O documento discute a qualidade na área da saúde no Brasil. Ele aborda os desafios como a falta de formação adequada dos profissionais, sobrecarga de trabalho, baixos salários e falta de pessoal, colocando em risco a segurança dos pacientes. Além disso, fala sobre a insatisfação dos enfermeiros com as condições de trabalho e a deterioração da qualidade da assistência.
Congresso ABESE discute qualidade na saúde e enfermagem
1. IV Congresso ABESE
Dezembro 2011
Navio Costa Fortuna
Dra. Liliane Bauer Feldman
Instrutora da Fundação Vanzolini FCAV e do SINDHOSP
Membro da REBRAENSP
Membro do grupo de estudo e pesquisa GEPAV-SE da UNIFESP
Feldman LB 1
3. Dinâmica da palestra
Qualidade vista sob o aspecto genérico
Experts referenciais da qualidade
Qualidade na saúde no Brasil e os pontos vulneráveis
A assistência de enfermagem nas dimensões do
cuidar, ensinar, pesquisar e gerenciar com qualidade
Acreditação e Segurança.
Debater alguns Participação e
cenários vivência
Feldman LB 3
4. “Navegar nas dimensões:
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar”
Qualidade de vida das pessoas de um país ou
região...
Feldman LB 4
5. “Navegar nas dimensões:
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar”
• Qualidade da água que se bebe ou do ar que se respira...
Feldman LB 5
6. Qualidade do serviço prestado por uma
determinada empresa...
6
Feldman LB
7. Exercício 1
Qualidade de um produto tangível...
Quem têm um Celular de uma das marcas?
Quem está 100% satisfeito com o serviço?
Porque?
Quem está parcialmente satisfeito?
Porque?
Quem gostaria de trocar de celular?
Porque?
Feldman LB 7
8. Como o termo o seu significado
tem diversas nem sempre é de
definição clara e
utilizações, objetiva.
• Produtos e/ou Serviços vendidos no mercado, há varias
definições para Qualidade...
“Conformidade “Valor acrescentado
com as que produtos “Relação
exigências do similares não custo-
cliente” possuem benefício”
“Fazer bem a “Adequação
primeira vez” ao uso”
Feldman LB 8
10. Mestres da Qualidade
Deming Crosby Juran Feigenbaum
A qualidade A Adequação O total das
deve ter conformidade a finalidade características de um
como com as ou ao seu produto ou serviço
objetivo as exigências uso referentes a
necessidades marketing e
do usuário, manutenção, pelas
presentes e quais o produto ou
futuras serviço, quando em
uso, atenderá às
expectativas do
cliente
Do ponto de vista dos clientes, a qualidade não é unidimensional... Os
clientes não avaliam um produto tendo em conta apenas uma das suas
características, mas
varias...dimensão, cor, durabilidade, design, funções que desempenha
Feldman LB 10
11. Mestres da Qualidade
Donabedian Mezomo Mello Bittar
Um paciente que Papel do Aprender... O grau no qual os
interna para profissional - Pois em geral, os serviços são
tratamento de uma enfermeiro médicos prestados
doença e sai curado que define as superestimam aumentam a
pode fazer uma necessidades seus próprios probabilidade de
péssima avaliação do paciente e conhecimentos resultados
porque considerou a extensão do e comumente favoráveis que em
as instalações ou o atendimento são refratários conseqüências
horário de visita que ele ao trabalho em reduzem os
inadequados necessita. equipe. desfavoráveis
Avaliação do serviço Satisfação e Educação Prestação de serviços
de saúde tem 3 efetividade contínua e tem 2 componentes:
dimensões: coperatividade operacional/
estrutura, comportamental -
processo e processo e a
resultado. percepção (do
Feldman LB cliente e do prestador)
11
12. Qualidade, um princípio!?
...Assim, fica difícil o cliente exprimir o que
considera um produto de qualidade.
Entretanto, do ponto de vista da empresa, se o
objetivo é oferecer produtos e serviços
(realmente) de qualidade, é necessário saber
isto de forma clara e objetiva.
Para isso...Apurar quais são as necessidades
dos clientes e, em função destas, definir os
requisitos de qualidade.
Feldman LB 12
13. Qualidade como princípio organizacional
Alguém conhece alguma organização de saúde
que consultou os pacientes, antes de
estabelecerem seus critérios de qualidade, para
conhecer o que os clientes/pacientes
desejavam?
