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   UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
         Toni Chagas de Carvalho




APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
  COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O
  DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL




               Conceição do Coité
                      2010
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           Toni Chagas de Carvalho




APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
  COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O
  DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL




                       Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
                       Comunicação Social – Radialismo, da
                       Universidade do Estado da Bahia, como
                       requisito parcial de obtenção do grau de
                       bacharel em comunicação, sob a orientação da
                       professora Hanayana Brandão Guimarães
                       Fontes Lima.




               Conceição do Coité
                      2010
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            Toni Chagas de Carvalho




APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
  COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O
  DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL

                          Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
                          Comunicação Social – Radialismo, da
                          Universidade do Estado da Bahia sob a
                          orientação da professora Hanayana Brandão
                          Guimarães Fontes Lima




           Data:

           Resultado:

           BANCA EXAMINADORA
           Prof. (a) orientador: __________________________

           Assinatura:

           Prof.:

           Assinatura:

           Prof.:

           Assinatura:
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DEDICATÓRIA




              Este trabalho é dedicado em
              especial à minha mãe Rilza, meu
              pai Antônio e minha irmã Adriana.
              Dedico também a todos os meus
              familiares que depositam tanta
              confiança no rumo de minha
              caminhada.
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                               AGRADECIMENTOS


        Muitos foram aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para minha formação

como cidadão, não apenas na academia, como na vida. Nós somos tudo aquilo que tiramos da

   vida, e a vida vem em grande parte das trocas que fazemos, das vivências com pessoas e

  coisas. Todos constroem a si próprios sozinhos, mas toda a matéria prima surge a partir da

  interação, de conselhos que se dá e recebe, de informações compartilhadas e da confiança

                                           mútua.

           O resultado desta caminhada ao longo do curso, muito se deve ao fato de tantas

pessoas terem acreditado em mim. A família vem em primeiro lugar, por ter acreditado desde

   o princípio, e pelo fato de que essa confiança e todo o carinho que sempre recebi nunca

  cessarão. Este trabalho também é fruto das discussões, aprendizado e a convivência com

    minha orientadora Hanayana Brandão, com quem felizmente compartilho o gosto pela

temática que escolhi. Aproveito também para agradecer às instituições que fizeram parte dessa

pesquisa, sobretudo as pessoas com as quais interagi durante os últimos meses, não medindo

     esforços para me munir de informações e vivências. Por fim agradeço aos colegas e

professores do curso de comunicação social do campus XIV da UNEB, sem deixar de incluir

o corpo de funcionários com quem também troquei muitas experiências e, aprendi que a vida

                         acadêmica não está apenas na sala de aula.
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                                          RESUMO

         Aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação como
          Ferramentas para o Desenvolvimento do Território do Sisal

        Na primeira década do século XXI estamos acompanhando e fazendo parte da
reafirmação da condição das tecnologias da informação e comunicação (TIC), como
ferramentas essenciais para as mais diversas atividades humanas, tais como a comunicação e
o acesso à informação. O desenvolvimento passa a depender cada vez mais de ações
localizadas, muitas delas sem o apoio do Estado, nesse panorama é necessário entender qual o
papel dessas tecnologias junto a iniciativas de promoção do desenvolvimento, não só por
parte de governos e empresas, como também das instituições sociais. Muitas destas
instituições, como acontece no Território Sisaleiro da Bahia, se tornaram o carro chefe das
iniciativas de promoção do desenvolvimento em suas regiões, a exemplo da Fundação de
Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da
Bahia (FATRES), A Cooperativa Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere) e a
Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira (APAEB), ambas
sediadas no município de Valente. O objetivo deste trabalho é verificar como essas três
instituições estão aplicando as tecnologias da informação e comunicação para a promoção do
desenvolvimento no território.


          Palavras Chaves: TIC, tecnologia, informação, comunicação, desenvolvimento,

território.

                                           Abstract

Application of Information Technology and Communication as Tools for Development of
                                  Territory of Sisal

In the first decade of this century we are witnessing and being part of the reaffirmation of the
status of information and communication technologies (TIC) as essential tools for a variety of
human activities, such as communication and access to information. At a time when the
development comes to depend more and more localized actions, many without the support
governments, it is necessary to understand what role these technologies together to initiatives
promoting development not only by governments and businesses, but also by social
institutions. Many of these institutions, such as sisal in the Territory of Bahia became the
flagship initiatives to promote development in their regions, such as the Foundation for the
Support of Rural Workers and Family Farmers in the region of Sisal and semi-arid of Bahia
(FATRES), Cooperative Rural Credit Valentense (SICOOB-Cooperate) and the Sustainable
Development Fund of the Sisal Region (APAEB), both based in the municipality of Valente.
The objective of this study is to see how these three institutions are applying information
technology and communication development perspective of the territory.


Key words: ICTs, technology, information, communication, development, territory.
7



                                         LISTA DE ILUSTRAÇÕES



Figura 1 – Mapa do Território do Sisal ............................................................................ 50

Figura 2 – Mapa dos Territórios de identidade .............................................................. 51
8



                                                     SUMÁRIO


Capítulo 1: Tecnologias da Informação e da Comunicação e seus
impactos na sociedade .................................................................................                13
     1.1 O papel das TIC na formação da sociedade da
       informação................................................................................................      15
     1.2 Características de uma nova sociedade...............................................                          15
     1.3 O Contexto Brasileiro............................................................................             18


Capítulo 2: As TIC e a questão regional....................................................                            22


     2.1 O papel das TIC e o desenvolvimento regional .................................                                23
     2.2 O território do Sisal ..............................................................................          27
     2.2.1 Infra-estrutura tecnológica do território sisaleiro da Bahia ................                               28
     2.2.2 O avanço das TIC e seus impactos no território sisaleiro ...............                                    30


Capítulo 3: As TIC e as instituições sociais do território sisaleiro ........                                          32


     3.1 O papel dos movimentos sociais e a existência de políticas públicas
          para a promoção do desenvolvimento...................................................                        33
     3.2 Três iniciativas de destaque na promoção do desenvolvimento
          regional..................................................................................................   34
     3.2.1 A APAEB............................................................................................         37
      3.2.2 FATRES ...........................................................................................         40
      3.2.3 Sicoob-coopere ...............................................................................             42


Metodologia aplicada na pesquisa .............................................................                         46
Considerações finais ...................................................................................               48
Referências ...................................................................................................        50
Anexos ...........................................................................................................     52
9



                                       INTRODUÇÃO



       Os avanços da eletrônica vêm sendo responsáveis por enormes mudanças na forma

como as pessoas têm acesso e lidam com a informação. O rádio e o cinema, dentre tantas

outras tecnologias surgidas a partir do final do século XIX foram extremamente importantes

para os fenômenos que vislumbramos a partir da década de 1970. A partir daí vieram o

computador pessoal e a internet, que provocaram uma aceleração jamais vista na circulação da

informação, criando as bases fundamentais para o que se tornaria a “sociedade da informação”.

Como toda revolução tecnológica, esta, impulsionada pelas tecnologias da informação e

comunicação também suscitou dilemas a partir de questionamentos sobre benefícios e

malefícios trazidos junto com elas.

       A revolução que temos em curso se difere bastante do que vimos na primeira e na

segunda revolução industrial. A primeira revolução industrial apoiou-se no amplo uso de

informações, aplicando conhecimentos que já estavam disponíveis décadas antes. Já na

segunda revolução industrial, ocorrida depois de 1850, a ciência teve um papel fundamental na

promoção das inovações tecnológicas, participação que pode ser exemplificada no importante

papel dos primeiros laboratórios de pesquisa e desenvolvimento (P&D), na indústria química

alemã no final do século XIX. A centralidade dos conhecimentos e informação foi uma

característica marcante em ambas as ocasiões. Vivemos um momento histórico onde

novamente nossa cultura material sofre grandes transformações, mas o potencial de

participação de empresas, governos e pessoas em esfera global é o seu grande diferencial. Tal

nível de participação se deve principalmente à livre fluência da informação em meio às

possibilidades de interação entre as pessoas de forma jamais vista, além da impossibilidade de

centralização do controle desse infindável fluxo de informação e comunicação. O potencial

desse fluxo hoje é medido para ser base para várias constatações, inclusive em relação ao nível
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de desenvolvimento de um povo. Para muitos o próprio grau de desenvolvimento pode ser

medido de acordo com a produção e acessibilidade às tecnologias da informação e

comunicação.

       No Brasil e mais especificamente no estado da Bahia a política dos territórios nos dá a

oportunidade de pensar o desenvolvimento a partir de necessidades localizadas, e promovido

por quem conhece as demandas e desafios de sua realidade. Uma região que não inova os seus

meios de produção e comunicação e que não busca uma infra-estrutura institucional e até

mesmo material, pode se distanciar muito da direção que hoje aponta para o desenvolvimento,

um caminho que perpassa cada vez mais pelo uso das TIC, já que sem elas é impossível

inserir-se no globalizado mundo das redes telemáticas. Para começar, comunicação é um

elemento fundamental para quem busca o desenvolvimento, e esta vem sendo cada vez mais

atrelada às novas tecnologias, sobretudo as que utilizam a Internet. Quando se trata de um

território, com toda sua diversidade política e cultural, percebemos que o desenvolvimento

necessita de uma infra-estrutura de comunicação informatizada, que explore o potencial das

tecnologias implantadas de uma maneira que vá além da comunicação, mas também da

circulação e processamento da informação. A partir dessas premissas, veremos ao longo do

presente trabalho, um panorama do uso das tecnologias da informação e comunicação na

perspectiva do desenvolvimento no Território Sisaleiro.

       No primeiro capítulo veremos como se deu a partir da década de 1970, o

desenvolvimento e disseminação das novas tecnologias da informação e comunicação,

inicialmente a partir do uso crescente dos computadores pessoais e logo depois da Internet,

importantes ferramentas que nos possibilitam hoje vivenciar a chamada “sociedade da

informação”. Veremos também como essa nova sociedade se caracteriza e, como as

tecnologias da informação e comunicação que tanto colaboraram para sua instalação estão

inseridas em seus diferentes contextos.
11



        No segundo capítulo chegamos ao recorte que nos interessa nessa pesquisa:

compreender as TIC no contexto do desenvolvimento. Neste ponto traremos um panorama do

uso das TIC no Território Sisaleiro da Bahia, com um levantamento sobre a infra-estrutura

voltada para essas novas tecnologias e os impactos da crescente adesão a estas, principalmente

nesta primeira década do século XXI.

       No nosso terceiro e último capítulo, faremos uma análise do papel das TIC para a

promoção do desenvolvimento no território a partir da adesão de instituições sociais à essas

tecnologias, aplicando-as em suas atividades, abordaremos aqui o trabalho de três instituições

que se destacam na promoção de desenvolvimento no território: a Fundação de Apoio aos

Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia

(FATRES), da Cooperativa de Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere) e da Associação

de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira (APAEB). Por fim serão

apresentadas as considerações finais, como resultado das análises das informações coletadas.
12



                                        CAPÍTULO I
                 Tecnologias da Informação e da Comunicação e
                              Seus Impactos na Sociedade



       Desde o início do século XX pesquisadores agrupados em escolas, movimentos ou

simplesmente linhas de pensamento vem tentando entender a importância da comunicação e

suas implicações na sociedade. Do telefone aos primeiros computadores foram décadas de

pesquisas científicas e evoluções tecnológicas que para os padrões de hoje não promoveram

mudanças tão rápidas na sociedade, mas o impacto e possibilidades surgidas desde então -

principalmente no campo da comunicação – são inquestionáveis. Para Wolton (2000) o que

difere a revolução causada por tecnologias como o rádio, o telefone, a televisão e mais tarde o

computador é a violenta ruptura causada por elas, a introdução e a assimilação dessas

tecnologias se deu de forma tão rápida que nos parece que estão aí desde sempre. O que vemos

desde a década 1970 é uma aceleração ainda maior desse processo. O autor chega a afirmar

que “para muitos, a quantidade de computadores conectados à internet parece o índice mais

preciso sobre o grau de desenvolvimento de um país, até mesmo de inteligência...” (2000). As

tecnologias da informação e comunicação segundo o conceito de Castells (1999) são “o

conjunto convergente de tecnologias de microeletrônicas, computação (software e hardware),

telecomunicações/radiodifusão e optoeletrônica”.

       Na América latina o contexto apontado por Wolton ganha uma dimensão cultural cheia

de questionamentos, principalmente ao relacionarmos a disseminação das TIC e o

desenvolvimento. Já Barbero (2002), também se preocupa com o tema, e afirma que na

América Latina, a imposição acelerada dessas tecnologias aprofunda o processo de

mascaramento da modernização, que talvez não esteja se dando de maneira realmente eficaz,

já que é preciso antes de tudo avaliar o potencial de apropriação e identificação cultural das
13



populações, antes de promover mudanças de hábitos e posturas tão radicais.



        1.1 O Papel das TIC na Formação da Sociedade da Informação




        Se na década de 1950 computadores pesando toneladas deram início a uma incrível

revolução tecnológica, fazendo com que governos e empresas promovessem mudanças

radicais no modo de vida das pessoas, foi a partir da década de 1970 que iniciou-se um

processo em que pessoas comuns em suas casas ou no trabalho, passariam a participar de

forma direta e extremamente ativa nas transformações sociais promovidas pelo uso crescente

das novas tecnologias.

        A situação do capitalismo mundial nesse período foi decisiva para o impulso e

desenvolvimento das tecnologias advindas do computador. Mattelart (2008) traz um

interessante panorama dessa época quando surge um alarmante diagnóstico da situação do

sistema capitalista vigente, com ênfase no que ocorria nas Europa Ocidental, América do Norte

e Japão. Esse fenômeno possibilitou uma aproximação entre países mais ricos, principalmente

o que compunham o G81, o que trouxe grandes avanços no que diz respeito a intercâmbios,

movimento de capitais e uma “flexibilização” das empresas na fluidez das redes planetárias. A

sociedade da informação pareceu o ambiente mais propício para o capitalismo, que em crise se

apegou à uma industrialização focada no surgimento de novas tecnologias. O que ocorreu após

esse período, segundo este autor, foi uma apropriação quase sem fronteiras dos muitos

benefícios dessa nova ordem econômica.

        Na década de 1980, principalmente nos Estados Unidos os computadores deixaram de

ser usados exclusivamente pelas grandes empresas, para estarem presentes nas casas das


1
 O grupo G8 reúne os líderes (presidentes e primeiros ministros) do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão,
Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos.
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pessoas, que por sua vez, utilizaram-no também para produzir conhecimentos, com o advento

na Internet, esse conhecimento ganhou um importante de espaço de disseminação e troca.

Vemos cada vez mais a influência da iniciativa privada, muitas vezes em sinergia com essa

nova configuração de produção e consumo de bens não apenas materiais. Nas décadas 1970 e

1980 o capitalismo vislumbrou e, portanto, ajudou a criar uma sociedade na qual a partir da

década 1990 as tecnologias da informação e da comunicação passaram a ditar as regras da

produção do mercado de bens e, até mesmo constituir este mercado. Para Castells (1999), dois

aspectos desse período que valem até os dias de hoje merecem destaque: o primeiro deles é o

fato de que as descobertas e as aplicações – e foram muitas – interagiam entre si e eram

testadas continuamente, assim, aprendia-se fazendo. Os usuários passaram a utilizar

tecnologias recentemente desenvolvidas, decorrendo novas potencialidade de uso e, até mesmo

aprimorando-as, a exemplo do uso cada vez mais freqüente das linguagens de programação.

       O segundo aspecto diz respeito à multiplicidade de atores nesses processos, como

centros de pesquisa, universidades, empresas de tecnologia avançada, e para citar algumas

estavam lá a IBM, a Xerox e as recém nascidas e não menos importantes nesse processo,

Apple e Microsoft. E apesar da já estabelecida rede on-line a concentração espacial também

foi fundamental, o maior exemplo deles é o famoso Vale do Silício nos Estados Unidos, que

abrange várias cidades do estado da Califórnia, ao sul de São Francisco, como Palo Alto e

Santa Clara, estendendo-se até os subúrbios de San José. Pode-se dizer este lugar, com

atuações destas e outras empresas de tecnologia, foi o grande celeiro que possibilitou o atual

estágio de informatização que o mundo vive. Enquanto a Inglaterra sediou boa parte dos

grandes acontecimentos ocorridos na primeira e na segunda Revolução Industrial, os Estados

Unidos foram palco do nascimento da sociedade da informação.

       Atualmente as inovações proporcionadas pelas tecnologias da informação e

comunicação vão desde a telefonia via internet, oferecendo possibilidades de conversas em
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áudio sem custos adicionais, à criação de verdadeiras comunidades virtuais visando desde o

entretenimento às ações educacionais e colaborativas. As TIC estão atreladas à boa parte das

atividades de rotina dos indivíduos, possibilitando interação de pessoas e grupos, reunião de

informações, compartilhamento e distribuição destas, cristalizando a formação de uma nova

sociedade. Para tanto, uma gigantesca infra-estrutura tecnológica foi erguida em escala

mundial, através de ações sinérgicas de governos e empresas, estão inclusas redes de telefonia,

interconexões de cabos de fibra ótica, satélites, sistemas energéticos e centros empresariais. A

sociedade da informação só foi possível mediante uma logística técnica e operacional,

impulsionadas principalmente por grandes conglomerados econômicos, envolvendo empresas

de telecomunicações, entretenimento e governos. Sem a venda desenfreada de computadores,

máquinas associadas ao desenvolvimento e ao acesso ao mundo de possibilidades que a

conectividade oferecida pelo sistema de redes gerou, sem a telefonia celular, cada vez mais

presente no cotidiano de praticamente todos os países, e sem Internet, maior fluxo de

informação e comunicação já criado, a sociedade da informação estaria apenas em histórias de

ficção científica, aguardando um futuro propício acontecer, mas, essa grande revolução já

configura nossa realidade.




        1.2 Características de Uma Nova Sociedade.




        Antes de abordamos sobre as características dessa nova sociedade que vivenciamos, é

importante ressaltar que mesmo o termo para denominar essa sociedade é alvo de muitos

debates. Os termos “Sociedade da informação” e “Sociedade do Conhecimento” são os mais

difundidos. Em 1973, o sociólogo estadunidense Daniel Bell usou a noção da sociedade de

informação. Ele o utilizou ao falar que essa nova sociedade - a partir daquela década - seria
16



sustentada pela informação. O termo sociedade do conhecimento, muito usado em publicações

da UNESCO, por exemplo, se popularizou bem depois, principalmente em publicações na

década de 1990. Alguns teóricos preferem ainda outras terminologias. Castells (1999), por

exemplo, prefere adotar o termo: Sociedade em rede.

