SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  77
Télécharger pour lire hors ligne
CONTOS
  QUE
ELEVAM
A ALMA
           Livro II
    Material recolhido no site
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br


    por Antonio Celso
O ALFAIATE E O TESOURO DE BRESA
O ANÚNCIO
O ASNO EM PELE DE LEÃO
O BAMBU AMADO
O BOSQUE
O CACHORRO
O CÃO E A OVELHA
O CHINÊS LAILAI
O CHORO DA ESTRELA
O COBRADOR!
O CONTRABANDISTA
O CORVO COBIÇOSO
O DESAFIO DA MONTANHA
O FILHOTE DE BATATA
O FORMIGUEIRO E O DRAGÃO
O FRIO QUE VEIO DE DENTRO
O FURO NO BARCO
O GAROTO, O PAI E A VASSOURA
O GRANDE PRÍNCIPE
O GUERREIRO E O MONGE
O HOMEM E O RIO
O INTELECTUAL E AS RESPOSTAS ZEN
O LADRÃO DE MACHADO
O LADRÃO E O CÃO DE GUARDA
O LIVRO DO DESTINO
O LOBO E O CORDEIRO
O MAL EXISTE?
O MENINO E O TELEFONE
O MESTRE SUFI E O OVO
O MITO DA CAVERNA
O MONGE E O PADEIRO
O MOSQUITO E O TOURO
O MUDO E O PAPAGAIO
O OBSERVADOR
O PAVÃO
O QUE MAIS?
O RECADO DA DONA VIDA...
O REI E O SÁBIO
O REI MENDIGO
O REI NARIGUDO
O REI, O SUFI E O CIRURGIÃO
O SERMÃO
O TAPETINHO VERMELHO
O TOLO QUE ERA SÁBIO
O VINHO E A ÁGUA
OLHAI OS LÍRIOS DOS CAMPOS
ONDE COLOCAR O SAL?
ONDE ESTÃO OS NOSSOS DEFEITOS
ORAÇÃO
OS FILHOS DA TERRA
OS LADRÕES DOS HOMENS
OS MEDIADORES ENTRE O HOMEM E A VERDADE
OS MELHORES CONSELHOS
OS TRÊS BEDUÍNOS
OS TRÊS CRIVOS
PAGANDO TRÊS VEZES PELA MESMA COISA
PAPAI ESTÁ NO LEME
PASSEIO DE BARCO
PEDRA NO CAMINHO
POR QUE AS PESSOAS GRITAM?
PRÍNCIPE DOS MENDIGOS
QUE TIPO DE PESSOAS VIVEM NESTE LUGAR?
QUEM NÃO TE CONHECE QUE TE COMPRE
REGRESSO AO LAR
SANTIDADE
SEJA A DIFERENÇA
SÃO AGNÓSTICO
SECANDO FARINHA NO VARAL
SONS INAUDÍVEIS
TRÊS HOMENS, O GÊNIO E AS ROSAS
UM FILÓSOFO QUESTIONA BUDDHA
UM SONHO DE BAILARINA
UMA COLHEITA INESPERADA
UMA FÁBULA JUDAICA
UMA FÁBULA SOBRE A FÁBULA
UMA FORÇA DESCONHECIDA
UMA HISTÓRIA TURCA
VENCER SIM, MAS NÃO SOZINHO
VIVER COMO AS FLORES
VÔO TURBULENTO
O ALFAIATE E O TESOURO DE BRESA
Conta-se que houve, outrora, na Babilônia - a famosa cidade dos Jardins Suspensos -
um pobre e modesto Alfaiate, chamado Enedim. Homem inteligente e trabalhador,
que, por suas boas qualidades e amor no coração, era muito querido no bairro em que
morava. Enedim passava o dia inteiro, de manhã à noite, cortando, costurando e
preparando as roupas de seus numerosos fregueses, e, embora, muito pobre, não
perdia a esperança de vir a ser muito rico, senhor de muitos Palácios e grandes
tesouros.
Como conquistar, porém, essa tão ambicionada riqueza? - pensava o mísero alfaiate,
passando e repassando a agulha grossa de seu ofício - Como descobrir um desses
famosos tesouros que se acham escondidos na terra ou perdidos nas profundezas do
mar? Ouvira contar, em palestra com estrangeiros vindos do Egito, da Síria e da Grécia,
histórias prodigiosas de aventureiros que haviam topado com cavernas imensas, cheias
de ouro... Grutas profundas crivadas de brilhantes... Caixas pesadíssimas a transbordar
de pérolas. E não poderia ele, à semelhança desses aventureiros felizes, descobrir um
tesouro fabuloso e tornar-se, assim, de um momento para o outro, o homem mais rico
daquelas terras? Ah! Se tal coisa acontecesse, ele seria, então, senhor de um imenso e
magnífico palácio... Teria numerosos escravos e, todas as tardes, num grande carro de
ouro, tirado por mansos leões, passearia, de seu vagar, sobre as muralhas da Babilônia,
cortejando amistosamente os Príncipes ilustres da casa Real.
Assim meditava o bondoso Enedim, divagando por tão longínquas riquezas, quando lhe
parou à porta da casa um velho mercador da Grécia, que vendia tapetes, imagens,
pedras coloridas e uma infinidade de outros objetos extravagantes tão apreciados
pelos Babilônios. Por mera curiosidade, começou Enedim a examinar as bugigangas que
o vendedor lhe oferecia, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas
folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos. Era uma preciosidade
aquele livro, afirmava o mercador, passando as mãos ásperas pelas barbas que lhe
caiam sobre o peito, e custava apenas três dinares. Três dinares. Era muito dinheiro
para o pobre alfaiate. Para possuir um objeto tão curioso e raro, Enedim seria capaz de
gastar até os dois últimos dinares que possuía.
- Está bem - concordou o mercador - fica-lhe o livro por dois dinares, mas esteja certo
de que lhe foi de graça!
Afastou-se o vendedor e Enedim tratou, sem demora, de examinar cuidadosamente a
preciosidade que havia adquirido. Qual não foi a sua surpresa quando conseguiu
decifrar, na primeira página, a seguinte legenda, escrita em complicados caracteres
caldaicos: "O segredo do tesouro de Bresa". Por Deus! Aquele livro maravilhoso, cheio
de mistério, ensinava, com certeza, onde se encontrava algum tesouro fabuloso! O
TESOURO DE BRESA! Mas, que tesouro seria esse? Enedim recordava-se vagamente, de
já ter ouvido qualquer referência a ele. Mas quando? Onde? E com o coração a bater
descompassadamente, decifrou ainda: "O tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do
mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda,
até que algum homem esforçado venha a encontrá-lo".
Harbatol? Que montanhas seriam essas que encerravam todo o ouro fabuloso de um
gênio? E o esforçado alfaiate, dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, e ver
se atinava, custasse o que custasse, com o segredo de Bresa, para apoderar-se do
tesouro imenso que o capricho de seu possuidor fizera enterrar nalguma gruta perdida
entre as montanhas. As primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos.
Enedim foi obrigado a estudar os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos
persas, o complicado idioma dos judeus.
Ao fim de três anos, deixava Enedim a antiga profissão de alfaiate, e passava a ser o
intérprete do Rei, pois na cidade não havia quem soubesse tantos idiomas
estrangeiros. O cargo de intérprete do Rei era bem rendoso. Ganhava Enedim, cem
dinares por dia; ademais morava numa grande casa, tinha muitos criados e todos os
nobres da corte o saudavam respeitosamente.
Não desistiu, porém, o esforçado Enedim, de descobrir o grande mistério de Bresa.
Continuando a ler o livro encantado, encontrou várias páginas cheias de cálculos,
números e figuras. E, a fim de ir compreendendo o que lia, foi obrigado a estudar
Matemática com calculistas da cidade, tornando-se, ao cabo de pouco tempo, grande
conhecedor das complicadas transformações aritméticas. Graças a esses novos
conhecimentos adquiridos, pode Enedim calcular, desenhar e construir uma grande
ponte sobre o Eufrates; esse trabalho agradou tanto ao Rei, que o monarca resolveu
nomear Enedim para exercer o cargo de Prefeito. O amigo e humilde alfaiate passava,
assim, a ser um dos homens mais notáveis da cidade. Ativo e sempre empenhado em
desvendar o segredo do tal livro, foi compelido a estudar profundamente as leis, os
princípios religiosos de seu país e os do povo caldeu; com o auxilio desses novos
conhecimentos, conseguiu Enedim dirimir uma velha pendência entre os doutores.
- É um grande homem o Enedim! - declarou o Rei quando soube do fato - Vou nomeá-lo
Primeiro Ministro. E assim fez. Foi o nosso esforçado herói, ocupar o elevado cargo de
Primeiro Ministro.
Vivia, então, num suntuoso palácio, perto do jardim Real, tinha muitos criados e
recebia visitas dos príncipes mais poderosos do mundo. Graças ao trabalho e ao grande
saber de Enedim, o reino progrediu rapidamente e a cidade ficou repleta de
estrangeiros; ergueram-se grandes palácios, várias estradas se construíram para ligar
Babilônia às cidades vizinhas. Enedim era o homem mais notável do seu tempo.
Ganhava diariamente mais de mil moedas de ouro, e tinha em seu palácio de mármore
e pedrarias, caixas cheias de jóias riquíssimas, e de pérolas de valor incalculável. Mas -
coisa interessante! - Enedim não conhecia ainda o segredo do livro de Bresa, embora
lhe tivesse lido e relido todas as páginas! Como poderia penetrar naquele mistério?
E um dia, cavaqueando com um venerando sacerdote, teve a ocasião de referir-se à
incógnita que o atormentava. Riu-se o bom religioso, ao ouvir a ingênua confissão do
grande vizir, e, afeito a decifrar os maiores enigmas da vida, assim falou:
- "O tesouro de Bresa já está em vosso poder, meu senhor. Graças ao livro misterioso é
que adquiristes um grande saber, e esse saber vos proporcionou os invejáveis bens que
já possuis". Bresa significa "saber". Harbatol quer dizer "trabalho". Com estudo e
trabalho pode o homem conquistar tesouros maiores do que os que se ocultam no seio
da terra ou sob os abismos do mar!
Tinha razão o esclarecido sacerdote. Bresa, o gênio, guarda realmente um tesouro
valiosíssimo, que qualquer pessoa, esforçada e inteligente pode conseguir; essa riqueza
prodigiosa não se acha, porém perdida no seio da terra nem nas profundezas dos
mares; Encontrá-la-eis, sim, nos bons livros, nos estudos, na dedicação ao trabalho, que
proporcionando saber às pessoas, abrem para aqueles que se dedicam as portas
maravilhosas de mil tesouros encantados!

                                           ***
                                     O ANÚNCIO
                                      Conto sufi


Nasrudin (*) postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão:
- Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade,
realização sem esforço, progresso sem sacrifício?
Logo juntou-se um grande número de pessoas, com todo mundo gritando:
- Queremos, queremos!
- Excelente! Era só para saber. Podem confiar em mim, que lhes contarei tudo a
respeito, caso algum dia descubra algo assim.

                                          ***
(*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu
histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras
desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto
que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de
antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje.
O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As
ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma
combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu
no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo.
De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado
como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao
longo da história.
Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de
autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem
sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um
observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas
por um professor.
Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos
homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este
conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos
próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus.

              Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e
                             http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo
                                           ***
                          O ASNO EM PELE DE LEÃO
Um Asno, ao colocar sobre seu dorso uma pele de Leão, vagava pela floresta
divertindo-se com o pavor que causava aos animais que ia encontrando pelo seu
caminho.
Por fim encontra uma Raposa e também tenta amedrontá-la. Mas a Raposa, tão logo
escuta o som de sua voz, exclama com ironia:
Eu certamente teria me assustado, se antes, não tivesse escutado o seu zurro.

                                                                             Esopo (*)

Moral da História: Um tolo pode se esconder por trás das aparências, mas suas
palavras acabarão por revelar à todos quem na verdade ele é.

                                          ***
(*) Esopo é um lendário autor grego. Teria vivido na Antigüidade, ao qual se atribui a
origem da fábula como gênero literário. Foi-lhe atribuído um conjunto de pequenas
histórias, de caráter moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por
animais. (Fonte: Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Esopo)

                                         ***
                               O BAMBU AMADO
Era uma vez um maravilhoso jardim, situado bem no centro de um grande campo. O
dono costumava passear pelo jardim, ao clarão do luar, à noite... Um belo bambu era
para ele a mais bela e estimada de todas as árvores do seu jardim.
Ao seu olhar carinhoso, esse bambu crescia e se tornava cada vez mais formoso. Ele
sabia que seu senhor o amava e que ele era sua alegria. Um dia, o dono, pensativo,
aproximou-se do seu amado bambu e, num gesto de profunda veneração, o bambu
inclinou sua cabeça imponente...
O senhor disse a ele:
– Querido bambu, eu preciso de você.
O bambu estava feliz, parecia ter chegado a grande hora de sua vida. Ele respondeu:
– Meu senhor, estou pronto, faze de mim o que quiseres!
– Bambu! – a voz do senhor era grave – Bambu, só poderei usá-lo, se eu o podar.
– Podar? A mim, senhor?! Por favor, não faças isso! Preserve a minha bela figura. Tu
vês como todos me admiram, me elogiam!
– Meu bambu amado – a voz do senhor tornou-se ainda mais grave – não importa que
o papariquem ou não... seu não o podar não poderei usá-lo...
No jardim tudo ficou silencioso. O vento segurou a respiração. Finalmente o lindo
bambu se inclinou e sussurrou:
– Senhor, se não podes usar sem podar-me... então, faze comigo o que quiseres!
– Meu querido bambu – tornou o senhor – devo também cortar as suas folhas!
– Óh, senhor, se me amas, preserva-me de tal mal!! Podes destruir minha beleza, mas,
por favor, deixa as minhas folhas!
– Não o posso usar se não arrancar-lhe as folhas.
A lua e as estrelas, confusas, escondem-se atrás das nuvens... Algumas borboletas e
pássaros, que por ali brincavam, afastaram-se assustados. O bambu, meio trêmulo, à
meia voz, disse:
– Senhor, corta-as!
Mas o senhor disse:
– Ainda não basta meu querido bambu. Devo cortá-lo pelo meio e tomar também seu
coração. Se não fizer isso não poderá ser-me útil.
– Por favor, Senhor – disse o bambu – eu não poderei mais viver... Como viver sem o
coração?
– Devo tirar seu coração, caso contrário não me serás útil.
Então o bambu inclinou-se até o chão e disse:
– Corta-me e divide-me se assim o desejares!
O senhor desfolhou o bambu... decepou os seus galhos... partiu-o em duas partes...
tirou-lhe o coração. Depois, levou-o para o meio do campo ressequido, a uma fonte
onde jorrava água fresca. Lá o senhor deitou cuidadosamente o seu querido bambu no
chão. Ligou uma das extremidades do tronco decepado à fonte e a outra ele levou para
o campo. E a fonte cantou as boas vindas.
As águas cristalinas precipitaram-se alegres pelo corpo dilacerado do bambu, correram
sobre os campos tórridos e áridos, que por elas tanto tinham suplicado...
Ali plantou-se o trigo, o arroz, o milho, rosas... e outras flores das mais variadas
espécies e cores.
Os dias passaram, a sementeira brotou, cresceu e veio o tempo da colheita... farta e
abundante. Assim, o maravilhoso e esbelto bambu. No seu aniquilamento e humildade,
transformou-se numa benção especial.
Quando ele era belo e jovem, crescia somente para si e se alegrava com sua própria
formosura. Agora, no seu despojamento, ele se tornou o canal do qual o senhor se
serviu para tornar fecundas as suas terras... e muitos, muitos passaram a viver do
pródigo tronco do bambu amado.

                                        ***
                                    O BOSQUE
Tempos atrás eu era vizinho de um médico cujo "hobby" era plantar árvores no enorme
quintal de sua casa. Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar
árvores e mais árvores, todos os dias. O que mais chamava a atenção, entretanto, era o
fato de que ele jamais regava as mudas que plantava.
Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam demorando muito
para crescer. Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele não
tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca as regava.
Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria.
Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e
ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima. Como ele não as
regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar
para o fundo, em busca da água e das várias fontes nutrientes encontradas nas
camadas mais inferiores do solo. Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes
profundas e seriam mais resistentes às intempéries, essa foi a única conversa que tive
 com aquele meu vizinho.
 Logo depois fui morar em outro país, e nunca mais o encontrei. Vários anos depois, ao
 retornar do exterior fui dar uma olhada na minha antiga residência. Ao aproximar-me,
 notei um bosque que não existia antes. Meu antigo vizinho havia realizado seu sonho!
 O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as
 árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao rigor do
 inverno, entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam
 sólidas as suas árvores: praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente
 àquela ventania toda. Que efeito curioso, pensei eu... As adversidades pela qual
 aquelas árvores tinham passado, tendo sido privadas de água, pareciam tê-las
 beneficiado de um modo que o conforto o tratamento mais fácil jamais conseguiriam.
 Todas as noites, antes de ir me deitar, dou sempre uma olhada em meus filhos,
 debruço-me sobre suas camas e observo como têm crescido. Freqüentemente, oro por
 eles. Na maioria das vezes, peço para que suas vidas sejam fáceis: "Meu Deus, livre
 meus filhos de todas as dificuldades e agressões desse mundo". Tenho pensado,
 entretanto, que é hora de alterar minhas orações. Essa mudança tem a ver com o fato
 de que é inevitável que os ventos gelados e fortes nos atinjam e aos nossos filhos. Sei
 que eles encontrarão inúmeros problemas e que, portanto, minhas orações para que as
 dificuldades não ocorram, têm sido ingênuas demais. Sempre haverá uma tempestade,
 ocorrendo em algum lugar, portanto, pretendo mudar minhas orações.
 Farei isso porque, quer nós queiramos ou não, a vida não é muito fácil. Ao contrário do
 que tenho feito, passarei a orar para que meus filhos cresçam com raízes profundas, de
 tal forma que possam retirar energia das melhores fontes, das mais divinas, que se
 encontram nos locais mais remotos.
 Oramos demais para termos facilidades, mas na verdade o que precisamos fazer é
 pedir para desenvolver raízes fortes e profundas, de tal modo que quando as
 tempestades chegarem e os ventos gelados soprarem, resistiremos bravamente, ao
 invés de sermos subjugados e varridos para longe.

REFLEXÕES: UMA PÉROLA É FORMADA LENTAMENTE, PELO ACRÉSCIMO DE CAMADAS
Uma enciclopédia descreve a formação de uma pérola da seguinte maneira:
Pérola (do latim pirula = pequena pêra), corpo redondo de madrepérola que se forma no
interior de algumas conchas marinhas ou de água doce em conseqüência de um tumor
epitelial. Durante o alastramento das células epiteliais, elas segregam, inicialmente, como
na formação da casca, uma substância córnea (conchina) e depois a madrepérola
(carbonato de cálcio ortorrômbico = aragonita) em calotas concêntricas.

UMA PÉROLA É FORMADA COM DORES
Quando um corpo estranho (“grão de areia”, etc.) entra na ostra, provocando atrito com
seu corpo e o ferindo, a ostra, a ostra libera uma secreção que encapsula o corpo
estranho e aos poucos se forma uma preciosa pérola.

   PARÁBOLAS PROFÉTICAS: Uma pérola é formada com dores, pág. 101, A pérola é
       formada lentamente pelo acréscimo de camadas, pág. 104, Leith, Norbert
                                             ***
O CACHORRO
Um açougueiro estava tomando conta de sua loja e ficou realmente surpreso quando
um cachorro entrou. Ele espantou o cachorro mas, logo em seguida o cachorro voltou.
Novamente ele tentou espantar o cachorro quando viu que o cachorro trazia um
bilhete na boca. Ele pegou o bilhete e leu:

"Pode me mandar 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor."

O cachorro trazia dinheiro na boca também. Ele olhou e viu que dentro da boca do
cachorro tinha uma nota de 50 Reais. Então ele pegou o dinheiro, e pôs as salsichas e a
perna de carneiro na boca do cachorro.
O açougueiro ficou impressionado e como já era mesmo hora de fechar o açougue, ele
decidiu fechar e seguir o cachorro. E foi o que ele fez.
O cachorro começou a descer a rua quando chegou ao cruzamento.
O cachorro depositou a bolsa no chão pulou e apertou o botão para fechar o sinal.
Então esperou pacientemente com o saco na boca que o sinal fechasse e ele pudesse
atravessar.
Ele atravessou a rua e caminhou até uma parada de ônibus, com o açougueiro
seguindo ele. No ponto de ônibus o cão olhou para a tabela de horário e então sentou
no banco para esperar o ônibus.
Quando o ônibus chegou o cachorro foi até a frente pára conferir o número e voltou
para o seu lugar. Outro ônibus chegou e ele tornou a olhar, viu que aquele era o ônibus
certo e entrou. O açougueiro boquiaberto seguiu o cão.
De repente o cão se levantou e ficou em pé nas duas patas traseiras e apertou o botão
para saltar, tudo isso com as compras ainda na boca. Bem, o açougueiro e o cão foram
caminhando pela rua quando o cão parou em uma casa e pôs as compras na calçada.
Então ele voltou um pouco e correu e se atirou contra a porta. Tornou a fazer isso.
Ninguém respondeu na casa.
Então o cachorro circundou a casa, pulou um muro baixo e foi até a janela e começou a
bater com a cabeça no vidro várias vezes. Caminhou de volta para a porta quando um
cara enorme a abriu a porta e começou a espancar o cachorro. O açougueiro correu até
o homem e o impediu dizendo:
"Por Deus do céu homem, o que você está fazendo? O seu cachorro é um gênio!"
O homem respondeu:
"Um gênio? Esta já é a segunda vez esta semana que este cachorro esquece a chave."

Moral da estória:
Você pode continuar excedendo as expectativas mas aos olhos de algumas pessoas isto
estará sempre abaixo do esperado...

                                         ***
O CÃO E A OVELHA
Um cão pôs demanda (discussão) a uma ovelha, dizendo que lhe havia emprestado, para
matar-lhe a fome, um belo osso. A ovelha respondia que nunca lhe pedira emprestada
coisa alguma, e ainda menos ossos, pois nem seus dentes nem seu estômago preferiam
semelhante alimento, pois era herbívora e não carnívora. Mas, pobre dela! O cão achou
por testemunha um lobo, um urubu e um gavião e, mancomunados, jurando os três
terem visto a ovelha receber o osso do cão e roê-lo faminta, ela foi condenada.