Como é ou foi construída / desenvolvida a
qualidade em seu local de trabalho?
Feldman LB 13
14. Princípios da Gestão da Qualidade
É o processo de conceber, controlar e melhorar os
processos da empresa, quer sejam processos de
gestão, de produção, de marketing, de gestão de
pessoal, de faturação, de cobrança ou outros.
Para que o compromisso com a qualidade seja
assumido na organização, deve ser pactuado, desde os
passos iniciais, um processo conjunto e cooperativo.
Nova filosofia que impregne na decisão dos Gestores
em torná-los capazes de eliminar a ineficiência e os
erros na forma como o serviço vem sendo prestado.
14
Feldman LB
15. Programa de Qualidade
Espera-se que as Participem
pessoas da
envolvidas: capacitação
in company
Realizem cursos e
Usem os treinamentos
protocolos instituídos
Padronizem seus
métodos de trabalho
Desejem a
transformação
Feldman LB 15
17. Vários autores diversos enfoques, mas há um consenso
que a qualidade assistencial é complexa, ampla e cujos
componentes podem estar agrupados
Eficiência =
custos7 pilares Eficácia=
nos Donabedian
atos úteis
Efetividade
= Atos úteis
+ Custos
Efetividade
Equidade Legitimidade
Otimização
Aceitabilidade
Equidade = Todos têm direito
Feldman LB 17
18. Legitimidade: qualidade do cuidado além das ações
com o bem-estar da comunidade. Ex: A imunização e o
controle das doenças transmissíveis.
Otimização= Aceitabilidade:
Adaptação do cuidado aos
Custo/Benefício desejos, expectativas e
Vale a pena adicionar pequenas valores dos indivíduos e das
melhorias se estas agregam um famílias
montante desproporcionalmente ...relaciona-se a
alto de custos? acessibilidade, ou seja,
.... Na questão de escassez de combinação de fatores
recursos esta pergunta assume geográficos, organizacionais,
um caráter fundamental no sócio-culturais e
planejamento das ações. econômicos.
Feldman LB 18
19. Equação da Avaliação de Qualidade...nem sempre
tão simples de aplicar:
Nem sempre se encontram suficientemente estabelecidos
os critérios pelos quais pode-se determinar a utilidade das
ações;
A avaliação comumente não é imparcial e nem sequer
dotada de neutralidade técnica;
Ações dependem da visão, das expectativas daqueles que
participam da produção e do consumo em saúde, das
tomadas de decisões gerenciais e da continuidade dos
pontos pactuados;
Bom senso, mais de 2 avaliadores, ética, responsabilidade
individual e coletiva...bem maior aos interessados e outros.
Feldman LB 19
20. Ética em qualidade e segurança
nos serviços de saúde e de enfermagem ...
Ética vem do grego e significa comportamento, costume, está
relacionada com a opção, ao desejo, sob a ótica do bem, do
mal, do certo, do errado, do justo e do aceitável...
O poder gozar do mais elevado nível de saúde possível é um dos
direitos...sem distinção de raça, religião, convicções políticas, convicções
econômicas e sociais....a saúde de todos os povos é fundamental para se
alcançar a paz e a segurança e depende da plena cooperação entre
indivíduos e os Estados (OMS-CNE 1995)
Solidariedade
20
Feldman LB
21. Exercício 2
Ética em qualidade e segurança de
enfermagem ...
1) O que não é ético e não é seguro?
2) O que é ético e não seguro?
3) O que é não ético e é seguro?
4) O que é ético e seguro?
Feldman LB 21
24. Diferenças entre
produto/produção e produto/saúde
PRODUTO SAÚDE
O cliente não se envolve com as pessoas O cliente interage e está envolvido com
que fabricam o produto as pessoas que lhe prestam os serviços
A fabricação do produto tem como A meta da prestação do serviço saúde é
meta a uniformidade a exclusividade e a personalização
O produto é feito longe do cliente O serviço é realizado junto e com o
cliente
A produção é dependente parcial do A produção é freqüentemente
consumo simultânea ao consumo
Elaborado/ criado para preencher as Realizado para preencher as
necessidades e atender as exigências necessidades , responder as expectativas
e atender as diversidades
Faz avaliação pós consumo A avaliação é contínua durante e após a
prestação do serviço
Feldman LB 24
29. O cenário des ou qualificado da saúde no Brasil
Em cinco anos, houve aumento de 30% de erros de enfermagem no Brasil –COFEn.
