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FESTAS           DO      CENTENARIO

                   l1DLXXX-llDCCCLXXX




           HOMENAGEM
                             DOS




POETAS
              ulIgllsto   L1I50, J. Simões 'Dias,
'Ualente de 'Uasconcellcs, Diogo de Macedo, Christ. Clixres,
                 Sebastião Pereira da Cunha,
   J. Leite de 'Uasconcellos, Eduardo da Costa Macedo,
           J. <J(. 'Rangel de Quadros Oudinot




                       'PORTO
           PALACIO         DE      CRYSTAL
                          EDITOR
PUBLICAÇÕES
                                     licitas sol, os au.<pit:o.<

                                                DA




             COMMISSÀO                               LITTERARIA




13fJli31ralúia      C3.:nni3.!l1, se;'.-i:ldJ Lle L't'({hJo          o,7icial da E'.J;pusi(,t7o
                do Ceateario. Coonle::aua pela Commissio lítteraría i'as
      Call1OlÚI/W

     festas, em "J!. e.n a. de XXYI- !3G p:I/L, co.itondo pcr:'o de 9()O
     numeroso

])Ü;}urso inaugural das fes.as pelo IlI.1l10 e              EX.nJo   Snr. Conde de :àmo-
     d.íes, a 10 de junho.

])iscurso pelo IJ!.mo c    EX.OlO   Snr. I'homaz Hihoirn, a 11 de junho.

lIomenagem dos Poetas, nos dias fi e 13 de junho.
"
       ..•..   ',;




HOMENAGEM            DOS       POETAS
FESTAS          DO       CENTEN         ARIÓ

                   l1DLXXX-MDCCCLXXX




           HOMENAGEM
                            DOS




        OETAS
              C!lugusto Luso, J. Simóes 'Dias,
Valente de Vasconcellos, Diogo de Macedo, Christ. C!lyres,
                Sebastião Pereira da Cunha,
   J. Leite de Vasconcellos, Eduardo da Costa Macedo,
           J. 'R... 7(angel de Quadros Üudinot




                      PORTO
          PALACIO         DE      CRYSTAL
                        EDITOR
Porto - Typ. Occidental, rua da Fabrica,   66.
Esta pequena, mas selecta collecção de poesias
representa apenas uma parte das que abrilhantaram
  5 festas litterarias dos dias 11 e 13 de junho. A
_>ta de poetas e oradores que precede a apresen-
tação dos dois programmas, e estes mesmo dizem
claramente que a Commissõo litteraria fez tudo
quanto cabia nas suas forças para desempenhar
condignamente o seu dever. Convidou a todos, e a
tempo (circular de 27 de março, annexa); convidou
sem distinção de escolas, sem distinção de partidos
~ terarios, porque diante do altissimo poeta só hou-
 -e na Commissão litteraria um pensamento: o da
Concorclia. Se poucos acudiram   á   chamada, deve-
:e isso talvez ao grande numero de pedidos com.
---"   V I '"--


   que muitos foram solicitados,. porque de todos os
  cantos do paiz, e ainda d'alem mar, se pediam tri-
  butos para a festa nacional. Infelizmente, mesmo en-
  tre os senhores escriptores que nos distinguiram
  com a sua acquiescencia, nem todos tiveram ense-
 jo de realísar as suas promessas; outros entenderam
 dever publicar as suas poesias, offerecidas, incon-
 dicionalmente, á Commissão, em jornaes diarios,
 uns antes, outros depois das nossas duas festas.
 Respeitando os motivos' que dictaram tal resolução,
 entendemos' com tudo que éramos obrigados só á
 publicação d'aqueUas poesias que seus autores con-
 sideraram ineditas,     disposição exclusiva da Com-
                            á



 missão Iítteraría. E assim se fez.
      Em homenagem á verdade, e em signal de re-
 conhecimento, devemos dizer que a algumas das
 poesias mais formosas, que foram recitadas  não
 tinha a Commissão o menor direito. Foram recita-
das, como especial obsequio, por seus autores, que
as haviam dado antes á luz, sem que precedesse
offerta alguma. A Commissão, considerando o va-
lor litterario d'ellas e a nobre intenção dos autores,
deu, jubilosamente a licença pedida.
     Não podemos' despedir-nos do publico portu-




     1 Foram as dos snrs. Sellers T. Ribeiro, Alvaro de Paíva e Abí-
lio Maia.
guez .e da imprensa do paiz,      frente a da capital,
                                         á



  ue saudou a iniciativa da Grande Commissào por-
tuetise na festa nacional do Centenario, e que deu
. maior publicidade     nossa Mensagem official, sem
                              á




deixar aqui consagrado o testemunho da nossa gra-
tidão. Repetindo aqui esse documento 2 confirma-
mos e perpetuamos      a nossa divida nacional, sem
esquecer o que devemos        imprensa estrangeira. a.
                                    á




     2  Foi levado a Lisboa pelo Vice-Secretario da Commissão, e lido
em sessão especial da Commissiie executiva da Imprensa.
     S  The Times de 1y, de maio de 1.880; Eitterarisches Centralblatt
 ür Deutschland N.> 19 de 8 de maio; Literaturblait für qermam, und
romano Philologie N.o 6 (junho) de 1.880; Neuer Anzeig81' für Bibiioqra-
 hie und Bibliolhekwissenschaft. N.o ti (maio) de 1880 etc. V. Catalogo,
da Exposição Camoniana    á  pag. XVI, onde se citam outros jornaes.
:J           .
                veute'llLQ,tto Oe             "8                 amoeó   --
                              MDLXXX--MDCCCLXXX




      É em nome da pátria,   e em pró da memoria do
          777Câsillustre que esta terra viu florescer)
          ;-0
       Commissão litteraria das festas do Centena-
    .pella para o animo patriotico de V. Ea:»
    Todos os tributos) ainda os mais modestos) se-
    bem vindos; uma simples folha de papel) uma
  J 'ração lançada ao correr da penna, uma estro-
    ou um poema inteiro) tudo será agradecido,
  ~ será enlaçado na corôa que ri Commissão -de-
  itará no altar da festa.

Pi17ÍO,    Sala das sessões da Commissão liUeraria,
   JIO    Palado ,I. Crystal, 27 de Março de 1880.



                                            A Commissão encarreqnda da parte lilleraria
                                                  de programma do Cenlenario :

                                             Conde de Samoddes,
                                                      Presidente.

                                             Eduardo       A. Allen,
                                                      Vice-presidente.

                                             J, P, da Cunha e Silva,
                                                      1. o Secretario.

                                             Joaquim      de 'Uasconcellos,
                                                      2.° Secretario.

                                             Mntonio      cY1oreira Cabral,
                                             Augusto Luso,
                                             -t». Jodo Vieira Pinto,
                                             J. Teix eira de cY1aceio.
                                             J, P. d'Üliveira cY1artins,
                                             J. J. Rodrieues de Freiras,
                                             Luis M, Pinto d'Aguiar,
                                             -i». Pedro Augusto Dias,
                                             Tito de Noronha,
                                                      Vogae s,
SEGUNDA       PAl{TE:     =R ECI T AÇÁO               p O E T ICA



                                          CONDIÇÕES


      a)      O auctor poderá recitar composições próprias ou alheias, de
escriptores    vivos ou mortos.

           Preferem-se as proprías e ineditas.


      b) O auctor poderá incumbir a recitação da sua composição a
pessoa idónea, quando não possa comparecer pessoalmente.


