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Alguns livros
essenciais da
literatura
brasileira
Apresentação
Olá! Meu nome é Bianca Alves,
estudo na escola estadual João
Cruz, no 1 Ensino Médio A, e
vim apresentar alguns livros
literários essenciais que
qualquer pessoa pode ler. Aqui
você encontra imagens, resenhas,
observações e fragmentos, tudo
para facilitar o gosto pela
leitura...
O que é literatura ?
Literatura significa letras, um conjunto de habilidades
de ler e escrever de forma correta, e é um termo
oriundo do latim "litteris”. Existem diversas definições
e tipos de literatura, pode ser uma arte, uma
profissão, um conjunto de produções, e etc.
Literatura é a arte de criar e compor textos, e
existem diversos tipos de produções literárias, como
poesia, prosa, literatura de ficção, literatura de
romance, literatura médica, literatura técnica,
literatura portuguesa, literatura popular, literatura de
cordel e etc. A literatura também pode ser um
conjunto de textos escritos, sejam eles de um país,
de uma personalidade, de uma época, e etc.
Livros que você não pode deixar de
conhecer...
• Bagagem de Adélia Prado
• O Cortiço de Aluísio Azevedo
• Ópera dos mortos de Autran Dourado
• O Tronco de Bernardo Élis
• O Vampiro de Curitiba de Dalton
Trevisan
• Os Ratos de Dyonélio Machado
• O Tempo e o Vento de Erico Veríssimo
• Fogo Morto de José Lins do Rego
• O Homem e Sua Hora de Mário
Faustino
• As Metamorfoses de Murilo Mendes
Bagagem de Adélia Prado
"Bagagem" é o livro de estreia da escritora cearense Adélia Prado e
foi publicado em 1976 sob recomendação do grande poeta Carlos
Drummond de Andrade. A obra é dividia em quatro seções: a
primeira é "O modo poético“, onde a principal preocupação é a
definição da linguagem, do fazer poético e também de buscar e
definir o papel da autora como mulher e poetisa; em seguida tem-se
"Um jeito e amor", com grandes poemas amorosos; a terceira e
quarta seções são chamadas "A sarça ardente" e divididas em parte
1 e 2, e trazem poemas cuja temática básica é a memória. Por fim,
há uma quinta parte, "Alfândega", que é composta por somente um
poema homônimo. Outra característica muito marcante na poesia de
Adélia Prado é a questão da religiosidade. Em "Bagagem" pode-se
essa presença religiosa na obra nas epígrafes de cada parte do livro,
que são trechos retirados da Bíblia, e também nos inúmeros poemas
com menções a Deus. Além dessas referências explícitas, nota-se
nos poemas que tratam do fazer poético que para Adélia o dom da
poesia é de inspiração divina e é uma "sina" ("Com licença poética")
que deve ser carregada. Em outros poemas, Adélia Prado brinca
com a relação sagrado versus profano para refletir sobre os dogmas
pregados pelo misticismo católico e seu lugar na sociedade
contemporânea.
O Cortiço de Aluísio Azevedo
O Cortiço foi publicado em 1890, em meio à atividade febril de
produção literária a que Aluísio Azevedo se viu obrigado, em seu
projeto de profissionalizar-se como escritor. Teve de escrever muitos
romances e contos para atender a pedidos de editores, que
procuravam corresponder ao gosto do público leitor, um gosto
marcado pelo pior tipo de romantismo. Por isso, produziu muita
literatura inferior, baixamente romântica, estilisticamente descuidada.
Mas O Cortiço tem situação inteiramente à parte nessa produção
numerosa e quase toda sem importância, pois neste livro Aluísio pôs
em prática os princípios naturalistas, em que acreditava, e toda a
sua capacidade artística. Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um
narrador onisciente que se situa fora do mundo narrado e/ou
descrito. Há um total distanciamento entre o narrador e o mundo
ficcional. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o
que permite ao autor revelar o pensamento das personagens. A
visão do narrador é fatalista pois as camadas populares são vistas
como animais condenados ao meio social que habitam, homens
fadados a viverem como animais selvagens.
Fragmento
“Naquela mulata estava o grande
mistério, a síntese das impressões
que ele recebeu chegando aqui:
ela era a luz ardente do meio-dia;
ela era o calor vermelho das
sestas da fazenda; era o aroma
quente dos trevos e das baunilhas,
que o atordoara nas matas
brasileiras, era a palmeira virginal
e esquiva que se não torce a
nenhuma outra palnta; era o
veneno e era o açúcar gostoso;
era o sapoti mais doce que o mel e
era a castanha do caju, que abre
feridas com o seu azeite de fogo;
ela era a cobra verde e traiçoeira,
a lagarta viscosa, a muriçoca
doida, que esvoaçava havia muito
tempo em torno
do corpo dele, assanhando-
lhe os desejos, acordando- lhe
as fibras embambecidas pela
saudade da terra, picando- lhe
as artérias, para lhe cuspir
dentro do sangue uma
centelha daquele daquele
amor setentrional, uma nota
daquela música feita de
gemidos de prazer, uma larva
daquela nuvem de cantáridas
que zumbiam em torno da Rita
Baiana e espalhavam-se pelo
ar numa fosforescência
afrodisíaca”.
