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CAMPO GRANDE - MS
Para o aluno aprender bem (Demo, 2008), precisa pesquisar e
elaborar. Segundo esses autores (Maturana, 2001. Capra, 2002), todo ser
vivo possui dinamismo autônomo de dentro para fora, de tal sorte que, se
relacionar-se com o mundo externo, o faz como sujeito observador, não
como mero objeto de pressão externa. Aprendizagem é dinâmica
reconstrutiva política(Demo,2002), voltada para a forja do sujeito capaz de
história própria.
A marca mais incisiva do conhecimento é sua potencialidade
disruptiva, através da qual o ser humano se rebela e confronta com todos
os seus limites, transformando-os em desafios. Conhecimento é tão
importante que não pode ser apenas transmitido, copiado, reproduzido. O
signo maior do conhecimento e da aprendizagem é a autonomia disruptiva,
exercitada como autoria.
1. Signo de quem não domina o assunto, é usado para distrair (desfazer a atenção) o leitor,
iludindo-o com quantidade o que falta em qualidade.
2. É preciso “dar conta” do tema, da melhor maneira possível, mas dentro da relatividade
metodológica orientada pelas relevâncias assumidas no trabalho: é imprescindível faze o que parece
relevante, deixando-se de lado o que já seria enfeite, conotação, acessório.
Metodologicamente falando, uma introdução é composta de apenas três componentes
imprescindíveis: i) tema a ser tratado; ii) hipótese de trabalho; iii) partes de que vai constar o texto. Este
tipo de arrumação sucinta possui, ademais, vantagem notória: geralmente, os leitores, quando se
defrontam com um trabalho sistemático, tendem a ler a introdução e a conclusão.
3. É comum a falta de sistematicidade do texto, de sorte que o assunto vai e volta, sobe e
desce, muitas vezes nem sai do lugar. Há textos que contêm vários temas, bem como aqueles que
parecem não ter tema nenhuma, porque nada aprofundam.
4. Para evitar este problema, propõe-se como regra, a formulação de hipótese de trabalho
tipicamente convergente, cujo sentido é orientar o pesquisador a chegar a um lugar determinado. É
trágico descobrir, lá pela metade do tempo de trabalho, que o tema não funciona, seja porque é grande
demais, perdido demais, ou difícil demais.
5. O pesquisador precisa saber evadir-se de problemas que não quer (pode) enfrentar,
aludindo que, para seu tema específico, seria aceitável não entrar no assunto ou emprestar-lhe
aprofundamento maior. Não cabe em tema científico, abordar certo assunto e deixar no ar.
6. De um lado, estão as formas do texto ( como citar, fazer capítulos e partes, folha de
rosto, etc.), e de que aqui não trato, por ser questão apenas circunstancial; estou mais interessado no
conteúdo, do que na roupagem – não adianta ordenar o vazio. Lê-se melhor texto bem feito, até mesmo
para criticar.
1. Trato de apenas dos vícios capitais, teórico e metodológico.
2. Por vício teórico podemos entender vários níveis de problemas no texto, que vão desde defeitos na
argumentação, reducionismo teórico, teoricismo (perder-se no mundo da teoria), até falta de domínio teórico,
comprometendo a habilidade de argumentar:
a) sendo ciência a arte de argumentar, e, sendo argumentar substancialmente questiona, é o que decide
crucialmente a qualidade do texto;
b) a qualidade teórica implica conhecimento de teorias e autores;
c) vício comum é acreditar que a teoria represente a realidade diretamente como se fosse cópia
fidedigna;
d) em qualquer texto, temos tentativa mais ou menos exitosa de da conta de um tema, no contexto
tendencialmente limitado do tratamento analítico;
e) em todo texto é preciso buscar alguma originalidade, pelo menos no sentido da reconstrução com mão
própria;
f) o jogo teórico implica lógica;
3. Por vício metodológico entendemos principalmente dois problemas: deficiência na concepção
epistemológica que não se alerta para a necessidade de questionar o conhecimento científico; deficiência no
tratamento, produção e interpretação de dados. Quanto à deficiência epistemológica, cabe assinalar:
a) não é comum encontrarmos autores com consciência crítica e autocrítica bem formulada em termos
do caminho científico próprio(Sokal/Bricmont, 1999);
b) a inocência metodológica é vício dos mais cruéis, porque não permite erigir qualquer proposta mais
sólida, imprimindo ao autor a pecha de ecleticismo e superficialidade;
Quanto à deficiência no plano dos dados, cabe assinalar:
a) procurando fugir à “ditadura do método” ( Morim, 1995; 1996. Demo,1999).