     N. B.     A   Commissão sol licita   o obsequio de uma resposta até ao dia 20 de abril.
LISTA DOS POETAS PORTUGUEZES
                             CONVIDADOS
                                 PELA


     COMMISSÀO                      LITTERARIA

     *   Este signal indica os que corresponderam ao convite.
     t               indica os que pediram escusa.
     (sem signal)    Não responderam.


t   Almeida (Manoel Duarte d')        Leal (J. da Silva Mendes)
* Amorim (F. Gomes de)                Lemos (João de)
*   Araujo (Joaquim de)             * Maceelo (Diogo de)
    Arriaga (Manuel de)              tMoraes (Gomes, de)
 * Ayres (Christovão)               * Macedo (Eduardo da Costa)
    Azevedo (Guilherme d')            Palha (João)
    Braga (Alberto)                   Palmeirim (L. A.)
    Braga (Alexandre)               * Papança (Macedo)
* Braga .'l'heophilo)                 Pato (Bulhão)
    Chagas (Pinheiro)                 Pimentel (Alberto)
    Campos (Luiz ele)               * Pires (1Iiogo)
    Carvalho (D. Maria Amalia         Quental (Anthero do)
       Vaz de)                        Ramos (Silva)
   Castello Branco (Antonio d' A-   * Ribeiro (Thomaz)
      zevedo)                         Sabugosa (conde ele)
   Castilho (Julio de)                Seguier (Jayme)
* Coelho (Ramos)                      Serpa (Antonio ele)
   Conceição (Alexandre da)         * Vasconcellos (Leite ele)
   Cordeiro (Xavier Rodrigues)      * Vasconcellos (J. Valente ele)
t  Caldas (Pereira)                   Verde (Cesario)
   Crespo (Gonçalves)               * Vidal (Eduardo)
   Cunha (A. Pereira da)              Viterho (Souza)
* Cunha (Sebastião Pereira da)
* Deus (João de)                      ORADORES CONVIDADOS:
* Dias (J. Simões)
   Figueiredo (Candido de)        t Braga ITheophilo)
   Franco (Soares)                  t
                                    Candido Antonio
   Janny (D. Amelia)              * Coelho (Franc. Adolpho)
   Junqueiro (A. Guerra)            Coelho (Latino)
   Leal (Gomes)                   * Ribeiro (Thomaz)
CENTENARIO                           DE        CAMÕES
                             MOLXXX-MOCCCLXXX



                                 11 DE JUNHO
                       (A's 8 e meia da noute.   Na 'Nave Central)



                 SARA          U LITTERARIO


                              PARTE       PRIMEIRA
         phonia                                               Hypolito Ribas.
     • _urso do Ex. mo Snr. Conselheiro '1'110-
          maz Ribeiro, Ministro de Estado
          Honorario, Socio effeciívo ela Aca-
          demia Real das Sciencias, etc.
         . recitada pelo autor.                           Augusto Luso,
     -. ia recitada pelo Bx.mo Snr. Dr. Pe-
          dro Rocha.                                      J. Ramos Coelho.
     -_ i.i em inglez recitada pelo autor.                    Charles Sellers.
        ia recitada pelo Ex.mo SOl'. Thornaz
          Ribeiro                                          Gomes d'AmÓ'T;im.
                               PATITE SEGUNDA
     lico da opera Eurico .              Miguel Angelo.
 -  "erencia do Ex, mo Snr. Francisco
      Adolpho Coelho, 1 Professor da Ca-
      deira de línguas romanicas no Cur-
        o Superior de Lettras, etc.
 - -ia recitada pelo autor               Leite de Vasconcellos.
    rexü, poesia recitada pelo autor     Ttiomaz Ribeiro,
     ia recitada pelo autor.             Ed. da Costa iJ1acedo.
   "ia recitada pelo autor               Alvaro de Paiua.
- _ recitada pelo autor
   M                                     Abilio Maya.
      N. B. - Outras poesias de differentes autores serão recitadas
;==- alguns  d'estes cavalheiros, em obsequio Commissão Litteraria
                                                          á




 :::-am publícadas. Nota posterior).


        1     Por incommodo do autor ficou adiado para o dia 1.3. V. Pro-
            a. O autor reservou-se o direito de publicação.
CENTENARIO                         DE CAMÕES
                            IWLm-IfnCrCLXXX



              DOMINGO                13   DE      JUNHO
                     (Ao meio dia.    Na Nave Central)




        A Com missão lítteraria das festas desejando, conforme a
 . eclaracão do seu Digno Presidente o Ex. mo Snr. Conde de Sa-
modães, na noute de sexta-feira, apresentar o Ex. mo Snr. Fran-
  ísco Adolpho Coelho, illustre Professor do Curso superior de
Leuras ao publico, protector das festas do Centonarío, e asso-
ciando-se o Ex.!TIU Snr. Conselheiro Thomaz Ribeiro a este de-
s jo, com o maior jubilo - resolveu realisar uma segunda

                   SESSÃO            LITTERARIA

em que tomam parte, novamente,             os membros da Com missão.


     Conferencia do Ex. mo Snr. Francis-
      co Adolpho Coelho.
I. Poesia lida pelo Ex. n.o Snr. I'ho-
      maz Ribeiro 1 •                               Simões Dias.
2. Poesia lida pelo Ex.'?? Snr. Augus-
      to Luso.                                      Diogo de J1ncedo.
3. Soneto.                                          Chrristovào Ayres.
4. Soneto.                                          S. Pereira da Cunha.
5. Soneto.                                          Joaquim d' Araujo.
6. Poesia.                                          Theopltilo Braça,

      Os numeras 3-6 serão lidos por differentes membros da Com-
missão litteraria.




      1 Foi recitada pelo Presidente da Commissão litteraria, o Snr.
Conde de Samodães, por não ter o Snr. T. Ribeiro (ausente do Porto)
podido assistir
              á  sessão.                             .
CENTENARIO                              DE CAMÕES
                            MOLXXX-MOCCC~XXX




  rnsagem dá Commissão liííeraria das festas do Centcnario no Porto
      á imprensa de Lisboa, apresentada á Commissão executiva na ses-
      São de 29 de Maio,


        A Commissão liiteraria das festas do centenario no Porto, recebeu
 com o maior jubilo a noticia da installação da grande commíssão da im-
 prensa de Lisboa.
    . Ella. acompanhou e acompanha os benemeritos trabalhos, que se
 fazem na capital do reino, com os seus mais ardentes votos para uma
 realisação condigna.
        A imprensa de Lisboa levantou ídeas que são grandes em si, e maio-
res ainda pela allíança e concordia que ellas estabelecerão de novo entre
 as classes, e especialmente entre a litteraria, fortalecendo assim no paiz
a fé na dignidade das lettras. a fé nas convíccões e a fé nas virtudes ci-
 viras, que são o futuro da pátria.              •
        Honra seja á imprensa de Lisboa.
        Honra seja a todas as classes que comprehenderam que n'ella esta-
v~ a alliança, a força que convence pela virtude das idéas - a concordia
n uma palavra. A sombra da liberdade, a apotheose d'aqueIle que mor-
reu para não ver a patria feita escrava ....
        A intímação não podia ser mais imperiosa, nem a resposta do paíz
mais eloquen te I                                                        '
        O nosso parabem, senhores, recebel-o-heis depois de muitos, por-
que preferimos mandar adiante os factos - e esses factos seria ocioso
repetíl-os ; são do dominio de todos) transpuzeram ha mezes as frontei-
ras 1, porque onde não chegou a nossa humilde voz penetrou, ao menos,
a lettra, - a nossa profissão de fé n'esta questão do centenario.




