Convidado: Andrés Sanchez, ex-presidente do Sport Club Corinthians Paulista e atual responsável pelas obras da Arena Corinthians, em Itaquera, a qual sediou a abertura da Copa do Mundo 2014, foi o convidado da vez.
Resumo: O encontro discutiu o legado que a Copa do Mundo deixa para a juventude, inclusive pra esta geração de jovens que tem saído às ruas manifestando-se com palavras de ordem contra o evento esportivo. Acostumado a lidar com as visitas oficiais de membros da FIFA, dessa vez Sanchez esteve com a Agência Blitz para um bate-papo construtivo com jovens interessados no tema.
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3. Organizado pela Agência Blitz com os apoios da Faculdade
Sumaré e da Eventials, o LabJovem chegou à sua quarta edição
contando com a participação de Andrés Sanchez, ex-presidente
do Corinthians e atual responsável pelas obras da Arena do clube,
que sediará a abertura da Copa no Brasil.
Adorado pela torcida, admirado por ter concretizado o sonho de
um estádio do time, mas também muito criticado pela mídia,
Sanchez foi recebido no auditório lotado da faculdade na noite
de 29 de maio. O evento reuniu jovens estudantes, profissionais de
comunicação e marketing e demais interessados, além de contar
com as presenças do Secretário de Esportes da cidade de
Campo Limpo Paulista, César Augusto de Assis, de Guilherme
Ginjo, Coordenador de Marketing e Relações Internacionais da De
Montfort University (DMU) da Inglaterra e de Marcelo Rocha, Geren-
te de Marketing da marca de preservativos Preserv.
Embora o convidado especial não tenha fugido de temas
polêmicos levantados pela plateia, como sua conturbada
relação com a imprensa e denúncias envolvendo a construção
da Arena, a ocasião favoreceu aspectos construtivos da influên-
cia do megaevento esportivo no país. Entraram na pauta do
debate questões de interesse coletivo, especialmente para a
parcela jovem da população, como desenvolvimento do entorno
da Arena Corinthians, em Itaquera, oportunidade de novos negó-
cios, desevolvimento tecnológico, geração de emprego e
fomento ao esporte.
PALAVRAS DE ORDEM
A conversa lembrou a atual resistência à Copa por uma parcela
da juventude e questionou se ainda seria possível estimular que
esses jovens abraçassem a causa do grande evento. “Já fiz muita
passeata, já reclamei muito. Mas acho que esses jovens que
estão indo reclamar estão pegando um gancho errado. Concor-
do que tem que reclamar do hospital, da escola, da faculdade,
da segurança, mas não concordo em usar a Copa como se tudo
estivesse ruim por causa disso. Não acho justo”, disse o ex-presi-
dente do Corinthians.
Na visão de Sanchez, a resistência neste momento não faz
sentido. “Nós sabíamos que teria Copa aqui desde o final de
2006. Naquele momento a população poderia ter se organizado
para ter ou não ter Copa no Brasil, não agora, às vésperas do
evento”, disse.
“Conseguimos ainda reverter o quadro de revolta?” - perguntou
COPA
2014Andrés Sanchez frente a frente com
a juventude que torce, que resiste,
mas sobretudo, que pensa!
4. Embora o convidado especial não tenha fugido de temas
polêmicos, a ocasião favoreceu aspectos construtivos
da influência do megaevento esportivo no país.
César Augusto de Assis, Secretário de Esportes de Campo Limpo Paulista.
“Tenho 50 anos, ainda tenho esperança. Temos que acreditar senão
estamos perdidos. Brasileiro tem mania de achar que todo mundo é pilan-
tra. Isso é cultural. Às vezes a critica pejorativa acaba valendo mais do que
um benefício feito. No futebol, o cara pode administrar mal, roubar, mas se
ganhou o campeonato, ótimo. Se você faz tudo certo mas perde o cam-
peonato, você é ladrão também e ainda pé frio”, declarou Andrés, provo-
cando risos na plateia.
LEGADO PARA A ZL
Para a Zona Leste da cidade, especialmente em suas áreas mais distantes,
um estádio de futebol pode promover um desenvolvimento social nunca
antes visto. “São coisas que deviam ter feitas há vinte anos e não fizeram.
Mas eu espero que continuem fazendo. É óbvio que para a Zona Leste a
Copa do Mundo é um belo legado. A região vai se transformar em uma
das melhores da cidade. Hoje é uma “zona dormitório” com 4 milhões de
habitantes que precisam sair de lá pra ir trabalhar. Então os novos empre-
endimentos vão ajudar bastante aquela área que sempre foi muito discri-
minada”, declarou.
