O documento discute a importância da conservação ambiental em propriedades rurais no Brasil. Ele descreve as paisagens naturais brasileiras, incluindo as florestas tropicais Amazônica e Mata Atlântica, e explica a necessidade de se preservar as matas ciliares, a vegetação nativa, as Áreas de Preservação Permanente e a Reserva Legal em cada propriedade.
2. Nossa Herança
Os
povos herdaram paisagens e
ecologias
Utilização não predatória dessa herança
Limitações de uso específicas de cada
tipo de espaço e de paisagem.
Preservação do equilíbrio fisiográfico e
ecológico
3. As paisagens do Brasil
O território brasileiro abriga as maiores extensões de florestas
tropicais do planeta, rios que são quase mares, campos
abertos, chapadas, serras, manguezais, baías, restingas, a
maior planície alagável do mundo, dunas e até uma região
semidesértica.
Essas paisagens foram construídas pelas forças da natureza
por milhões e milhões de anos e vêm sendo modificadas pela
atividade humana desde que os primeiros grupos de
caçadores nômades aqui chegaram há cerca de 12 mil anos.
4.
5. Florestas Tropicais
Floresta Amazônica
Cerca de 350 milhões de hectares, 90% desta extensão ainda se
encontra com cobertura florestal primária.
Mata Atlântica
Envolve a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista e a
Floresta Estacional Decidual, além de ecossistemas associados,
Originalmente cobria o território brasileiro com cerca de 100
milhões de hectares de extensão - muito menos extensa que a
Amazônica.
Atualmente possui 5% de florestas primárias, caracterizando-se
como a mais ameaçada de extinção dentre as florestas tropicais
do mundo.
Esta reduzida porção da floresta original ainda se encontra na
forma de pequenos fragmentos.
6. Mata Atlântica
Corrente marítima que passa fria pela África e chega à
costa do Brasil, mais aquecida após o longo trajeto;
A umidade que essas correntes de águas quentes
enviam para o continente na forma de chuva
favoreceu o surgimento de uma floresta exuberante em
quase toda a região costeira brasileira;
Esparramando-se mais de 500 quilômetros interior
adentro.
Imensa riqueza foi construída em cerca de 50 milhões
de anos, submetida unicamente às forças naturais.
Durante o último 1,6 milhão de anos, a natureza foi
severa;
Há cerca de 10 mil anos, quando a Terra esquentava e
a Mata Atlântica se expandia, os seres humanos
começaram a povoá-la;
Paisagens marcadas por uma espetacular variedade de
vida.
7. Mata Atlântica
Um único hectare dessa floresta pode conter até 400 tipos
diferentes de árvores;
Cada árvore serve de abrigo para orquídeas, bromélias e
cipós;
Habitada por uma imensa variedade de animais: pássaros
de cores e cantos variados, macacos, onças-pintada,
sapos, lagartos, insetos e muitas espécies mais.
Cada região, a Mata Atlântica tem sua peculiaridade:
Próximo ao mar, é envolvida por mangues;
Nas serras da região Sul, é tomada por araucárias;
8. Floresta para viver, floresta
para enriquecer
Primeiras comunidades de agricultores :
Depois de algumas colheitas,:
Abrir pequenas clareiras,
Queimar o mato seco,
Fertilizar áreas ensolarada,
Plantio.
Terra começa a degradar,
Abandono o local,
Partir para uma nova gleba,
Repetir a operação.
Na roça antiga:
Vegetação logo voltava a se estabelecer naturalmente.
9. Cana, café, cidades,
indústrias
Colonizadores trouxeram o cultivo de cana para a fabricação de açúcar e o
café, produtos estimados e valorizados no mercado internacional.
O sucesso do café fez surgir as ferrovias, para escoar o grão até os portos, onde
era embarcado para a Europa.
As cidades foram crescendo, vieram as rodovias e as indústrias.
Pouco mais de 500 anos depois da chegada dos portugueses,
120 milhões de brasileiros, ou cerca de 70% da população do país,
vivem na área que antes era ocupada pela Mata Atlântica.
Resta pouco mais de um décimo da cobertura original,
Pressões para derrubá-la e esforços para mantê-la de pé.
10. Juntando as matas
Boa parte do que resta de Mata Atlântica está em áreas particulares.