        1 Allude-se á nossa circular de 27 de Março;  á nacional dê 29 e ás duas ín-
ternacionaes   da mesma data (V. Catalogo da Exposição Camonianá).
----" "-----
                                      xx

       D'essa fé damos agora novo documento.
       A Commissão litteruria, tendo cumprido o seu dever perante a
.Grande commissão portuense das festas do centenário,     nomeada a q, de
 março, creoude sua propria iniciativa a Sociedade Nacional Camoniana
 que está constltuida desde o dia tO de abril e já legalmente approvada.
       O Estatuto que hoje receheís fallará por elIa e por nós, e justifica-
 rá o pedido, que fazemos, de um logar no cortejo triumphal no dia tO
 de junho, assim como nas demais festas cuja direcção vos seja confiada.
       A commissão litteraria pela sua parte já decidiu reservar a qual-
 quer membro da imprensa de Lisboa, logar especial nas solernnídades,
 cuja organisação a grande com missão portuense lhe confiou, não fal-
 lando no logar de honra que aos representantes da imprensa de Lisboa
 está destinado na sessão solernne de abertura da Sociedade Nacional Ca-
 moniana, no dia tO de junho.
       A Commissiio liiteroria das festas do centenario, iniciadora da so-
 ciedade, espera pois que a grande com missão da imprensa de Lisboa se
 dignará nomear os delegados especiaes que a devem representar offlcíal-
 mente nas festas litterarias da commíssão e da Sociedade Nacional Ca-
 moniana, e que fará   á commissão ainda a honra de dar a esta mensagem
 ampla publicidade. 1




          Porto, 27 de maio de 1880.


                                       Conde de    Samoâães,
                                              Presidente.

                                       Eduanlo     Augltsto      Allen,
                                              Vice·presidente.

                                       José Pereira     da Cunha e Silva,
                                              Secretario.

                                       Joaquim de Vasconcellos,
                                              Vice-secretario.

                                       Augusto Luso da SilVCL,
                                       Antonio MOTeim Cabrtu,
                                       Joaquim Teixei1'a de Jl1acedo,
                                       J. P. d'Oliveira  Ma1'tins,
                                       Luiz Antonio Pinto de Agu.ia-f,
                                       João Vieim Pinto,
                                       Pedro Augusto Dias,
                                       Tito de Noronha,
                                       J. J. RodTigu.es de Freitas,



       1 A mensagem ia em manuscripto, e com todas as assignaturas autographas
sobre uma grande folha de pergaminho; com laços de setim .das CÔl'CS nacíonaes.




                                   ----=-=--:::----~-=-- ~~---=----~          ':;-=----=~--
                                                                          -             -
CAMõEsr


                         I


Por sobre as cinzas do Cantor sublime
Tres seculos lá vão! Tres gerações! !
E volvendo-se os annos, mais se imprime
J nome e a fama do immortal Camões!



Alma esplendida! Espirito fecundo!
 ) grande, ingente, o vasto Genio teu
Trasborda já! .. E'-lhe pequeno o mundo! ..
Por isso, agora lá, ó  Vate meu,
Canta entre os Anjos, e encherás o Ceu.


                        II


   Patria de Camões! ..  óPatria minha! ..
E chamam-te inda alguns nação pequena!?       .
Tu, que foste dos mares a rainha,
E mãe de vultos de primeira scena!
Tu, que em perigos te mostraste forte!
Que pondo os pés no sul chegaste ao norte!
E, abrindo os braços, cá desde o occidente
Com a dextra tocaste no oriente!



Diga-o o Japão, o Cabo Tormentoso,
A costa da Guiné, Ormuz, Malaca;
Timor, e tu, Brazil ; e o aventuroso
Fernando Magalhães, que altivo atraca
        Onde a terra findára! !
E) se mais mundo houvera) lá cheqára,



Falle Henrique, e Albuquerque, o forte Castro!
Fallai heroes! Não emmudeças, Gama!
Quem vos fez resurgir?! Qual foi esse astro,
Que vos deu luz, e vida, e nome, e farna t!
Aquelle, cuja lçra sonorosa
Sempre afamada foi, mas ... desditosa.


Que á Pátria deu, que as cinzas mal lhe encerra,
O sangue e o amor; e o Genio a toda a terra!
Que sentir soube o amor, toda a ternura
Da linda Ignez, cantando a desventura.
Que, para o Tejo, as Tagides creára,
Que em seus largos crystais se estam revendo;
E, para o mundo, de estranheza rara,
O féro Adamastor, gigante horrendo!
Que foi tão portuguez !.. Tão meu! .. Tão nosso;
Que o mar afronta, e o nautico destroço,
Por salvar precioso monumento
 De glorias e de acções; valor, riquezas
 Que nos lega num Novo TESTAMENTO,
 EVANGELHO lettras portuguezas!
             das



                           III


Porém,   desculpa,   ó Genio; inquietar-te   agora
A paz não quero, não, gosada além do tumulo.
Lembrar-te a Patria tua, e desgostos d'outr'ora,
Seria crueldade, e de injustiça o cumulo.


Se inda memoria    tem, se inda    pensa e cogita,
A força, que animara   esse teu    braço intrépido,
Entre gente crestada, aonde o      sol crepita,
Longe do sol da Patria, ameno,      doce, e tepido;


Que, irradiando luz de intelligencia pura,
Do talento te accende a charnrna forte e vivida;
Que não pôde apagar a negra desventura,
A falta do teu J au, nem a pobreza livida;



Que a penna te guiou com que voaste ó. gloria;
Pelo presente olvide a falta do preterito.
Pertencem aos heroes as paginas da historia:
Se os homens são mortais, morrer não póde o mérito ..
                                                      *
--»4,,-


Perdeste o teu Amor, tudo o que te era caro,
Viste a vida fugir, tornar-se o corpo fiacido, ..
Sem amigos, ó Job, tão pobre, ao desamparo,
Dos labios soltas - PATRIA e logo expiras placido.
                             -


  Permitte-me, Poeta, a voz ousada
  Neste dia solemne, junto aos mais.
  Nem só a fertil chuva ao campo agrada,
  Não desprezam o orvalho os cereais.


 Se immortal és nos Ceus, o engenho e arte
 Entre os homens te fez sêr immortal.
 E's nos Ceus, e na terra, em toda a parte!
 lVIas foi teu Berço o meu, foi Portugal.




                                   :li. 'Luso.
~~UMA FOLHA DOS LUSIADAS




Se um dia o «velho enfermo do occidente»
Quizer saber se inda está vivo ou não,
Pouse sobre este livro a mão tremente
E sentirá bater um coração!




                       :J.   3imões   GJ)ias.
SONETO


  N'este illustre sarau d'um personagem
Estranhavel se torna a ausencia dura;
D'um personagem, sim, cuja figura
Da honra e erudição seria a imagem!

  E' soldado, soldado de coragem,
Epico vate d'assombrosa    altura;
E' esse heroe, que á patria inda segura
Os brios, na mais clássica linguagem!

  Pensava achal-o aqui, porque índa existe;
E apesar de centenas tres d'edade,
Contra as fauces dos seculos resiste!

  Mais cheio cada vez de mocidade,
Eis o amavel Camões l.. Não falta ... assiste ...
Tão rijo como a rija eternidade!


                   ~alente   de ~asconcellos.
CAMÕES




Foi dos mestres o mestre grandioso
que mais honrou a lingua portugueza,
o meigo trovador melodioso
que soube com mais arte e gentileza
cantar do amor as illusões e o goso,
o novo Homero, a quem a natureza
consagrando affeição de mão dilecta,
fez dos poetas o maior poeta.



Sendo sempre das musas protegido,
celebra a sua pátria muito amada
em verso nunca d'antes conhecido;
guerreiro de alma heróica e sublimada,
com peito forte e braço destemido
maneja bem a lamina da espada.
Tem dos heroes a olympica bravura
e tem dos próprios deoses a estatura.
Eu sinto as mais estranhas alegrias
trinando o rouxinol os seus gorgeios,
mas ao ler de Camões as elegias
inundam outros gosos os meus seios.
De Camões as sonoras harmonias,
os versos de ouro, os grandes devaneios
consolam como aromas de boninas,
encantam que nem musicas divinas.