MORAL DA HISTÓRIA: Por mais razão que tenhas, fuja de demandas (brigas, discussões
bestas); contra o pobre, ao rico e ao poderoso nunca falta apoio de testemunhas venais
(testemunhas corruptas) capazes de tudo.

                                         ***
                                O CHINÊS LAILAI
 Um certo dia, um chinês chamado Lailai resolveu dedicar a sua vida à meditação.
 Decidiu que iria para um mosteiro no alto de uma grande montanha, com objetivo de
 encontrar a iluminação.
 Viajou muitos dias e ao chegar em frente ao portão principal do mosteiro, encontrou
 aquele que seria o seu Mestre.
 Lailai foi recebido com muito amor pelos monges que há muitos anos viviam por lá. E
 dizia a todos:
 - Vim para buscar minha iluminação.
 Passados alguns anos, o monge Lailai começou a ficar descontente com a sua situação,
 pois não conseguia encontrar o caminho da luz.
 Procurou o mestre, e disse-lhe:
 - Amado Mestre, me ensinastes muitas coisas belas e importantes nesta minha
 caminhada, mas ainda não consegui alcançar a iluminação em minha vida. Quero
 desistir da vida de monge e voltar para a minha aldeia.
 E o Mestre respondeu:
 - Tudo bem Lailai. Já que você está desistindo desta vida de meditação, quero lhe
 acompanhar na descida da montanha. Amanhã, às 4 horas da manhã, estarei lhe
 esperando no portão principal do mosteiro.
 No horário marcado, Lailai encontrou o seu Mestre. Ao sair do mosteiro o Mestre
 perguntou ao Lailai:
 - Querido filho, o que estás vendo neste momento ?
 Respondeu Lailai.
 - Mestre vejo o orvalho da madrugada, o cheiro das flores, o céu estrelado e uma lua
 maravilhosa.
 Continuaram descendo a montanha. Passada uma hora de caminhada, o Mestre
 pergunta:
 - E nesta parte da montanha, o que está vendo ?
 Respondeu Lailai.
- Vejo os primeiros raios de sol, escuto o canto dos pássaros e sinto a doce brisa da
manhã penetrando em todo o meu ser.
E assim continuavam a descer a grande montanha. Passado algumas horas, o Mestre
voltou com a mesma pergunta e Lailai assim respondeu:
- Mestre, neste trecho da montanha sinto o calor do sol, o som do riacho, o orvalho
evaporando e os animais silvestres em harmonia com toda a natureza.
Seguiram a caminhada.
Chegaram ao pé da montanha ao meio dia. E mais uma vez, o Mestre fez a mesma
pergunta e teve como resposta:
- Mestre, vejo como a montanha é bela, as árvores da floresta, o riacho doce que
circunda o vale, o camponês cuidando da plantação de arroz. Vejo também mestre,
uma criança feliz brincando com os seus amigos.
Então o Mestre lhe falou:
- Agora você já poderá voltar para o mosteiro.
Espantado, Lailai perguntou qual seria a razão da volta ao mosteiro.
Respondeu o Mestre:
- Porque você já encontrou a Iluminação.
- Como, Mestre ?
- Muito simples. Em cada etapa da descida da montanha você percebeu a importância
de cada detalhe da natureza, compreendendo os seus sons, seus cheiros, suas imagens,
as suas cores e suas vidas. Assim é que devemos ver e interpretar esta longa
caminhada.
A isto tudo, nós chamados de iluminação.
A cada degrau da vida veja a beleza que ela nos oferece.

                                          ***
                             O CHORO DA ESTRELA
Estava Deus, a caminhar, sossegadamente, pelo universo...
Contemplava sua criação, e, aproveitando o passeio, verificava se tudo estava correndo
bem.
Em certo ponto de sua caminhada, deparou-se com uma de suas estrelas, num choro
compulsivo...
Com certa tristeza, aproximou-se e perguntou docemente:
- Por que choras, minha filha?
A pobre estrela, aos prantos, mal conseguia falar:
- Sabe, meu Pai... Estou triste... não consigo achar uma razão para a minha existência...
O sol, com toda a sua magnitude, fornece calor, luz e energia às pessoas... As estrelas
cadentes, incentivam paixões e sonhos... Os cometas, geram dúvidas e mistérios... E eu,
aqui... parada...
Deus ouviu tudo atentamente... com doçura e paciência, decidiu explicar à estrela os
porquês, porém, foi interrompido por uma voz, que vinha de longe...
Era uma criança, que caminhava com sua mãe, em um dos planetas da região...
A criança dizia à sua mãe:
- Veja mamãe! O dia já vai nascer!
A mãe ficou meio confusa... como podia, uma criança, que mal sabia as horas, saber
que o sol já nasceria, mesmo estando tão escuro?
- Como você sabe disso, meu filho?
- Veja aquela estrela! Papai me disse que ela anuncia o novo dia. Ela sempre aparece
pouco antes do sol, e aponta o lugar de onde o sol vai sair...
Ouvindo aquilo, a estrela pôs-se a chorar...
Deus, calmamente lhe falou:
- Podes ver? Sabes agora, o motivo de tua existência? Tudo o que criei, fiz por alguma
razão de ser. És a estrela que anuncia o novo dia... E com o novo dia, renovam-se as
esperanças, os sonhos... E serves para orientar os homens, para onde caminhar. Ao te
ver, sabem que não estão perdidos, pois sabem qual o seu destino.
A estrela ouviu tudo atentamente... Sentiu uma alegria celestial invadindo sua vida...
A partir de então, ela brilhou cada vez mais, pois sabia que era importante e
indispensável ao ciclo da vida.
Todos nós temos uma razão para estarmos aqui... Mesmo se não soubermos qual é
exatamente esta razão, devemos viver a vida intensamente, semeando amor e
espalhando alegrias... Só assim, a estrela que habita em nossos corações brilhará mais
forte, iluminando a todos que estão à nossa volta. Fazendo isso, estaremos iluminando
nossas próprias vidas.

                                  (Geremias Estevão)
        http://recantodapazdeespirito.blogspot.com/2010/02/o-choro-da-estrela.html

                                          ***
                                  O COBRADOR!
Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre
seguindo por uma longa estrada.
Ao passar próximo a uma moita de samambaia ouviram um gemido, verificaram e
descobriram caído um homem.
Estava pálido e com uma grande mancha de sangue próximo ao coração. O homem
tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência e da morte.
Com muita dificuldade, mestre e discípulo carregaram o homem para o casebre rústico
onde o trataram do ferimento.
Uma semana depois já restabelecido o homem contou que havia sido assaltado e que
ao reagir fora ferido por uma faca.
Disse que conhecia seu agressor e que não descansaria enquanto não se vingasse.
Disposto a partir o homem disse ao mestre:
"Senhor, muito lhe agradeço por ter salvado a minha vida, tenho que partir e levo
comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou, vou
fazer com que ele sinta a mesma dor que eu senti".
O mestre olhou fixo para o homem e disse:
"Vá, faça o que deseja. Entretanto devo informá-lo de que você me deve 3.000 moedas
de ouro como pagamento pelo tratamento que lhe fiz".
O homem ficou assustado e disse:
"Mas senhor, é muito dinheiro! Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse
valor".
"Se não podes pagar pelo bem que recebestes, com que direito queres cobrar o mal que
lhe fizeram?"
O homem ficou confuso e o mestre concluiu:
"Antes de cobrar alguma coisa procure saber quanto você deve. Não faça cobrança
pelas coisas ruins que te aconteceram nesta vida, pois esta vida pode lhe cobrar tudo
que você deve, e com certeza você vai pagar muito mais caro.

                                    Pense nisso!

                                        ***
                             O CONTRABANDISTA
                                    Conto sufi

Volta e meia, Nasrudin atravessava a fronteira entre a Pérsia e a Grécia montado no
lombo de um burro. Toda vez passava com dois cestos cheios de palha e voltava sem
eles, arrastando-se a pé. Toda vez o guarda procurava por contrabando. Nunca o
encontrou.
- O que é que você transporta, Nasrudin?
- Sou contrabandista.
Anos mais tarde, com uma aparência cada vez mais próspera, Nasrudin mudou-se para
o Egito. Lá encontrou um daqueles guardas de fronteira.
- Diga-me, Mullá, agora que você está fora da jurisdição grega e persa, instalado por
aqui nesta vida boa - o que é que você contrabandeava, que nunca conseguimos pegar?
- Burros.

                                        ***

(*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu
histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras
desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto
que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de
antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje.
O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As
ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma
combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu
no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo.
De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado
como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao
longo da história.
Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de
autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem
sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um
observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas
por um professor.
Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos
homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este
conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos
próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus.

              Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e
                             http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo

                                           ***
                              O CORVO COBIÇOSO
Era uma vez uma 'linda' pomba que costumava viver em um 'ninho' perto de uma
'cozinha'. Os cozinheiros gostavam muito dela e freqüentemente lhe davam grãos. Ela
gostava do lugar e tinha uma boa vida.
Um dia, um corvo viu a pomba e percebeu como ela estava recebendo ótimas refeições
da cozinha. Então, numa ocasião o corvo fez amizade com a pomba, e sob o pretexto
de amizade, de alguma forma conseguiu fazer com que a pomba dividisse o seu ninho
com ele. A pomba então lhe disse que poderiam passar o tempo juntos discutindo
política, religião, etc., mas que em se tratando de comida cada um teria seu meio
próprio. Dessa forma ela sugeriu que o corvo buscasse sua própria comida. Mas o corvo
estava impaciente e sua única razão para fazer amizade com a pomba era pela comida.
Ele queria carne e tudo o que a pomba ganhava da cozinha eram grãos.
Ela não podia esperar mais e finalmente decidiu visitar a cozinha diretamente para
obter comida. Assim pensando, ela furtivamente se arrastou pela chaminé abaixo e
entrou na cozinha. Ela sentiu o cheiro de um peixe temperado que estava numa panela.
Cobiçoso, ele adiantou-se e tentou pegar o peixe, porém ao fazer isto ele tropeçou
numa concha de sopa e fez um barulho. Isto alertou o cozinheiro que estava na sala
vizinha e apanhou o corvo e o matou.

Moral da história: A cobiça paralisa a Inteligência.
A tradução deste texto é uma preciosa colaboração de Teresinha Medeiros dos Santos
                                  - Felppondd@aol.com

Referências bibliográficas
As Mais Belas Histórias Budistas - http://www.maisbelashistoriasbudistas.com


                                           ***
                          O DESAFIO DA MONTANHA
Numa cidade havia uma montanha bastante íngreme e pedregosa, jamais escalada.
Três amigos decidiram fazer a sua subida e, para isto, prepararam-se durante alguns
dias. Muniram-se de todo o equipamento necessário, como cordas, alimentos e
materiais de primeiros socorros. No dia estabelecido, iniciaram a aventura, que seria
observada por várias pessoas.
Um deles, o mais jovem, iniciou a subida fazendo grande alarde, concedendo
entrevistas e se declarando, por antecipação, como o mais preparado para atingir o
objetivo. Partiu eufórico e venceu os primeiros obstáculos com relativa facilidade.
Prosseguiu na escalada e, quando já atingia uma determinada altura, em torno de 10%
do desafio a percorrer, parou para descansar. Já sentia forte cansaço e em seu corpo já
se percebiam as marcas de alguns ferimentos, resultantes do contato com a vegetação
nativa e espinhosa que encobria a montanha.
Do ponto em que se encontrava, olhou para o alto... e sentiu um frio percorrer-lhe a
espinha. Estava ainda muito distante do ponto de chegada. Teve medo. O desafio era
maior do que suas forças. A distância que faltava percorrer era gigantesca. Desistiu.
Acabrunhado, retornou ao ponto de partida, deixando no exato ponto onde parou uma
placa com os dizeres: “E difícil!”
O outro, igualmente jovem, porém mais determinado, foi muito mais além. Enfrentou
barreiras e espinhos, expôs-se ao vento que era mais forte, feriu pés e mãos,
despendeu grandes esforços e atingiu a metade do monte. Só aí parou para descansar.
Estava esgotado e bastante maltratado.
Olhou para baixo... e sentiu calafrios. Era aterrorizador olhar para baixo e ver a altura
em que se encontrava. Entristeceu. Já fizera todo aquele esforço e ainda não lograra o
êxito desejado. Qualquer deslize ali poderia ser fatal. Sentiu medo. O desafio era maior
do que suas forças. Desistiu. Acabrunhado, retornou ao ponto de partida, deixando no
exato ponto onde parou, uma placa com os dizeres: “É difícil acreditar que cheguei
aqui.”
O terceiro deles, mais amadurecido e reservado, nada disse nem prometeu. Iniciou sua
caminhada de forma obstinada e segura. Atravessou barreiras e espinhos; superou
desafios e dificuldades; expôs-se a situações desconfortáveis e dolorosas;
experimentou ferimentos nos pés e nas mãos, mas prosseguiu em seu intento.
Acreditava que poderia chegar.
Não olhou para cima, nem olhou para baixo. Apenas prosseguiu. De forma
determinada e gradual, foi alcançando, passo a passo, seu objetivo. Via apenas uma
coisa: o objetivo traçado.
Estava com a mente colocada bem adiante, no lugar da chegada. E, com este ânimo, foi
superando os obstáculos que surgiam, sem se deixar abater por eles.
Após muito esforço e determinação, chegou ao topo da montanha. O desafio estava
vencido. Lá em cima, radiante com a conquista realizada, escreveu: “É difícil acreditar
que cheguei aqui, porém, mais difícil foi acreditar que poderia chegar.”

      APONTAMENTOS:

      * Aprenda a querer e a procurar. O desejo é uma força no homem, mas,
      para que produza seu efeito, exige determinação e ação.
      * O sucesso somente chega para aqueles que se dispõem a alcançá-lo,
      com firmeza e persistência.
* Não desanime diante dos primeiros embates. Mantenha sempre elevada
      a sua auto-estima, seja constante em seus ideais e saiba esperar.
      * As barreiras, os problemas e as crises, são indicativos do nosso grau de
      comprometimento com as leis de Deus. receba suas provas com
      serenidade, entendendo que, por maior que seja o problema, o mundo
      não vai se acabar se as coisas não acontecerem da maneira que você
      deseja.
      * Seu corpo é um universo de células que você administra. Cada
      pensamento positivo é um ato novo que agrada e conquista seus
      comandados.
      * Assimile a lição do tempo. Não há noite que não seja substituída pelo
      esplendor de um novo dia.
      * A perseverança é tão definidora de nossa sorte futura que Jesus, ao
      mostrar como se conquista o Reino de Deus, afirmou: “Aquele que
      perseverar até o fim será salvo” (Mateus 10-22)


                                          ***
                             O FILHOTE DE BATATA
                                     (Suzanne Boyce)
Meu filho de quatro anos, Shane, há mais de um mês vem pedindo por um filhote de
cachorro, mas seu pai sempre diz:
- Nada de cachorro! Um cachorro vai fazer buracos pelo jardim e perseguirá os patos e
matará os coelhos. Nada de cachorro e ponto final!
Toda noite Shane reza para ter um filhote de cachorro, e toda manhã fica
decepcionado quando não encontra nenhum filhote de cachorro lhe esperando.
Eu descascava batatas para o jantar, e ele estava sentado no chão aos meus pés
perguntando pela milésima vez:
- Por que papai não me deixa ter um filhote de cachorro?
- Porque cães trazem muitos problemas. Não chore. Talvez seu pai, algum dia, mude de
idéia.
- Não, ele não vai mudar de idéia, e eu nunca terei um filhote de cachorro em um
milhão de anos. Shane lamentou.
Eu olhei sua carinha suja, com alguma lágrimas rolando. Como poderíamos lhe negar
um desejo? Assim eu disse:
- Sei de uma maneira para fazer o papai mudar de idéia!
- Jura! Shane exclamou limpando as lágrimas.
Eu lhe entreguei uma batata.
- Pegue isto e carregue com você até que vire um filhote de cachorro. - sussurrei -Nunca
deixe longe de você, nem por um minuto. Mantenha-o com você o tempo todo e no
terceiro dia, amarre uma corda em torno dela e arraste pelo jardim e vamos ver o que
acontece!
Shane agarrou a batata com ambas as mãos.
- Mãe, como você vai fazer uma batata virar um filhote de cachorro? Perguntou girando
a batata em suas pequenas mãos.
- Shh! É um segredo! Eu sussurrei.
- Senhor, você sabe que é uma obrigação da mulher manter a paz em seu lar! Eu rezei.
Shane carregou fielmente sua batata por dois dias; dormiu com ela, banhou-se com ela
e lhe falava.
No terceiro dia eu disse a meu marido:
- Acho que devemos arranjar um animal de estimação para Shane.
- O que a faz pensar que ele precisa de um animal de estimação? Meu marido
perguntou inclinando-se ao meu encontro.
- Bem, ele anda carregando uma batata pra todo lado, há dias. Chama-a de Wally e diz
que é seu animal de estimação. Dorme com ela em sua cama, e agora tem uma corda
amarrada nela e fica arrastando a batata em torno do jardim. Eu respondi.
- Uma batata? Meu marido perguntou e olhou pela janela, observando Shane levar sua
batata para uma caminhada.
- Vai quebrar seu coração quando a batata começar a apodrecer. Eu disse - Além disso,
toda vez que eu tento descascar batatas para o jantar, Shane grita perguntando por
que eu faço isto com a família de Wally.
- Uma batata? Meu marido perguntou, incrédulo. Meu filho tem uma batata como
animal de estimação?
- Bem, - Eu disse encolhendo os ombros - você disse que ele não poderia ter um filhote
de cachorro. Então, decepcionado, decidiu ter um outro animal de estimação...
- Que loucura! Meu marido disse.
Meu marido observou nosso filho por mais alguns minutos.
- Hoje à noite eu trago um filhote de cachorro para ele. Depois do trabalho eu paro
numa loja e compro. Acho que um filhote de cachorro não pode trazer tanto
problema... e é melhor do que uma batata. Ele disse, suspirando.
À noite, meu marido trouxe para Shane um filhote de cachorro e uma gata branca
grávida da qual ele teve pena ao vê-la na loja.
Todos ficaram felizes.
Meu marido acreditando ter afastado seu filho de uma crise nervosa. Shane tinha um
filhote de cachorro, uma gata e cinco gatinhos e acreditava que sua mãe tinha poderes
mágicos que poderiam transformar uma batata em um filhote de cachorro. E eu fiquei
feliz porque eu tomei de volta a minha batata e a cozinhei para o jantar.
Tudo estava perfeito até um dia, quando eu cozinhava o jantar, Shane puxou meu
vestido e perguntou:
- Mãe, o que você acha, eu poderia ganhar um pônei em meu aniversário?
Eu olhei em sua pequena e doce carinha e disse:
- Bem, primeiro nós temos que conseguir uma melancia...

                                        ***
                       O FORMIGUEIRO E O DRAGÃO
Uma fábula nos dá conta de que um homem encontrou um formigueiro que se
queimava durante o dia e fumegava à noite.
Curioso e intrigado foi ter junto a um sábio homem e lhe pediu conselhos a respeito do
que fazer com o achado. O sábio lhe disse para revolver o formigueiro com uma
espada.
Assim fazendo, o homem encontrou uma trava de porta, algumas bolhas de água, um
forcado, uma caixa, uma carapaça de tartaruga, uma faca de açougueiro, um pedaço de
carne e, finalmente, um dragão.
Retornando ao sábio, contou-lhe o que havia encontrado. O sábio explicou-lhe então o
significado de suas descobertas e lhe disse: "Jogue tudo fora, exceto o dragão; deixe-o
sozinho e não o moleste."
Nesta fábula, o formigueiro representa o corpo humano. Sua queima durante o dia
simboliza o fato de que, durante o dia, os homens fazem as coisas que pensaram na
noite precedente. Fumegar à noite indica o fato de que os homens, durante a noite,
recordam-se, com prazer ou tristeza, das coisas certas ou erradas que fizeram durante
o dia.
Na mesma fábula, o homem simboliza a pessoa que busca a iluminação. O sábio é um
Buda. A espada simboliza a pura sabedoria. Revolver o formigueiro simboliza o esforço
que se deve fazer para alcançar a iluminação.
A trava da porta representa a ignorância; as bolhas de água são os bafejos do
sofrimento e da ira; o forcado sugere a hesitação e o desconforto; a caixa é onde se
acumulam a cobiça, a ira, a indolência, a volubilidade, o arrependimento e a ilusão; a
carapaça de tartaruga simboliza a mente; a faca de açougueiro significa a síntese dos
cinco sentidos; e o pedaço de carne simboliza o desejo que surge desses sentidos e que
leva o homem a ansiar por sua satisfação.
Ainda na fábula, o dragão indica a mente que eliminou todas as paixões mundanas e as
transformou em iluminação. Se um homem revolver as coisas ao seu redor com a
espada da sabedoria, encontrará o dragão e a maneira certa de agir. "Deixe o dragão
sozinho e não o moleste" significa procurar e trazer à luz a mente livre dos desejos
mundanos.

                                   (Sutra Vammika)

                                         ***
                       O FRIO QUE VEIO DE DENTRO
Seis homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve.
Teriam que esperar até o amanhecer para poderem receber socorro.
Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da
qual eles se aqueciam. Se o fogo apagasse – eles o sabiam, todos morreriam de frio
antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era
a única maneira de poderem sobreviver.
O primeiro homem era um racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e
descobriu que um deles tinha a pele escura. Então ele raciocinou consigo mesmo:
– Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro.
E guardou-as protegendo-as dos olhares dos demais.
O segundo homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os
juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um círculo em torno do fogo bruxuleante, um
homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas
roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e enquanto
mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou:
– Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso?
O terceiro homem era o negro. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento.
Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral que o
sofrimento ensinava. Seu pensamento era muito prático:
– É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais
daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem.
E guardou suas lenhas com cuidado.
O quarto homem era o pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os
caminhos, os perigos e os segredos da neve.
Ele pensou:
– Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.
O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as
brasas. Nem lhe passou pela cabeça oferecer da lenha que carregava.
Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar
em ser útil.
O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosa das mãos, os sinais de
uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido.
– Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o
menor dos meus gravetos.
Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da
fogueira se cobriu de cinzas e finalmente apagou.
Ao alvorecer do dia, quando os homens do Socorro chegaram à caverna encontraram
seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para
aquele triste quadro, o chefe da equipe de Socorro disse:
– O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro.