Pequenas porções de mata, isoladas uma da outra, conhecidas como
fragmentos
Pedacinho de mata na encosta do morro, outro na beira do rio, um
bosque de árvores centenárias nativas junto ao jardim da casa e por aí
vai.
Milhares de pequenas florestas são parte integrante de um riquíssimo
patrimônio natural. P
Por que isso acontece? Por vários motivos.
O principal deles é que se as matas não estiverem conectadas, não
haverá fluxo gênico na floresta, diminuindo a diversidade genética das
espécies.
Em cada da fragmento, cruzamentos entre irmãos, primos, pais e filhos
irão se suceder por gerações e gerações, com manifestações cada vez
mais frequentes de defeitos genéticos, que podem levar até mesmo à
extinção do grupo.
11. Conexões
Os corredores, são pontes de floresta ligando os
fragmentos da mata.
Feita a conexão, a sobrevivência de muitas
espécies de plantas também será garantida, já
que os animais, ao se alimentarem e ao se
movimentarem, carregarão de um fragmento a
outro pólen e sementes.
A floresta se fortalece em sua biodiversidade.
Efeito de borda, causado pela exposição
excessiva ao vento e ao sol forte.
Beira da mata geralmente há um excesso de cipós e
trepadeiras, plantas que se desenvolvem bem a pleno
sol.
Fragmento florestal é tão pequeno que fica tomado
por essas plantas, que acabam atuando como
invasoras, são agressivas com as demais espécies do
local. Muitas vezes elas cobrem as árvores, podendo
até matá-la
12. Natureza não conhece
cercas
A recuperação da floresta nativa e a implementação de
corredores ecológicos em áreas particulares se iniciam com a
decisão de proprietários rurais de conciliar a produção
agropecuária com a conservação ambiental.
Um bom começo é recuperar as matas das margens de rios.
Arborizar as estradas e caminhos dentro da propriedade.
O sucesso dos corredores depende sobretudo da união de toda a
vizinhança por essa causa.
Os fragmentos florestais certamente estão presentes em diversas
propriedades.
13. As leis ambientais
Proteger a floresta não era uma coisa que
passava pela cabeça dos colonizadores,
No final do século 17, as madeiras próprias para
construir navios começaram a escassear, e o
governo português foi obrigado a organizar sua
exploração, emitindo as chamadas cartas régias.
Essas cartas eram ordens reais que declaravam
ser de propriedade da Coroa árvores como
tapinhoã, sucupira, canela, peroba, canjarana e
jacarandá.
A denominação “madeira de lei” tem origem aí.
14. Floresta em pé
A ideia de que uma floresta vale muito mais do que as
toras que podem ser extraídas dela começou a tomar
forma num decreto presidencial de 1934, um conjunto
de leis para a proteção das florestas que se tornaria
conhecido como o primeiro Código Florestal brasileiro.
Estabelecia o limite de direito de uso das propriedades
rurais, reservando 25% da área total para a vegetação
nativa, o que foi uma grande polêmica na época.
Em 1965, um novo Código Florestal foi estabelecido,
trazendo, entre outros, os conceitos de Áreas de
Preservação Permanente - APP - e Reserva Legal, tem
como objetivo assegurar a proteção do imenso
patrimônio natural do Brasil.
15. Facilitando a vida de quem
quer conservar
Em dezembro de 2006, após 14 anos de discussões, foi
aprovada a chamada Lei da Mata Atlântica.
Trata-se de uma legislação que tenta contemplar as
particularidades dessa paisagem natural tão ameaçada,
promovendo sua conservação e conciliando isso com o
desenvolvimento econômico e social.
Quem cuida de uma mata ciliar ou de um fragmento
florestal está prestando um serviço não só a si próprio,
mas a toda a coletividade.
16. Guarde uma parte da terra
para a floresta
Toda propriedade rural precisa manter uma área coberta pela
vegetação nativa.
É a chamada Reserva Legal, que serve para garantir a vida e a
morada das plantas e animais silvestres mesmo em regiões
dominadas por pastagens e lavouras.
Contribuição necessária dos proprietários de terra à
conservação do patrimônio natural brasileiro.
A Reserva Legal também tem funções ligadas ao bem-estar
das pessoas, à saúde da lavoura e à geração de produtos
florestais com fins econômicos.
A mata ajuda a manter o ar mais puro e as chuvas mais
regulares, promove um equilíbrio ambiental que favorece as
plantações.