“É provado que quando se faz uma arena de futebol ou de eventos nos
100 quilômetros em volta o desenvolvimento é muito rápido e crescente.
A Zona Leste, especialmente Itaquera, está tendo benefícios, deve conse-
guir trazer grandes empresas e grandes negócios”, afirmou Andrés que
também acumula experiências como Chefe da Delegação Brasileira da
Copa na África do Sul (2010) e Diretor de Seleções da CBF (2011-2012).
ITAQUERÃO
“O Corinthians iria fazer um estádio independente de ser abertura de Copa
ou não. Mas com certeza foi uma vitória muito grande. Porém é um
estádio que as pessoas ainda não entenderam. Não é só para o time de
futebol. É um centro de convenções, tem um pequeno shopping, tem
40.000 m² para ser usado para qualquer tipo evento”, ressaltou Andrés.
Entre as várias polêmicas envolvendo o nome da Arena houve a que dizia
que o ex-Presidente Lula havia dado o estádio para o Corinthians. Sobre
este assunto, Sanchez foi categórico. “A única participação do Lula, até
como conselheiro do Corinthians, foi me chamar e dizer que se conseguis-
se colocar o projeto de pé que não fosse no Pacaembu e sim em Itaque-
ra. A maioria no Corinthians não queria Itaquera. Eu também briguei para
que fosse lá, fui um dos poucos. Vamos deixar esse legado para a Zona
Leste. Hoje você vê sendo noticiados os incentivos fiscais direcionados a
empresas que se instalarem lá”, argumentou.
Segundo Andrés, há investimentos governamentais para corrigir as defici-
5. "É óbvio que para a Zona Leste a Copa do Mundo
é um belo legado. A região vai se transformar
em uma das melhores da cidade"
- Andrés Sanchez
ências em infraestrutura tecnológica e de mobilidade urbana. “Celular às
vezes não funciona nem na Paulista, imagine no fundão da Zona Leste? O
trem e o metrô para a Zona Leste é muito bom, no jogo-teste não houve
problema nenhum. Obviamente precisa melhorar, mas o melhor jeito de ir
pra lá é mesmo pegando metrô ou trem. Vamos torcer para que após a
Copa as empresas que estão indo pra lá invistam em mais melhorias”,
disse.
“Eu fico louco quando ouço falar no 'aeroporto pra Copa'. Os aeroportos
são nossos, com ou sem Copa. Não tem que melhorar aeroportos por
causa disso, tem que melhorar por causa do Brasil”, completou Andrés.
TURISMO
O forte apelo turístico do Brasil, agora potencializado pela Copa, fez
fomentar ações do governo que qualificam jovens para funções como
baristas, garçons, auxiliares de cozinha e recepcionistas, como informa o
Portal da Copa, site oficial do Governo Federal com conteúdo acerca do
evento. O Pronatec Turismo tem formado jovens em situação de vulnerabi-
lidade em cada uma das dozes cidades-sede, diz o site. Ainda de acordo
com o portal, o Brasil pretende ser a terceira maior economia turística do
mundo até 2022. Para Andrés Sanchez, há muito trabalho a ser feito nesta
área.
“Nós teríamos que receber os turistas de maneira muito melhor. Não como
pessoas, mas como estrutura, para que eles voltem”, disse. Contudo,
Sanchez também acredita que falta aos brasileiros saber responder às
críticas externas quanto à criminalidade no país. “Estive em um grande
hotel em Paris e me disseram para não ir em determinadas ruas porque
seria perigoso. Isso ninguém fala, porque é Paris. Em Nova Iorque existem
ruas onde você não pode andar a pé. Mas Nova Iorque é Nova Iorque”,
ironizou.
CONVIDADO ESPECIAL
Andrés Sanchez contou que dificilmente deixa de comparecer a eventos
em escolas, faculdades e ONGs e o que mais o motivou a aceitar o convi-
te da Agência Blitz para o LabJovem#4 foi pela possibilidade do diálogo
direto com a juventude. “A Blitz faz um trabalho muito legal que parte dos
jovens. Acho muito interessante porque todo mundo ouve e lê muita coisa
por aí que nem sempre é verdade. A imprensa já especulou muito sobre a
minha vida pessoal e isso me incomoda. Então o que me incentiva a estar
aqui é poder falar quem eu sou, do jeito que eu sou, com defeitos e
virtudes. Mostrar um pouco a minha cara, que não é muito bonita, mas
'vamo que vamo'”, finalizou.