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NEICA - Núcleo de Estudos Interdisciplinar da
          Criança e do Adolescente. FURB.

                              1º ENCONTRO:

       A CRIANÇA E A REALIDADE SOCIAL ADULTA

Local: Campus I da FURB
Data: 11/04/2013; Horário: 18h30min.
Articuladoras: Daniela Odete de Oliveira e Maristela Pitz
Conteúdo: As concepções regionais de infância e criança; a interação da
criança com a realidade adulta.

Informações sobre o filme:

                                            Direção: Sandra Kogut
                                            Roteiro: Ana Luiza M. Costa e
                                            Sandra Kogut
                                            Direção de Atores: Fátima
                                            Toledo
                                            Assistente de Direção: Malu
                                            Miranda
                                            Duração: 89 min.
                                            Ano: 2007
                                            Cidade: Rio de Janeiro
                                            Gênero: Ficção
                                            Cor: Colorido
                                            País: Brasil
SINOPSE:

Mutum quer dizer mudo. Mutum é uma ave negra que só canta à noite. E
Mutum é também o nome de um lugar isolado no sertão de Minas Gerais,
onde vivem Thiago e sua família. Thiago tem dez anos e é um menino
diferente dos outros. É através do seu olhar que enxergamos o mundo
nebuloso dos adultos, com suas traições, violências e silêncios. Ao lado de
Felipe, seu irmão e único amigo, Thiago será confrontado com este mundo,
descobrindo-o ao mesmo tempo em que terá de aprender a deixá-lo.

O SERTÃO:
Mutum foi filmado nas chapadas de Minas Gerais, em pleno sertão mineiro,
numa região com poucas estradas e muitos lugares ainda sem energia elétrica.
Mas o isolamento da família de Thiago é mais econômico que geográfico. O
sertão que se apresenta no filme não é meramente uma região geográfica: é
também o interior, o passado, a infância que povoa o imaginário brasileiro.

JOÃO GUIMARÃES ROSA
MUTUM se inspira na história de Miguilim, da novela "Campo Geral"
(Manuelzão e Miguilim), de João Guimarães Rosa (1908 – 1967), considerado
o maior escritor brasileiro do século XX, autor de obras-primas como
Sagarana e Grande Sertão: Veredas. Grande conhecedor do sertão, Guimarães
Rosa se inspira na tradição oral e na língua concreta do sertanejo, onde
predominam imagens da natureza. Com seu poder criativo e imaginação
deslumbrante, provocou uma verdadeira revolução na literatura brasileira,
inovando na linguagem, nas tramas e na visão de mundo de seus personagens,
transformando o sertão num modelo do universo. O sertão de Guimarães Rosa
é o mundo. De contornos autobiográficos, a história de Miguilim era a sua
preferida: “Em Miguilim, acho tudo o que já escrevi até agora e talvez mesmo
tudo o que venha a escrever em minha vida. Nessa história, está o germe, é a
semente de tudo”, declarou Guimarães Rosa.
                       (Informações retiradas do site: www.mutumofilme.com.br)

                        Considerações e indagações

“- Por causa de Mamãe, Papai e Tio Terês, Papai-do-Céu está com raiva de
nós de surpresa...” (ROSA, 1984, p. 30).

