Confira o primeiro levantamento das intenções do confinamento em Mato Grosso. Foram entrevistados 162 pessoas, entre técnicos, gerentes e proprietários de uma base de 206 unidades de confinamento.
Manual australiano de manejo de bezerros de corte [em inglês]
1° Levantamento das intenções de confinamento em 2014 IMEA
1. 1° LEVANTAMENTO DAS INTENÇÕES DE CONFINAMENTO EM 2014
INSTITUTO MATOGROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA
IMEA
9 de maio de 2014
Ao longo do mês de abril de 2014 foi realizado pelo
Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária o
primeiro levantamento das intenções do confinamento em
Mato Grosso. Foram entrevistados 162 pessoas, entre
técnicos, gerentes e proprietários de uma base de 206
unidades de confinamento.
Foi constado, dentro da amostra de pessoas entrevistadas
(162 pessoas), que 50,26% irão confinar alguma quantidade de
bovinos. Por outro lado, 32,72% dos entrevistados já
afirmaram em abril/14 que não vão confinar e outros 17,90%
não possuíam previsão para o confinamento em 2014.
Durante a pesquisa observou-se um movimento de
pessoas entrando e outras saindo da atividade do
confinamento, o que gerou uma redução da base do Imea de
216 para 206 unidades confinadoras de gado. Além disso, a
redução do número de confinamentos implicou em uma
redução na capacidade estática do Estado de Mato Grosso,
como poderá ser observado a seguir, na Figura 1.
Figura 1: Evolução da capacidade estática dos confinamentos
instalados em Mato Grosso.
Fonte: Imea
Como pôde ser observado, a capacidade estática dos
confinamentos instalados em Mato Grosso reduziu 0,90%,
deixando o valor de 891,43 mil cabeças de 2013 para o valor
de 883,43 mil cabeças em 2014.
Com relação a quantidade bovinos que devem ser
confinados em Mato Grosso, o primeiro levantamento do
Imea aponta para uma intenção dos bovinocultores de corte
de terminar 726,66 mil cabeças no cocho em 2014, um
aumento de 1,23% em comparação ao que efetivamente foi
confinado em 2013 (717,82 mil cabeças). Na tabela 1, a seguir,
é apresentado os resultados estratificados por macrorregião
do Imea.
Tabela 1: Quantidade de cabeças de bovinos que devem ser
confinadas em Mato Grosso no ano de 2014.
Macrorregiões 2013 Abril/14 Variação
Noroeste 4.000 4.600 15,00%
Norte 11.300 27.691 145,05%
Nordeste 93.083 102.268 9,87%
Médio-norte 175.930 132.771 -24,53%
Oeste 147.772 147.958 0,13%
Centro-sul 122.740 116.400 -5,17%
Sudeste 163.002 194.971 19,61%
Mato Grosso 717.826 726.660 1,23%
Fonte: Imea
Por macrorregião percebe-se movimentos distintos, com
aumentos expressivos e quedas acentuadas nas intenções de
confinamento. Os exemplos positivos são o norte de Mato
Grosso que aumentou consideravelmente a expectativa do
confinamento e o sudeste do Estado que, se confirmado as
expectativas de abril/14, voltará a ser a macrorregião que mais
confina bovinos no Estado.
A macrorregião médio-norte é importante produtora de
grãos, itens fundamentais na formulação das dietas dos
confinamentos, possuindo vantagens competitivas
importantes em relação as demais. Entretanto, para este ano,
os confinadores da região estão mais cautelosos, reduzindo
em 24,53% as suas expectativas para o confinamento de
bovinos neste ano.
Os números do levantamento de abril/14 revelam não
somente para o médio-norte, mas sim para o Estado como um
todo uma certa cautela quando se compara às intenções de
2013, isso porque este ano espera-se que sejam terminados
no cocho 726,66 mil cabeças de bovinos e no ano passado, em
abril, eram esperadas 809,55 mil cabeças.
Ainda no contexto dos levantamentos das intenções de
confinamento, o Imea realiza três levantamentos dentro de
cada ano (abril, julho e outubro), sendo recorrente o fato de
no primeiro o número ser maior que o terceiro. Para
exemplificar, na média dos últimos quatro anos o rebanho
previsto para ser confinado em abril foi 7,74% maior que o
efetivamente confinado no ano (levantamento de outubro).
Assim, se for projetado os valores expostos anteriormente
para outubro/14, o resultado seria de um rebanho confinado
ao redor de 670,40 mil cabeças.
A cautela com a atividade do confinamento no Estado está,
muito provavelmente, associada a elevação dos custos,
impactando diretamente na decisão de confinar ou não. Por
600,00
650,00
700,00
750,00
800,00
850,00
900,00
2009 2010 2011 2012 2013 2014
668,12
776,05
804,14
850,46
891,43 883,43
CAPACIDADEESTÁTICA(MILCABEÇAS)
2. Brasil/Mato Grosso, 9/5/2014 – 1° Levantamento das Intenções de Confinamento em 2014
outro lado, esses números mostram a maturidade dos
bovinocultores de corte na utilização da estratégia de confinar
bovinos, visto que em cenários hostis, como o de elevação dos
custos, não se verifica aumentos expressivos no rebanho
confinado.
Apresentando-se em números o que foi relatado
anteriormente, o Imea calculou os custos do confinamento
para 2014, encontrando-se aumentos para todos os itens que
compõe o custo, principalmente para o mais importante deles,
a aquisição dos animais. Esse item corresponde a quase três
quartos do custo total do confinamento e acumulou um
aumento de 18,40% de 2013 para 2014.
