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PEQUENO POEMA<br />Quando eu nasci, <br />ficou tudo como estava.<br />Nem homens cortaram veias, <br />nem o Sol escureceu, <br />nem houve Estrelas a mais... Somente, <br />esquecida das dores, <br />a minha Mãe sorriu e agradeceu.         <br />Quando eu nasci, <br />não houve nada de novo <br />senão eu.         <br />As nuvens não se espantaram, <br />não enlouqueceu ninguém...         <br />P'ra que o dia fosse enorme, Bastava <br />toda a ternura que olhava <br />nos olhos de minha Mãe...<br />Sebastião da Gama, Serra-Mãe<br />Pescador da barca bela,Onde vais pescar com ela.Que é tão bela,Oh pescador? <br />Não vês que a última estrelaNo céu nublado se vela?Colhe a vela,Oh pescador!<br />Deita o lanço com cautela,Que a sereia canta bela...Mas cautela,Oh pescador!<br />Não se enrede a rede nela,Que perdido é remo e velaSó de vê-la,Oh pescador.<br />Pescador da barca bela,Inda é tempo, foge delaFoge delaOh pescador!<br />Almeida Garrett, Folhas Caídas<br />Outono<br />Irás<br />Pela rua<br />Verás as folhas<br />Cair.<br />Se alguma<br />Te pousar<br />No ombro<br />Hás-de mandá-la embora<br />Porque chegou a hora<br />De dormir.<br />Mário Castrim, Na rota da palvras<br />Estrelinha<br />Eu vejo do meu quarto de dormir Uma estrelinha Miudinha A luzir... <br />Mas se o sol é tão grande E tanto brilha A estrelinha Miudinha É certamente sua filha. <br />E enquanto o Pai Sol Enorme Dorme, Ela vai passear Todas as noites... <br />Quando o Pai Sol acordar, A estrelinha Miudinha ............ [cortou-se um versos que diz: «leva açoites / e»]…Vai-se logo deitar.<br />Sidónio Muralha, <br />SEGREDO<br />Sei um ninho.E o ninho tem um ovo.E o ovo, redondinho,Tem lá dentro um passarinhoNovo.Mas escusam de me atentar:Nem o tiro, nem o ensino.Quero ser um bom meninoE guardarEste segredo comigo.E ter depois um amigoQue faça o pinoA voar...<br />Miguel Torga<br />AS ALGAS<br />As algas negro-cerrado<br />que eu trouxe da beira-mar, <br />guardo-as num missal dourado,<br />onde costumo cismar.<br />Às vezes, triste e cansado<br />quando o vou a folhear,<br />dentro do livro encantado<br />eu ouço as algas chorar…<br />Choram os tempos de quando<br />viviam no mar em bando<br />com os peixes e as areias.<br />E eu cismo, ao ver esses trapos,<br />que as algas são os farrapos<br />dos vestidos das sereias.<br />António Nobre, Só<br />ALDEIANove casas,duas ruas,ao meio das ruasum largo,ao meio do largoum poço de água fria.Tudo isto tão paradoe o céu tão baixoque quando alguém grita para longeum nome familiarse assustam pombos bravose acordam ecos no descampado.ALDEIANove casas,duas ruas,ao meio das ruasum largo,ao meio do largoum poço de água fria.Tudo isto tão paradoe o céu tão baixoque quando alguém grita para longeum nome familiarse assustam pombos bravose acordam ecos no descampado.Manuel da Fonseca, Poemas Completos<br />Dúvida<br />O carvão é preto.<br />Quando arde, é vermelho.<br />Qual é afinal<br />A cor do carvão?<br />Minha mãe, de noite<br />Não entendo nada:<br />Será que as cores nascem<br />Só de madrugada?<br />Minha mãe, quem sabe<br />Se a voz do amarelo<br />Não é doce apenas<br />Na imaginação?<br />       Maria Alberta Menéres, Conversa com Versos<br />Pingas de chuva<br />Caem,<br />Gordas, sonoras,<br />Monótonas pingas de chuva,<br />- Espaçadas -<br />E indolentes<br />Vão marcando uma toada:<br />Ping pang - ping pang,<br />As pingas<br />De chuva do Outono pardo.<br />Espapaçada<br />A terra mole absorve<br />As vagas de chuva densa<br />Que lenta vai caindo,<br />Em pingas grossas, sonoras.<br />E ao cair,<br />A chuva bate o compasso<br />Com o som dum contrabasso...<br />Ping...<br />Pang...<br />Ping...<br />Pang…<br />       Adolfo Casais Monteiro, Poemas do Tempo Incerto<br />A galinha espertinha<br />Era uma vez uma galinha<br />Que entrou pela cozinha,<br />Onde havia uma panela,<br />Mas sem nada dentro dela.<br />Ouviu, então,<br />A voz fraquinha do patrão<br />Dizendo à cozinheira:<br />- quot;