17. Vegetação nativa
A vegetação nativa favorece a vida de insetos
polinizadores das culturas, e suas árvores
funcionam como quebra-ventos.
Na Amazônia, a Reserva Legal deve corresponder
a 80% da área do imóvel rural.
Na região Centro-Oeste, dominada pelo Cerrado,
essa porcentagem é de 35%.
No estado de São Paulo, quase todo coberto
originalmente pela Mata Atlântica, 20% de cada
propriedade precisa ser mantida arborizada,
segundo a legislação.
E se a floresta não existir mais, o correto é que seja
recomposta.
18. O que é preciso saber:
Pela lei, todo sitiante ou fazendeiro necessita registrar a
Reserva Legal no cartório junto à matrícula da
propriedade.
O termo técnico que se usa para isso é “averbar à
margem da matrícula”.
É preciso ter um laudo técnico que inclui o mapa da
área em questão.
O proprietário que mantém a Reserva Legal pode
solicitar isenção do pagamento do Imposto Territorial
Rural – ITR – relativo à área averbada.
A Reserva Legal pode ser aproveitada para manejos
agroflorestais, desde que não descaracterizem a
cobertura natural.
19. O que é preciso saber
Em propriedades com área menor do que 30 hectares, pode-se
estabelecer a Reserva Legal em pomares, desde que as árvores
frutíferas sejam consorciadas com as espécies nativas.
Caso o imóvel seja vendido, a Reserva Legal continua valendo,
não podendo ser modificada.
Quando o proprietário já está usando a totalidade do imóvel para
a agricultura, ele pode compensar a Reserva Legal em outras
terras, próprias ou de terceiros, desde que localizadas na mesma
micro bacia e de igual valor ecológico.
Ninguém perde sua propriedade por não ter a Reserva Legal
averbada, mas ações como desmembramento da terra,
usucapião e derrubada de árvores, por exemplo, só são
autorizadas mediante a averbação.
Da mesma forma, créditos agrícolas podem ter a aprovação
vinculada à existência da Reserva Legal.
20.
21. Aqui, a floresta virou pasto e a
nascente já começa a
minguar
Matas que protegem as águas
Há locais especiais na zona rural que
por lei devem ser protegidos e
mantidos cobertos pela floresta
nativa, estando eles numa chácara,
num sítio, numa fazenda ou num
loteamento.
São as Áreas de Preservação
Permanente, muito conhecidas
também como APPs.
arredores de nascentes, brejos, lagos e
beira de córrego: as chamadas matas
ciliares.
têm esse nome pois funcionam mesmo
como cílios; as matas cuidam dos rios,
evitando o assoreamento e garantindo
que a água se mantenha pura e fluindo.
22. Constitui Área de Preservação
Permanente:
Faixa de 30 metros para cada lado de curso d’água com menos de 10 metros de largura
Faixa de 50 metros para cada lado de curso d`água com 10 a 50 metros de largura.
Raio de 50 metros ao redor de nascente ou olho d`água, mesmo que intermitente.
Faixa de 15 metros do entorno de lagos artificiais.
Topos de morros, a partir de dois terços da altura em relação ao sopé.
Encostas com inclinação maior que 45 graus.
Locais com altitude superior a 1800 metros.
Faixa de 50 metros ao redor de brejos.
23. Como fazer a coisa certa
Inicialmente, identifique as Áreas de Preservação Permanente dentro de
sua propriedade.
O mais importante é isolar essas áreas do gado, do fogo e de qualquer
cultura agrícola.
Se degradadas ou tomadas pelo capim, o correto é que sejam
recuperadas.
Desde 2006, alguns tipos de intervenções de baixo impacto, ou seja, que
agridem pouco o meio ambiente, passaram a ser permitidas em Áreas
de Preservação Permanente, tais como aberturas de trilhas, construções
de pontes, rampas para barcos e instalações para captação de água.
Nas pequenas propriedades rurais, o manejo florestal sustentado em
APPs pode ser autorizado,
As leis que estabelecem quais as áreas consideradas APPs e definem
as metragens a serem respeitadas são as Resoluções CONAMA nº 302 e
303, ambas de 20 de março de 2002.
24. Princípio importante: a
sucessão natural das espécies
Quando uma velha árvore seca e cai no meio da mata, abre-se
imediatamente uma clareira que passa a receber a luz direta do sol.
