O documento resume as principais características dos asquelmintos, com foco no filo Nematoda. Os nematódeos são vermes cilíndricos microscópicos ou milimétricos, com cutícula tri-lamelar e pseudocele preenchido por fluido. A maioria é dióica e parasita animais ou vive livre no solo ou água. Seus órgãos incluem tubo digestivo completo, sistema nervoso com anel ao redor do esôfago e aparelho reprodutor masculino e feminino.
3. Historicamente foram descritos como pseudocelomados significando que tinham uma cavidade pseudocele preenchida por fluido tecidual conjuntivo. Nos últimos 30 anos através de estudos ultra estrutural e embriológico verificaram que muitos asquelmintos são acelomados como os gastrótricos, os quinorrincos e a maioria dos nematódeos.
6. FILO NEMATODA (grego: nema = fio / eidos = forma) Vermes cilíndricos ( ± 12.000 espécies descritas) ocorrência desde regiões polares até os trópicos Habitat vida livre marinho, água doce bentônicos terrestres vivem num filme de água - partículas do solo espécies aquáticas incluem fontes quentes (temp. 35ºC) e água de bromélias espécies criptobióticas (metabolismo 0,01% do normal e teor de água reduz a menos de 1%)
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8. Estrutura Externa forma cilíndrico, delgado e alongado afilado nas extremidades tamanho microscópios 7 mm / alguns até 5 cm Formas parasitas podem chegar até pouco mais de 1 m
9. Parede corporal cutícula formada por colágeno é tri-lamelar (córtex, mediana e basal) epiderme secreta a cutícula e é geralmente celular mas pode ser sincicial músculos somente longitudinais divide o corpo em 4 quadrantes, cada fibra muscular se liga ao cordão nervoso longitudinal dorsal ou ventral pseudocele contém fluido hidrostático
10. (Adaptado de Barnes, 1985) SECÇÃO TRANSVERSAL DO CORPO DE UM NEMATÓDEO NA ALTURA DO ESÔFAGO COM DESTAQUE AO TEGUMENTO
11. Ornamentações da cutícula A cutícula pode ser esculpida ou ornamentada: depressões, cristas, anéis, estrias, cerdas, verrugas, papilas, etc. Exemplos de ornamentações: 1: M. bulbosum, cauda da fêmea (Blaylock & Overstreet, 1999). Sulcos, elevações e microescudos. 2: A. suum, larva de quarto estádio (Fagerholm et al., 1999). Estrias transversais e longitudinais.
12. DETALHES DA REGIÃO ANTERIOR DE Haemonchus placei A: Papila cervical. B: Papila cervical, abertura bucal e detalhes da cutícula.
13. Locomoção ondas contração alternada da musculatura dorsal e ventral chicoteamento que envolve um movimento em alças ou como aquele das lagartas natação alguns, por curta distância
14. Nutrição vida livre carnívoros (pequenos metazoários até outros nematoda) fitófagos parasitas de animais (vertebrados e invertebrados) bacteriófagos e micetófagos (constituem o maior grupo de organismos que se alimentam de fungos e bactérias, tem grande importância nas cadeias alimentares que tem origem nos decompositores.
15. Aparelho digestório Estomodeo: Boca, cavidade bucal tubular, faringe ou esôfago tubular; revestida por cutícula Mesêntero ou intestino: Intestino longo com uma única camada de célula epitelial; Proctodeo ou reto: reto curto, cloaca nos machos, ânus nas fêmeas; revestida por cutícula
16. circundada por 3 lábios (terrestres e parasitas) com papilas sensoriais e anfídeos. Região anterior de Ascaris suum: 1: Abertura bucal trirradiada (vista frontal) com 3 lábios 2: Região anterior (vista lateral). Deirídeo sensitivo (seta). 3: Denticulações labiais. 4: Anfídeo. (Fagerhoim et al., 1998) Boca
17. Cavidade bucal - estilete oco / sólido secreta enzimas e protrai da cavidade bucal - dentes Faringe ou esôfago- bulbo muscular (bombear) enzimas digestivas - faringe e intestino Enzimas digestivas são produzidas pelas glândulas faríngeas e pelo epitélio intestinal. A digestão inicia-se extracelularmente no interior do lúmen intestinal, mas é completada intracelularmente.
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19. Sistema nervoso Anel nervoso ao redor do esôfago . Nervos anteriores (anelares) e posteriores (dorsal, ventral e laterais - 4 cordões longitudinais). Órgãos sensitivos : papilas, cerdas - mecanorrecepção , anfideos (cefálica) e fasmídeos (cauda) - quimiorrecepção
20. Aparelho excretor Glandular e/ou tubular em forma de H, U invertido ou assimétrico, com poro excretor ventral e anterior (altura do esôfago). Função: osmorregulação, regulação iônica e excreção de outros metabólitos . Pela parede do corpo difundem os íons de amônia. A, Renete de duas células de Rhabdias. (Segundo Chitwood, de Hyman). B, Sistema excretor tubular em forma de H. (segundo Tornquist, de Hyman). (Barnes, 1984).