Não se arranja<br />Por aí uma canja?<br />Estou cheio de fome.quot;
<br />Pôs a galinha um ovo e disse: - Come.quot;
<br />E fugiu sem demora,<br />Antes que lhe chegasse a derradeira hora.<br />       António Manuel Couto Viana, Versos de Palmo e Meio<br />Viagem espacial<br />O astronauta <br />é um pernalta <br />num salto fica <br />perto da lua. <br />Oh quem me dera<br />ser assim alto,<br />num foguetão <br />em asa ou cápsula<br />entrar em órbita, <br />descer na lua<br />voltar à noite <br />para a minha casa,<br />dormir à noite <br />na minha cama!<br />.<br />O astronauta<br />é um pernalta<br />que voa e chama.<br />Maria Alberta Menéres, Conversa com versos<br />O tempo e a vida<br />Que bom ter o relógio adiantado!...<br />A gente assim, por saber<br />Que tem sempre tempo a mais,<br />Não se rala nem se apressa.<br />O meu sorriso de troça,<br />Amigos,<br />Quando vejo o meu relógio<br />Com três quartos de hora a mais!...<br />Tic-tac... Tic-tac...<br />(Lá pensa ele<br />Que é já o fim dos meus dias)<br />Tic-tac...<br />(Como eu rio, cá p´ra dentro,<br />De esta coisa divertida:<br />Ele a julgar que é já o resto<br />E eu a saber que tenho sempre mais<br />Três quartos de hora de vida).<br />    Sebastião da Gama, Serra-Mãe<br />
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  • 1. PEQUENO POEMA<br />Quando eu nasci, <br />ficou tudo como estava.<br />Nem homens cortaram veias, <br />nem o Sol escureceu, <br />nem houve Estrelas a mais... Somente, <br />esquecida das dores, <br />a minha Mãe sorriu e agradeceu.         <br />Quando eu nasci, <br />não houve nada de novo <br />senão eu.         <br />As nuvens não se espantaram, <br />não enlouqueceu ninguém...         <br />P'ra que o dia fosse enorme, Bastava <br />toda a ternura que olhava <br />nos olhos de minha Mãe...<br />Sebastião da Gama, Serra-Mãe<br />Pescador da barca bela,Onde vais pescar com ela.Que é tão bela,Oh pescador? <br />Não vês que a última estrelaNo céu nublado se vela?Colhe a vela,Oh pescador!<br />Deita o lanço com cautela,Que a sereia canta bela...Mas cautela,Oh pescador!<br />Não se enrede a rede nela,Que perdido é remo e velaSó de vê-la,Oh pescador.<br />Pescador da barca bela,Inda é tempo, foge delaFoge delaOh pescador!<br />Almeida Garrett, Folhas Caídas<br />Outono<br />Irás<br />Pela rua<br />Verás as folhas<br />Cair.<br />Se alguma<br />Te pousar<br />No ombro<br />Hás-de mandá-la embora<br />Porque chegou a hora<br />De dormir.<br />Mário Castrim, Na rota da palvras<br />Estrelinha<br />Eu vejo do meu quarto de dormir Uma estrelinha Miudinha A luzir... <br />Mas se o sol é tão grande E tanto brilha A estrelinha Miudinha É certamente sua filha. <br />E enquanto o Pai Sol Enorme Dorme, Ela vai passear Todas as noites... <br />Quando o Pai Sol acordar, A estrelinha Miudinha ............ [cortou-se um versos que diz: «leva açoites / e»]…Vai-se logo deitar.