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LIVROS
FILMES
Analfabetismofuncional – o malnosso de cada dia
Autor: Daniel AugustoMoreiraEditora: Pioneira
UmaMenteBrilhante
BaseadonolivroABeautifulMind:ABiogra-
phyofJohnForbesNashJr.,deSylvia
Nasar.OfilmecontaahistóriarealdeJohn
Nashque,aos21anos,formulouumteorema
queprovousuagenialidade.Brilhante,Nash
chegouaganharoPrêmioNobel.
Diagnosticadocomoesquizofrênicopelos
médicos,Nashenfrentoubatalhasemsua
vidapessoal,lutandoatéondepôde.Como
contrapontoaoseudesequilíbrioestá
Alicia(JenniferConnelly),umadesuas
ex-alunascomquemsecasoueteveumfi-
lho.
Pro Dia Nascer FelizDocumentário sobre as diferentes
situações que adolescentes de 14 a 17
anos, ricos e pobres, enfrentam den-
tro da escola: a precariedade, o pre-
conceito, a violência e a esperança.
Foram ouvidos alunos de escolas da
periferia de São Paulo, Rio de Janeiro
e Pernambuco e também de dois reno-
mados colégios particulares, um de
São Paulo e outro do Rio de Janeiro.
Letramento noBrasil
Autor: Vera MasagãoEditora: Global
fomos maus
alunos
Autor: Rubem Alves
e Gilberto
Dimenstein
Editora: Papirus
Nenhum a Menos
As dificuldades encontradas por
uma menina de 13 anos quando
tem de substituir seu professor,
que viaja para ajudar a mãe doen-
te. Antes de partir, ele recomen-
da à garota que não deixe ne-
nhum aluno abandonar a escola
durante sua ausência. Quando
um garoto desaparece da escola,
a jovem professora descobre
que ele deixou o vilarejo em dire-
ção à cidade em busca de empre-
go, para ajudar no sustento da
família. Seguindo os conselhos
de seu professor, ela vai atrás
do aluno.
DICASDADUCA
EDIÇÃOPILOTO-NOVEMBRO/2010
Você sabia? analfabetos funcionais, conceito criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, a Ciência e a Cultura) em 1978 para referir-se a pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples,
não tem as habilidades necessárias para viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional .
índice
Ping Pong com Elizabeth Cury
pg. 03
O que é analfabetismo funcional?
pg. 04
Teste: Eu sou um analfabeto funcional?
pg. 06
Biografia do educador Paulo Freire
pg. 07
Vizinhos da Duca
pg. 08
Dicas
pg. 10
O Zine da Duca é uma criação
dos alunos 4º semestre de
Comunicação Social
– Jornalismo da
Universidade cruzeiro do sul sob
orientação da Profª Msª Regina Tavares
Comunique-se com o ZD
Mande comentários, críticas, sugestões,
materiais diversos:
zinedaduca@hotmail.com
EXPEDIENTE
Redação / Pauta - Adriana nascimento
Diagramação /Arte - João Pontaltti
Entrevista - Roberta Galvão
Fotografia - Laís carvalho
Assessoria /Impressão - José Roberto
Pesquisa - Carolina Ribeiro
Z I N E D A D U C A - N O V E M B R O / 2 0 1 0
Este é o primeiro: O Piloto. Nossas
expectativas são maiores que as nossas pretensões. O
desejo de contribuir ainda maior. Pesquisas, elabora-
ções, discussões em torno do assunto, Analfabetismo
Funcional, permeia nosso dia a dia desde que
escolhemos o tema. O Zine da Duca agora é uma
realidade. A questão da Educação no Brasil, ora
tratada com descaso, ora com tanta seriedade,
aparece aqui com uma cara despojada, mas não menos
séria.
Criar um veículo, uma mídia radical,
questionando, expondo um assunto tão relevante em
nosso país, nos dá a oportunidade de, como
estudantes de Comunicação Social – Jornalismo,
chegar até as pessoas. A possibilidade de não
somente realizar entrevistas, matérias, reportagens,
mas de nos aproximarmos de nós mesmos e de tudo que
forma nossa individualidade. Na primeira página do
nosso Fanzine, você encontrará uma entrevista com
a educadora Elizabeth Cury, idealizadora e
responsável do Programa
Unimel. Em seguida, a matéria principal na qual
expomos o que é e em que situação está o Analfabetis-
mo Funcional no Brasil e, a partir de então, o
convidamos a refletir sobre o assunto.
A biografia de Paulo freire , um grande
educador brasileiro, também ilustra as páginas de
nossa primeira edição. Mas é claro que você não
ficará somente com um mero expectador, sua
contribuição será essencial, por isso, haverá duas
páginas com o nome de “Vizinhos da Duca”.
Dona Duca, será nossa personagem-aprendiz pelo
caminho contra o analfabetismo funcional. Este é o
espaço em que a comunidade expressa sua opinião
dentro dos quadros “Fala aê!”.
Nos encontraremos a cada quinze dias e será sempre
um prazer ter você conosco.
Divirta-se!
A redação
EdiToriAL
O Zine da Duca é uma abreviação de Fanzi-
ne da Educação. O nome foi dado quando
seus criadores pensaram em uma persona-
gem que ilustrasse a situação do analfa-
betismo funcional. E então, surgiu a ima-
gem da senhora esforçada, trabalhadora,
mas que por alguns percalços da vida, tem
dificuldades de interpretação, caracteri-
zando-se como analfabeta funcional. A
ilustração ficou a cargo de nossa querida
amiga Maria Jaepelt.
Henry e Maria Jaepelt
De Santa Catarina para São Paulo, as
tiras de dona duca ilustram nossas
páginas. Com a colaboração de nossos
amigos fanzineiros tornamos a dona duca
real.
Agradecemos a colaboração de nossos
amigos de facebook e fanzine. Henry e
Maria Jaepelt. (PALMAS)
“bora” pra Santa Catarina!
O Grande Lance
Passam-se os meses,
Passam-se os anos
Décadas já se
passaram
E a esperança
Morre a cada dia
Definha na memória
Junto com aqueles
Que ainda viveram tão
pouco...
Educação pra quem
Vai sempre ser ninguém.