Ópera dos mortos de Autran Dourado
Considerado um dos renovadores do romance brasileiro, Autran
Dourado é normalmente associado à linha do regionalismo
introspectivo. Minas Gerais, seu Estado de origem —nasceu em
Patos, em 1926 —, é objeto de investigação contínua. Ele
imaginou, no sul de Minas, a fictícia cidade de Duas Pontes, onde
se passam muitas de suas histórias. Ópera dos Mortos, sua obra
mais famosa. O livro, incluído pela Unesco na Coleção de Obras
Representativas da Literatura Universal, conta a história de
Rosalina Honório Cota. Do ponto de vista formal, Autran Dourado
optou, assim como Graciliano em Vidas Secas, por utilizar o
sistema de blocos narrativos. São nove, cada um contado pelo
monólogo interior de um narrador diferente —pode ser Rosalina,
Juca Passarinho ou até os moradores da cidade, que falam pelo
coletivo. Tudo é permeado por um narrador onisciente. A
linguagem, de recursos barrocos, contribui para criar uma narrativa
elíptica e labiríntica. Há o anseio por captar os sentimentos —como
a descrença e a tristeza —tanto no plano individual quanto no
coletivo. A atmosfera negativa vem do embate entre o antigo e o
novo, o obsoleto e o moderno, os mortos e os vivos, a permanência
e a mudança dos valores —este último um tema comum nas obras
do autor, como em Uma Vida em Segredo (1964)
O Tronco de Bernardo Élis
Bernardo Elis dedicou seu romance O Tronco (1956) “aos humildes
vaqueiros, jagunços, soldados, homens, mulheres e meninos
sertanejos mortos nas lutas dos coronéis e que não tiveram sequer
uma sepultura”. É um livro-denúncia de um período da evolução
social do campo de Goiás, por volta dos anos 20. O Tronco divide-
se em quatro partes, dispostas linearmente: “O Inventário”, “A
Comissão”, “A Prisão” e “O Assalto”. Nome de maior projeção no
grupo dos modernistas de Goiás, Bernardo Élis começou a sua
carreira pela poesia. O Tronco (1956). Este livro enfoca a disputa
pelo poder numa vila do extremo norte de Goiás, o Duro, último
reduto da família Melo. Conhecidos pelo despotismo com que
governam a região que fundaram, os Melos são combatidos por
toda parte. O idealista Vicente Lemes, parente dos Melos e
nomeado coletor por influência deles, luta para restabelecer a paz.
Mas a intervenção da Força Estadual precipita uma luta bárbara
que, sem assegurar o cumprimento das leis, prejudicará ambas as
partes. O romance é extraído de uma história real, de fatos
ocorridos em Goiás, nos idos de 1917 e 1918. No sertanismo
goiano-mineiro, que passou a competir em prestígio com a
literatura do Nordeste.
O Vampiro de Curitiba de Dalton Trevisan
O vampiro de Curitiba talvez seja o livro mais conhecido de Dalton
Trevisan. Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um
romance publicado: A Polaquinha), Dalton Trevisan acabou se
tornando o maior mestre brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o
Prêmio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto de sua
obra. Mas Trevisan continua recusando a fama. Cria uma
atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma
num enigmático personagem. Não cede o número do telefone,
assina apenas "D. Trevis" e não recebe visitas - nem mesmo de
artistas consagrados. Enclausura-se em casa de tal forma que
mereceu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título de um de seus
livros. Mestre na arte do conto curto e cruel, é criador de uma
espécie de mitologia de sua cidade natal, Curitiba. O vampiro de
Curitiba teve seus contos lidos na Rádio Educativa, nas leituras
dramáticas e em oficinas. São pequeníssimos textos: leves,
românticos, eróticos, existenciais... Mas tudo sempre inteligente e
recheado de humor - às vezes negro.
Resenha
Nelsinho, jovem de vinte anos, vagueia sem rumo pelas ruas de
Curitiba admirando intensamente todas as mulheres que vê. Ele
trava um sofrido monólogo interior, alternando expressões
apaixonadas e depreciativas sobre as mulheres. Ele repetidamente
se compara a uma espécie de vampiro, pronto para atacar o sexo
oposto, sedento por amor, ao invés de sangue.
Todos os tipos de mulheres atraem sua atenção: jovens, maduras,
normalistas... Cada pequeno gesto ou detalhe de roupa é motivo
de comentários amorosos. No entanto, Nelsinho jamais as aborda.
Ele se considera simpático mas não bonito, e acha que seu belo
bigodinho deveria ser suficiente para despertar o interesse de
alguma mulher.
Nelsinho chega a seguir uma bela loura que anda apressada, mas
ela sequer percebe sua presença. Frustrado, por alguns instantes
ele sente desprezo por todas as mulheres que o ignoram, mas
logo se recupera e volta à sua atitude vigilante de caçador de
amores.
Os Ratos de Dyonélio Machado
Publicado em 1935, Os Ratos, do escritor gaúcho Dyonélio Machado,
tornou-se uma das obras mais influentes da 2ª geração do
Modernismo, além de ter sido homenageada com o prêmio Machado
de Assis.
Sua narrativa é apresentada numa linguagem simples, direta, rápida,
com um tal domínio da expectativa do leitor que lembra o trabalho de
Camilo Castelo Branco em Amor de Perdição. A preocupação com a
boa linguagem não afasta o escritor da realidade urbana. Assim, os
diálogos entre as personagens retratam a língua coloquial, sem
preocupação de formalidade. Cada um dos 28 capítulos tem sua
própria célula de suspense, que será resolvida no máximo no
seguinte, em que obrigatoriamente surgirá outra. O título Os Ratos é
uma referência ao drama psicológico de Naziazeno Barbosa,
protagonista da história, depois de ter conseguido o dinheiro para
saldar a dívida com o leiteiro. Naziazeno, meio dormindo, tem o
seguinte pesadelo: os ratos estão roendo o dinheiro que ele deixara à
disposição do leiteiro sobre a mesa da cozinha
Comentário
Não sei por que me chamou a atenção a edição barata de um
livro, quando flanava por um sebo em São Paulo, no ano de
1979. A capa sofrível não justificava uma folheada nas
manchadas folhas de papel jornal, de uma edição mal acabada.
