O QUE SERÁ DO RIO QUANDO A FORÇA NACIONAL FOR EMBORA?
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Belo Horizonte, quinta-feira, 29/5/2008 - HOJE EM DIA - esportes@hojeemdia.com.br
2 Esportes 3Esportes
ROGÉRIO
PEREZ
Email: colunarp@hojeemdia.com.br
Os negros precisam
de cotas também
nos esportes?
BRUNO MORENO
REPÓRTER (*)
A polêmica acerca das cotas para negros - e também
para os menos abastados - em universidades (públicas e
privadas) ganha fôlego a cada dia, já que diversas foram
as instituições de ensino que adotaram a prática. Mas é fa-
to que nem todas as pessoas, especialmente os negros, pre-
cisam passar pela universidade para conseguir uma as-
censão socioeconômica. A reparação a médio/longo prazo
do equívoco histórico gravíssimo cometido no Brasil, com
a imposição do trabalho escravo aos africanos, entre os sé-
culos XVI e XIX - em tese -, não pode ficar apenas no âmbi-
to acadêmico, mas deve ser ampliado também para o es-
porte.
Uma das formas é oferecer boa estrutura de formação
esportiva para toda a população brasileira em todos as
modalidades possíveis, não apenas no futebol.
É sabido que essa formação está restrita aos clubes.Nos
de futebol, milhares de garotos buscam vagas para crescer
no esporte e poder comprar “uma casa para a mãe”. Nos de
esportes especializados, poucos são os negros, já que as co-
tas e os custos de manutenção não se encaixam no orça-
mento das famílias mais pobres do Brasil - grande parte
constituída por negros. Geralmente, os negros que defen-
dem esses clubes são convidados a treinar por terem se des-
tacado em alguma peneira, em algum campeonato da ba-
se, mas não fazem parte do quadro social da entidade es-
portiva.
Mas um atleta negro está mostrando ao Brasil e ao
mundo que o ambiente esportivo para os negros é muito
mais do que as quadras de basquete, as pistas de atletismo
e os campos de futebol, esportes em que têm forte partici-
pação. O cavaleiro sul-mato-grossense Rogério Clementi-
no, 26 anos, natural de Ivinhema, será o primeiro cavalei-
ro negro a competir pelo país em uma olimpíada, em Pe-
quim’2008, na modalidade adestramento.
Filho de uma trabalhadora doméstica, para entrar no
seleto meio do hipismo, em que tradicionalmente partici-
pam apenas as famílias mais ricas do país (com pouquís-
simas exceções), ele ralou muito para quebrar esse tabu.
Criado em fazenda, gostava de montar bois e afirma que a
adrenalina o atraía - diferentemente do adestramento,
muito mais metódico, pausado.
Clementino trocou o sonho de ser peão pelo adestra-
mento após a insistência de sua esposa,Ana Paula,na épo-
ca sua namorada, conforme relatou em entrevista ao jor-
nal “Folha de São Paulo”. Começou então a trabalhar para
o empresário paulista José Victor Oliva, em Araçoiaba da
Serra (SP), como tratador de cavalos, além de limpar as
baias.
Dormia pouco para ter tempo de trabalhar e montar o
cavalo Nilo V.O., com o qual foi campeão brasileiro e me-
dalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos Rio’2007.
Hoje reconhecido no continente americano como um dos
melhores da região, vai mostrar ao mundo que os negros
também podem montar cavalos.
Apesar de bonita e exemplar, a história de Clementino
é difícil de ser replicada, pois reúne um bocado de cora-
gem, um amontoado de perseverança, uma boa quantida-
de de talento e muita, muita sorte. Portanto, não pode se
tornar uma política pública, como as cotas nas universi-
dades.
Isso porque, apesar de ser necessária a democratização
do acesso ao esporte de alto rendimento, não é possível
criar cotas para que negros ou estudantes de escolas públi-
cas,por exemplo,integrem as seleções brasileiras.O desem-
penho esportivo de cada atleta somado no grupo que é o
mais importante. Entretanto, é fundamental que todos te-
nham a mesma oportunidade de lutar por essas vagas pa-
ra representar o país e se profissionalizarem.