São thesouros de ricos pensamentos
as formosas canções que desferia
da lyra sonorosa nos momentos
em que mais a saudade o perseguia;
as endechas dos crebros desalentos
são perolas de amor e de poesia;
o seu poema emfim. .. o seu poema
tem mais valor que as joias de um diadema.


De laminas de bronze foi V ulcano
que forjou cada verso que assignala
do illustre Gama o esforço sobrehumano.
A tuba grandiosa que nos falla
das façanhas do povo lusitano,
tem fulgores de auroras como a opala,
é doce como a voz da philomela
e ruge ás vezes mais do que a procella.


Da linda Ignez chorando a morte dura,
os nossos olhos enchem-se de pranto.
Do Adamastor a esqualida figura
ao mundo causa horror e causa espanto.
o  mar, os ceus, a aurora, a noite escura
recebem nova cor e novo encanto
se Camões, genio dado a toda a empreza,
pinta os vastos paineis da natureza.


Como o cantor da praia do Occidente
ninguem no mundo alcança egregia fama:
a voz humana, a voz de toda a gente
por toda a parte o nome lhe proclama.
Tal como dos vulcões a lava ardente,
ardia-lhe no craneo a occulta chamma,
a inspiração divina, o eterno lume
que ás vezes de um poeta faz um nume!




                       Gj)iogo de jl1acedo.
o   IDIOTA



Olha a todos e a tudo que alli passa
com fixo olhar o pobre do idiota,
da bocca os finos labios lhe arregaça
cada sorriso estupido que brota.

Uns téem compaixão dessa desgraça;
outros soltam-lhe as vaias da chacota,
e atiram-lhe pedradas  á vidraça,
entre apupos e esgares da risota.

Mas eu que passo e noto na ventura
d'aquella alma simples de poeta,
que se espaneja ao sol, alegre, ufana,

observo com tristeza que a loucura
é a felicidade mais completa
a que pôde aspirar a alma humana!
 1876.


                     cehristovcun 3Yl'es.
} ESTATUA DO POETA



  A praça é o orbe inteiro; o pedestal da estatua
Um feixe collossal de lyras e festões;
Tem por cimento a gloria; a altura é de tres seculos;
No cimo um livro aberto, e o vulto de Camões.

  E d'esse livro aberto é cada uma pagina
A base, em que se firma um redivívo heroe.
Surgiram do passado, e, em pé sobre os Lusiadas,
No centenario estão do que cantor lhes foi.

  E os seus fátuos clarões, em letras inflammadas,
Lhes gravam em redor das frontes descarnadas,
Co'a phantastica luz, os grandes nomes seus;

  Terribil o Albuquerque, o Gama e o Castro forte
Vem provar que poder tambem não teve a morte
No lusitano Homero, o eterno semi-deus.
 Lisboa, 17 de Maio de 1880.


                               3ebastic7o Pereira ela 'eanha.
~o D.IA     DE CAMÕES·


                         _._---




  Ninguem póde apagar a lampada da vida,
  Nem extinguir tambem jamais o movimento.
  Por isso anda a correr, em marcha indefinida,
  Ha seculos sem fim, o nosso pensamento.



E nas sombras, na luz, nos astros, nas montanhas,
Em toda essa miseria, em toda essa grandeza,
O homem coml)ulsa e lê, das fórmas mais estranhas,
O poema vasto, ideal de toda a Natureza.



Passa um leão: elle ergue ao monstro um sanctuario.
Passa um verme: elle esmaga a lagrima da terra.
Aqui o céo é como um lugubre sudario;
AlIi viceja o mal; alem rebenta a guerra.
                                               3
o  homem vem abatido, incerto da jornada.
Se pára por acaso em seu caminho escuro,
E' só para enxugar a fronte ensanguentada
Ou procurar na sombra uns traços do Futuro.



Mas ás vezes ao pé dos muros vis, abertos,
Nasce uma fiôr que traz aromas e matizes:
Cresce e povôa emfim os aridos desertos.
Tem no espaço a corolla e no abysrno as raizes.



E' essa fiôr viril de eterna rescendencia
Quem alaga de luz os nossos corações;
E' essa fiôr ideal, chamada Consciencia,
Quem faz resuscitar o nome de Camões.




                    ,'J.   ~eite   de CVcu!concellos.
CAMÕES


                     I


Naquella alma pura e rut.ilante
Guiada pelos ventos do destino
Havia um sonholucido,   divino
Com um echo d'amor, - harpa distante.


Já ouvia cantar ao longe o hymno
Sagrado do futuro; o triumphante
Chamava li sua patria - a sua amante,
Lendo o Céo como um livro sibyllino.


Entra no Paço e a nova luz o banha
D'uns olhos fulgurantes, luz estranha
Que lhe torna felizes os seus dias.


Não ha ainda no azul um traço escuro:
Como é bello sonhar ... vêr o futuro
Banhado de clarões e d'harmonias!
                                        *
11

Elle sauda o Sol- astro bemdito
No meio d'essa lucida grandeza
Que rege do seu throno a Natureza,
Tendo o poder em toda a parte escripto.


E sobre o mar, sonhando nova empreza,
Se a saudade lhe leva o peito affiicto,
Acompanha-o das ondas fundo grito
E a Lua no seu manto de tristeza.


Voltam-lhe então dulcissimas visôes ;
Começa a infiammar-se a alma de Camões
Inspirada no poema universal.


Eis por fim em seu livro a nossa gloria:
Já que o deixou morrer  entregue á Histeria,
Erga-o e celebre-o hoje Portugal.




             P.duCll,do .da r:30StCl j,faccdo.
}to POETA




Camões, famoso epíco,
Grande quarn desditoso,
Teu nome glorioso,
Vive nos corações.
Foi-te cruel martyrio
A vida amargurada,
Grande empunhando a espada
E grande nas canções.


 Só para os infortunios
Parece, que nasceste
Sempre, sempre vidente
Soffrendo amarga dôr.
Ingrata foi-te a pátria
Que engrandecer buscavas,
A' q ial tu dedicavas
O mais intenso amor.
E' para os grandes genios
Do soffrirnento a sorte,
Soffrer até á morte
Sem nunca allivio ter;
Como Colombo intrepido,
Como Albuquerque ingente
E o Castro tão valente'
A patria a defender.


Com que fervor Nathercia
Fôra por ti amada?
Como fôra cantada,
Por ti, grande Camões!
Talvez teus nobres canticos,
N'urn seu olhar bebesses,
Talvez que lhe devesses
Tantas inspirações.


Os invejosos aulicos
Querem-te desterrado,
Pudeste resignado
O exi1io atroz soffrer!
Mas o teu genio altiloquo,
Tão nobre e tão bondoso,
Padrão tão glorioso
Lá soube á patria erguer.


Ergueste-o. Inda os Lusiadas
Attestam nossas glorias,
Fallam d'essas victorias
Do 'nosso Portugal.
- Tinhas talento homerieo;
 Tu espantaste o mundo
 Com teu saber profundo,
 Nos cantos immortaI.


A's vezes meu espirito
Eu sinto transportado
Ao ler o celebrado,
Famoso livro teu.
Como pergunto em extasis :
Genio de tal grandeza
Coubéra na estreiteza
Da terra em que nasceu?


Longe do ninho patrio
Vejo-te lacrimoso
Sempre, sempre saudoso
Na gruta de Macau.
Depois, em terra inhospita,
Só tens para a saudade
Allivio na amisade
Do carinhoso Jau.


Voltando um dia á patria
Que ingrata te expulsára,
Ninguem te consolára
Na tua extrema dôr.
E n'um albergue misero
Choras por longos dias,
Morta a -mulher que havias
Amado com fervor;
E só no seio intimo
Do Jau achaste abrigo,
Menos que escravo, amigo,
D'um meigo coração;
Só elle tão solicito
Das maguas te consola
E para ti esmola
Pede, estendendo a mão.