b)há que fugir também da “ demissão teórica”.
c) pesquisas qualitativas são preferíveis para assunto qualitativos.
Inocência teórica e metodológica é menos inocente do que incompetência ou malandragem.
A criatividade, por definição, não é receita. Entendo, porém, que um pesquisador muito criativo
poderia dar-se ao talante de começar o texto por uma vírgula, desde que tivesse para tanto argumentos
adequados. Um texto científico pode ser apresentado no seguinte formato sugestivo e flexível:
PARTE I : INTRODUÇÃO
Contém, logicamente falando, três conteúdos:
a) tema do trabalho
b) hipótese de trabalho
c) descrição das partes de que consta o texto.
Nesta acepção, a introdução serve apenas para “introduzir” o texto.
PARTE II: TEORIA
Pode ser composta de vários capítulos e formula a plataforma explicativa do autor.
PARTE III: METODOLOGIA
Dois são os horizontes centrais da preocupação metodológica: posicionamento epistemológico
e tratamento de dados. Não pode supor simplesmente, assim como não cabe apenas supor-se dialético,
por exemplo, por que é preciso discutir de que dialética se trata. Inclui-se nesta parte também o que nos
cursos se chama de “ métodos e técnicas”, estudo destinado ao tratamento de dados
empíricos(quantitativos e qualitativos). É preciso justificar acuradamente os métodos propostos de coleta
e tratamento dos dados, a par da base interpretativa.
PARTE IV: ANÁLISE
Podendo conter vários capítulos, a análise significa a “ colheita” do percurso anterior: tendo à
mão um bom tema, uma boa hipótese de trabalho, uma boa base teórica e metodológica, será possível
realizar a promessa da introdução (hipótese de trabalho).
PARTE V: CONCLUSÃO
Destina-se a dar conta do achado mais crucial do estudo.
INTRODUÇÃO: a) tema; b) hipótese de
trabalho; c) partes do texto.
PARTE I: a) montagem da plataforma
explicativa do texto; b) autores, teorias, conceitos e
categorias; c) habilidade de argumentação e contra-
agumentação.
PARTE II: a) base epistemológica (
cientificidade do texto); b) produção, tratamento e
interpretação de dados.
PARTE III: a) “colheita” analítica; b)
realização da hipótese.
CONCLUSÃO: achado crucial.
Existem trabalhos bem enfeitados, usando parafernália digital, mas superficiais, sobretudo
reprodutivos, já que na internet, facilmente, tudo se copia, nada se cria. Existem trabalhos dotados de
efeitos eletrônicos interessantes e também pertinentes, porque o autor soube dar o devido lugar ao
argumento e à roupagem do argumento. O que vale mesmo é saber argumentar.
PARA CONCLUIR
Não está em jogo apenas fazer ciência, mas constituir a cidadania capaz de se fundar em
ciência e imprimir ética à ciência. Esta perspectiva pode ser captada na idéia da autoridade do
argumento, oposta ao argumento de autoridade. Aprender a argumentar é a pedagogia mais profunda
da vida do estudante, porque constitui-se, ao mesmo tempo, pesquisado e cidadão. Por isso, deve
fazer parte do saber pensar a ética. Conhecimento sem cidadania é apenas arma de guerra e
colonização (Demo, 2000. Harding, 1998).