No contexto da aquisição do animal, faz sentido a maior
redução da intenção do confinamento no médio-norte do
Estado, já que a região não caracteriza-se por ser uma grande
produtora de bezerros, garrotes e bois magros, sendo
dependente de outras macrorregiões para reposição do
rebanho. Portanto, quem atua com o confinamento de
bovinos na macrorregião está mais exposta a elevação nos
custos da aquisição dos animais.
Após a aquisição dos animais, a compra dos insumos
alimentares tornam-se o maior custo e este não ficou para
trás, evoluindo 11,48% de 2013 para 2014. Assim, o cenário de
custos em 2014 está pior para o confinador e o resultado para
a diária não poderia ser outro a não ser de aumento (Figura2).
Figura 2: Evolução do valor da diária do confinamento em
Mato Grosso.
Fonte: Imea
Fica evidente na Figura 2 que os custos das diárias do
confinamento aumentaram de 2013 para 2014, na proporção
de 9,91%, deixando o patamar de R$ 4,96 cabeça/dia para R$
5,45 cabeça/dia, nos respectivos anos citados.
Os custo não são dos melhores para o confinador e isso de
fato é verdade, devendo-se olhar a outra ponta, olhar o preço
de venda do produto final, do produto terminado, esperando-
se encontrar valores altos o suficiente para pagar as contas do
confinamento e gerar lucro. Entretanto, ao se analisar as
cotações do mercado futuro em São Paulo e descontar a base
histórica (13,50%) entre a praça paulista e a mato-grossense,
percebe-se que os preços devem ser inferiores aos que estão
sendo praticados atualmente no Estado (Figura 3).
O cenário apresentado não é dos melhores, mas nem por
isso os confinadores devem deixar de confinar, existindo uma
previsão de entrega dos animais terminados em maior volume
no mês de novembro/14, outubro/14 e em agosto/14, como
poderá ser visto na Figura 3.
Figura 3: Previsão de entrega dos animais que devem ser
confinados em Mato Grosso e o preço futuro do boi gordo
descontado a base histórica entre São Paulo e Mato Grosso.
Fonte: Imea/Cepea/BM&F Bovespa
Primeiramente na questão dos preços, o que se vê na
Figura 3 é uma expectativa de preços inferiores aos das
cotações do mercado físico mato-grossense atual, isto é,
abaixo de R$ 111,00/@. O melhor preço é esperado para
novembro/14 (R$ 109,99/@) que coincide com o mês que
deve ocorrer a maior parte da entrega dos animais confinados
em Mato Grosso.
Como se viu ao longo do relatório os desafios para a
temporada do confinamento de 2014 são grandes tornando-
se importantíssimo a prevenção de riscos, sejam eles na
aquisição das matérias primas ou na venda dos animais
terminados. Porém, o levantamento constatou, novamente,
que poucos estão utilizando as ferramentas para se prevenir
da oscilação de preços, sejam elas na bolsa de mercados
futuros ou com venda de animais no mercado a termo com os
frigoríficos. Numericamente, o levantamento das intenções do
confinamento de abril/14 revelaram que aproximadamente
4% das boiadas que devem ser confinadas em Mato Grosso
estão com os preços de venda “travadas” de alguma forma
(termo ou BM&F).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os custos para atividade do confinamento em 2014 estão
maiores que no ano anterior em Mato Grosso;
Além disso, as expectativas do mercado futuro para os
preços não são das melhores, com valores da arroba
3,47
4,65
4,51
4,96
5,45
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
2010 2011 2012 2013 2014
R$/CABEÇA/DIA
15,33%
17,10%
16,27%
18,06%
20,94%
12,28%
103,57 104,68 106,20
106,66
109,99
107,21
60
65
70
75
80
85
90
95
100
105
110
115
11%
12%
13%
14%
15%
16%
17%
18%
19%
20%
21%
JUL AGO SET OUT NOV DEZ
BOIGORDO(R$/@)
ENTREGA(%)
ENTREGA PREÇO FUTURO
3. Brasil/Mato Grosso, 9/5/2014 – 1° Levantamento das Intenções de Confinamento em 2014
inferiores as cotações referência do mercado físico atual
no Estado;
O reflexo do cenário atual é de cautela, com intenções do
confinamento em abril/14 ajustadas e similares ao que
realmente foi confinado na temporada anterior, em
2013;
Um panorama como o apresentado deveria intensificar o
uso de ferramentas para a prevenção de riscos, o que não
se mostrou no levantamento de abril/14;
Por fim, para aqueles que ainda não iniciaram a sua
empreitada no confinamento, deve-se ponderar os
custos, avaliar o futuro e tomar decisões acertadas.
Analistas: Ângelo Ozelame, Daniel Ferreira, Fábio da Silva, Jéssica
Brandão, José Victor Zamparini, Maísa Zambiazzi, Maria Denize
Euleuterio, Pedro Sinohara, Rafael Chen, Regiane Campos, Rondiny
Carneiro, Tainá Heinzmann, Talita Takahashi e Tiago Assis.
Estagiários: Albert Werlang, Ana Flavia Paschoaleto, Kimberly
Montagner, Rafael Barbosa, Sâmyla Sousa, Thaynara Machado e Yago
Travagini.
Presidente: Rui Carlos Ottoni Prado
Superintendente: Otávio L. M. Celidonio
Elaboração: Fábio da Silva, Sâmyla Sousa e Yago
Travagini.