Eles não formam
opinião
Pra eleição.
Faça a coisa certa:
Não se preocupe!
Porque o Brasil será
Um país no futuro.
De jovens alistados
Nas Forças da
Latência
Que vão ter que jogar
Pela própria sorte.
Mas isso é só pros po-
bres,
Quase todos pretos
Uma promessa
indecente
Pra quem é quase
gente.
O grande lance ainda é
Ser jogador de fute-
bol.
Gerações de excluídos,
Não mais oprimidos
Pela cultura da miséria
Vão lutar por seu
lugar.
Mas, o grande lance
ainda é
Ser jogador de
futebol.
Passam-se os meses,
Passam-se os anos
Décadas já se
passaram
E a esperança?
Thiago Batista
ViZiNhoS
DA DUCA
FaLa Aê!: Caro amigo, avalie comigo.
Quando 68% da população é considerada analfabeta funcional, ou seja, não possui o domínio
pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, 7% analfabeta e 25% alfabetizada fica fácil
de entender o fenômeno Tiririca. É um quadro muito triste, mas elegemos nossos pares, aqueles com
quem nos identificamos. Entender o analfabetismo funcional vai além, de questões políticas ou sócio
culturais. A meu ver é uma questão que afeta o ser em seu desenvolvimento cognitivo como um todo. O
processo de ensino aprendizagem pelo qual o individuo passa ainda enquanto criança é definitivo para
sua formação como leitor e acima de tudo como elemento multiplicador de ações e situações.
Você pode se perguntar, mas muitos universitários ou pessoas formadas votaram no Tiririca?
Então, sou forçado a lhe dizer que independente da formação o analfabetismo funcional abrange
diversas áreas e níveis de ensino, bem como podemos ter analfabetos com um grau altíssimo de
letramento. Inclusive é valido ressaltar a diferença entre alfabetização e letramento, em linhas
gerais alfabetização é o processo de utilização do alfabeto como código de comunicação, já o
letramento é a apropriação da leitura e escrita. E enquanto o caso Tiririca segue sem um fim certo
(afinal de contas ele é ou não analfabeto?) deixo aqui minha questão a ser respondida por cada
um independente do voto: sabemos o que fazer com o que nos é dado como opção?
George Hamilton dos Santos, Pedagogo formado pela Universidade Bandeirantes de São Paulo,
Educador Social, atuante na Sociedade Beneficente Caminhando para o Futuro.
FaLa Aê!: A educação vem em que lugar?
“Faça a coisa certa: Não se preocupe! Porque o Brasil será, um país no futuro.”
E não nos preocupamos mesmo.
Levante a mão qual pai de adolescente nos dias de hoje, ao procurar uma escola
pública para matricular seu filho, não adota o nível de ensino somente como 3º ou 4º
quesito para sua decisão. Se pensarem bem, poucas mãos estarão longe dos bolsos nesse
momento. Estranho? Não é. Pela ordem, os pais pensam em: Proximidade da residência,
Segurança (se a escola tem fama de “barra pesada”), Preferência dos filhos, Nível
de ensino.
Mas, convenhamos, dá para dizer que esse é um critério totalmente equivocado e
alienado? Equivocado, talvez, afinal, se a busca é por uma instituição que tem o objetivo de
oferecer formação educacional, o crivo insofismável para elegê-lo deveria ser sua
eficácia em cumpri-lo; em uma situação ideal, assim seria. Alienado, infelizmente, não. As
escolas públicas atingiram um nível equilibrado de ensino entre si, um nível muito baixo,
que não forma, apenas informa que, com uma freqüencia de 75%, você já está educado e
apto para prosseguir em sua jornada acadêmica. Diante disso, e diante também da
impossibilidade de pagar por uma educação um pouco mais crível, é totalmente
compreensível que os pais tomem como prioridade, ao escolher uma escola, que seus filhos
voltem para casa sãos e salvos e o mais rápido possível.
Thiago Batista, 28 anos, compositor, músico e produtor musical.
PiNg PoNg
COM: ElIzaBeTh CuRy
Professora. Mestre, pela Universidade de São Paulo, em Língua
Portuguesa e Estilística exerceu a função durante 13 anos na Universi-
dade Cruzeiro do Sul. Hoje aposentada, se dedica aos programas: Ler e
Escrever, Toda Força ao 1o. Ano (do Município); Bolsa Escola Pública e
Universidade na Alfabetização (do Estado) e no projeto particular Uni-
versidade na Melhoria da Escrita e da Leitura, o Unimel.
Qual o perfil das pessoas que partici-pam do programa?Esse perfil é variado: temos de quintas
a oitavas séries, em turmas organiza-
das pelas escolas, conforme a disponi-
bilidade de todos e um grupo mais hete-
rogêneo, no campus São Miguel, onde
temos desde pessoa graduada a estu-
dantes de diferentes séries. Preferi-
mos sempre formar grupos com alunos
com dificuldades, mesclados a alunos
de bom rendimento.
Para que o programa Unimel foicriado?
O programa foi criado com dupla finalida-
de: estender a oportunidade de prática no
ensino de leitura / produção de sentido,
escrita e expressão oral aos alunos do
Curso de Letras; a outra intenção foi con-
tribuir com a comunidade Cruzeiro do Sul,
levando a escolas da região e ao próprio
campus São Miguel a oportunidade de de-
senvolver esse tipo de competência, im-portante a todo equalquer cidadão.
A Senhora acha que processo de alfa-
betização precisa mudar? Em que?
É uma pergunta complexa. Aquilo em
que eu acredito, mesmo, é num traba-
lho de alfabetização e letramento fei-
to com bastante envolvimento de quem
o faz, para que todos os sujeitos parti-
cipantes entrem no movimento intenso
e ao mesmo tempo cuidadoso que a mis-
são exige. Assim os resultados serão
positivos e prazerosos.
O que a Senhora acha do sistema de pro-
gressão continuada em vigor no estado de
São Paulo?
Se ele fosse PROGRESSÃO CONTINUADA,
seriamente desenvolvida, e não PROMO-
ÇÃO AUTOMÁTICA, talvez tivéssemos as-
sistido a uma experiência inovadora, mas
isso sequer aconteceu.