BIBLIOGRAFIA
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BESSON, J.-L. (Org.). 1995. A Ilusão das Estatísticas. Editora UNESP, São Paulo.
CALAZANS, J. (Org.). 1999. Iniciação Científica: Construindo o pensamento crítico. Cortez, São Paulo.
CAPRA, F. 2002. As Conexões Ocultas – Ciência para uma vida sustentável. Cultrix, São Paulo.
DEMO, P. 1994. Pesquisa e Construção do Conhecimento – Metodologia científica no caminho de Habermas. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.
DEMO, P. 1999. Conhecimento Moderno – Sobre ética e intervenção do conhecimento. Vozes, Petrópolis.
DEMO, P. 2000. Conhecer e Aprender – Sabedoria dos limites e desafios. ARTMED, Porto Alegre.
DEMO, P. 2000a. Saber Pensar. Cortez, São Paulo.
DEMO, P. 2000b. Metodologia do Conhecimento Científico. Atlas, São Paulo.
DEMO, P. 2001. Pesquisa e Informação Qualitativa. Papirus, Campinas.
DEMO, P. 2002. Politicidade - Razão humana. Papirus, Campinas.
DEMO, P. 2002a. Complexidade e Aprendizagem – A dinâmica não linear do conhecimento. Atlas, São Paulo.
DEMO, P. 2005. Argumento de Autoridade X Autoridade do Argumento. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.
DEMO, P. 2006. Avaliação - Para cuidar que o aluno aprenda. Editora CRIARP, São Paulo.
DEMO, P. 2008. Aprender Bem/Mal. Autores Associados, Campinas.
DEMO, P. 2009. Saber Pensar é Questionar. LiberLivro, Brasília.
FOUCAULT, M. 2000. A Ordem do Discurso. Loyola, São Paulo.
FRIGOTTO, G. & CIAVATTA, M. (Orgs.). 2001. Teoria e Educação no Labirinto do Capital. Vozes, Petrópolis.
HAACK, Susan. 2003. Defending Science within reason – Between scientism and cynicism. Prometheus Books, New York.
HARDING, S. 1998. Is Science Multicultural? Postcolonialisms, feminisms, and epistemologies. Indiana University Press, Bloomington and Indianapolis.
LYOTARD, J.-F. 1989. La Condición Postmoderna - Informe sobre el saber. Catedra, Madrid.
MATURANA, H. 2001. Cognição, Ciência e Vida Cotidiana. Organização de C. Magro e V. Paredes. Ed. Humanitas/UFMG, Belo Horizonte.
MATURANA, H./VARELA, F. 1994. De Máquinas y Seres Vivos – Autopoiesis: la organización de lo vivo. Editorial Universitaria, Santiago.
MOLES, A.A. 1995. As Ciências do Impreciso. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro.
MORIN, E. 1995. Introdução ao Pensamento Complexo. Instituto Piaget, Lisboa.
MORIN, E. 1996. Ciência com Consciência. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro.
PERELMAN, C. 1997. Retóricas. Martins Fontes, São Paulo.
PERELMAN, C./OLBRECHTS-TYTECA, L. 1996. Tratado da Argumentação – A nova retórica. Martins Fontes, São Paulo.
PRIGOGINE, I. 1996. O Fim das Certezas – Tempo, caos e as leis da natureza. Ed. UNESP, São Paulo.
SOKAL, A./BRICMONT, J. 1999. Imposturas Intelectuais – O abuso da ciência pelos filósofos pós-modernos. Record, São Paulo.
TURATO, E.R. 2003. Tratado da Metodologia da Pesquisa Clínico-qualitativa. Vozes, Petrópolis.
VARELA, F.J. et alii. 1997. The Embodied Mind – Cognitive science and human experience. The MIT Press, Cambridge, Massachusetts.