       A exemplo da maioria das publicações, a Organização das Nações Unidas (ONU)

também parece ter adotado o termo “informação” ao realizar a Cimeira Mundial da Sociedade

da Informação (CMSI), o termo cimeira é comumente substituído por cúpula. Nos encontros

promovidos pela cimeira, o debate entre adeptos dos termos “conhecimento” e “informação”

também ocorreu. O fato é que o termo sociedade da informação é tão difundido, que nas

formulações de outras propostas, ele tende a ser tomado como referência, apesar de ser alvo de

críticas de quem o vê como alusão exclusiva às tecnologias, preferindo assim, o termo

conhecimento por sua maior amplitude.

       Como mostrado no início deste capitulo, Barbero (2002) analisou a sociedade da

informação na América Latina tomando a cultura como um elemento importante em sua

análise, ainda que esta seja muitas vezes desconsiderada nos planos de globalização com um

largo alcance das TIC como parte de interesses “transnacionais”. O fato é que a revolução

promovida a partir do uso massivo das TIC pode ser vista como fruto de uma mudança radical

em nossa cultura material, mas com consequências inevitáveis em nossa cultura imaterial,

perpassando assim pelos vários âmbitos da sociedade. Para Wolton (2000) essas tecnologias

“encorajam a capacidade de criação”.

       É importante, claro, ressaltar outra afirmação onde Wolton (2000) diz que é normal ver

uma simetria entre o sonho de uma sociedade “mundialista” e a própria globalização da

economia, esta ultima pode até ser o objetivo principal, sendo a integração cultural e

comunicacional de forma global, apenas uma forma de manutenção dessa globalização

econômica. Mas, ainda assim, o que se verifica nas relações entre empresas, entre estas e seus
17



funcionários, entre governos, e até mesmo entre pessoas comuns é um processo de

apropriação, uso e criação que não parece cessar, ou até mesmo desacelerar tão cedo, sem falar

da diversificação de seus usos, oferecendo possibilidades que vão além dos interesses de

multinacionais e governos. Como afirma Mattleart (2008), “uma nova configuração de atores

sociais e profissionais começou a distanciar-se das dinâmicas dominantes e a reapropriar-se da

questão das tecnologias da informação e da comunicação”. Um fenômeno interessante

apontado por ele, mostra que a informação e o saber são cada vez mais considerados como

bens imateriais passivos de apropriação. De fato, ao analisarmos o contexto das patentes nos

últimos 100 antes, veremos que enquanto no início do século XX as invenções ocuparam com

soberania as discussões acerca das patentes, hoje, cada vez mais idéias são patenteadas,

produtos intelectuais não palpáveis, como codificações de softwares são motivos de

verdadeiras guerras jurídicas e, constituem o maior patrimônio de muitas dessas empresas.

Não por coincidência, existe atualmente um amplo debate em torno do direito intelectual.

Ainda resgatando análises comparativas entre o que ocorre hoje e o que aconteceu nas

primeira e segunda revolução industrial, vale resgatar uma importante caracterização desses

dois períodos trazida por Castells:



                               ... um aumento repentino e inesperado de aplicações tecnológicas que
                               transformou os processos de produção e distribuição, criou uma enxurrada
                               de novos produtos e mudou de maneira decisiva a localização das riquezas e
                               do poder no mundo, que, de repente, ficaram ao alcance dos países e elites
                               capazes de comandar o novo sistema tecnológico. (Castells, 1999, p 71).




        Verificamos hoje o que Wolton (2000) chama de “oferta e demanda de informação”,

onde a constatação das necessidades de informação e comunicação, sobretudo nas

“sociedades desenvolvidas” acaba por legitimar mercados como o da Web e, atender a tais

necessidades acaba sendo para muitos um caminho fundamental para o progresso, e como
18



questiona Wolton, “quem se colocaria contra o progresso?”. Esse mercado comum promovido

pela Internet está reforçando cada vez mais o fenômeno das convergências.

       Nosso consumo há muito tempo já não está mais restrito à feira livre de nossa

comunidade, às lojas no centro ou a negociar com pessoas próximas, com as quais precisamos

sentar juntos e negociar. A “rede e o ser” citados por Casttels (1999) se confundem. A

identidade do ser está cada vez mais constituída de fragmentos que permeiam a imensa rede

mundial, traçada por uma integração que não é meramente virtual, essa integração virtual

parece ser apenas o primeiro passo, o terreno no qual rapidamente uma integração concreta se

constitui. Culturas diversas nos chegam através do cinema, televisão, rádio e Internet, e logo

abrem caminho para equipamentos eletrônicos, roupas e até alimentos.




       1.3 O Contexto Brasileiro




       No Brasil, o que ocorreu nas últimas quatro décadas não é muito diferente do que

aconteceu em muitos países da América Latina. Depois do populismo de Vargas com o projeto

de modernização do país, veio a troca da modernização pela idéia do progresso, o que foi

levado a cabo pela ditadura militar. Na busca pelo desenvolvimento foi necessário instituir

uma verdadeira integração nacional, começava a nascer a grande e complexa infra-estrutura

de telecomunicações no país, o que antes serviu prioritariamente as redes de televisão

principalmente, com a ação do para promover a importante integração e consolidação de uma

nação, hoje se converte numa infra-estrutura tecnológica que vai além das telecomunicações,

o que só foi possível com intervenção da iniciativa privada, principalmente a partir da década

de 1990 e as privatizações no Governo Fernando Henrique Cardoso. A infra-estrutura trazida

pelas empresas de telefonia também impulsionou a disseminação do acesso à internet, hoje
19



em sua maioria operacionada por elas.

       A Política Nacional de Informática do País foi estabelecida da Lei nº 7.232, de 1984, e

tem como objetivo “a capacitação nacional nas atividades de informática, em proveito do

desenvolvimento social, cultural, político, tecnológico e econômico da sociedade brasileira”.

Muitos dos dispositivos foram substituídos posteriormente pelas Leis nº 10.176, de 2001, e nº

11.077, de 2004, visando a adequação a uma realidade em que estavam se fortalecendo a

produção e à comercialização de bens de informática e a abertura do mercado. Conforme

Barbosa (2009) país pode mostrar agora em dados estatísticos o quanto as TIC estão se

difundindo em boa parte de seu extenso território. Os resultados da pesquisa para o ano de

2008 mostraram que houve a intensificação no uso e na posse das Tecnologias de Informação

e Comunicação no Brasil: 18% dos domicílios brasileiros possuem computador com acesso à

Internet e 34% da população nacional é usuária efetiva, ou seja, acessou a Web nos últimos

três meses daquele ano.

       Os números ainda estão longe do ideal, com a informatização da sociedade cada vez

maior, acessar produtos e serviços dependerá cada vez do acesso às tecnologias a quais eles

estão condicionados, sem falar da própria acessibilidade oferecida pelo governo, que cada dia

que passa se informatiza, o governo eletrônico está cada vez mais presente, mas acessá-lo

ainda é um problema para a parcela da população desfavorecida nas estatísticas mostradas

pelo relatório 2009 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI).

       Até a TV e o rádio digital no país passarão a oferecer e estimular o mercado de

produtos e serviços computacionais dentro de seus universos como produtoras de demandas

mercadológicas, principalmente no que se refere à televisão.

       Após o governo Fernando Henrique, marcado pelas privatizações e pela iniciativa

privada, assumindo em boa parte e informatização do país e uma consequente popularização

de TIC, os dois mandados do Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva estão sendo
20



marcados por iniciativas de inclusão digital, uso sistemático de softwares livres e a

implantação gradativa de práticas de governo eletrônico, a partir da informatização de

serviços e bancos de dados, por exemplo, algo que teve início no Governo Fernando Henrique

Cardoso. As Nações Unidas realiza um estudo anual, onde os países são classificados de

acordo com a sua infra-estrutura tecnológica. São utilizados os seguintes indicadores:

percentual da população conectada à Internet; número de telefones fixos e móveis; quantidade

estimada de computadores; e número relativo de aparelhos de televisão. O Brasil se tornou em

2009 o quinto maior do mundo, em termos absolutos, em acesso à Internet, por exemplo.

       A questão mais preocupante no Brasil segundo Nazareno (2006), é o cenário brasileiro

da “infoexclusão”. No relatório chega-se a usar o termo “apartheid digital” entre as regiões

geográficas brasileiras, e camadas sociais da população. Outros dados obtidos a partir da

pesquisa realizada pela CGI, mostram alguns avanços importantes, e dizem respeito ao acesso

individual à contas de e-mail. O número de usuários da Internet que possuem conta de e-mail

gratuita passou de 55% em 2005 para 80% em 2008, um dado que também nos remete ao

surgimento de novas demandas trazidas até mesmo pelo grande aumento na vendas de

computadores.

       Outras tecnologias da informação e comunicação também foram alvos do estudo da

CGI. O acesso ao telefone celular continuou com um crescimento significativo em 2008,

comparado com 2006 e 2007, sendo um dos “principais vetores de inclusão da população

brasileira ao uso de Tecnologias de Informação e Comunicação”. O ranking traçado pelo

Comitê Gestor da Internet no país confirma que a televisão continua sendo um equipamento

“praticamente universal” na área urbana (98%), seguida pelo rádio (87%) e pelo telefone

celular (76%). Sobre o uso de computadores, a proporção de domicílios com é maior nas

regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nos domicílios com renda familiar elevada e de classes

sociais mais altas. Mesmo com o avanço desses índices, fica claro que tudo isso deve vir
21



acompanhado de políticas públicas voltadas não apenas para a acessibilidade, como também

para a educação e capacitação do cidadão.




                                      CAPÍTULO II
22



                                 As TIC e a Questão Regional




        É importante considerar que a própria informação é cada vez mais considerada como

um instrumento básico para quem quer pensar em desenvolvimento. As modernas redes

telemáticas e toda a sua ramificação estrutural que a cada dia chega mais longe, tem servido

de suporte indispensável para isso. O uso das tecnologias da informação e comunicação que

cada vez mais convergem entre si, tem sido uma verdadeira arma na busca pelo crescimento

econômico e, isso vai desde a acessibilidade a produtos e serviços essenciais como o próprio

governo eletrônico, cada vez mais presente em cidades interioranas. Outro fator determinante

na relação entre TIC e desenvolvimento é a própria oferta de serviços básicos que necessitam

de uma boa infra-estrutura de comunicação, como por exemplo, possibilitar maneiras mais

eficazes e rápidas de comunicação entre pessoas e grupos.

        Para Castells (1999) a sociedade se organiza hoje a partir de vários fluxos, como os de

capital, de informação e de tecnologias, todos sem dúvida intimamente ligados, em boa parte

pelo sistema capitalista vigente. A informação, segundo o autor, passa a ser um fator crítico

nesse processo e, neste caso, uma boa infra-estrutura tecnológica torna-se essencial.

        Tecnologias como a internet via rádio e via wirelles1, possibilitam o acesso a Internet

e, consequentemente permite ao acesso a serviços que em sua maioria só podem ser acessados

através dela, um benefício com resultados positivos principalmente em localidades mais

isoladas. Porém, devemos considerar que algo básico como até mesmo o transporte de pessoas

e a rede elétrica chegam a ser precários em alguns lugares e, no caso da energia elétrica pode

simplesmente não existir. Essas limitações destoam o território, assim como vários outros,

das regiões metropolitanas do país. O acesso aos produtos e serviços advindos da

1
 Uma rede sem fio que conecta computadores sem a necessidade do uso de cabos – sejam eles telefônicos,
coaxiais ou ópticos – por meio de equipamentos que usam radiofrequência (comunicação via ondas de rádio) ou
comunicação via infravermelho.
23



informatização ainda é escasso no território em comparação com outras partes do Brasil,

sobretudo quando comparado o que se vê na região sudeste.



       2.1 O papel das TIC e o desenvolvimento territorial.




       Um dos primeiros autores de destaque que abordaram o conceito de território foi

Claude Raffestin (1993). Merece destaque na sua obra o caráter político do território, bem

como a sua compreensão sobre o conceito de espaço, geográfico, pois o entende como

substrato, um palco, pré-existente ao território.


                               É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O
                               território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida
                               por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível.
                               Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente […] o ator
                               “territorializa” o espaço. (RAFFESTIN, 1993, p. 143).




       Dentro dessa concepção o território é tratado, principalmente, com ênfase político-

administrativa, como o território nacional, espaço físico onde se delimita uma ordem jurídica

e política; um espaço medido e definido pela ação humana. Santos (1996) adverte que não

devemos confundir território e espaço, para ele “a mesma paisagem, a mesma configuração

territorial, nos oferecem, no transcurso histórico, espaços diferentes” (SANTOS, 1996, p. 77).

Já Rogério Haesbaert (1997) analisa o território com diferentes enfoques. No jurídico-político,

segundo ele, “O território é visto como um espaço delimitado e controlado sobre o qual se

exerce um determinado poder, especialmente o de caráter estatal”. Há também a abordagem

culturalista, prioriza dimensões simbólicas e mais subjetivas, o território é visto como

“produto da apropriação feita através do imaginário e/ou identidade social sobre o espaço”. E

por fim a visão econômica, que destaca a desterritorialização sob a perspectiva material, como
24



“produto espacial do embate entre classes sociais e da relação capital-trabalho”.

       Segundo Brunet (1990), o território é um espaço "construído como um espaço de

relações sociais, onde há o sentimento de pertencimento dos atores locais à identidade

construída”. O autor ainda se refere a possíveis laços de solidariedade que são criados entre os

atores desse processo. Já Scheren-Warren (1998) fala de uma perspectiva multiculturalista. De

fato, no caso participar do território do sisal, muitas são as discussões por parte da população

em relação a sua demarcação, principalmente por parte de municípios cuja atividade

econômica não gira em torno da cadeia produtiva do sisal, uma postura errônea, se levarmos

em conta as acepções aqui levantadas.

       Com base na política dos territórios instituída pelo Ministério do Desenvolvimento

Agrário (MDA), em 2004 a Coordenação Estadual de Desenvolvimento (CET) homologou

oficialmente o Território do Sisal. A planta Agave, popularmente conhecida como sisal deu

origem ao nome do território. O cultivo do sisal não deve ser considerado o único e

determinante elo entre os municípios para que eles sejam considerados integrantes de um

mesmo território. Devem-se considerar também, os diversos fatores históricos comuns a esses

municípios, fatores culturais e geográficos, fatores estes que os tornam próximos.

       A própria maneira como os diversos poderes dominantes se estruturam e atuam

também devem ser levados em conta. A construção social de um território, portanto, pode ou

não ser associada a estratégias de valorização de produtos locais, de forma diferenciada,

conforme afirma Flores (2006). Ao discutirmos sobre desenvolvimento em um território é

necessário também abordar sobre o próprio conceito de desenvolvimento. Vejamos o que diz

Sachs (2005):


                        O potencial de desenvolvimento de um país depende em primeira instância da sua
                        capacidade de se pensar, em segundo da sua habilidade a por em obra o projeto
                        político e só em última instância, do grau de desenvolvimento do seu aparelho
                        produtivo. (Sachs, 2005. p. 15)
25




       O autor menciona projeto, neste caso um projeto nacional. Mas, em se tratando de um

território, pensar num projeto que abranja um único território, como no caso particular do

território sisaleiro, é necessário pensar em desenvolvimento local. Num território onde além

das instituições privadas e governos sociedade civil também exerce intensa influência nos

processos sociais e econômico, essa rede de grupos e pessoas se torna ainda mais complexa,

muitas vezes com choque de interesses, ações paralelas sem a mesma eficácia de possíveis

ações convergentes. Streek (1997) destaca a importância dessas redes sociais para a

estratégia a inovação, influenciando até mesmo no nível de competitividade. Nesse sistema de

organização social entram cena as tecnologias da informação não apenas como meras

coadjuvantes, já que um capital social, bem estruturado, que conta com uma infra-estrutura

que dê conta de suas demandas de acesso, troca, processamento e distribuição da informação,

terá mais possibilidade de êxito em suas atividades.

       A visão dicotômica do Estado e mercado como reguladores do desenvolvimento

necessitam de agente intermediários, segundo Muls (2008), neste caso são as instituições com

ações de cunho produtivo e/ou de regulação social, o que corrobora com a visão de Santos

(1996) em que o processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da

natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza. Sobre o desenvolvimento local nos

trás um interessante enfoque:



                       É a partir do espaço geográfico que se dá a solidariedade orgânica; tais atividades,
                       não importa o nível, devem sua criação e alimentação às ofertas do meio geográfico
                       local […] na verdade, mudadas as condições políticas, é nesse espaço banal que o
                       poder público encontraria as melhores condições para sua intervenção. Trata-se,
                       aqui, da produção local de uma integração solidária, obtida mediante solidariedades
                       horizontais internas, cuja natureza é tanto econômica, social e cultural como
                       propriamente geográfica. A sobrevivência do conjunto, não importa que os diversos
                       agentes tenham interesses diferentes, depende desse exercício da solidariedade,
                       indispensável ao trabalho, e que gera a visibilidade do interesse comum (Santos,
                       2000, p. 110).
       A essa ideia de desenvolvimento citada por Milton também pode ser somada a noção
26



de sustentabilidade, o que necessita da descoberta das potencialidades locais, nasce então a

ideia do desenvolvimento sustentável, o que abandona a visão de desenvolvimento apenas sob

o aspecto econômico. Este conceito de desenvolvimento preza pelo reprocessamento dos

recursos naturais e valorização do capital humano, bem como a melhoria das condições de

vida das populações. Sachs (1993) aponta algumas dimensões da sustentabilidade:



       1) Sustentabilidade social: consiste na criação de um processo de desenvolvimento

civilizatório baseado no ser e que seja sustentado por uma maior eqüidade no ter, nos direitos

e nas condições das amplas massas da população, diminuindo a distância entre os padrões de

vida dos mais ricos e dos mais pobres;

       2) Sustentabilidade econômica: possibilita uma eficiência macro-social, reduzindo os

custos sociais e ambientais;

       3) Sustentabilidade ambiental: aumenta a capacidade de uso dos recursos naturais

através da utilização de recursos renováveis e da limitação do uso de recursos não-renováveis

ou ambientalmente prejudiciais;

       4) Sustentabilidade espacial: está voltada a uma configuração rural-urbana mais

equilibrada;

       5) Sustentabilidade cultural: respeita a continuidade das tradições culturais e até

mesmo a pluralidade das soluções particulares.

       O desenvolvimento sustentável se refere principalmente às conseqüências dessa

relação na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente como futura. Por

isto, atividade econômica, meio ambiente e bem –estar social formam o tripé básico do seu

conceito. Ele tem várias dimensões: cultural, política, econômica, ambiental, espacial e social

(BRASIL, 2002)

       O papel das tecnologias da informação e comunicação desempenhando uma função de
27



elemento dinamizador, que automatiza tarefas, que proporciona economia, fortalecendo ações

coletivas e colaborativas é essencial na busca pelo desenvolvimento sustentável.



