda o mamilo é denominada de
aréola, definida como uma área circular de cor diferente que circunda um ponto
central. A junção da parte inferior da mama com a parte anterior do tórax é chamada
prega inframamária. O prolongamento axilar é uma faixa de tecido que envolve o
músculo peitoral lateralmente.
3. ASPECTOS PRÁTICOS: COMPRESSÃO E CÉLULA FOTOELÉTRICA
A compressão da mama pode interferir drasticamente na qualidade do exame.
A compressão tem a finalidade de fixar a mama e mantê-la em uma posição
desejada diminuindo-se assim o risco de radiografias tremidas. Com a Compressão
obtém-se uma redução na espessura da mama. Nesses casos minimiza-se a dose
de exposição, reduz-se o borramento indesejável, permitindo que toda a mama
passe a Ter a mesma espessura. Outra vantagem da compressão é a possibilidade
de que as estruturas fiquem esparramadas facilitando a análise do exame e
diminuindo o risco de falsas imagens criadas por superposição de estruturas.
A compressão não pode em hipótese alguma, se tornar uma agressão à
paciente, pois se traumatizada, ela poderá nunca mais voltar a fazer uma
mamografia. Existe um limite muito tênue entre a compressão ideal e a tolerada pela
paciente, cabendo a técnica considerar o estado emocional em que a mulher se
encontra descobrir esse limite individual para fazer uma boa compressão sem
traumatizá-la.
4. CRÂNIO-CAUDAL (CC)
A mama é projetada com o feixe de raios-x indo da cabeça em direção aos
pés. Toma-se
o cuidado de tracioná-la para que não seja excluída nenhuma região. Como a mama
possui certa mobilidade em relação à caixa torácica, devemos lançar mão desse
recurso para um melhor posicionamento em c.c. A radiografia com a mama na
posição relaxada não possibilita um bom posicionamento. deve-se suspender a
mama até o seu ponto de mobilidade máxima, levando o chassis até o vértice da
mama com a parede do abdômen (sulco-inframamário)e, dai, tracioná-la. A figura
abaixo ilustra a mobilidade máxima da mama, e a linha pontilhada representa a
mama em sua posição relaxada. Após suspender a mama deve-se tracioná-la e sem
soltá-la, efetuar a compressão.
5. Na figura 10 vê-se a mama radiografada na incidência crânio-caudal, que deve
mostrar toda a área do parênquima, atrás a área de gordura e mais posteriormente o
músculo peitoral. Nem sempre é ver possível o músculo peitoral em c.c., mas se não
aparecer à área de gordura atrás da área do parênquima, isso indica que a mama
não foi bem posicionada.
A figura acima representa o esquema de mobilidade máxima da mama; a
linha pontilhada representa a mama em sua posição relaxada e, após a sua
suspensão, é possível tracionar com mais eficiência a mama.
6. MÉDIO-LATERAL-OBLÍQUA (MLO)
A mama é projetada com o feixe de raios x indo da região medial para a
lateral oblíqua. A angulação do tubo de raios x pode variar de 45 à 60 graus de
acordo com o eixo da mama da paciente na sua caixa torácica, ou seja, de acordo
com o biótipo de cada paciente. A técnica em radiologia encontrará dificuldades para
executar o posicionamento no caso de angulações incorretas, pois surgirão
problemas como dobras de pele ou exclusão de áreas importantes ao exame. Após
a escolha da angulação do equipamento, deve-se escolher o ponto onde devera ser
colocado o canto do bucky. Para isso, mentalmente, deve-se dividir a axila da
paciente em três partes, colocando-se o canto do bucky no seu terço posterior. Essa
escolha é importante para que se possa incluir boa parte da região axilar e do
músculo peitoral na radiografia. Em seguida a técnica, ainda posicionada por trás,
deve elevar o braço da paciente e depositá-lo sobre a lateral do bucky, tomando o
cuidado de posicionar o terço posterior da axila no canto do bucky, orientando-a para
apoiar a mão na lateral do aparelho e manter a musculatura do braço e do ombro
relaxada. Deve-se atentar para que o ombro e o cotovelo da paciente não estejam
erguidos, pois implicará na contração da musculatura e um aumento na dificuldade
de se executar esse posicionamento. Após esse procedimento, a técnica se dirigi
para a frente da paciente e começa a tracionar a mama, desde a sua porção mais
lateral.
Figuras 26 e 27 -Escolha da angulação do aparelho. O bucky deve ser angulado
seguindo o eixo da caixa torácica. Em cada exemplo o bucky está posicionado com
angulações diferentes, devido ao diferente biótipo de cada paciente.
Durante o posicionamento da incidência MLO, a técnica deve continuar
mantendo a atenção no corpo da paciente para que esta não recue ou contraia a sua
musculatura. Em seguida, ainda mantendo a atenção sobre a musculatura da
paciente, a técnica deve, com uma das mãos, tracionar para frente e suspender a
mama. Com a outra mão sobre o ombro da paciente, abraçando-a, atentar para que
a mesma mantenha o ombro relaxado sobre o bucky, efetuando, ai, a compressão.
Enquanto a mama não estiver totalmente comprimida a técnica não deve soltá-la,
pois ela penderá e deixará de ficar bem posicionada.
