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Os olhos de Gabriel foram abrindo lentamente e a
primeira imagem que viu foi de um teto de um carro por
dentro. Alguns segundos depois, as lembranças vieram e
ele deduziu que estava no táxi em que uma mulher
desconhecida tinha dopado-o.
O veículo estava parado e seu corpo estava deitado de
frente no banco traseiro, com seus braços e pernas
amarrados com cordas. O pouco que ele podia ver da
janela à sua frente, percebia que era noite. Não tinha a
mínima noção de onde estava, mas sentia que estava em
um local deserto. O único som que conseguia ouvir com
freqüência, de muito longe, era o de carros na pista, o que
o fez concluir que estivesse perto de alguma rua ou
avenida movimentada.
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O medo logo começou a tomar conta dele. Seu instinto
de sobrevivência ordenou que ele saísse o mais rápido
possível dali, mas por mais que tentasse se desvencilhar
das cordas era inútil. A única chance que tinha de
escapar, era gritar ou chamar alguém, já que não tinham
vedado a sua boca. Mas logo desistiu ao ouvir passos de
alguém se aproximando. O medo começou a dar lugar ao
pavor. O som dos passos cada vez ficavam mais
próximos até que enfim pararam. Gabriel sentia que
alguém estava à frente da porta em que estava e nada
podia fazer para se defender. A porta foi aberta e ao ver o
rosto de seu suposto assassino, disse suspirando:
— Meu Deus... Pensei que fossem eles.
Natasha que estava segurando um gravador, disse:
— Desculpa o mal jeito. Mas infelizmente tive que
fazer isso. Não se preocupe. Não vou te machucar. Você
precisa apenas me contar algumas coisas e pronto. Eu te
solto e você vai embora.
Gabriel fechou o cenho e perguntou em um tom
intimidador:
— Você está disposta a pôr a sua vida em risco?
Natasha franziu a testa, estudou a pergunta de Gabriel
por alguns segundos e respondeu:
— Nossa. Precisa mesmo de tudo isso para não contar
o segredo dessa maldita tatuagem?
Gabriel fez que não com a cabeça e disse:
— Você acha que é a primeira que me seqüestra?
Você acha que vai ser a primeira que vai descobrir tudo?
3. Aurélio Simões, autor do blog e do livro
— Gabriel deu uma risada e continuou. — Várias pessoas
já descobriram. Mas todas foram mortas. E tenho certeza
de que você nunca ouviu falar nada sobre isso, não é
mesmo? Quer saber o porquê? Porque tudo foi
encoberto. Por trás do que você quer tanto descobrir,
minha cara, existe gente muito poderosa. Você sabe que
com dinheiro se compra tudo. E eles compram o silêncio
de quem quer que seja em benefício deles. Eles estão
chegando. Aquela foto que tirei com o Prefeito foi só uma
apresentação. Eles me usaram. Eu pensei que tinha me
dado bem, mas com o tempo fui percebendo que eu tinha
feito a maior besteira da minha vida. Acredite. Esqueça
toda essa história e viva em paz, antes que seja tarde.
Natasha ouviu atentamente tudo o que Gabriel dissera
e ela sentiu que ele estava dizendo a verdade. Todos os
argumentos dele eram irrefutáveis. Uma sensação de
medo começou a despertar nela e uma súbita e forçada
decisão foi tomada. A de seguir o conselho dele. Natasha
então se desfez do gravador pondo-o no banco dianteiro.
Natasha aproximou-se de Gabriel, o pôs sentado no
banco e sentou-se ao lado dele. Envergonhada do que
tinha feito e sem ter coragem de olhar para o rosto dele,
disse:
— Nem sei o que te dizer. Eu acho que perdi a
cabeça. Bem, eu vou te soltar e...
— Onde estamos? — perguntou Gabriel olhando pela
janela.
— Em Copacabana, próximo a uma praça.
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Outras lembranças vieram à mente de Gabriel e ele
perguntou:
— Aquele homem que estava gritando... Antes de eu
entrar no táxi. Por acaso você...
— É. Eu fiz essa besteira também.
— Meu Deus! Você deixou uma pista para eles.
— Pista? Como assim?
—Com certeza eles desconfiaram. Uma mulher
roubando um táxi. Com certeza devem ter anotado a
placa e... Há quanto tempo estamos parados aqui?
— Há uns vinte minutos.
— Tenho que sair daqui! — disse Gabriel apavorado
— Me solte! Anda, me solta!
Natasha rapidamente pegou sua bolsa da qual retirou
uma faca. Após alguns minutos, soltou os braços e as
pernas de Gabriel. Imediatamente ele assumiu a direção
e disse:
— É melhor você descer do carro — disse Gabriel
entregando a bolsa para Natasha.
Natasha assentiu e desceu do carro. Gabriel deu a
partida e saiu. Natasha ficou observando Gabriel entrar
em uma pista que tinha próximo, quando percebeu um
carro fechar o dele. O sangue de Natasha quase
congelou quando avistou três homens saindo da van
armados com metralhadoras. Não havia mais nada o que
Gabriel pudesse fazer. Os três homens alvejaram o carro
e não satisfeitos, ainda puseram fogo antes de irem
embora. Escondida atrás de uma árvore da praça, o corpo