Por que encontramos cada vez mais den-
tro das Universidades, alunos com carac-
terísticas de analfabetismo funcional?
Deve ser porque o sistema instalado
permite.
A senhora acredita que há como recuperar
os milhões de pessoas que são analfabe-
tos funcionais?
Se me perguntam isso, eu respondo
que SIM, mas, se começasse hoje um
movimento nessa direção, eu não sa-
beria prever quanto tempo demoraria
para tal recuperação, ainda que todos
acordassem para o fato, inclusive as polí-
ticas públicas.
Você sabia? - o Brasil avançou muito: começamos o século 20 com cerca de 65% de analfabetos, tendo baixado pa-
ra 51% em 1950 e apresentado reduções mais drásticas só a partir de 1975, para chegarmos ao ano 2000 com 13%
de analfabetos. Hoje são 8%.
ra sermos mais... aprendamos mais...O que significa para o nosso país, milhares
de pessoas que não conseguem se expressar
corretamente?
Creio que não ter as competências leitora e
escritora, bem como a oral, que habilitam
um cidadão a transitar pelos diferentes fa-
lares de sua língua materna, é fator signifi-
cativo no nível de desenvolvimento do país.
Você sabia? - na Alemanha, a taxa de analfabetos funcionais é de 14%. Nos EUA, 21%. Na Inglaterra, 22% (para
melhorar esta taxa, o governo britânico introduziu a "Hora da Leitura" no ensino fundamental ). Na Suécia, a ta-
xa é de 7%. Estudantes da classe média brasileira lêem pior do que operários alemães.
É denominada analfabeta funcional, a pessoa que não possui habilidade para interpretação de
textos, mesmo tendo a capacidade de ler e escrever. Podemos classificar também, a pessoa na
situação de escolaridade inferior a quatros anos, que tenham mais de 15 anos de idade.
Na última pesquisa realizada pelo PNAD ((Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009,
divulgada no dia oito de setembro deste ano e por meio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), 20,3% da população brasileira é caracterizada como analfabeta funcional.
Sendo o quinto país mais populoso do mundo, com 192.304.735 de habitantes (IBGE), o Brasil
carrega a marca de ter aproximadamente 39 milhões de pessoas que só compreendem frases curtas
e operações aritméticas básicas. Sem contar os 14,1% que não sabem ler e escrever.
Apesar dos dados preocupantes, o analfabetismo funcional vem diminuindo. Em 2004, o
índice era de 24,4%. Na região Sudeste, mais estruturada e politizada, o índice de analfabetos
funcionais está em torno de 15%. No nordeste, além da seca e da falta de trabalho, os nordestinos
sofrem mais com a baixa qualidade do ensino, o que resulta uma taxa de 30,8%.
O ANALFABETO FUNCIONAL E A UNIVERSIDADE
A dona de casa, Maria Nilva do Nascimento, parou de estudar jovem porque precisava ajudar a
mãe financeiramente. Por várias vezes, tentou voltar aos bancos escolares sem ter sucesso. Todas
as vezes que precisa resolver algum problema no Banco, precisa chamar o filho mais velho.
“Nunca consigo entender o que a gerente fala do meu extrato bancário”, diz a aposentada.
São pessoas como estas que conseguem enviar seus filhos a Universidade, mas não tem no-
ção se eles terão a real capacidade de exercer o que aprenderam. A verdade é que, cada vez mais, as
Faculdades precisam se preocupar com o despreparo dos estudantes que chegam às salas de aula
com dificuldade de aprendizagem.
Para o professor de técnicas de rádio da Universidade Cruzeiro do Sul, tanto os alunos quanto
os professores, precisam trabalhar juntos e enfrentar esse problema de frente: ”Para tentar solu-
cionar ou amenizar o problema, entendo que basta vontade, por parte do professor, de ter paciência
para dar uma atenção maior para esses discentes. Tenha a certeza de que o resultado final será
muito bom para o professor – notar uma melhora significativa no rendimento do aluno – e melhor
ainda para o próprio aluno – perceber resultados positivos no seu aprendizado”, conclui o
docente.
ANALFABETISMO
FUNCIONAL NO BRASIL
Você sabia? - no Brasil a escola tradicional é construída no modelo da linha de montagem, tempo mecânico. Então
se transforma em uma experiência de sofrimento, e as crianças não aprendem, o caminho da reforma da educação
não passa por novas tecnologias, nem novas ciências, passa pelo coração.
Biografia
Paulo Freire
Paulo Reglus Neves Freire, mais conhecido como Paulo Freire, nasceu em 1921 no estado do
Pernambuco, era educador e filosofo brasileiro, um dos mais importantes. Pertenceu a uma família
de classe média, o que não o impediu de conhecer a pobreza e a fome na infância, durante a depressão
em 1929, por isso, sua preocupação com a educação dos mais pobres.
Pode ser definido como estudioso e ativista social. Tinha por objetivo ensinar a ler
desenvolvendo uma visão crítica da sociedade a partir do uso de palavras, ações e termos ligados à
realidade do aluno. Fez uma síntese de algumas correntes filosóficas de sua época, como o
existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico.
Na Universidade do Recife, em 1943, fez a Faculdade de Direito, mas preferiu se dedicar ao
estudo da filosofia da linguagem e lecionar em uma escola de segundo grau.
Em 1946, tornou-se diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social em
Pernambuco. Em 1962, suas primeiras experiências de alfabetização popular, ou seja, a primeira
aplicação do Método Paulo Freire.
Em 1963, chefiou um programa de alfabetização e conseguiu, em 45 dias, alfabetizar 300
adultos. Em 1964, coordenou o Plano Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, até
que foi surpreendido pelo golpe militar.
Durante a ditadura seus métodos foram considerados subversivos e compactuantes com o
comunismo. Teve de se exilar e só pode voltar ao Brasil em 1979. Exilado no Chile, expôs seus méto-
dos de alfabetização no livro Pedagogia do Oprimido, onde escreveu sobre a alfabetização de
adultos inseridos nas camadas menos favorecidas da sociedade.
No Chile foi consultor da UNESCO. Na Suíça, consultor do Escritório de Educação do
Conselho Mundial de Igrejas, onde desenvolveu programas de alfabetização para a Tanzânia e Guiné
Bissau. Nos Estados Unidos ministrou aulas na Universidade de Harvard.