A falta de formação adequada e de consciência sobre a função exercida são as
principais causas dos erros de enfermagem - R7 noticias.
Fatos recentes mostraram conseqüências chocantes diante de procedimentos
simples (uma auxiliar de enfermagem cortou parte do dedo de uma criança de 4
anos e, outra auxiliar aplicou vaselina na corrente sanguínea provocou a morte
menina12 anos.)
Para o presidente do COFEn, Manuel Carlos Neri da Silva, situações como essas
mostram o despreparo dos profissionais, o que poderia ser sanado se houvesse
mais capacitação. Nos últimos dez anos a oferta de cursos de enfermagem
aumentou muito, mas nem todos têm a qualidade necessária. Isso se reflete no
número de profissionais disponíveis no mercado, capazes de fazer apenas
cuidados básicos de enfermagem. 29
Feldman LB
30. Mais do que a falha de atualização, o grande problema é a falta de cuidados
essenciais com o paciente, Coren-SP C.Porto.
A “falta de consciência de que o trabalho de enfermagem está ligado à vida e
que um ato, por mais banal que seja, pode ser a diferença entre a vida e a
morte” explica boa parte dos erros cometidos.
- As auxiliares de enfermagem sabiam que poderiam causar danos e tenho
certeza que não ignoraram isso. Mas o problema é que a nossa formação está
muito ligada ao conhecimento, à tecnologia, mas não se faz a formação moral.
Os defensores das auxiliares, em ambos os casos, afirmam que elas foram
induzidas a erro pela falta de estrutura dos locais de trabalho. Os especialistas
não descartam a hipótese, mas são unânimes em dizer que os erros não se
justificam por esse viés.
Porto reforça que a sobrecarga de trabalho pode, de fato, comprometer o
atendimento.
- A sobrecarga de trabalho naturalmente causa estresse, fadiga profissional, e
isso se soma ao baixo nível de remuneração, compensado com três, quatro
empregos. Mas isso não isenta a culpa.
Feldman LB 30
31. O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar
Aiken L., U.Pensilvânia, entrevistou 43.329 enfermeiros de 711 hospitais (Estados Unidos,
Canadá, Alemanha, Inglaterra e Escócia) e a maioria está preocupado à qualidade da
assistência prestada aos seus pacientes.
• Sinalizaram a falta de pessoal, décadas de 80 e 90, muitas jovens decidiram recusar a
baixa remuneração e as difíceis condições de trabalho e partiram para outras profissões da
saúde, assim as enfermeiras mais velhas não foram substituídas mudando a
caracterização da força de trabalho 2001: 42 anos - 45 anos: 2010;
• Insatisfação pelo trabalho 40% dos enfermeiros e, um em cada cinco enfermeiros,
pretendia deixar o trabalho no período de um ano;
• O desgaste emocional pela piora da qualidade do cuidado de enfermagem as
condições de trabalho do enfermeiro em vários países da América do Sul são consideradas
piores àquelas vividas pelos enfermeiros americanos e europeus devido a sérias
dificuldades políticas e econômicas.
Marziale Maria Helena Palucci. Enfermeiros apontam as inadequadas condições de trabalho como responsáveis pela deterioração da qualidade da
assistência de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 2001 May [cited 2011 Dec 03] ; 9(3): 1-5. Available from:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692001000300001&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692001000300001.
Feldman LB 31
32. 1. Sinalizaram a falta de pessoal, componentes ameaçadores:
o número reduzido de enfermeiros na equipe de enfermagem (13,14%
COFEn)(14), as dificuldades em delimitar os diferentes papéis entre
enfermeiros, técnicos, auxiliares e a falta de um reconhecimento público
em geral, de quem é o enfermeiro.
a Situação política com o achatamento dos salários, estreitamento do
mercado de trabalho e o desemprego, levam os profissionais a atuar em
mais de um local de trabalho, exercendo uma carga horária mensal
extremamente longa(10).
Feldman LB 32
33. 2. Insatisfação pelo trabalho - Enfermagem foi classificada pela Health
Education Authority(12), como a quarta profissão mais estressante, e são
poucas as pesquisas que procuram investigar os problemas associados ao
exercício da profissão do enfermeiro no Brasil.