Mas uma rápida olhada nas duas primeiras páginas indicava que
eu descobrira algo interessante:
- Por: Plínio
Bortolotti
O Tempo e o Vento de Erico Veríssimo
O Tempo e o Vento é uma série literária do escritor brasileiro Érico
Veríssimo. Dividido em O Continente (1949) , O Retrato (1951) e O
Arquipélago (1961), o romance conta uma parte da história do Brasil
vista a partir do Sul - da ocupação do "Continente de São Pedro"
(1745) até1945 (fim do Estado Novo), através da saga das famílias
Terra e Cambará. É considerada por muitos a obra definitiva do
estado do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes do Brasil.
O título faz referência à amante que Licurgo tinha antes do
casamento, e que era fonte de conflito com sua avó, que desejava
que o neto abandonasse a jovem para não prejudicar o
compromisso. Curiosamente, a personagem em si (apesar de
mencionada a todo momento) só aparece em pessoa ao final da
narrativa. A história se passa em Santa Fé no início do século XX,
então iniciando timidamente seu processo de urbanização, ainda
marcada pela cultura rural. Toda a história é marcada pelo contraste
entre o Dr. Rodrigo Cambará, homônimo do capitão, homem da
cidade, de um lado, e o Coronel Licurgo, seu pai, homem do campo,
de outro. Como mediador desse conflito, aparece seu irmão Toríbio.
Fogo Morto de José Lins do Rego
Fogo Morto (1943) foi o décimo romance e é a obra-prima de José Lins
do Rego. Romance de feição realista, revela o processo de mudanças
sociais passados no Nordeste brasileiro, num período desde o Segundo
Reinado até as primeiras décadas do século XX. Na verdade, apesar
de sua estrutura literária sólida, Fogo Morto é um documento
sociológico, que retrata o Nordeste e a oligarquia composta pelos
senhores de engenho, ameaçada com a chegada do capital
proveniente da industrialização. São engenhos de “fogo morto”, onde
decai o patriarcalismo com suas tragédias humanas. O romance é a
expressão de uma cultura, pois retrata o mundo da casa grande e o
mundo da senzala com as consequências sociais do relacionamento de
um com o outro. O tema central de Fogo Morto é o desajuste das
pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos
engenhos nordestinos, nas primeiras décadas do século XX. Gira em
torno de três personagens empolgantes, que são as três mais fortes
personagens da sua criação ficcional. São elas: o mestre José Amaro,
o artesão, o major Luís César de Holanda Chacon, o senhor de
engenho decadente, e o capitão Vitorino Carneiro da Cunha, que é,
sem dúvida, a maior personagem do livro e de todos os romances de
José Lins do Rego.
Resumo
Fogo Morto (1943) é a obra-prima de José
Lins do Rego. Como romance de feição
realista, esse livro procura penetrar a
superfície das coisas e revelar o processo de
mudanças sociais por que passa o Nordeste
brasileiro, num largo período que vai desde o
Segundo Reinado, incluindo a Revolução
Praieira e a Abolição, até as primeiras
décadas do século XX. O tema central de
Fogo Morto é o desajuste das pessoas com
a realidade resultante do declínio do
escravismo nos engenhos nordestinos, nas
primeiras décadas do século XX. O romance
conta a história de um poderoso engenho, o
Santa Fé, desde sua fundação até o
declínio, quando se transforma em "fogo
morto", expressão com que, no Nordeste,
designam-se os engenhos inativos.
Retomando o espírito de observação
realista, o autor produz um minucioso
levantamento da vida social e psicológica
dos engenhos da Paraíba. Em virtude do
apego ao cotidiano da região, Fogo Morto
apresenta não apenas valor estético, mas
também interesse documental.
Fogo Morto não se esgota na classificação de
romance regionalista, embora essa seja uma
noção correta. Há outros componentes
importantes na obra, a partir dos quais se
pode enquadrá-la numa tipologia consagrada.
Talvez o mais ilustre antecedente de Fogo
Morto na literatura brasileira seja O Cortiço
(1890), de Aluísio Azevedo. Em que sentido?
No sentido de tomar uma personagem
coletiva como objeto de análise. Assim como
Aluísio investiga o nascimento, vida e morte
de um cortiço do Rio de Janeiro, José Lins
penetra no surgimento, plenitude e declínio
do Engenho Santa Fé, localizado na zona da
mata da Paraíba. Com efeito, o engenho
parece possuir vida própria, embora suas
células sejam as pessoas que o
formam. Como análise quer dizer
decomposição, o autor decompõe as pessoas
como forma de expor a constituição do todo.
Por essa perspectiva, Fogo Morto tanto pode
ser entendido como um romance social
quanto psicológico. Em rigor, uma categoria
não existe sem a outra. O livro é forte em
ambas as dimensões.
O Homem e Sua Hora de Mário Faustino
O Homem e Sua Hora, publicado em 1955, tem como autor Mário
Faustino. Poesia de tom nunca decadente. Em seu texto jamais o
desleixo, a irresponsabilidade que conduz ao verso mal acabado à
barbárie do poema sem convicção e sem unidade. Na época da
publicação o panorama literário brasileiro passava por uma
confluência de estéticas. De um lado, o pós modernismo ou a
geração de 45; do outro, o surgimento de vanguardas brasileiras
(Concretismo, Poesia Práxis, Poema Processo,...). Os textos de O
Homem e sua Hora sempre traduzem a consciência de um estado
em crise. Seja no âmbito literário, como no soneto Prefácio, seja na
esfera pessoal, como no poema O mundo que venci deu-me um
amor. A poesia, o poeta e o poema são temas constantes em todo o
livro. Ressalte-se também a poesia com fins didáticos. O poeta é, ora
visto como artista e artesão, ora como cantor inspirado e fecundador.