21. Maioria dióico / alguns hermafroditas e partenogenéticos fêmea maior que macho Macho parte posterior enrolada função cópula Reprodução
22. A, Extremidade posterior do macho de Pseudocella. (Modificada de Hope). B, Parasita de térmita. Pristionchus aerivora , em copulação. (Segundo Merril e Ford, de Hyman). (Barnes, 1984).
23. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Testículo tubular vaso deferente com vesícula seminal, canal ejaculatório muscular (contém glands. prostáticas) que se conecta com a cloaca. Órgãos acessórios de cópula (espículos, gubernáculo, telamon, asas caudais, papilas genitais e bolsa copuladora). A e B: Monórquicos, C, D e E: Diórquicos, D e E: Distendidos, A, B e C: Reflexos. te = testículo. sem v = vesícula seminal. . vd = vaso deferente. ej gl = canal ejaculador. clo = cloaca. (Flechtmann et al., 1987).
24. ÓRGÃOS ACESSÓRIOS DE CÓPULA DO MACHO DE NEMATÓDEOS PARASITAS DE ANIMAIS E DO HOMEM Ordem Strongylidea A: Região posterior. B: Trichostrongylus spp. C: Paracooperia nodulosa. D: Haemonchus contortus . E: Nematodirus battus
25. EXEMPLOS DE CAUDAS DE MACHO SEM BOLSA COPULADORA (Ordem Ascarididea, Ordem Oxyuridea e OUTRAS) A: Abertura da cloaca, com papilas pré e pós cloacais. B: Papilas pré cloacais. C: Fasmídeo. D: M. alii - Diplogasterida de grilo (Luong et al., 1999) E: Esquema da cauda de Hedruris hanleyae - Hedrurida , de lagartos (Bursey & Goldberg, 2000). Ascaris suum (Fagerholm et al., 1998)
26. FEMININO Geralmente dois ovários (retos e enrolados), oviduto tubular, útero alongado e amplo contém receptáculo seminal, ovejetor, vagina e vulva ou poro genital que pode estar na região anterior, mediana ou posterior do corpo. A e B: Monodelfas prodelfas; C e D: Didelfas anfidelfas, E: Didelfas prodelfas ou opistodelfas, A e C: Ovários distendidos, B, D e E: Ovários reflexos.
28. CARACTERÍSTICAS DO APARELHO REPRODUTOR DE FÊMEAS A: Região vulvar de H. contortus com “flap” vulvar (região mediana). B: Região vulvar de Skrjabinagia boevi (região mediana). C: Paracooperia nodulosa (região mediana). D: Oesophagostomum quadrispinulatum (região posterior). E: Cauda mostrando o detalhe do ânus em forma de fenda ( A. suum ) B e C: Starke et al. (1983); D: Zocoller et al. (1987); E: Fagerholm et al. (1998)
31. Fecundação é interna Número de ovos: Variável de acordo com a espécie. Ascaris até 200.000/dia/fêmea A: Ovo de Toxocara vitulorum ( 69-95 X 60-77 m) identificado nas fezes (MO). B: Ovo de Ascaris à microscopia eletrônica de varredura (Ishii et al., 1974). Medem de 50 a 100 X 20 a 30 m. Com 3 camadas (camada vitelina protéica é a mais externa; camada quitinosa é a mais rija e a camada lipóide ou lipídica é a mais interna). DESENVOLVIMENTO
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34. Ovos de Ascaris suum eclodindo no laboratório, mostrando que a forma infectante é a L3 devido a presença de duas bainhas (Geenen et al., 1999). ECLOSÃO
35. Os estádios jovens: larvas (semelhante ao adulto): quatro mudas até atingir o estádio adulto . Duas primeiras mudas pode ocorrer dentro ou fora do ovo e duas mudas dentro do hospedeiro (parasitas de animais). Ascaris spp. A: Ovo recém-eliminado, B: Ovo embrionado, C: Ovo infértil, D: Eclosão da larva, E: Larva nos tecidos do hospedeiro. (Adaptado de Rey, 1991)
36. PARASITISMO bem desenvolvido em todos os graus e tipos -Ectoparasitas e endoparasitas de vegetais e de animais invertebrados - Parasitas de vertebrados (de maior interesse) como : Zooparasita adultos com 1 hospedeiro - Ascaris Zooparasita com hospedeiro intermediário - Wuchereria Zooparasitas com dois hospedeiros intermediários – Dioctophyme renale (1º hosp. Anelideo; 2º hosp. Peixe) Adultos zooparasitas que se alternam com adultos de vida livre, por exemplo, em Strongyloides spp .