Perguntas como: Quê? Por quê? Como? Para quê? Por quem? Para quem? Contra quê? Contra
quem? A favor de quem? A favor de quê? Faziam com que os alunos compreendessem a razão e
finalidade das coisas, e se alfabetizassem a partir de assimilações.
Quando Freire retornou ao Brasil escreveu mais dois livros – Pedagogia da Esperança e À
Sombra desta Mangueira – e lecionou na Unicamp e na PUC-SP.
Em 1989 foi secretário de Educação do Município de São Paulo. Nessa fase, criou o
MOVA – Movimento de Alfabetização – programa público de apoio a salas comunitárias de Educação
de Jovens e Adultos, até hoje adotado em algumas prefeituras.
Em 1991, foi fundado o Instituto Paulo Freire. No instituto está disponível arquivos do
educador. O local realiza numerosas atividades relacionadas às idéias de Freire e atua em projetos
da educação brasileira e mundial.
Faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo, vítima de infarto.
1. Qual o seu nível de escolaridade?
A) Nunca estudei
B) Estudei 4 anos ou menos
C) Terminei pelo menos o 1º grau
2. Você tem dificuldade de se comunicar com
as pessoas?
A) Sim, fico inseguro e acanhado, porque tenho
medo de não ser compreendido.
B) Depende do assunto
C) Não, não tenho dificuldades de me comunicar
3. Costuma argumentar o seu ponto de vista sobre determi-
nada situação?
A) Prefiro não expor minha opinião, já que nunca consigo formu-
lar uma idéia.
B) Só quando conheço muito bem o assunto, caso contrário pos-
so não conseguir argumentar.
C) Sempre exponho minha opinião, estamos aqui para aprender
sempre.
4. Houve situações que você leu um texto/
reportagem/ citações e não conseguiu compreen-
der?
A) Sempre acontece.
B) Já aconteceu algumas vezes, mas li de novo e conse-
gui entender.
C) Dificilmente isso acontece.
5. Você tem o hábito de pra-
ticar a leitura?
A) Nunca tive o hábito, tenho
dificuldades.
B) Tento ler, mas sempre me
confundo. Tenho que ler a
mesma coisa várias ve-
zes.
C) Sim, leio moderadamente.
6. Em relação às operações aritméticas, você:
A) Não compreende nenhuma.
B) Compreende apenas as básicas como: adição,
subtração, multiplicação e divisão.
C) Consigo lidar com fórmulas, porcentagens e cál-
culos mais complexos.
7.Emumtextolongo,você:
A)Nãoconsegueextrairasinformaçõesenemtirarumaconclusãodo
mesmo.
B)Consegueextrairapenasinformaçõesdifusasdotexto,comuma
noçãobásicadaconclusão.
C)Compreendeeextraitodasasinformaçõesessenciaistendoassim
umaboaconclusão.
Maioria A- Nível 1, também conhecido
como alfabetização rudimentar, concebe
aqueles que apenas conseguem ler e
compreender títulos de textos e frases
curtas; e apesar de saber contar, têm
dificuldades com a compreensão de
números grandes e em fazer as
operações aritméticas básicas.
Maioria B - Nível 2, também conhecido
como alfabetização básica, concebe
aqueles que conseguem ler textos curtos,
mas só conseguem extrair informações
esparsas no texto e não conseguem tirar
uma conclusão a respeito do mesmo; e
também conseguem entender números
grandes, conseguem realizar as
operações aritméticas básicas, entretanto
sentem dificuldades quando é exigida
uma maior quantidade de cálculos, ou
em operações matemáticas mais
complexas
Maioria C - Nível 3, também
conhecido como alfabetização
plena, concebe aqueles que detêm
pleno domínio da leitura, escrita,
dos números e das operações
matemáticas (das mais básicas às
mais complexas).
Eusouumanalfabetofuncional???
Você sabia? - apenas 17 milhões de pessoas no Brasil compraram ao menos um livro no último ano, 10% da popula-
ção. A média de leitura por habitante é de 1,8, contra 7 da França, 5,1 dos Estados Unidos, 5 da Itália e 4,9 da In-
glaterra. Em todas as nações desenvolvidas, metade da população é razoavelmente letrada, o que tem
favorecido o progresso.
O QUE HÁ DE ERRADO NA E-
DUCAÇÃO DOS BRASILEIROS?
Segundo especialistas, o sistema
educacional no Brasil é superficial. Nos
últimos 25 anos, o aprendizado foi
fragmentado, levando o aluno a somente
aprender a ler e a escrever e não o ensina a
utilizar com competência a leitura e a escrita,
ou seja, cria um aluno que lê, mas não é
letrado, porque não consegue aplicar no seu
dia a dia o que leu. O aluno não é preparado
para compreender o que lê.
São necessárias uma reavaliação e uma
revolução educacionais. A falta de políticas
públicas sérias é condenável, uma situação
que parece que gira em torno de si mesma.
Vejamos pelo caso do Estado de São Paulo
com a Progressão Continuada, criada em
1997, pelo governo Mário Covas, com o
objetivo de acabar com a evasão escolar. O
sistema de não repetência dos alunos de 1º a
8º série do ensino fundamental, vem
perpetuando a entrega do diploma ao
despreparado, ao cidadão que conclui o grau
médio, muitas vezes, sem conseguir escrever
o próprio nome corretamente.
Para a ex-professora substituta em
Biologia, Rafaela Quintanilha, falta interesse
dos professores e alunos: “O que deveria
servir como incentivo ao aluno para continuar
estudando e ao professor para acompanhá-lo
e ajudá-lo a prosseguir desenvolvendo seu
conhecimento, tornou-se um escudo para o
aluno que não se esforça, justificando
"passarei de ano assim mesmo", e uma
desculpa para o professor que não busca
melhorias na didática e justifica "este aluno
passará de ano mesmo", declara a bióloga.