O poeta é concebido como produto da inspiração e do intelecto. Há
também no livro, momentos em que o autor, a exemplo de João
Cabral de Melo Neto e de Carlos Drummond de Andrade, teoriza
sobre a poesia dentro do próprio poema, estabelecendo a fusão entre
as funções poética e metalingüística. O livro é um livro dividido em
três partes: "Disjecta Membra" (do latim, membros dispersos), "Sete
Sonetos de Amor e Morte" e "O Homem e Sua Hora".
1ª parte: "Disjecta Membra" (título
inspirado nas palavra de Horácio,
célebre poeta latino, que viveu no ano
65 a.C., autor do famoso tratado de
poesia “Arte poética”. A frase original,
retirada da obra Sátiras é: “Disjecti
membra poetae” – isto é – “Os
membros do poeta esquartejado”,
completáveis assim: não seriam
reconhecíveis se lhes desfizéssemos o
ritmo e a disposição da frase”. Esta
parte compõe-se de 13 poemas:
Mensagem, Brasão, Noturno, Vigília,
Legenda, Romance, Vida toda
linguagem, Estrela roxa, Alma que
foste minha, Solilóquio, Mito, Sinto que
o mês presente me assassina e
Haceldama (do hebraico, “campo de
sangue”). À exceção de Romance (em
redondilha maior), há o predomínio do
verso decassílabo, trabalhado pelo
poeta com uma grande variedade
rítmica, utilizando-se de formas livres
na composição poética. livres na
composição poética.
2ª parte: Sete Sonetos de Amor e
Morte (todos em decassílabos e
escritos à maneira inglesa: os quatorze
versos são compactados numa só
estrofe: O mundo que venci deu-me
um amor, Nam sibylam
(do latim, é certo, Sibila), Inferno,
eterno inverno, quero dar, Agonistes
(do grego, lutador, atleta), Onde paira
a canção recomeçada, Ego de Mona
Kateudo (do grego pelo latim: e eu jazo
sozinha), Estava lá Aquiles que
abraçava. Os sonetos são estruturados
à maneira inglesa (quatorze versos
sem a divisão estrófica). Dos sete,
quatro seguem a tradição
renascentista de ter como título o
primeiro verso do poema.
3ª parte: Constituída por um só texto
que dá título à obra. Trata-se do
poema "O homem e sua hora". Contém
235 versos, decassílabos na quase
totalidade. É a síntese do projeto
poético de Mário Faustino.
Determinados trechos são difíceis de
compreendê-los, pois exigem do leitor
conhecimentos sobre mitologia,
literatura bíblica e greco-latina. Trata-
se de um longo diálogo do poeta com o
mundo, sugerindo mais do que
afirmando. A intertextualidade faz-se
presente através de referências aos
livros do Antigo e do Novo Testamento,
passando por autores, como Homero,
Safo, Confúcio, Virgílio, Homero,
Dante, Pound, Mallarmé, Eliot, Jorge
de Lima e outros.
Alguns poemas da obra
PREFÁCIO BRASÃO
Quem fez esta manhã , quem
penetrou
À noite os labirintos do tesouro,
Quem fez esta manhã
predestinou
Seus temas à paráfrases do
touro,
A traduções do cisne : fê-la para
Abandonar-se a mitos essenciais
,
Desflorada por ímpetos de rara
Metamorfose alada , onde jamais
Se exaure o deus que muda ,
que transvive .
Quem fez esta manhã fê-la por
ser
Um raio a fecundá-la , não por
lívida
Ausência sem pecado e fê-la ter
Em si princípio e fim : ter entre
aurora
E meio-dia um homem e sua
hora.
Nasce do solo sono uma armadilha
Das feras do irreal para as do ser
- Unicórnios investem contra o Rei.
Nasce do solo sono um sobressalto.
Nasce o guerreiro. A torre. Os amarelos
Corcéis da fuga de ouro que implorei.
E nasce nu do sono um desafio.
Nasce um verso rampante, um brado, um
solo
De lira santa e brava - minha lei
Até que nasça a luz e tombe o sonho,
O monstro de aventura que amei.
.
As Metamorfoses de Murilo Mendes
O título deste livro do poeta mineiro Murilo Mendes pode ser usado
para designar o processo pelo qual passa toda a sua obra ao longo de
quatro décadas de produção. Publicado em 1944, As
Metamorfoses apresenta uma poesia muito inspirada por elementos de
uma corrente das vanguardas europeias do início do século 20, assim
como por uma forte espiritualidade, presente desde Tempo e
Eternidade (1935), escrito em parceria com Jorge de Lima. Influenciado
pelas técnicas de composição do Surrealismo, o autor constrói uma
poesia fortemente imagética, imbuída da forma de ver o mundo por
meio de sentidos não embotados pela lógica do cotidiano. Também são
fortes os elementos místicos, eróticos, de tensão entre o sagrado e o
profano. A conversão ao catolicismo, suscitada pela morte do amigo
Ismael Nery, ofereceu-lhe matéria poética sem retirar de sua poesia a
força libertária e de luta contra a ordem estabelecida. O caminho da
produção de Murilo Mendes é tortuoso e sua importância transcende a
excelência estilística. Muito mais do que isso, o corpo de sua obra
deixa claro o empenho do pensador na busca da compreensão do
humano e de seu papel diante da vida e da própria existência. Em As
Metamorfoses, Mendes trata o leitor como um amigo próximo e digno
de conselhos úteis sobre seu papel no mundo e sobre o valor da
liberdade. Diz o crítico e professor Fábio de Souza Andrade.