Mas desce o Jau ao tumulo,
(Ficou-te só teu pranto)
O Jau que chorou tanto
As tuas affiicções;
Seu nome pobre, humilimo
Sempre será lembrado,
Sempre andará ligado
Ao nome de Camões.


Tudo perdeste, e naufrago
A's vagas disputaste    •
O livro, em que buscaste
A patria engrandecer.
E a patria despresando-te
O' genio tão preclaro!
Deixou-te ao desamparo
N'um hospital morrer.


Verto sentidas lagrimas
Ao vér, ó vulto nobre,
Que tu morreste pobre
N'um misero hospital.
~   25 "--

Eu choro, envergonhando-me,
Vendo manchada a histeria
Com esta acção ingloria
Do nosso Portugal.


Ouviste os sons estridulos
Da frota que partia,
Viste na fantasia
A pátria .corn grilhões.
Tiveste o dom profetico,
E com a patria amada
Por ti tão decantada
Morreste emfim, Camões!


  Morreste! Não! Tres seculos
  Dizem ao mundo inteiro
  Que tu, vate e guerreiro,
. Serás sempre immortal.
  Que sempre nos Lusiadas
  Será grande e famoso
  O nome glorioso
  Do velho Portugal.




   José ~.   eftangel de rf]lladros r3udinot.
.-

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Homenagem dos Poetas no Centenário de Camões

