Avaliação da massa específica da amêndoa de macaúba gredson souza final
1. AVALIAÇÃO SAZONAL DA MASSA ESPECÍFICA DA AMÊNDOA DE MACAÚBA1
(Acrocomia totai)2
3
GREDSON KEIFF SOUZA1
; NEHEMIAS CURVELO PEREIRA2
4
5
INTRODUÇÃO6
A macaúba é uma palmeira oleaginosa altamente produtiva com potencial para ser uma7
fonte alternativa ao petróleo. Tem sido um foco nos setores agronômicos e da indústria, devido ao8
aumento da demanda mundial de energia renovável (PIRES et al, 2013). Sendo seu óleo9
comercialmente valioso, devido à presença dos componentes específicos que são os ácidos graxos10
mono e poli-insaturados.
(COIMBRA e JORGE, 2011).11
A massa específica é uma importante característica física de qualquer substância e é uma12
medida da massa por unidade de volume de uma substância. É um fato aceito que a massa13
específica de óleo vegetal diminui linearmente com o aumento da temperatura (ESTEBAN et al.14
2012). Tal comportamento está relacionado com as interações de seus componentes químicos, tais15
como, átomos, moléculas ou íons (CANCIAM, 2013).16
Os valores da massa específica relativa variam dependendo da origem do óleo, da17
composição de ácidos graxos e de outros componentes presentes em menores proporções18
(GUNSTONE, 2004;), mas a diferença é grande entre os estados sólidos e líquidos, de modo que o19
volume aumenta 13% ao passar do estado sólido para o estado líquido (ORDÓÑEZ et al. 2005).20
Este trabalho tem como objetivo a determinação da massa especifica e da composição média dos21
ácidos graxos do óleo da amêndoa de macaúba em diferentes meses do ano.22
23
MATERIAL E MÉTODOS24
Os frutos da macaúba foram coletados, na zona rural no município de Moreira Sales,25
Paraná, Brasil. Inicialmente, foram escolhidas duas palmeiras, sendo os frutos coletados26
diretamente dos cachos, ~1 kg cada coleta. Foram realizadas três coletas em datas diferentes no27
mês, entre Junho de 2012 a Fevereiro de 2013. Os frutos foram quebrados em uma prensa28
hidráulica, marca Bovenau P15 ST - 15 toneladas, para a retirada das amêndoas, sendo estas secas29
em estufa a 60 ºC até atingir massa constante. As amêndoas foram trituradas e peneiradas (Tyler 1630
mesh), resultando um diâmetro médio de Sauter 0,091 mm. A extração do óleo foi conduzida em31
Soxhlet, conforme AOAC 920.39C (1997). Foi utilizado como solvente o n-hexano, com tempo de32
extração de 8 horas. O solvente foi removido em evaporador rotativo, na temperatura de 60ºC. O33
teor de lipídios totais foi determinado a partir da razão massa de óleo e a massa da amostra.34
1
Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Engenharia Química – gredsonkeiff@hotmail.com
2
Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Engenharia Química – nehemiascp@yahoo.com.br
1
2. A determinação da massa especifica do óleo da amêndoa foi realizada no Departamento de35
Física na Universidade Estadual de Maringá em densímetro, marca Anton Paar, modelo DMA 5000.36
As amostras foram analisadas nas temperaturas de 20 a 50ºC em intervalos de 5ºC.37
38
RESULTADOS E DISCUSSÃO39
Os valores médios da massa específica dos óleos de amêndoa de macaúba são apresentados40
na Tabela 1.41
Tabela 1. Massa Específica Média do Óleo da Amêndoa de Macaúba42
Temp(ºC) Jun/12 Jul/12 Ago/12 Set/12 Out/12 Nov/12 Dez/12 Jan/13 Fev/13
20,0 0,9146 0,9134 0,9149 0,9114 0,9087 0,9145 0,9073 0,90655 0,9054
25,0 0,9112 0,9102 0,9114 0,9079 0,9053 0,9108 0,9035 0,90291 0,9024
30,0 0,9076 0,9070 0,9079 0,9044 0,9017 0,9070 0,8995 0,89921 0,8986
35,0 0,9041 0,9032 0,9043 0,9008 0,8982 0,9031 0,8954 0,89547 0,8950
40,0 0,9006 0,8997 0,9008 0,8972 0,8945 0,8989 0,8908 0,89166 0,8912
45,0 0,8971 0,8962 0,8973 0,8937 0,8905 0,8941 0,8857 0,88746 0,8872
50,0 0,8935 0,8927 0,8937 0,8901 0,8867 0,8887 0,8805 0,88261 0,8847
Os dados indicados na Tabela 1 mostram o comportamento esperado para líquidos, visto43
que a massa específica de líquidos diminui com o aumento da temperatura. A Figura 1 mostra este44
comportamento para o óleo da amêndoa da macaúba extraída no mês de Junho, bem como a45
equação da reta ajustada.46
47
Figura 1. Comportamento da Massa Específica em Função da Temperatura para o Óleo Referente48
ao Mês de Junho.49
50
Os dados foram ajustados confirmando um comportamento linear da variação da massa51
específica do óleo em relação à temperatura em todos os meses avaliados.52
A Tabela 2 apresenta as constantes do ajuste linear aos dados experimentais. Pode-se53
verificar que a massa específica não apresenta um valor um constante ao longo dos meses, isto se54
deve à variação da composição dos ácidos graxos presentes no óleo.55
56
Tabela 2. Correlações Lineares para a Massa Específica do Óleo da Amêndoa de Macaúba57
2
3. Meses
Constantes Pontos Exp. %Desvio Médio Faixa de Temp.