       2.2.1 O Território do Sisal



       O Território do Sisal está localizado no semi-árido do nordeste do estado (a cerca de

240 km de Salvador). Segundo dados do IBGE (2007) o território possui 552.713l habitantes,

dos quais 63% ocupam a área rural, sendo formado por 25 municípios: Serrinha, Conceição

do Coité, Araci, Monte Santo, Tucano, Itiúba, Santaluz, Cansanção, Riachão do Jacuípe •

Queimadas, Quijingue, Valente, Teofilândia, Pé de Serra, Biritinga, Barrocas, Capela do Alto

Alegre, Lamarão, Nordestina, Retirolândia, Candeal, São Domingos, Nova Fátima, Ichu e

Gavião.

       A economia do território é baseada na agricultura familiar, com destaque para o sisal,

que historicamente tem em sua fibra um dos principais sustentáculos do desenvolvimento

sustentável da região. Há ainda a forte contribuição de estabelecimentos comerciais e das

feiras-livres. A agricultura familiar é também uma importante fonte de renda no Território, e

constitui um dos critérios para dividir o território. Não há muitas indústrias, mas algumas

empregam um número satisfatório de pessoas nos municípios onde estão instaladas, já as

prefeituras são os maiores empregadores.

       O veículo de comunicação mais popular e de maior impacto presente no território é a

rádio comunitária, presente em praticamente todos os municípios. Muitas dessas rádios ainda

enfrentam dificuldade para manter-se no ar (além da falta de financiamento) por ainda não

estarem homologadas, o que gera problemas junto à ANATEL (Agência Nacional de

Telecomunicações). O órgão recebe inúmeras críticas pelos seus métodos em visitas de

fiscalização junto com a polícia federal. A região também conta com jornais impressos e
28



informativos institucionais de entidades da sociedade civil e prefeituras, além de blogs e sites

de notícias.

       A cultura é bastante diversificada, os municípios têm fortes traços culturais que vão

desde as artes como a música, artesanato às festas tradicionais (religiosas ou não). Para as

manifestações coletivas o destaque fica por conta das festas juninas, o São Pedro, festas de

padroeiros e padroeiras, e diversas outras manifestações religiosas como o candomblé. Na

culinária algumas “iguarias” da região como a farinha de mandioca está sempre presente,

além do licor, que é muito apreciado, principalmente nos festejos juninos. A literatura é outro

traço cultural – apesar do apoio escasso – importante. A região aos poucos vem sendo

naturalmente influenciada por fenômenos como a cultura digital e sua sociedade da

informação, provocando uma convivência entre traços culturais advindos da globalização com

aspectos culturais nativos do território, como a música e a culinária

       O Território é amplamente conhecido pela atuação do terceiro setor nos seus diversos

municípios, destacam-se iniciativas que funcionam sob as bases do associativismo e do

cooperativismo, é o que ocorre no município de Valente a cerca 240 KM de Salvador. O

município, que segundo o IBGE conta com 21 mil habitantes ganhou muito destaque na

região quando passou a sediar três das instituições sociais com maior abrangência em suas

atividades no território: a Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores

Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia (FATRES), a Cooperativa Valentense de

Crédito Rural Sicoob-Coopere e a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da

Região Sisaleira (APAEB). A APAEB se dá por meio de projetos sociais como assistência

técnica a agricultores familiares ligados à cadeia produtiva do sisal e a ovinocaprinocultura.




Infra-estrutura Tecnológica do Território Sisaleiro da Bahia
29




       Assim como ocorre em muitas regiões distantes dos grandes centros urbanos do país, o

território sisaleiro, ainda carece de um mapeamento que realmente leve em conta toda a sua

infra-estrutura tecnológica, sobre tudo as que possibilitam acesso às TIC. Com a implantação

do Centros de Difusão Digital (CDCs), salas com computadores conectados a Internet e

disponibilizados gratuitamente para a população, isso através da iniciativa da Secretaria de

Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, exemplo das demais cidades do estado, todo os

municípios do território do sisal contam com pelo menos um CDC, funcionando através do

suporte de instituições como no casa da câmara municipal de Vereadores do Município de

Valente. A infra-estrutura que possibilita a conexão à internet são em sua maioria segundo os

próprios provedores de acesso, links contratados juntos a empresa Telemar. A imensa maioria

dos usuários domésticos e comerciais dos territórios tem acesso à internet graça a pequenos

provedores que a partir de um link contratado, que normalmente não supera os 20 Megabytes

por segundo. Geralmente são oferecidos planos de acesso que vão de 64 Kbps (60 kbytes por

segundo) à 300 Kbps. Algo muito longe da média dos grandes centros urbanos.

       Poucas cidades oferecem serviços com link de Internet com uma velocidade aceitável

para os padrões atuais de banda Larga que devem ser de no mínimo 300 kbps, a exemplo de

Serrinha e Conceição do Coité, que já possuem acesso através de empresas coma a Velox,

oferecendo links de até 500 Kbps. A conexão oferecida pelos provedores locais se dá via rádio

com uso de antenas, o que tem possibilitado, por exemplo, o acesso de pessoas que moram em

comunidades rurais. O sistema via cabo ainda é pouco utilizado, tendo como maior exemplo o

município de Valente, onde dois provedores oferecem o serviço através do cabeamento de

rede em boa parte da sede do município. Os maiores parques tecnológicos são de posse das

prefeituras, e suas estruturas ramificadas através de departamentos e secretarias. Com a

instalação de torres de telefonia celular em boa parte dos municípios, acelerada a partir de
30



2004, aos poucos o uso de modens que permitem acesso através da banda de telefonia celular

vem se disseminando, o mesmo acontece com redes wireless que ainda são raras.




        2.2.3 O Avanço das TIC e seus Impactos no Território Sisaleiro



        No território sisaleiro, até fins da década de 1990 só era possível contar em larga

escala com acesso a rádio e televisão, este último, sem produção local. Nos primeiros anos

dessa primeira década do século XXI, acompanhando diversas outras regiões do país, o

território vivenciou uma verdadeira proliferação de estabelecimentos onde se cobra o acesso a

computadores conectados à Internet, popularmente chamado de Lan House, que são ainda os

principais meios de acesso a Internet para a população em geral1, e provedores locais de

acesso à grande rede, que a cada dia tem mais clientes domésticos.

        A informatização já é visível em vários setores da produção de bens e serviços, que vai

desde o uso de computadores em pequenas mercearias, a redes que interligam dezenas de

computadores em instituições da sociedade civil, instituições governamentais e empresas.

Essa realidade aos poucos vem instalando na maioria dos municípios do território, ainda que

as mudanças mais visíveis estão restrita às sedes dos municípios, estas normalmente

concentram apenas a metade da população local. Esses impactos não podem ainda serem

vistos com clareza entre a população rural, mas já é possível ver aparelhos celulares em

comunidades onde não há sinal de telefonia móvel, além de computadores instalados em

associações de moradores que os recebem ou compram através de doações. Um dos maiores

entraves ainda é a falta de estrutura básica, como a acesso à energia elétrica, um problema que

vem sendo amenizado, principalmente nos últimos dez anos, mas ainda não foi sanado em

1
 Segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, o CGI.br, em 2007, as lan houses detém hoje cerca de 49% dos
acessos à internet no país
31



muitas localidades.




                      CAPÍTULO III
32



                                 As TIC e as Instituições

                             Sociais do Território Sisaleiro




       Oliveira (1987) relata que vários fatores evitaram inicialmente o surgimento de

organizações e movimentos sociais no território sisaleiro, dentre os quais destacam-se a

atuação das oligarquias que souberam ao longo da história, controlar a população através da

insegurança, do medo, e da dependência econômica, o segundo fator não menos importante

foi o relativo isolamento da região. Foi só a partir da década de 1970 - período em que não só

no Vale do silício iniciou-se uma revolução – que algumas oligarquias locais, juntamente com

seguimentos da Igreja Católica, partiram para a criação dos primeiros sindicatos de

trabalhadores rurais, com atuação meramente assistencialista e, num primeiro momento

oferecendo serviços como assistência odontológica, ainda que precária.

Em meados daquela década, outros segmentos da Igreja Católica – da ala progressista –

lideraram o surgimento de iniciativas de organização social através das chamadas

Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), promovendo a integração de pautas comuns entre

várias comunidades, voltadas pra temáticas como acesso à terra e trabalho. Após alguns anos

lá estavam os camponeses disputando eleições nos sindicatos até então dominados pelas

oligarquias. Logo sindicatos passaram a surgir a partir da iniciativa de lideranças sociais. Aos

poucos se estabelecia no território do sisal um ambiente propício fervilhar práticas de

cooperativismo e associativismo. O mapeamento dos empreendimentos sociais e solidários do

território, por parte do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira

do Estado da Bahia (CODES) ainda está em curso, sem prazo para seu término, mas até 2007,

contava com 117 iniciativas catalogadas.



       3.1     O Papel dos Movimentos Sociais e a Existência de Políticas Públicas para a
33



Promoção do Desenvolvimento.


        Na visão de Touraine (1977) movimentos sociais podem ser definidos como ações

   coletivas associadas à luta por interesses, associados à organização social, a mudanças na

   esfera social e cultural. GOHN (1995) afirma que os novos movimentos sociais se

   contrapõem aos “velhos” e historicamente tradicionais movimentos sociais em suas

   práticas e objetivos:




                           São ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais
                           pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e
                           criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-
                           se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos,
                           litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que
                           cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta
                           identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da
                           base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo. Para
                           GOHN (1995, p. 44).



       Num território marcado pelo clima seco, e que muito depende da agricultura,

problemas como falta de empregos e infra-estrutura básica como energia elétrica, saneamento

básico e desemprego, a atuação dos poderes públicos municipais, que estão mais próximos da

população, ainda que com a ajuda dos governos estadual e federal, estão longe de serem

suficientes para garantir um mínimo de qualidade de vida para a população permitindo o

acesso a direitos básicos como saúde, educação e alimentação. Entre os municípios do

território sisaleiro, poucos se destacam por ações isoladas que podem ser caracterizadas como

políticas eficazes para a promoção do desenvolvimento, entram em cena as instituições

sociais, que tomam para si, a tarefa contribuir com a sustentabilidade das localidades por meio

de projetos financiados por editais de ministérios como o do desenvolvimento agrário, um dos

que mais atuam junto às instituições locais.

       Em paralelo à atuação das instituições, sejam elas de pequeno porte atuando em
34



comunidades rurais, ou aquelas que chegam a ter uma atuação em boa parte do território, está

o trabalho CODES, surgido a partir das mobilizações da sociedade civil que culminaram com

a efetivação do território, instituição que gerencia boa parte dos investimentos captados junto

ao governo federal para serem aplicados ao desenvolvimento do território, a exemplo dos

Arranjos Produtivos Locais (APLs), que destinam recursos para determinadas áreas como

agricultura a partir de uma série de ações pré-estabelecidas. A diretoria do CODES é

composta por representantes de instituições sociais do território.




       3.2     Três Iniciativas de Destaque na Promoção do Desenvolvimento Regional




       Apesar do grande número de instituições sociais sediadas no território sisaleiro,

poucas têm foco em uma atuação que atinja mais de um município, seja pelos próprios

objetivos que elas têm, seja por limitações financeiras e/ou operacionais para dar maior

abrangência às suas atividades. Dificuldades como contratação e manutenção de um quatro de

funcionários que atenda as demandas geradas por uma atuação em um território tão vasto, a

fonte de investimentos que garantam a continuidade do trabalho são alguns dos principais

entraves. Apesar de tais desafios, algumas iniciativas vêm realizando um trabalho voltado

para populações de vários municípios, e não apenas das que possuem sede, é o caso da

APAEB (Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira),

FATRES (Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Semi-

árido da Bahia), e Sicoob-Coopere (Cooperativa Valentense de Crédito Rural). As três

instituições, sediadas no município de Valente possuem pontos em comum - apesar da

natureza jurídica e atuação - que merecem ser destacados, como o fato de terem surgido a

partir do fortalecimento do movimento sindical no território, em especial no município de
35



Valente, que concentra boa parte dos investimentos voltados para o movimento social. Além

de declararem-se parceiras, ambas as instituições têm como foco principal de atuação a

promoção do desenvolvimento no território a partir de suas práticas de cooperativismo,

associativismo e atuação sindicalista.

         Vale aqui destacar que em sua natureza jurídica, apesar de terem objetivos com um

alto grau de convergências, estas entidades têm suas distinções, sendo elas uma cooperativa,

uma fundação e uma associação. Conforme consta na conceituação de associação no código

civil brasileiro, a APAEB se organiza a partir da união de pessoas que se organizam para fins

não econômicos. O Sicoob-coopere se enquadra no artigo 3º da Lei nº5.764/71, que define

uma cooperativa como uma instituição que tem por finalidade a prestação de serviços aos

associados para o exercício de uma atividade comum, econômica, sem que tenham objetivo de

lucro.

         No caso da FATRES o código civil define fundação como sendo uma pessoa jurídica

de direito privado sem fins lucrativos. Uma fundação é constituída pela destinação de um

patrimônio para a execução de determinados fins, no caso dela, a execução de projetos que

beneficiam os sindicatos e consequentemente as pessoas filiadas. A APAEB, a FATRES e o

Sicoob-Coopere adotam para si o conceito de desenvolvimento sustentável, o que parece ser

mais apropriado, sobretudo para um território sitado no semi-árido baiano, onde problema

como desemprego e seca são históricos. Para entendermos melhor como se dá a atuação delas,

bem como se organizam, foi traçado um perfil destas entidades, conforme pode ser visto na

tabela a seguir:




                     Tabela – Caracterização das instituições estudadas
36




   Caracterização            APAEB                 FATRES                  Sicoob-coopere
Caráter Jurídico       Associação             Fundação                  Cooperativa de
                                                                        Crédito
Áreas de atuação       Assistência técnica    Educação do campo,        Crédito rural
                       Rural, produção de     crédito rural, política
                       tapetes e carpetes,    agrícola e agrária,
                       apoio político e       preservação do meio
                       pedagógico à cadeia    ambiente,
                       produtiva do sisal e   sindicalismo e
                       caprinovinocultura,    segurança alimentar.
                       educação do campo,
                       inclusão digital,
                       atividades de
                       preservação
                       ambiental.
Cidades onde atua      Valente, São           São Domingos,             Valente, Retirolândia,
                       domingos,              Valente, Santa Luz,       Coité, Quixabeira,
                       Retirolândia, Santa    Queimadas, Itiúba,        Nova Fátima, Gavião,
                       Luz, Queimadas         Nordestinha,              Capim grosso.
                                              Cansanção, Monte
                                              Santo, Tucano, Araci,
                                              Serrinha, Ichú,
                                              Candeal, Coité,
                                              Retirolândia,
                                              Barrocas, Biritinga e
                                              Quijingue.
Quantidade de          500                    Aproximadamente           45
funcionários                                  50
Pessoas associadas                                       -              12 mil
Pessoas Beneficiadas   3.000 famílias         3.000 famílias                      -




      3.2.1 A APAEB
37




        A Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário Da Região Sisaleira

(APAEB), segundo consta no site da instituição1 é uma associação sem fins lucrativos,

fundada em 1980, que tem como missão promover o desenvolvimento social e econômico

sustentável e solidário, visando a melhoria da qualidade de vida da população da Região

Sisaleira. A associação surgiu a partir da municipalização da APAEB que até o início da

década de 1990 era uma entidade estadual com filiais em Feira de Santana, Serrinha, Araci e

Valente. Com a separação cada filial se tornou independente, a situada em Valente logo

ganhou grande projeção, sendo a mais conhecida, o principal motivo que a levou a ter tanto

destaque foi o fato de ter adotado atividades produtivas, não se limitando à ações de cunho

social. A APAEB Valente manteve a sigla antiga e, vem atuando com um conjunto de ações

voltadas para o desenvolvimento sustentável, não apenas em seu município sede, sendo

reconhecida como a maior entidade da sociedade civil do Território Sisaleiro.

        Todas ações visam a melhoria da qualidade de vida de agricultores e indiretamente de

toda a população, tendo como princípio norteador “promover o desenvolvimento econômico e

social sustentável, visando a melhoria da qualidade de vida do pequeno produtor rural da

Região Sisaleira”. Dentre suas ações destacam-se o programa de convivência com o semi-

árido dando ênfase a seca, o trabalho de fomento às cadeias produtivas do sisal e da

caprinovinocultura.

        A associação possui sua sede no município de Valente, bem como as sedes de seus

vários projetos, a exemplo de um clube sócio-recreativo, uma escola agrícola, uma indústria

de tapetes e carpetes de sisal, uma batedeira comunitária2, uma loja de produtos do artesanato

de sisal e um laticínio com produção voltada para o leite de cabra.


1
 www.apaeb.com.br
2
 A batedeira comunitária o local onde a fibra do sisal é selecionada conforme sua qualidade, processada e
pesada, sendo a partir daí destinada para a comercialização da fibra como matéria prima para diversos fins.
38



       O escritório central coordena a gerência de todos os setores, estes por sua vez possuem

coordenação própria. Tudo é interligado por uma rede de quase cem computadores

interligados via rede. No escritório central também funciona um setor de informática com

profissionais que buscam atender as necessidades – principalmente emergenciais – da

instituição que também mantém seu próprio servidor de internet. A APAEB faz um uso

sistemático de diversas TIC, conforme pode ser verificado na tabela abaixo, o parque

tecnológico da instituição conta com uma significativa estrutura, se levarmos em consideração

o fato de se tratar de uma associação de pequenos agricultores.



                            Infra-estrutura tecnológica da APAEB

Computadores                         92
Rede interna                         Interliga todos os computadores
Acesso à Internet                    Em todos os computadores
Ramais                               72
“Plano Empresa”        de   telefonia 30 linhas móveis com comunicação gratuita entre
Celular                               diretores, gerentes e outros funcionários.
Site                                 Hospedado em servidor próprio
Servidor próprio                     3 servidores
Comunicação via VOIP                 Não possui
Setor de informática                 Emprega 3 funcionários


       Dentre as três instituições pesquisadas, a APAEB é sem dúvida a que mais investe em

tecnologia e a que possui um parque tecnológico mais complexo, é também a que mais tem

pessoas em seu quadro de funcionários. A aplicação de tecnologias da informação e

comunicação está presente em todos os seus setores e departamentos. Com exceção à

indústria de tapetes que a associação mantém, todos os outros setores exigem um

conhecimento específico da área de informática, sobretudo na utilização do sistema

operacional e aplicações para tarefas específicas. As TIC só não estão presentes em tarefas de

campo, como a assistência técnica feita por agrônomos da associação.
39



       A tarefa de promoção da melhoria da qualidade de vida da população, conforme consta

na missão institucional da entidade, é a visão de desenvolvimento empregada por sua

diretoria. Para atingir um nível de desenvolvimento satisfatório, a associação acredita que é

necessário oferecer conhecimento e apoio técnico aos agricultores para se tornarem cada vez

mais autônomos em suas atividades, o que inclui também a adesão aos mais modernos

métodos de trabalho. Outra preocupação apontada pela direção da entidade está nas atividades

de formação, que visam mudanças de postura e ações mais eficazes entre os agricultores

familiares, principalmente nas cadeiras produtivas do sisal e da caprinovinocultura.