Fatores intrínsecos para o trabalho (condições inadequadas de trabalho, turno de
trabalho, carga horária de trabalho, contribuições no pagamento, viagens, riscos, nova
tecnologia e quantidade de trabalho), papéis estressores (papel ambíguo, papel
conflituoso, grau de responsabilidade para com pessoas e coisas), relações no
trabalho (relações difíceis com o chefe, colegas, subordinados, clientes sendo
diretamente ou indiretamente associados), estressores na carreira (falta de
desenvolvimento na carreira, insegurança no trabalho devido a reorganizações ou
declínio da indústria), estrutura organizacional (estilos de gerenciamento, falta de
participação, pobre comunicação), interface trabalho-casa (dificuldade no
manejamento desta interface)
Feldman LB 33
34. 3. O desgaste emocional pela piora da qualidade do cuidado de
enfermagem - Os riscos no trabalho dependem do tipo de atividade
profissional e das condições em que a mesma é desempenhada. Os
serviços de saúde “hospitalar” proporcionam condições de trabalho
reconhecidamente piores
Longas jornadas em turnos desgastantes (vespertinos e noturno, domingos e
feriados), nos rodízios, em multiplicidade de funções, repetitividade e
monotonia, intensividade e ritmo excessivo de trabalho, ansiedade, esforços
físicos, posições incômodas, diversidade do trabalho intelectual e manual, no
controle das chefias, alta possibilidade de erros, acidentes e doenças .
GASPAR, P.J.S. Enfermagem profissão de risco e de desgaste: perspectivas do enfermeiro do serviço de
urgência. Nursing – Ed. Portuguesa, v. 10, n. 109, p. 24, mar. 1997
Feldman LB 34
36. O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil
Cuidar, Ensinar , Pesquisar e Gerenciar
A profissão de Enfermagem evoluiu, assim como seu ensino
MAS...
O caráter manual atribuído ao cuidado direto aos doentes
contribui para sua desvalorização, visto que as atividades
práticas são percebidas como de inferioridade em relação
ao trabalho intelectual, próprio do médico, e como fator de
desvalorização social;
A formação em Enfermagem não tem contribuído para a
mudança na postura e, conseqüentemente, na imagem da
enfermeira. A educação em Enfermagem ainda carrega a
concepção de que as enfermeiras devem ser disciplinadas e
obedientes, sem valorizar em suas atividades de ensino, o
desenvolvimento de uma postura crítica, dando prioridade
a aspectos de conduta e moral;
Sanna MC, Secaf V. A imagem da enfermeira e da profissão na imprensa escrita. Rev Enferm UERJ 1996 dez;4(2):170-82.
Nauderer TM, Lima MADS. Imagem da enfermeira: revisão da literatura. Rev Bras Enferm 2005 jan-fev; 58(1):74-7. 36
Feldman LB
37. O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar
Criação dos periódicos específicos de enfermagem:
Revista Brasileira de Enfermagem - REBEn (lançada em 1932, que conseguiu absorver a
produção até 1966), a fim de atender ao volume de trabalhos e pesquisa que foi
aumentando gradativamente.
a REEUSP, a Enfermagem Novas Dimensões (1979)
Revista Gaúcha de Enfermagem, Revista Paulista de Enfermagem (1967),
Revista Bahiana de Enfermagem e a Acta Paulista de Enfermagem.
Em 1971, foi reformulado o estatuto da ABEn)e criado o Centro de Pesquisa em
Enfermagem (CEPEn), órgão destinado a incentivar a pesquisa na área de enfermagem.
Em 1981, foi instalado o 1º Curso de Doutorado em Enfermagem no Brasil e na América
Latina, através da união de propósitos das duas Escolas de Enfermagem da USP (SP-RP).
Mostra que trajetória da pesquisa em Enfermagem é extremamente curta no Brasil, em
intensidade muito lenta na primeira década, acentuando-se, gradativamente, até 2011.
A maior parte das pesquisas é do tipo descritivo e exploratório.Seus resultados têm o
mérito de subsidiar novos projetos que busquem transformar a qualidade dos serviços
prestados e do ensino ministrado.