Observação
Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz de Fora no dia 13 de maio de
1901. Órfão de mãe desde muito jovem, aos 9 anos iniciou sua
trajetória na poesia que, segundo ele, foi motivada pela passagem do
cometa Halley. Depois de várias viagens pela Europa, em 1957 fixou
residência em Roma, onde se tornou professor de Literatura
Brasileira. Visitou o Brasil pela última vez em 1972. Morreu no dia 13
de agosto de 1975 em Lisboa, onde foi sepultado.
Trabalho realizado por:
Bianca Alves dos Santos n° 07
1°EMA

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  • 2. Apresentação Olá! Meu nome é Bianca Alves, estudo na escola estadual João Cruz, no 1 Ensino Médio A, e vim apresentar alguns livros literários essenciais que qualquer pessoa pode ler. Aqui você encontra imagens, resenhas, observações e fragmentos, tudo para facilitar o gosto pela leitura...
  • 3. O que é literatura ? Literatura significa letras, um conjunto de habilidades de ler e escrever de forma correta, e é um termo oriundo do latim "litteris”. Existem diversas definições e tipos de literatura, pode ser uma arte, uma profissão, um conjunto de produções, e etc. Literatura é a arte de criar e compor textos, e existem diversos tipos de produções literárias, como poesia, prosa, literatura de ficção, literatura de romance, literatura médica, literatura técnica, literatura portuguesa, literatura popular, literatura de cordel e etc. A literatura também pode ser um conjunto de textos escritos, sejam eles de um país, de uma personalidade, de uma época, e etc.
  • 4. Livros que você não pode deixar de conhecer... • Bagagem de Adélia Prado • O Cortiço de Aluísio Azevedo • Ópera dos mortos de Autran Dourado • O Tronco de Bernardo Élis • O Vampiro de Curitiba de Dalton Trevisan • Os Ratos de Dyonélio Machado • O Tempo e o Vento de Erico Veríssimo • Fogo Morto de José Lins do Rego • O Homem e Sua Hora de Mário Faustino • As Metamorfoses de Murilo Mendes
  • 5. Bagagem de Adélia Prado "Bagagem" é o livro de estreia da escritora cearense Adélia Prado e foi publicado em 1976 sob recomendação do grande poeta Carlos Drummond de Andrade. A obra é dividia em quatro seções: a primeira é "O modo poético“, onde a principal preocupação é a definição da linguagem, do fazer poético e também de buscar e definir o papel da autora como mulher e poetisa; em seguida tem-se "Um jeito e amor", com grandes poemas amorosos; a terceira e quarta seções são chamadas "A sarça ardente" e divididas em parte 1 e 2, e trazem poemas cuja temática básica é a memória. Por fim, há uma quinta parte, "Alfândega", que é composta por somente um poema homônimo. Outra característica muito marcante na poesia de Adélia Prado é a questão da religiosidade. Em "Bagagem" pode-se essa presença religiosa na obra nas epígrafes de cada parte do livro, que são trechos retirados da Bíblia, e também nos inúmeros poemas com menções a Deus. Além dessas referências explícitas, nota-se nos poemas que tratam do fazer poético que para Adélia o dom da poesia é de inspiração divina e é uma "sina" ("Com licença poética") que deve ser carregada. Em outros poemas, Adélia Prado brinca com a relação sagrado versus profano para refletir sobre os dogmas pregados pelo misticismo católico e seu lugar na sociedade contemporânea.
  • 6.
  • 7. O Cortiço de Aluísio Azevedo O Cortiço foi publicado em 1890, em meio à atividade febril de produção literária a que Aluísio Azevedo se viu obrigado, em seu projeto de profissionalizar-se como escritor. Teve de escrever muitos romances e contos para atender a pedidos de editores, que procuravam corresponder ao gosto do público leitor, um gosto marcado pelo pior tipo de romantismo. Por isso, produziu muita literatura inferior, baixamente romântica, estilisticamente descuidada. Mas O Cortiço tem situação inteiramente à parte nessa produção numerosa e quase toda sem importância, pois neste livro Aluísio pôs em prática os princípios naturalistas, em que acreditava, e toda a sua capacidade artística. Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um narrador onisciente que se situa fora do mundo narrado e/ou descrito. Há um total distanciamento entre o narrador e o mundo ficcional. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o que permite ao autor revelar o pensamento das personagens. A visão do narrador é fatalista pois as camadas populares são vistas como animais condenados ao meio social que habitam, homens fadados a viverem como animais selvagens.
  • 8. Fragmento “Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras, era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra palnta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando- lhe os desejos, acordando- lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando- lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca”.
  • 9.