Esse local é logo repovoado por ervas, arbustos, capins e árvores, em geral
de crescimento rápido e vida curta. São as chamadas pioneiras. Elas
recebem esse nome por cumprirem a função de iniciar a ocupação de
um local que passou por alterações (no caso, a queda da velha árvore).
Em seguida, árvores maiores e de crescimento não tão rápido – as
chamadas secundárias - começam a ocupar aquela clareira.
E por fim, a floresta volta a fechar, quando as grandes árvores de madeira
nobre e crescimento lento atingem o dossel. São as espécies clímax ou
tardias.
25. A condução da regeneração
natural
Esse processo é chamado de sucessão natural das espécies.
Talvez você já tenha observado um pasto ou um campo agrícola
abandonado.
É tomado pelo capim e pela vegetação arbustiva até que começam a
despontar as primeiras árvores.
É exatamente a sucessão natural das espécies atuando.
A conclusão é que a floresta se recupera sozinha. Certo? Mais ou
menos.
Dependendo do caso, é preciso ajudá-la.
Podemos dizer que o ponto de partida para a restauração das matas é
um acordo de colaboração entre o ser humano e a natureza.
Esse método consiste em um conjunto de medidas a serem adotadas
no sentido de minimizar fatores que retardam a regeneração natural,
tais como: incêndios, ataques de formigas, uso indiscriminado de
pesticidas em áreas vizinhas, entre outros
26. “Revegetação de Matas
Ciliares e de Proteção
Ambiental
Modelos que envolvem plantio
e adensamento e
enriquecimento da
vegetação.
Modelo I
Modelo de simples instalação alterna espécies pioneiras
com não pioneiras.
A principal desvantagem é
que, enquanto as pioneiras
não crescem, as espécies
clímax e secundárias recebem
muita luz, ficando
temporariamente em situação
de estresse.
Uma forma de minimizar o
problema é retardar o plantio
das climácicas
27. Modelo II
Nesse modelo as linhas de
plantio alternam primárias
e não primárias,
dificultando o
procedimento em relação
ao modelo anterior.
A distribuição do
sombreamento tende a ser
mais regular, melhorando
o desenvolvimento das
não-pioneiras.
28. Modelo III
Nesse modelo é necessária a
separação das pioneiras em dois
subgrupos, as de copa mais densa e
as de copa mais rala.
É preciso diferenciar as secundárias
mais e menos exigentes de luz.
O plantio é pensado para que seja
criado um microclima propício para
todos os tipos de plantas.
Se bem implementado, tende a ser
melhor que os demais, porém,
requer um planejamento e
conhecimento das espécies bem
mais elaborado.
29. Plantio em ilhas
Esta é uma opção alternativa para quem
dispõe de poucos recursos financeiros.
Consiste em cercar pequenas área e nelas
plantar grupos de árvores nativas, de
preferência frutíferas.
Elas irão atrair aves e outros animais que
trazem sementes e as dispersam.
O ideal é ir aumentando as áreas cercadas
com o tempo, de forma a unir as ilhas.
31. A SUCESSÃO ECOLÓGICA
O conceito de sucessão está ligado à tendência da natureza
em estabelecer novo desenvolvimento em uma determinada
área, correspondente com o clima e as condições de solo
locais.
Se o desenvolvimento se inicia a partir de uma área que não
tenha sido antes ocupada, como por exemplo uma rocha, ou
uma exposição recente de areia, chamamos de sucessão
primária.
Se este desenvolvimento se processa numa área que já sofreu
modificações, como uma área utilizada pela agricultura, ou
que sofreu desmatamento, chamamos de sucessão
secundária
Como estamos tratando de recuperação de áreas que foram
impactadas pelo homem, nos interessa aqui a sucessão
secundária.
32. UM EXEMPLO DE SUCESSÃO
SECUNDÁRIA NA
FLORESTA ATLÂNTICA
Vamos imaginar a situação de uma roça abandonada, ou mesmo um
pasto, representando áreas degradadas pela ação humana de forma
inadequada, por diversos anos
No primeiro momento, após o abandono, aparecerão algumas plantas
consideradas como “daninhas” ou “mato”. São em geral samambaias
(Pteridium aquilinum) e capins, formando grandes touceiras.