37. CLASSIFICAÇÃO DOS NEMATÓDEOS PARASITAS DE VERTEBRADOS (homem e animais domésticos) de acordo com Yamaguti (1961) A. CLASSE ADENOPHOREA (Afasmidia) ORDEM TRICHURIDEA : Assemelhando-se a um chicote e sem fasmídeos. - Trichuris, Capillaria, Trichinella
39. Trichuris – vive no intestino grosso T. trichiura - homem T. suis – suíno T. discolor – bovino T. vulpis – cão T. muris – camundongos
40. Trichinella spirallis homem ingere a carne crua ou mal cozida contaminada com a L1 encistada na musculatura macho – 1,4 a 1,6mm e a fêmea o dobro
41. B. CLASSE SECERNENTEA (Phasmidia) - Inclui a maior parte dos nematódeos parasitas de vertebrados . ORDEM RHABDIASIDEA : Pequeno porte e delgados com fêmeas partenogenéticas. FAMÍLIA STRONGYLOIDIDAE - Strongyloides ORDEM ASCARIDIDEA : Três lábios desenvolvidos, sem bolsa copuladora com dois espículos iguais ou sub-iguais, de grande porte e sem ornamentação cuticular. Gêneros : Ascaris, Parascaris, Toxascaris, Toxocara, Ascaridia.
42. 1–Adultos no lume intestinal, 2–Ovo no intestino, 3–Ovo sai nas fezes, 4–Ovo em desenvolvimento, 5– Ovo com larva infectante, 6–Rato – hospedeiro paratênico, 7–Ovo ou rato é ingerido pelo cão, 8-Eclosão com liberação da larva; 9–Larva penetra na parede intestinal, 10–Larva, pelo sangue, atinge o fígado, 11–Larva atinge o coração direito, 12-Larvas nos pulmões; 13–Larva ultrapassa os pulmões e atinge o coração esquerdo, 14–Larva nos tecidos somáticos e 15–Larva atinge o feto. CICLO BIOLÓGICO DE Toxocara canis
43. ORDEM STRONGYLIDEA : Machos com bolsa copuladora e dois espículos iguais. Algumas famílias: FAMÍLIA STRONGYLIDAE - Strongylus, Alfortia, Delafondia , FAMÍLIA CYATHOSTOMIDAE - Oesophagostomum, Chabertia; FAMÍLIA TRICHOSTRONGYLIDAE - Ostertagia, Hyostrongylus, Cooperia, Trichostrongylys, Nematodirus e Haemonchus; FAMÍLIA ANCYLOSTOMATIDAE - Ancylostoma, Necator, Bunostomum; FAMÍLIA PROTOSTRONGYLIDAE - Dictyocaulus e Metastrongylus;
45. Sintomas : mucosas pálidas, pelos arrepiados, desidratação, magreza, abdômen distendido, diarréia, edema sub-mandibular (papeira) e prostração
46. Ciclo de vida dos vermes da Ancilostomose. (Markell & Voge, 2003). Família Ancylostomatidae Boca - Necator
47. ORDEM DIOCTOPHYMIDEA - nematódeos de porte médio ou grande; macho com bolsa copuladora sem raios bursais. Heteroxenos. Gênero: Dioctophyme - adultos parasita dos rins de carnívoros. ORDEM OXYURIDEA - cauda da fêmea muito longa e afilada, esôfago com bulbo posterior nítido. Adultos parasitas do intestino grosso, sem migração pelos tecidos. Gêneros: Oxyuris, Heterakis, Enterobius
48. ORDEM SPIRURIDEA : Esôfago geralmente dividido em duas regiões, uma muscular, curta e outra alongada e glandular. Macho com extremidade posterior geralmente enrolada. Gêneros: Habronema, Spirocerca, Gongylonema e outros. ORDEM FILARIDEA : Macho com ou sem asa caudal, com espículos diferentes, adultos parasitas teciduais de vertebrados, larvíparos com larvas denominadas de microfilárias. Gêneros : Wuchereria, Oncocerca, Dirofilaria
49. Wuchereria bancrofti - Modo de transmissão Manifestações alérgicas podem aparecer um mês após a infecção. As microfilárias, em geral, aparecem no sangue periférico de 6 a 12 meses após a infecção com as larvas infectantes da W. bancrofti. Período de incubação Não se transmite de pessoa a pessoa. O ciclo se faz de homem infectado com microfilaremia picado por inseto transmissor Culex quinquefasciatus ( principal transmissor no Brasil), após maturação das microfilárias que ocorre entre 12 a 14 dias do repasto sangüíneo. A microfilaremia pode persistir, aproximadamente, de 5 a 10 anos.