       A utilização de tecnologias para gerir as atividades em seus departamentos tem sido

umas das prioridades da APAEB nos últimos anos, segundo a diretoria da associação. Apesar

disso, quando se trata do trabalho junto às famílias assistidas por ela, agricultores e

comunidade em geral, faltam referências metodológicas para implantar o uso das TIC com

esse direcionamento. A alegação da entidade é a falta de um modelo de utilização destas

tecnologias que vá além do simples processo de troca de e-mails entre gerentes, e o uso de

planos de telefonia móvel para a redução de custos.

       Não há dúvida de que o resultado do uso das TIC nesses processos de gerenciamento

de atividades influencia nos resultados percebidos entre a população, mas ter consciência do

real potencial das tecnologias para a sua atuação é indispensável para que a associação

encontre a melhor maneira de canalizar o uso de sua estrutura que vem a cada ano sendo

modernizada, para seus esforços de promoção de desenvolvimento.




       3.22 FATRES
40




        A FATRES, que a exemplo da APAEB também possui um website1 é uma instituição

que articula 18 sindicatos de trabalhadores rurais em vários municípios do território2, tendo

sua sede no município de Valente. É uma entidade civil, sem fins lucrativos, de natureza

beneficente, considerada de utilidade pública municipal e estadual. Desde sua fundação em

1996, a FATRES direciona sua atuação aos trabalhadores rurais, tendo como foco de

estratégia de atuação o trabalho junto a diferente e lideranças sindicais rurais. A FATRES

prioriza ações de cunho formativo com temas como as políticas públicas para o fortalecimento

da agricultura familiar, cooperativismo, associativismo e formação sindical. Suas ações são

realizadas através de projetos voltados para a captação de recursos para a implementação de

projetos que beneficiam agricultores tendo os sindicatos como seus principais parceiros.

        Devido a sua composição, que se estabelece como uma verdadeira rede de instituições,

o uso de tecnologias para a gerência de atividades e, principalmente a comunicação, torna-se

indispensável. A sua missão institucional visa contribuir para a construção do

desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, voltado para a melhoria das condições

sociais de vida dos agricultores as familiares do território, visando a sua permanência na

unidade produtiva familiar, numa perspectiva de fortalecimento da agricultura familiar. O

parque tecnológico da instituição, conforme pode ser visto na tabela abaixo, não possui um

número significativo de instrumentos, mas segundo sua diretoria é o suficiente para suas

demandas.




                               Infra-estrutura Tecnológica da FATRES

1
 www.fatres.org
2
 Sindicatos Filiados à FATRES: São Domingos, Valente, Santa. Luz, Queimadas, Itiúba, Nordestina, Cansanção,
Monte Santo, Tucano, Araci, Serrinha, Ichú, Candeal, Conceição do Coité, Retirolândia, Barrocas, Biritinga,
Quijingue.
41



          Computadores                         14
          Rede interna                         Interligando 7 computadores
          Acesso à Internet                    Em todos os computadores
          Ramais                               7
          “Plano Empresa” de                   20 linhas móveis com
          telefonia Celular                    comunicação gratuita entre os
                                               sindicatos além outros
                                               funcionários.
          Site                                 Hospedado em servidor de
                                               terceiro
          Servidor próprio                     Não possui
          Comunicação via VOIP                 Não possui
          Setor de informática                 Todo o suporte é terceirizado



       A FATRES, apesar de sua demanda de comunicação abranger tantas instituições em

sua rede de articulação, é a instituição - entre as estudadas – que menos emprega pessoas, e

que menos investe em tecnologia, porém pela própria natureza de sua constituição e atuação,

que se dá à partir de uma rede, o seu trabalho é descentralizado. Cabe à fundação apenas a

tarefa de gerenciar processos que por sua vez são operacionados nas comunidades através dos

sindicatos filiados, sua grande demanda acaba sendo a de comunicação. Ao contrário das

outras instituições abordadas neste trabalho, ela não possui um setor de informática, tampouco

dispõe de funcionários para esta área. O uso de TIC se restringe à troca de e-mails e o uso de

comunicadores instantâneos.

       Conforme consta em sua missão institucional, a FATRES tem como principal objetivo

em seu trabalho pelo desenvolvimento das comunidades por ela assistidas, não é, muito

diferente do que é proposto pela APAEB e Sicoob-Coopere, a idéia central é contribui para o

desenvolvimento social do território, por meio do fortalecimento da economia, sobretudo em

relação à agricultura familiar. O seu trabalho é realizado por meio de projetos, em sua maioria

financiados pelo governo federal.

       As linhas de ação da FATRES são postas em prática através do assessoramento
42



político-pedagógico aos sindicatos filiados. Todo esse trabalho é gerido a partir da sede,

localizada em Valente. O trabalho em campo é realizado por técnicos e agentes, contratados

através dos projetos desenvolvidos nas áreas de assistência técnica rural, e ações de formação,

através de oficinas, cursos e palestras voltados para políticas publicas rurais, que abrangem

temas como política agrária, segurança alimentar. O uso das TIC é voltado principalmente

para a comunicação entre a sede os sindicatos filiados, o site da FATRES (www.fatres.org) é

utilizado para a divulgação da instituição, publicação de editais e outras informações de

interesse de seu público, mas não constitui um canal direto com as comunidades, já que estas

em sua maioria não possuem acesso à internet.

          A exemplo da APAEB, para a diretoria da FATRES, falta-lhes um modelo de gestão

das TIC, para que elas não sejam sub-aproveitadas apenas como meros instrumentos de

automação e aceleração de processos diários, como envio de documentos e comunicação

interna e externa.




          3.2.3 Sicoob-Coopere




          A economia solidária supõe ações através da organização de trabalhadores que se

contrapõem ao formato vigente de relações econômicas excludentes, principalmente na gestão

de meio de produção, comercialização e cŕedito. No quesito crédito solidário, no território o

destaque fica por conta da Cooperativa Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere).

Conforme consta em seu site website1, a cooperativa surgiu em meio ao movimento social que

desde os anos 70 vinha lutando para criar melhores condições de vida na região, por meio da

união e organização dos trabalhadores rurais. Sua missão institucional é “promover a

1
    www.sicoob-coopere.coop.br
43



economia solidária, através da prestação de serviços financeiros e assistência técnica, visando

o desenvolvimento sustentável da região sisaleira do estado da Bahia”.

        A cooperativa tem sua sede localizada no município de Valente e outros seis postos de

atendimento cooperativo (PACs) em diferentes municípios do Território Sisaleiro1. Além das

atividades financeiras, como movimentação bancária, a cooperativa que é composta por um

quadro de cooperados também promove cursos de capacitação em cooperativismo e gestão

financeira para grupos e pessoas filiadas a ela, através de seu departamento de educação

cooperativista (DEC).

        Por se tratar de uma instituição financeira, o uso das tecnologias da informação e

comunicação é crucial em sua rotina de trabalho. A sede da instituição – a exemplo da APAEB

– também possui um setor de informática. Sua diretoria afirma que a cooperativa é a maior do

Nordeste do país em número de associados contabilizando em 2009 doze mil. Sua missão

institucional é “promover o desenvolvimento econômico e social sustentável, visando a

melhoria da qualidade de vida do pequeno produtor rural da região sisaleira”. A exemplo das

demais instituições, sua missão foi definida quando o termo território do sisal ainda não tinha

sido adotado pelo governo federal. A exemplo da APAEB, a cooperativa tem um parque

tecnológico significativo, conforme pode ser visto na tabela a seguir.




1
 PACs do Sicoob-coopere: Retirolândia, Conceição do Coité, Nova Fátima, Gavião, Capim Grosso e
Quixabeira.
44



                             Infra-estrutura tecnológica do Sicoob-Coopere

      Computadores                                     50
      Rede interna                                     Interliga todos os
                                                       computadores
      Ramais                                           30 distribuídos nas 3
                                                       principais agências
                                                       (Valente, Coité e
                                                       Capim Grosso)
      “Plano Empresa” de telefonia                     30 linhas móveis
      Celular                                          com comunicação
                                                       gratuita entre
                                                       diretores, gerentes e
                                                       outros funcionários.
      Site                                             Hospedado em
                                                       servidor de terceiros
      Servidor próprio                                 2 servidores
      Comunicação via VOIP                             Comunicando todas
                                                       as agências
      Setor de informática                             Emprega 1
                                                       funcionário


             Entre as três instituições aqui estudadas o Sicoob-Coopere é a que demonstra maior

dependência em relação o uso da TIC. Praticamente todo o seu sistema de gerenciamento de

dados e comunicação se dá por meio de sua rede interna e sue conexão à Internet. Diretores,

funcionários e a própria gerência de informática da cooperativa afirmam que sem o pleno

funcionamento da rede, boa parte dos serviços prestados a população são inviabilizados,

principalmente pelo fato que uma instituição financeira tem como um dos principais

requisitos técnicos para o seu funcionamento, a sua conectividade com o sistema que integra

as demais instituições, e isso inclui o próprio Banco Central do Brasil, com o qual eles

possuem uma conexão direta que não necessita de seu link de Internet.

             Das instituições pesquisadas, a cooperativa é que a mais emprega tecnologias que

visam a economia de gastos, para isso ela utiliza a comunicação via VOIP1, comunicadores


1
    Voz sobre IP, também chamado VoIP, telefonia IP, telefonia Internet, telefonia em banda larga e voz sobre
45



instantâneos e softwares livres, ainda que o sistema operacional instalado nos computadores

será pago.

        É através do seu departamento de educação cooperativista que a cooperativa exerce

suas principais atividades que a aproxima da comunidade, através de visitas a localidades

rurais, cursos, palestras, oficinas, e assessoramento a pequenas iniciativas que também se

utilizam do sistema de organização por cooperativa. Os responsáveis pelo setor afirmam que

muitas das atividades realizadas só são viabilizadas graças ao investimento que a instituição

emprega em seu parque tecnológico, mas também afirmam que devido às carências de muitas

localidades do território, como a falta de energia, inviabilizam o uso dessas tecnologias em

diversas ocasiões.

        A partir dos relatos de funcionários do setor, e de seus programas de trabalho, verifica-

se uma preocupação em aplicar com eficácia as TIC disponíveis, ainda que elas sejam vistas

na maioria dos casos, como meras ferramentas que facilitam o dia-a-dia, diferentes das demais

instituições aqui estudadas, a cooperativa viabiliza muito de sua interação direta com as

comunidades assistidas a partir do uso de TIC,seja nas oficinas e atividades similares, seja em

sua intensa rotina de comunicação com grupos organizados em pequenas cooperativas que

também são encorajadas a se utilizar de tecnologias da informação e comunicação em suas

atividades.




banda larga é o roteamento de conversação humana usando a Internet ou qualquer outra rede de computadores
baseada no Protocolo de Internet, tornando a transmissão de voz mais um dos serviços suportados pela rede de
dados.
46




                        METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA



A metodologia aplicada na coleta e análise dos dados utilizados nesta pesquisa está descrita

no quadro a seguir:



           Etapas                         Técnicas                     Procedimentos

Fase I                          Análise documental              Leituras de livros, revistas,
Pesquisa Bibliográfica          e documentação indireta         pesquisas na Internet,
                                                                sistematização de anotações
                                                                e relatórios de palestras e
                                                                seminários.
Fase II                         Documentação direta             Leitura de relatórios
Pesquisa Exploratória                                           institucionais, estatutos das
                                                                instituições e sistematizações
                                                                de anotações em reuniões
Fase III                        Entrevistas                      - Observações in loco e
Pesquisa Descritiva             e análise de documentação       entrevistas com funcionários
Quantitativa/ Pesquisa          indireta                        das instituições;
Bibliográfica
                                                                 - Leitura de livros e
                                                                pesquisas na Internet.
Fase IV                         Entrevistas                     Observações in loco e
Pesquisa Descritiva                                             entrevistas com dirigentes
Qualitativa                                                     das instituições.




       Entrevistas



       No caso específico das entrevistas, os dados colaboraram tanto para a análise

quantitativa quanto a análise qualitativa. As entrevistas foram feitas em duas etapas (conforme

visto na tabela acima). Na primeira etapa foram realizadas entrevistas com dois grupos de

funcionários, no primeiro os ligados à área de informática. Com essas entrevistas coletados

dados sobre a infra-estrutura tecnológica das instituições, e a verificada a importância dada
47



pelas entidades aos setores responsáveis pela área de informática, com exceção á FATRES

que não possui um setor dedicado. O segundo grupo de funcionários entrevistados

compreendeu aqueles que lidam diretamente com a população assistida pelas entidades, a

exemplo de técnicos agrícola e educadores. O principal enfoque nestas entrevistas foi maneira

como esses profissionais que utilizam os recursos tecnológicos em suas atividades, a exemplo

da realização de palestras, oficinas, e a até mesmo a comunicação rotineira com pessoas e

grupos.

       A segunda etapa de entrevistas foi realizada com dirigentes das instituições, com o

objetivando a compreensão do papel das TIC nas tomadas de decisão das entidades.



       Coleta de dados em campo



       A coleta de dados em campo foi extremamente necessária para a obtenção de

informações relacionadas ao território em áreas como infra-estrutura e indicadores sociais.

Foram coletadas informações a partir de pesquisas realizadas pelos CODES, APAEB e pela

SECTI, além de dados disponíveis em websites a exemplo da página do Ministério do

Desenvolvimento Agrário, uma importante fonte de informações sobre os território de

identidade.
48




                               CONSIDERAÇÕES FINAIS



       Numa visão global está sociedade está se tornando um padrão civilizatório, o abismo

digital entre nações ainda é evidente, por sua vez, dentro dos países também existem esses

abismos. O grande desafio para um território como o sisaleiro é vencer suas limitações de

infra-estrutura. Enquanto essas limitações não forem drasticamente sanadas, o território estará

longe de vivenciar plenamente o que se pode chamar de sociedade da informação, destoando

do novo padrão civilizatório supracitado. Por entender a importância do investimento na área

de tecnologias as próprias entidades aqui abordadas destoam do território do sisal, que lhe

oferece inúmeros obstáculos até mesmo para a utilização dos recursos tecnológicos que elas

possuem.

       No que se refere ao uso das tecnologias da informação e comunicação, ambas as

entidades enxergam a importância do uso qualificado e sistemático destas para o bom

desempenho das atividades cotidianas, mas não parecem perceber essas ferramentas além de

suas funções operacionais. O uso de computadores, internet, telefonia além de outros aparatos

tecnológicos são enxergados na maioria das vezes apenas como ferramentas que facilitam o

trabalho do dia-a-dia, não é evidenciada nenhum correlação com o objetivo das atividades. A

compreensão do potencial de integração, automação, comunicação e inclusão das TIC é

extremamente necessária para que se tenha o devido proveito de todo o seu potencial.

       Baseado no que foi coletado e discutido com as instituições pesquisadas, podemos

indicar aqui algumas linhas de ação que visam um melhor proveito do uso das TIC com a

finalidade de usá-las como ferramentas que possam contribuir ainda mais na caminhadas

dessas instituições que buscam melhorar a qualidade de vida do público que elas assistem:

       - Elaborar e executar programas de educação com base nas TIC´s pra um melhor
49



aproveitamento destas tecnologias;

       - Explorar o potencial das TIC em momentos de planejamento de atividades;

       - Visualizar o campo de trabalho onde serão usadas determinadas tecnologias antes de

aplicar investimentos no parque tecnológico;

       - Não restringir o uso das TIC como meras ferramentas para comunicação, aceleração e

automação de tarefas, compreendo que novas alternativas de uso podem surgir a partir das

demandas locais.

       - Fazer do uso de tecnologias uma política e não apenas uma instrumentação operacional

para as atividades cotidianas;

       Vale salientar que essas ações precisam ser acompanhas de políticas e iniciativas mais

gerais, para tanto, é necessário o diálogo com os poderes públicos, sobre tudo municipais e

estadual, com a perspectiva voltada para políticas públicas que garantam estruturação e acesso

à tecnologias hoje tão fundamentais para desenvolvimento social de um território. Algo mais

além da implantação de centros comunitários de acesso a internet precisa ser feito por parte

do, como políticas nascidas a partir de discussões que levem em conta demandas locais. Além

de equipar-se tecnologicamente, é preciso adotar novas posturas, já que mudanças de ações

devem ser acompanhadas de mudanças de posturas. É preciso compreender que TIC não

requerem apenas investimentos, mas, sobretudo processos que envolvem tomadas de decisões

não raro ousadas, e que permitam canalizá-las juntamente com os esforços históricos que eles

já empreendem em sua luta pelo bem estar social do seu povo.
50




                                      REFERÊNCIAS




ANDRADE, Manuel Correia. A questão do território no Brasil. São Paulo: Hucitec; Recife:
IPESPE, 1995.

BARBERO, Jesus Martin. Tecnologias: Inovações Culturais e Usos Sociais. Edições
Loyola. São Paulo. 2002.

BARBOSA, Alexandre F. Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da
Comunicação no Brasil: TIC Domicílios e TIC Empresas 2008. São Paulo: Comitê Gestor
da Internet no Brasil, 2009.

BELL, Daniel. O Advento da Sociedade Pós-Industrial: uma tentativa de previsão social.
São Paulo: Ed. Cultrix, 1973.

BRASIL, Antônio C.P Júnior. Fundamentos para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília:
CDS/UnB, 2002

BRUNET, R.. Le territoire dans les turbulences. Paris, Reclus, 1990.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999

FLORES, M. A identidade cultural do território como base de estratégias de
desenvolvimento – uma visão do da arte. RIMISP, 2006.

GOHN, Maria da Glória. Movimentos e lutas sociais na história do Brasil. São Paulo:
Loyola, 1995

HAESBAERT, Rogério. Des-territorialização e identidade: a rede “gaúcha” no nordeste.
Niterói: EdUFF, 1997.

MULS, Leonardo Marco. Desenvolvimento Local, Espaço e Território: O Conceito de
Capital Social e a Importância da Formação de Redes entre Organismos e Instituições
locais. Niterói, UFF, 2008.

NAZARENO, Cláudio. Tecnologias da informação e sociedade: O Panorama Brasileiro.
Brasília : Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2006.

WOLTON, Dominique. Internet, e depois? Uma Teoria Crítica das Novas Mídias. Porto
Alegre : Sulina, 2007.

OLIVERA, Ildes Ferreira de. A Luta pela Autonomia e a Participação Política dos
Camponeses; um estudo nas micro-regiões de Feira de Santana e Serrinha, no Estado da
Bahia. Dissertação de Mestrado. Campina Grande. UFPB, 1987.
51



RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São
Paulo: Ática, 1993.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e
metodológicos da Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996.


SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal. São Paulo : Record, 2000.