Estas plantas têm seus propágulos (sementes, frutos e esporos)
transportados pelo vento, podendo vir de grandes distâncias.
Apesar de ainda manterem níveis menores de interação com animais,
devido à adaptação ao transporte eólico, já representam uma
vegetação perene.
Estas plantas, assim, iniciam um processo de modificação do solo,
aumentando sua aeração e quantidade de matéria orgânica.
Estas, retém, ainda de forma inadequada, os processos erosivos; é preciso
deixar a sucessão continuar para que haja uma efetiva proteção do solo.
33. Enriquecimento
Há casos em que uma mata já
está presente ou a regeneração
natural é vigorosa, porém a
variedade de espécies
existentes no local é pequena.
A recomendação, então, é
fazer um enriquecimento,
procurando plantar mudas de
espécies de árvores que não
existem mais no local (mas que
existiam anteriormente).
34. Dicas fundamentais
1. Há aquelas que vão bem próximas a brejos, outras em áreas secas, pedregosas e
assim por diante.
2. Utilize o maior número possível de espécies nativas da região.
3. Lembre-se que uma das características mais marcantes da Mata Atlântica é a
diversidade.
4. Um único hectare de floresta pode ter entre 100 e 400 tipos de árvores.
5. Quando há invasão de capins, como braquiária e colonião, na área a ser
trabalhada, a regeneração natural é muito mais difícil e, por isso, mais demorada,
mesmo em se estando ao lado de uma mata.
6. Essas ervas terão que ser roçadas até que a sombra das árvores as elimine
naturalmente.
7. Realize os plantios das mudas, de preferência, após um dia chuvoso.
8. Faça a cova um pouco maior que o torrão, rasgue e retire o saquinho, enterre a
muda, jogue a terra por cima e aperte bem, para que não permaneçam bolsões de
ar.
9. Se o solo for pobre, acrescente um pouco de esterco curtido ou terra preta.
10. Coloque uma estaca para demarcar a muda em meio ao matagal.
11. Mantenha a área ao redor da muda roçada e sempre coberta com uma camada
de palha seca (sem encostar no caule), evitando o ressecamento do solo. Fique
atento aos ataques de formigas cortadeiras
35. O quadro a seguir, adaptado de Barbosa et al, 2000, traz um
resumo das principais características das espécies pioneiras,
secundárias e climácicas.
36.
Exemplo de sucessão secundária em
áreas de agricultura e pecuária
abandonadas.
Ao centro estão as formações vegetais
mais características no processo de
sucessão.
À esquerda é representada sucessão
cronológica para os diversos estágios
sucessionais e seus respectivos nomes
populares.
À direita é mostrada a sucessão da
fauna nos diversos estágios da flora.
(Adaptado de KLEIN 1979-1980 e REIS
1993).
37. Recuperação de áreas
Se a recuperação de uma área consistisse em uma
revegetalização, como aparenta à primeira vista, então o
trabalho consistiria em fazer crescer plantas na região.
A sucessão de todos os elementos (solo, microflora, flora e
fauna) deve ser induzida, o que fará com que a área ganhe
nova resiliência.
As plantas, como produtores primários (seres capazes de
absorver a energia solar e transformá-la em matéria orgânica),
devem de fato ser escolhidas de forma a se implantarem na
área e cumprirem sua tarefa.
Tentativas de querer quebrar o processo sucessional,
simplificando- o ou querendo acerá-lo de forma quase
instantânea, levam a grandes probabilidades de insucesso e
perda de muito recurso.
38.
Para cada tipo de ambiente degradado pelo homem, o meio
ambiente pode servir de parâmetro para a sua recuperação: ele,
naturalmente, apresenta uma situação similar na qual devemos
buscar as espécies adequadas para o manejo.
A seleção de espécies capazes de induzir uma nova resiliência
deve basear-se na escolha de:
espécies pioneiras, agressivas, capazes de rapidamente cobrir o
solo, evitando a erosão (Estas espécies devem permitir processos
sucessionais.
Espécies exóticas podem fazer bem o trabalho inicial de cobertura,
mas muitas delas, de tão agressivas que são, impedem ou permitem
de forma muito lenta o processo sucessional).
espécies especializadas em nutrir o solo, através de processos de
simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio (nitritos e nitratos) e
com fungos micorrízicos (fósforo) - destacam-se aqui as leguminosas
(Mimosoideae e Papilionoideae)
39.