COMUNIDADE ORGANIZADA
Em meio a toda essa problemática, há aqueles
que se cansaram de apenas assistir ao caos e
preferiram criar meios de aliviar a condição
desfavorável. Como o caso da Educadora Elizabeth
Cury, que criou o projeto UNIMEL (Universidade na
Melhoria da Escrita e da Leitura), no campus São
Miguel da Universidade Cruzeiro do Sul.
A iniciativa atende um público diversificado que vai
do aluno de 5º série a graduandos. O programa
incentiva à expressão oral, à leitura adequada às
diferentes situações da fala e aos diferentes níveis
de linguagem, com o objetivo de diminuir o
analfabetismo funcional.
Também, podemos citar o programa criado pelo de-
partamento Educacional da BSGI (Brasil Soka
Gakkai Internacional), “Na magia da Leitura”. Por
meio de encontros semanais, os participantes lêem,
interpretam e discutem o que compreenderam
utilizando grandes obras brasileiras, estabelecendo,
assim, a função social da leitura.

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  • 1. LIVROS FILMES Analfabetismofuncional – o malnosso de cada dia Autor: Daniel AugustoMoreiraEditora: Pioneira UmaMenteBrilhante BaseadonolivroABeautifulMind:ABiogra- phyofJohnForbesNashJr.,deSylvia Nasar.OfilmecontaahistóriarealdeJohn Nashque,aos21anos,formulouumteorema queprovousuagenialidade.Brilhante,Nash chegouaganharoPrêmioNobel. Diagnosticadocomoesquizofrênicopelos médicos,Nashenfrentoubatalhasemsua vidapessoal,lutandoatéondepôde.Como contrapontoaoseudesequilíbrioestá Alicia(JenniferConnelly),umadesuas ex-alunascomquemsecasoueteveumfi- lho. Pro Dia Nascer FelizDocumentário sobre as diferentes situações que adolescentes de 14 a 17 anos, ricos e pobres, enfrentam den- tro da escola: a precariedade, o pre- conceito, a violência e a esperança. Foram ouvidos alunos de escolas da periferia de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco e também de dois reno- mados colégios particulares, um de São Paulo e outro do Rio de Janeiro. Letramento noBrasil Autor: Vera MasagãoEditora: Global fomos maus alunos Autor: Rubem Alves e Gilberto Dimenstein Editora: Papirus Nenhum a Menos As dificuldades encontradas por uma menina de 13 anos quando tem de substituir seu professor, que viaja para ajudar a mãe doen- te. Antes de partir, ele recomen- da à garota que não deixe ne- nhum aluno abandonar a escola durante sua ausência. Quando um garoto desaparece da escola, a jovem professora descobre que ele deixou o vilarejo em dire- ção à cidade em busca de empre- go, para ajudar no sustento da família. Seguindo os conselhos de seu professor, ela vai atrás do aluno. DICASDADUCA EDIÇÃOPILOTO-NOVEMBRO/2010
  • 2. Você sabia? analfabetos funcionais, conceito criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Edu- cação, a Ciência e a Cultura) em 1978 para referir-se a pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples, não tem as habilidades necessárias para viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional . índice Ping Pong com Elizabeth Cury pg. 03 O que é analfabetismo funcional? pg. 04 Teste: Eu sou um analfabeto funcional? pg. 06 Biografia do educador Paulo Freire pg. 07 Vizinhos da Duca pg. 08 Dicas pg. 10 O Zine da Duca é uma criação dos alunos 4º semestre de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade cruzeiro do sul sob orientação da Profª Msª Regina Tavares Comunique-se com o ZD Mande comentários, críticas, sugestões, materiais diversos: zinedaduca@hotmail.com EXPEDIENTE Redação / Pauta - Adriana nascimento Diagramação /Arte - João Pontaltti Entrevista - Roberta Galvão Fotografia - Laís carvalho Assessoria /Impressão - José Roberto Pesquisa - Carolina Ribeiro Z I N E D A D U C A - N O V E M B R O / 2 0 1 0 Este é o primeiro: O Piloto. Nossas expectativas são maiores que as nossas pretensões. O desejo de contribuir ainda maior. Pesquisas, elabora- ções, discussões em torno do assunto, Analfabetismo Funcional, permeia nosso dia a dia desde que escolhemos o tema. O Zine da Duca agora é uma realidade. A questão da Educação no Brasil, ora tratada com descaso, ora com tanta seriedade, aparece aqui com uma cara despojada, mas não menos séria. Criar um veículo, uma mídia radical, questionando, expondo um assunto tão relevante em nosso país, nos dá a oportunidade de, como estudantes de Comunicação Social – Jornalismo, chegar até as pessoas. A possibilidade de não somente realizar entrevistas, matérias, reportagens, mas de nos aproximarmos de nós mesmos e de tudo que forma nossa individualidade. Na primeira página do nosso Fanzine, você encontrará uma entrevista com a educadora Elizabeth Cury, idealizadora e responsável do Programa Unimel. Em seguida, a matéria principal na qual expomos o que é e em que situação está o Analfabetis- mo Funcional no Brasil e, a partir de então, o convidamos a refletir sobre o assunto. A biografia de Paulo freire , um grande educador brasileiro, também ilustra as páginas de nossa primeira edição. Mas é claro que você não ficará somente com um mero expectador, sua contribuição será essencial, por isso, haverá duas páginas com o nome de “Vizinhos da Duca”. Dona Duca, será nossa personagem-aprendiz pelo caminho contra o analfabetismo funcional. Este é o espaço em que a comunidade expressa sua opinião dentro dos quadros “Fala aê!”. Nos encontraremos a cada quinze dias e será sempre um prazer ter você conosco. Divirta-se! A redação EdiToriAL O Zine da Duca é uma abreviação de Fanzi- ne da Educação. O nome foi dado quando seus criadores pensaram em uma persona- gem que ilustrasse a situação do analfa- betismo funcional. E então, surgiu a ima- gem da senhora esforçada, trabalhadora, mas que por alguns percalços da vida, tem dificuldades de interpretação, caracteri- zando-se como analfabeta funcional. A ilustração ficou a cargo de nossa querida amiga Maria Jaepelt. Henry e Maria Jaepelt De Santa Catarina para São Paulo, as tiras de dona duca ilustram nossas páginas. Com a colaboração de nossos amigos fanzineiros tornamos a dona duca real. Agradecemos a colaboração de nossos amigos de facebook e fanzine. Henry e Maria Jaepelt. (PALMAS) “bora” pra Santa Catarina! O Grande Lance Passam-se os meses, Passam-se os anos Décadas já se passaram E a esperança Morre a cada dia Definha na memória Junto com aqueles Que ainda viveram tão pouco... Educação pra quem Vai sempre ser ninguém. Eles não formam opinião Pra eleição. Faça a coisa certa: Não se preocupe! Porque o Brasil será Um país no futuro. De jovens alistados Nas Forças da Latência Que vão ter que jogar Pela própria sorte. Mas isso é só pros po- bres, Quase todos pretos Uma promessa indecente Pra quem é quase gente. O grande lance ainda é Ser jogador de fute- bol. Gerações de excluídos, Não mais oprimidos Pela cultura da miséria Vão lutar por seu lugar. Mas, o grande lance ainda é Ser jogador de futebol. Passam-se os meses, Passam-se os anos Décadas já se passaram E a esperança? Thiago Batista