  • 1. FESTAS DO CENTENARIO l1DLXXX-llDCCCLXXX HOMENAGEM DOS POETAS ulIgllsto L1I50, J. Simões 'Dias, 'Ualente de 'Uasconcellcs, Diogo de Macedo, Christ. Clixres, Sebastião Pereira da Cunha, J. Leite de 'Uasconcellos, Eduardo da Costa Macedo, J. <J(. 'Rangel de Quadros Oudinot 'PORTO PALACIO DE CRYSTAL EDITOR
  • 2. PUBLICAÇÕES licitas sol, os au.<pit:o.< DA COMMISSÀO LITTERARIA 13fJli31ralúia C3.:nni3.!l1, se;'.-i:ldJ Lle L't'({hJo o,7icial da E'.J;pusi(,t7o do Ceateario. Coonle::aua pela Commissio lítteraría i'as Call1OlÚI/W festas, em "J!. e.n a. de XXYI- !3G p:I/L, co.itondo pcr:'o de 9()O numeroso ])Ü;}urso inaugural das fes.as pelo IlI.1l10 e EX.nJo Snr. Conde de :àmo- d.íes, a 10 de junho. ])iscurso pelo IJ!.mo c EX.OlO Snr. I'homaz Hihoirn, a 11 de junho. lIomenagem dos Poetas, nos dias fi e 13 de junho.
  • 3. " ..•.. ',; HOMENAGEM DOS POETAS
  • 4. FESTAS DO CENTEN ARIÓ l1DLXXX-MDCCCLXXX HOMENAGEM DOS OETAS C!lugusto Luso, J. Simóes 'Dias, Valente de Vasconcellos, Diogo de Macedo, Christ. C!lyres, Sebastião Pereira da Cunha, J. Leite de Vasconcellos, Eduardo da Costa Macedo, J. 'R... 7(angel de Quadros Üudinot PORTO PALACIO DE CRYSTAL EDITOR
  • 5. Porto - Typ. Occidental, rua da Fabrica, 66.
  • 6. Esta pequena, mas selecta collecção de poesias representa apenas uma parte das que abrilhantaram 5 festas litterarias dos dias 11 e 13 de junho. A _>ta de poetas e oradores que precede a apresen- tação dos dois programmas, e estes mesmo dizem claramente que a Commissõo litteraria fez tudo quanto cabia nas suas forças para desempenhar condignamente o seu dever. Convidou a todos, e a tempo (circular de 27 de março, annexa); convidou sem distinção de escolas, sem distinção de partidos ~ terarios, porque diante do altissimo poeta só hou- -e na Commissão litteraria um pensamento: o da Concorclia. Se poucos acudiram á chamada, deve- :e isso talvez ao grande numero de pedidos com.
  • 7. ---" V I '"-- que muitos foram solicitados,. porque de todos os cantos do paiz, e ainda d'alem mar, se pediam tri- butos para a festa nacional. Infelizmente, mesmo en- tre os senhores escriptores que nos distinguiram com a sua acquiescencia, nem todos tiveram ense- jo de realísar as suas promessas; outros entenderam dever publicar as suas poesias, offerecidas, incon- dicionalmente, á Commissão, em jornaes diarios, uns antes, outros depois das nossas duas festas. Respeitando os motivos' que dictaram tal resolução, entendemos' com tudo que éramos obrigados só á publicação d'aqueUas poesias que seus autores con- sideraram ineditas, disposição exclusiva da Com- á missão Iítteraría. E assim se fez. Em homenagem á verdade, e em signal de re- conhecimento, devemos dizer que a algumas das poesias mais formosas, que foram recitadas não tinha a Commissão o menor direito. Foram recita- das, como especial obsequio, por seus autores, que as haviam dado antes á luz, sem que precedesse offerta alguma. A Commissão, considerando o va- lor litterario d'ellas e a nobre intenção dos autores, deu, jubilosamente a licença pedida. Não podemos' despedir-nos do publico portu- 1 Foram as dos snrs. Sellers T. Ribeiro, Alvaro de Paíva e Abí- lio Maia.
  • 8. guez .e da imprensa do paiz, frente a da capital, á ue saudou a iniciativa da Grande Commissào por- tuetise na festa nacional do Centenario, e que deu . maior publicidade nossa Mensagem official, sem á deixar aqui consagrado o testemunho da nossa gra- tidão. Repetindo aqui esse documento 2 confirma- mos e perpetuamos a nossa divida nacional, sem esquecer o que devemos imprensa estrangeira. a. á 2 Foi levado a Lisboa pelo Vice-Secretario da Commissão, e lido em sessão especial da Commissiie executiva da Imprensa. S The Times de 1y, de maio de 1.880; Eitterarisches Centralblatt ür Deutschland N.> 19 de 8 de maio; Literaturblait für qermam, und romano Philologie N.o 6 (junho) de 1.880; Neuer Anzeig81' für Bibiioqra- hie und Bibliolhekwissenschaft. N.o ti (maio) de 1880 etc. V. Catalogo, da Exposição Camoniana á pag. XVI, onde se citam outros jornaes.
  • 9. :J . veute'llLQ,tto Oe "8 amoeó -- MDLXXX--MDCCCLXXX É em nome da pátria, e em pró da memoria do 777Câsillustre que esta terra viu florescer) ;-0 Commissão litteraria das festas do Centena- .pella para o animo patriotico de V. Ea:» Todos os tributos) ainda os mais modestos) se- bem vindos; uma simples folha de papel) uma J 'ração lançada ao correr da penna, uma estro- ou um poema inteiro) tudo será agradecido, ~ será enlaçado na corôa que ri Commissão -de- itará no altar da festa. Pi17ÍO, Sala das sessões da Commissão liUeraria, JIO Palado ,I. Crystal, 27 de Março de 1880. A Commissão encarreqnda da parte lilleraria de programma do Cenlenario : Conde de Samoddes, Presidente. Eduardo A. Allen, Vice-presidente. J, P, da Cunha e Silva, 1. o Secretario. Joaquim de 'Uasconcellos, 2.° Secretario. Mntonio cY1oreira Cabral, Augusto Luso, -t». Jodo Vieira Pinto, J. Teix eira de cY1aceio. J, P. d'Üliveira cY1artins, J. J. Rodrieues de Freiras, Luis M, Pinto d'Aguiar, -i». Pedro Augusto Dias, Tito de Noronha, Vogae s,
  • 10. SEGUNDA PAl{TE: =R ECI T AÇÁO p O E T ICA CONDIÇÕES a) O auctor poderá recitar composições próprias ou alheias, de escriptores vivos ou mortos. Preferem-se as proprías e ineditas. b) O auctor poderá incumbir a recitação da sua composição a pessoa idónea, quando não possa comparecer pessoalmente. N. B. A Commissão sol licita o obsequio de uma resposta até ao dia 20 de abril.
  • 11. LISTA DOS POETAS PORTUGUEZES CONVIDADOS PELA COMMISSÀO LITTERARIA * Este signal indica os que corresponderam ao convite. t indica os que pediram escusa. (sem signal) Não responderam. t Almeida (Manoel Duarte d') Leal (J. da Silva Mendes) * Amorim (F. Gomes de) Lemos (João de) * Araujo (Joaquim de) * Maceelo (Diogo de) Arriaga (Manuel de) tMoraes (Gomes, de) * Ayres (Christovão) * Macedo (Eduardo da Costa) Azevedo (Guilherme d') Palha (João) Braga (Alberto) Palmeirim (L. A.) Braga (Alexandre) * Papança (Macedo) * Braga .'l'heophilo) Pato (Bulhão) Chagas (Pinheiro) Pimentel (Alberto) Campos (Luiz ele) * Pires (1Iiogo) Carvalho (D. Maria Amalia Quental (Anthero do) Vaz de) Ramos (Silva) Castello Branco (Antonio d' A- * Ribeiro (Thomaz) zevedo) Sabugosa (conde ele) Castilho (Julio de) Seguier (Jayme) * Coelho (Ramos) Serpa (Antonio ele) Conceição (Alexandre da) * Vasconcellos (Leite ele) Cordeiro (Xavier Rodrigues) * Vasconcellos (J. Valente ele) t Caldas (Pereira) Verde (Cesario) Crespo (Gonçalves) * Vidal (Eduardo) Cunha (A. Pereira da) Viterho (Souza) * Cunha (Sebastião Pereira da) * Deus (João de) ORADORES CONVIDADOS: * Dias (J. Simões) Figueiredo (Candido de) t Braga ITheophilo) Franco (Soares) t Candido Antonio Janny (D. Amelia) * Coelho (Franc. Adolpho) Junqueiro (A. Guerra) Coelho (Latino) Leal (Gomes) * Ribeiro (Thomaz)
  • 12. CENTENARIO DE CAMÕES MOLXXX-MOCCCLXXX 11 DE JUNHO (A's 8 e meia da noute. Na 'Nave Central) SARA U LITTERARIO PARTE PRIMEIRA phonia Hypolito Ribas. • _urso do Ex. mo Snr. Conselheiro '1'110- maz Ribeiro, Ministro de Estado Honorario, Socio effeciívo ela Aca- demia Real das Sciencias, etc. . recitada pelo autor. Augusto Luso, -. ia recitada pelo Bx.mo Snr. Dr. Pe- dro Rocha. J. Ramos Coelho. -_ i.i em inglez recitada pelo autor. Charles Sellers. ia recitada pelo Ex.mo SOl'. Thornaz Ribeiro Gomes d'AmÓ'T;im. PATITE SEGUNDA lico da opera Eurico . Miguel Angelo. - "erencia do Ex, mo Snr. Francisco Adolpho Coelho, 1 Professor da Ca- deira de línguas romanicas no Cur- o Superior de Lettras, etc. - -ia recitada pelo autor Leite de Vasconcellos. rexü, poesia recitada pelo autor Ttiomaz Ribeiro, ia recitada pelo autor. Ed. da Costa iJ1acedo. "ia recitada pelo autor Alvaro de Paiua. - _ recitada pelo autor M Abilio Maya. N. B. - Outras poesias de differentes autores serão recitadas ;==- alguns d'estes cavalheiros, em obsequio Commissão Litteraria á :::-am publícadas. Nota posterior). 1 Por incommodo do autor ficou adiado para o dia 1.3. V. Pro- a. O autor reservou-se o direito de publicação.