SACHS, Ignacy. Desenvolvimento e cultura. Desenvolvimento da cultura. Cultura do
desenvolvimento. Organizações & Sociedade, Salvador, v.12, n.33, p.151-165, abr./jun. 2005.

SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: Crescer sem Destruir.1993.

SCHERER-WARREN, I. Ações coletivas na sociedade contemporânea e o paradigma das
redes. In: Sociedade e Estado. EDUNB. 1998.

STREECK, W. Benecial constraints: On the economic limits of rational voluntarism. In
Hollingsworth, R. & Boyer, R., editors. Cambridge University Press, New York. 1997.

TOURAINE, Alan. Movimentos sociais e idelogias nas sociedades dependentes. In:
Albuquerque, J. A. G. (org.). Classes médias e política o Brasil. Rio de Janeiro:
Terra e Paz, 1977.
52




                                         ANEXOS

                        Figura I – Mapa do Território do Sisal




Fonte: Instituto Tecnológico do Sisal (IDR)
53




                                           ANEXO 2

                      Figura 2 – Os territórios de identidade na Bahia




Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia
54




                                         ANEXO 3

Questionário para entrevistas semi-estruturadas com funcionários dedicados à área de

informática nas instituições pesquisadas.



       01 – Você considera que a instituição investe o suficiente em tecnologias da

informação e comunicação?

       02 – Quais as principais dificuldades do cotidiano da instituição em relação ao uso das

TIC?

       03 – Qual o número de computadores?

       04 – Existe uma política de redução de custos a partir do uso das TIC?
55




                                           ANEXO 4

Questionário para entrevistas semi-estruturadas com membros das diretorias das

instituições pesquisadas.



       01 – A investimento em tecnologias da informação e comunicação é considerado uma

das prioridades para a infra-estrutura da instituição?

       02 – O que você entende como desenvolvimento local?

       03 – Por que a missão da instituição visa especialmente o desenvolvimento?

       04 – Quais os principais desafios e perspectivas da instituição a médio e longo prazo

neste trabalho em prol do desenvolvimento do território?

       05 – Que relação você acredita que existe entre o uso das TIC e a busca pelo sucesso

no trabalham que realizam junto à comunidade?
Aplicação das tecnologias da informação e comunicação como ferramentas para o desenvolvimento do território do sisal
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Aplicação das tecnologias da informação e comunicação como ferramentas para o desenvolvimento do território do sisal