                                        ***
                              O FURO NO BARCO
Um homem foi chamado à praia para pintar um barco. Trouxe com ele tinta e pincéis e
começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como fora contratado para fazer.
Enquanto pintava, percebeu que a tinta estava passando pelo fundo do barco.
Percebeu que havia um vazamento e decidiu consertá-lo.
Quando terminou a pintura, recebeu seu dinheiro e se foi.
No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e presenteou-o com um
belo cheque. O pintor ficou surpreso:
- O senhor já me pagou pela pintura do barco - disse ele.
- Mas isto não é pelo trabalho de pintura. É por ter consertado o vazamento do barco.
- Foi um serviço tão pequeno que não quis cobrar. Certamente, não está me pagando
uma quantia tão alta por algo tão insignificante!
- Meu caro amigo, você não compreendeu, deixe-me contar-lhe o que aconteceu:
quando pedi a você que pintasse o barco, esqueci de mencionar o vazamento. Quando o
barco secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estava em
casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei
desesperado, pois lembrei-me de que o barco tinha um furo. Imagine meu alívio e
alegria quando os vi retornando sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que
você o havia consertado! Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não
tenho dinheiro suficiente para pagar-lhe pela sua "pequena" boa ação...

REFLEXÃO:
Não importa para quem, quando, de que maneira... Ajude! Ampare!
Enxugue as lágrimas! Conserte os vazamentos... SEMPRE!

                                         ***
                     O GAROTO, O PAI E A VASSOURA
Um garoto caminhava pela rua junto dos amigos em direção a Escola jogar futebol. De
repente, ao longe, avista seu pai varrendo a rua, pois, recentemente conseguira o
emprego de Gari ou Faxineiro Público. Profundamente envergonhado, o garoto muda
de rua para que seus amigos não visem seu pai com a Vassoura nas mãos varrendo
ruas.
"- Que Vergonha!!!" Sentiu.
Chegando na escola, foi logo para o vestuário colocar seu uniforme esportivo. O
Professor, vendo que o garoto estava sentado sozinho e tristonho, aproxima-se e
pergunta:
Como vai?... Parece que você está triste hoje!
O garoto relutou um pouco em falar, e vendo que não havia mais ninguém no
vestuário, além dele e do Professor, desabafa em lágrimas:
- Eu estava vindo para escola e vi meu Pai no seu novo emprego.
- Mas que bom, seu Pai conseguiu emprego!!!
Disse o Professor expressando seu contentamento.
- Bom nada! Trabalhar como Gari, isso é ter um emprego?
A 4 meses atrás ele era um empresário e agora fica varrendo ruas da cidade.... Veja os
meus amigos, os pais deles estão desempregados e nem por isso se sujeitam a varrer
ruas...
Após ouvir o que disse o garoto, o Professor sentou-se ao lado dele e para surpresa do
garoto, falou seriamente:
- Você é um garoto muito ingrato e está cometendo uma grande injustiça com seu pai,
sabia?
Surpreso e assustado com as palavras duras do professor, o garoto se calou e ouviu:
- Você deveria agradecer a Deus pelo Pai que você tem, pois enquanto os Pais de seus
amigos ficam em casa se embebedando e engordando em frente da TV, e devendo para
todos os credores, seu Pai, de quem você agora se envergonha, neste tempo de muita
crise e desempregos, consegue sustentar você, seus irmãos e sua mãe com este
emprego de gari e está conseguindo, aos poucos, sanar as dívidas com seus credores.....
Você deveria se orgulhar de seu pai, pois ele está vencendo AS DIFICULDADES com uma
Vassoura!
O Professor levantou-se e sai do vestuário.
O garoto ficou ali por alguns minutos.
Depois, levantou-se e foi para sua casa. Ao chegar em casa, viu seu Pai descansando no
sofá da sala e chegou perto dele e o acordou, dizendo:
-Oi Pai?
- Oi meu filho. Você não foi jogar futebol na escola? Indagou o Pai.
- Não Pai, eu perdi a vontade de jogar hoje.... ah, o senhor quer um copo d’água? Eu
pego pro senhor.
- Não meu filho, obrigado!
- Olha, a mãe fez café, o senhor quer que eu pegue para o senhor?
Embora surpreso, o pai nota que o filho estava disposto a agradá-lo... Então disse:
- Não meu filho, obrigado!... Eu só quero que você volte pra escola e vai jogar seu
futebol. Tá bom?
O Garoto abriu um sorriso e correu. Ao chegar até a porta da sala, antes de sair, olhou
para o Pai e disse:
- Olha Pai, prometo que no sábado eu vou engraxar as botas de seu trabalho, viu?

                                         ***
                             O GRANDE PRÍNCIPE
Havia um rei, muito bom, que tinha dois filhos. Como já estava velho, precisava
escolher um deles para ajudá-lo nas tarefas de governar e, mais tarde, substituí-lo,
naquele país.
A fim de experimentar qual dos dois estaria melhor indicado para aquela tarefa,
chamou os moços, entregou a cada um deles, uma carruagem contendo ouro, dinheiro
e jóias, dizendo:
- Percorram o reino e procurem empregar estes tesouros da forma que julgarem mais
convenientemente ao futuro rei deste país. Dentro de três meses, deverão regressar e
contar-me o que tiverem feito; dependendo de suas ações, escolherei aquele que há de
me ajudar no governo deste país.
Findo os três meses, um dos filhos chegou ao palácio, alegre e bem vestido, o rei o
recebeu contente, abençoou-o e pediu que narrasse o que havia feito.
O moço fez uma reverência e disse:
- Meu pai e soberano, viajei por todo o país e comprei, para teu descanso um
maravilhoso e enorme palácio: comprei escravos fortes, para te servirem e reuni neste
castelo as riquezas maravilhosas do nosso tempo. No palácio, poderás viver
tranqüilamente, feliz e seguro de todos os teus bens, vigiados pelos teus servos.
O velho rei agradeceu amorosamente, as atitudes do filho que pensou muito nele e em
seu futuro. Convidou o filho a esperar pelo outro príncipe Que ainda não chegara.
Certo dia, estando pai e filho em agradável conversa, eis que chega o outro filho. O
príncipe entrou na sala real e ao contrário do irmão, vinha cansado, abatido e mal
vestido. Não havia comprado roupas novas.
Aproximando-se do rei, falou:
- Querido pai, viajei por todas as terras, de norte a sul, de leste a oeste. Em alguns
lugares o povo vivia em paz, em bem estar, mas nas montanhas encontrei muitos sem
emprego, doentes, famintos e muitas mulheres e crianças sem casa para morar.
Com parte do dinheiro e dos tesouros que me destes, arranjei médicos e remédios em
 favor daqueles que sofriam.
 Mandei construir oficinas de trabalho e dei emprego a todos. Com alimentos e com
 forças readquiridas, cada família construiu sua casa com o material que doei em seu
 nome.
 Ao norte, verifiquei jovens e crianças sem escolas, instalei várias salas de aula e
 contratei professores.
 O jovem parou de falar e em seguida comentou:
 - Perdoe-me pai, nada fiz para te enriquecer e gastei tudo o que me deste. Voltei pobre!
 O rei olhou para o filho e com um gesto carinhoso perguntou:
 - Fizeste o que achavas que era certo?
 - Sim, – respondeu o filho – jamais descansarei enquanto houver sofrimento nestas
 terras, porque aprendi contigo que as necessidades dos filhos do povo são iguais às dos
 filhos do rei...
 Diante destas palavras, o rei, trêmulo de emoção, desceu do trono, abraçou
 demoradamente o filho e exclamou:
 - Grande príncipe, abençoado sejas para sempre. É a ti que compete o direito de
 governar ao meu lado, pois foste tu que melhor soube aplicar o dinheiro que lhe confiei.
 Multiplicastes nossos bens. O povo trabalhando, produzirá mais e haverá mais o que
 vender e assim, melhorarão suas condições de vida e saúde, e com as escolas o povo
 compreenderá o valor da liberdade e do conhecimento engrandecendo o meu
 reino. Deus te abençoe meu filho!
                                           ***

                           O GUERREIRO E O MONGE
Havia, certa vez, um guerreiro que estava sempre desafiando e medindo forças com
outros homens.
Um dia foi a um mosteiro e disse que queria falar com o mestre. Sem hesitação, este foi
ao seu encontro.
O guerreiro, dirigindo-se a ele, disse:
- Há quem creia que a inteligência é mais poderosa que a força, mas para mim é fácil
mostrar o inferno a alguém; basta espancá-lo.
O mestre respondeu:
- Não discuto com gente suja como você.
O guerreiro sentiu tanto ódio naquele instante, que seu rosto ficou vermelho e seus olhos
pareciam saltar das órbitas.
- Isto é o inferno, disse o mestre sorrindo.
O guerreiro entendeu e admirou sua coragem.
- Isto é o céu, continuou o mestre, e convidou-o para entrar no mosteiro.

                                          ***
O HOMEM E O RIO
Havia um homem apaixonado por um rio... Gastava longas horas vendo suas águas a
passar, carregando em seu dorso suave, folhas e histórias das cidades acima e isto lhe
dava felicidade...
Sua grande alegria era quando chegava a tarde, depois do trabalho. Ele ia correndo
para o rio, pulava uma cerca e ficava lá em uma prainha, com os pés mexendo nas
areias grossas, bem embaixo de um velho ingá...
Falava muito, confidenciava segredos, dava gargalhadas, nunca ia embora, enquanto
houvesse luz... E por muitas vezes só se deu conta que era noite quando a lua
ladrilhava de prata as águas do rio...
Ficava lá, remoendo lembranças, indo para o futuro em sonhos...
Seus olhos eram rio. O rio passeava com suas águas amigas em seus olhos, como em
nenhum outro. Ambos pareciam ter nascido para ser daquele jeito, nunca sem o outro,
a unidade de almas...
Dizia o homem:
- Amor pra toda vida...
Consentia o rio...
Porém, um dia, o céu escureceu. Nuvens cobriram a terra a chuva desabou sobre o
mundo. A cabeceira do rio foi enchendo e logo tudo virou correnteza.
Árvores foram arrancadas, folhas deram lugar aos galhos pesados, estes arranhavam
tudo o que encontravam, as barrancas desmaiavam e sumiam devoradas pela fúria das
águas.
O rio cresceu, ultrapassou as margens, derrubou cercas, foi crescendo até chegar na
casa do homem...
Avançou o jardim... Margaridas e rosas desapareceram...
Quando veio o sol, veio também a desolação. Tinha que recomeçar e como é difícil
recomeçar. Fez o que pôde, sem olhar em direção ao rio. Seu peito era uma amargura
só. Sua cabeça não ficava em silêncio. Só pensava no que iria dizer.
Então falou:
- Por quê? Por que fez isto? Eu confiava em você, tinha certeza que isto não iria
acontecer... Não conosco... Havia muito amor entre nós... Amor que não merecia
acabar assim. Não é só a lama que está no jardim, é a confiança que nunca mais será
confiança, o amor que nunca mais será amor, é o adeus que será para sempre adeus...
Foi inútil o rio tentar explicar. Nunca mais se encontraram.
Nunca mais a lua cantou naquele lugar... E as águas daquele rio, como o coração
daquele homem, nunca mais foram os mesmos...
O homem mudou-se para muito longe e o rio, quando passava por lá, tentava não
olhar... Mas sonhava, bem dentro, em suas águas mais profundas, um dia ver ali,
debaixo do ingá, quem nunca deveria ter ido embora...

                                        ***
Estas palavras falam por si... Temos tendência a esquecer fácil os bons momentos e
damos uma eternidade para as lembranças negativas...
Esquecemos as conversas onde só o coração fala e perdemos tardes lindas de amor...
Abraços apertados, aconchego... Por não querer relevar. Não querer lutar um pouco
mais.
Às vezes temos 100% e por causa de 1% perdemos 99%... Já viram como sempre
ficamos presos a este 1%?
Guardamos sempre a imagem da casa destruída, mas, negamos dar vida ao rio
iluminado...
                                       ***
                  O INTELECTUAL E AS RESPOSTAS ZEN
Certa vez Tao-kwang, um intelectual budista e estudioso do Vijñaptimara (idealismo
absoluto), aproximou-se de um mestre Zen e perguntou:
"Com que atitude mental deve um indivíduo disciplinar-se para alcançar a Verdade?"
Respondeu o mestre Zen: "Não há nenhuma mente a ser disciplinada, nem qualquer
verdade na qual nós devemos nos disciplinar."
Replicou o intelectual:
"Se não há nenhuma mente para ser controlada e nenhuma Verdade para ser ensinada,
por que vos reunis todos os dias aos monges? Se não tenho língua, como será possível
aconselhar a outrem a virem até mim?"
"Eu não possuo nem uma polegada de espaço para dar, portanto onde posso conseguir
uma reunião de monges? Eu não possuo língua, como posso aconselhar a outrem virem
a mim?" respondeu o mestre.
O Intelectual então exclamou:
"Como podeis proferir uma tal mentira na minha cara!?!!"
"Se não tenho língua," retorquiu o mestre, "para aconselhar os outros como é possível
pregar uma mentira?"
Desesperado em confusão, disse Tao-kwang:
"NÃO POSSO SEGUIR VOSSO RACIOCÍNIO!!!"
"Nem eu tampouco..." concluiu o mestre.

                                       Conto Zen

                                          ***
                          O LADRÃO DE MACHADO
                                         Do livro
                                 OS MESTRES DO TAO,
                                Editora Cultrix, São Paulo

Um homem perdeu seu machado. Ele suspeitou do filho do vizinho e se pôs a observá-
lo. Seu jeito era o de um ladrão de machado; a expressão de seu rosto era a de um
ladrão de machado; seu modo de falar era exatamente o de um ladrão um ladrão de
machado. Todos os seus movimentos, todo o seu ser eram a expressão exata de um
ladrão de machado. Ora aconteceu que o homem que havia perdido o machado, ao
cavar, por acaso, a terra no vale, encontrou sua ferramenta.
No dia seguinte, ele tornou a olhar para o filho do vizinho. Todos os seus movimentos,
todo o seu ser nada mais tinham de um ladrão de machado.
***
                      O LADRÃO E O CÃO DE GUARDA
Um ladrão veio à noite para assaltar uma casa. Ele trouxe consigo vários pedaços de
carne, para que pudesse acalmar um feroz Cão de Guarda que vigiava o local. A carne
serviria para distraí-lo, de modo que não chamasse a atenção do seu dono com latidos.
Assim que o ladrão jogou os pedaços de carne aos pés do cão, disse-lhe então o animal:
- Se você estava querendo calar minha boca, cometeu um grande erro. Tão inesperada
gentileza vinda de suas mãos, apenas serviram para me deixar ainda mais atento. Sei
que por trás dessa cortesia sem motivo, você deve ter algum interesse oculto, de modo
a beneficiar a si mesmo e prejudicar o meu dono.

Moral da História:
Gentilezas inesperadas é a principal característica de alguém com más, ou segundas
intenções.

                                    Autor: Esopo

                                        ***
                             O LIVRO DO DESTINO
Certa vez, quando voltava de Bagdá, encontrei um velho árabe que me chamou a
atenção. Falando agitado com os mercadores, dizia:
- Eu já fui poderoso! Já tive o destino nesta mão!
Procurei aproximar-me dele discretamente e, logo depois já lhe havia captado a
confiança. O desconhecido, sem perceber os meus sustos, continuou:
- Segundo ensina o alcorão - a nossa vida está escrita - MAKTUB - no livro do destino.
Temos uma página, com tudo o que de bom ou de mal nos vai acontecer.
E sem esperar que o interrogasse, prosseguiu:
- Recebi, das mãos de um xeique, um talismã raríssimo, encontrado dentro do túmulo
de um santo mulçumano. E essa pedra permitia a entrada livre na famosa gruta da
fatalidade, onde se acha o livro do destino. Viajei longos anos até alcançar a gruta
encantada. Um gênio bondoso que estava de sentinela à porta, deixou-me entrar,
avisando-me que só poderia permanecer na gruta por espaços de poucos minutos. Era
minha intenção alterar o que estava escrito na página de minha vida e fazer de mim um
homem rico e feliz. Bastava acrescentar com a caneta que eu já levava: "Será um
homem feliz e estimado por todos; terá muita saúde e muito dinheiro."
- Lembrei-me, porém, de meus inimigos. Poderia, naquele momento, fazer um grande
mal a todos eles. Movido pelo ódio, abri a página de Hiamir, vi o que ia suceder no
desenrolar de sua vida e acrescentei embaixo: "Morrerá pobre, sofrendo os maiores
tormentos." Na página de Farid gravei, impetuoso, alterando-lhe a vida
inteira: "Perderá todos os haveres; ficará cego e morrerá de fome."
E assim, sem piedade, desgracei a vida de meus inimigos.
- E na tua vida? - indaguei - Que fizeste da página que o Destino dedicara a tua própria
 existência?
 - Ah! Meu amigo! - atalhou o desconhecido - Nada fiz em meu favor.
 - Preocupado em fazer mal aos outros, esqueci de fazer o bem a mim mesmo. Quando
 pensei em tornar feliz a minha vida, estava terminado o meu tempo. Sem que eu
 esperasse, me surgiu pela frente um Gênio feroz que me agarrou fortemente e, depois
 de arrancar-me das mãos o talismã, me atirou fora da gruta. Caí e perdi os sentidos.
 Quando recuperei a razão me achei muito longe da gruta e sem o talismã precioso,
 então, nunca mais pude descobrir o caminho da gruta encantada.
 E concluiu com voz cada vez mais rouca e baixa:
 - Perdi a única oportunidade que tive de ser rico, estimado e feliz.

                                          ***

Seria verdade essa estranha aventura?
Até hoje ignoro. O certo é que este caso nos traz grande ensinamento.
Quantos homens há, no mundo, que preocupados em levar o mal a seus semelhantes, se
esquecem do bem que podem trazer a si próprios.

                                     (Malba Tahan)

                                          ***
                             O LOBO E O CORDEIRO
Estava um cordeiro bebendo água na parte inferior de um rio; chegou um lobo, na parte
de cima, e cravando nele os olhos famintos, disse-lhe com voz cheia de ameaça:
- Quem lhe deu o atrevimento de turvar (sujar) a água que pretendo beber?
- Senhor, respondeu humilde o cordeiro, repare que a água desce para mim: assim não a
posso turvar...
E ainda é bocudo e insolente! redarguiu o lobo arreganhando os dentes;
- Ouvi dizer que no ano passado você falou mal de mim.
- Como o faria, se só tenho seis meses de vida e ainda não tinha nascido...
- Pois se não foi você deve ter sido seu pai, seu irmão ou algum dos seus parentes e por
eles você vai pagar.
Dito isto, atirou-se sobre ele e o foi devorando
MORALIDADE: Foge do mau, com ele não argumentes: as melhores razões te não poderão
livrar da sua fúria. Evita-o fugindo.

                                          ***
                                  O MAL EXISTE?
Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta:
- Deus fez tudo que existe?
Um estudante respondeu corajosamente:
- "Sim, fez!"
- Deus fez tudo, mesmo?
- Sim, professor - respondeu o jovem.
O professor replicou:
- Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e considerando-se
que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mal.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver
provado uma vez mais que a Fé era um mito.
Outro estudante levantou sua mão e disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
- Sem dúvida, respondeu-lhe o professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
- Professor, o frio existe?
- Mas que pergunta é essa? Claro que existe você por acaso nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu:
- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos
frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando
tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou
transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos
ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para
descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.
- E a escuridão, existe? - continuou o estudante.
O professor respondeu:
- Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é na verdade
a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton
decompõe a luz branca nas varias cores de que se compõe, com seus diferentes
comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina
a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um
determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local,
não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece
quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
- Diga, professor, o mal existe?
Ele respondeu:
- Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência
diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal.
Então o estudante respondeu:
- O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a
ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para
descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a Fé ou o Amor, que
existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus
presente em seus corações. “É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão
que acontece quando não há luz."

                                          ***
O MENINO E O TELEFONE
Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa
vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na
cômoda da sala.
Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado
enquanto minha mãe falava com alguém.
Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa
legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não
soubesse.
"Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a
hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse gênio-na-garrafa veio num dia em que
minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa
de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível mas não
havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a
sua simpatia. Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido ate que pensei: O
telefone!
Rapidamente fui ate o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente a
cômoda da sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido.
Alguém atendeu e eu disse:
- Uma informação, por favor.
Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido.
- Informações.
- Eu machuquei meu dedo..., disse, e as lagrimas vieram facilmente, agora que eu tinha
audiência.
- A sua mãe não esta em casa?, ela perguntou.
- Não tem ninguém aqui..., eu soluçava.
- Está sangrando?
- Não, respondi.
- Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo...
- Você consegue abrir o congelador?, ela perguntou.
Eu respondi que sim.
- Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo, disse a voz.
Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo.
Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a
Philadelphia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o
pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas.
Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para "Uma informação, por
favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem
para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável. Eu perguntava:
- Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente
para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?
Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente:
- Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também...
De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.
No outro dia, lá estava eu de novo.
- Informações, disse a voz já tão familiar.
- Você sabe como se escreve 'exceção'?
Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico. Quando eu tinha 9
anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga.
"Uma informação, por favor" pertencia aquele velho aparelho telefônico preto e eu
não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que
ficava na nova cômoda na nova sala. Conforme eu crescia, as lembranças daquelas
conversas infantis nunca saiam da minha memória.
Freqüentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o
sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo. Hoje eu entendo como
ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um
menininho.
Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala
em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com
minha irmã, que morava lá, por 15 minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava
fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi:
- Uma informação, por favor.
Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo:
- Informações.
Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando:
- Você sabe como se escreve 'exceção'?
Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave:
- Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul.
Eu ri e disse:
- Então, é você mesma! Você não imagina como era importante para mim naquele
tempo.
- Eu imagino, ela disse.
- E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos
e ficava esperando todos os dias que você ligasse.
Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-
la quando fosse encontrar a minha irmã.
- É claro!, ela respondeu.
- Venha até aqui e chame a Sally.
Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã.
Quando liguei, uma voz diferente respondeu:
- Informações.
Eu pedi para chamar a Sally.
- Você é amigo dela?, a voz perguntou.
- Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul.
- Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque
estava doente. Infelizmente, ela morreu há cinco semanas.
Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou:
- Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul?
- Sim.
- A Sally deixou uma mensagem para você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso
você ligasse. Eu vou ler pra você.
A mensagem dizia:
"Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar
também. Ele vai entender."
Eu agradeci e desliguei.Eu entendi...