  • 10. Ópera dos mortos de Autran Dourado Considerado um dos renovadores do romance brasileiro, Autran Dourado é normalmente associado à linha do regionalismo introspectivo. Minas Gerais, seu Estado de origem —nasceu em Patos, em 1926 —, é objeto de investigação contínua. Ele imaginou, no sul de Minas, a fictícia cidade de Duas Pontes, onde se passam muitas de suas histórias. Ópera dos Mortos, sua obra mais famosa. O livro, incluído pela Unesco na Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal, conta a história de Rosalina Honório Cota. Do ponto de vista formal, Autran Dourado optou, assim como Graciliano em Vidas Secas, por utilizar o sistema de blocos narrativos. São nove, cada um contado pelo monólogo interior de um narrador diferente —pode ser Rosalina, Juca Passarinho ou até os moradores da cidade, que falam pelo coletivo. Tudo é permeado por um narrador onisciente. A linguagem, de recursos barrocos, contribui para criar uma narrativa elíptica e labiríntica. Há o anseio por captar os sentimentos —como a descrença e a tristeza —tanto no plano individual quanto no coletivo. A atmosfera negativa vem do embate entre o antigo e o novo, o obsoleto e o moderno, os mortos e os vivos, a permanência e a mudança dos valores —este último um tema comum nas obras do autor, como em Uma Vida em Segredo (1964)
  • 11.
  • 12.
  • 13. O Tronco de Bernardo Élis Bernardo Elis dedicou seu romance O Tronco (1956) “aos humildes vaqueiros, jagunços, soldados, homens, mulheres e meninos sertanejos mortos nas lutas dos coronéis e que não tiveram sequer uma sepultura”. É um livro-denúncia de um período da evolução social do campo de Goiás, por volta dos anos 20. O Tronco divide- se em quatro partes, dispostas linearmente: “O Inventário”, “A Comissão”, “A Prisão” e “O Assalto”. Nome de maior projeção no grupo dos modernistas de Goiás, Bernardo Élis começou a sua carreira pela poesia. O Tronco (1956). Este livro enfoca a disputa pelo poder numa vila do extremo norte de Goiás, o Duro, último reduto da família Melo. Conhecidos pelo despotismo com que governam a região que fundaram, os Melos são combatidos por toda parte. O idealista Vicente Lemes, parente dos Melos e nomeado coletor por influência deles, luta para restabelecer a paz. Mas a intervenção da Força Estadual precipita uma luta bárbara que, sem assegurar o cumprimento das leis, prejudicará ambas as partes. O romance é extraído de uma história real, de fatos ocorridos em Goiás, nos idos de 1917 e 1918. No sertanismo goiano-mineiro, que passou a competir em prestígio com a literatura do Nordeste.
  • 14.
  • 15. O Vampiro de Curitiba de Dalton Trevisan O vampiro de Curitiba talvez seja o livro mais conhecido de Dalton Trevisan. Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um romance publicado: A Polaquinha), Dalton Trevisan acabou se tornando o maior mestre brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto de sua obra. Mas Trevisan continua recusando a fama. Cria uma atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático personagem. Não cede o número do telefone, assina apenas "D. Trevis" e não recebe visitas - nem mesmo de artistas consagrados. Enclausura-se em casa de tal forma que mereceu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título de um de seus livros. Mestre na arte do conto curto e cruel, é criador de uma espécie de mitologia de sua cidade natal, Curitiba. O vampiro de Curitiba teve seus contos lidos na Rádio Educativa, nas leituras dramáticas e em oficinas. São pequeníssimos textos: leves, românticos, eróticos, existenciais... Mas tudo sempre inteligente e recheado de humor - às vezes negro.
  • 16. Resenha Nelsinho, jovem de vinte anos, vagueia sem rumo pelas ruas de Curitiba admirando intensamente todas as mulheres que vê. Ele trava um sofrido monólogo interior, alternando expressões apaixonadas e depreciativas sobre as mulheres. Ele repetidamente se compara a uma espécie de vampiro, pronto para atacar o sexo oposto, sedento por amor, ao invés de sangue. Todos os tipos de mulheres atraem sua atenção: jovens, maduras, normalistas... Cada pequeno gesto ou detalhe de roupa é motivo de comentários amorosos. No entanto, Nelsinho jamais as aborda. Ele se considera simpático mas não bonito, e acha que seu belo bigodinho deveria ser suficiente para despertar o interesse de alguma mulher. Nelsinho chega a seguir uma bela loura que anda apressada, mas ela sequer percebe sua presença. Frustrado, por alguns instantes ele sente desprezo por todas as mulheres que o ignoram, mas logo se recupera e volta à sua atitude vigilante de caçador de amores.
  • 17.
  • 18. Os Ratos de Dyonélio Machado Publicado em 1935, Os Ratos, do escritor gaúcho Dyonélio Machado, tornou-se uma das obras mais influentes da 2ª geração do Modernismo, além de ter sido homenageada com o prêmio Machado de Assis. Sua narrativa é apresentada numa linguagem simples, direta, rápida, com um tal domínio da expectativa do leitor que lembra o trabalho de Camilo Castelo Branco em Amor de Perdição. A preocupação com a boa linguagem não afasta o escritor da realidade urbana. Assim, os diálogos entre as personagens retratam a língua coloquial, sem preocupação de formalidade. Cada um dos 28 capítulos tem sua própria célula de suspense, que será resolvida no máximo no seguinte, em que obrigatoriamente surgirá outra. O título Os Ratos é uma referência ao drama psicológico de Naziazeno Barbosa, protagonista da história, depois de ter conseguido o dinheiro para saldar a dívida com o leiteiro. Naziazeno, meio dormindo, tem o seguinte pesadelo: os ratos estão roendo o dinheiro que ele deixara à disposição do leiteiro sobre a mesa da cozinha
  • 19. Comentário Não sei por que me chamou a atenção a edição barata de um livro, quando flanava por um sebo em São Paulo, no ano de 1979. A capa sofrível não justificava uma folheada nas manchadas folhas de papel jornal, de uma edição mal acabada. Mas uma rápida olhada nas duas primeiras páginas indicava que eu descobrira algo interessante: - Por: Plínio Bortolotti
  • 20.