Seleção de espécies é fundamental para permitir uma
nova resiliência ambiental; sugerimos que entre as
espécies selecionadas estejam presentes diferentes formas
de vida (ervas, arbustos, lianas, árvores e epífitas).
É necessário também que se procure envolver distintas
síndromes de polinização e dispersão de sementes, de
forma a garantir que durante todo o ano, seja possível a
presença de animais na área
Conhecimentos populares podem ajudar muito na
recuperação.
Os colonos, acostumados com a regeneração das
florestas em suas propriedades, sabem quais espécies são
mais adequadas para crescerem em solos degradados,
como também conhecem o papel das plantas e dos
animais, podendo indicar as mais apropriadas.
40. Modelos para recuperação
de áreas degradadas
De
acordo com a situação da área a ser
reflorestada deve ser escolhido o melhor
modelo para a sua recuperação. Entre
eles, podemos destacar:
• a indução do banco de sementes
• a condução da regeneração natural
• adensamento e enriquecimento da
mata em regeneração
• plantio de espécies nativas
41. Restaurando a floresta
Condução da regeneração natural
Em áreas pouco alteradas e próximas
a fragmentos de floresta, a
regeneração natural costuma ser
vigorosa.
Para recuperar essas áreas, basta
protegê-las do gado, do fogo e da
capinagem.
Cercas e aceiros costumam ser
eficientes nesses casos.
E, claro, deixe a terra em pousio, a
salvo da enxada e da foice.
42. Implantação florestal
Trata-se do método mais caro e trabalhoso, porém inevitável em locais muito
degradados e afastados de matas nativas.
Uma nova floresta é criada a partir do plantio adensado de mudas de espécies
diversas alinhadas, à semelhança de uma cultura agrícola.
O esquema de plantio que sugerimos tem duas linhas: a de preenchimento e a de
diversidade.
A linha de preenchimento é composta por espécies de crescimento rápido, tais
quais pau-cigarra, amendoim-bravo, capixingui e sangra d’água.
Essas espécies vão criar a sombra e a proteção para a linha de diversidade, que
contém as árvores da floresta, misturando pioneiras, secundárias e clímax.
43. Plantio por sementes
Em lugares íngremes ou de difícil acesso, onde o
transporte de mudas é complicado, pode-se
optar por fazer a semeadura direta das espécies
florestais.
Trata-se de um método barato, porém a
quantidade de árvores que vingam é menor do
que no plantio por mudas, pois fica mais difícil
cuidar das sementes que estão germinando.
Também é preciso ter uma grande quantidade
de sementes à disposição para obter bons
resultados.
44. A indução do banco de
sementes
Em áreas que não foram muito perturbadas após o
desmatamento, ou que possuem fragmentos de vegetação
próximos, existem sementes “armazenadas” em diferentes
camadas do solo, formando o chamado banco de sementes.
Em geral, fazem parte do banco de sementes espécies
pioneiras e secundárias.
As climácicas formam os bancos de plântulas (plantas jovens),
que aguardam melhores condições para o desenvolvimento.
Várias técnicas podem ser usadas para desencadear a
germinação
das sementes nos bancos.
A simples retirada do capim já auxilia esse processo. Para
evitar o retorno do capim, espécies, como, por exemplo, a
mamona (Ricinus communis) e o fumo-bravo (Acnistus
arborensis), têm sido usadas com sucesso.
46. Plante florestas e colha
alimentos
Sistemas agroflorestais são formas de plantios em que cultivos agrícolas
são combinados a espécies da floresta.
Eles servem para recuperar áreas degradadas e, ao mesmo tempo,
fornecer alimentos.
Diferentemente dos cultivos agrícolas comuns, nas agroflorestas são
plantadas diversas espécies associadas, procurando copiar o
funcionamento de uma floresta, baseado na sucessão natural das
espécies.
Há as pioneiras, as secundárias e as clímax.
Mas nos safs – como são chamados os sistemas agroflorestais –, as
plantas, além de cumprirem uma função ecológica, devem ser
produtivas.
47. Use com moderação
Em muitos lugares a floresta continua sendo
explorada de forma predatória e quase
sempre ilegalmente, sem que se
preocupem com sua renovação.