<br />Sidónio Muralha, <br />SEGREDO<br />Sei um ninho.E o ninho tem um ovo.E o ovo, redondinho,Tem lá dentro um passarinhoNovo.Mas escusam de me atentar:Nem o tiro, nem o ensino.Quero ser um bom meninoE guardarEste segredo comigo.E ter depois um amigoQue faça o pinoA voar...<br />Miguel Torga<br />AS ALGAS<br />As algas negro-cerrado<br />que eu trouxe da beira-mar, <br />guardo-as num missal dourado,<br />onde costumo cismar.<br />Às vezes, triste e cansado<br />quando o vou a folhear,<br />dentro do livro encantado<br />eu ouço as algas chorar…<br />Choram os tempos de quando<br />viviam no mar em bando<br />com os peixes e as areias.<br />E eu cismo, ao ver esses trapos,<br />que as algas são os farrapos<br />dos vestidos das sereias.<br />António Nobre, Só<br />ALDEIANove casas,duas ruas,ao meio das ruasum largo,ao meio do largoum poço de água fria.Tudo isto tão paradoe o céu tão baixoque quando alguém grita para longeum nome familiarse assustam pombos bravose acordam ecos no descampado.ALDEIANove casas,duas ruas,ao meio das ruasum largo,ao meio do largoum poço de água fria.Tudo isto tão paradoe o céu tão baixoque quando alguém grita para longeum nome familiarse assustam pombos bravose acordam ecos no descampado.Manuel da Fonseca, Poemas Completos<br />Dúvida<br />O carvão é preto.<br />Quando arde, é vermelho.<br />Qual é afinal<br />A cor do carvão?<br />Minha mãe, de noite<br />Não entendo nada:<br />Será que as cores nascem<br />Só de madrugada?<br />Minha mãe, quem sabe<br />Se a voz do amarelo<br />Não é doce apenas<br />Na imaginação?<br />       Maria Alberta Menéres, Conversa com Versos<br />Pingas de chuva<br />Caem,<br />Gordas, sonoras,<br />Monótonas pingas de chuva,<br />- Espaçadas -<br />E indolentes<br />Vão marcando uma toada:<br />Ping pang - ping pang,<br />As pingas<br />De chuva do Outono pardo.<br />Espapaçada<br />A terra mole absorve<br />As vagas de chuva densa<br />Que lenta vai caindo,<br />Em pingas grossas, sonoras.<br />E ao cair,<br />A chuva bate o compasso<br />Com o som dum contrabasso...<br />Ping...<br />Pang...<br />Ping...<br />Pang…<br />       Adolfo Casais Monteiro, Poemas do Tempo Incerto<br />A galinha espertinha<br />Era uma vez uma galinha<br />Que entrou pela cozinha,<br />Onde havia uma panela,<br />Mas sem nada dentro dela.<br />Ouviu, então,<br />A voz fraquinha do patrão<br />Dizendo à cozinheira:<br />- quot; Não se arranja<br />Por aí uma canja?<br />Estou cheio de fome.quot; <br />Pôs a galinha um ovo e disse: - Come.quot; <br />E fugiu sem demora,<br />Antes que lhe chegasse a derradeira hora.<br />       António Manuel Couto Viana, Versos de Palmo e Meio<br />Viagem espacial<br />O astronauta <br />é um pernalta <br />num salto fica <br />perto da lua. <br />Oh quem me dera<br />ser assim alto,<br />num foguetão <br />em asa ou cápsula<br />entrar em órbita, <br />descer na lua<br />voltar à noite <br />para a minha casa,<br />dormir à noite <br />na minha cama!<br />.<br />O astronauta<br />é um pernalta<br />que voa e chama.<br />Maria Alberta Menéres, Conversa com versos<br />O tempo e a vida<br />Que bom ter o relógio adiantado!...<br />A gente assim, por saber<br />Que tem sempre tempo a mais,<br />Não se rala nem se apressa.<br />O meu sorriso de troça,<br />Amigos,<br />Quando vejo o meu relógio<br />Com três quartos de hora a mais!...<br />Tic-tac... Tic-tac...<br />(Lá pensa ele<br />Que é já o fim dos meus dias)<br />Tic-tac...<br />(Como eu rio, cá p´ra dentro,<br />De esta coisa divertida:<br />Ele a julgar que é já o resto<br />E eu a saber que tenho sempre mais<br />Três quartos de hora de vida).<br />    Sebastião da Gama, Serra-Mãe<br />