                                        ***
                          O MESTRE SUFI E O OVO
                                      Conto sufi
Certa manhã, Nasrudin (*) colocou um ovo embrulhado num lenço, foi para o meio da
praça da sua cidade, e chamou aqueles que estavam ali.
- Hoje vamos ter um importante concurso! A quem descobrir o que está embrulhado
neste lenço eu dou de presente o ovo que está dentro!
As pessoas se olharam, intrigadas, e responderam:
- Como podemos saber? Ninguém aqui é capaz de fazer esse tipo de previsões!
Nasrudin insistiu:
- O que está neste lenço tem um centro que é amarelo como uma gema, cercado de um
líquido da cor da clara, que por sua vez está contido dentro de uma casca que se parte
facilmente. É um símbolo de fertilidade, e lembra-nos dos pássaros que voam para seus
ninhos. Então, quem é que me pode dizer o que está aqui escondido?
Todos os habitantes pensavam que Nasrudin tinha nas suas mãos um ovo, mas a
resposta era tão óbvia, que ninguém resolveu passar vergonha diante dos outros. E se
não fosse um ovo, mas algo muito importante, produto da fértil imaginação mística dos
sufis? Um centro amarelo podia significar algo do sol, o líquido em seu redor talvez
fosse um preparado alquímico. Não, aquele louco estava a querer fazer alguém passar
por ridículo. Nasrudin perguntou mais duas vezes, e ninguém respondeu.

                                        ***

(*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu
histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras
desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto
que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de
antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje.
O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As
ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma
combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu
no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo.
De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado
como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao
longo da história.
Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de
autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem
sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um
observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas
por um professor.
Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos
homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este
conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos
próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus.

              Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e
                             http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo

                                           ***
                              O MITO DA CAVERNA
                            Extraído de "A República" de Platão

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração,
seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal
modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas a
frente, não podendo girar a cabaça nem para trás nem para os lados. A entrada da
caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-
obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira externa. Entre ele e os
prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi
erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao
longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras
de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na
parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem
poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas são
as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que
são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da
caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no
exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um
prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres
humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de
imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando
com o caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz
do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a
claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho,
enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão
sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que
somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria
desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não
acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas,
tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu
e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe
alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da
caverna rumo à realidade.
O que é a caverna?
Que são as sombras das estatuetas?
Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna?
O que é a luz exterior do sol?
O que é o mundo exterior?
Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros
prisioneiros?
O que é a visão do mundo real iluminado?
Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo? (Platão está se
referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)

                                        ***
                           O MONGE E O PADEIRO
Havia uma padaria em frente a um templo budista. O monge do lugar precisou viajar e
pediu que o dono da padaria cuidasse de tudo na sua ausência, e atendesse as visitas
etc.
Antigamente, os monges viajavam, numa espécie de treinamento monástico, visitando
outros monges, mestres e mosteiros. Desafiavam os mais fortes no Dharma (*) e
mantinham-se treinando.
O visitante praticava da seguinte maneira: eram batalhas sobre o Dharma, com
perguntas e respostas, quem perdia era obrigado a deixar o templo; quem ganhava
podia ficar como responsável.
Uma batalha do Dharma era algo muito sério. Não era uma batalha de luta, mas de
conhecimento, de experiências, de linguagem.
Certo dia souberam que ia chegar um monge para desafiar o Mestre. Quanto mais
próxima a data, mais o dono da padaria, preocupadíssimo, ouvia a sugestão do chefe
da aldeia: "Raspe a cabeça, coloque o manto e apenas sente-se diante da parede como
se estivesse meditando. Faça como se estivesse em treinamento de silêncio, nada fale,
nem escute e nem responda."
O dono da padaria se animou: "Ah, é fácil, isso eu posso fazer."
Raspou a cabeça, colocou o manto e sentou-se voltado para a parede.
Nisso chegou o monge visitante e começou a fazer perguntas sobre o Dharma. O dono
da padaria assumiu um tom grave e fez "Shhh".
O monge entendeu, "Ah, ele está fazendo muitos dias de treinamento em silêncio, mas
já que estou aqui depois de tão longa caminhada nas montanhas, vou aproveitar e
perguntar com gestos, assim ele também pode responder com gestos, sem quebrar o
voto de silêncio."
Fazendo gestos com os dedos e a mão, o monge perguntou, "Como é o seu coração,
seu espírito?"
O dono da padaria respondeu com um grande gesto para todas as direções.
O monge compreendeu que ele mostrava as dez direções: ele se refere: aos quatro
pontos cardeais, aos quatro pontos médios, para cima e para baixo: "Diz que seu
coração é como o oceano".
Veio a segunda pergunta, o monge mostrou seus dez dedos que queriam dizer:"Como
viver neste mundo?", e o dono da padaria mostrou os cinco dedos da mão.
O monge interpretou como os cinco preceitos: não matar, não roubar, não cometer
adultério, não conduzir os outros a erros, não usar intoxicantes.
O monge sentiu-se tocado, "Ah, que sabedoria magnífica!"
A seguir mostrou três dedos da mão, perguntando, "Onde estão as três jóias, o Buddha,
o Dharma, a Sangha (**)?"
Ao que o dono da padaria respondeu com o punho fechado. O monge interpreta
novamente: "Não procure longe de ti, está aqui muito perto, perto do olho, está aqui."
Impressionado, o monge viajante foi embora.
Vendo isso, o chefe da aldeia correu até o padeiro querendo saber o que acontecera e
perguntou: "Ele foi embora muito impressionado, me conta o que aconteceu?";
E o dono da padaria explicou, "Aquele monge é muito estúpido. Primeiro, fez um gesto
com as mãos, perguntando quanto custava o pão, e se ele era muito pequeno; e eu abri
bem os braços, mostrando que meu pão é bem grande. A seguir ele perguntou quanto
custavam dez pães e eu mostrei-lhe cinco dedos, dizendo cinco moedas, mas ele me
mostrou três dedos, pedindo que vendesse por três, e eu pensei: "mas que sem-
vergonha!", e por pouco não lhe acertei um soco no olho!"

Conto Zen

(*) Darma ou Dharma significa "Lei Natural" ou "Realidade". Com respeito ao seu
significado espiritual, pode ser considerado como o "Caminho para a Verdade
Superior". O darma é a base das filosofias, crenças e práticas que se originaram na
Índia.
O Darma também se refere aos ensinamentos e doutrinas de diversos fundadores de
tradições, como Siddhartha Gautama no budismo e Mahavira no jainismo. Como
doutrina moral sobre os direitos e deveres de cada um, o Dharma se refere geralmente
ao exercício de uma tarefa espiritual, mas também significa ordem social, conduta reta
ou, simplesmente, virtude.Para algumas seitas e alguns pensadores o darma também
pode ser interpretado como ações virtuosas feitas tanto em vidas passadas
(encarnação anteriores), como na vida atual, e irá receber tudo de novo do universo
também com boas ações, assim como o carma pode ser considerado uma
consequência ruim que se teve, tem ou terá, sendo consequências de todas as ações
ruins que se teve, também nessa ou em vidas passadas.
(**) Shanga: No Budismo, o Buda(o Iluminado), o dharma e a sangha são conhecidos
 como os três tesouros do budismo que lhes certas características. Esses recursos são
 encenados diariamente nos dias de Uposatha, de acordo com a escola budista. Na
 tradição de Theravada fazem parte da prática diária.

                                       ***
                               O MOSQUITO E O TOURO

 Um Mosquito que estava voando, a zunir em volta da cabeça de um Touro, depois de
 um longo tempo, pousou em seu chifre, e pedindo perdão pelo incômodo que
 supostamente lhe causava, disse:
 "Mas, se, no entanto, meu peso incomoda o senhor, por favor é só dizer, e eu irei
 imediatamente embora!"
 Ao que lhe respondeu o Touro:
 "Oh, nenhum incômodo há para mim! Tanto faz você ir ou ficar, e, para falar a verdade,
 nem sabia que você estava em meu chifre."
 Com frequência, diante de nossos olhos, julgamo-nos o centro das atenções e deveras
 importantes, bem mais do que realmente somos diante dos olhos do outros.

 Moral da História: Quanto menor a mente, maior a presunção.

                                     Autor: Esopo

                                         ***
                            O MUDO E O PAPAGAIO
Um jovem monge foi até o mestre Ji-shou e perguntou:
"Como chamamos uma pessoa que entende uma verdade mas não pode explicá-la em
palavras?"
Disse o mestre:
"Uma pessoa muda comendo mel".
"E como chamamos uma pessoa que não entende a verdade, mas fala muito sobre ela?"
"Um papagaio imitando as palavras de uma outra pessoa".

                                         ***
                                 O OBSERVADOR
 Certo dia um rei chamou ao seu palácio o mestre zen Muhak - que viveu de 1317 a
 1405 - e lhe disse que, para afastar o cansaço e a tensão do trabalho administrativo,
 queria ter uma conversa completamente informal com ele. Em seguida, o rei comentou
 que Muhak parecia um grande porco faminto procurando comida.
 - E você, excelência parece o Buda Sakiamuni meditando, sobre um pico elevado dos
 Himalaias.
 O rei ficou surpreso com a resposta de Muhak.
 - Comparei você a um porco, e você me compara ao Buda?
- É que um porco só pode ver porco, excelência, e um Buda só pode ver Buda.

                                           ***
                                      O PAVÃO

                        O CORVO E O PAVÃO
                      (fábula de Esopo recontada por Monteiro Lobato)


O pavão, de roda aberta em forma de leque, dizia com desprezo para o corvo:
“Repare como sou belo! Que cauda, hein? Que cores, que maravilhosa plumagem! Sou
das aves a mais formosa, a mais perfeita, não?”
“Não há dúvida de que você é um belo bicho”, disse o corvo. “Mas, perfeito? Alto lá!”
“Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, além disso, ave de
mau agouro... Que falha você vê em mim, ó tição de penas?”
O corvo respondeu:
“Noto que para abater o orgulho dos pavões a natureza lhe deu um par de patas que,
faça-me o favor, envergonharia até a um pobre diabo como eu...”
O pavão, que nunca tinha reparado nos próprios pés, abaixou-se e contemplou-os
longamente. E, desapontado, foi andando o seu caminho sem replicar coisa nenhuma.
Tinha razão o corvo: não há beleza sem senão.

                                           ***
                                      O PAVÃO
O fazendeiro saiu e fechou a porteira do terreiro.
Tencionava voltar logo, mas passaram-se dias e ele não aparecia.
Os animais do terreiro estavam com fome e com sede. Até mesmo o galo deixou de
cantar.
Todos mantiveram-se imóveis, à sombra de uma árvore, para não desperdiçarem suas
forças.
Apenas o pavão pôs-se de pé, cambaleante, abriu como um leque sua cauda multicor e
pôs-se a andar de um lado para o outro.
- Mamãe - perguntou um pintinho para a galinha - por que o pavão abre a cauda assim,
todos os dias?
- Porque ele é vaidoso, filhinho. E a vaidade é um defeito que só desaparece com a
morte.

                                           ***
                                O PAVÃO E DEUS
Um formoso pavão excitava com a beleza das suas penas a curiosa atenção de alguns
homens que o estavam admirando, e que lhe não poupavam elogios. Súbito ouviram
estes o cantar de um rouxinol (pássaro europeu de canto mui lindo), e logo tudo
esquecendo, procuram chegar-se para o lugar de onde partia tão suave melodia.
Abandonado, o pavão encheu-se de raiva, e queixoso foi ter com Deus.
- Por que há de um passarinho, feio e sem graça, cantar melhor do que eu? Por que me
não deste a voz do rouxinol? perguntou.
Não sejas ingrato, respondeu-lhe Deus. Cada animal tem suas prendas, nenhum tem
tudo; à águia coube a força, ao rouxinol o canto, a ti essa plumagem recamada de
estrelas e de esmeraldas; não és dos mais mal aquinhoados.
- Sim, mas eu queria cantar como um rouxinol, retrucou o pavão.

Moral da História: Poucos se contentam com o que têm, todos invejam o alheio, e
assim se fazem desgraçados.

                                           ***
                                   O QUE MAIS?
Um monge perguntou ao mestre:
"Faz muito tempo que venho a vós diariamente, a fim de ser instruído no santo caminho
de Buddha, mas até hoje jamais vós me destes nenhuma palavra a este respeito. Eu vos
imploro, mestre, sejais mais caridoso."
O velho mestre olhou-o com surpresa:
"O que quereis dizer com isso, meu rapaz? Todas as manhãs vós me saudais e eu vos
respondo. Quando me trazeis uma xícara de chá, eu a aceito, agradeço-vos e me delicio
com vossa solicitude. O que mais desejais que eu lhe ensine?"

                                         Conto Zen

                                           ***
                        O RECADO DA DONA VIDA...
                                      Wagner Borges
                         mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
                              São Paulo, 11 de março de 2012.


A semente disse no seio da terra:
"Um dia eu serei uma grande árvore e beijarei a luz do sol em minhas folhas."
Encerrado dentro das pétalas fechadas do botão de flor, o perfume falou:
"Em breve, quando as pétalas desabrocharem, eu perfumarei tudo em volta."
De dentro do fim do inverno, a primavera riu e disse:
"Estou chegando cheia de luz!"
De dentro do casulo, a lagarta exultou e asseverou:
"Em breve eu rasgarei as trevas em volta e me tornarei uma linda borboleta - e voarei
como nunca!"
E também foi assim que a Vida emergiu do grande vazio...
Como a semente, o perfume, a primavera e a lagarta, Ela riu, e bradou:
"Meu Pai emanou o Grande Verbo e afirmou: “Faça-se a Luz!”
Então, Eu fiz como a semente: brotei.
E fiz igual ao perfume: desabrochei junto e perfumei tudo...
E me tornei a primavera da existência primeira.
E, como a lagarta, rompi as trevas do grande mistério e realizei a grande metamorfose.
Agora, sou a borboleta do Criador, voando e existindo em Seu Coração Primevo.
E Eu digo aos homens o que sei: de dentro de seus corações está emergindo uma
Grande Luz. E, como a semente, o perfume, a primavera, a lagarta, e Eu mesma, no
momento certo, o Amor eclodirá de dentro das trevas da grande dúvida.
Então, os homens descobrirão o grande segredo: não há morte!
Porque, de dentro deles mesmos, a Luz lhes dirá: `Vocês não nascem nem morrem, só
entram e saem dos corpos perecíveis.
E Eu também digo: vocês são imortais - e voarão como nunca...
“Porque é só o Amor que nos leva..."
                                         ***


P.S.:
Esse texto foi escrito nos estúdios da Rádio Mundial, um pouco antes do início do
programa "Viagem Espiritual"*. Ali, num impulso espiritual, lembrei-me do grande poeta hindu
Rabindranath Tagore** (de quem sou grande admirador), e escrevi essas linhas rapidamente.
Logo depois, ainda sob a emoção do momento, compartilhei os escritos com os ouvintes e os li
para eles. E, agora, estou disponibilizando-os em aberto para todos.


Notas:

* O programa "Viagem Espiritual" é apresentado aos domingos, das 12h30min às 13h,
na Rádio Mundial de São Paulo, 95.7 FM.
OBS.: O programa pode ser ouvido diretamente pelo site da Rádio Mundial, no mesmo
dia e horário. O site da rádio é: www.radiomundial.com.br.
As gravações dos programas ficam disponibilizadas dentro da seção de multimídia do
site do IPPB -http://multimidia.ippb.org/

                                            ***
Rabindranath Tagore - escritor indiano, nasceu em Calcutá em 1861 e desencarnou em
Bengala em 1941. Depois de educação tradicional na Índia, completou a formação na
Inglaterra entre os anos de 1878 e 1880. Começou sua carreira poética com volumes de
versos em língua bengali. Em 1913, recebeu o prêmio Nobel de literatura. Desde então,
traduziu seus livros para o inglês, a fim de lhes garantir maior difusão. Em suas poesias,
Tagore oferece ao mundo uma mensagem humanitária e universalista. Seu mais
famoso volume de poesias é Gitânjali (Oferenda poética). Fundou, em 1901, uma
escola de filosofia em Santiniketan, que, em 1921, foi transformada em universidade.

                                           ***
O REI E O SÁBIO
A história aconteceu num país distante, muitos séculos atrás. Pressentindo seu fim o rei
chamou seus súditos pedindo que respondessem a três perguntas fundamentais.
Seria premiado com fortunas e honrarias quem melhor respondesse:
1º - Qual é o lugar mais importante do mundo?
2º - Qual é a tarefa mais importante do mundo?
3º - Quem é o homem mais importante do mundo?
Sábios e ignorantes, ricos e pobres, crianças e adultos, desfilaram tentando responder
às três perguntas. Para desconsolo do rei, nenhuma resposta o satisfez plenamente.
Restava um único homem, em todo território, que se recusava a falar. Ele guardava
silêncio e distância, porque não lhe interessavam honras e nem fortunas. Era um
cidadão com fama de sábio.
Emissários do rei foram enviados a ele para colher sua opinião. E, do alto de sua
sabedoria, o velho falou:
“- O lugar mais importante do mundo é aquele onde você está. A tarefa mais
importante é aquela que você faz. E o homem mais importante do mundo é aquele que
precisa de você, porque é ele que lhe possibilita exercitar o mais belo dos sentimentos:
O AMOR.”

                                         ***

                                 O REI MENDIGO
Houve um tempo que a Irlanda era governada por um rei que não tinha nenhum filho.
O rei mandou que os mensageiros postassem avisos em todas as cidades do reino.
Os avisos diziam que todo jovem qualificado deveria se apresentar para uma entrevista
com o rei como um possível sucessor para o trono.
Porém, todos os candidatos deveriam ter estas duas qualificações:
(1) Eles devem amar a Deus e
(2) amar os seres humanos de todas as classes e raças.
Um jovem leu o aviso e refletiu que ele amava a Deus e, também, os vizinhos dele.
Uma coisa porém o desanimava, ele era tão pobre que não tinha nenhuma roupa que
pudesse ser apresentável à vista do rei.
Nem tinha fundos para comprar o necessário para a longa viagem até o castelo.
Assim o jovem implorou aqui, e pediu emprestado ali, até conseguir o bastante para as
roupas apropriadas e os materiais necessários.
Corretamente vestido e bem vestido, o jovem partiu, e tinha quase completado a
viagem quando encontrou um pobre mendigo ao lado da estrada.
O mendigo estava sentado, tremendo de frio, coberto apenas por trapos esfarrapados.
Ele estendeu o braço implorando por ajuda.
Sua voz fraca coaxou:
- "Tenho fome e frio. Por favor me ajude... Por favor..."
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2
Contos que elevam a alma  2

Contenu connexe

Tendances

Romeu e julieta ruth rocha
Romeu e julieta   ruth rochaRomeu e julieta   ruth rocha
Romeu e julieta ruth rochaweleslima
 
Tabuada da adição sem resultados
Tabuada da adição sem resultadosTabuada da adição sem resultados
Tabuada da adição sem resultadosMaria Terra
 
Meu silabário simples bastão
Meu silabário simples bastãoMeu silabário simples bastão
Meu silabário simples bastãoGeaneFerreira15
 
A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares
A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares
A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares Vis-UAB
 
A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4
A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4
A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4Cibelear Rodrigues
 
A pequena sereia
A pequena sereiaA pequena sereia
A pequena sereiaIsa ...
 