Os recentes estudos sociais da infância (Sociologia da Infância e Antropologia
da Criança) nos apresentam novas concepções acerca da infância e da criança,
ao considerar que são conceitos socialmente construídos e sempre redefinidos
pelos contextos socioculturais. Essa ressignificação não mais define a criança
apenas como um ser em desenvolvimento, mas sim, como ator social de pleno
direito, construindo a sua história pelas e nas interações e vivências que
estabelece no meio social. Neste sentido, podemos compreender que não
existe uma única e universal concepção de infância e de criança. Ao contrário,
a diversidade cultural, econômica, étnica, etc., das diversas infâncias e das
diferentes crianças, afirmam a pluralidade desses conceitos.
O olhar que temos para a infância foi socialmente construído a partir de uma
visão adultocêntrica que se encontra naturalizada em nossa sociedade. Além
de possuir o “direto” de falar em nome das crianças, representando-as a partir
do seu ponto de vista, o adulto, soberano nas decisões, dirige, geralmente de
forma autoritária, a organização do cotidiano da criança. Isto, no entanto, não
a impede, de forma inovadora e significativa, de criar seus próprios mundos
de vida (as “culturas infantis”). Mediante estas considerações podemos
refletir sobre a infância que o filme Mutum nos apresenta. Este filme retrata a
infância pobre vivida por muitas crianças nos sertões do Brasil na década de
50 e 60. Neste tempo histórico as crianças tinham aprendizagens junto à
família, ajudando nos afazeres domésticos, na roça e no cuidado com os
animais. A escola ainda não era para todos. O protagonista do filme - o
menino Tiago - é, assim, levado desde cedo a trabalhar com a família na roça,
convivendo com a aridez da terra, a violência do pai e a perda.
São retratados nesta história, mecanismos de condicionamento dos
comportamentos considerados inadequados. Assim, “Deus” ou o “Diabo” são
usados para coibir ações elaboradas pelas crianças e consideradas incorretas
pelos adultos. Estes mecanismos condicionam tanto os comportamentos das
crianças quanto os dos adultos. No filme, o menino Tiago precisa encontrar
sentido e significado no mundo adulto. Ao viver situações em que necessita
decidir entre o “certo” e o “errado”, o “bem” e o “mal”, busca ajuda no grupo
de pares (principalmente o irmão mais novo) e junto a adultos que são
significativos para ele (o tio, a mãe e principalmente Rosa, a moça que ajuda
nos afazeres domésticos). Podemos perceber esta situação quando ele precisa
decidir entre entregar ou não um bilhete para a mãe. Neste momento, o
menino vai especular sobre o certo e o errado: “-Rosa, quando é que a gente
sabe que uma coisa que vai não fazer é malfeito?” “-É quando o diabo está
por perto [...]”. Neste momento, o menino está significando ações em
uma rotina cultural, que, segundo Corsaro (2011), são momentos em que as
crianças partilham os símbolos da cultura adulta e lhes atribuem sentido. As
rotinas culturais, que têm início nas interações com a família, são
fundamentais para a imersão das crianças na cultura. A criança participa
ativamente destas rotinas que lhe possibilitam interpretar, internalizar e (re)
significar o mundo adulto.
         A partir destas colocações sobre o filme, indagamos: Qual concepção
de infância o filme evidencia? Quais palavras são usadas pelos adultos, no
filme, para se referirem às crianças? Em quais situações são retratadas as
brincadeiras infantis? Como acontece a interação da criança com a realidade
adulta?

Referências:

CORSARO, William A. Sociologia da Infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
PINTO. Manoel; SARMENTO. Manoel. As crianças Contextos e
Identidades – Processos de mediação com crianças em idade pré-
escolar. Braga: Universidade de Minho. Centro de estudos da criança, 1997.

Mutum o filme. Disponível em <http://www.mutumofilme.com.br/ >. Acessado
em 06/04/2012.

Mutum. Produção de Sandra Kogut. Rio de Janeiro: Tambelinni, filmes, 2007
(89min).

ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguelim. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984.