  • 13. CENTENARIO DE CAMÕES IWLm-IfnCrCLXXX DOMINGO 13 DE JUNHO (Ao meio dia. Na Nave Central) A Com missão lítteraria das festas desejando, conforme a . eclaracão do seu Digno Presidente o Ex. mo Snr. Conde de Sa- modães, na noute de sexta-feira, apresentar o Ex. mo Snr. Fran- ísco Adolpho Coelho, illustre Professor do Curso superior de Leuras ao publico, protector das festas do Centonarío, e asso- ciando-se o Ex.!TIU Snr. Conselheiro Thomaz Ribeiro a este de- s jo, com o maior jubilo - resolveu realisar uma segunda SESSÃO LITTERARIA em que tomam parte, novamente, os membros da Com missão. Conferencia do Ex. mo Snr. Francis- co Adolpho Coelho. I. Poesia lida pelo Ex. n.o Snr. I'ho- maz Ribeiro 1 • Simões Dias. 2. Poesia lida pelo Ex.'?? Snr. Augus- to Luso. Diogo de J1ncedo. 3. Soneto. Chrristovào Ayres. 4. Soneto. S. Pereira da Cunha. 5. Soneto. Joaquim d' Araujo. 6. Poesia. Theopltilo Braça, Os numeras 3-6 serão lidos por differentes membros da Com- missão litteraria. 1 Foi recitada pelo Presidente da Commissão litteraria, o Snr. Conde de Samodães, por não ter o Snr. T. Ribeiro (ausente do Porto) podido assistir á sessão. .
  • 14. CENTENARIO DE CAMÕES MOLXXX-MOCCC~XXX rnsagem dá Commissão liííeraria das festas do Centcnario no Porto á imprensa de Lisboa, apresentada á Commissão executiva na ses- São de 29 de Maio, A Commissão liiteraria das festas do centenario no Porto, recebeu com o maior jubilo a noticia da installação da grande commíssão da im- prensa de Lisboa. . Ella. acompanhou e acompanha os benemeritos trabalhos, que se fazem na capital do reino, com os seus mais ardentes votos para uma realisação condigna. A imprensa de Lisboa levantou ídeas que são grandes em si, e maio- res ainda pela allíança e concordia que ellas estabelecerão de novo entre as classes, e especialmente entre a litteraria, fortalecendo assim no paiz a fé na dignidade das lettras. a fé nas convíccões e a fé nas virtudes ci- viras, que são o futuro da pátria. • Honra seja á imprensa de Lisboa. Honra seja a todas as classes que comprehenderam que n'ella esta- v~ a alliança, a força que convence pela virtude das idéas - a concordia n uma palavra. A sombra da liberdade, a apotheose d'aqueIle que mor- reu para não ver a patria feita escrava .... A intímação não podia ser mais imperiosa, nem a resposta do paíz mais eloquen te I ' O nosso parabem, senhores, recebel-o-heis depois de muitos, por- que preferimos mandar adiante os factos - e esses factos seria ocioso repetíl-os ; são do dominio de todos) transpuzeram ha mezes as frontei- ras 1, porque onde não chegou a nossa humilde voz penetrou, ao menos, a lettra, - a nossa profissão de fé n'esta questão do centenario. 1 Allude-se á nossa circular de 27 de Março; á nacional dê 29 e ás duas ín- ternacionaes da mesma data (V. Catalogo da Exposição Camonianá).
  • 15. ----" "----- xx D'essa fé damos agora novo documento. A Commissão litteruria, tendo cumprido o seu dever perante a .Grande commissão portuense das festas do centenário, nomeada a q, de março, creoude sua propria iniciativa a Sociedade Nacional Camoniana que está constltuida desde o dia tO de abril e já legalmente approvada. O Estatuto que hoje receheís fallará por elIa e por nós, e justifica- rá o pedido, que fazemos, de um logar no cortejo triumphal no dia tO de junho, assim como nas demais festas cuja direcção vos seja confiada. A commissão litteraria pela sua parte já decidiu reservar a qual- quer membro da imprensa de Lisboa, logar especial nas solernnídades, cuja organisação a grande com missão portuense lhe confiou, não fal- lando no logar de honra que aos representantes da imprensa de Lisboa está destinado na sessão solernne de abertura da Sociedade Nacional Ca- moniana, no dia tO de junho. A Commissiio liiteroria das festas do centenario, iniciadora da so- ciedade, espera pois que a grande com missão da imprensa de Lisboa se dignará nomear os delegados especiaes que a devem representar offlcíal- mente nas festas litterarias da commíssão e da Sociedade Nacional Ca- moniana, e que fará á commissão ainda a honra de dar a esta mensagem ampla publicidade. 1 Porto, 27 de maio de 1880. Conde de Samoâães, Presidente. Eduanlo Augltsto Allen, Vice·presidente. José Pereira da Cunha e Silva, Secretario. Joaquim de Vasconcellos, Vice-secretario. Augusto Luso da SilVCL, Antonio MOTeim Cabrtu, Joaquim Teixei1'a de Jl1acedo, J. P. d'Oliveira Ma1'tins, Luiz Antonio Pinto de Agu.ia-f, João Vieim Pinto, Pedro Augusto Dias, Tito de Noronha, J. J. RodTigu.es de Freitas, 1 A mensagem ia em manuscripto, e com todas as assignaturas autographas sobre uma grande folha de pergaminho; com laços de setim .das CÔl'CS nacíonaes. ----=-=--:::----~-=-- ~~---=----~ ':;-=----=~-- - -
  • 16. CAMõEsr I Por sobre as cinzas do Cantor sublime Tres seculos lá vão! Tres gerações! ! E volvendo-se os annos, mais se imprime J nome e a fama do immortal Camões! Alma esplendida! Espirito fecundo! ) grande, ingente, o vasto Genio teu Trasborda já! .. E'-lhe pequeno o mundo! .. Por isso, agora lá, ó Vate meu, Canta entre os Anjos, e encherás o Ceu. II Patria de Camões! .. óPatria minha! .. E chamam-te inda alguns nação pequena!? . Tu, que foste dos mares a rainha, E mãe de vultos de primeira scena!
  • 17. Tu, que em perigos te mostraste forte! Que pondo os pés no sul chegaste ao norte! E, abrindo os braços, cá desde o occidente Com a dextra tocaste no oriente! Diga-o o Japão, o Cabo Tormentoso, A costa da Guiné, Ormuz, Malaca; Timor, e tu, Brazil ; e o aventuroso Fernando Magalhães, que altivo atraca Onde a terra findára! ! E) se mais mundo houvera) lá cheqára, Falle Henrique, e Albuquerque, o forte Castro! Fallai heroes! Não emmudeças, Gama! Quem vos fez resurgir?! Qual foi esse astro, Que vos deu luz, e vida, e nome, e farna t! Aquelle, cuja lçra sonorosa Sempre afamada foi, mas ... desditosa. Que á Pátria deu, que as cinzas mal lhe encerra, O sangue e o amor; e o Genio a toda a terra! Que sentir soube o amor, toda a ternura Da linda Ignez, cantando a desventura. Que, para o Tejo, as Tagides creára, Que em seus largos crystais se estam revendo; E, para o mundo, de estranheza rara, O féro Adamastor, gigante horrendo! Que foi tão portuguez !.. Tão meu! .. Tão nosso; Que o mar afronta, e o nautico destroço,
  • 18. Por salvar precioso monumento De glorias e de acções; valor, riquezas Que nos lega num Novo TESTAMENTO, EVANGELHO lettras portuguezas! das III Porém, desculpa, ó Genio; inquietar-te agora A paz não quero, não, gosada além do tumulo. Lembrar-te a Patria tua, e desgostos d'outr'ora, Seria crueldade, e de injustiça o cumulo. Se inda memoria tem, se inda pensa e cogita, A força, que animara esse teu braço intrépido, Entre gente crestada, aonde o sol crepita, Longe do sol da Patria, ameno, doce, e tepido; Que, irradiando luz de intelligencia pura, Do talento te accende a charnrna forte e vivida; Que não pôde apagar a negra desventura, A falta do teu J au, nem a pobreza livida; Que a penna te guiou com que voaste ó. gloria; Pelo presente olvide a falta do preterito. Pertencem aos heroes as paginas da historia: Se os homens são mortais, morrer não póde o mérito .. *
  • 19. --»4,,- Perdeste o teu Amor, tudo o que te era caro, Viste a vida fugir, tornar-se o corpo fiacido, .. Sem amigos, ó Job, tão pobre, ao desamparo, Dos labios soltas - PATRIA e logo expiras placido. - Permitte-me, Poeta, a voz ousada Neste dia solemne, junto aos mais. Nem só a fertil chuva ao campo agrada, Não desprezam o orvalho os cereais. Se immortal és nos Ceus, o engenho e arte Entre os homens te fez sêr immortal. E's nos Ceus, e na terra, em toda a parte! lVIas foi teu Berço o meu, foi Portugal. :li. 'Luso.
  • 20. ~~UMA FOLHA DOS LUSIADAS Se um dia o «velho enfermo do occidente» Quizer saber se inda está vivo ou não, Pouse sobre este livro a mão tremente E sentirá bater um coração! :J. 3imões GJ)ias.
  • 21. SONETO N'este illustre sarau d'um personagem Estranhavel se torna a ausencia dura; D'um personagem, sim, cuja figura Da honra e erudição seria a imagem! E' soldado, soldado de coragem, Epico vate d'assombrosa altura; E' esse heroe, que á patria inda segura Os brios, na mais clássica linguagem! Pensava achal-o aqui, porque índa existe; E apesar de centenas tres d'edade, Contra as fauces dos seculos resiste! Mais cheio cada vez de mocidade, Eis o amavel Camões l.. Não falta ... assiste ... Tão rijo como a rija eternidade! ~alente de ~asconcellos.