Apesar de alguns pesquisadores afirmarem que os
brancos são melhores em uns esportes, e os negros em ou-
tros, não é justo podar as chances esportivas de atletas por
conta de sua raça/cor. Portanto, os governantes têm que
prestar atenção na história de Clementino,mas não devem
se esquecer que fizeram pouco ou nada para que ele che-
gasse onde chegou e, se quiserem outros negros em outros
esportes dominados por brancos, é preciso investir onde
eles estão.
(*) Interino
E-mail: bmoreno@hojeemdia.com.br
bup
VOCÊ ACREDITA EM MILAGRES?
ATLETISMO
RALLY DOS SERTÕES
BRUNO MORENO
REPÓRTER
O fundista mineiro Franck
Caldeira deve se mudar pa-
ra Belo Horizonte caso re-
nove seu contrato para re-
presentar a equipe de atle-
tismo do Cruzeiro, que ven-
ce em dezembro deste ano.
Ontem, o atleta esteve na
capital e aproveitou para o-
lhar apartamentos, na re-
gião da Pampulha. “Espero
continuar. Quero dar se-
qüência ao trabalho que
vem sendo desenvolvido e
ficar mais perto do clube.
Se renovar, venho morar
em BH”, revelou o Atleta,
que atualmente mora em
Petrópolis, no Rio de Janei-
ro.
Após vencer a meia-ma-
ratona de Betim, no dia 18
deste mês, ele sentiu um es-
tiramento na panturrilha es-
querda e resolveu ficar em
Sete Lagoas, onde nasceu e
onde mora sua família, para
se recuperar. Agora, está
praticamente de malas
prontas para embarcar ru-
mo à cidade de Itamonte, no
Sul de Minas, a 1.500 metros
acima do nível do mar, para
iniciar os treinamentos es-
pecíficos para disputar a
maratona da Olimpíada de
Pequim’2008. Depois, ficará
um mês em Cochabamba,
na Bolívia, situada a 2.500
metros acima do nível do
mar.
Daqui até a prova na Á-
sia, Caldeira não irá disputar
mais nenhuma prova, e ape-
nas se dedicará aos treina-
mentos. O atleta iria partici-
par da Maratona de São Pau-
lo, no próximo domingo,
mas desistiu por conta do
estiramento, o que o obri-
gou a diminuir os ritmos de
treinamentos e a adotar tra-
balhos de fisioterapia em
seu cotidiano.
“Ele iria só para puxar os
primeiros 20 quilômetros,
mas por causa do estira-
mento, desistimos”, revelou
o técnico da equipe de atle-
tismo do Cruzeiro, Alexan-
dre Minardi, que levará dois
atletas da equipe (Luís Paulo
Silva e Marcos Alexandre
Elias) para a disputa na capi-
tal paulista, além de outros
três para servirem de “coe-
lhos”.
Já em Belo Horizonte,
também no domingo, o
companheiro de equipe de
Caldeira, João Fereira de Li-
ma, o João da Bota, é um dos
favoritos na disputa da eta-
pa belo-horizontina do Cir-
cuito de Corridas da Caixa,
que será disputada na Lagoa
SÃO PAULO - A organização
do Rally dos Sertões anun-
ciou ontem que a edição des-
te ano terá um número recor-
de de participantes estrangei-
ros. Ao todo, serão 38 com-
petidores de 14 países dife-
rentes, que disputarão a tradi-
cional prova brasileira de off-
road, entre os dias 17 e 28 de
junho, de Goiânia (GO) a Na-
tal (RN).
Na edição do ano passa-
do, o Rally dos Sertões con-
tou com 27 estrangeiros.
Agora, os 38 competidores
internacionais vêm de Chile,
Portugal, Polônia, Bélgica,
Argentina, Catar, Suécia, Es-
tados Unidos, África do Sul,
Alemanha, Espanha, França,
Uruguai e Austrália.
Assim, no total, o Rally
dos Sertões 2008 teve 168 veí-
culos inscritos, sendo 93 mo-
tos, 57 carros, nove cami-
nhões e nove quadriciclos.
Eles irão percorrer 4.732 qui-
lômetros por seis estados do
Brasil, sendo que 2.567 quilô-
metros desse trajeto serão de
trecho cronometrado.
A crescente presença es-
trangeira é resultado do pres-
tígio internacional alcançado
pelo Rally dos Sertões, que
faz parte do calendário mun-
dial de rali cross-country.