Poema "Em busca da paz"
Poema  "Em busca da paz"  Poema  "Em busca da paz"
Poema "Em busca da paz" Mary Alvarenga
 
Atividades educativas 3 ano 10jun20 alterado
Atividades educativas 3 ano 10jun20 alteradoAtividades educativas 3 ano 10jun20 alterado
Atividades educativas 3 ano 10jun20 alteradoWashington Rocha
 
O macaco-e-a-mola-sonia-junqueira
O macaco-e-a-mola-sonia-junqueiraO macaco-e-a-mola-sonia-junqueira
O macaco-e-a-mola-sonia-junqueiraElisangela Terra
 
Atividades-para-criancas-com-dislexia-pdf
Atividades-para-criancas-com-dislexia-pdfAtividades-para-criancas-com-dislexia-pdf
Atividades-para-criancas-com-dislexia-pdfMariGiopato
 
História da letra A
História da letra AHistória da letra A
História da letra AProfessora
 
6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.com
6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.com6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.com
6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.comNivea Neves
 
Texto fatiado se essa rua fosse minha
Texto fatiado se essa rua fosse minhaTexto fatiado se essa rua fosse minha
Texto fatiado se essa rua fosse minhaSuzy Santana
 
Sugestões de atividades práticas sobre Arte Medieval
Sugestões de atividades práticas sobre Arte MedievalSugestões de atividades práticas sobre Arte Medieval
Sugestões de atividades práticas sobre Arte MedievalAndrea Dressler
 

Tendances (20)

Romeu e julieta ruth rocha
Romeu e julieta   ruth rochaRomeu e julieta   ruth rocha
Romeu e julieta ruth rocha
 
Tabuada da adição sem resultados
Tabuada da adição sem resultadosTabuada da adição sem resultados
Tabuada da adição sem resultados
 
Banana o bom de bola
Banana o bom de bolaBanana o bom de bola
Banana o bom de bola
 
Meu silabário simples bastão
Meu silabário simples bastãoMeu silabário simples bastão
Meu silabário simples bastão
 
A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares
A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares
A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS: Considerações Preliminares
 
A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4
A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4
A maneira lúdica de ensinar 3a série volume 4
 
Atvidades negros[1]
Atvidades negros[1]Atvidades negros[1]
Atvidades negros[1]
 
O menino e o foguete
O menino e o fogueteO menino e o foguete
O menino e o foguete
 
A economia de maria
A economia de mariaA economia de maria
A economia de maria
 
A pequena sereia
A pequena sereiaA pequena sereia
A pequena sereia
 
Poema "Em busca da paz"
Poema  "Em busca da paz"  Poema  "Em busca da paz"
Poema "Em busca da paz"
 
Ortografia
OrtografiaOrtografia
Ortografia
 
Atividades educativas 3 ano 10jun20 alterado
Atividades educativas 3 ano 10jun20 alteradoAtividades educativas 3 ano 10jun20 alterado
Atividades educativas 3 ano 10jun20 alterado
 
O macaco-e-a-mola-sonia-junqueira
O macaco-e-a-mola-sonia-junqueiraO macaco-e-a-mola-sonia-junqueira
O macaco-e-a-mola-sonia-junqueira
 
Atividades-para-criancas-com-dislexia-pdf
Atividades-para-criancas-com-dislexia-pdfAtividades-para-criancas-com-dislexia-pdf
Atividades-para-criancas-com-dislexia-pdf
 
História da letra A
História da letra AHistória da letra A
História da letra A
 
6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.com
6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.com6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.com
6 caderno-do-futuro-geografia-aluno-leonardoportal.com
 
Historia da Menina bonita do laço de fita
Historia da Menina  bonita do laço de fitaHistoria da Menina  bonita do laço de fita
Historia da Menina bonita do laço de fita
 
Texto fatiado se essa rua fosse minha
Texto fatiado se essa rua fosse minhaTexto fatiado se essa rua fosse minha
Texto fatiado se essa rua fosse minha
 
Sugestões de atividades práticas sobre Arte Medieval
Sugestões de atividades práticas sobre Arte MedievalSugestões de atividades práticas sobre Arte Medieval
Sugestões de atividades práticas sobre Arte Medieval
 

Similaire à Contos que elevam a alma 2

O tesouro de bresa e harbatol
O tesouro de bresa e harbatolO tesouro de bresa e harbatol
O tesouro de bresa e harbatolIsaura Miike
 
Christian jacq pedra de luz 2 - a mulher sábia
Christian jacq   pedra de luz 2 - a mulher sábiaChristian jacq   pedra de luz 2 - a mulher sábia
Christian jacq pedra de luz 2 - a mulher sábiaAriovaldo Cunha
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaEneida da Rosa
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaEneida da Rosa
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaEneida da Rosa
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Nuno Cunha
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Nuno Cunha
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Nuno Cunha
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromão
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromãoLenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromão
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromãoNuno Cunha
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Nuno Cunha
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaEneida da Rosa
 
Christian jacq pedra de luz 1 - néfer o silencioso
Christian jacq   pedra de luz 1 - néfer o silenciosoChristian jacq   pedra de luz 1 - néfer o silencioso
Christian jacq pedra de luz 1 - néfer o silenciosoAriovaldo Cunha
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianistaguest73e77e
 

Similaire à Contos que elevam a alma 2 (20)

O tesouro de bresa.
O tesouro de bresa.O tesouro de bresa.
O tesouro de bresa.
 
O tesouro de bresa e harbatol
O tesouro de bresa e harbatolO tesouro de bresa e harbatol
O tesouro de bresa e harbatol
 
345 an 17_agosto_2011.ok
345 an 17_agosto_2011.ok345 an 17_agosto_2011.ok
345 an 17_agosto_2011.ok
 
Livrete incas
Livrete incasLivrete incas
Livrete incas
 
Christian jacq pedra de luz 2 - a mulher sábia
Christian jacq   pedra de luz 2 - a mulher sábiaChristian jacq   pedra de luz 2 - a mulher sábia
Christian jacq pedra de luz 2 - a mulher sábia
 
A Arca Voadora
A Arca VoadoraA Arca Voadora
A Arca Voadora
 
A arca voadora
A arca voadoraA arca voadora
A arca voadora
 
Os Lusíadas
Os LusíadasOs Lusíadas
Os Lusíadas
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromão
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromãoLenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromão
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo luis e carromão
 
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
Lenda e ladainhas de torre de moncorvo
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
 
Christian jacq pedra de luz 1 - néfer o silencioso
Christian jacq   pedra de luz 1 - néfer o silenciosoChristian jacq   pedra de luz 1 - néfer o silencioso
Christian jacq pedra de luz 1 - néfer o silencioso
 
O milagre das rosas
O milagre das rosasO milagre das rosas
O milagre das rosas
 
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura IndianistaC:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
 

Plus de Antonio SSantos

O homem integral livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimir
O homem integral  livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimirO homem integral  livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimir
O homem integral livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimirAntonio SSantos
 
65 referências bibliográficas
65  referências bibliográficas65  referências bibliográficas
65 referências bibliográficasAntonio SSantos
 
64 células tronco e a doutrina espírita
64 células tronco e a doutrina espírita64 células tronco e a doutrina espírita
64 células tronco e a doutrina espíritaAntonio SSantos
 
63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)
63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)
63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)Antonio SSantos
 
62 emoções que curam (quimica do bem)
62 emoções que curam (quimica do bem)62 emoções que curam (quimica do bem)
62 emoções que curam (quimica do bem)Antonio SSantos
 
61 familia-mudar prá melhor
61 familia-mudar prá melhor61 familia-mudar prá melhor
61 familia-mudar prá melhorAntonio SSantos
 
60 oportunidades de praticar o bem
60 oportunidades de praticar o bem60 oportunidades de praticar o bem
60 oportunidades de praticar o bemAntonio SSantos
 
58 escrever e reescrever a história da nossa vida
58 escrever e reescrever a história da nossa vida58 escrever e reescrever a história da nossa vida
58 escrever e reescrever a história da nossa vidaAntonio SSantos
 
56 higienização espiritual da terra
56 higienização espiritual da terra56 higienização espiritual da terra
56 higienização espiritual da terraAntonio SSantos
 
55 transcomunicação instrumental
55 transcomunicação instrumental55 transcomunicação instrumental
55 transcomunicação instrumentalAntonio SSantos
 
54 obesessão e desobsessão
54 obesessão e desobsessão54 obesessão e desobsessão
54 obesessão e desobsessãoAntonio SSantos
 
52 perda e suspensão da mediunidade
52 perda e suspensão da mediunidade52 perda e suspensão da mediunidade
52 perda e suspensão da mediunidadeAntonio SSantos
 
51 desdobramento animico (apometria)
51 desdobramento animico (apometria)51 desdobramento animico (apometria)
51 desdobramento animico (apometria)Antonio SSantos
 

Plus de Antonio SSantos (20)

Amizade
AmizadeAmizade
Amizade
 
Projetos (1ª 2013
Projetos (1ª  2013Projetos (1ª  2013
Projetos (1ª 2013
 
Eu no comando (4ª2013)
Eu no comando   (4ª2013)Eu no comando   (4ª2013)
Eu no comando (4ª2013)
 
Certanejos (3ª-2013)
Certanejos (3ª-2013)Certanejos (3ª-2013)
Certanejos (3ª-2013)
 
O homem integral livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimir
O homem integral  livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimirO homem integral  livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimir
O homem integral livro!!!!!!!!!!!!!!!!! -1 - imprimir
 
65 referências bibliográficas
65  referências bibliográficas65  referências bibliográficas
65 referências bibliográficas
 
64 células tronco e a doutrina espírita
64 células tronco e a doutrina espírita64 células tronco e a doutrina espírita
64 células tronco e a doutrina espírita
 
63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)
63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)
63 doação de orgãos (um ato de amor ao próximo)
 
62 emoções que curam (quimica do bem)
62 emoções que curam (quimica do bem)62 emoções que curam (quimica do bem)
62 emoções que curam (quimica do bem)
 
61 familia-mudar prá melhor
61 familia-mudar prá melhor61 familia-mudar prá melhor
61 familia-mudar prá melhor
 
60 oportunidades de praticar o bem
60 oportunidades de praticar o bem60 oportunidades de praticar o bem
60 oportunidades de praticar o bem
 
59 amar a sí mesmo
59 amar a sí mesmo59 amar a sí mesmo
59 amar a sí mesmo
 
58 escrever e reescrever a história da nossa vida
58 escrever e reescrever a história da nossa vida58 escrever e reescrever a história da nossa vida
58 escrever e reescrever a história da nossa vida
 
57 a energia do amor
57 a energia do amor57 a energia do amor
57 a energia do amor
 
56 higienização espiritual da terra
56 higienização espiritual da terra56 higienização espiritual da terra
56 higienização espiritual da terra
 
55 transcomunicação instrumental
55 transcomunicação instrumental55 transcomunicação instrumental
55 transcomunicação instrumental
 
54 obesessão e desobsessão
54 obesessão e desobsessão54 obesessão e desobsessão
54 obesessão e desobsessão
 
53 o sono e os sonhos
53 o sono e os sonhos53 o sono e os sonhos
53 o sono e os sonhos
 
52 perda e suspensão da mediunidade
52 perda e suspensão da mediunidade52 perda e suspensão da mediunidade
52 perda e suspensão da mediunidade
 
51 desdobramento animico (apometria)
51 desdobramento animico (apometria)51 desdobramento animico (apometria)
51 desdobramento animico (apometria)
 

Dernier

Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaDenisRocha28
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaSessuana Polanski
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).natzarimdonorte
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxRoseLucia2
 
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............Nelson Pereira
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusVini Master
 
Material sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadoMaterial sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadofreivalentimpesente
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19PIB Penha
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .natzarimdonorte
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfnatzarimdonorte
 

Dernier (12)

Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
 
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina EspíritaMediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
 
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
 
Material sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadoMaterial sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significado
 
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.pptFluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
 