Um bom exemplo de como isso acontece
está no caso da exploração do pau-brasil,
que ficou marcado na história do nosso
país.
Foi tamanha a sanha dos europeus em
pilhar as riquezas da Mata Atlântica, que as
árvores dessa espécie, muito valorizadas
pela tinta cor de fogo retirada do tronco,
rapidamente desapareceram da floresta.
Tivessem sido os conquistadores mais
perspicazes, teriam deixado exemplares
adultos de pé para que estes espalhassem
suas sementes pela mata, permitindo que a
espécie continuasse gerando novas
árvores.
O pau-brasil hoje se encontra quase
extinto.
48. Poupança na forma
de árvores
O cultivo comercial de árvores nativas ou
exóticas é uma possibilidade de diversificação
da produção e geração de renda muito
interessante para os produtores rurais.
São plantios rentáveis, rústicos e podem trazer
muitos benefícios às propriedades e aos
proprietários.
Embora os ciclos de cortes sejam mais longos
que as colheitas de plantios agrícolas, essas
florestas plantadas trazem uma renda segura de
tempos em tempos.
Esses ciclos de cortes podem ser de cinco anos
no mínimo, em caso de eucalipto para lenha ou
para a fabricação de celulose. Mas podem
durar ainda mais.
49.
Muito se fala que as florestas homogêneas, ou
seja,com um só tipo de árvore – e
especialmente as que não são nativas -,
causam danos ao solo e às nascentes, o que
é bastante controverso e causa longas
discussões entre os especialistas.
Mas é um fato que se forem bem planejadas
e manejadas, podem trazer ganhos positivos
ao meio ambiente.
Elas cumprem a função de manter o solo
sombreado, coberto pelas folhas e galhos
secos, e suas raízes contribuem para melhor
absorção de água pelo solo.
Outro benefício ambiental relevante é que
esses plantios contribuem para diminuir a
exploração da vegetação nativa.
Para entender como isso acontece, basta
saber que um hectare de floresta de
eucalipto produz a mesma quantidade de
madeira que 30 hectares de matas nativas.
50. Cultivando florestas para
produção de madeira
Reflorestamento convencional
Este é o sistema mais difundido.
Utiliza uma única espécie e atende principalmente as demandas de madeira para lenha, fabricação de
celulose, carvão e pontaletes, entre outros.
A plantação florestal é conduzida até certa idade, quando todas as árvores são cortadas de uma vez - o
chamado corte raso.
O tempo certo do plantio até o corte é definido de acordo com a espécie utilizada e o uso que se deseja
para a madeira.
O eucalipto tem sido a árvore mais plantada, pois se adaptou muito bem em terras brasileiras (sua origem é
australiana).
Existem muitas espécies de eucalipto, de modo que é importante escolher a mais adequada ao clima e ao
solo da região e que produza o tipo de madeira desejado.
Algumas espécies rebrotam bem, permitindo que a plantação seja renovada por meio da condução da
brotação.
A cada ciclo, a rebrota vai perdendo o vigor, e a produtividade cai aos poucos, indicando a necessidade
de se plantar novas mudas.
Outras espécies florestais, exóticas e nativas, podem ser plantadas neste sistema, cada qual com suas
características próprias.
O reflorestamento com pinus, por exemplo, tem ciclos de corte mais longos, podendo ultrapassar 20 anos
até chegar o momento do corte. Não há rebrota das árvores,sendo necessário um novo plantio.
51. Sistemas consorciados
São plantios que combinam árvores com culturas agrícolas ou pastagem.
Estes sistemas permitem diversificar a produção, resultando num melhor
aproveitamento da área cultivada e na melhor produtividade das culturas
consorciadas.
Ao mesmo tempo, se bem manejados, ajudam a evitar a degradação ambiental e
recuperam a capacidade produtiva da terra.
Podem-se aproveitar os espaços das entrelinhas de uma floresta plantada de pinus
para cultivar palmeiras, tais como o palmito-juçara e a pupunha.
Ou intercalar entre as mudas de árvores, na fase inicial do reflorestamento, culturas
como milho, mandioca, café, feijão e girassol.
Outra opção interessante é o sistema silvipastoril, que combina árvores e pastagem
numa mesma área, gerando uma série de benefícios relacionados ao conforto
animal, conservação do solo e da água.
A atividade apícola tem sido outra associação muito comum e apropriada aos
reflorestamentos.
