O menino sonha em ver árvores grandes e cantoras em vez de carros e poluição. Ao caminhar para a escola, ele se vê transportado magicamente para uma floresta encantada com árvores como as de seu sonho. Lá ele conhece a fada Esmeralda que vive no local e explica que a floresta existe para mostrar beleza e pureza para crianças sonhadoras como ele.
5. 1 “ (…) - Quem me dera ver árvores! Árvores é que eu queria ver! Árvores de troncos grossos e copas enormes e redondas, onde os passarinhos fizessem ninho e cantassem. Árvores – palácios – cantantes! Era disso que eu gostava! E em vez dos roncos dos carros e motorizadas, em vez de cheiros nauseabundos de óleos queimados, ouviria música e sorveria ares lavados e sadios. Assim sonhava o menino a caminho da escola. (…)” “ O Menino que Pensava Verde”, de Maria do Céu Nogueira, in Mais-Valia : conto e poesia , coord. Ângelo Rodrigues,… [et al], Lisboa, Minerva, 2002
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8. 2 “ (…) Num dia em que assim falava consigo próprio, viu-se, de repente, no meio de uma frondosa floresta. Árvores de troncos grossos e copas enormes e redondas iguaizinhas às do seu sonho ansioso. E, escutando, o menino reparou ainda que elas eram árvores-palácios-cantantes habitadas por milhares de pássaros que enchiam a floresta de trinados e gorjeios. E o menino sentiu-se imediatamente feliz, ali, naquele momento. Só feliz. (…)” “ O Menino que Pensava Verde”, de Maria do Céu Nogueira, in Mais-Valia : conto e poesia , coord. Ângelo Rodrigues,… [et al], Lisboa, Minerva, 2002
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11. 3 “ (…) Sim, a voz. O menino tem agora a certeza que esse outro cantar tão belo quanto o dos pássaros, mas tão distinto, é de voz humana. Aproxima-se mais. Surpreso, vê, de repente, um vulto de menina, meio de lado, meio de costas, sentada numa pedra. Com os pés descalços, chapinha na água que jorra da fonte e que parece cair-lhe por cima. O menino acha mesmo que cai. Ele vê a água tombar sobre os cabelos longos e negros e sobre os vestidos brancos e longos da menina. Mas a verdade é que ela não está molhada. O menino espanta-se mais e mais. (…)” “ O Menino que Pensava Verde”, de Maria do Céu Nogueira, in Mais-Valia : conto e poesia , coord. Ângelo Rodrigues,… [et al], Lisboa, Minerva, 2002
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20. 6 “ (…) Os homens estão a destruir, todos os dias, este planeta que todos habitamos. A degradação atinge, a cada momento, proporções mais assustadoras. Por este caminho, em breve deixará de haver vida na Terra. Somente um milagre a poderá salvar e esse milagre só pode ser operado pelas crianças. Os homens, grandes agentes destruidores, têm-se mostrado inoperantes nos frágeis esboços de remediar um mal tão irresponsavelmente causado. Já baixam os braços. Já se conformam com a irreversibilidade do processo. (…)” “ O Menino que Pensava Verde”, de Maria do Céu Nogueira, in Mais-Valia : conto e poesia , coord. Ângelo Rodrigues,… [et al], Lisboa, Minerva, 2002
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23. 7 “ (…) Não deixes de sonhar com toda esta beleza. Cresce e permite que ela cresça dentro de ti. Faz-te homem. Um homem diferente de todos esses que por aí andam. E então, quem sabe? Tu e todas as outras crianças, um dia já adultos, talvez saibam construir um mundo melhor e remediar os males presentes. Se ainda for a tempo... O repuxo, que tinha parado de jorrar sem que o menino se apercebesse, jorrou de novo. A pequena fada recomeçou a cantar. Ele entendeu o canto como uma despedida. Acenou-lhe com a mão e sorriu, num sorriso carregado de promessas. (…)” “ O Menino que Pensava Verde”, de Maria do Céu Nogueira, in Mais-Valia : conto e poesia , coord. Ângelo Rodrigues,… [et al], Lisboa, Minerva, 2002