Contos que elevam a alma 2

  • 1. CONTOS QUE ELEVAM A ALMA Livro II Material recolhido no site http://aeradoespirito.sites.uol.com.br por Antonio Celso
  • 2. O ALFAIATE E O TESOURO DE BRESA O ANÚNCIO O ASNO EM PELE DE LEÃO O BAMBU AMADO O BOSQUE O CACHORRO O CÃO E A OVELHA O CHINÊS LAILAI O CHORO DA ESTRELA O COBRADOR! O CONTRABANDISTA O CORVO COBIÇOSO O DESAFIO DA MONTANHA O FILHOTE DE BATATA O FORMIGUEIRO E O DRAGÃO O FRIO QUE VEIO DE DENTRO O FURO NO BARCO O GAROTO, O PAI E A VASSOURA O GRANDE PRÍNCIPE O GUERREIRO E O MONGE O HOMEM E O RIO O INTELECTUAL E AS RESPOSTAS ZEN O LADRÃO DE MACHADO O LADRÃO E O CÃO DE GUARDA O LIVRO DO DESTINO O LOBO E O CORDEIRO O MAL EXISTE? O MENINO E O TELEFONE O MESTRE SUFI E O OVO O MITO DA CAVERNA O MONGE E O PADEIRO O MOSQUITO E O TOURO O MUDO E O PAPAGAIO O OBSERVADOR O PAVÃO O QUE MAIS? O RECADO DA DONA VIDA... O REI E O SÁBIO O REI MENDIGO O REI NARIGUDO O REI, O SUFI E O CIRURGIÃO O SERMÃO O TAPETINHO VERMELHO O TOLO QUE ERA SÁBIO
  • 3. O VINHO E A ÁGUA OLHAI OS LÍRIOS DOS CAMPOS ONDE COLOCAR O SAL? ONDE ESTÃO OS NOSSOS DEFEITOS ORAÇÃO OS FILHOS DA TERRA OS LADRÕES DOS HOMENS OS MEDIADORES ENTRE O HOMEM E A VERDADE OS MELHORES CONSELHOS OS TRÊS BEDUÍNOS OS TRÊS CRIVOS PAGANDO TRÊS VEZES PELA MESMA COISA PAPAI ESTÁ NO LEME PASSEIO DE BARCO PEDRA NO CAMINHO POR QUE AS PESSOAS GRITAM? PRÍNCIPE DOS MENDIGOS QUE TIPO DE PESSOAS VIVEM NESTE LUGAR? QUEM NÃO TE CONHECE QUE TE COMPRE REGRESSO AO LAR SANTIDADE SEJA A DIFERENÇA SÃO AGNÓSTICO SECANDO FARINHA NO VARAL SONS INAUDÍVEIS TRÊS HOMENS, O GÊNIO E AS ROSAS UM FILÓSOFO QUESTIONA BUDDHA UM SONHO DE BAILARINA UMA COLHEITA INESPERADA UMA FÁBULA JUDAICA UMA FÁBULA SOBRE A FÁBULA UMA FORÇA DESCONHECIDA UMA HISTÓRIA TURCA VENCER SIM, MAS NÃO SOZINHO VIVER COMO AS FLORES VÔO TURBULENTO
  • 4. O ALFAIATE E O TESOURO DE BRESA Conta-se que houve, outrora, na Babilônia - a famosa cidade dos Jardins Suspensos - um pobre e modesto Alfaiate, chamado Enedim. Homem inteligente e trabalhador, que, por suas boas qualidades e amor no coração, era muito querido no bairro em que morava. Enedim passava o dia inteiro, de manhã à noite, cortando, costurando e preparando as roupas de seus numerosos fregueses, e, embora, muito pobre, não perdia a esperança de vir a ser muito rico, senhor de muitos Palácios e grandes tesouros. Como conquistar, porém, essa tão ambicionada riqueza? - pensava o mísero alfaiate, passando e repassando a agulha grossa de seu ofício - Como descobrir um desses famosos tesouros que se acham escondidos na terra ou perdidos nas profundezas do mar? Ouvira contar, em palestra com estrangeiros vindos do Egito, da Síria e da Grécia, histórias prodigiosas de aventureiros que haviam topado com cavernas imensas, cheias de ouro... Grutas profundas crivadas de brilhantes... Caixas pesadíssimas a transbordar de pérolas. E não poderia ele, à semelhança desses aventureiros felizes, descobrir um tesouro fabuloso e tornar-se, assim, de um momento para o outro, o homem mais rico daquelas terras? Ah! Se tal coisa acontecesse, ele seria, então, senhor de um imenso e magnífico palácio... Teria numerosos escravos e, todas as tardes, num grande carro de ouro, tirado por mansos leões, passearia, de seu vagar, sobre as muralhas da Babilônia, cortejando amistosamente os Príncipes ilustres da casa Real. Assim meditava o bondoso Enedim, divagando por tão longínquas riquezas, quando lhe parou à porta da casa um velho mercador da Grécia, que vendia tapetes, imagens, pedras coloridas e uma infinidade de outros objetos extravagantes tão apreciados pelos Babilônios. Por mera curiosidade, começou Enedim a examinar as bugigangas que o vendedor lhe oferecia, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos. Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, passando as mãos ásperas pelas barbas que lhe caiam sobre o peito, e custava apenas três dinares. Três dinares. Era muito dinheiro para o pobre alfaiate. Para possuir um objeto tão curioso e raro, Enedim seria capaz de gastar até os dois últimos dinares que possuía. - Está bem - concordou o mercador - fica-lhe o livro por dois dinares, mas esteja certo de que lhe foi de graça! Afastou-se o vendedor e Enedim tratou, sem demora, de examinar cuidadosamente a preciosidade que havia adquirido. Qual não foi a sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda, escrita em complicados caracteres caldaicos: "O segredo do tesouro de Bresa". Por Deus! Aquele livro maravilhoso, cheio de mistério, ensinava, com certeza, onde se encontrava algum tesouro fabuloso! O TESOURO DE BRESA! Mas, que tesouro seria esse? Enedim recordava-se vagamente, de já ter ouvido qualquer referência a ele. Mas quando? Onde? E com o coração a bater descompassadamente, decifrou ainda: "O tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha a encontrá-lo". Harbatol? Que montanhas seriam essas que encerravam todo o ouro fabuloso de um gênio? E o esforçado alfaiate, dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, e ver
  • 5. se atinava, custasse o que custasse, com o segredo de Bresa, para apoderar-se do tesouro imenso que o capricho de seu possuidor fizera enterrar nalguma gruta perdida entre as montanhas. As primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos. Enedim foi obrigado a estudar os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas, o complicado idioma dos judeus. Ao fim de três anos, deixava Enedim a antiga profissão de alfaiate, e passava a ser o intérprete do Rei, pois na cidade não havia quem soubesse tantos idiomas estrangeiros. O cargo de intérprete do Rei era bem rendoso. Ganhava Enedim, cem dinares por dia; ademais morava numa grande casa, tinha muitos criados e todos os nobres da corte o saudavam respeitosamente. Não desistiu, porém, o esforçado Enedim, de descobrir o grande mistério de Bresa. Continuando a ler o livro encantado, encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. E, a fim de ir compreendendo o que lia, foi obrigado a estudar Matemática com calculistas da cidade, tornando-se, ao cabo de pouco tempo, grande conhecedor das complicadas transformações aritméticas. Graças a esses novos conhecimentos adquiridos, pode Enedim calcular, desenhar e construir uma grande ponte sobre o Eufrates; esse trabalho agradou tanto ao Rei, que o monarca resolveu nomear Enedim para exercer o cargo de Prefeito. O amigo e humilde alfaiate passava, assim, a ser um dos homens mais notáveis da cidade. Ativo e sempre empenhado em desvendar o segredo do tal livro, foi compelido a estudar profundamente as leis, os princípios religiosos de seu país e os do povo caldeu; com o auxilio desses novos conhecimentos, conseguiu Enedim dirimir uma velha pendência entre os doutores. - É um grande homem o Enedim! - declarou o Rei quando soube do fato - Vou nomeá-lo Primeiro Ministro. E assim fez. Foi o nosso esforçado herói, ocupar o elevado cargo de Primeiro Ministro. Vivia, então, num suntuoso palácio, perto do jardim Real, tinha muitos criados e recebia visitas dos príncipes mais poderosos do mundo. Graças ao trabalho e ao grande saber de Enedim, o reino progrediu rapidamente e a cidade ficou repleta de estrangeiros; ergueram-se grandes palácios, várias estradas se construíram para ligar Babilônia às cidades vizinhas. Enedim era o homem mais notável do seu tempo. Ganhava diariamente mais de mil moedas de ouro, e tinha em seu palácio de mármore e pedrarias, caixas cheias de jóias riquíssimas, e de pérolas de valor incalculável. Mas - coisa interessante! - Enedim não conhecia ainda o segredo do livro de Bresa, embora lhe tivesse lido e relido todas as páginas! Como poderia penetrar naquele mistério? E um dia, cavaqueando com um venerando sacerdote, teve a ocasião de referir-se à incógnita que o atormentava. Riu-se o bom religioso, ao ouvir a ingênua confissão do grande vizir, e, afeito a decifrar os maiores enigmas da vida, assim falou: - "O tesouro de Bresa já está em vosso poder, meu senhor. Graças ao livro misterioso é que adquiristes um grande saber, e esse saber vos proporcionou os invejáveis bens que já possuis". Bresa significa "saber". Harbatol quer dizer "trabalho". Com estudo e trabalho pode o homem conquistar tesouros maiores do que os que se ocultam no seio da terra ou sob os abismos do mar! Tinha razão o esclarecido sacerdote. Bresa, o gênio, guarda realmente um tesouro valiosíssimo, que qualquer pessoa, esforçada e inteligente pode conseguir; essa riqueza prodigiosa não se acha, porém perdida no seio da terra nem nas profundezas dos
  • 6. mares; Encontrá-la-eis, sim, nos bons livros, nos estudos, na dedicação ao trabalho, que proporcionando saber às pessoas, abrem para aqueles que se dedicam as portas maravilhosas de mil tesouros encantados! *** O ANÚNCIO Conto sufi Nasrudin (*) postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão: - Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade, realização sem esforço, progresso sem sacrifício? Logo juntou-se um grande número de pessoas, com todo mundo gritando: - Queremos, queremos! - Excelente! Era só para saber. Podem confiar em mim, que lhes contarei tudo a respeito, caso algum dia descubra algo assim. *** (*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje. O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo. De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao longo da história. Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas por um professor. Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus. Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo *** O ASNO EM PELE DE LEÃO
  • 7. Um Asno, ao colocar sobre seu dorso uma pele de Leão, vagava pela floresta divertindo-se com o pavor que causava aos animais que ia encontrando pelo seu caminho. Por fim encontra uma Raposa e também tenta amedrontá-la. Mas a Raposa, tão logo escuta o som de sua voz, exclama com ironia: Eu certamente teria me assustado, se antes, não tivesse escutado o seu zurro. Esopo (*) Moral da História: Um tolo pode se esconder por trás das aparências, mas suas palavras acabarão por revelar à todos quem na verdade ele é. *** (*) Esopo é um lendário autor grego. Teria vivido na Antigüidade, ao qual se atribui a origem da fábula como gênero literário. Foi-lhe atribuído um conjunto de pequenas histórias, de caráter moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por animais. (Fonte: Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Esopo) *** O BAMBU AMADO Era uma vez um maravilhoso jardim, situado bem no centro de um grande campo. O dono costumava passear pelo jardim, ao clarão do luar, à noite... Um belo bambu era para ele a mais bela e estimada de todas as árvores do seu jardim. Ao seu olhar carinhoso, esse bambu crescia e se tornava cada vez mais formoso. Ele sabia que seu senhor o amava e que ele era sua alegria. Um dia, o dono, pensativo, aproximou-se do seu amado bambu e, num gesto de profunda veneração, o bambu inclinou sua cabeça imponente... O senhor disse a ele: – Querido bambu, eu preciso de você. O bambu estava feliz, parecia ter chegado a grande hora de sua vida. Ele respondeu: – Meu senhor, estou pronto, faze de mim o que quiseres! – Bambu! – a voz do senhor era grave – Bambu, só poderei usá-lo, se eu o podar. – Podar? A mim, senhor?! Por favor, não faças isso! Preserve a minha bela figura. Tu vês como todos me admiram, me elogiam! – Meu bambu amado – a voz do senhor tornou-se ainda mais grave – não importa que o papariquem ou não... seu não o podar não poderei usá-lo... No jardim tudo ficou silencioso. O vento segurou a respiração. Finalmente o lindo bambu se inclinou e sussurrou: – Senhor, se não podes usar sem podar-me... então, faze comigo o que quiseres! – Meu querido bambu – tornou o senhor – devo também cortar as suas folhas! – Óh, senhor, se me amas, preserva-me de tal mal!! Podes destruir minha beleza, mas, por favor, deixa as minhas folhas! – Não o posso usar se não arrancar-lhe as folhas.
  • 8. A lua e as estrelas, confusas, escondem-se atrás das nuvens... Algumas borboletas e pássaros, que por ali brincavam, afastaram-se assustados. O bambu, meio trêmulo, à meia voz, disse: – Senhor, corta-as! Mas o senhor disse: – Ainda não basta meu querido bambu. Devo cortá-lo pelo meio e tomar também seu coração. Se não fizer isso não poderá ser-me útil. – Por favor, Senhor – disse o bambu – eu não poderei mais viver... Como viver sem o coração? – Devo tirar seu coração, caso contrário não me serás útil. Então o bambu inclinou-se até o chão e disse: – Corta-me e divide-me se assim o desejares! O senhor desfolhou o bambu... decepou os seus galhos... partiu-o em duas partes... tirou-lhe o coração. Depois, levou-o para o meio do campo ressequido, a uma fonte onde jorrava água fresca. Lá o senhor deitou cuidadosamente o seu querido bambu no chão. Ligou uma das extremidades do tronco decepado à fonte e a outra ele levou para o campo. E a fonte cantou as boas vindas. As águas cristalinas precipitaram-se alegres pelo corpo dilacerado do bambu, correram sobre os campos tórridos e áridos, que por elas tanto tinham suplicado... Ali plantou-se o trigo, o arroz, o milho, rosas... e outras flores das mais variadas espécies e cores. Os dias passaram, a sementeira brotou, cresceu e veio o tempo da colheita... farta e abundante. Assim, o maravilhoso e esbelto bambu. No seu aniquilamento e humildade, transformou-se numa benção especial. Quando ele era belo e jovem, crescia somente para si e se alegrava com sua própria formosura. Agora, no seu despojamento, ele se tornou o canal do qual o senhor se serviu para tornar fecundas as suas terras... e muitos, muitos passaram a viver do pródigo tronco do bambu amado. *** O BOSQUE Tempos atrás eu era vizinho de um médico cujo "hobby" era plantar árvores no enorme quintal de sua casa. Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar árvores e mais árvores, todos os dias. O que mais chamava a atenção, entretanto, era o fato de que ele jamais regava as mudas que plantava. Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam demorando muito para crescer. Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele não tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca as regava. Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria. Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima. Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e das várias fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo. Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes
  • 9. profundas e seriam mais resistentes às intempéries, essa foi a única conversa que tive com aquele meu vizinho. Logo depois fui morar em outro país, e nunca mais o encontrei. Vários anos depois, ao retornar do exterior fui dar uma olhada na minha antiga residência. Ao aproximar-me, notei um bosque que não existia antes. Meu antigo vizinho havia realizado seu sonho! O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao rigor do inverno, entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam sólidas as suas árvores: praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente àquela ventania toda. Que efeito curioso, pensei eu... As adversidades pela qual aquelas árvores tinham passado, tendo sido privadas de água, pareciam tê-las beneficiado de um modo que o conforto o tratamento mais fácil jamais conseguiriam. Todas as noites, antes de ir me deitar, dou sempre uma olhada em meus filhos, debruço-me sobre suas camas e observo como têm crescido. Freqüentemente, oro por eles. Na maioria das vezes, peço para que suas vidas sejam fáceis: "Meu Deus, livre meus filhos de todas as dificuldades e agressões desse mundo". Tenho pensado, entretanto, que é hora de alterar minhas orações. Essa mudança tem a ver com o fato de que é inevitável que os ventos gelados e fortes nos atinjam e aos nossos filhos. Sei que eles encontrarão inúmeros problemas e que, portanto, minhas orações para que as dificuldades não ocorram, têm sido ingênuas demais. Sempre haverá uma tempestade, ocorrendo em algum lugar, portanto, pretendo mudar minhas orações. Farei isso porque, quer nós queiramos ou não, a vida não é muito fácil. Ao contrário do que tenho feito, passarei a orar para que meus filhos cresçam com raízes profundas, de tal forma que possam retirar energia das melhores fontes, das mais divinas, que se encontram nos locais mais remotos. Oramos demais para termos facilidades, mas na verdade o que precisamos fazer é pedir para desenvolver raízes fortes e profundas, de tal modo que quando as tempestades chegarem e os ventos gelados soprarem, resistiremos bravamente, ao invés de sermos subjugados e varridos para longe. REFLEXÕES: UMA PÉROLA É FORMADA LENTAMENTE, PELO ACRÉSCIMO DE CAMADAS Uma enciclopédia descreve a formação de uma pérola da seguinte maneira: Pérola (do latim pirula = pequena pêra), corpo redondo de madrepérola que se forma no interior de algumas conchas marinhas ou de água doce em conseqüência de um tumor epitelial. Durante o alastramento das células epiteliais, elas segregam, inicialmente, como na formação da casca, uma substância córnea (conchina) e depois a madrepérola (carbonato de cálcio ortorrômbico = aragonita) em calotas concêntricas. UMA PÉROLA É FORMADA COM DORES Quando um corpo estranho (“grão de areia”, etc.) entra na ostra, provocando atrito com seu corpo e o ferindo, a ostra, a ostra libera uma secreção que encapsula o corpo estranho e aos poucos se forma uma preciosa pérola. PARÁBOLAS PROFÉTICAS: Uma pérola é formada com dores, pág. 101, A pérola é formada lentamente pelo acréscimo de camadas, pág. 104, Leith, Norbert ***
  • 10. O CACHORRO Um açougueiro estava tomando conta de sua loja e ficou realmente surpreso quando um cachorro entrou. Ele espantou o cachorro mas, logo em seguida o cachorro voltou. Novamente ele tentou espantar o cachorro quando viu que o cachorro trazia um bilhete na boca. Ele pegou o bilhete e leu: "Pode me mandar 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor." O cachorro trazia dinheiro na boca também. Ele olhou e viu que dentro da boca do cachorro tinha uma nota de 50 Reais. Então ele pegou o dinheiro, e pôs as salsichas e a perna de carneiro na boca do cachorro. O açougueiro ficou impressionado e como já era mesmo hora de fechar o açougue, ele decidiu fechar e seguir o cachorro. E foi o que ele fez. O cachorro começou a descer a rua quando chegou ao cruzamento. O cachorro depositou a bolsa no chão pulou e apertou o botão para fechar o sinal. Então esperou pacientemente com o saco na boca que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar. Ele atravessou a rua e caminhou até uma parada de ônibus, com o açougueiro seguindo ele. No ponto de ônibus o cão olhou para a tabela de horário e então sentou no banco para esperar o ônibus. Quando o ônibus chegou o cachorro foi até a frente pára conferir o número e voltou para o seu lugar. Outro ônibus chegou e ele tornou a olhar, viu que aquele era o ônibus certo e entrou. O açougueiro boquiaberto seguiu o cão. De repente o cão se levantou e ficou em pé nas duas patas traseiras e apertou o botão para saltar, tudo isso com as compras ainda na boca. Bem, o açougueiro e o cão foram caminhando pela rua quando o cão parou em uma casa e pôs as compras na calçada. Então ele voltou um pouco e correu e se atirou contra a porta. Tornou a fazer isso. Ninguém respondeu na casa. Então o cachorro circundou a casa, pulou um muro baixo e foi até a janela e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes. Caminhou de volta para a porta quando um cara enorme a abriu a porta e começou a espancar o cachorro. O açougueiro correu até o homem e o impediu dizendo: "Por Deus do céu homem, o que você está fazendo? O seu cachorro é um gênio!" O homem respondeu: "Um gênio? Esta já é a segunda vez esta semana que este cachorro esquece a chave." Moral da estória: Você pode continuar excedendo as expectativas mas aos olhos de algumas pessoas isto estará sempre abaixo do esperado... ***
  • 11. O CÃO E A OVELHA Um cão pôs demanda (discussão) a uma ovelha, dizendo que lhe havia emprestado, para matar-lhe a fome, um belo osso. A ovelha respondia que nunca lhe pedira emprestada coisa alguma, e ainda menos ossos, pois nem seus dentes nem seu estômago preferiam semelhante alimento, pois era herbívora e não carnívora. Mas, pobre dela! O cão achou por testemunha um lobo, um urubu e um gavião e, mancomunados, jurando os três terem visto a ovelha receber o osso do cão e roê-lo faminta, ela foi condenada. MORAL DA HISTÓRIA: Por mais razão que tenhas, fuja de demandas (brigas, discussões bestas); contra o pobre, ao rico e ao poderoso nunca falta apoio de testemunhas venais (testemunhas corruptas) capazes de tudo. *** O CHINÊS LAILAI Um certo dia, um chinês chamado Lailai resolveu dedicar a sua vida à meditação. Decidiu que iria para um mosteiro no alto de uma grande montanha, com objetivo de encontrar a iluminação. Viajou muitos dias e ao chegar em frente ao portão principal do mosteiro, encontrou aquele que seria o seu Mestre. Lailai foi recebido com muito amor pelos monges que há muitos anos viviam por lá. E dizia a todos: - Vim para buscar minha iluminação. Passados alguns anos, o monge Lailai começou a ficar descontente com a sua situação, pois não conseguia encontrar o caminho da luz. Procurou o mestre, e disse-lhe: - Amado Mestre, me ensinastes muitas coisas belas e importantes nesta minha caminhada, mas ainda não consegui alcançar a iluminação em minha vida. Quero desistir da vida de monge e voltar para a minha aldeia. E o Mestre respondeu: - Tudo bem Lailai. Já que você está desistindo desta vida de meditação, quero lhe acompanhar na descida da montanha. Amanhã, às 4 horas da manhã, estarei lhe esperando no portão principal do mosteiro. No horário marcado, Lailai encontrou o seu Mestre. Ao sair do mosteiro o Mestre perguntou ao Lailai: - Querido filho, o que estás vendo neste momento ? Respondeu Lailai. - Mestre vejo o orvalho da madrugada, o cheiro das flores, o céu estrelado e uma lua maravilhosa. Continuaram descendo a montanha. Passada uma hora de caminhada, o Mestre pergunta: - E nesta parte da montanha, o que está vendo ? Respondeu Lailai.
  • 12. - Vejo os primeiros raios de sol, escuto o canto dos pássaros e sinto a doce brisa da manhã penetrando em todo o meu ser. E assim continuavam a descer a grande montanha. Passado algumas horas, o Mestre voltou com a mesma pergunta e Lailai assim respondeu: - Mestre, neste trecho da montanha sinto o calor do sol, o som do riacho, o orvalho evaporando e os animais silvestres em harmonia com toda a natureza. Seguiram a caminhada. Chegaram ao pé da montanha ao meio dia. E mais uma vez, o Mestre fez a mesma pergunta e teve como resposta: - Mestre, vejo como a montanha é bela, as árvores da floresta, o riacho doce que circunda o vale, o camponês cuidando da plantação de arroz. Vejo também mestre, uma criança feliz brincando com os seus amigos. Então o Mestre lhe falou: - Agora você já poderá voltar para o mosteiro. Espantado, Lailai perguntou qual seria a razão da volta ao mosteiro. Respondeu o Mestre: - Porque você já encontrou a Iluminação. - Como, Mestre ? - Muito simples. Em cada etapa da descida da montanha você percebeu a importância de cada detalhe da natureza, compreendendo os seus sons, seus cheiros, suas imagens, as suas cores e suas vidas. Assim é que devemos ver e interpretar esta longa caminhada. A isto tudo, nós chamados de iluminação. A cada degrau da vida veja a beleza que ela nos oferece. *** O CHORO DA ESTRELA Estava Deus, a caminhar, sossegadamente, pelo universo... Contemplava sua criação, e, aproveitando o passeio, verificava se tudo estava correndo bem. Em certo ponto de sua caminhada, deparou-se com uma de suas estrelas, num choro compulsivo... Com certa tristeza, aproximou-se e perguntou docemente: - Por que choras, minha filha? A pobre estrela, aos prantos, mal conseguia falar: - Sabe, meu Pai... Estou triste... não consigo achar uma razão para a minha existência... O sol, com toda a sua magnitude, fornece calor, luz e energia às pessoas... As estrelas cadentes, incentivam paixões e sonhos... Os cometas, geram dúvidas e mistérios... E eu, aqui... parada... Deus ouviu tudo atentamente... com doçura e paciência, decidiu explicar à estrela os porquês, porém, foi interrompido por uma voz, que vinha de longe... Era uma criança, que caminhava com sua mãe, em um dos planetas da região... A criança dizia à sua mãe: - Veja mamãe! O dia já vai nascer!
  • 13. A mãe ficou meio confusa... como podia, uma criança, que mal sabia as horas, saber que o sol já nasceria, mesmo estando tão escuro? - Como você sabe disso, meu filho? - Veja aquela estrela! Papai me disse que ela anuncia o novo dia. Ela sempre aparece pouco antes do sol, e aponta o lugar de onde o sol vai sair... Ouvindo aquilo, a estrela pôs-se a chorar... Deus, calmamente lhe falou: - Podes ver? Sabes agora, o motivo de tua existência? Tudo o que criei, fiz por alguma razão de ser. És a estrela que anuncia o novo dia... E com o novo dia, renovam-se as esperanças, os sonhos... E serves para orientar os homens, para onde caminhar. Ao te ver, sabem que não estão perdidos, pois sabem qual o seu destino. A estrela ouviu tudo atentamente... Sentiu uma alegria celestial invadindo sua vida... A partir de então, ela brilhou cada vez mais, pois sabia que era importante e indispensável ao ciclo da vida. Todos nós temos uma razão para estarmos aqui... Mesmo se não soubermos qual é exatamente esta razão, devemos viver a vida intensamente, semeando amor e espalhando alegrias... Só assim, a estrela que habita em nossos corações brilhará mais forte, iluminando a todos que estão à nossa volta. Fazendo isso, estaremos iluminando nossas próprias vidas. (Geremias Estevão) http://recantodapazdeespirito.blogspot.com/2010/02/o-choro-da-estrela.html *** O COBRADOR! Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre seguindo por uma longa estrada. Ao passar próximo a uma moita de samambaia ouviram um gemido, verificaram e descobriram caído um homem. Estava pálido e com uma grande mancha de sangue próximo ao coração. O homem tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência e da morte. Com muita dificuldade, mestre e discípulo carregaram o homem para o casebre rústico onde o trataram do ferimento. Uma semana depois já restabelecido o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca. Disse que conhecia seu agressor e que não descansaria enquanto não se vingasse. Disposto a partir o homem disse ao mestre: "Senhor, muito lhe agradeço por ter salvado a minha vida, tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou, vou fazer com que ele sinta a mesma dor que eu senti". O mestre olhou fixo para o homem e disse: "Vá, faça o que deseja. Entretanto devo informá-lo de que você me deve 3.000 moedas de ouro como pagamento pelo tratamento que lhe fiz". O homem ficou assustado e disse:
  • 14. "Mas senhor, é muito dinheiro! Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor". "Se não podes pagar pelo bem que recebestes, com que direito queres cobrar o mal que lhe fizeram?" O homem ficou confuso e o mestre concluiu: "Antes de cobrar alguma coisa procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que te aconteceram nesta vida, pois esta vida pode lhe cobrar tudo que você deve, e com certeza você vai pagar muito mais caro. Pense nisso! *** O CONTRABANDISTA Conto sufi Volta e meia, Nasrudin atravessava a fronteira entre a Pérsia e a Grécia montado no lombo de um burro. Toda vez passava com dois cestos cheios de palha e voltava sem eles, arrastando-se a pé. Toda vez o guarda procurava por contrabando. Nunca o encontrou. - O que é que você transporta, Nasrudin? - Sou contrabandista. Anos mais tarde, com uma aparência cada vez mais próspera, Nasrudin mudou-se para o Egito. Lá encontrou um daqueles guardas de fronteira. - Diga-me, Mullá, agora que você está fora da jurisdição grega e persa, instalado por aqui nesta vida boa - o que é que você contrabandeava, que nunca conseguimos pegar? - Burros. *** (*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje. O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo. De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao longo da história. Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um
  • 15. observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas por um professor. Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus. Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo *** O CORVO COBIÇOSO Era uma vez uma 'linda' pomba que costumava viver em um 'ninho' perto de uma 'cozinha'. Os cozinheiros gostavam muito dela e freqüentemente lhe davam grãos. Ela gostava do lugar e tinha uma boa vida. Um dia, um corvo viu a pomba e percebeu como ela estava recebendo ótimas refeições da cozinha. Então, numa ocasião o corvo fez amizade com a pomba, e sob o pretexto de amizade, de alguma forma conseguiu fazer com que a pomba dividisse o seu ninho com ele. A pomba então lhe disse que poderiam passar o tempo juntos discutindo política, religião, etc., mas que em se tratando de comida cada um teria seu meio próprio. Dessa forma ela sugeriu que o corvo buscasse sua própria comida. Mas o corvo estava impaciente e sua única razão para fazer amizade com a pomba era pela comida. Ele queria carne e tudo o que a pomba ganhava da cozinha eram grãos. Ela não podia esperar mais e finalmente decidiu visitar a cozinha diretamente para obter comida. Assim pensando, ela furtivamente se arrastou pela chaminé abaixo e entrou na cozinha. Ela sentiu o cheiro de um peixe temperado que estava numa panela. Cobiçoso, ele adiantou-se e tentou pegar o peixe, porém ao fazer isto ele tropeçou numa concha de sopa e fez um barulho. Isto alertou o cozinheiro que estava na sala vizinha e apanhou o corvo e o matou. Moral da história: A cobiça paralisa a Inteligência. A tradução deste texto é uma preciosa colaboração de Teresinha Medeiros dos Santos - Felppondd@aol.com Referências bibliográficas As Mais Belas Histórias Budistas - http://www.maisbelashistoriasbudistas.com *** O DESAFIO DA MONTANHA Numa cidade havia uma montanha bastante íngreme e pedregosa, jamais escalada. Três amigos decidiram fazer a sua subida e, para isto, prepararam-se durante alguns dias. Muniram-se de todo o equipamento necessário, como cordas, alimentos e
  • 16. materiais de primeiros socorros. No dia estabelecido, iniciaram a aventura, que seria observada por várias pessoas. Um deles, o mais jovem, iniciou a subida fazendo grande alarde, concedendo entrevistas e se declarando, por antecipação, como o mais preparado para atingir o objetivo. Partiu eufórico e venceu os primeiros obstáculos com relativa facilidade. Prosseguiu na escalada e, quando já atingia uma determinada altura, em torno de 10% do desafio a percorrer, parou para descansar. Já sentia forte cansaço e em seu corpo já se percebiam as marcas de alguns ferimentos, resultantes do contato com a vegetação nativa e espinhosa que encobria a montanha. Do ponto em que se encontrava, olhou para o alto... e sentiu um frio percorrer-lhe a espinha. Estava ainda muito distante do ponto de chegada. Teve medo. O desafio era maior do que suas forças. A distância que faltava percorrer era gigantesca. Desistiu. Acabrunhado, retornou ao ponto de partida, deixando no exato ponto onde parou uma placa com os dizeres: “E difícil!” O outro, igualmente jovem, porém mais determinado, foi muito mais além. Enfrentou barreiras e espinhos, expôs-se ao vento que era mais forte, feriu pés e mãos, despendeu grandes esforços e atingiu a metade do monte. Só aí parou para descansar. Estava esgotado e bastante maltratado. Olhou para baixo... e sentiu calafrios. Era aterrorizador olhar para baixo e ver a altura em que se encontrava. Entristeceu. Já fizera todo aquele esforço e ainda não lograra o êxito desejado. Qualquer deslize ali poderia ser fatal. Sentiu medo. O desafio era maior do que suas forças. Desistiu. Acabrunhado, retornou ao ponto de partida, deixando no exato ponto onde parou, uma placa com os dizeres: “É difícil acreditar que cheguei aqui.” O terceiro deles, mais amadurecido e reservado, nada disse nem prometeu. Iniciou sua caminhada de forma obstinada e segura. Atravessou barreiras e espinhos; superou desafios e dificuldades; expôs-se a situações desconfortáveis e dolorosas; experimentou ferimentos nos pés e nas mãos, mas prosseguiu em seu intento. Acreditava que poderia chegar. Não olhou para cima, nem olhou para baixo. Apenas prosseguiu. De forma determinada e gradual, foi alcançando, passo a passo, seu objetivo. Via apenas uma coisa: o objetivo traçado. Estava com a mente colocada bem adiante, no lugar da chegada. E, com este ânimo, foi superando os obstáculos que surgiam, sem se deixar abater por eles. Após muito esforço e determinação, chegou ao topo da montanha. O desafio estava vencido. Lá em cima, radiante com a conquista realizada, escreveu: “É difícil acreditar que cheguei aqui, porém, mais difícil foi acreditar que poderia chegar.” APONTAMENTOS: * Aprenda a querer e a procurar. O desejo é uma força no homem, mas, para que produza seu efeito, exige determinação e ação. * O sucesso somente chega para aqueles que se dispõem a alcançá-lo, com firmeza e persistência.
  • 17. * Não desanime diante dos primeiros embates. Mantenha sempre elevada a sua auto-estima, seja constante em seus ideais e saiba esperar. * As barreiras, os problemas e as crises, são indicativos do nosso grau de comprometimento com as leis de Deus. receba suas provas com serenidade, entendendo que, por maior que seja o problema, o mundo não vai se acabar se as coisas não acontecerem da maneira que você deseja. * Seu corpo é um universo de células que você administra. Cada pensamento positivo é um ato novo que agrada e conquista seus comandados. * Assimile a lição do tempo. Não há noite que não seja substituída pelo esplendor de um novo dia. * A perseverança é tão definidora de nossa sorte futura que Jesus, ao mostrar como se conquista o Reino de Deus, afirmou: “Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus 10-22) *** O FILHOTE DE BATATA (Suzanne Boyce) Meu filho de quatro anos, Shane, há mais de um mês vem pedindo por um filhote de cachorro, mas seu pai sempre diz: - Nada de cachorro! Um cachorro vai fazer buracos pelo jardim e perseguirá os patos e matará os coelhos. Nada de cachorro e ponto final! Toda noite Shane reza para ter um filhote de cachorro, e toda manhã fica decepcionado quando não encontra nenhum filhote de cachorro lhe esperando. Eu descascava batatas para o jantar, e ele estava sentado no chão aos meus pés perguntando pela milésima vez: - Por que papai não me deixa ter um filhote de cachorro? - Porque cães trazem muitos problemas. Não chore. Talvez seu pai, algum dia, mude de idéia. - Não, ele não vai mudar de idéia, e eu nunca terei um filhote de cachorro em um milhão de anos. Shane lamentou. Eu olhei sua carinha suja, com alguma lágrimas rolando. Como poderíamos lhe negar um desejo? Assim eu disse: - Sei de uma maneira para fazer o papai mudar de idéia! - Jura! Shane exclamou limpando as lágrimas. Eu lhe entreguei uma batata. - Pegue isto e carregue com você até que vire um filhote de cachorro. - sussurrei -Nunca deixe longe de você, nem por um minuto. Mantenha-o com você o tempo todo e no terceiro dia, amarre uma corda em torno dela e arraste pelo jardim e vamos ver o que acontece! Shane agarrou a batata com ambas as mãos. - Mãe, como você vai fazer uma batata virar um filhote de cachorro? Perguntou girando a batata em suas pequenas mãos.
  • 18. - Shh! É um segredo! Eu sussurrei. - Senhor, você sabe que é uma obrigação da mulher manter a paz em seu lar! Eu rezei. Shane carregou fielmente sua batata por dois dias; dormiu com ela, banhou-se com ela e lhe falava. No terceiro dia eu disse a meu marido: - Acho que devemos arranjar um animal de estimação para Shane. - O que a faz pensar que ele precisa de um animal de estimação? Meu marido perguntou inclinando-se ao meu encontro. - Bem, ele anda carregando uma batata pra todo lado, há dias. Chama-a de Wally e diz que é seu animal de estimação. Dorme com ela em sua cama, e agora tem uma corda amarrada nela e fica arrastando a batata em torno do jardim. Eu respondi. - Uma batata? Meu marido perguntou e olhou pela janela, observando Shane levar sua batata para uma caminhada. - Vai quebrar seu coração quando a batata começar a apodrecer. Eu disse - Além disso, toda vez que eu tento descascar batatas para o jantar, Shane grita perguntando por que eu faço isto com a família de Wally. - Uma batata? Meu marido perguntou, incrédulo. Meu filho tem uma batata como animal de estimação? - Bem, - Eu disse encolhendo os ombros - você disse que ele não poderia ter um filhote de cachorro. Então, decepcionado, decidiu ter um outro animal de estimação... - Que loucura! Meu marido disse. Meu marido observou nosso filho por mais alguns minutos. - Hoje à noite eu trago um filhote de cachorro para ele. Depois do trabalho eu paro numa loja e compro. Acho que um filhote de cachorro não pode trazer tanto problema... e é melhor do que uma batata. Ele disse, suspirando. À noite, meu marido trouxe para Shane um filhote de cachorro e uma gata branca grávida da qual ele teve pena ao vê-la na loja. Todos ficaram felizes. Meu marido acreditando ter afastado seu filho de uma crise nervosa. Shane tinha um filhote de cachorro, uma gata e cinco gatinhos e acreditava que sua mãe tinha poderes mágicos que poderiam transformar uma batata em um filhote de cachorro. E eu fiquei feliz porque eu tomei de volta a minha batata e a cozinhei para o jantar. Tudo estava perfeito até um dia, quando eu cozinhava o jantar, Shane puxou meu vestido e perguntou: - Mãe, o que você acha, eu poderia ganhar um pônei em meu aniversário? Eu olhei em sua pequena e doce carinha e disse: - Bem, primeiro nós temos que conseguir uma melancia... *** O FORMIGUEIRO E O DRAGÃO Uma fábula nos dá conta de que um homem encontrou um formigueiro que se queimava durante o dia e fumegava à noite. Curioso e intrigado foi ter junto a um sábio homem e lhe pediu conselhos a respeito do que fazer com o achado. O sábio lhe disse para revolver o formigueiro com uma
  • 19. espada. Assim fazendo, o homem encontrou uma trava de porta, algumas bolhas de água, um forcado, uma caixa, uma carapaça de tartaruga, uma faca de açougueiro, um pedaço de carne e, finalmente, um dragão. Retornando ao sábio, contou-lhe o que havia encontrado. O sábio explicou-lhe então o significado de suas descobertas e lhe disse: "Jogue tudo fora, exceto o dragão; deixe-o sozinho e não o moleste." Nesta fábula, o formigueiro representa o corpo humano. Sua queima durante o dia simboliza o fato de que, durante o dia, os homens fazem as coisas que pensaram na noite precedente. Fumegar à noite indica o fato de que os homens, durante a noite, recordam-se, com prazer ou tristeza, das coisas certas ou erradas que fizeram durante o dia. Na mesma fábula, o homem simboliza a pessoa que busca a iluminação. O sábio é um Buda. A espada simboliza a pura sabedoria. Revolver o formigueiro simboliza o esforço que se deve fazer para alcançar a iluminação. A trava da porta representa a ignorância; as bolhas de água são os bafejos do sofrimento e da ira; o forcado sugere a hesitação e o desconforto; a caixa é onde se acumulam a cobiça, a ira, a indolência, a volubilidade, o arrependimento e a ilusão; a carapaça de tartaruga simboliza a mente; a faca de açougueiro significa a síntese dos cinco sentidos; e o pedaço de carne simboliza o desejo que surge desses sentidos e que leva o homem a ansiar por sua satisfação. Ainda na fábula, o dragão indica a mente que eliminou todas as paixões mundanas e as transformou em iluminação. Se um homem revolver as coisas ao seu redor com a espada da sabedoria, encontrará o dragão e a maneira certa de agir. "Deixe o dragão sozinho e não o moleste" significa procurar e trazer à luz a mente livre dos desejos mundanos. (Sutra Vammika) *** O FRIO QUE VEIO DE DENTRO Seis homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para poderem receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Se o fogo apagasse – eles o sabiam, todos morreriam de frio antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de poderem sobreviver. O primeiro homem era um racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então ele raciocinou consigo mesmo: – Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro. E guardou-as protegendo-as dos olhares dos demais. O segundo homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um círculo em torno do fogo bruxuleante, um homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas
  • 20. roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou: – Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso? O terceiro homem era o negro. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral que o sofrimento ensinava. Seu pensamento era muito prático: – É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem. E guardou suas lenhas com cuidado. O quarto homem era o pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou: – Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha. O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas. Nem lhe passou pela cabeça oferecer da lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil. O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosa das mãos, os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido. – Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos meus gravetos. Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e finalmente apagou. Ao alvorecer do dia, quando os homens do Socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de Socorro disse: – O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro. *** O FURO NO BARCO Um homem foi chamado à praia para pintar um barco. Trouxe com ele tinta e pincéis e começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como fora contratado para fazer. Enquanto pintava, percebeu que a tinta estava passando pelo fundo do barco. Percebeu que havia um vazamento e decidiu consertá-lo. Quando terminou a pintura, recebeu seu dinheiro e se foi. No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e presenteou-o com um belo cheque. O pintor ficou surpreso: - O senhor já me pagou pela pintura do barco - disse ele. - Mas isto não é pelo trabalho de pintura. É por ter consertado o vazamento do barco. - Foi um serviço tão pequeno que não quis cobrar. Certamente, não está me pagando uma quantia tão alta por algo tão insignificante! - Meu caro amigo, você não compreendeu, deixe-me contar-lhe o que aconteceu: quando pedi a você que pintasse o barco, esqueci de mencionar o vazamento. Quando o barco secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estava em
  • 21. casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado, pois lembrei-me de que o barco tinha um furo. Imagine meu alívio e alegria quando os vi retornando sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que você o havia consertado! Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não tenho dinheiro suficiente para pagar-lhe pela sua "pequena" boa ação... REFLEXÃO: Não importa para quem, quando, de que maneira... Ajude! Ampare! Enxugue as lágrimas! Conserte os vazamentos... SEMPRE! *** O GAROTO, O PAI E A VASSOURA Um garoto caminhava pela rua junto dos amigos em direção a Escola jogar futebol. De repente, ao longe, avista seu pai varrendo a rua, pois, recentemente conseguira o emprego de Gari ou Faxineiro Público. Profundamente envergonhado, o garoto muda de rua para que seus amigos não visem seu pai com a Vassoura nas mãos varrendo ruas. "- Que Vergonha!!!" Sentiu. Chegando na escola, foi logo para o vestuário colocar seu uniforme esportivo. O Professor, vendo que o garoto estava sentado sozinho e tristonho, aproxima-se e pergunta: Como vai?... Parece que você está triste hoje! O garoto relutou um pouco em falar, e vendo que não havia mais ninguém no vestuário, além dele e do Professor, desabafa em lágrimas: - Eu estava vindo para escola e vi meu Pai no seu novo emprego. - Mas que bom, seu Pai conseguiu emprego!!! Disse o Professor expressando seu contentamento. - Bom nada! Trabalhar como Gari, isso é ter um emprego? A 4 meses atrás ele era um empresário e agora fica varrendo ruas da cidade.... Veja os meus amigos, os pais deles estão desempregados e nem por isso se sujeitam a varrer ruas... Após ouvir o que disse o garoto, o Professor sentou-se ao lado dele e para surpresa do garoto, falou seriamente: - Você é um garoto muito ingrato e está cometendo uma grande injustiça com seu pai, sabia? Surpreso e assustado com as palavras duras do professor, o garoto se calou e ouviu: - Você deveria agradecer a Deus pelo Pai que você tem, pois enquanto os Pais de seus amigos ficam em casa se embebedando e engordando em frente da TV, e devendo para todos os credores, seu Pai, de quem você agora se envergonha, neste tempo de muita crise e desempregos, consegue sustentar você, seus irmãos e sua mãe com este emprego de gari e está conseguindo, aos poucos, sanar as dívidas com seus credores..... Você deveria se orgulhar de seu pai, pois ele está vencendo AS DIFICULDADES com uma Vassoura! O Professor levantou-se e sai do vestuário.
  • 22. O garoto ficou ali por alguns minutos. Depois, levantou-se e foi para sua casa. Ao chegar em casa, viu seu Pai descansando no sofá da sala e chegou perto dele e o acordou, dizendo: -Oi Pai? - Oi meu filho. Você não foi jogar futebol na escola? Indagou o Pai. - Não Pai, eu perdi a vontade de jogar hoje.... ah, o senhor quer um copo d’água? Eu pego pro senhor. - Não meu filho, obrigado! - Olha, a mãe fez café, o senhor quer que eu pegue para o senhor? Embora surpreso, o pai nota que o filho estava disposto a agradá-lo... Então disse: - Não meu filho, obrigado!... Eu só quero que você volte pra escola e vai jogar seu futebol. Tá bom? O Garoto abriu um sorriso e correu. Ao chegar até a porta da sala, antes de sair, olhou para o Pai e disse: - Olha Pai, prometo que no sábado eu vou engraxar as botas de seu trabalho, viu? *** O GRANDE PRÍNCIPE Havia um rei, muito bom, que tinha dois filhos. Como já estava velho, precisava escolher um deles para ajudá-lo nas tarefas de governar e, mais tarde, substituí-lo, naquele país. A fim de experimentar qual dos dois estaria melhor indicado para aquela tarefa, chamou os moços, entregou a cada um deles, uma carruagem contendo ouro, dinheiro e jóias, dizendo: - Percorram o reino e procurem empregar estes tesouros da forma que julgarem mais convenientemente ao futuro rei deste país. Dentro de três meses, deverão regressar e contar-me o que tiverem feito; dependendo de suas ações, escolherei aquele que há de me ajudar no governo deste país. Findo os três meses, um dos filhos chegou ao palácio, alegre e bem vestido, o rei o recebeu contente, abençoou-o e pediu que narrasse o que havia feito. O moço fez uma reverência e disse: - Meu pai e soberano, viajei por todo o país e comprei, para teu descanso um maravilhoso e enorme palácio: comprei escravos fortes, para te servirem e reuni neste castelo as riquezas maravilhosas do nosso tempo. No palácio, poderás viver tranqüilamente, feliz e seguro de todos os teus bens, vigiados pelos teus servos. O velho rei agradeceu amorosamente, as atitudes do filho que pensou muito nele e em seu futuro. Convidou o filho a esperar pelo outro príncipe Que ainda não chegara. Certo dia, estando pai e filho em agradável conversa, eis que chega o outro filho. O príncipe entrou na sala real e ao contrário do irmão, vinha cansado, abatido e mal vestido. Não havia comprado roupas novas. Aproximando-se do rei, falou: - Querido pai, viajei por todas as terras, de norte a sul, de leste a oeste. Em alguns lugares o povo vivia em paz, em bem estar, mas nas montanhas encontrei muitos sem emprego, doentes, famintos e muitas mulheres e crianças sem casa para morar.
  • 23. Com parte do dinheiro e dos tesouros que me destes, arranjei médicos e remédios em favor daqueles que sofriam. Mandei construir oficinas de trabalho e dei emprego a todos. Com alimentos e com forças readquiridas, cada família construiu sua casa com o material que doei em seu nome. Ao norte, verifiquei jovens e crianças sem escolas, instalei várias salas de aula e contratei professores. O jovem parou de falar e em seguida comentou: - Perdoe-me pai, nada fiz para te enriquecer e gastei tudo o que me deste. Voltei pobre! O rei olhou para o filho e com um gesto carinhoso perguntou: - Fizeste o que achavas que era certo? - Sim, – respondeu o filho – jamais descansarei enquanto houver sofrimento nestas terras, porque aprendi contigo que as necessidades dos filhos do povo são iguais às dos filhos do rei... Diante destas palavras, o rei, trêmulo de emoção, desceu do trono, abraçou demoradamente o filho e exclamou: - Grande príncipe, abençoado sejas para sempre. É a ti que compete o direito de governar ao meu lado, pois foste tu que melhor soube aplicar o dinheiro que lhe confiei. Multiplicastes nossos bens. O povo trabalhando, produzirá mais e haverá mais o que vender e assim, melhorarão suas condições de vida e saúde, e com as escolas o povo compreenderá o valor da liberdade e do conhecimento engrandecendo o meu reino. Deus te abençoe meu filho! *** O GUERREIRO E O MONGE Havia, certa vez, um guerreiro que estava sempre desafiando e medindo forças com outros homens. Um dia foi a um mosteiro e disse que queria falar com o mestre. Sem hesitação, este foi ao seu encontro. O guerreiro, dirigindo-se a ele, disse: - Há quem creia que a inteligência é mais poderosa que a força, mas para mim é fácil mostrar o inferno a alguém; basta espancá-lo. O mestre respondeu: - Não discuto com gente suja como você. O guerreiro sentiu tanto ódio naquele instante, que seu rosto ficou vermelho e seus olhos pareciam saltar das órbitas. - Isto é o inferno, disse o mestre sorrindo. O guerreiro entendeu e admirou sua coragem. - Isto é o céu, continuou o mestre, e convidou-o para entrar no mosteiro. ***
  • 24. O HOMEM E O RIO Havia um homem apaixonado por um rio... Gastava longas horas vendo suas águas a passar, carregando em seu dorso suave, folhas e histórias das cidades acima e isto lhe dava felicidade... Sua grande alegria era quando chegava a tarde, depois do trabalho. Ele ia correndo para o rio, pulava uma cerca e ficava lá em uma prainha, com os pés mexendo nas areias grossas, bem embaixo de um velho ingá... Falava muito, confidenciava segredos, dava gargalhadas, nunca ia embora, enquanto houvesse luz... E por muitas vezes só se deu conta que era noite quando a lua ladrilhava de prata as águas do rio... Ficava lá, remoendo lembranças, indo para o futuro em sonhos... Seus olhos eram rio. O rio passeava com suas águas amigas em seus olhos, como em nenhum outro. Ambos pareciam ter nascido para ser daquele jeito, nunca sem o outro, a unidade de almas... Dizia o homem: - Amor pra toda vida... Consentia o rio... Porém, um dia, o céu escureceu. Nuvens cobriram a terra a chuva desabou sobre o mundo. A cabeceira do rio foi enchendo e logo tudo virou correnteza. Árvores foram arrancadas, folhas deram lugar aos galhos pesados, estes arranhavam tudo o que encontravam, as barrancas desmaiavam e sumiam devoradas pela fúria das águas. O rio cresceu, ultrapassou as margens, derrubou cercas, foi crescendo até chegar na casa do homem... Avançou o jardim... Margaridas e rosas desapareceram... Quando veio o sol, veio também a desolação. Tinha que recomeçar e como é difícil recomeçar. Fez o que pôde, sem olhar em direção ao rio. Seu peito era uma amargura só. Sua cabeça não ficava em silêncio. Só pensava no que iria dizer. Então falou: - Por quê? Por que fez isto? Eu confiava em você, tinha certeza que isto não iria acontecer... Não conosco... Havia muito amor entre nós... Amor que não merecia acabar assim. Não é só a lama que está no jardim, é a confiança que nunca mais será confiança, o amor que nunca mais será amor, é o adeus que será para sempre adeus... Foi inútil o rio tentar explicar. Nunca mais se encontraram. Nunca mais a lua cantou naquele lugar... E as águas daquele rio, como o coração daquele homem, nunca mais foram os mesmos... O homem mudou-se para muito longe e o rio, quando passava por lá, tentava não olhar... Mas sonhava, bem dentro, em suas águas mais profundas, um dia ver ali, debaixo do ingá, quem nunca deveria ter ido embora... *** Estas palavras falam por si... Temos tendência a esquecer fácil os bons momentos e damos uma eternidade para as lembranças negativas...
  • 25. Esquecemos as conversas onde só o coração fala e perdemos tardes lindas de amor... Abraços apertados, aconchego... Por não querer relevar. Não querer lutar um pouco mais. Às vezes temos 100% e por causa de 1% perdemos 99%... Já viram como sempre ficamos presos a este 1%? Guardamos sempre a imagem da casa destruída, mas, negamos dar vida ao rio iluminado... *** O INTELECTUAL E AS RESPOSTAS ZEN Certa vez Tao-kwang, um intelectual budista e estudioso do Vijñaptimara (idealismo absoluto), aproximou-se de um mestre Zen e perguntou: "Com que atitude mental deve um indivíduo disciplinar-se para alcançar a Verdade?" Respondeu o mestre Zen: "Não há nenhuma mente a ser disciplinada, nem qualquer verdade na qual nós devemos nos disciplinar." Replicou o intelectual: "Se não há nenhuma mente para ser controlada e nenhuma Verdade para ser ensinada, por que vos reunis todos os dias aos monges? Se não tenho língua, como será possível aconselhar a outrem a virem até mim?" "Eu não possuo nem uma polegada de espaço para dar, portanto onde posso conseguir uma reunião de monges? Eu não possuo língua, como posso aconselhar a outrem virem a mim?" respondeu o mestre. O Intelectual então exclamou: "Como podeis proferir uma tal mentira na minha cara!?!!" "Se não tenho língua," retorquiu o mestre, "para aconselhar os outros como é possível pregar uma mentira?" Desesperado em confusão, disse Tao-kwang: "NÃO POSSO SEGUIR VOSSO RACIOCÍNIO!!!" "Nem eu tampouco..." concluiu o mestre. Conto Zen *** O LADRÃO DE MACHADO Do livro OS MESTRES DO TAO, Editora Cultrix, São Paulo Um homem perdeu seu machado. Ele suspeitou do filho do vizinho e se pôs a observá- lo. Seu jeito era o de um ladrão de machado; a expressão de seu rosto era a de um ladrão de machado; seu modo de falar era exatamente o de um ladrão um ladrão de machado. Todos os seus movimentos, todo o seu ser eram a expressão exata de um ladrão de machado. Ora aconteceu que o homem que havia perdido o machado, ao cavar, por acaso, a terra no vale, encontrou sua ferramenta. No dia seguinte, ele tornou a olhar para o filho do vizinho. Todos os seus movimentos, todo o seu ser nada mais tinham de um ladrão de machado.