  • 22. CAMÕES Foi dos mestres o mestre grandioso que mais honrou a lingua portugueza, o meigo trovador melodioso que soube com mais arte e gentileza cantar do amor as illusões e o goso, o novo Homero, a quem a natureza consagrando affeição de mão dilecta, fez dos poetas o maior poeta. Sendo sempre das musas protegido, celebra a sua pátria muito amada em verso nunca d'antes conhecido; guerreiro de alma heróica e sublimada, com peito forte e braço destemido maneja bem a lamina da espada. Tem dos heroes a olympica bravura e tem dos próprios deoses a estatura.
  • 23. Eu sinto as mais estranhas alegrias trinando o rouxinol os seus gorgeios, mas ao ler de Camões as elegias inundam outros gosos os meus seios. De Camões as sonoras harmonias, os versos de ouro, os grandes devaneios consolam como aromas de boninas, encantam que nem musicas divinas. São thesouros de ricos pensamentos as formosas canções que desferia da lyra sonorosa nos momentos em que mais a saudade o perseguia; as endechas dos crebros desalentos são perolas de amor e de poesia; o seu poema emfim. .. o seu poema tem mais valor que as joias de um diadema. De laminas de bronze foi V ulcano que forjou cada verso que assignala do illustre Gama o esforço sobrehumano. A tuba grandiosa que nos falla das façanhas do povo lusitano, tem fulgores de auroras como a opala, é doce como a voz da philomela e ruge ás vezes mais do que a procella. Da linda Ignez chorando a morte dura, os nossos olhos enchem-se de pranto. Do Adamastor a esqualida figura ao mundo causa horror e causa espanto.
  • 24. o mar, os ceus, a aurora, a noite escura recebem nova cor e novo encanto se Camões, genio dado a toda a empreza, pinta os vastos paineis da natureza. Como o cantor da praia do Occidente ninguem no mundo alcança egregia fama: a voz humana, a voz de toda a gente por toda a parte o nome lhe proclama. Tal como dos vulcões a lava ardente, ardia-lhe no craneo a occulta chamma, a inspiração divina, o eterno lume que ás vezes de um poeta faz um nume! Gj)iogo de jl1acedo.
  • 25. o IDIOTA Olha a todos e a tudo que alli passa com fixo olhar o pobre do idiota, da bocca os finos labios lhe arregaça cada sorriso estupido que brota. Uns téem compaixão dessa desgraça; outros soltam-lhe as vaias da chacota, e atiram-lhe pedradas á vidraça, entre apupos e esgares da risota. Mas eu que passo e noto na ventura d'aquella alma simples de poeta, que se espaneja ao sol, alegre, ufana, observo com tristeza que a loucura é a felicidade mais completa a que pôde aspirar a alma humana! 1876. cehristovcun 3Yl'es.
  • 26. } ESTATUA DO POETA A praça é o orbe inteiro; o pedestal da estatua Um feixe collossal de lyras e festões; Tem por cimento a gloria; a altura é de tres seculos; No cimo um livro aberto, e o vulto de Camões. E d'esse livro aberto é cada uma pagina A base, em que se firma um redivívo heroe. Surgiram do passado, e, em pé sobre os Lusiadas, No centenario estão do que cantor lhes foi. E os seus fátuos clarões, em letras inflammadas, Lhes gravam em redor das frontes descarnadas, Co'a phantastica luz, os grandes nomes seus; Terribil o Albuquerque, o Gama e o Castro forte Vem provar que poder tambem não teve a morte No lusitano Homero, o eterno semi-deus. Lisboa, 17 de Maio de 1880. 3ebastic7o Pereira ela 'eanha.
  • 27. ~o D.IA DE CAMÕES· _._--- Ninguem póde apagar a lampada da vida, Nem extinguir tambem jamais o movimento. Por isso anda a correr, em marcha indefinida, Ha seculos sem fim, o nosso pensamento. E nas sombras, na luz, nos astros, nas montanhas, Em toda essa miseria, em toda essa grandeza, O homem coml)ulsa e lê, das fórmas mais estranhas, O poema vasto, ideal de toda a Natureza. Passa um leão: elle ergue ao monstro um sanctuario. Passa um verme: elle esmaga a lagrima da terra. Aqui o céo é como um lugubre sudario; AlIi viceja o mal; alem rebenta a guerra. 3
  • 28. o homem vem abatido, incerto da jornada. Se pára por acaso em seu caminho escuro, E' só para enxugar a fronte ensanguentada Ou procurar na sombra uns traços do Futuro. Mas ás vezes ao pé dos muros vis, abertos, Nasce uma fiôr que traz aromas e matizes: Cresce e povôa emfim os aridos desertos. Tem no espaço a corolla e no abysrno as raizes. E' essa fiôr viril de eterna rescendencia Quem alaga de luz os nossos corações; E' essa fiôr ideal, chamada Consciencia, Quem faz resuscitar o nome de Camões. ,'J. ~eite de CVcu!concellos.
  • 29. CAMÕES I Naquella alma pura e rut.ilante Guiada pelos ventos do destino Havia um sonholucido, divino Com um echo d'amor, - harpa distante. Já ouvia cantar ao longe o hymno Sagrado do futuro; o triumphante Chamava li sua patria - a sua amante, Lendo o Céo como um livro sibyllino. Entra no Paço e a nova luz o banha D'uns olhos fulgurantes, luz estranha Que lhe torna felizes os seus dias. Não ha ainda no azul um traço escuro: Como é bello sonhar ... vêr o futuro Banhado de clarões e d'harmonias! *
  • 30. 11 Elle sauda o Sol- astro bemdito No meio d'essa lucida grandeza Que rege do seu throno a Natureza, Tendo o poder em toda a parte escripto. E sobre o mar, sonhando nova empreza, Se a saudade lhe leva o peito affiicto, Acompanha-o das ondas fundo grito E a Lua no seu manto de tristeza. Voltam-lhe então dulcissimas visôes ; Começa a infiammar-se a alma de Camões Inspirada no poema universal. Eis por fim em seu livro a nossa gloria: Já que o deixou morrer entregue á Histeria, Erga-o e celebre-o hoje Portugal. P.duCll,do .da r:30StCl j,faccdo.
  • 31. }to POETA Camões, famoso epíco, Grande quarn desditoso, Teu nome glorioso, Vive nos corações. Foi-te cruel martyrio A vida amargurada, Grande empunhando a espada E grande nas canções. Só para os infortunios Parece, que nasceste Sempre, sempre vidente Soffrendo amarga dôr. Ingrata foi-te a pátria Que engrandecer buscavas, A' q ial tu dedicavas O mais intenso amor.
  • 32. E' para os grandes genios Do soffrirnento a sorte, Soffrer até á morte Sem nunca allivio ter; Como Colombo intrepido, Como Albuquerque ingente E o Castro tão valente' A patria a defender. Com que fervor Nathercia Fôra por ti amada? Como fôra cantada, Por ti, grande Camões! Talvez teus nobres canticos, N'urn seu olhar bebesses, Talvez que lhe devesses Tantas inspirações. Os invejosos aulicos Querem-te desterrado, Pudeste resignado O exi1io atroz soffrer! Mas o teu genio altiloquo, Tão nobre e tão bondoso, Padrão tão glorioso Lá soube á patria erguer. Ergueste-o. Inda os Lusiadas Attestam nossas glorias, Fallam d'essas victorias Do 'nosso Portugal.
  • 33. - Tinhas talento homerieo; Tu espantaste o mundo Com teu saber profundo, Nos cantos immortaI. A's vezes meu espirito Eu sinto transportado Ao ler o celebrado, Famoso livro teu. Como pergunto em extasis : Genio de tal grandeza Coubéra na estreiteza Da terra em que nasceu? Longe do ninho patrio Vejo-te lacrimoso Sempre, sempre saudoso Na gruta de Macau. Depois, em terra inhospita, Só tens para a saudade Allivio na amisade Do carinhoso Jau. Voltando um dia á patria Que ingrata te expulsára, Ninguem te consolára Na tua extrema dôr. E n'um albergue misero Choras por longos dias, Morta a -mulher que havias Amado com fervor;
  • 34. E só no seio intimo Do Jau achaste abrigo, Menos que escravo, amigo, D'um meigo coração; Só elle tão solicito Das maguas te consola E para ti esmola Pede, estendendo a mão. Mas desce o Jau ao tumulo, (Ficou-te só teu pranto) O Jau que chorou tanto As tuas affiicções; Seu nome pobre, humilimo Sempre será lembrado, Sempre andará ligado Ao nome de Camões. Tudo perdeste, e naufrago A's vagas disputaste • O livro, em que buscaste A patria engrandecer. E a patria despresando-te O' genio tão preclaro! Deixou-te ao desamparo N'um hospital morrer. Verto sentidas lagrimas Ao vér, ó vulto nobre, Que tu morreste pobre N'um misero hospital.
  • 35. ~ 25 "-- Eu choro, envergonhando-me, Vendo manchada a histeria Com esta acção ingloria Do nosso Portugal. Ouviste os sons estridulos Da frota que partia, Viste na fantasia A pátria .corn grilhões. Tiveste o dom profetico, E com a patria amada Por ti tão decantada Morreste emfim, Camões! Morreste! Não! Tres seculos Dizem ao mundo inteiro Que tu, vate e guerreiro, . Serás sempre immortal. Que sempre nos Lusiadas Será grande e famoso O nome glorioso Do velho Portugal. José ~. eftangel de rf]lladros r3udinot.
  • 36. .-