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Toni Chagas de Carvalho APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL Conceição do Coité 2010
  • 2. 2 Toni Chagas de Carvalho APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em comunicação, sob a orientação da professora Hanayana Brandão Guimarães Fontes Lima. Conceição do Coité 2010
  • 3. 3 Toni Chagas de Carvalho APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia sob a orientação da professora Hanayana Brandão Guimarães Fontes Lima Data: Resultado: BANCA EXAMINADORA Prof. (a) orientador: __________________________ Assinatura: Prof.: Assinatura: Prof.: Assinatura:
  • 4. 4 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado em especial à minha mãe Rilza, meu pai Antônio e minha irmã Adriana. Dedico também a todos os meus familiares que depositam tanta confiança no rumo de minha caminhada.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Muitos foram aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para minha formação como cidadão, não apenas na academia, como na vida. Nós somos tudo aquilo que tiramos da vida, e a vida vem em grande parte das trocas que fazemos, das vivências com pessoas e coisas. Todos constroem a si próprios sozinhos, mas toda a matéria prima surge a partir da interação, de conselhos que se dá e recebe, de informações compartilhadas e da confiança mútua. O resultado desta caminhada ao longo do curso, muito se deve ao fato de tantas pessoas terem acreditado em mim. A família vem em primeiro lugar, por ter acreditado desde o princípio, e pelo fato de que essa confiança e todo o carinho que sempre recebi nunca cessarão. Este trabalho também é fruto das discussões, aprendizado e a convivência com minha orientadora Hanayana Brandão, com quem felizmente compartilho o gosto pela temática que escolhi. Aproveito também para agradecer às instituições que fizeram parte dessa pesquisa, sobretudo as pessoas com as quais interagi durante os últimos meses, não medindo esforços para me munir de informações e vivências. Por fim agradeço aos colegas e professores do curso de comunicação social do campus XIV da UNEB, sem deixar de incluir o corpo de funcionários com quem também troquei muitas experiências e, aprendi que a vida acadêmica não está apenas na sala de aula.
  • 6. 6 RESUMO Aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação como Ferramentas para o Desenvolvimento do Território do Sisal Na primeira década do século XXI estamos acompanhando e fazendo parte da reafirmação da condição das tecnologias da informação e comunicação (TIC), como ferramentas essenciais para as mais diversas atividades humanas, tais como a comunicação e o acesso à informação. O desenvolvimento passa a depender cada vez mais de ações localizadas, muitas delas sem o apoio do Estado, nesse panorama é necessário entender qual o papel dessas tecnologias junto a iniciativas de promoção do desenvolvimento, não só por parte de governos e empresas, como também das instituições sociais. Muitas destas instituições, como acontece no Território Sisaleiro da Bahia, se tornaram o carro chefe das iniciativas de promoção do desenvolvimento em suas regiões, a exemplo da Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia (FATRES), A Cooperativa Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere) e a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira (APAEB), ambas sediadas no município de Valente. O objetivo deste trabalho é verificar como essas três instituições estão aplicando as tecnologias da informação e comunicação para a promoção do desenvolvimento no território. Palavras Chaves: TIC, tecnologia, informação, comunicação, desenvolvimento, território. Abstract Application of Information Technology and Communication as Tools for Development of Territory of Sisal In the first decade of this century we are witnessing and being part of the reaffirmation of the status of information and communication technologies (TIC) as essential tools for a variety of human activities, such as communication and access to information. At a time when the development comes to depend more and more localized actions, many without the support governments, it is necessary to understand what role these technologies together to initiatives promoting development not only by governments and businesses, but also by social institutions. Many of these institutions, such as sisal in the Territory of Bahia became the flagship initiatives to promote development in their regions, such as the Foundation for the Support of Rural Workers and Family Farmers in the region of Sisal and semi-arid of Bahia (FATRES), Cooperative Rural Credit Valentense (SICOOB-Cooperate) and the Sustainable Development Fund of the Sisal Region (APAEB), both based in the municipality of Valente. The objective of this study is to see how these three institutions are applying information technology and communication development perspective of the territory. Key words: ICTs, technology, information, communication, development, territory.
  • 7. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Mapa do Território do Sisal ............................................................................ 50 Figura 2 – Mapa dos Territórios de identidade .............................................................. 51
  • 8. 8 SUMÁRIO Capítulo 1: Tecnologias da Informação e da Comunicação e seus impactos na sociedade ................................................................................. 13 1.1 O papel das TIC na formação da sociedade da informação................................................................................................ 15 1.2 Características de uma nova sociedade............................................... 15 1.3 O Contexto Brasileiro............................................................................ 18 Capítulo 2: As TIC e a questão regional.................................................... 22 2.1 O papel das TIC e o desenvolvimento regional ................................. 23 2.2 O território do Sisal .............................................................................. 27 2.2.1 Infra-estrutura tecnológica do território sisaleiro da Bahia ................ 28 2.2.2 O avanço das TIC e seus impactos no território sisaleiro ............... 30 Capítulo 3: As TIC e as instituições sociais do território sisaleiro ........ 32 3.1 O papel dos movimentos sociais e a existência de políticas públicas para a promoção do desenvolvimento................................................... 33 3.2 Três iniciativas de destaque na promoção do desenvolvimento regional.................................................................................................. 34 3.2.1 A APAEB............................................................................................ 37 3.2.2 FATRES ........................................................................................... 40 3.2.3 Sicoob-coopere ............................................................................... 42 Metodologia aplicada na pesquisa ............................................................. 46 Considerações finais ................................................................................... 48 Referências ................................................................................................... 50 Anexos ........................................................................................................... 52
  • 9. 9 INTRODUÇÃO Os avanços da eletrônica vêm sendo responsáveis por enormes mudanças na forma como as pessoas têm acesso e lidam com a informação. O rádio e o cinema, dentre tantas outras tecnologias surgidas a partir do final do século XIX foram extremamente importantes para os fenômenos que vislumbramos a partir da década de 1970. A partir daí vieram o computador pessoal e a internet, que provocaram uma aceleração jamais vista na circulação da informação, criando as bases fundamentais para o que se tornaria a “sociedade da informação”. Como toda revolução tecnológica, esta, impulsionada pelas tecnologias da informação e comunicação também suscitou dilemas a partir de questionamentos sobre benefícios e malefícios trazidos junto com elas. A revolução que temos em curso se difere bastante do que vimos na primeira e na segunda revolução industrial. A primeira revolução industrial apoiou-se no amplo uso de informações, aplicando conhecimentos que já estavam disponíveis décadas antes. Já na segunda revolução industrial, ocorrida depois de 1850, a ciência teve um papel fundamental na promoção das inovações tecnológicas, participação que pode ser exemplificada no importante papel dos primeiros laboratórios de pesquisa e desenvolvimento (P&D), na indústria química alemã no final do século XIX. A centralidade dos conhecimentos e informação foi uma característica marcante em ambas as ocasiões. Vivemos um momento histórico onde novamente nossa cultura material sofre grandes transformações, mas o potencial de participação de empresas, governos e pessoas em esfera global é o seu grande diferencial. Tal nível de participação se deve principalmente à livre fluência da informação em meio às possibilidades de interação entre as pessoas de forma jamais vista, além da impossibilidade de centralização do controle desse infindável fluxo de informação e comunicação. O potencial desse fluxo hoje é medido para ser base para várias constatações, inclusive em relação ao nível
  • 10. 10 de desenvolvimento de um povo. Para muitos o próprio grau de desenvolvimento pode ser medido de acordo com a produção e acessibilidade às tecnologias da informação e comunicação. No Brasil e mais especificamente no estado da Bahia a política dos territórios nos dá a oportunidade de pensar o desenvolvimento a partir de necessidades localizadas, e promovido por quem conhece as demandas e desafios de sua realidade. Uma região que não inova os seus meios de produção e comunicação e que não busca uma infra-estrutura institucional e até mesmo material, pode se distanciar muito da direção que hoje aponta para o desenvolvimento, um caminho que perpassa cada vez mais pelo uso das TIC, já que sem elas é impossível inserir-se no globalizado mundo das redes telemáticas. Para começar, comunicação é um elemento fundamental para quem busca o desenvolvimento, e esta vem sendo cada vez mais atrelada às novas tecnologias, sobretudo as que utilizam a Internet. Quando se trata de um território, com toda sua diversidade política e cultural, percebemos que o desenvolvimento necessita de uma infra-estrutura de comunicação informatizada, que explore o potencial das tecnologias implantadas de uma maneira que vá além da comunicação, mas também da circulação e processamento da informação. A partir dessas premissas, veremos ao longo do presente trabalho, um panorama do uso das tecnologias da informação e comunicação na perspectiva do desenvolvimento no Território Sisaleiro. No primeiro capítulo veremos como se deu a partir da década de 1970, o desenvolvimento e disseminação das novas tecnologias da informação e comunicação, inicialmente a partir do uso crescente dos computadores pessoais e logo depois da Internet, importantes ferramentas que nos possibilitam hoje vivenciar a chamada “sociedade da informação”. Veremos também como essa nova sociedade se caracteriza e, como as tecnologias da informação e comunicação que tanto colaboraram para sua instalação estão inseridas em seus diferentes contextos.
  • 11. 11 No segundo capítulo chegamos ao recorte que nos interessa nessa pesquisa: compreender as TIC no contexto do desenvolvimento. Neste ponto traremos um panorama do uso das TIC no Território Sisaleiro da Bahia, com um levantamento sobre a infra-estrutura voltada para essas novas tecnologias e os impactos da crescente adesão a estas, principalmente nesta primeira década do século XXI. No nosso terceiro e último capítulo, faremos uma análise do papel das TIC para a promoção do desenvolvimento no território a partir da adesão de instituições sociais à essas tecnologias, aplicando-as em suas atividades, abordaremos aqui o trabalho de três instituições que se destacam na promoção de desenvolvimento no território: a Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia (FATRES), da Cooperativa de Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere) e da Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira (APAEB). Por fim serão apresentadas as considerações finais, como resultado das análises das informações coletadas.
  • 12. 12 CAPÍTULO I Tecnologias da Informação e da Comunicação e Seus Impactos na Sociedade Desde o início do século XX pesquisadores agrupados em escolas, movimentos ou simplesmente linhas de pensamento vem tentando entender a importância da comunicação e suas implicações na sociedade. Do telefone aos primeiros computadores foram décadas de pesquisas científicas e evoluções tecnológicas que para os padrões de hoje não promoveram mudanças tão rápidas na sociedade, mas o impacto e possibilidades surgidas desde então - principalmente no campo da comunicação – são inquestionáveis. Para Wolton (2000) o que difere a revolução causada por tecnologias como o rádio, o telefone, a televisão e mais tarde o computador é a violenta ruptura causada por elas, a introdução e a assimilação dessas tecnologias se deu de forma tão rápida que nos parece que estão aí desde sempre. O que vemos desde a década 1970 é uma aceleração ainda maior desse processo. O autor chega a afirmar que “para muitos, a quantidade de computadores conectados à internet parece o índice mais preciso sobre o grau de desenvolvimento de um país, até mesmo de inteligência...” (2000). As tecnologias da informação e comunicação segundo o conceito de Castells (1999) são “o conjunto convergente de tecnologias de microeletrônicas, computação (software e hardware), telecomunicações/radiodifusão e optoeletrônica”. Na América latina o contexto apontado por Wolton ganha uma dimensão cultural cheia de questionamentos, principalmente ao relacionarmos a disseminação das TIC e o desenvolvimento. Já Barbero (2002), também se preocupa com o tema, e afirma que na América Latina, a imposição acelerada dessas tecnologias aprofunda o processo de mascaramento da modernização, que talvez não esteja se dando de maneira realmente eficaz, já que é preciso antes de tudo avaliar o potencial de apropriação e identificação cultural das
  • 13. 13 populações, antes de promover mudanças de hábitos e posturas tão radicais. 1.1 O Papel das TIC na Formação da Sociedade da Informação Se na década de 1950 computadores pesando toneladas deram início a uma incrível revolução tecnológica, fazendo com que governos e empresas promovessem mudanças radicais no modo de vida das pessoas, foi a partir da década de 1970 que iniciou-se um processo em que pessoas comuns em suas casas ou no trabalho, passariam a participar de forma direta e extremamente ativa nas transformações sociais promovidas pelo uso crescente das novas tecnologias. A situação do capitalismo mundial nesse período foi decisiva para o impulso e desenvolvimento das tecnologias advindas do computador. Mattelart (2008) traz um interessante panorama dessa época quando surge um alarmante diagnóstico da situação do sistema capitalista vigente, com ênfase no que ocorria nas Europa Ocidental, América do Norte e Japão. Esse fenômeno possibilitou uma aproximação entre países mais ricos, principalmente o que compunham o G81, o que trouxe grandes avanços no que diz respeito a intercâmbios, movimento de capitais e uma “flexibilização” das empresas na fluidez das redes planetárias. A sociedade da informação pareceu o ambiente mais propício para o capitalismo, que em crise se apegou à uma industrialização focada no surgimento de novas tecnologias. O que ocorreu após esse período, segundo este autor, foi uma apropriação quase sem fronteiras dos muitos benefícios dessa nova ordem econômica. Na década de 1980, principalmente nos Estados Unidos os computadores deixaram de ser usados exclusivamente pelas grandes empresas, para estarem presentes nas casas das 1 O grupo G8 reúne os líderes (presidentes e primeiros ministros) do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos.
  • 14. 14 pessoas, que por sua vez, utilizaram-no também para produzir conhecimentos, com o advento na Internet, esse conhecimento ganhou um importante de espaço de disseminação e troca. Vemos cada vez mais a influência da iniciativa privada, muitas vezes em sinergia com essa nova configuração de produção e consumo de bens não apenas materiais. Nas décadas 1970 e 1980 o capitalismo vislumbrou e, portanto, ajudou a criar uma sociedade na qual a partir da década 1990 as tecnologias da informação e da comunicação passaram a ditar as regras da produção do mercado de bens e, até mesmo constituir este mercado. Para Castells (1999), dois aspectos desse período que valem até os dias de hoje merecem destaque: o primeiro deles é o fato de que as descobertas e as aplicações – e foram muitas – interagiam entre si e eram testadas continuamente, assim, aprendia-se fazendo. Os usuários passaram a utilizar tecnologias recentemente desenvolvidas, decorrendo novas potencialidade de uso e, até mesmo aprimorando-as, a exemplo do uso cada vez mais freqüente das linguagens de programação. O segundo aspecto diz respeito à multiplicidade de atores nesses processos, como centros de pesquisa, universidades, empresas de tecnologia avançada, e para citar algumas estavam lá a IBM, a Xerox e as recém nascidas e não menos importantes nesse processo, Apple e Microsoft. E apesar da já estabelecida rede on-line a concentração espacial também foi fundamental, o maior exemplo deles é o famoso Vale do Silício nos Estados Unidos, que abrange várias cidades do estado da Califórnia, ao sul de São Francisco, como Palo Alto e Santa Clara, estendendo-se até os subúrbios de San José. Pode-se dizer este lugar, com atuações destas e outras empresas de tecnologia, foi o grande celeiro que possibilitou o atual estágio de informatização que o mundo vive. Enquanto a Inglaterra sediou boa parte dos grandes acontecimentos ocorridos na primeira e na segunda Revolução Industrial, os Estados Unidos foram palco do nascimento da sociedade da informação. Atualmente as inovações proporcionadas pelas tecnologias da informação e comunicação vão desde a telefonia via internet, oferecendo possibilidades de conversas em
  • 15. 15 áudio sem custos adicionais, à criação de verdadeiras comunidades virtuais visando desde o entretenimento às ações educacionais e colaborativas. As TIC estão atreladas à boa parte das atividades de rotina dos indivíduos, possibilitando interação de pessoas e grupos, reunião de informações, compartilhamento e distribuição destas, cristalizando a formação de uma nova sociedade. Para tanto, uma gigantesca infra-estrutura tecnológica foi erguida em escala mundial, através de ações sinérgicas de governos e empresas, estão inclusas redes de telefonia, interconexões de cabos de fibra ótica, satélites, sistemas energéticos e centros empresariais. A sociedade da informação só foi possível mediante uma logística técnica e operacional, impulsionadas principalmente por grandes conglomerados econômicos, envolvendo empresas de telecomunicações, entretenimento e governos. Sem a venda desenfreada de computadores, máquinas associadas ao desenvolvimento e ao acesso ao mundo de possibilidades que a conectividade oferecida pelo sistema de redes gerou, sem a telefonia celular, cada vez mais presente no cotidiano de praticamente todos os países, e sem Internet, maior fluxo de informação e comunicação já criado, a sociedade da informação estaria apenas em histórias de ficção científica, aguardando um futuro propício acontecer, mas, essa grande revolução já configura nossa realidade. 1.2 Características de Uma Nova Sociedade. Antes de abordamos sobre as características dessa nova sociedade que vivenciamos, é importante ressaltar que mesmo o termo para denominar essa sociedade é alvo de muitos debates. Os termos “Sociedade da informação” e “Sociedade do Conhecimento” são os mais difundidos. Em 1973, o sociólogo estadunidense Daniel Bell usou a noção da sociedade de informação. Ele o utilizou ao falar que essa nova sociedade - a partir daquela década - seria
  • 16. 16 sustentada pela informação. O termo sociedade do conhecimento, muito usado em publicações da UNESCO, por exemplo, se popularizou bem depois, principalmente em publicações na década de 1990. Alguns teóricos preferem ainda outras terminologias. Castells (1999), por exemplo, prefere adotar o termo: Sociedade em rede. A exemplo da maioria das publicações, a Organização das Nações Unidas (ONU) também parece ter adotado o termo “informação” ao realizar a Cimeira Mundial da Sociedade da Informação (CMSI), o termo cimeira é comumente substituído por cúpula. Nos encontros promovidos pela cimeira, o debate entre adeptos dos termos “conhecimento” e “informação” também ocorreu. O fato é que o termo sociedade da informação é tão difundido, que nas formulações de outras propostas, ele tende a ser tomado como referência, apesar de ser alvo de críticas de quem o vê como alusão exclusiva às tecnologias, preferindo assim, o termo conhecimento por sua maior amplitude. Como mostrado no início deste capitulo, Barbero (2002) analisou a sociedade da informação na América Latina tomando a cultura como um elemento importante em sua análise, ainda que esta seja muitas vezes desconsiderada nos planos de globalização com um largo alcance das TIC como parte de interesses “transnacionais”. O fato é que a revolução promovida a partir do uso massivo das TIC pode ser vista como fruto de uma mudança radical em nossa cultura material, mas com consequências inevitáveis em nossa cultura imaterial, perpassando assim pelos vários âmbitos da sociedade. Para Wolton (2000) essas tecnologias “encorajam a capacidade de criação”. É importante, claro, ressaltar outra afirmação onde Wolton (2000) diz que é normal ver uma simetria entre o sonho de uma sociedade “mundialista” e a própria globalização da economia, esta ultima pode até ser o objetivo principal, sendo a integração cultural e comunicacional de forma global, apenas uma forma de manutenção dessa globalização econômica. Mas, ainda assim, o que se verifica nas relações entre empresas, entre estas e seus
  • 17. 17 funcionários, entre governos, e até mesmo entre pessoas comuns é um processo de apropriação, uso e criação que não parece cessar, ou até mesmo desacelerar tão cedo, sem falar da diversificação de seus usos, oferecendo possibilidades que vão além dos interesses de multinacionais e governos. Como afirma Mattleart (2008), “uma nova configuração de atores sociais e profissionais começou a distanciar-se das dinâmicas dominantes e a reapropriar-se da questão das tecnologias da informação e da comunicação”. Um fenômeno interessante apontado por ele, mostra que a informação e o saber são cada vez mais considerados como bens imateriais passivos de apropriação. De fato, ao analisarmos o contexto das patentes nos últimos 100 antes, veremos que enquanto no início do século XX as invenções ocuparam com soberania as discussões acerca das patentes, hoje, cada vez mais idéias são patenteadas, produtos intelectuais não palpáveis, como codificações de softwares são motivos de verdadeiras guerras jurídicas e, constituem o maior patrimônio de muitas dessas empresas. Não por coincidência, existe atualmente um amplo debate em torno do direito intelectual. Ainda resgatando análises comparativas entre o que ocorre hoje e o que aconteceu nas primeira e segunda revolução industrial, vale resgatar uma importante caracterização desses dois períodos trazida por Castells: ... um aumento repentino e inesperado de aplicações tecnológicas que transformou os processos de produção e distribuição, criou uma enxurrada de novos produtos e mudou de maneira decisiva a localização das riquezas e do poder no mundo, que, de repente, ficaram ao alcance dos países e elites capazes de comandar o novo sistema tecnológico. (Castells, 1999, p 71). Verificamos hoje o que Wolton (2000) chama de “oferta e demanda de informação”, onde a constatação das necessidades de informação e comunicação, sobretudo nas “sociedades desenvolvidas” acaba por legitimar mercados como o da Web e, atender a tais necessidades acaba sendo para muitos um caminho fundamental para o progresso, e como
  • 18. 18 questiona Wolton, “quem se colocaria contra o progresso?”. Esse mercado comum promovido pela Internet está reforçando cada vez mais o fenômeno das convergências. Nosso consumo há muito tempo já não está mais restrito à feira livre de nossa comunidade, às lojas no centro ou a negociar com pessoas próximas, com as quais precisamos sentar juntos e negociar. A “rede e o ser” citados por Casttels (1999) se confundem. A identidade do ser está cada vez mais constituída de fragmentos que permeiam a imensa rede mundial, traçada por uma integração que não é meramente virtual, essa integração virtual parece ser apenas o primeiro passo, o terreno no qual rapidamente uma integração concreta se constitui. Culturas diversas nos chegam através do cinema, televisão, rádio e Internet, e logo abrem caminho para equipamentos eletrônicos, roupas e até alimentos. 1.3 O Contexto Brasileiro No Brasil, o que ocorreu nas últimas quatro décadas não é muito diferente do que aconteceu em muitos países da América Latina. Depois do populismo de Vargas com o projeto de modernização do país, veio a troca da modernização pela idéia do progresso, o que foi levado a cabo pela ditadura militar. Na busca pelo desenvolvimento foi necessário instituir uma verdadeira integração nacional, começava a nascer a grande e complexa infra-estrutura de telecomunicações no país, o que antes serviu prioritariamente as redes de televisão principalmente, com a ação do para promover a importante integração e consolidação de uma nação, hoje se converte numa infra-estrutura tecnológica que vai além das telecomunicações, o que só foi possível com intervenção da iniciativa privada, principalmente a partir da década de 1990 e as privatizações no Governo Fernando Henrique Cardoso. A infra-estrutura trazida pelas empresas de telefonia também impulsionou a disseminação do acesso à internet, hoje