Nesta edição, os destaques
do exterior são o francês Cyril
Despres e o espanhol Marc
Coma, ambos nas motos.
Franck Caldeira
troca Rio por BH
Estrangeiros
são recorde
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ROLAND GARROS
Nº- 1 do Brasil
perde para o
nº- 2 do mundo
Mineiros estréiam hoje na chave de duplas
PARIS - Depois de passar
pelo qualifying, o tenista
Thomaz Bellucci, número 1
do Brasil e 76º do ranking
mundial, não resistiu diante
do espanhol Rafael Nadal na
primeira rodada do Torneio
de Roland Garros. O atual
tricampeão do Grand Slam
francês fez 3 sets a 0 ontem
no brasileiro, com parciais
de 7/5, 6/3 e 6/1.
A partida de Bellucci
chegou a ser iniciada na ter-
ça-feira, mas teve que ser in-
terrompida quando o placar
do primeiro set apontava 1/1
devido à chuva. Ontem pela
manhã, o brasileiro come-
çou bem contra o espanhol e
conseguiu uma quebra de
saque logo no terceiro game,
mas Nadal devolveu a que-
bra em seguida. O espanhol
voltou a vencer no saque do
rival no oitavo game, mas
desta vez foi a vez de Belluc-
ci devolver logo em seguida.
Porém, no 12º game,
após perder três chances de
fechar e prolongar a disputa,
o brasileiro cometeu uma
dupla falta que deu o primei-
ro set ao adversário. Na se-
gunda parcial, Nadal teve
mais tranqüilidade e conse-
guiu fechar com uma única
quebra, no oitavo game. No
terceiro set, o espanhol teve
ainda mais facilidade e ven-
ceu os quatro primeiros ga-
mes, fechando no final em
6/1.
Apesar da derrota de on-
tem, Bellucci vem tendo
uma ascensão meteórica em
2008 - iniciou o ano como
202º do mundo. Depois de
levantar seu primeiro troféu
na carreira no Challenger de
Santiago (Chile), ele venceu
outros três torneios da mes-
ma série em seqüência. Foi
campeão em Florianópolis,
Túnis (Tunísia) e Rabat
(Marrocos).
Marcos Daniel enfrenta
Jurgen Melzer
Roland Garros terá hoje
três brasileiros em quadra.
Marcos Daniel, único sobre-
vivente no torneio de sim-
ples (favorecido pela desis-
tência de Juan Carlos Ferre-
ro), tenta avançar à terceira
rodada contra o austríaco
Jurgen Melzer no terceiro jo-
go da quadra 10, por volta
das 10 horas (horário de Bra-
sília). Os mineiros André Sá e
Marcelo Melo estréiam no
torneio de duplas contra os
italianos Simone Bolelli e
Andreas Seppi no quarto jo-
go da quadra 15. Eles são os
cabeças 14 do torneio.
Outro destaque da pro-
gramação de hoje é o jogo de
Roger Federer contra Albert
Montañez, na quadra Philip-
pe Chatrier, provavelmente
às 11 horas (horário de Brasí-
lia). A quadra Suzanne Len-
glen terá os jogos de Rafael
Nadal contra o francês Nico-
las Devilder e de Maria Sha-
rapova contra Bethanie Mat-
tek. Gustavo Kuerten só fará
sua estréia nas duplas ama-
nhã. Ao lado do francês Se-
bastien Grosjean, ele enfren-
ta os também franceses Ni-
colas Mahut e Julien Benne-
teau.
A russa Maria Sharapo-
va, líder do ranking mundial,
conseguiu superar a compa-
triota Yevgenya Rodina por
2/1, com parciais de 6/1, 3/6
e 8/6.
A revelação brasileira Thomaz Bellucci deu muito trabalho ao espanhol Rafael Nadal Marcos Daniel foi favorecido com a desistência de Juan Carlos Ferrero e hoje desafia austríaco
JACQUES DEMARTHON/AFP
FRANÇOIS GUILLOT/AFP
Fundista do Cruzeiro olha apartamentos na região da Pampulha
LUIZ COSTA
Franck Caldeira está
se preparando para
disputar a maratona
dos Jogos Olímpicos