  • 3. ViZiNhoS DA DUCA FaLa Aê!: Caro amigo, avalie comigo. Quando 68% da população é considerada analfabeta funcional, ou seja, não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, 7% analfabeta e 25% alfabetizada fica fácil de entender o fenômeno Tiririca. É um quadro muito triste, mas elegemos nossos pares, aqueles com quem nos identificamos. Entender o analfabetismo funcional vai além, de questões políticas ou sócio culturais. A meu ver é uma questão que afeta o ser em seu desenvolvimento cognitivo como um todo. O processo de ensino aprendizagem pelo qual o individuo passa ainda enquanto criança é definitivo para sua formação como leitor e acima de tudo como elemento multiplicador de ações e situações. Você pode se perguntar, mas muitos universitários ou pessoas formadas votaram no Tiririca? Então, sou forçado a lhe dizer que independente da formação o analfabetismo funcional abrange diversas áreas e níveis de ensino, bem como podemos ter analfabetos com um grau altíssimo de letramento. Inclusive é valido ressaltar a diferença entre alfabetização e letramento, em linhas gerais alfabetização é o processo de utilização do alfabeto como código de comunicação, já o letramento é a apropriação da leitura e escrita. E enquanto o caso Tiririca segue sem um fim certo (afinal de contas ele é ou não analfabeto?) deixo aqui minha questão a ser respondida por cada um independente do voto: sabemos o que fazer com o que nos é dado como opção? George Hamilton dos Santos, Pedagogo formado pela Universidade Bandeirantes de São Paulo, Educador Social, atuante na Sociedade Beneficente Caminhando para o Futuro. FaLa Aê!: A educação vem em que lugar? “Faça a coisa certa: Não se preocupe! Porque o Brasil será, um país no futuro.” E não nos preocupamos mesmo. Levante a mão qual pai de adolescente nos dias de hoje, ao procurar uma escola pública para matricular seu filho, não adota o nível de ensino somente como 3º ou 4º quesito para sua decisão. Se pensarem bem, poucas mãos estarão longe dos bolsos nesse momento. Estranho? Não é. Pela ordem, os pais pensam em: Proximidade da residência, Segurança (se a escola tem fama de “barra pesada”), Preferência dos filhos, Nível de ensino. Mas, convenhamos, dá para dizer que esse é um critério totalmente equivocado e alienado? Equivocado, talvez, afinal, se a busca é por uma instituição que tem o objetivo de oferecer formação educacional, o crivo insofismável para elegê-lo deveria ser sua eficácia em cumpri-lo; em uma situação ideal, assim seria. Alienado, infelizmente, não. As escolas públicas atingiram um nível equilibrado de ensino entre si, um nível muito baixo, que não forma, apenas informa que, com uma freqüencia de 75%, você já está educado e apto para prosseguir em sua jornada acadêmica. Diante disso, e diante também da impossibilidade de pagar por uma educação um pouco mais crível, é totalmente compreensível que os pais tomem como prioridade, ao escolher uma escola, que seus filhos voltem para casa sãos e salvos e o mais rápido possível. Thiago Batista, 28 anos, compositor, músico e produtor musical. PiNg PoNg COM: ElIzaBeTh CuRy Professora. Mestre, pela Universidade de São Paulo, em Língua Portuguesa e Estilística exerceu a função durante 13 anos na Universi- dade Cruzeiro do Sul. Hoje aposentada, se dedica aos programas: Ler e Escrever, Toda Força ao 1o. Ano (do Município); Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização (do Estado) e no projeto particular Uni- versidade na Melhoria da Escrita e da Leitura, o Unimel. Qual o perfil das pessoas que partici-pam do programa?Esse perfil é variado: temos de quintas a oitavas séries, em turmas organiza- das pelas escolas, conforme a disponi- bilidade de todos e um grupo mais hete- rogêneo, no campus São Miguel, onde temos desde pessoa graduada a estu- dantes de diferentes séries. Preferi- mos sempre formar grupos com alunos com dificuldades, mesclados a alunos de bom rendimento. Para que o programa Unimel foicriado? O programa foi criado com dupla finalida- de: estender a oportunidade de prática no ensino de leitura / produção de sentido, escrita e expressão oral aos alunos do Curso de Letras; a outra intenção foi con- tribuir com a comunidade Cruzeiro do Sul, levando a escolas da região e ao próprio campus São Miguel a oportunidade de de- senvolver esse tipo de competência, im-portante a todo equalquer cidadão. A Senhora acha que processo de alfa- betização precisa mudar? Em que? É uma pergunta complexa. Aquilo em que eu acredito, mesmo, é num traba- lho de alfabetização e letramento fei- to com bastante envolvimento de quem o faz, para que todos os sujeitos parti- cipantes entrem no movimento intenso e ao mesmo tempo cuidadoso que a mis- são exige. Assim os resultados serão positivos e prazerosos. O que a Senhora acha do sistema de pro- gressão continuada em vigor no estado de São Paulo? Se ele fosse PROGRESSÃO CONTINUADA, seriamente desenvolvida, e não PROMO- ÇÃO AUTOMÁTICA, talvez tivéssemos as- sistido a uma experiência inovadora, mas isso sequer aconteceu. Por que encontramos cada vez mais den- tro das Universidades, alunos com carac- terísticas de analfabetismo funcional? Deve ser porque o sistema instalado permite. A senhora acredita que há como recuperar os milhões de pessoas que são analfabe- tos funcionais? Se me perguntam isso, eu respondo que SIM, mas, se começasse hoje um movimento nessa direção, eu não sa- beria prever quanto tempo demoraria para tal recuperação, ainda que todos acordassem para o fato, inclusive as polí- ticas públicas. Você sabia? - o Brasil avançou muito: começamos o século 20 com cerca de 65% de analfabetos, tendo baixado pa- ra 51% em 1950 e apresentado reduções mais drásticas só a partir de 1975, para chegarmos ao ano 2000 com 13% de analfabetos. Hoje são 8%. ra sermos mais... aprendamos mais...O que significa para o nosso país, milhares de pessoas que não conseguem se expressar corretamente? Creio que não ter as competências leitora e escritora, bem como a oral, que habilitam um cidadão a transitar pelos diferentes fa- lares de sua língua materna, é fator signifi- cativo no nível de desenvolvimento do país.