LEITE, J.L.; MENDES, I.A.C. Pesquisa em enfermagem e seu espaço no CNPq. Esc. Anna Nery Rev. de
Enferm., v.4, n.3, p.389-394, 2000. 37
Feldman LB
38. O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar
TABELA 1-Distribuição da demanda espontânea por freqüência e porcentagem dos
Enfermeiras de campo hospitalar têm mostrado dificuldades para participar de investigações
científicassegundo região de próprias -da formação, bem como das condições de trabalho.
projetos devido a questões origem 2000.
REGIÕES F %
No entanto, reconhecem que a prática de cuidar deve estar embasada na prática de
Norte 02 0,75
pesquisar, estimulando e auxiliando na aproximação de ambas em benefício da assistência.
Nordeste 20 7,70
Centro Oeste 08 3.03
Sudeste 202 76,50
Sul 32 12,02
TOTAL 264 100,00
Fonte: Planilha de Avaliação de Projetos de Pesquisa em Enfermagem - CA/MS - CNPq
A cultura que marca a prática e a pesquisa conduzida pelas enfermeiras e docentes de
enfermagem em seu cotidiano, apontam: receio de exposição e de divisão, a falta de
articulação e dificuldade do trabalho em equipe.
Em outras palavras, ações nesta direção facilitariam a inserção ou liderança em projetos
integrados, o que ampliaria de algum modo o espaço profissional e tornaria os projetos de
pesquisa mais consistentes, a produtividade mais densa e de maior impacto.
Importantes objetos de pesquisa ....incluir o cuidar como tema gerador de produtos
beneficia a clientela e a prática de enfermagem. (Mendes; Leite)
38
Feldman LB
39. O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar
Os maiores empecilhos: A necessidade de maior crença das enfermeiras sobre
os benefícios da pesquisa na prática; o isolamento nas discussões sobre
pesquisa com colegas; sentimentos de incapacidade para avaliar a qualidade
e a aplicabilidade de pesquisas.
Como limites organizacionais apontam: tempo insuficiente, no trabalho, para
revisão e implementação de resultados e/ou novas idéias; autoridade
insuficiente para proceder mudanças nos procedimentos assistenciais; falta
de apoio ou cooperação de médicos e outros colegas; impedimentos por
parte da administração para implementação de pesquisas e falta de tempo
para leituras.
Como recomendações para implementar a pesquisa de enfermagem sugere-se:
- acolher e desenvolver temas de pesquisa advindos do próprio repertório das enfermeiras;
- promover a formação de uma rede de trabalho entre enfermeiras, educadoras e
pesquisadoras, ampliando horizontes, não só sobre os problemas do cotidiano, mas também
sobre as possibilidades metodológicas para resolvê-los;
- a estruturação de projetos de pesquisa que tomem como norteador a replicação de
estudos disponíveis na literatura;
- o compromisso das enfermeiras com o desenvolvimento do projeto de pesquisa e sua
formalização em instância superior da instituição.
Ana Maria DyniewiczI; Maria Gaby Rivero de Gutiérrez. Metodologia da pesquisa para enfermeiras de um hospital universitário. Rev. Latino-Am. 39
Enfermagem vol.13 no.3 Ribeirão Preto May/June 2005 Feldman LB
40. O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar
Gerenciar é avaliar.
O tema avaliação em saúde é um termo polissêmico (muitos significados).
Na avaliação de “satisfação” do usuários, termo da moda inclusive na literatura
internacional, é um conceito cujos contornos se mostram vagos, reunindo realidades
múltiplas e diversas.
Os conceitos atualmente oferecidos trazem uma abordagem limitada do tipo checklist para a
obtenção da satisfação do paciente, no lugar de considerar diferentes valores, crenças e
visões de mundo. Assim, os pesquisadores continuarão a selecionar os indicadores “mais
óbvios” para a mensuração da satisfação (Turris).
Newsome & Wright - a percepção da qualidade antecede a satisfação do paciente: “Eu sei
que Dr. X faz um trabalho de alta qualidade, embora eu não tenha sido seu paciente”.
No entanto, a satisfação em geral só ocorre depois da experiência com o serviço: “Eu não
posso te dizer o quanto estou satisfeito com Dr. X, porque eu nunca fui tratado por ele”.
A avaliação do serviço de enfermagem tem recebido uma abordagem segundo a tríade de
Donabedian - estrutura, processo e resultado.
Turris AS. Unpacking the concept of patient satisfaction: a feminist analysis. J Adv Nurs 2005; 50: 293-8.