  • 19. 19 em sua maioria operacionada por elas. A Política Nacional de Informática do País foi estabelecida da Lei nº 7.232, de 1984, e tem como objetivo “a capacitação nacional nas atividades de informática, em proveito do desenvolvimento social, cultural, político, tecnológico e econômico da sociedade brasileira”. Muitos dos dispositivos foram substituídos posteriormente pelas Leis nº 10.176, de 2001, e nº 11.077, de 2004, visando a adequação a uma realidade em que estavam se fortalecendo a produção e à comercialização de bens de informática e a abertura do mercado. Conforme Barbosa (2009) país pode mostrar agora em dados estatísticos o quanto as TIC estão se difundindo em boa parte de seu extenso território. Os resultados da pesquisa para o ano de 2008 mostraram que houve a intensificação no uso e na posse das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil: 18% dos domicílios brasileiros possuem computador com acesso à Internet e 34% da população nacional é usuária efetiva, ou seja, acessou a Web nos últimos três meses daquele ano. Os números ainda estão longe do ideal, com a informatização da sociedade cada vez maior, acessar produtos e serviços dependerá cada vez do acesso às tecnologias a quais eles estão condicionados, sem falar da própria acessibilidade oferecida pelo governo, que cada dia que passa se informatiza, o governo eletrônico está cada vez mais presente, mas acessá-lo ainda é um problema para a parcela da população desfavorecida nas estatísticas mostradas pelo relatório 2009 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI). Até a TV e o rádio digital no país passarão a oferecer e estimular o mercado de produtos e serviços computacionais dentro de seus universos como produtoras de demandas mercadológicas, principalmente no que se refere à televisão. Após o governo Fernando Henrique, marcado pelas privatizações e pela iniciativa privada, assumindo em boa parte e informatização do país e uma consequente popularização de TIC, os dois mandados do Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva estão sendo
  • 20. 20 marcados por iniciativas de inclusão digital, uso sistemático de softwares livres e a implantação gradativa de práticas de governo eletrônico, a partir da informatização de serviços e bancos de dados, por exemplo, algo que teve início no Governo Fernando Henrique Cardoso. As Nações Unidas realiza um estudo anual, onde os países são classificados de acordo com a sua infra-estrutura tecnológica. São utilizados os seguintes indicadores: percentual da população conectada à Internet; número de telefones fixos e móveis; quantidade estimada de computadores; e número relativo de aparelhos de televisão. O Brasil se tornou em 2009 o quinto maior do mundo, em termos absolutos, em acesso à Internet, por exemplo. A questão mais preocupante no Brasil segundo Nazareno (2006), é o cenário brasileiro da “infoexclusão”. No relatório chega-se a usar o termo “apartheid digital” entre as regiões geográficas brasileiras, e camadas sociais da população. Outros dados obtidos a partir da pesquisa realizada pela CGI, mostram alguns avanços importantes, e dizem respeito ao acesso individual à contas de e-mail. O número de usuários da Internet que possuem conta de e-mail gratuita passou de 55% em 2005 para 80% em 2008, um dado que também nos remete ao surgimento de novas demandas trazidas até mesmo pelo grande aumento na vendas de computadores. Outras tecnologias da informação e comunicação também foram alvos do estudo da CGI. O acesso ao telefone celular continuou com um crescimento significativo em 2008, comparado com 2006 e 2007, sendo um dos “principais vetores de inclusão da população brasileira ao uso de Tecnologias de Informação e Comunicação”. O ranking traçado pelo Comitê Gestor da Internet no país confirma que a televisão continua sendo um equipamento “praticamente universal” na área urbana (98%), seguida pelo rádio (87%) e pelo telefone celular (76%). Sobre o uso de computadores, a proporção de domicílios com é maior nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nos domicílios com renda familiar elevada e de classes sociais mais altas. Mesmo com o avanço desses índices, fica claro que tudo isso deve vir
  • 21. 21 acompanhado de políticas públicas voltadas não apenas para a acessibilidade, como também para a educação e capacitação do cidadão. CAPÍTULO II
  • 22. 22 As TIC e a Questão Regional É importante considerar que a própria informação é cada vez mais considerada como um instrumento básico para quem quer pensar em desenvolvimento. As modernas redes telemáticas e toda a sua ramificação estrutural que a cada dia chega mais longe, tem servido de suporte indispensável para isso. O uso das tecnologias da informação e comunicação que cada vez mais convergem entre si, tem sido uma verdadeira arma na busca pelo crescimento econômico e, isso vai desde a acessibilidade a produtos e serviços essenciais como o próprio governo eletrônico, cada vez mais presente em cidades interioranas. Outro fator determinante na relação entre TIC e desenvolvimento é a própria oferta de serviços básicos que necessitam de uma boa infra-estrutura de comunicação, como por exemplo, possibilitar maneiras mais eficazes e rápidas de comunicação entre pessoas e grupos. Para Castells (1999) a sociedade se organiza hoje a partir de vários fluxos, como os de capital, de informação e de tecnologias, todos sem dúvida intimamente ligados, em boa parte pelo sistema capitalista vigente. A informação, segundo o autor, passa a ser um fator crítico nesse processo e, neste caso, uma boa infra-estrutura tecnológica torna-se essencial. Tecnologias como a internet via rádio e via wirelles1, possibilitam o acesso a Internet e, consequentemente permite ao acesso a serviços que em sua maioria só podem ser acessados através dela, um benefício com resultados positivos principalmente em localidades mais isoladas. Porém, devemos considerar que algo básico como até mesmo o transporte de pessoas e a rede elétrica chegam a ser precários em alguns lugares e, no caso da energia elétrica pode simplesmente não existir. Essas limitações destoam o território, assim como vários outros, das regiões metropolitanas do país. O acesso aos produtos e serviços advindos da 1 Uma rede sem fio que conecta computadores sem a necessidade do uso de cabos – sejam eles telefônicos, coaxiais ou ópticos – por meio de equipamentos que usam radiofrequência (comunicação via ondas de rádio) ou comunicação via infravermelho.
  • 23. 23 informatização ainda é escasso no território em comparação com outras partes do Brasil, sobretudo quando comparado o que se vê na região sudeste. 2.1 O papel das TIC e o desenvolvimento territorial. Um dos primeiros autores de destaque que abordaram o conceito de território foi Claude Raffestin (1993). Merece destaque na sua obra o caráter político do território, bem como a sua compreensão sobre o conceito de espaço, geográfico, pois o entende como substrato, um palco, pré-existente ao território. É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente […] o ator “territorializa” o espaço. (RAFFESTIN, 1993, p. 143). Dentro dessa concepção o território é tratado, principalmente, com ênfase político- administrativa, como o território nacional, espaço físico onde se delimita uma ordem jurídica e política; um espaço medido e definido pela ação humana. Santos (1996) adverte que não devemos confundir território e espaço, para ele “a mesma paisagem, a mesma configuração territorial, nos oferecem, no transcurso histórico, espaços diferentes” (SANTOS, 1996, p. 77). Já Rogério Haesbaert (1997) analisa o território com diferentes enfoques. No jurídico-político, segundo ele, “O território é visto como um espaço delimitado e controlado sobre o qual se exerce um determinado poder, especialmente o de caráter estatal”. Há também a abordagem culturalista, prioriza dimensões simbólicas e mais subjetivas, o território é visto como “produto da apropriação feita através do imaginário e/ou identidade social sobre o espaço”. E por fim a visão econômica, que destaca a desterritorialização sob a perspectiva material, como
  • 24. 24 “produto espacial do embate entre classes sociais e da relação capital-trabalho”. Segundo Brunet (1990), o território é um espaço "construído como um espaço de relações sociais, onde há o sentimento de pertencimento dos atores locais à identidade construída”. O autor ainda se refere a possíveis laços de solidariedade que são criados entre os atores desse processo. Já Scheren-Warren (1998) fala de uma perspectiva multiculturalista. De fato, no caso participar do território do sisal, muitas são as discussões por parte da população em relação a sua demarcação, principalmente por parte de municípios cuja atividade econômica não gira em torno da cadeia produtiva do sisal, uma postura errônea, se levarmos em conta as acepções aqui levantadas. Com base na política dos territórios instituída pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em 2004 a Coordenação Estadual de Desenvolvimento (CET) homologou oficialmente o Território do Sisal. A planta Agave, popularmente conhecida como sisal deu origem ao nome do território. O cultivo do sisal não deve ser considerado o único e determinante elo entre os municípios para que eles sejam considerados integrantes de um mesmo território. Devem-se considerar também, os diversos fatores históricos comuns a esses municípios, fatores culturais e geográficos, fatores estes que os tornam próximos. A própria maneira como os diversos poderes dominantes se estruturam e atuam também devem ser levados em conta. A construção social de um território, portanto, pode ou não ser associada a estratégias de valorização de produtos locais, de forma diferenciada, conforme afirma Flores (2006). Ao discutirmos sobre desenvolvimento em um território é necessário também abordar sobre o próprio conceito de desenvolvimento. Vejamos o que diz Sachs (2005): O potencial de desenvolvimento de um país depende em primeira instância da sua capacidade de se pensar, em segundo da sua habilidade a por em obra o projeto político e só em última instância, do grau de desenvolvimento do seu aparelho produtivo. (Sachs, 2005. p. 15)
  • 25. 25 O autor menciona projeto, neste caso um projeto nacional. Mas, em se tratando de um território, pensar num projeto que abranja um único território, como no caso particular do território sisaleiro, é necessário pensar em desenvolvimento local. Num território onde além das instituições privadas e governos sociedade civil também exerce intensa influência nos processos sociais e econômico, essa rede de grupos e pessoas se torna ainda mais complexa, muitas vezes com choque de interesses, ações paralelas sem a mesma eficácia de possíveis ações convergentes. Streek (1997) destaca a importância dessas redes sociais para a estratégia a inovação, influenciando até mesmo no nível de competitividade. Nesse sistema de organização social entram cena as tecnologias da informação não apenas como meras coadjuvantes, já que um capital social, bem estruturado, que conta com uma infra-estrutura que dê conta de suas demandas de acesso, troca, processamento e distribuição da informação, terá mais possibilidade de êxito em suas atividades. A visão dicotômica do Estado e mercado como reguladores do desenvolvimento necessitam de agente intermediários, segundo Muls (2008), neste caso são as instituições com ações de cunho produtivo e/ou de regulação social, o que corrobora com a visão de Santos (1996) em que o processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza. Sobre o desenvolvimento local nos trás um interessante enfoque: É a partir do espaço geográfico que se dá a solidariedade orgânica; tais atividades, não importa o nível, devem sua criação e alimentação às ofertas do meio geográfico local […] na verdade, mudadas as condições políticas, é nesse espaço banal que o poder público encontraria as melhores condições para sua intervenção. Trata-se, aqui, da produção local de uma integração solidária, obtida mediante solidariedades horizontais internas, cuja natureza é tanto econômica, social e cultural como propriamente geográfica. A sobrevivência do conjunto, não importa que os diversos agentes tenham interesses diferentes, depende desse exercício da solidariedade, indispensável ao trabalho, e que gera a visibilidade do interesse comum (Santos, 2000, p. 110). A essa ideia de desenvolvimento citada por Milton também pode ser somada a noção
  • 26. 26 de sustentabilidade, o que necessita da descoberta das potencialidades locais, nasce então a ideia do desenvolvimento sustentável, o que abandona a visão de desenvolvimento apenas sob o aspecto econômico. Este conceito de desenvolvimento preza pelo reprocessamento dos recursos naturais e valorização do capital humano, bem como a melhoria das condições de vida das populações. Sachs (1993) aponta algumas dimensões da sustentabilidade: 1) Sustentabilidade social: consiste na criação de um processo de desenvolvimento civilizatório baseado no ser e que seja sustentado por uma maior eqüidade no ter, nos direitos e nas condições das amplas massas da população, diminuindo a distância entre os padrões de vida dos mais ricos e dos mais pobres; 2) Sustentabilidade econômica: possibilita uma eficiência macro-social, reduzindo os custos sociais e ambientais; 3) Sustentabilidade ambiental: aumenta a capacidade de uso dos recursos naturais através da utilização de recursos renováveis e da limitação do uso de recursos não-renováveis ou ambientalmente prejudiciais; 4) Sustentabilidade espacial: está voltada a uma configuração rural-urbana mais equilibrada; 5) Sustentabilidade cultural: respeita a continuidade das tradições culturais e até mesmo a pluralidade das soluções particulares. O desenvolvimento sustentável se refere principalmente às conseqüências dessa relação na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente como futura. Por isto, atividade econômica, meio ambiente e bem –estar social formam o tripé básico do seu conceito. Ele tem várias dimensões: cultural, política, econômica, ambiental, espacial e social (BRASIL, 2002) O papel das tecnologias da informação e comunicação desempenhando uma função de
  • 27. 27 elemento dinamizador, que automatiza tarefas, que proporciona economia, fortalecendo ações coletivas e colaborativas é essencial na busca pelo desenvolvimento sustentável. 2.2.1 O Território do Sisal O Território do Sisal está localizado no semi-árido do nordeste do estado (a cerca de 240 km de Salvador). Segundo dados do IBGE (2007) o território possui 552.713l habitantes, dos quais 63% ocupam a área rural, sendo formado por 25 municípios: Serrinha, Conceição do Coité, Araci, Monte Santo, Tucano, Itiúba, Santaluz, Cansanção, Riachão do Jacuípe • Queimadas, Quijingue, Valente, Teofilândia, Pé de Serra, Biritinga, Barrocas, Capela do Alto Alegre, Lamarão, Nordestina, Retirolândia, Candeal, São Domingos, Nova Fátima, Ichu e Gavião. A economia do território é baseada na agricultura familiar, com destaque para o sisal, que historicamente tem em sua fibra um dos principais sustentáculos do desenvolvimento sustentável da região. Há ainda a forte contribuição de estabelecimentos comerciais e das feiras-livres. A agricultura familiar é também uma importante fonte de renda no Território, e constitui um dos critérios para dividir o território. Não há muitas indústrias, mas algumas empregam um número satisfatório de pessoas nos municípios onde estão instaladas, já as prefeituras são os maiores empregadores. O veículo de comunicação mais popular e de maior impacto presente no território é a rádio comunitária, presente em praticamente todos os municípios. Muitas dessas rádios ainda enfrentam dificuldade para manter-se no ar (além da falta de financiamento) por ainda não estarem homologadas, o que gera problemas junto à ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações). O órgão recebe inúmeras críticas pelos seus métodos em visitas de fiscalização junto com a polícia federal. A região também conta com jornais impressos e
  • 28. 28 informativos institucionais de entidades da sociedade civil e prefeituras, além de blogs e sites de notícias. A cultura é bastante diversificada, os municípios têm fortes traços culturais que vão desde as artes como a música, artesanato às festas tradicionais (religiosas ou não). Para as manifestações coletivas o destaque fica por conta das festas juninas, o São Pedro, festas de padroeiros e padroeiras, e diversas outras manifestações religiosas como o candomblé. Na culinária algumas “iguarias” da região como a farinha de mandioca está sempre presente, além do licor, que é muito apreciado, principalmente nos festejos juninos. A literatura é outro traço cultural – apesar do apoio escasso – importante. A região aos poucos vem sendo naturalmente influenciada por fenômenos como a cultura digital e sua sociedade da informação, provocando uma convivência entre traços culturais advindos da globalização com aspectos culturais nativos do território, como a música e a culinária O Território é amplamente conhecido pela atuação do terceiro setor nos seus diversos municípios, destacam-se iniciativas que funcionam sob as bases do associativismo e do cooperativismo, é o que ocorre no município de Valente a cerca 240 KM de Salvador. O município, que segundo o IBGE conta com 21 mil habitantes ganhou muito destaque na região quando passou a sediar três das instituições sociais com maior abrangência em suas atividades no território: a Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia (FATRES), a Cooperativa Valentense de Crédito Rural Sicoob-Coopere e a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira (APAEB). A APAEB se dá por meio de projetos sociais como assistência técnica a agricultores familiares ligados à cadeia produtiva do sisal e a ovinocaprinocultura. Infra-estrutura Tecnológica do Território Sisaleiro da Bahia
  • 29. 29 Assim como ocorre em muitas regiões distantes dos grandes centros urbanos do país, o território sisaleiro, ainda carece de um mapeamento que realmente leve em conta toda a sua infra-estrutura tecnológica, sobre tudo as que possibilitam acesso às TIC. Com a implantação do Centros de Difusão Digital (CDCs), salas com computadores conectados a Internet e disponibilizados gratuitamente para a população, isso através da iniciativa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, exemplo das demais cidades do estado, todo os municípios do território do sisal contam com pelo menos um CDC, funcionando através do suporte de instituições como no casa da câmara municipal de Vereadores do Município de Valente. A infra-estrutura que possibilita a conexão à internet são em sua maioria segundo os próprios provedores de acesso, links contratados juntos a empresa Telemar. A imensa maioria dos usuários domésticos e comerciais dos territórios tem acesso à internet graça a pequenos provedores que a partir de um link contratado, que normalmente não supera os 20 Megabytes por segundo. Geralmente são oferecidos planos de acesso que vão de 64 Kbps (60 kbytes por segundo) à 300 Kbps. Algo muito longe da média dos grandes centros urbanos. Poucas cidades oferecem serviços com link de Internet com uma velocidade aceitável para os padrões atuais de banda Larga que devem ser de no mínimo 300 kbps, a exemplo de Serrinha e Conceição do Coité, que já possuem acesso através de empresas coma a Velox, oferecendo links de até 500 Kbps. A conexão oferecida pelos provedores locais se dá via rádio com uso de antenas, o que tem possibilitado, por exemplo, o acesso de pessoas que moram em comunidades rurais. O sistema via cabo ainda é pouco utilizado, tendo como maior exemplo o município de Valente, onde dois provedores oferecem o serviço através do cabeamento de rede em boa parte da sede do município. Os maiores parques tecnológicos são de posse das prefeituras, e suas estruturas ramificadas através de departamentos e secretarias. Com a instalação de torres de telefonia celular em boa parte dos municípios, acelerada a partir de
  • 30. 30 2004, aos poucos o uso de modens que permitem acesso através da banda de telefonia celular vem se disseminando, o mesmo acontece com redes wireless que ainda são raras. 2.2.3 O Avanço das TIC e seus Impactos no Território Sisaleiro No território sisaleiro, até fins da década de 1990 só era possível contar em larga escala com acesso a rádio e televisão, este último, sem produção local. Nos primeiros anos dessa primeira década do século XXI, acompanhando diversas outras regiões do país, o território vivenciou uma verdadeira proliferação de estabelecimentos onde se cobra o acesso a computadores conectados à Internet, popularmente chamado de Lan House, que são ainda os principais meios de acesso a Internet para a população em geral1, e provedores locais de acesso à grande rede, que a cada dia tem mais clientes domésticos. A informatização já é visível em vários setores da produção de bens e serviços, que vai desde o uso de computadores em pequenas mercearias, a redes que interligam dezenas de computadores em instituições da sociedade civil, instituições governamentais e empresas. Essa realidade aos poucos vem instalando na maioria dos municípios do território, ainda que as mudanças mais visíveis estão restrita às sedes dos municípios, estas normalmente concentram apenas a metade da população local. Esses impactos não podem ainda serem vistos com clareza entre a população rural, mas já é possível ver aparelhos celulares em comunidades onde não há sinal de telefonia móvel, além de computadores instalados em associações de moradores que os recebem ou compram através de doações. Um dos maiores entraves ainda é a falta de estrutura básica, como a acesso à energia elétrica, um problema que vem sendo amenizado, principalmente nos últimos dez anos, mas ainda não foi sanado em 1 Segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, o CGI.br, em 2007, as lan houses detém hoje cerca de 49% dos acessos à internet no país
  • 31. 31 muitas localidades. CAPÍTULO III
  • 32. 32 As TIC e as Instituições Sociais do Território Sisaleiro Oliveira (1987) relata que vários fatores evitaram inicialmente o surgimento de organizações e movimentos sociais no território sisaleiro, dentre os quais destacam-se a atuação das oligarquias que souberam ao longo da história, controlar a população através da insegurança, do medo, e da dependência econômica, o segundo fator não menos importante foi o relativo isolamento da região. Foi só a partir da década de 1970 - período em que não só no Vale do silício iniciou-se uma revolução – que algumas oligarquias locais, juntamente com seguimentos da Igreja Católica, partiram para a criação dos primeiros sindicatos de trabalhadores rurais, com atuação meramente assistencialista e, num primeiro momento oferecendo serviços como assistência odontológica, ainda que precária. Em meados daquela década, outros segmentos da Igreja Católica – da ala progressista – lideraram o surgimento de iniciativas de organização social através das chamadas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), promovendo a integração de pautas comuns entre várias comunidades, voltadas pra temáticas como acesso à terra e trabalho. Após alguns anos lá estavam os camponeses disputando eleições nos sindicatos até então dominados pelas oligarquias. Logo sindicatos passaram a surgir a partir da iniciativa de lideranças sociais. Aos poucos se estabelecia no território do sisal um ambiente propício fervilhar práticas de cooperativismo e associativismo. O mapeamento dos empreendimentos sociais e solidários do território, por parte do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia (CODES) ainda está em curso, sem prazo para seu término, mas até 2007, contava com 117 iniciativas catalogadas. 3.1 O Papel dos Movimentos Sociais e a Existência de Políticas Públicas para a
  • 33. 33 Promoção do Desenvolvimento. Na visão de Touraine (1977) movimentos sociais podem ser definidos como ações coletivas associadas à luta por interesses, associados à organização social, a mudanças na esfera social e cultural. GOHN (1995) afirma que os novos movimentos sociais se contrapõem aos “velhos” e historicamente tradicionais movimentos sociais em suas práticas e objetivos: São ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam- se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo. Para GOHN (1995, p. 44). Num território marcado pelo clima seco, e que muito depende da agricultura, problemas como falta de empregos e infra-estrutura básica como energia elétrica, saneamento básico e desemprego, a atuação dos poderes públicos municipais, que estão mais próximos da população, ainda que com a ajuda dos governos estadual e federal, estão longe de serem suficientes para garantir um mínimo de qualidade de vida para a população permitindo o acesso a direitos básicos como saúde, educação e alimentação. Entre os municípios do território sisaleiro, poucos se destacam por ações isoladas que podem ser caracterizadas como políticas eficazes para a promoção do desenvolvimento, entram em cena as instituições sociais, que tomam para si, a tarefa contribuir com a sustentabilidade das localidades por meio de projetos financiados por editais de ministérios como o do desenvolvimento agrário, um dos que mais atuam junto às instituições locais. Em paralelo à atuação das instituições, sejam elas de pequeno porte atuando em
  • 34. 34 comunidades rurais, ou aquelas que chegam a ter uma atuação em boa parte do território, está o trabalho CODES, surgido a partir das mobilizações da sociedade civil que culminaram com a efetivação do território, instituição que gerencia boa parte dos investimentos captados junto ao governo federal para serem aplicados ao desenvolvimento do território, a exemplo dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), que destinam recursos para determinadas áreas como agricultura a partir de uma série de ações pré-estabelecidas. A diretoria do CODES é composta por representantes de instituições sociais do território. 3.2 Três Iniciativas de Destaque na Promoção do Desenvolvimento Regional Apesar do grande número de instituições sociais sediadas no território sisaleiro, poucas têm foco em uma atuação que atinja mais de um município, seja pelos próprios objetivos que elas têm, seja por limitações financeiras e/ou operacionais para dar maior abrangência às suas atividades. Dificuldades como contratação e manutenção de um quatro de funcionários que atenda as demandas geradas por uma atuação em um território tão vasto, a fonte de investimentos que garantam a continuidade do trabalho são alguns dos principais entraves. Apesar de tais desafios, algumas iniciativas vêm realizando um trabalho voltado para populações de vários municípios, e não apenas das que possuem sede, é o caso da APAEB (Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira), FATRES (Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Semi- árido da Bahia), e Sicoob-Coopere (Cooperativa Valentense de Crédito Rural). As três instituições, sediadas no município de Valente possuem pontos em comum - apesar da natureza jurídica e atuação - que merecem ser destacados, como o fato de terem surgido a partir do fortalecimento do movimento sindical no território, em especial no município de
  • 35. 35 Valente, que concentra boa parte dos investimentos voltados para o movimento social. Além de declararem-se parceiras, ambas as instituições têm como foco principal de atuação a promoção do desenvolvimento no território a partir de suas práticas de cooperativismo, associativismo e atuação sindicalista. Vale aqui destacar que em sua natureza jurídica, apesar de terem objetivos com um alto grau de convergências, estas entidades têm suas distinções, sendo elas uma cooperativa, uma fundação e uma associação. Conforme consta na conceituação de associação no código civil brasileiro, a APAEB se organiza a partir da união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. O Sicoob-coopere se enquadra no artigo 3º da Lei nº5.764/71, que define uma cooperativa como uma instituição que tem por finalidade a prestação de serviços aos associados para o exercício de uma atividade comum, econômica, sem que tenham objetivo de lucro. No caso da FATRES o código civil define fundação como sendo uma pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos. Uma fundação é constituída pela destinação de um patrimônio para a execução de determinados fins, no caso dela, a execução de projetos que beneficiam os sindicatos e consequentemente as pessoas filiadas. A APAEB, a FATRES e o Sicoob-Coopere adotam para si o conceito de desenvolvimento sustentável, o que parece ser mais apropriado, sobretudo para um território sitado no semi-árido baiano, onde problema como desemprego e seca são históricos. Para entendermos melhor como se dá a atuação delas, bem como se organizam, foi traçado um perfil destas entidades, conforme pode ser visto na tabela a seguir: Tabela – Caracterização das instituições estudadas