  • 4. Você sabia? - na Alemanha, a taxa de analfabetos funcionais é de 14%. Nos EUA, 21%. Na Inglaterra, 22% (para melhorar esta taxa, o governo britânico introduziu a "Hora da Leitura" no ensino fundamental ). Na Suécia, a ta- xa é de 7%. Estudantes da classe média brasileira lêem pior do que operários alemães. É denominada analfabeta funcional, a pessoa que não possui habilidade para interpretação de textos, mesmo tendo a capacidade de ler e escrever. Podemos classificar também, a pessoa na situação de escolaridade inferior a quatros anos, que tenham mais de 15 anos de idade. Na última pesquisa realizada pelo PNAD ((Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009, divulgada no dia oito de setembro deste ano e por meio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 20,3% da população brasileira é caracterizada como analfabeta funcional. Sendo o quinto país mais populoso do mundo, com 192.304.735 de habitantes (IBGE), o Brasil carrega a marca de ter aproximadamente 39 milhões de pessoas que só compreendem frases curtas e operações aritméticas básicas. Sem contar os 14,1% que não sabem ler e escrever. Apesar dos dados preocupantes, o analfabetismo funcional vem diminuindo. Em 2004, o índice era de 24,4%. Na região Sudeste, mais estruturada e politizada, o índice de analfabetos funcionais está em torno de 15%. No nordeste, além da seca e da falta de trabalho, os nordestinos sofrem mais com a baixa qualidade do ensino, o que resulta uma taxa de 30,8%. O ANALFABETO FUNCIONAL E A UNIVERSIDADE A dona de casa, Maria Nilva do Nascimento, parou de estudar jovem porque precisava ajudar a mãe financeiramente. Por várias vezes, tentou voltar aos bancos escolares sem ter sucesso. Todas as vezes que precisa resolver algum problema no Banco, precisa chamar o filho mais velho. “Nunca consigo entender o que a gerente fala do meu extrato bancário”, diz a aposentada. São pessoas como estas que conseguem enviar seus filhos a Universidade, mas não tem no- ção se eles terão a real capacidade de exercer o que aprenderam. A verdade é que, cada vez mais, as Faculdades precisam se preocupar com o despreparo dos estudantes que chegam às salas de aula com dificuldade de aprendizagem. Para o professor de técnicas de rádio da Universidade Cruzeiro do Sul, tanto os alunos quanto os professores, precisam trabalhar juntos e enfrentar esse problema de frente: ”Para tentar solu- cionar ou amenizar o problema, entendo que basta vontade, por parte do professor, de ter paciência para dar uma atenção maior para esses discentes. Tenha a certeza de que o resultado final será muito bom para o professor – notar uma melhora significativa no rendimento do aluno – e melhor ainda para o próprio aluno – perceber resultados positivos no seu aprendizado”, conclui o docente. ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL Você sabia? - no Brasil a escola tradicional é construída no modelo da linha de montagem, tempo mecânico. Então se transforma em uma experiência de sofrimento, e as crianças não aprendem, o caminho da reforma da educação não passa por novas tecnologias, nem novas ciências, passa pelo coração. Biografia Paulo Freire Paulo Reglus Neves Freire, mais conhecido como Paulo Freire, nasceu em 1921 no estado do Pernambuco, era educador e filosofo brasileiro, um dos mais importantes. Pertenceu a uma família de classe média, o que não o impediu de conhecer a pobreza e a fome na infância, durante a depressão em 1929, por isso, sua preocupação com a educação dos mais pobres. Pode ser definido como estudioso e ativista social. Tinha por objetivo ensinar a ler desenvolvendo uma visão crítica da sociedade a partir do uso de palavras, ações e termos ligados à realidade do aluno. Fez uma síntese de algumas correntes filosóficas de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Na Universidade do Recife, em 1943, fez a Faculdade de Direito, mas preferiu se dedicar ao estudo da filosofia da linguagem e lecionar em uma escola de segundo grau. Em 1946, tornou-se diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social em Pernambuco. Em 1962, suas primeiras experiências de alfabetização popular, ou seja, a primeira aplicação do Método Paulo Freire. Em 1963, chefiou um programa de alfabetização e conseguiu, em 45 dias, alfabetizar 300 adultos. Em 1964, coordenou o Plano Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, até que foi surpreendido pelo golpe militar. Durante a ditadura seus métodos foram considerados subversivos e compactuantes com o comunismo. Teve de se exilar e só pode voltar ao Brasil em 1979. Exilado no Chile, expôs seus méto- dos de alfabetização no livro Pedagogia do Oprimido, onde escreveu sobre a alfabetização de adultos inseridos nas camadas menos favorecidas da sociedade. No Chile foi consultor da UNESCO. Na Suíça, consultor do Escritório de Educação do Conselho Mundial de Igrejas, onde desenvolveu programas de alfabetização para a Tanzânia e Guiné Bissau. Nos Estados Unidos ministrou aulas na Universidade de Harvard. Perguntas como: Quê? Por quê? Como? Para quê? Por quem? Para quem? Contra quê? Contra quem? A favor de quem? A favor de quê? Faziam com que os alunos compreendessem a razão e finalidade das coisas, e se alfabetizassem a partir de assimilações. Quando Freire retornou ao Brasil escreveu mais dois livros – Pedagogia da Esperança e À Sombra desta Mangueira – e lecionou na Unicamp e na PUC-SP. Em 1989 foi secretário de Educação do Município de São Paulo. Nessa fase, criou o MOVA – Movimento de Alfabetização – programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos, até hoje adotado em algumas prefeituras. Em 1991, foi fundado o Instituto Paulo Freire. No instituto está disponível arquivos do educador. O local realiza numerosas atividades relacionadas às idéias de Freire e atua em projetos da educação brasileira e mundial. Faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo, vítima de infarto.