  • 21. O Tempo e o Vento de Erico Veríssimo O Tempo e o Vento é uma série literária do escritor brasileiro Érico Veríssimo. Dividido em O Continente (1949) , O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961), o romance conta uma parte da história do Brasil vista a partir do Sul - da ocupação do "Continente de São Pedro" (1745) até1945 (fim do Estado Novo), através da saga das famílias Terra e Cambará. É considerada por muitos a obra definitiva do estado do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes do Brasil. O título faz referência à amante que Licurgo tinha antes do casamento, e que era fonte de conflito com sua avó, que desejava que o neto abandonasse a jovem para não prejudicar o compromisso. Curiosamente, a personagem em si (apesar de mencionada a todo momento) só aparece em pessoa ao final da narrativa. A história se passa em Santa Fé no início do século XX, então iniciando timidamente seu processo de urbanização, ainda marcada pela cultura rural. Toda a história é marcada pelo contraste entre o Dr. Rodrigo Cambará, homônimo do capitão, homem da cidade, de um lado, e o Coronel Licurgo, seu pai, homem do campo, de outro. Como mediador desse conflito, aparece seu irmão Toríbio.
  • 22.
  • 23. Fogo Morto de José Lins do Rego Fogo Morto (1943) foi o décimo romance e é a obra-prima de José Lins do Rego. Romance de feição realista, revela o processo de mudanças sociais passados no Nordeste brasileiro, num período desde o Segundo Reinado até as primeiras décadas do século XX. Na verdade, apesar de sua estrutura literária sólida, Fogo Morto é um documento sociológico, que retrata o Nordeste e a oligarquia composta pelos senhores de engenho, ameaçada com a chegada do capital proveniente da industrialização. São engenhos de “fogo morto”, onde decai o patriarcalismo com suas tragédias humanas. O romance é a expressão de uma cultura, pois retrata o mundo da casa grande e o mundo da senzala com as consequências sociais do relacionamento de um com o outro. O tema central de Fogo Morto é o desajuste das pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos, nas primeiras décadas do século XX. Gira em torno de três personagens empolgantes, que são as três mais fortes personagens da sua criação ficcional. São elas: o mestre José Amaro, o artesão, o major Luís César de Holanda Chacon, o senhor de engenho decadente, e o capitão Vitorino Carneiro da Cunha, que é, sem dúvida, a maior personagem do livro e de todos os romances de José Lins do Rego.
  • 24.
  • 25. Resumo Fogo Morto (1943) é a obra-prima de José Lins do Rego. Como romance de feição realista, esse livro procura penetrar a superfície das coisas e revelar o processo de mudanças sociais por que passa o Nordeste brasileiro, num largo período que vai desde o Segundo Reinado, incluindo a Revolução Praieira e a Abolição, até as primeiras décadas do século XX. O tema central de Fogo Morto é o desajuste das pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos, nas primeiras décadas do século XX. O romance conta a história de um poderoso engenho, o Santa Fé, desde sua fundação até o declínio, quando se transforma em "fogo morto", expressão com que, no Nordeste, designam-se os engenhos inativos. Retomando o espírito de observação realista, o autor produz um minucioso levantamento da vida social e psicológica dos engenhos da Paraíba. Em virtude do apego ao cotidiano da região, Fogo Morto apresenta não apenas valor estético, mas também interesse documental. Fogo Morto não se esgota na classificação de romance regionalista, embora essa seja uma noção correta. Há outros componentes importantes na obra, a partir dos quais se pode enquadrá-la numa tipologia consagrada. Talvez o mais ilustre antecedente de Fogo Morto na literatura brasileira seja O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo. Em que sentido? No sentido de tomar uma personagem coletiva como objeto de análise. Assim como Aluísio investiga o nascimento, vida e morte de um cortiço do Rio de Janeiro, José Lins penetra no surgimento, plenitude e declínio do Engenho Santa Fé, localizado na zona da mata da Paraíba. Com efeito, o engenho parece possuir vida própria, embora suas células sejam as pessoas que o formam. Como análise quer dizer decomposição, o autor decompõe as pessoas como forma de expor a constituição do todo. Por essa perspectiva, Fogo Morto tanto pode ser entendido como um romance social quanto psicológico. Em rigor, uma categoria não existe sem a outra. O livro é forte em ambas as dimensões.
  • 26. O Homem e Sua Hora de Mário Faustino O Homem e Sua Hora, publicado em 1955, tem como autor Mário Faustino. Poesia de tom nunca decadente. Em seu texto jamais o desleixo, a irresponsabilidade que conduz ao verso mal acabado à barbárie do poema sem convicção e sem unidade. Na época da publicação o panorama literário brasileiro passava por uma confluência de estéticas. De um lado, o pós modernismo ou a geração de 45; do outro, o surgimento de vanguardas brasileiras (Concretismo, Poesia Práxis, Poema Processo,...). Os textos de O Homem e sua Hora sempre traduzem a consciência de um estado em crise. Seja no âmbito literário, como no soneto Prefácio, seja na esfera pessoal, como no poema O mundo que venci deu-me um amor. A poesia, o poeta e o poema são temas constantes em todo o livro. Ressalte-se também a poesia com fins didáticos. O poeta é, ora visto como artista e artesão, ora como cantor inspirado e fecundador. O poeta é concebido como produto da inspiração e do intelecto. Há também no livro, momentos em que o autor, a exemplo de João Cabral de Melo Neto e de Carlos Drummond de Andrade, teoriza sobre a poesia dentro do próprio poema, estabelecendo a fusão entre as funções poética e metalingüística. O livro é um livro dividido em três partes: "Disjecta Membra" (do latim, membros dispersos), "Sete Sonetos de Amor e Morte" e "O Homem e Sua Hora".