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TEXTO NORTEADOR 1º ENCONTRO

  • 1. NEICA - Núcleo de Estudos Interdisciplinar da Criança e do Adolescente. FURB. 1º ENCONTRO: A CRIANÇA E A REALIDADE SOCIAL ADULTA Local: Campus I da FURB Data: 11/04/2013; Horário: 18h30min. Articuladoras: Daniela Odete de Oliveira e Maristela Pitz Conteúdo: As concepções regionais de infância e criança; a interação da criança com a realidade adulta. Informações sobre o filme: Direção: Sandra Kogut Roteiro: Ana Luiza M. Costa e Sandra Kogut Direção de Atores: Fátima Toledo Assistente de Direção: Malu Miranda Duração: 89 min. Ano: 2007 Cidade: Rio de Janeiro Gênero: Ficção Cor: Colorido País: Brasil
  • 2. SINOPSE: Mutum quer dizer mudo. Mutum é uma ave negra que só canta à noite. E Mutum é também o nome de um lugar isolado no sertão de Minas Gerais, onde vivem Thiago e sua família. Thiago tem dez anos e é um menino diferente dos outros. É através do seu olhar que enxergamos o mundo nebuloso dos adultos, com suas traições, violências e silêncios. Ao lado de Felipe, seu irmão e único amigo, Thiago será confrontado com este mundo, descobrindo-o ao mesmo tempo em que terá de aprender a deixá-lo. O SERTÃO: Mutum foi filmado nas chapadas de Minas Gerais, em pleno sertão mineiro, numa região com poucas estradas e muitos lugares ainda sem energia elétrica. Mas o isolamento da família de Thiago é mais econômico que geográfico. O sertão que se apresenta no filme não é meramente uma região geográfica: é também o interior, o passado, a infância que povoa o imaginário brasileiro. JOÃO GUIMARÃES ROSA MUTUM se inspira na história de Miguilim, da novela "Campo Geral" (Manuelzão e Miguilim), de João Guimarães Rosa (1908 – 1967), considerado o maior escritor brasileiro do século XX, autor de obras-primas como Sagarana e Grande Sertão: Veredas. Grande conhecedor do sertão, Guimarães Rosa se inspira na tradição oral e na língua concreta do sertanejo, onde predominam imagens da natureza. Com seu poder criativo e imaginação deslumbrante, provocou uma verdadeira revolução na literatura brasileira, inovando na linguagem, nas tramas e na visão de mundo de seus personagens, transformando o sertão num modelo do universo. O sertão de Guimarães Rosa é o mundo. De contornos autobiográficos, a história de Miguilim era a sua preferida: “Em Miguilim, acho tudo o que já escrevi até agora e talvez mesmo tudo o que venha a escrever em minha vida. Nessa história, está o germe, é a semente de tudo”, declarou Guimarães Rosa. (Informações retiradas do site: www.mutumofilme.com.br) Considerações e indagações “- Por causa de Mamãe, Papai e Tio Terês, Papai-do-Céu está com raiva de nós de surpresa...” (ROSA, 1984, p. 30). Os recentes estudos sociais da infância (Sociologia da Infância e Antropologia da Criança) nos apresentam novas concepções acerca da infância e da criança, ao considerar que são conceitos socialmente construídos e sempre redefinidos pelos contextos socioculturais. Essa ressignificação não mais define a criança apenas como um ser em desenvolvimento, mas sim, como ator social de pleno direito, construindo a sua história pelas e nas interações e vivências que estabelece no meio social. Neste sentido, podemos compreender que não existe uma única e universal concepção de infância e de criança. Ao contrário,
  • 3. a diversidade cultural, econômica, étnica, etc., das diversas infâncias e das diferentes crianças, afirmam a pluralidade desses conceitos. O olhar que temos para a infância foi socialmente construído a partir de uma visão adultocêntrica que se encontra naturalizada em nossa sociedade. Além de possuir o “direto” de falar em nome das crianças, representando-as a partir do seu ponto de vista, o adulto, soberano nas decisões, dirige, geralmente de forma autoritária, a organização do cotidiano da criança. Isto, no entanto, não a impede, de forma inovadora e significativa, de criar seus próprios mundos de vida (as “culturas infantis”). Mediante estas considerações podemos refletir sobre a infância que o filme Mutum nos apresenta. Este filme retrata a infância pobre vivida por muitas crianças nos sertões do Brasil na década de 50 e 60. Neste tempo histórico as crianças tinham aprendizagens junto à família, ajudando nos afazeres domésticos, na roça e no cuidado com os animais. A escola ainda não era para todos. O protagonista do filme - o menino Tiago - é, assim, levado desde cedo a trabalhar com a família na roça, convivendo com a aridez da terra, a violência do pai e a perda. São retratados nesta história, mecanismos de condicionamento dos comportamentos considerados inadequados. Assim, “Deus” ou o “Diabo” são usados para coibir ações elaboradas pelas crianças e consideradas incorretas pelos adultos. Estes mecanismos condicionam tanto os comportamentos das crianças quanto os dos adultos. No filme, o menino Tiago precisa encontrar sentido e significado no mundo adulto. Ao viver situações em que necessita decidir entre o “certo” e o “errado”, o “bem” e o “mal”, busca ajuda no grupo de pares (principalmente o irmão mais novo) e junto a adultos que são significativos para ele (o tio, a mãe e principalmente Rosa, a moça que ajuda nos afazeres domésticos). Podemos perceber esta situação quando ele precisa decidir entre entregar ou não um bilhete para a mãe. Neste momento, o menino vai especular sobre o certo e o errado: “-Rosa, quando é que a gente sabe que uma coisa que vai não fazer é malfeito?” “-É quando o diabo está por perto [...]”. Neste momento, o menino está significando ações em uma rotina cultural, que, segundo Corsaro (2011), são momentos em que as crianças partilham os símbolos da cultura adulta e lhes atribuem sentido. As rotinas culturais, que têm início nas interações com a família, são fundamentais para a imersão das crianças na cultura. A criança participa ativamente destas rotinas que lhe possibilitam interpretar, internalizar e (re) significar o mundo adulto. A partir destas colocações sobre o filme, indagamos: Qual concepção de infância o filme evidencia? Quais palavras são usadas pelos adultos, no filme, para se referirem às crianças? Em quais situações são retratadas as brincadeiras infantis? Como acontece a interação da criança com a realidade adulta? Referências: CORSARO, William A. Sociologia da Infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
  • 4. PINTO. Manoel; SARMENTO. Manoel. As crianças Contextos e Identidades – Processos de mediação com crianças em idade pré- escolar. Braga: Universidade de Minho. Centro de estudos da criança, 1997. Mutum o filme. Disponível em <http://www.mutumofilme.com.br/ >. Acessado em 06/04/2012. Mutum. Produção de Sandra Kogut. Rio de Janeiro: Tambelinni, filmes, 2007 (89min). ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguelim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.