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Aprendizagem dinâmica e construção do conhecimento

  • 2.
  • 3. Para o aluno aprender bem (Demo, 2008), precisa pesquisar e elaborar. Segundo esses autores (Maturana, 2001. Capra, 2002), todo ser vivo possui dinamismo autônomo de dentro para fora, de tal sorte que, se relacionar-se com o mundo externo, o faz como sujeito observador, não como mero objeto de pressão externa. Aprendizagem é dinâmica reconstrutiva política(Demo,2002), voltada para a forja do sujeito capaz de história própria. A marca mais incisiva do conhecimento é sua potencialidade disruptiva, através da qual o ser humano se rebela e confronta com todos os seus limites, transformando-os em desafios. Conhecimento é tão importante que não pode ser apenas transmitido, copiado, reproduzido. O signo maior do conhecimento e da aprendizagem é a autonomia disruptiva, exercitada como autoria.
  • 4. 1. Signo de quem não domina o assunto, é usado para distrair (desfazer a atenção) o leitor, iludindo-o com quantidade o que falta em qualidade. 2. É preciso “dar conta” do tema, da melhor maneira possível, mas dentro da relatividade metodológica orientada pelas relevâncias assumidas no trabalho: é imprescindível faze o que parece relevante, deixando-se de lado o que já seria enfeite, conotação, acessório. Metodologicamente falando, uma introdução é composta de apenas três componentes imprescindíveis: i) tema a ser tratado; ii) hipótese de trabalho; iii) partes de que vai constar o texto. Este tipo de arrumação sucinta possui, ademais, vantagem notória: geralmente, os leitores, quando se defrontam com um trabalho sistemático, tendem a ler a introdução e a conclusão. 3. É comum a falta de sistematicidade do texto, de sorte que o assunto vai e volta, sobe e desce, muitas vezes nem sai do lugar. Há textos que contêm vários temas, bem como aqueles que parecem não ter tema nenhuma, porque nada aprofundam. 4. Para evitar este problema, propõe-se como regra, a formulação de hipótese de trabalho tipicamente convergente, cujo sentido é orientar o pesquisador a chegar a um lugar determinado. É trágico descobrir, lá pela metade do tempo de trabalho, que o tema não funciona, seja porque é grande demais, perdido demais, ou difícil demais. 5. O pesquisador precisa saber evadir-se de problemas que não quer (pode) enfrentar, aludindo que, para seu tema específico, seria aceitável não entrar no assunto ou emprestar-lhe aprofundamento maior. Não cabe em tema científico, abordar certo assunto e deixar no ar. 6. De um lado, estão as formas do texto ( como citar, fazer capítulos e partes, folha de rosto, etc.), e de que aqui não trato, por ser questão apenas circunstancial; estou mais interessado no conteúdo, do que na roupagem – não adianta ordenar o vazio. Lê-se melhor texto bem feito, até mesmo para criticar.
  • 5. 1. Trato de apenas dos vícios capitais, teórico e metodológico. 2. Por vício teórico podemos entender vários níveis de problemas no texto, que vão desde defeitos na argumentação, reducionismo teórico, teoricismo (perder-se no mundo da teoria), até falta de domínio teórico, comprometendo a habilidade de argumentar: a) sendo ciência a arte de argumentar, e, sendo argumentar substancialmente questiona, é o que decide crucialmente a qualidade do texto; b) a qualidade teórica implica conhecimento de teorias e autores; c) vício comum é acreditar que a teoria represente a realidade diretamente como se fosse cópia fidedigna; d) em qualquer texto, temos tentativa mais ou menos exitosa de da conta de um tema, no contexto tendencialmente limitado do tratamento analítico; e) em todo texto é preciso buscar alguma originalidade, pelo menos no sentido da reconstrução com mão própria; f) o jogo teórico implica lógica; 3. Por vício metodológico entendemos principalmente dois problemas: deficiência na concepção epistemológica que não se alerta para a necessidade de questionar o conhecimento científico; deficiência no tratamento, produção e interpretação de dados. Quanto à deficiência epistemológica, cabe assinalar: a) não é comum encontrarmos autores com consciência crítica e autocrítica bem formulada em termos do caminho científico próprio(Sokal/Bricmont, 1999); b) a inocência metodológica é vício dos mais cruéis, porque não permite erigir qualquer proposta mais sólida, imprimindo ao autor a pecha de ecleticismo e superficialidade; Quanto à deficiência no plano dos dados, cabe assinalar: a) procurando fugir à “ditadura do método” ( Morim, 1995; 1996. Demo,1999). b)há que fugir também da “ demissão teórica”. c) pesquisas qualitativas são preferíveis para assunto qualitativos. Inocência teórica e metodológica é menos inocente do que incompetência ou malandragem.