7. Fig. 28 – Como a mama será comprimida Fig. 29 – Escolha do ponto onde será
na incidência MLO colocado o canto do bucky.
Figuras 30 e 31 - Colocando o braço da paciente sobre a lateral do bucky.
Figuras 33 e 34- Seqüência de movimentos da técnica que, durante a compressão,
mantém a mama tracionada e vai deslocando a sua mão para frente até que a
compressão esteja completa. Observe que o sulco inframamário (seta) deve estar
incluído na imagem, mas sem pregas de pele.
8. Figura 35 - Imagem em incidência médio-lateral-oblíqua bem posicionada. Note a
boa porção do músculo peitoral e o vértice entre a mama e o abdômen (sulco
inframamário). Alguns sinais podem indicar que a mama foi bem posicionada:
aparecer o sulco inframamário e, se for traçada uma linha imaginaria do vértice do
peitoral até o mamilo, esta linha deve estar paralela (ou quase) à borda inferior do
filme.
Fig. 35
9. OS ARTEFATOS
Conforme um programa de acreditação do American College of Radiology (ACR), em
que foram analisados 2.341 exames de mamografia, os artefatos foram reportados
como o sexto problema em ordem de importância, sendo responsáveis por 11% das
falhas no exame. Os tipos mais encontrados foram determinados por pó ou poeira,
linhas da grade e marcas dos rolos do processador .
Artefatos são defeitos no processamento do filme ou qualquer variação na densidade
mamográfica não causada por atenuação real da mama (incluindo corpos estranhos
e dispositivos médicos implantados). Eles comprometem a qualidade final da
imagem e podem resultar em informações perdidas ou mascaradas, incluindo
resultados falso-positivos e falso-negativos. Há numerosos tipos de artefatos
derivados de diversas fontes na aquisição da imagem, todos resultando na
degradação da imagem obtida. Os artefatos podem ser relacionados ao
processador, ao desempenho do técnico de radiologia, à unidade mamográfica ou ao
paciente. Quando se examina um filme com relação aos possíveis artefatos, é
importante tentar isolar o artefato, identificar sua fonte e fazer qualquer correção
necessária para eliminar sua causa. Neste sentido, vários fatores devem ser
considerados, incluindo a posição do artefato e suas características, como
densidade, forma e distribuição na imagem.
Radiologistas e técnicos de mamografia devem estar familiarizados com os
numerosos artefatos que podem criar falsas lesões ou mascarar verdadeiras
anormalidades. Neste sentido, este artigo tem como objetivo apresentar os artefatos
mais encontrados na prática diária, acompanhados de suas ilustrações
imaginológicas, apontando suas diversas fontes, meios de identificação e como de
evitá-los.
10.
11. ARTEFATO: MARCA DE UNHA ANTES DA EXPOSIÇÃO ARTEFATO: MARCA DE UNHA APÓS A EXPOSIÇÃO
CARREGAMENTO INCORRETO DO FILME NO CHASSI CHASSI COLOCADO AO CONTRÁRIO NO BUCHY
EMULSÃO LADO OPOSTO AO ECRAN
ARTEFATO DE ELETRICIDADE ESTÁTICA
12. DISCUSSÃO
Os artefatos podem representar empecilhos a um diagnóstico mamográfico fiel.
Radiologistas e técnicos devem estar familiarizados com a gama de artefatos
existentes e devem também ser aptos ao rápido reconhecimento de sua fonte,
minimizando, assim, custos e exposição do paciente à radiação.
A implementação de um programa de controle de qualidade demonstrou eficácia na
redução do índice de rejeição de filmes de 21% para 7,7%. Isso foi atribuído
principalmente a iniciativas como treinamento de técnicos, manutenção de
parâmetros sensitométricos do processamento, manutenção periódica do
mamógrafo, limpeza periódica da processadora e abertura da tampa superior
durante a noite, e preparo e manutenção correta dos produtos químicos. Constatou-
se ainda a redução do aparecimento de artefatos, otimizando a qualidade final da
radiografia mamária e redução de gastos.
CONCLUSÃO
Uma rotina de prevenção e detecção de artefatos e um efetivo controle de qualidade
no processo de aquisição de imagem radiográfica da mama podem ser facilmente
incorporados pelo serviço de mamografia, resultando em exames mais fiéis,
diagnósticos mais acurados e redução dos custos.
CONTROLE DE QUALIDADEDE IMAGEM
15. CASO DE METÁSTASE CEREBRAL
Fem. 45 a. Ca. mama em tratamento desde 3/98. Massa em toda a mama D, ulcerada, com
comprometimento linfonodal. T4N2M0. Mastectomia radical. Carcinoma ductal invasivo grau
3 histológico e grau 3 nuclear. Padrão apócrino com comprometimento de mamilo. Em 11/98
redução do nível de consciência para Glasgow 3. Punção da lesão cística parietal com saída de
líquido hipertenso de cor acastanhada. Citologia – adenocarcinoma pouco diferenciado.
Metástase cística parietal posterior E. Em 8/12/98 : linfonodos axilares comprometidos, com
extensão extranodal. Receptores hormonais negativos. Óbito.
Tomografia computadorizada
TUMOR