m c n R2
(ºC)
Junho -7,03307E-4 0,92872 7 0,99998 20-50
Julho -6,9509E-4 0,92754 7 0,99946 20-50
Agosto -7,06486E-4 0,92905 7 1 20-50
Setembro -7,10812E-4 0,92565 7 0,99996 20-50
Outubro -7,33788E-4 0,92363 7 0,99933 20-50
Novembro -8,48564E-4 0,93214 7 0,99394 20-50
Dezembro -8,90612E-4 0,92581 7 0,99519 20-50
Janeiro -0,00394 0,91088 7 0,99708 20-50
Fevereiro -7,1211E-4 0,91984 7 0,99714 20-50
Densidade = c + mT58
A Figura 2, obtida a 20ºC, indica que houve uma tendência de decaimento na massa59
específica nos meses avaliados, entretanto nos meses de Agosto e Novembro ocorreu uma pequena60
variação.61
62
Figura 2. Comportamento Massa Específica em função do Mês Avaliado a temperatura a 20 ºC.63
64
Podemos relacionar o comportamento da massa específica com a composição de ácidos65
graxos saturados, monoinsaturados e polinsaturados no óleo, nos meses analisados.66
De acordo com Da Poian et al (2008) a forma espacial dos ácidos graxos insaturados67
apresentam um arranjo tridimensional que impede seu empacotamento e suas estruturas possuem68
uma conformação não-linear e se mantêm mais afastadas umas das outras. O volume de um óleo69
composto em maior quantidade de ácidos graxos insaturados é menor, e a massa específica é maior.70
De acordo com a Tabela 3, o óleo referente ao mês de Junho apresenta um percentual de71
7,76% em ácidos saturados, 78,66% em ácidos monoinsaturados e 13,57% de polinsaturados,72
enquanto em Fevereiro o percentual em ácidos graxos saturados era de 56,77 e 39,86 e 3,36%73
respectivamente, mostrando então uma diminuição de ácidos insaturados e polinsaturados. Logo, a74
massa específica do óleo referente ao mês de Fevereiro deve ser menor do que o óleo do mês de75
Junho.76
77
3
4. Tabela 3- Composição Média dos Ácidos Graxos Saturados, Monoinsaturados e Poliinsaturados78
Período
% Composição
Saturado Monoinsaturado Poliinsaturado
Junho 7,76 78,66 13,57
Julho 22,98 69,00 8,02
Agosto 28,06 65,34 6,59
Setembro 40,41 53,26 6,32
Outubro 44,65 50,19 5,16
Novembro 44,58 50,00 5,42
Dezembro 46,58 49,05 4,36
Janeiro 41,86 53,54 4,60
Fevereiro 56,77 39,86 3,36
79
CONCLUSÕES80
Com base nos resultados obtidos da massa específica de óleo de amêndoa de macaúba em81
diferentes estágios de maturação, conclui-se que: a massa específica para frutos verdes apresenta82
valores superiores quando comparados com frutos maduros. A 20 ºC observou-se uma redução de83
1,005% da massa entre Junho/12 e Fevereiro/13. Com o aumento da temperatura nos óleos, entre 2084
a 50ºC, para todos os meses avaliados, observou-se um decaimento na massa específica, sendo esta85
variação devida à energia cinética dos átomos, fazendo com que haja um aumento do volume. Para86
o mês de Junho houve uma variação na massa específica de 2,307%.87
88
REFERÊNCIAS89
A.O.A.C. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of90
analysis of AOAC International. Food composition, additives, natural contaminants. 16. ed. v. 2.91
Gaithersburg: AOAC, 1997.92
CANCIAM. C. A. Estimativa do Coeficiente de Expansão Térmica de Misturas de Óleo Diesel e93
Óleo de Soja Residual. e-xacta, Vol. 6, n. 1, p. 67-74. (2013).94
COIMBRA M. C. & JORGE N. Characterization of the Pulp and Kernel Oils from Syagrus95
oleracea, Syagrus romanzoffiana, and Acrocomia aculeate. Journal of Food Science - Vol. 76, Nr.96
8, 2011.97
DA POIAN, D.; FOGUEL, D.; DANSA-PETRETSKI, M.; MACHADO, O.T; Bioquímica I. 1.ed. –98
Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008.99
ESTEBAN, B.; RIBA, J. R.; BAQUERO, G.; RIUS, A.; PUIG, R. Temperature dependence of100
density and viscosity of vegetable oils. biomass and bioenergy 42 (2012) 164e171101
GUNSTONE, F. The Chemistry of Oils and Fats: Sources, Composition, Properties and Uses.102
Oxford, Blackwell Publishing, 2004.103
ORDOÑEZ PEREDA, J. A.; RODRIGUEZ, M. I. C.; ALVAREZ, L. F.; SANZ, M. L. G.;104
MINGUILLÓN, G. D. G. F. et al. Tecnologia de alimentos –Alimentos de origem animal , Porto105
Alegre: Artmed, 2v., v. 2 , 2005, 279p.106
PIRES, T. P,; SOUZA, E. S.; KUKI, K. N.; MOTOIKE, S. Y. Ecophysiologicaltraits of the Macaw107
Palm: A Contribution Towards the Domestication of A Novel Oil Crop. Industrial Crops and108
Products 44 (2013) 200–210.109
4