Newsome PRH, Wright GH. A review of patient satisfaction: 1. Concepts of satisfaction. Br Dent J 1999; 186:161-5. 40
Esperidião MA; Bomfim LA. Avaliação de satisfação de usuários: considerações teórico-conceituais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(6):1267-
1276, jun, 2006 Feldman LB
41. Avedis Donabedian
Estrutura
Processo
Resultado
Avaliação
“É um processo para determinar qualitativamente e
quantitativamente mediante métodos apropriados, o valor de uma
coisa ou acontecimento, oferecendo subsídios para ajustes
técnicos, administrativos e operacionais”
42. Instrumento para avaliação do serviço de enfermagem
Tese
instrumento Feldman LB.xls
Aplicabilidade do Instrumento para avaliação do serviço de
enfermagem segundo os Enfermeiros
Aplicabilidade
relativa
Plenamente 5= 10%
aplicavel
15= 31% Aplicabilidade relativa
Aplicavel
Plenamente aplicavel
Aplicavel
Não aplicável
29= 59%
Feldman LB 42
43. O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil
Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar
Gerencia de Enfermagem
A organização do trabalho na área hospitalar - estilo de gerência, ao longo do
tempo, tem produzido efeitos negativos que prejudicam o processo de
trabalho. Ex: as dificuldades para responder prontamente às necessidades dos
clientes e dos trabalhadores, o que interfere de forma significativa na
qualidade dos serviços prestados, pelo pouco vínculo com os clientes e muitos
problemas do cotidiano. Spagnol (2000)
Criticado por vários autores: Santos (1986); Trevizan et al. (1991);Carrasco (1993); Collet et al.(1994); Ferraz (1995);
Fávero (1996); Bellato et al. (1997); Lima, M.A.D.S. (1998); Lima, R.C.D. (1998); Spagnol (2002), entre outros, que defendem
e apostam numa outra configuração para a gestão de enfermagem hospitalar.
As relações hierárquicas AINDA são rígidas e o poder decisório ainda está
centrado na figura do enfermeiro “chefe” que dá as ordens aos seus
“subordinados”. Este por sua vez, parece que, na maioria das vezes, mantém no
imaginário a figura do enfermeiro que se graduou SÓ para mandar e dar
ordens.
No exercício da gerência, o enfermeiro precisa deixar de supervalorizar somente o
controle, a hierarquia, a ordem e a impessoalidade, para instituir práticas como a análise
do processo de trabalho, o diálogo, a participação e o debate junto com sua equipe e com
a equipe multiprofissional.
43
Feldman LB
44. Gerenciar
A função gerencial do trabalho do enfermeiro é pouco expressiva e
as atividades de pesquisa da enfermeira são
desconhecidas, havendo, respectivamente, uma e nenhuma
referência a estas dimensões.
Entretanto, nem só de aspectos negativos sua imagem é
constituída: a enfermeira foi apontada como sinônimo de
prestação de cuidados, com conotação de carinho e eficiência.
Sanna MC, Secaf V. A imagem da enfermeira e da profissão na imprensa escrita. Rev Enferm UERJ 1996 dez;4(2):170-82.
Nauderer TM, Lima MADS. Imagem da enfermeira: revisão da literatura. Rev Bras Enferm 2005 jan-fev; 58(1):74-7. 44
Feldman LB
45. É preciso encontrar estratégias de
intervenção que propiciem aos
trabalhadores deixarem de ser
subordinados e passivos, os quais
somente acatam as ordens dos
seus superiores e deixam de
exercer o seu papel de sujeitos
produtivos e criativos no
desenvolvimento do trabalho.
Além disso, a formação destes
profissionais, gerentes, deve
possibilitar a aquisição de um
Campos (1997a) propõe, que a partir de novos referencial teórico, de análise e de
conhecimentos e novas formas de agir, superar o eixo intervenção, que permita uma
central de todas as escolas de administração que reflexão constante da sua prática
buscam de diferentes maneiras reduzir sujeitos gerencial, do seu papel como
humanos à condição de instrumentos dóceis aos coordenador da equipe de
objetivos da empresa, transformando-os em insumos enfermagem e das relações sociais
ou em objetos. inerentes ao ambiente de trabalho.
Neste sentido, enfatiza que o desafio atual dos Sugestão buscar subsídios na
dirigentes está pautado na diretriz de se “governar saúde coletiva.
para produzir sujeitos !”