  • 36. 36 Caracterização APAEB FATRES Sicoob-coopere Caráter Jurídico Associação Fundação Cooperativa de Crédito Áreas de atuação Assistência técnica Educação do campo, Crédito rural Rural, produção de crédito rural, política tapetes e carpetes, agrícola e agrária, apoio político e preservação do meio pedagógico à cadeia ambiente, produtiva do sisal e sindicalismo e caprinovinocultura, segurança alimentar. educação do campo, inclusão digital, atividades de preservação ambiental. Cidades onde atua Valente, São São Domingos, Valente, Retirolândia, domingos, Valente, Santa Luz, Coité, Quixabeira, Retirolândia, Santa Queimadas, Itiúba, Nova Fátima, Gavião, Luz, Queimadas Nordestinha, Capim grosso. Cansanção, Monte Santo, Tucano, Araci, Serrinha, Ichú, Candeal, Coité, Retirolândia, Barrocas, Biritinga e Quijingue. Quantidade de 500 Aproximadamente 45 funcionários 50 Pessoas associadas - 12 mil Pessoas Beneficiadas 3.000 famílias 3.000 famílias - 3.2.1 A APAEB
  • 37. 37 A Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário Da Região Sisaleira (APAEB), segundo consta no site da instituição1 é uma associação sem fins lucrativos, fundada em 1980, que tem como missão promover o desenvolvimento social e econômico sustentável e solidário, visando a melhoria da qualidade de vida da população da Região Sisaleira. A associação surgiu a partir da municipalização da APAEB que até o início da década de 1990 era uma entidade estadual com filiais em Feira de Santana, Serrinha, Araci e Valente. Com a separação cada filial se tornou independente, a situada em Valente logo ganhou grande projeção, sendo a mais conhecida, o principal motivo que a levou a ter tanto destaque foi o fato de ter adotado atividades produtivas, não se limitando à ações de cunho social. A APAEB Valente manteve a sigla antiga e, vem atuando com um conjunto de ações voltadas para o desenvolvimento sustentável, não apenas em seu município sede, sendo reconhecida como a maior entidade da sociedade civil do Território Sisaleiro. Todas ações visam a melhoria da qualidade de vida de agricultores e indiretamente de toda a população, tendo como princípio norteador “promover o desenvolvimento econômico e social sustentável, visando a melhoria da qualidade de vida do pequeno produtor rural da Região Sisaleira”. Dentre suas ações destacam-se o programa de convivência com o semi- árido dando ênfase a seca, o trabalho de fomento às cadeias produtivas do sisal e da caprinovinocultura. A associação possui sua sede no município de Valente, bem como as sedes de seus vários projetos, a exemplo de um clube sócio-recreativo, uma escola agrícola, uma indústria de tapetes e carpetes de sisal, uma batedeira comunitária2, uma loja de produtos do artesanato de sisal e um laticínio com produção voltada para o leite de cabra. 1 www.apaeb.com.br 2 A batedeira comunitária o local onde a fibra do sisal é selecionada conforme sua qualidade, processada e pesada, sendo a partir daí destinada para a comercialização da fibra como matéria prima para diversos fins.
  • 38. 38 O escritório central coordena a gerência de todos os setores, estes por sua vez possuem coordenação própria. Tudo é interligado por uma rede de quase cem computadores interligados via rede. No escritório central também funciona um setor de informática com profissionais que buscam atender as necessidades – principalmente emergenciais – da instituição que também mantém seu próprio servidor de internet. A APAEB faz um uso sistemático de diversas TIC, conforme pode ser verificado na tabela abaixo, o parque tecnológico da instituição conta com uma significativa estrutura, se levarmos em consideração o fato de se tratar de uma associação de pequenos agricultores. Infra-estrutura tecnológica da APAEB Computadores 92 Rede interna Interliga todos os computadores Acesso à Internet Em todos os computadores Ramais 72 “Plano Empresa” de telefonia 30 linhas móveis com comunicação gratuita entre Celular diretores, gerentes e outros funcionários. Site Hospedado em servidor próprio Servidor próprio 3 servidores Comunicação via VOIP Não possui Setor de informática Emprega 3 funcionários Dentre as três instituições pesquisadas, a APAEB é sem dúvida a que mais investe em tecnologia e a que possui um parque tecnológico mais complexo, é também a que mais tem pessoas em seu quadro de funcionários. A aplicação de tecnologias da informação e comunicação está presente em todos os seus setores e departamentos. Com exceção à indústria de tapetes que a associação mantém, todos os outros setores exigem um conhecimento específico da área de informática, sobretudo na utilização do sistema operacional e aplicações para tarefas específicas. As TIC só não estão presentes em tarefas de campo, como a assistência técnica feita por agrônomos da associação.
  • 39. 39 A tarefa de promoção da melhoria da qualidade de vida da população, conforme consta na missão institucional da entidade, é a visão de desenvolvimento empregada por sua diretoria. Para atingir um nível de desenvolvimento satisfatório, a associação acredita que é necessário oferecer conhecimento e apoio técnico aos agricultores para se tornarem cada vez mais autônomos em suas atividades, o que inclui também a adesão aos mais modernos métodos de trabalho. Outra preocupação apontada pela direção da entidade está nas atividades de formação, que visam mudanças de postura e ações mais eficazes entre os agricultores familiares, principalmente nas cadeiras produtivas do sisal e da caprinovinocultura. A utilização de tecnologias para gerir as atividades em seus departamentos tem sido umas das prioridades da APAEB nos últimos anos, segundo a diretoria da associação. Apesar disso, quando se trata do trabalho junto às famílias assistidas por ela, agricultores e comunidade em geral, faltam referências metodológicas para implantar o uso das TIC com esse direcionamento. A alegação da entidade é a falta de um modelo de utilização destas tecnologias que vá além do simples processo de troca de e-mails entre gerentes, e o uso de planos de telefonia móvel para a redução de custos. Não há dúvida de que o resultado do uso das TIC nesses processos de gerenciamento de atividades influencia nos resultados percebidos entre a população, mas ter consciência do real potencial das tecnologias para a sua atuação é indispensável para que a associação encontre a melhor maneira de canalizar o uso de sua estrutura que vem a cada ano sendo modernizada, para seus esforços de promoção de desenvolvimento. 3.22 FATRES
  • 40. 40 A FATRES, que a exemplo da APAEB também possui um website1 é uma instituição que articula 18 sindicatos de trabalhadores rurais em vários municípios do território2, tendo sua sede no município de Valente. É uma entidade civil, sem fins lucrativos, de natureza beneficente, considerada de utilidade pública municipal e estadual. Desde sua fundação em 1996, a FATRES direciona sua atuação aos trabalhadores rurais, tendo como foco de estratégia de atuação o trabalho junto a diferente e lideranças sindicais rurais. A FATRES prioriza ações de cunho formativo com temas como as políticas públicas para o fortalecimento da agricultura familiar, cooperativismo, associativismo e formação sindical. Suas ações são realizadas através de projetos voltados para a captação de recursos para a implementação de projetos que beneficiam agricultores tendo os sindicatos como seus principais parceiros. Devido a sua composição, que se estabelece como uma verdadeira rede de instituições, o uso de tecnologias para a gerência de atividades e, principalmente a comunicação, torna-se indispensável. A sua missão institucional visa contribuir para a construção do desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, voltado para a melhoria das condições sociais de vida dos agricultores as familiares do território, visando a sua permanência na unidade produtiva familiar, numa perspectiva de fortalecimento da agricultura familiar. O parque tecnológico da instituição, conforme pode ser visto na tabela abaixo, não possui um número significativo de instrumentos, mas segundo sua diretoria é o suficiente para suas demandas. Infra-estrutura Tecnológica da FATRES 1 www.fatres.org 2 Sindicatos Filiados à FATRES: São Domingos, Valente, Santa. Luz, Queimadas, Itiúba, Nordestina, Cansanção, Monte Santo, Tucano, Araci, Serrinha, Ichú, Candeal, Conceição do Coité, Retirolândia, Barrocas, Biritinga, Quijingue.
  • 41. 41 Computadores 14 Rede interna Interligando 7 computadores Acesso à Internet Em todos os computadores Ramais 7 “Plano Empresa” de 20 linhas móveis com telefonia Celular comunicação gratuita entre os sindicatos além outros funcionários. Site Hospedado em servidor de terceiro Servidor próprio Não possui Comunicação via VOIP Não possui Setor de informática Todo o suporte é terceirizado A FATRES, apesar de sua demanda de comunicação abranger tantas instituições em sua rede de articulação, é a instituição - entre as estudadas – que menos emprega pessoas, e que menos investe em tecnologia, porém pela própria natureza de sua constituição e atuação, que se dá à partir de uma rede, o seu trabalho é descentralizado. Cabe à fundação apenas a tarefa de gerenciar processos que por sua vez são operacionados nas comunidades através dos sindicatos filiados, sua grande demanda acaba sendo a de comunicação. Ao contrário das outras instituições abordadas neste trabalho, ela não possui um setor de informática, tampouco dispõe de funcionários para esta área. O uso de TIC se restringe à troca de e-mails e o uso de comunicadores instantâneos. Conforme consta em sua missão institucional, a FATRES tem como principal objetivo em seu trabalho pelo desenvolvimento das comunidades por ela assistidas, não é, muito diferente do que é proposto pela APAEB e Sicoob-Coopere, a idéia central é contribui para o desenvolvimento social do território, por meio do fortalecimento da economia, sobretudo em relação à agricultura familiar. O seu trabalho é realizado por meio de projetos, em sua maioria financiados pelo governo federal. As linhas de ação da FATRES são postas em prática através do assessoramento
  • 42. 42 político-pedagógico aos sindicatos filiados. Todo esse trabalho é gerido a partir da sede, localizada em Valente. O trabalho em campo é realizado por técnicos e agentes, contratados através dos projetos desenvolvidos nas áreas de assistência técnica rural, e ações de formação, através de oficinas, cursos e palestras voltados para políticas publicas rurais, que abrangem temas como política agrária, segurança alimentar. O uso das TIC é voltado principalmente para a comunicação entre a sede os sindicatos filiados, o site da FATRES (www.fatres.org) é utilizado para a divulgação da instituição, publicação de editais e outras informações de interesse de seu público, mas não constitui um canal direto com as comunidades, já que estas em sua maioria não possuem acesso à internet. A exemplo da APAEB, para a diretoria da FATRES, falta-lhes um modelo de gestão das TIC, para que elas não sejam sub-aproveitadas apenas como meros instrumentos de automação e aceleração de processos diários, como envio de documentos e comunicação interna e externa. 3.2.3 Sicoob-Coopere A economia solidária supõe ações através da organização de trabalhadores que se contrapõem ao formato vigente de relações econômicas excludentes, principalmente na gestão de meio de produção, comercialização e cŕedito. No quesito crédito solidário, no território o destaque fica por conta da Cooperativa Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere). Conforme consta em seu site website1, a cooperativa surgiu em meio ao movimento social que desde os anos 70 vinha lutando para criar melhores condições de vida na região, por meio da união e organização dos trabalhadores rurais. Sua missão institucional é “promover a 1 www.sicoob-coopere.coop.br
  • 43. 43 economia solidária, através da prestação de serviços financeiros e assistência técnica, visando o desenvolvimento sustentável da região sisaleira do estado da Bahia”. A cooperativa tem sua sede localizada no município de Valente e outros seis postos de atendimento cooperativo (PACs) em diferentes municípios do Território Sisaleiro1. Além das atividades financeiras, como movimentação bancária, a cooperativa que é composta por um quadro de cooperados também promove cursos de capacitação em cooperativismo e gestão financeira para grupos e pessoas filiadas a ela, através de seu departamento de educação cooperativista (DEC). Por se tratar de uma instituição financeira, o uso das tecnologias da informação e comunicação é crucial em sua rotina de trabalho. A sede da instituição – a exemplo da APAEB – também possui um setor de informática. Sua diretoria afirma que a cooperativa é a maior do Nordeste do país em número de associados contabilizando em 2009 doze mil. Sua missão institucional é “promover o desenvolvimento econômico e social sustentável, visando a melhoria da qualidade de vida do pequeno produtor rural da região sisaleira”. A exemplo das demais instituições, sua missão foi definida quando o termo território do sisal ainda não tinha sido adotado pelo governo federal. A exemplo da APAEB, a cooperativa tem um parque tecnológico significativo, conforme pode ser visto na tabela a seguir. 1 PACs do Sicoob-coopere: Retirolândia, Conceição do Coité, Nova Fátima, Gavião, Capim Grosso e Quixabeira.
  • 44. 44 Infra-estrutura tecnológica do Sicoob-Coopere Computadores 50 Rede interna Interliga todos os computadores Ramais 30 distribuídos nas 3 principais agências (Valente, Coité e Capim Grosso) “Plano Empresa” de telefonia 30 linhas móveis Celular com comunicação gratuita entre diretores, gerentes e outros funcionários. Site Hospedado em servidor de terceiros Servidor próprio 2 servidores Comunicação via VOIP Comunicando todas as agências Setor de informática Emprega 1 funcionário Entre as três instituições aqui estudadas o Sicoob-Coopere é a que demonstra maior dependência em relação o uso da TIC. Praticamente todo o seu sistema de gerenciamento de dados e comunicação se dá por meio de sua rede interna e sue conexão à Internet. Diretores, funcionários e a própria gerência de informática da cooperativa afirmam que sem o pleno funcionamento da rede, boa parte dos serviços prestados a população são inviabilizados, principalmente pelo fato que uma instituição financeira tem como um dos principais requisitos técnicos para o seu funcionamento, a sua conectividade com o sistema que integra as demais instituições, e isso inclui o próprio Banco Central do Brasil, com o qual eles possuem uma conexão direta que não necessita de seu link de Internet. Das instituições pesquisadas, a cooperativa é que a mais emprega tecnologias que visam a economia de gastos, para isso ela utiliza a comunicação via VOIP1, comunicadores 1 Voz sobre IP, também chamado VoIP, telefonia IP, telefonia Internet, telefonia em banda larga e voz sobre
  • 45. 45 instantâneos e softwares livres, ainda que o sistema operacional instalado nos computadores será pago. É através do seu departamento de educação cooperativista que a cooperativa exerce suas principais atividades que a aproxima da comunidade, através de visitas a localidades rurais, cursos, palestras, oficinas, e assessoramento a pequenas iniciativas que também se utilizam do sistema de organização por cooperativa. Os responsáveis pelo setor afirmam que muitas das atividades realizadas só são viabilizadas graças ao investimento que a instituição emprega em seu parque tecnológico, mas também afirmam que devido às carências de muitas localidades do território, como a falta de energia, inviabilizam o uso dessas tecnologias em diversas ocasiões. A partir dos relatos de funcionários do setor, e de seus programas de trabalho, verifica- se uma preocupação em aplicar com eficácia as TIC disponíveis, ainda que elas sejam vistas na maioria dos casos, como meras ferramentas que facilitam o dia-a-dia, diferentes das demais instituições aqui estudadas, a cooperativa viabiliza muito de sua interação direta com as comunidades assistidas a partir do uso de TIC,seja nas oficinas e atividades similares, seja em sua intensa rotina de comunicação com grupos organizados em pequenas cooperativas que também são encorajadas a se utilizar de tecnologias da informação e comunicação em suas atividades. banda larga é o roteamento de conversação humana usando a Internet ou qualquer outra rede de computadores baseada no Protocolo de Internet, tornando a transmissão de voz mais um dos serviços suportados pela rede de dados.
  • 46. 46 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA A metodologia aplicada na coleta e análise dos dados utilizados nesta pesquisa está descrita no quadro a seguir: Etapas Técnicas Procedimentos Fase I Análise documental Leituras de livros, revistas, Pesquisa Bibliográfica e documentação indireta pesquisas na Internet, sistematização de anotações e relatórios de palestras e seminários. Fase II Documentação direta Leitura de relatórios Pesquisa Exploratória institucionais, estatutos das instituições e sistematizações de anotações em reuniões Fase III Entrevistas - Observações in loco e Pesquisa Descritiva e análise de documentação entrevistas com funcionários Quantitativa/ Pesquisa indireta das instituições; Bibliográfica - Leitura de livros e pesquisas na Internet. Fase IV Entrevistas Observações in loco e Pesquisa Descritiva entrevistas com dirigentes Qualitativa das instituições. Entrevistas No caso específico das entrevistas, os dados colaboraram tanto para a análise quantitativa quanto a análise qualitativa. As entrevistas foram feitas em duas etapas (conforme visto na tabela acima). Na primeira etapa foram realizadas entrevistas com dois grupos de funcionários, no primeiro os ligados à área de informática. Com essas entrevistas coletados dados sobre a infra-estrutura tecnológica das instituições, e a verificada a importância dada
  • 47. 47 pelas entidades aos setores responsáveis pela área de informática, com exceção á FATRES que não possui um setor dedicado. O segundo grupo de funcionários entrevistados compreendeu aqueles que lidam diretamente com a população assistida pelas entidades, a exemplo de técnicos agrícola e educadores. O principal enfoque nestas entrevistas foi maneira como esses profissionais que utilizam os recursos tecnológicos em suas atividades, a exemplo da realização de palestras, oficinas, e a até mesmo a comunicação rotineira com pessoas e grupos. A segunda etapa de entrevistas foi realizada com dirigentes das instituições, com o objetivando a compreensão do papel das TIC nas tomadas de decisão das entidades. Coleta de dados em campo A coleta de dados em campo foi extremamente necessária para a obtenção de informações relacionadas ao território em áreas como infra-estrutura e indicadores sociais. Foram coletadas informações a partir de pesquisas realizadas pelos CODES, APAEB e pela SECTI, além de dados disponíveis em websites a exemplo da página do Ministério do Desenvolvimento Agrário, uma importante fonte de informações sobre os território de identidade.
  • 48. 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS Numa visão global está sociedade está se tornando um padrão civilizatório, o abismo digital entre nações ainda é evidente, por sua vez, dentro dos países também existem esses abismos. O grande desafio para um território como o sisaleiro é vencer suas limitações de infra-estrutura. Enquanto essas limitações não forem drasticamente sanadas, o território estará longe de vivenciar plenamente o que se pode chamar de sociedade da informação, destoando do novo padrão civilizatório supracitado. Por entender a importância do investimento na área de tecnologias as próprias entidades aqui abordadas destoam do território do sisal, que lhe oferece inúmeros obstáculos até mesmo para a utilização dos recursos tecnológicos que elas possuem. No que se refere ao uso das tecnologias da informação e comunicação, ambas as entidades enxergam a importância do uso qualificado e sistemático destas para o bom desempenho das atividades cotidianas, mas não parecem perceber essas ferramentas além de suas funções operacionais. O uso de computadores, internet, telefonia além de outros aparatos tecnológicos são enxergados na maioria das vezes apenas como ferramentas que facilitam o trabalho do dia-a-dia, não é evidenciada nenhum correlação com o objetivo das atividades. A compreensão do potencial de integração, automação, comunicação e inclusão das TIC é extremamente necessária para que se tenha o devido proveito de todo o seu potencial. Baseado no que foi coletado e discutido com as instituições pesquisadas, podemos indicar aqui algumas linhas de ação que visam um melhor proveito do uso das TIC com a finalidade de usá-las como ferramentas que possam contribuir ainda mais na caminhadas dessas instituições que buscam melhorar a qualidade de vida do público que elas assistem: - Elaborar e executar programas de educação com base nas TIC´s pra um melhor
  • 49. 49 aproveitamento destas tecnologias; - Explorar o potencial das TIC em momentos de planejamento de atividades; - Visualizar o campo de trabalho onde serão usadas determinadas tecnologias antes de aplicar investimentos no parque tecnológico; - Não restringir o uso das TIC como meras ferramentas para comunicação, aceleração e automação de tarefas, compreendo que novas alternativas de uso podem surgir a partir das demandas locais. - Fazer do uso de tecnologias uma política e não apenas uma instrumentação operacional para as atividades cotidianas; Vale salientar que essas ações precisam ser acompanhas de políticas e iniciativas mais gerais, para tanto, é necessário o diálogo com os poderes públicos, sobre tudo municipais e estadual, com a perspectiva voltada para políticas públicas que garantam estruturação e acesso à tecnologias hoje tão fundamentais para desenvolvimento social de um território. Algo mais além da implantação de centros comunitários de acesso a internet precisa ser feito por parte do, como políticas nascidas a partir de discussões que levem em conta demandas locais. Além de equipar-se tecnologicamente, é preciso adotar novas posturas, já que mudanças de ações devem ser acompanhadas de mudanças de posturas. É preciso compreender que TIC não requerem apenas investimentos, mas, sobretudo processos que envolvem tomadas de decisões não raro ousadas, e que permitam canalizá-las juntamente com os esforços históricos que eles já empreendem em sua luta pelo bem estar social do seu povo.
  • 50. 50 REFERÊNCIAS ANDRADE, Manuel Correia. A questão do território no Brasil. São Paulo: Hucitec; Recife: IPESPE, 1995. BARBERO, Jesus Martin. Tecnologias: Inovações Culturais e Usos Sociais. Edições Loyola. São Paulo. 2002. BARBOSA, Alexandre F. Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil: TIC Domicílios e TIC Empresas 2008. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2009. BELL, Daniel. O Advento da Sociedade Pós-Industrial: uma tentativa de previsão social. São Paulo: Ed. Cultrix, 1973. BRASIL, Antônio C.P Júnior. Fundamentos para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília: CDS/UnB, 2002 BRUNET, R.. Le territoire dans les turbulences. Paris, Reclus, 1990. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999 FLORES, M. A identidade cultural do território como base de estratégias de desenvolvimento – uma visão do da arte. RIMISP, 2006. GOHN, Maria da Glória. Movimentos e lutas sociais na história do Brasil. São Paulo: Loyola, 1995 HAESBAERT, Rogério. Des-territorialização e identidade: a rede “gaúcha” no nordeste. Niterói: EdUFF, 1997. MULS, Leonardo Marco. Desenvolvimento Local, Espaço e Território: O Conceito de Capital Social e a Importância da Formação de Redes entre Organismos e Instituições locais. Niterói, UFF, 2008. NAZARENO, Cláudio. Tecnologias da informação e sociedade: O Panorama Brasileiro. Brasília : Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2006. WOLTON, Dominique. Internet, e depois? Uma Teoria Crítica das Novas Mídias. Porto Alegre : Sulina, 2007. OLIVERA, Ildes Ferreira de. A Luta pela Autonomia e a Participação Política dos Camponeses; um estudo nas micro-regiões de Feira de Santana e Serrinha, no Estado da Bahia. Dissertação de Mestrado. Campina Grande. UFPB, 1987.
  • 51. 51 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática, 1993. SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Paulo : Record, 2000. SACHS, Ignacy. Desenvolvimento e cultura. Desenvolvimento da cultura. Cultura do desenvolvimento. Organizações & Sociedade, Salvador, v.12, n.33, p.151-165, abr./jun. 2005. SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: Crescer sem Destruir.1993. SCHERER-WARREN, I. Ações coletivas na sociedade contemporânea e o paradigma das redes. In: Sociedade e Estado. EDUNB. 1998. STREECK, W. Benecial constraints: On the economic limits of rational voluntarism. In Hollingsworth, R. & Boyer, R., editors. Cambridge University Press, New York. 1997. TOURAINE, Alan. Movimentos sociais e idelogias nas sociedades dependentes. In: Albuquerque, J. A. G. (org.). Classes médias e política o Brasil. Rio de Janeiro: Terra e Paz, 1977.
  • 52. 52 ANEXOS Figura I – Mapa do Território do Sisal Fonte: Instituto Tecnológico do Sisal (IDR)
  • 53. 53 ANEXO 2 Figura 2 – Os territórios de identidade na Bahia Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia
  • 54. 54 ANEXO 3 Questionário para entrevistas semi-estruturadas com funcionários dedicados à área de informática nas instituições pesquisadas. 01 – Você considera que a instituição investe o suficiente em tecnologias da informação e comunicação? 02 – Quais as principais dificuldades do cotidiano da instituição em relação ao uso das TIC? 03 – Qual o número de computadores? 04 – Existe uma política de redução de custos a partir do uso das TIC?
  • 55. 55 ANEXO 4 Questionário para entrevistas semi-estruturadas com membros das diretorias das instituições pesquisadas. 01 – A investimento em tecnologias da informação e comunicação é considerado uma das prioridades para a infra-estrutura da instituição? 02 – O que você entende como desenvolvimento local? 03 – Por que a missão da instituição visa especialmente o desenvolvimento? 04 – Quais os principais desafios e perspectivas da instituição a médio e longo prazo neste trabalho em prol do desenvolvimento do território? 05 – Que relação você acredita que existe entre o uso das TIC e a busca pelo sucesso no trabalham que realizam junto à comunidade?