  • 26. *** O LADRÃO E O CÃO DE GUARDA Um ladrão veio à noite para assaltar uma casa. Ele trouxe consigo vários pedaços de carne, para que pudesse acalmar um feroz Cão de Guarda que vigiava o local. A carne serviria para distraí-lo, de modo que não chamasse a atenção do seu dono com latidos. Assim que o ladrão jogou os pedaços de carne aos pés do cão, disse-lhe então o animal: - Se você estava querendo calar minha boca, cometeu um grande erro. Tão inesperada gentileza vinda de suas mãos, apenas serviram para me deixar ainda mais atento. Sei que por trás dessa cortesia sem motivo, você deve ter algum interesse oculto, de modo a beneficiar a si mesmo e prejudicar o meu dono. Moral da História: Gentilezas inesperadas é a principal característica de alguém com más, ou segundas intenções. Autor: Esopo *** O LIVRO DO DESTINO Certa vez, quando voltava de Bagdá, encontrei um velho árabe que me chamou a atenção. Falando agitado com os mercadores, dizia: - Eu já fui poderoso! Já tive o destino nesta mão! Procurei aproximar-me dele discretamente e, logo depois já lhe havia captado a confiança. O desconhecido, sem perceber os meus sustos, continuou: - Segundo ensina o alcorão - a nossa vida está escrita - MAKTUB - no livro do destino. Temos uma página, com tudo o que de bom ou de mal nos vai acontecer. E sem esperar que o interrogasse, prosseguiu: - Recebi, das mãos de um xeique, um talismã raríssimo, encontrado dentro do túmulo de um santo mulçumano. E essa pedra permitia a entrada livre na famosa gruta da fatalidade, onde se acha o livro do destino. Viajei longos anos até alcançar a gruta encantada. Um gênio bondoso que estava de sentinela à porta, deixou-me entrar, avisando-me que só poderia permanecer na gruta por espaços de poucos minutos. Era minha intenção alterar o que estava escrito na página de minha vida e fazer de mim um homem rico e feliz. Bastava acrescentar com a caneta que eu já levava: "Será um homem feliz e estimado por todos; terá muita saúde e muito dinheiro." - Lembrei-me, porém, de meus inimigos. Poderia, naquele momento, fazer um grande mal a todos eles. Movido pelo ódio, abri a página de Hiamir, vi o que ia suceder no desenrolar de sua vida e acrescentei embaixo: "Morrerá pobre, sofrendo os maiores tormentos." Na página de Farid gravei, impetuoso, alterando-lhe a vida inteira: "Perderá todos os haveres; ficará cego e morrerá de fome." E assim, sem piedade, desgracei a vida de meus inimigos.
  • 27. - E na tua vida? - indaguei - Que fizeste da página que o Destino dedicara a tua própria existência? - Ah! Meu amigo! - atalhou o desconhecido - Nada fiz em meu favor. - Preocupado em fazer mal aos outros, esqueci de fazer o bem a mim mesmo. Quando pensei em tornar feliz a minha vida, estava terminado o meu tempo. Sem que eu esperasse, me surgiu pela frente um Gênio feroz que me agarrou fortemente e, depois de arrancar-me das mãos o talismã, me atirou fora da gruta. Caí e perdi os sentidos. Quando recuperei a razão me achei muito longe da gruta e sem o talismã precioso, então, nunca mais pude descobrir o caminho da gruta encantada. E concluiu com voz cada vez mais rouca e baixa: - Perdi a única oportunidade que tive de ser rico, estimado e feliz. *** Seria verdade essa estranha aventura? Até hoje ignoro. O certo é que este caso nos traz grande ensinamento. Quantos homens há, no mundo, que preocupados em levar o mal a seus semelhantes, se esquecem do bem que podem trazer a si próprios. (Malba Tahan) *** O LOBO E O CORDEIRO Estava um cordeiro bebendo água na parte inferior de um rio; chegou um lobo, na parte de cima, e cravando nele os olhos famintos, disse-lhe com voz cheia de ameaça: - Quem lhe deu o atrevimento de turvar (sujar) a água que pretendo beber? - Senhor, respondeu humilde o cordeiro, repare que a água desce para mim: assim não a posso turvar... E ainda é bocudo e insolente! redarguiu o lobo arreganhando os dentes; - Ouvi dizer que no ano passado você falou mal de mim. - Como o faria, se só tenho seis meses de vida e ainda não tinha nascido... - Pois se não foi você deve ter sido seu pai, seu irmão ou algum dos seus parentes e por eles você vai pagar. Dito isto, atirou-se sobre ele e o foi devorando MORALIDADE: Foge do mau, com ele não argumentes: as melhores razões te não poderão livrar da sua fúria. Evita-o fugindo. *** O MAL EXISTE? Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta: - Deus fez tudo que existe? Um estudante respondeu corajosamente: - "Sim, fez!" - Deus fez tudo, mesmo?
  • 28. - Sim, professor - respondeu o jovem. O professor replicou: - Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mal. O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver provado uma vez mais que a Fé era um mito. Outro estudante levantou sua mão e disse: - Posso lhe fazer uma pergunta, professor? - Sem dúvida, respondeu-lhe o professor. O jovem ficou de pé e perguntou: - Professor, o frio existe? - Mas que pergunta é essa? Claro que existe você por acaso nunca sentiu frio? O rapaz respondeu: - Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor. - E a escuridão, existe? - continuou o estudante. O professor respondeu: - Mas é claro que sim. O estudante respondeu: - Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton decompõe a luz branca nas varias cores de que se compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando não há luz presente. Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor: - Diga, professor, o mal existe? Ele respondeu: - Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal. Então o estudante respondeu: - O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus corações. “É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz." ***
  • 29. O MENINO E O TELEFONE Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém. Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa. Minha primeira experiência pessoal com esse gênio-na-garrafa veio num dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia. Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido ate que pensei: O telefone! Rapidamente fui ate o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente a cômoda da sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Alguém atendeu e eu disse: - Uma informação, por favor. Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido. - Informações. - Eu machuquei meu dedo..., disse, e as lagrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência. - A sua mãe não esta em casa?, ela perguntou. - Não tem ninguém aqui..., eu soluçava. - Está sangrando? - Não, respondi. - Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo... - Você consegue abrir o congelador?, ela perguntou. Eu respondi que sim. - Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo, disse a voz. Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo. Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philadelphia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas. Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável. Eu perguntava: - Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola? Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente: - Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também...
  • 30. De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor. No outro dia, lá estava eu de novo. - Informações, disse a voz já tão familiar. - Você sabe como se escreve 'exceção'? Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico. Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia aquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala. Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo. Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um menininho. Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi: - Uma informação, por favor. Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo: - Informações. Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: - Você sabe como se escreve 'exceção'? Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave: - Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul. Eu ri e disse: - Então, é você mesma! Você não imagina como era importante para mim naquele tempo. - Eu imagino, ela disse. - E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse. Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá- la quando fosse encontrar a minha irmã. - É claro!, ela respondeu. - Venha até aqui e chame a Sally. Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu: - Informações. Eu pedi para chamar a Sally. - Você é amigo dela?, a voz perguntou. - Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul. - Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente. Infelizmente, ela morreu há cinco semanas. Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou: - Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul?
  • 31. - Sim. - A Sally deixou uma mensagem para você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse. Eu vou ler pra você. A mensagem dizia: "Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender." Eu agradeci e desliguei.Eu entendi... *** O MESTRE SUFI E O OVO Conto sufi Certa manhã, Nasrudin (*) colocou um ovo embrulhado num lenço, foi para o meio da praça da sua cidade, e chamou aqueles que estavam ali. - Hoje vamos ter um importante concurso! A quem descobrir o que está embrulhado neste lenço eu dou de presente o ovo que está dentro! As pessoas se olharam, intrigadas, e responderam: - Como podemos saber? Ninguém aqui é capaz de fazer esse tipo de previsões! Nasrudin insistiu: - O que está neste lenço tem um centro que é amarelo como uma gema, cercado de um líquido da cor da clara, que por sua vez está contido dentro de uma casca que se parte facilmente. É um símbolo de fertilidade, e lembra-nos dos pássaros que voam para seus ninhos. Então, quem é que me pode dizer o que está aqui escondido? Todos os habitantes pensavam que Nasrudin tinha nas suas mãos um ovo, mas a resposta era tão óbvia, que ninguém resolveu passar vergonha diante dos outros. E se não fosse um ovo, mas algo muito importante, produto da fértil imaginação mística dos sufis? Um centro amarelo podia significar algo do sol, o líquido em seu redor talvez fosse um preparado alquímico. Não, aquele louco estava a querer fazer alguém passar por ridículo. Nasrudin perguntou mais duas vezes, e ninguém respondeu. *** (*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje. O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo. De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao longo da história. Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem
  • 32. sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas por um professor. Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus. Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo *** O MITO DA CAVERNA Extraído de "A República" de Platão Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas a frente, não podendo girar a cabaça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi- obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira externa. Entre ele e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
  • 33. Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade. O que é a caverna? Que são as sombras das estatuetas? Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O que é a luz exterior do sol? O que é o mundo exterior? Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? O que é a visão do mundo real iluminado? Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo? (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense) *** O MONGE E O PADEIRO Havia uma padaria em frente a um templo budista. O monge do lugar precisou viajar e pediu que o dono da padaria cuidasse de tudo na sua ausência, e atendesse as visitas etc. Antigamente, os monges viajavam, numa espécie de treinamento monástico, visitando outros monges, mestres e mosteiros. Desafiavam os mais fortes no Dharma (*) e mantinham-se treinando. O visitante praticava da seguinte maneira: eram batalhas sobre o Dharma, com perguntas e respostas, quem perdia era obrigado a deixar o templo; quem ganhava podia ficar como responsável. Uma batalha do Dharma era algo muito sério. Não era uma batalha de luta, mas de conhecimento, de experiências, de linguagem. Certo dia souberam que ia chegar um monge para desafiar o Mestre. Quanto mais próxima a data, mais o dono da padaria, preocupadíssimo, ouvia a sugestão do chefe da aldeia: "Raspe a cabeça, coloque o manto e apenas sente-se diante da parede como se estivesse meditando. Faça como se estivesse em treinamento de silêncio, nada fale, nem escute e nem responda." O dono da padaria se animou: "Ah, é fácil, isso eu posso fazer." Raspou a cabeça, colocou o manto e sentou-se voltado para a parede. Nisso chegou o monge visitante e começou a fazer perguntas sobre o Dharma. O dono da padaria assumiu um tom grave e fez "Shhh". O monge entendeu, "Ah, ele está fazendo muitos dias de treinamento em silêncio, mas já que estou aqui depois de tão longa caminhada nas montanhas, vou aproveitar e
  • 34. perguntar com gestos, assim ele também pode responder com gestos, sem quebrar o voto de silêncio." Fazendo gestos com os dedos e a mão, o monge perguntou, "Como é o seu coração, seu espírito?" O dono da padaria respondeu com um grande gesto para todas as direções. O monge compreendeu que ele mostrava as dez direções: ele se refere: aos quatro pontos cardeais, aos quatro pontos médios, para cima e para baixo: "Diz que seu coração é como o oceano". Veio a segunda pergunta, o monge mostrou seus dez dedos que queriam dizer:"Como viver neste mundo?", e o dono da padaria mostrou os cinco dedos da mão. O monge interpretou como os cinco preceitos: não matar, não roubar, não cometer adultério, não conduzir os outros a erros, não usar intoxicantes. O monge sentiu-se tocado, "Ah, que sabedoria magnífica!" A seguir mostrou três dedos da mão, perguntando, "Onde estão as três jóias, o Buddha, o Dharma, a Sangha (**)?" Ao que o dono da padaria respondeu com o punho fechado. O monge interpreta novamente: "Não procure longe de ti, está aqui muito perto, perto do olho, está aqui." Impressionado, o monge viajante foi embora. Vendo isso, o chefe da aldeia correu até o padeiro querendo saber o que acontecera e perguntou: "Ele foi embora muito impressionado, me conta o que aconteceu?"; E o dono da padaria explicou, "Aquele monge é muito estúpido. Primeiro, fez um gesto com as mãos, perguntando quanto custava o pão, e se ele era muito pequeno; e eu abri bem os braços, mostrando que meu pão é bem grande. A seguir ele perguntou quanto custavam dez pães e eu mostrei-lhe cinco dedos, dizendo cinco moedas, mas ele me mostrou três dedos, pedindo que vendesse por três, e eu pensei: "mas que sem- vergonha!", e por pouco não lhe acertei um soco no olho!" Conto Zen (*) Darma ou Dharma significa "Lei Natural" ou "Realidade". Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o "Caminho para a Verdade Superior". O darma é a base das filosofias, crenças e práticas que se originaram na Índia. O Darma também se refere aos ensinamentos e doutrinas de diversos fundadores de tradições, como Siddhartha Gautama no budismo e Mahavira no jainismo. Como doutrina moral sobre os direitos e deveres de cada um, o Dharma se refere geralmente ao exercício de uma tarefa espiritual, mas também significa ordem social, conduta reta ou, simplesmente, virtude.Para algumas seitas e alguns pensadores o darma também pode ser interpretado como ações virtuosas feitas tanto em vidas passadas (encarnação anteriores), como na vida atual, e irá receber tudo de novo do universo também com boas ações, assim como o carma pode ser considerado uma consequência ruim que se teve, tem ou terá, sendo consequências de todas as ações ruins que se teve, também nessa ou em vidas passadas.
  • 35. (**) Shanga: No Budismo, o Buda(o Iluminado), o dharma e a sangha são conhecidos como os três tesouros do budismo que lhes certas características. Esses recursos são encenados diariamente nos dias de Uposatha, de acordo com a escola budista. Na tradição de Theravada fazem parte da prática diária. *** O MOSQUITO E O TOURO Um Mosquito que estava voando, a zunir em volta da cabeça de um Touro, depois de um longo tempo, pousou em seu chifre, e pedindo perdão pelo incômodo que supostamente lhe causava, disse: "Mas, se, no entanto, meu peso incomoda o senhor, por favor é só dizer, e eu irei imediatamente embora!" Ao que lhe respondeu o Touro: "Oh, nenhum incômodo há para mim! Tanto faz você ir ou ficar, e, para falar a verdade, nem sabia que você estava em meu chifre." Com frequência, diante de nossos olhos, julgamo-nos o centro das atenções e deveras importantes, bem mais do que realmente somos diante dos olhos do outros. Moral da História: Quanto menor a mente, maior a presunção. Autor: Esopo *** O MUDO E O PAPAGAIO Um jovem monge foi até o mestre Ji-shou e perguntou: "Como chamamos uma pessoa que entende uma verdade mas não pode explicá-la em palavras?" Disse o mestre: "Uma pessoa muda comendo mel". "E como chamamos uma pessoa que não entende a verdade, mas fala muito sobre ela?" "Um papagaio imitando as palavras de uma outra pessoa". *** O OBSERVADOR Certo dia um rei chamou ao seu palácio o mestre zen Muhak - que viveu de 1317 a 1405 - e lhe disse que, para afastar o cansaço e a tensão do trabalho administrativo, queria ter uma conversa completamente informal com ele. Em seguida, o rei comentou que Muhak parecia um grande porco faminto procurando comida. - E você, excelência parece o Buda Sakiamuni meditando, sobre um pico elevado dos Himalaias. O rei ficou surpreso com a resposta de Muhak. - Comparei você a um porco, e você me compara ao Buda?
  • 36. - É que um porco só pode ver porco, excelência, e um Buda só pode ver Buda. *** O PAVÃO O CORVO E O PAVÃO (fábula de Esopo recontada por Monteiro Lobato) O pavão, de roda aberta em forma de leque, dizia com desprezo para o corvo: “Repare como sou belo! Que cauda, hein? Que cores, que maravilhosa plumagem! Sou das aves a mais formosa, a mais perfeita, não?” “Não há dúvida de que você é um belo bicho”, disse o corvo. “Mas, perfeito? Alto lá!” “Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, além disso, ave de mau agouro... Que falha você vê em mim, ó tição de penas?” O corvo respondeu: “Noto que para abater o orgulho dos pavões a natureza lhe deu um par de patas que, faça-me o favor, envergonharia até a um pobre diabo como eu...” O pavão, que nunca tinha reparado nos próprios pés, abaixou-se e contemplou-os longamente. E, desapontado, foi andando o seu caminho sem replicar coisa nenhuma. Tinha razão o corvo: não há beleza sem senão. *** O PAVÃO O fazendeiro saiu e fechou a porteira do terreiro. Tencionava voltar logo, mas passaram-se dias e ele não aparecia. Os animais do terreiro estavam com fome e com sede. Até mesmo o galo deixou de cantar. Todos mantiveram-se imóveis, à sombra de uma árvore, para não desperdiçarem suas forças. Apenas o pavão pôs-se de pé, cambaleante, abriu como um leque sua cauda multicor e pôs-se a andar de um lado para o outro. - Mamãe - perguntou um pintinho para a galinha - por que o pavão abre a cauda assim, todos os dias? - Porque ele é vaidoso, filhinho. E a vaidade é um defeito que só desaparece com a morte. *** O PAVÃO E DEUS Um formoso pavão excitava com a beleza das suas penas a curiosa atenção de alguns homens que o estavam admirando, e que lhe não poupavam elogios. Súbito ouviram estes o cantar de um rouxinol (pássaro europeu de canto mui lindo), e logo tudo esquecendo, procuram chegar-se para o lugar de onde partia tão suave melodia. Abandonado, o pavão encheu-se de raiva, e queixoso foi ter com Deus.
  • 37. - Por que há de um passarinho, feio e sem graça, cantar melhor do que eu? Por que me não deste a voz do rouxinol? perguntou. Não sejas ingrato, respondeu-lhe Deus. Cada animal tem suas prendas, nenhum tem tudo; à águia coube a força, ao rouxinol o canto, a ti essa plumagem recamada de estrelas e de esmeraldas; não és dos mais mal aquinhoados. - Sim, mas eu queria cantar como um rouxinol, retrucou o pavão. Moral da História: Poucos se contentam com o que têm, todos invejam o alheio, e assim se fazem desgraçados. *** O QUE MAIS? Um monge perguntou ao mestre: "Faz muito tempo que venho a vós diariamente, a fim de ser instruído no santo caminho de Buddha, mas até hoje jamais vós me destes nenhuma palavra a este respeito. Eu vos imploro, mestre, sejais mais caridoso." O velho mestre olhou-o com surpresa: "O que quereis dizer com isso, meu rapaz? Todas as manhãs vós me saudais e eu vos respondo. Quando me trazeis uma xícara de chá, eu a aceito, agradeço-vos e me delicio com vossa solicitude. O que mais desejais que eu lhe ensine?" Conto Zen *** O RECADO DA DONA VIDA... Wagner Borges mestre de nada e discípulo de coisa alguma. São Paulo, 11 de março de 2012. A semente disse no seio da terra: "Um dia eu serei uma grande árvore e beijarei a luz do sol em minhas folhas." Encerrado dentro das pétalas fechadas do botão de flor, o perfume falou: "Em breve, quando as pétalas desabrocharem, eu perfumarei tudo em volta." De dentro do fim do inverno, a primavera riu e disse: "Estou chegando cheia de luz!" De dentro do casulo, a lagarta exultou e asseverou: "Em breve eu rasgarei as trevas em volta e me tornarei uma linda borboleta - e voarei como nunca!" E também foi assim que a Vida emergiu do grande vazio... Como a semente, o perfume, a primavera e a lagarta, Ela riu, e bradou: "Meu Pai emanou o Grande Verbo e afirmou: “Faça-se a Luz!” Então, Eu fiz como a semente: brotei. E fiz igual ao perfume: desabrochei junto e perfumei tudo... E me tornei a primavera da existência primeira.
  • 38. E, como a lagarta, rompi as trevas do grande mistério e realizei a grande metamorfose. Agora, sou a borboleta do Criador, voando e existindo em Seu Coração Primevo. E Eu digo aos homens o que sei: de dentro de seus corações está emergindo uma Grande Luz. E, como a semente, o perfume, a primavera, a lagarta, e Eu mesma, no momento certo, o Amor eclodirá de dentro das trevas da grande dúvida. Então, os homens descobrirão o grande segredo: não há morte! Porque, de dentro deles mesmos, a Luz lhes dirá: `Vocês não nascem nem morrem, só entram e saem dos corpos perecíveis. E Eu também digo: vocês são imortais - e voarão como nunca... “Porque é só o Amor que nos leva..." *** P.S.: Esse texto foi escrito nos estúdios da Rádio Mundial, um pouco antes do início do programa "Viagem Espiritual"*. Ali, num impulso espiritual, lembrei-me do grande poeta hindu Rabindranath Tagore** (de quem sou grande admirador), e escrevi essas linhas rapidamente. Logo depois, ainda sob a emoção do momento, compartilhei os escritos com os ouvintes e os li para eles. E, agora, estou disponibilizando-os em aberto para todos. Notas: * O programa "Viagem Espiritual" é apresentado aos domingos, das 12h30min às 13h, na Rádio Mundial de São Paulo, 95.7 FM. OBS.: O programa pode ser ouvido diretamente pelo site da Rádio Mundial, no mesmo dia e horário. O site da rádio é: www.radiomundial.com.br. As gravações dos programas ficam disponibilizadas dentro da seção de multimídia do site do IPPB -http://multimidia.ippb.org/ *** Rabindranath Tagore - escritor indiano, nasceu em Calcutá em 1861 e desencarnou em Bengala em 1941. Depois de educação tradicional na Índia, completou a formação na Inglaterra entre os anos de 1878 e 1880. Começou sua carreira poética com volumes de versos em língua bengali. Em 1913, recebeu o prêmio Nobel de literatura. Desde então, traduziu seus livros para o inglês, a fim de lhes garantir maior difusão. Em suas poesias, Tagore oferece ao mundo uma mensagem humanitária e universalista. Seu mais famoso volume de poesias é Gitânjali (Oferenda poética). Fundou, em 1901, uma escola de filosofia em Santiniketan, que, em 1921, foi transformada em universidade. ***
  • 39. O REI E O SÁBIO A história aconteceu num país distante, muitos séculos atrás. Pressentindo seu fim o rei chamou seus súditos pedindo que respondessem a três perguntas fundamentais. Seria premiado com fortunas e honrarias quem melhor respondesse: 1º - Qual é o lugar mais importante do mundo? 2º - Qual é a tarefa mais importante do mundo? 3º - Quem é o homem mais importante do mundo? Sábios e ignorantes, ricos e pobres, crianças e adultos, desfilaram tentando responder às três perguntas. Para desconsolo do rei, nenhuma resposta o satisfez plenamente. Restava um único homem, em todo território, que se recusava a falar. Ele guardava silêncio e distância, porque não lhe interessavam honras e nem fortunas. Era um cidadão com fama de sábio. Emissários do rei foram enviados a ele para colher sua opinião. E, do alto de sua sabedoria, o velho falou: “- O lugar mais importante do mundo é aquele onde você está. A tarefa mais importante é aquela que você faz. E o homem mais importante do mundo é aquele que precisa de você, porque é ele que lhe possibilita exercitar o mais belo dos sentimentos: O AMOR.” *** O REI MENDIGO Houve um tempo que a Irlanda era governada por um rei que não tinha nenhum filho. O rei mandou que os mensageiros postassem avisos em todas as cidades do reino. Os avisos diziam que todo jovem qualificado deveria se apresentar para uma entrevista com o rei como um possível sucessor para o trono. Porém, todos os candidatos deveriam ter estas duas qualificações: (1) Eles devem amar a Deus e (2) amar os seres humanos de todas as classes e raças. Um jovem leu o aviso e refletiu que ele amava a Deus e, também, os vizinhos dele. Uma coisa porém o desanimava, ele era tão pobre que não tinha nenhuma roupa que pudesse ser apresentável à vista do rei. Nem tinha fundos para comprar o necessário para a longa viagem até o castelo. Assim o jovem implorou aqui, e pediu emprestado ali, até conseguir o bastante para as roupas apropriadas e os materiais necessários. Corretamente vestido e bem vestido, o jovem partiu, e tinha quase completado a viagem quando encontrou um pobre mendigo ao lado da estrada. O mendigo estava sentado, tremendo de frio, coberto apenas por trapos esfarrapados. Ele estendeu o braço implorando por ajuda. Sua voz fraca coaxou: - "Tenho fome e frio. Por favor me ajude... Por favor..."