Carla Aparecida Spagnol. (Re)pensando a gerência em enfermagem a partir de conceitos utilizados no campo da Saúde Coletiva. Ciência & Saúde
Coletiva, 10(1):119-127, 2005.
Campos GWS 1997a. Considerações sobre a arte e a ciência da mudança: revolução da coisas e reforma das pessoas – o caso da saúde, pp. 29-87. In LCO Cecílio
45
(org.). Inventando a mudança na saúde.Hucitec, São Paulo. Feldman LB
46. Dificuldades dos enfermeiros recursos humanos insuficientes
não ter condições adequadas de trabalho
Enfermeiros em diferentes grupos quando as pessoas não tem a mesma sintonia de idéias
ocupacionais apontam:
o relacionamento com os colegas e o barulho dos
pacientes
tipo de paciente, paciente que exige muito
eu lido com aluno que não conhece, não sabe lidar
com um termômetro
temos que resolver todos os problemas dos alunos
ser responsável pela qualidade do serviço
preocupo com a qualidade da assistência e tenho que
fazer muitas coisas ao mesmo tempo
você não tem tempo, você tem sobrecarga
o desgaste emocional de saber o que fazer e saber que
não vai dar conta
o salário não é compatível com o nível de instrução que
a gente espera
ganhar mal desestabiliza e gera estresse
o que irrita é ver coisas que seriam facilmente
resolvidas e não são
não poder tomar determinadas decisões
as pessoas te cobrarem as coisas em um prazo muito
Stacciarini JMR; Tróccoli BT . O estresse na atividade pequeno
ocupacional do enfermeiro. Rev. Latino-Am.
Enfermagem v.9 n.2 Ribeirão Preto mar./abr. 2001 cobrar e não ser reconhecido
46
Feldman LB
47. Acreditação
Hospital Barra D'Or (RJ) é exemplo de sucesso de acreditação, com
redução de 40% nos gastos do paciente
Um dos resultados concretos obtidos após a adesão aos protocolos
estabelecidos pela acreditação foi a diminuição dos índices de infecção. Em
série histórica de 2008/2009 e 2010 foi observada melhora de resultados
clínicos com menor tempo de internação. Com isso o gasto do paciente em
termos financeiro teve uma diminuição na ordem de 40%.
“A acreditação hospitalar não está validando um produto final, mas as boas práticas
médicas, o controle interno, além de verificar se existe um modelo de gestão
comprometido com isso, de forma a aumentar a possibilidade de bons resultados finais e
de garantir a segurança do paciente”. “O que se busca com a certificação é melhorar a
qualidade e a segurança dos serviços prestados”.
Hospital Estadual Sumaré (HES), interior do Estado de São Paulo, e
Hospital Mãe de Deus (HMD), Porto Alegre (RS).
Dois hospitais – público e privado, duas realidades diferentes e uma característica em
comum: a acreditação hospitalar, um novo conceito de qualidade que combina
segurança com ética profissional, responsabilidade e qualidade do atendimento.
“Os dois fazem parte do grupo de 31 hospitais que já estão acreditados no Brasil e que já
entenderam a importância desse novo conceito de qualidade nos serviços de saúde”,
47
Feldman LB
48. Hospital da Unimed João Pessoa(PB) recebe certificado de qualidade
Referência em procedimentos de alta complexidade
O processo de Acreditação foi iniciado em 2008 e uma das primeiras
providências foi instituir o Escritório da Qualidade
....uma série de melhorias foram realizadas: a implantação da Classificação de Riscos na
urgência e emergência do Hospital, método que prioriza a assistência de acordo com a
gravidade do caso; a identificação padronizada dos profissionais que trabalham na
instituição; e a adoção de protocolos.
Feldman LB 48
49. O desenvolvimento de Programas de Qualidade é uma necessidade em termos de
eficiência e uma obrigação do ponto de vista ético e moral. Toda instituição hospitalar, dada
a sua missão essencial a favor do ser humano, deve preocupar-se com a melhoria
permanente, de tal forma que consiga uma integração harmônica das áreas
médica, tecnológica, administrativa, econômica, assistencial e, se for o caso, das áreas
docentes e de pesquisa.
Jordana Mendes Vicentini ,Nancy Julieta Inocente.A influência da cultura no processo de acreditação nas organizações de
saúde. Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional -Universidade de Taubaté (UNITAU).