  • 5. 1. Qual o seu nível de escolaridade? A) Nunca estudei B) Estudei 4 anos ou menos C) Terminei pelo menos o 1º grau 2. Você tem dificuldade de se comunicar com as pessoas? A) Sim, fico inseguro e acanhado, porque tenho medo de não ser compreendido. B) Depende do assunto C) Não, não tenho dificuldades de me comunicar 3. Costuma argumentar o seu ponto de vista sobre determi- nada situação? A) Prefiro não expor minha opinião, já que nunca consigo formu- lar uma idéia. B) Só quando conheço muito bem o assunto, caso contrário pos- so não conseguir argumentar. C) Sempre exponho minha opinião, estamos aqui para aprender sempre. 4. Houve situações que você leu um texto/ reportagem/ citações e não conseguiu compreen- der? A) Sempre acontece. B) Já aconteceu algumas vezes, mas li de novo e conse- gui entender. C) Dificilmente isso acontece. 5. Você tem o hábito de pra- ticar a leitura? A) Nunca tive o hábito, tenho dificuldades. B) Tento ler, mas sempre me confundo. Tenho que ler a mesma coisa várias ve- zes. C) Sim, leio moderadamente. 6. Em relação às operações aritméticas, você: A) Não compreende nenhuma. B) Compreende apenas as básicas como: adição, subtração, multiplicação e divisão. C) Consigo lidar com fórmulas, porcentagens e cál- culos mais complexos. 7.Emumtextolongo,você: A)Nãoconsegueextrairasinformaçõesenemtirarumaconclusãodo mesmo. B)Consegueextrairapenasinformaçõesdifusasdotexto,comuma noçãobásicadaconclusão. C)Compreendeeextraitodasasinformaçõesessenciaistendoassim umaboaconclusão. Maioria A- Nível 1, também conhecido como alfabetização rudimentar, concebe aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldades com a compreensão de números grandes e em fazer as operações aritméticas básicas. Maioria B - Nível 2, também conhecido como alfabetização básica, concebe aqueles que conseguem ler textos curtos, mas só conseguem extrair informações esparsas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a respeito do mesmo; e também conseguem entender números grandes, conseguem realizar as operações aritméticas básicas, entretanto sentem dificuldades quando é exigida uma maior quantidade de cálculos, ou em operações matemáticas mais complexas Maioria C - Nível 3, também conhecido como alfabetização plena, concebe aqueles que detêm pleno domínio da leitura, escrita, dos números e das operações matemáticas (das mais básicas às mais complexas). Eusouumanalfabetofuncional??? Você sabia? - apenas 17 milhões de pessoas no Brasil compraram ao menos um livro no último ano, 10% da popula- ção. A média de leitura por habitante é de 1,8, contra 7 da França, 5,1 dos Estados Unidos, 5 da Itália e 4,9 da In- glaterra. Em todas as nações desenvolvidas, metade da população é razoavelmente letrada, o que tem favorecido o progresso. O QUE HÁ DE ERRADO NA E- DUCAÇÃO DOS BRASILEIROS? Segundo especialistas, o sistema educacional no Brasil é superficial. Nos últimos 25 anos, o aprendizado foi fragmentado, levando o aluno a somente aprender a ler e a escrever e não o ensina a utilizar com competência a leitura e a escrita, ou seja, cria um aluno que lê, mas não é letrado, porque não consegue aplicar no seu dia a dia o que leu. O aluno não é preparado para compreender o que lê. São necessárias uma reavaliação e uma revolução educacionais. A falta de políticas públicas sérias é condenável, uma situação que parece que gira em torno de si mesma. Vejamos pelo caso do Estado de São Paulo com a Progressão Continuada, criada em 1997, pelo governo Mário Covas, com o objetivo de acabar com a evasão escolar. O sistema de não repetência dos alunos de 1º a 8º série do ensino fundamental, vem perpetuando a entrega do diploma ao despreparado, ao cidadão que conclui o grau médio, muitas vezes, sem conseguir escrever o próprio nome corretamente. Para a ex-professora substituta em Biologia, Rafaela Quintanilha, falta interesse dos professores e alunos: “O que deveria servir como incentivo ao aluno para continuar estudando e ao professor para acompanhá-lo e ajudá-lo a prosseguir desenvolvendo seu conhecimento, tornou-se um escudo para o aluno que não se esforça, justificando "passarei de ano assim mesmo", e uma desculpa para o professor que não busca melhorias na didática e justifica "este aluno passará de ano mesmo", declara a bióloga. COMUNIDADE ORGANIZADA Em meio a toda essa problemática, há aqueles que se cansaram de apenas assistir ao caos e preferiram criar meios de aliviar a condição desfavorável. Como o caso da Educadora Elizabeth Cury, que criou o projeto UNIMEL (Universidade na Melhoria da Escrita e da Leitura), no campus São Miguel da Universidade Cruzeiro do Sul. A iniciativa atende um público diversificado que vai do aluno de 5º série a graduandos. O programa incentiva à expressão oral, à leitura adequada às diferentes situações da fala e aos diferentes níveis de linguagem, com o objetivo de diminuir o analfabetismo funcional. Também, podemos citar o programa criado pelo de- partamento Educacional da BSGI (Brasil Soka Gakkai Internacional), “Na magia da Leitura”. Por meio de encontros semanais, os participantes lêem, interpretam e discutem o que compreenderam utilizando grandes obras brasileiras, estabelecendo, assim, a função social da leitura.