  • 6. A criatividade, por definição, não é receita. Entendo, porém, que um pesquisador muito criativo poderia dar-se ao talante de começar o texto por uma vírgula, desde que tivesse para tanto argumentos adequados. Um texto científico pode ser apresentado no seguinte formato sugestivo e flexível: PARTE I : INTRODUÇÃO Contém, logicamente falando, três conteúdos: a) tema do trabalho b) hipótese de trabalho c) descrição das partes de que consta o texto. Nesta acepção, a introdução serve apenas para “introduzir” o texto. PARTE II: TEORIA Pode ser composta de vários capítulos e formula a plataforma explicativa do autor. PARTE III: METODOLOGIA Dois são os horizontes centrais da preocupação metodológica: posicionamento epistemológico e tratamento de dados. Não pode supor simplesmente, assim como não cabe apenas supor-se dialético, por exemplo, por que é preciso discutir de que dialética se trata. Inclui-se nesta parte também o que nos cursos se chama de “ métodos e técnicas”, estudo destinado ao tratamento de dados empíricos(quantitativos e qualitativos). É preciso justificar acuradamente os métodos propostos de coleta e tratamento dos dados, a par da base interpretativa. PARTE IV: ANÁLISE Podendo conter vários capítulos, a análise significa a “ colheita” do percurso anterior: tendo à mão um bom tema, uma boa hipótese de trabalho, uma boa base teórica e metodológica, será possível realizar a promessa da introdução (hipótese de trabalho). PARTE V: CONCLUSÃO Destina-se a dar conta do achado mais crucial do estudo.
  • 7. INTRODUÇÃO: a) tema; b) hipótese de trabalho; c) partes do texto. PARTE I: a) montagem da plataforma explicativa do texto; b) autores, teorias, conceitos e categorias; c) habilidade de argumentação e contra- agumentação. PARTE II: a) base epistemológica ( cientificidade do texto); b) produção, tratamento e interpretação de dados. PARTE III: a) “colheita” analítica; b) realização da hipótese. CONCLUSÃO: achado crucial.