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Feldman LB
51. Promotor chama de “briga de menino”
Na administração do Hospital Jofre Cohen está
problemas que afetam Hospital
o médico Osvaldo ferreira, contratado pelo
J. Cohen 26-05-2011 governo do Estado, e no gerenciamento dos
O promotor André Seffair conceituou de recursos, está o Secretário de Saúde Josimar
“briga de menino” os problemas que Marinho, pela prefeitura.
afetam o Hospital Regional Jofre Cohen. Mas algumas acusações trocadas por ambos
Segundo ele, os problemas decorrem geraram um mal estar para quem precisa do
principalmente da falta de comunicação atendimento médico.
entre os administradores da saúde daquele Os dois já foram convocados na Câmara para
hospital. esclarecimentos.
Nos últimos meses, inúmeras foram as Segundo o promotor André Seffair a
reclamações e denúncias de mau responsabilidade da gestão do hospital é
atendimento, falta de medicamentos ou conjunta, logo, se está havendo má qualidade
precariedade nas instalações do hospital e no serviço prestado, quem deve responder são
de todo o sistema de saúde de Parintins. os dois, Estado e Município.
Faltam médicos, remédios, e exames e Para ele, é preciso no mínimo haver
comunicação entre aqueles que administram o
consultas geralmente marcados com vários
hospital para haver qualidade no serviço.
dias de atraso.
“Enquanto tiver essa briga velada não haverá
qualidade no atendimento à população. Não
há como melhorar, se essa briga de menino
continuar, a política e o ego têm que ser
deixados de lado”, comentou o promotor.
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52. Exercício 4
Análise da situação sob aspectos da
qualidade, segurança, ética, gestão e outros
Neste caso:
Identifique os pontos críticos;
Aponte e discuta os “acertos”;
Discuta e aponte os “erros”;
Como você faria?
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53. Considerações Finais
Conscientizar todos os enfermeiros pesquisadores do direito de pleitear
recursos para o desenvolvimento de suas pesquisas em todas as
modalidades de auxílios e bolsas, não só para impulsionar a investigação
em enfermagem no país, como também para melhor podermos
dimensionar o espaço da enfermagem nas agências de incentivo á
pesquisa.
Isabel Amélia Costa Mendes; Joséte Luzia Leite
Sendo o cuidado de enfermagem o objeto de nosso trabalho não podemos
aceitar tal situação; para tanto devemos nos mobilizar para melhorar
nossas condições de trabalho e continuar executando uma assistência de
enfermagem de qualidade cumprindo assim nosso real papel profissional.
Maria Helena Palucci Marziale
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54. Não temos dúvida de que pesquisas podem colaborar no sentido de auxiliar
na busca de soluções para alguns problemas desta categoria profissional.
Enfa Dra Jeanne M R Stacciarini; Psicologo Bartholomeu Tróccoli
A acreditação hospitalar é uma ferramenta que está sendo utilizada
mundialmente, em todos os cinco continentes, em alguns países com
adesão voluntária e em outros obrigatória pelo governo, tem evoluído seus
processos continuamente para dar conta de alcançar com excelência seus
objetivos.
Apesar de não evitar a ocorrência de erros profissionais, tem sido uma
oportunidade das instituições de saúde melhorarem a qualidade do
atendimento, atenção e cuidado ao paciente. Identifica-se a necessidade
de uma mudança cultural nas instituições de saúde, qualificação dos
profissionais, liderança, comprometimento, dentre outros fatores, para
adesão e sucesso do processo.
Mônica Motta Duarte, Zenith Rosa Silvino
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55. Cenário de Qualidade & Segurança hospitalar
Raciocínio
Sistêmico
Ferramentas Objetivo Domínio
de Comum Pessoal
Gestão Competências
Aprendizagem
em
grupo
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56. Modelo de Qualidade do Cuidado e Segurança Hospitalar
Planejamento Estratégico Tático Operacional
Boas Práticas
Efetividade
Segurança assistencial
Parametrização Processos de Assistência Qualificada
Gestão
do Padrão de
Cuidado Qualidade
Modelo Assistencial Indicadores
Resultados com Melhoria Contínua e
Minimização de Riscos
Prevenção de
Danos
Gestão Eficaz com
Otimização dos Resultados Financeiros
Marketing
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