Palmito-juçara na sombra do reflorestamento
Sistema silvipastoril: árvores e pasto
52. Reservas particulares
Você sabia que é possível criar uma reserva ecológica dentro de sua
propriedade, com reconhecimento oficial? E que essa reserva pode ser
usada para desenvolver atividades de turismo ecológico, mais ou menos
como acontece em alguns parques nacionais?
Funciona mais ou menos assim: provavelmente você já ouviu falar nos
parques nacionais.
No Brasil, são bem famosos os de Foz do Iguaçu, da Chapada Diamantina,
de Fernando de Noronha, de Itatiaia e da Tijuca, entre outros.
Tratam-se de lugares tão bonitos e importantes do ponto de vista ecológico
que são tornados públicos para que possam ser protegidos e visitados por
todos.
Assim como os parques nacionais, existem os parques estaduais, as reservas
biológicas,as florestas nacionais, as estações ecológicas e muitos outros
São as chamadas unidades de conservação.
Entre elas, há um tipo muito interessante para o proprietário rural que é a
Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN -, existente no Brasil desde
1996.
53. Terra nua é prejuízo ao
agricultor
Os processos erosivos acontecem naturalmente, de forma lenta e gradual.
Quem trabalha com agricultura sabe que as terras nas baixadas são mais
férteis que nas encostas.
Isso é causado pela erosão natural, que carrega os nutrientes para baixo.
Mas muitas vezes a mão humana contribui para esse desgaste do solo,
causando enormes danos.
A história da ocupação do nosso país – sobretudo na região da Mata
Atlântica – foi marcada pela exploração da terra sem o cuidado com a
manutenção de seus recursos, resultando em extensas paisagens marcadas
por erosões, inclusive em sua forma mais avançada, as voçorocas.
Para o agricultor, erosão significa prejuízo.
Pois uma terra gasta nada produz ou precisa de muito adubo e corretivos
para produzir, e o investimento pode acabar não compensando.
Então, o que fazer para explorar a propriedade economicamente sem
comprometer sua fertilidade?
É preciso conhecer bem as condições da terra para fazer a escolha correta do
que cultivar, como e quando realizar o plantio. Isso inclui a adoção de práticas
de conservação do solo.
58. Fogo na mata
Entre as forças da natureza, o fogo é uma das mais poderosas.
Ele faz um trabalho rápido, produzindo mudanças profundas.
Num instante, as chamas são capazes de fazer da vida cinzas em brasa.
Um campo queimado pela primeira vez se torna imediatamente fértil, pois
as cinzas do capim, dos arbustos e das árvores são muito nutritivas para as
plantas.
Quando as queimadas são frequentes numa mesma área, acabam
levando ao esgotamento da terra. É o que acontece em alguns lugares
nos dias de hoje, onde o fogo é utilizado todos os anos antes dos plantios
como prática para facilitar a limpeza dos campos agrícolas, em geral após
uma roçada inicial.
Acontece que o calor mata microrganismos essenciais à vida e à
fertilidade do solo.
Além disso, a fumaça polui a atmosfera. Em certas regiões, durante a
estação seca – que é o tempo das queimadas e dos incêndios florestais -,
o ar fica denso e esfumaçado, quase irrespirável, chegando a se tornar um
problema de saúde pública.
59.
60. Resumo dos quatro passos básicos para a
elaboração de projetos de
reflorestamento
a) Estudo dos remanescentes florestais dos locais a serem
reflorestados, para levantamento das espécies presentes e do tipo
de vegetação. É importante cruzar os dados coletados com
mapas de tipos de vegetação. Se não houverem remanescentes
próximos ao local do plantio, a escolha das espécies deve se
basear apenas em mapas;
b) Levantamento das condições ambientais e possíveis formas de
degradação (uso de defensivos agrícolas, queimadas, passagem
de gado etc). Isso inclui análise de acidez e ausência de nutrientes
no solo, para eventuais correções, caso seja necessário;
c) Escolha do modelo de recuperação, de acordo com os
objetivos e características locais, seguindo os critérios de escolha
discutidos neste material;
D) Escolha das espécies a serem plantadas, tendo como base as
características da vegetação original, no modelo de
reflorestamento escolhido e nas características locais do ambiente
(se é mata ciliar ou não, se a área é sujeita a alagamentos etc).