  • 8. Existem trabalhos bem enfeitados, usando parafernália digital, mas superficiais, sobretudo reprodutivos, já que na internet, facilmente, tudo se copia, nada se cria. Existem trabalhos dotados de efeitos eletrônicos interessantes e também pertinentes, porque o autor soube dar o devido lugar ao argumento e à roupagem do argumento. O que vale mesmo é saber argumentar. PARA CONCLUIR Não está em jogo apenas fazer ciência, mas constituir a cidadania capaz de se fundar em ciência e imprimir ética à ciência. Esta perspectiva pode ser captada na idéia da autoridade do argumento, oposta ao argumento de autoridade. Aprender a argumentar é a pedagogia mais profunda da vida do estudante, porque constitui-se, ao mesmo tempo, pesquisado e cidadão. Por isso, deve fazer parte do saber pensar a ética. Conhecimento sem cidadania é apenas arma de guerra e colonização (Demo, 2000. Harding, 1998). BIBLIOGRAFIA BECKER, F. 2001. Educação e Construção do Conhecimento. ARTMED, Porto Alegre. BESSON, J.-L. (Org.). 1995. A Ilusão das Estatísticas. Editora UNESP, São Paulo. CALAZANS, J. (Org.). 1999. Iniciação Científica: Construindo o pensamento crítico. Cortez, São Paulo. CAPRA, F. 2002. As Conexões Ocultas – Ciência para uma vida sustentável. Cultrix, São Paulo. DEMO, P. 1994. Pesquisa e Construção do Conhecimento – Metodologia científica no caminho de Habermas. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro. DEMO, P. 1999. Conhecimento Moderno – Sobre ética e intervenção do conhecimento. Vozes, Petrópolis. DEMO, P. 2000. Conhecer e Aprender – Sabedoria dos limites e desafios. ARTMED, Porto Alegre. DEMO, P. 2000a. Saber Pensar. Cortez, São Paulo. DEMO, P. 2000b. Metodologia do Conhecimento Científico. Atlas, São Paulo. DEMO, P. 2001. Pesquisa e Informação Qualitativa. Papirus, Campinas. DEMO, P. 2002. Politicidade - Razão humana. Papirus, Campinas. DEMO, P. 2002a. Complexidade e Aprendizagem – A dinâmica não linear do conhecimento. Atlas, São Paulo. DEMO, P. 2005. Argumento de Autoridade X Autoridade do Argumento. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro. DEMO, P. 2006. Avaliação - Para cuidar que o aluno aprenda. Editora CRIARP, São Paulo. DEMO, P. 2008. Aprender Bem/Mal. Autores Associados, Campinas. DEMO, P. 2009. Saber Pensar é Questionar. LiberLivro, Brasília. FOUCAULT, M. 2000. A Ordem do Discurso. Loyola, São Paulo. FRIGOTTO, G. & CIAVATTA, M. (Orgs.). 2001. Teoria e Educação no Labirinto do Capital. Vozes, Petrópolis. HAACK, Susan. 2003. Defending Science within reason – Between scientism and cynicism. Prometheus Books, New York. HARDING, S. 1998. Is Science Multicultural? Postcolonialisms, feminisms, and epistemologies. Indiana University Press, Bloomington and Indianapolis. LYOTARD, J.-F. 1989. La Condición Postmoderna - Informe sobre el saber. Catedra, Madrid. MATURANA, H. 2001. Cognição, Ciência e Vida Cotidiana. Organização de C. Magro e V. Paredes. Ed. Humanitas/UFMG, Belo Horizonte. MATURANA, H./VARELA, F. 1994. De Máquinas y Seres Vivos – Autopoiesis: la organización de lo vivo. Editorial Universitaria, Santiago. MOLES, A.A. 1995. As Ciências do Impreciso. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro. MORIN, E. 1995. Introdução ao Pensamento Complexo. Instituto Piaget, Lisboa. MORIN, E. 1996. Ciência com Consciência. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro. PERELMAN, C. 1997. Retóricas. Martins Fontes, São Paulo. PERELMAN, C./OLBRECHTS-TYTECA, L. 1996. Tratado da Argumentação – A nova retórica. Martins Fontes, São Paulo. PRIGOGINE, I. 1996. O Fim das Certezas – Tempo, caos e as leis da natureza. Ed. UNESP, São Paulo. SOKAL, A./BRICMONT, J. 1999. Imposturas Intelectuais – O abuso da ciência pelos filósofos pós-modernos. Record, São Paulo. TURATO, E.R. 2003. Tratado da Metodologia da Pesquisa Clínico-qualitativa. Vozes, Petrópolis. VARELA, F.J. et alii. 1997. The Embodied Mind – Cognitive science and human experience. The MIT Press, Cambridge, Massachusetts.