  • 27. 1ª parte: "Disjecta Membra" (título inspirado nas palavra de Horácio, célebre poeta latino, que viveu no ano 65 a.C., autor do famoso tratado de poesia “Arte poética”. A frase original, retirada da obra Sátiras é: “Disjecti membra poetae” – isto é – “Os membros do poeta esquartejado”, completáveis assim: não seriam reconhecíveis se lhes desfizéssemos o ritmo e a disposição da frase”. Esta parte compõe-se de 13 poemas: Mensagem, Brasão, Noturno, Vigília, Legenda, Romance, Vida toda linguagem, Estrela roxa, Alma que foste minha, Solilóquio, Mito, Sinto que o mês presente me assassina e Haceldama (do hebraico, “campo de sangue”). À exceção de Romance (em redondilha maior), há o predomínio do verso decassílabo, trabalhado pelo poeta com uma grande variedade rítmica, utilizando-se de formas livres na composição poética. livres na composição poética. 2ª parte: Sete Sonetos de Amor e Morte (todos em decassílabos e escritos à maneira inglesa: os quatorze versos são compactados numa só estrofe: O mundo que venci deu-me um amor, Nam sibylam (do latim, é certo, Sibila), Inferno, eterno inverno, quero dar, Agonistes (do grego, lutador, atleta), Onde paira a canção recomeçada, Ego de Mona Kateudo (do grego pelo latim: e eu jazo sozinha), Estava lá Aquiles que abraçava. Os sonetos são estruturados à maneira inglesa (quatorze versos sem a divisão estrófica). Dos sete, quatro seguem a tradição renascentista de ter como título o primeiro verso do poema. 3ª parte: Constituída por um só texto que dá título à obra. Trata-se do poema "O homem e sua hora". Contém 235 versos, decassílabos na quase totalidade. É a síntese do projeto poético de Mário Faustino. Determinados trechos são difíceis de compreendê-los, pois exigem do leitor conhecimentos sobre mitologia, literatura bíblica e greco-latina. Trata- se de um longo diálogo do poeta com o mundo, sugerindo mais do que afirmando. A intertextualidade faz-se presente através de referências aos livros do Antigo e do Novo Testamento, passando por autores, como Homero, Safo, Confúcio, Virgílio, Homero, Dante, Pound, Mallarmé, Eliot, Jorge de Lima e outros.
  • 28.
  • 29. Alguns poemas da obra PREFÁCIO BRASÃO Quem fez esta manhã , quem penetrou À noite os labirintos do tesouro, Quem fez esta manhã predestinou Seus temas à paráfrases do touro, A traduções do cisne : fê-la para Abandonar-se a mitos essenciais , Desflorada por ímpetos de rara Metamorfose alada , onde jamais Se exaure o deus que muda , que transvive . Quem fez esta manhã fê-la por ser Um raio a fecundá-la , não por lívida Ausência sem pecado e fê-la ter Em si princípio e fim : ter entre aurora E meio-dia um homem e sua hora. Nasce do solo sono uma armadilha Das feras do irreal para as do ser - Unicórnios investem contra o Rei. Nasce do solo sono um sobressalto. Nasce o guerreiro. A torre. Os amarelos Corcéis da fuga de ouro que implorei. E nasce nu do sono um desafio. Nasce um verso rampante, um brado, um solo De lira santa e brava - minha lei Até que nasça a luz e tombe o sonho, O monstro de aventura que amei. .
  • 30. As Metamorfoses de Murilo Mendes O título deste livro do poeta mineiro Murilo Mendes pode ser usado para designar o processo pelo qual passa toda a sua obra ao longo de quatro décadas de produção. Publicado em 1944, As Metamorfoses apresenta uma poesia muito inspirada por elementos de uma corrente das vanguardas europeias do início do século 20, assim como por uma forte espiritualidade, presente desde Tempo e Eternidade (1935), escrito em parceria com Jorge de Lima. Influenciado pelas técnicas de composição do Surrealismo, o autor constrói uma poesia fortemente imagética, imbuída da forma de ver o mundo por meio de sentidos não embotados pela lógica do cotidiano. Também são fortes os elementos místicos, eróticos, de tensão entre o sagrado e o profano. A conversão ao catolicismo, suscitada pela morte do amigo Ismael Nery, ofereceu-lhe matéria poética sem retirar de sua poesia a força libertária e de luta contra a ordem estabelecida. O caminho da produção de Murilo Mendes é tortuoso e sua importância transcende a excelência estilística. Muito mais do que isso, o corpo de sua obra deixa claro o empenho do pensador na busca da compreensão do humano e de seu papel diante da vida e da própria existência. Em As Metamorfoses, Mendes trata o leitor como um amigo próximo e digno de conselhos úteis sobre seu papel no mundo e sobre o valor da liberdade. Diz o crítico e professor Fábio de Souza Andrade.
  • 31. Observação Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz de Fora no dia 13 de maio de 1901. Órfão de mãe desde muito jovem, aos 9 anos iniciou sua trajetória na poesia que, segundo ele, foi motivada pela passagem do cometa Halley. Depois de várias viagens pela Europa, em 1957 fixou residência em Roma, onde se tornou professor de Literatura Brasileira. Visitou o Brasil pela última vez em 1972. Morreu no dia 13 de agosto de 1975 em Lisboa, onde foi sepultado.
  • 32.
  • 33. Trabalho realizado por: Bianca Alves dos Santos n° 07 1°EMA