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Tema Central
GCarlos Pontes Lopes
Development Manager
Global Hotels & Resorts
Asustentabilidade, como a vemos nos dias de hoje, está inti-
mamente relacionada com as questões ambientalistas mas
também com as questões de responsabilidade social empresa-
rial.Assim,quer seja no âmbito de uma discussão,de um estudo,
ou“apenas”de uma preocupação, é sem dúvida, não apenas um
tema muito em voga, mas algo que irá acompanhar a sociedade
à escala global. Sabendo que para isso, muito tem contribuído o
facto de já ser amplamente assumido e reconhecido como um
tema transversal a todos os sectores e classes de uma sociedade
ou de uma economia, com um alcance que ultrapassa qualquer
fronteira geográfica.
Lembramo-nos com certeza que no passado sempre que uma
empresa pretendia obter uma maior notoriedade nos mercados
onde actuava, optava por desenvolver uma política de “filan-
tropia empresarial”, ou qualquer outro “esquema de compen-
sação” na sociedade onde estava inserida. Todavia, hoje, mesmo
no caso do mais básico dos negócios, a abordagem tem de ser
obrigatoriamente distinta. As empresas actualmente deverão
ser “avaliadas”pela sua contribuição, responsabilidade, transpa-
rência, ética empresarial, notoriedade socioeconómica, gestão
eficiente de recursos e, por último, mas não menos importante,
pelos seus resultados financeiros.
A integração de práticas responsáveis na operação de um hotel
ou de um resort irá beneficiar o respectivo negócio sob várias
formas. Nomeadamente, porque empresas “admiradas” atraem
investidores, os clientes ou hóspedes tornam-se mais leais, para
além de que apresentam igualmente uma maior capacidade de
recrutar, reter e motivar recursos humanos de “calibre” superior.
Todos estes factores, em conjunto, permitem assim, um franco
incremento na posição que um hotel ou qualquer outro ne-
gócio assume no seu mercado. Proprietários e operadores hote-
leiros que tenham compreendido perfeitamente o contexto am-
biental e socioeconómico no qual operam, encontram-se sem
dúvida alguma, melhor posicionados para uma boa gestão do
risco e da manutenção da sua licença de funcionamento. Hotéis
que gerem de uma forma eficiente os seus recursos, obtêm me-
lhores resultados não só porque eliminam práticas desperdiça-
doras, mas também porque reduzem a sua “pegada ecológica”,
algo que todos nós também devemos fazer urgentemente.
Seis vectores para a eficiência
Assim e de uma forma resumida, existem várias estratégias e
abordagens que permitem seguramente aumentar a sustenta-
estão
da Sustentabilidade
na Hotelaria
bilidade das operações num hotel. Por um lado, por via da mini-
mização dos impactos negativos nos ecossistemas e culturas en-
volventes, por outro pela maximização da contribuição positiva
para a conservação da biodiversidade, da herança cultural, e da
preservação e desenvolvimento da comunidade.
As estratégias e abordagens em causa terão, essencialmente,
que se desenvolver sobre seis vectores: a “Definição da Política e
da Estrutura”; “Notoriedade e o Treino do Pessoal”; “Gestão Am-
biental”; “Compras”; “Pessoas e Comunidades”; e por fim “Pro-
tecção do Destino”.
Para que uma unidade hoteleira seja considerada sustentável,
propõe-se então que na “Definição da Política” (e respectivo con-
texto) seja essencial o compromisso de todos, desde o topo até
à base da estrutura. Desta forma, é essencial que: seja desig-
nado ou nomeado um quadro ou técnico “senior” para ficar res-
ponsável pela gestão ambiental; sejam implementadas formas
de medição do progresso ocorrido, por exemplo litros água por
quarto ocupado ou kWh por quarto ocupado, ou Kgs de lixo por
cliente; e sejam definidas políticas de responsabilidade social
com as quais toda a operação (ou organização) se compromete.
Na “Notoriedade e Treino do Pessoal”, o sucesso depende da
contínua formação (ou actualização) e motivação dos colabora-
dores. Para garantir esse sucesso, é essencial que: seja lançado
um programa de responsabilidade empresarial destinado aos
colaboradores, aos quais será solicitado o feedback respectivo;
que se mantenha a notoriedade desse mesmo programa por via
de reuniões regulares, posters e informações distribuídas por di-
versos painéis informativos; que se promova a motivação por via
da saudável competição interna, da utilização de caixas de su-
gestões,e como é óbvio,pelo premiar dos colaboradores pelos su-
cessos concretizados ou atingidos num determinado período (de
preferência mensal); e que os resultados do respectivo programa
sejam comunicados aos colaboradores.
No que se refere à“Gestão Ambiental”,a unidade hoteleira deve
colocar a fasquia no nível mais elevado possível de standards
ambientais, nomeadamente no que se refere à protecção da bio-
diversidade, à higiene, à segurança, à qualidade do ar dentro da
unidade e à gestão ambiental na sua generalidade. Assim, entre
outras acções, deve-se: começar por fazer um levantamento
dos actuais e dos potenciais impactos ambientais, distinguindo
aqueles que são primários dos que são secundários, e dentro de
cada um destes dois grupos ordenar por ordem crescente de sig-
nificância; na sequência da acção anterior, deve então ser ela-
borada uma lista em que se apresentam as diversas formas de
possível mitigação e alternativas de gestão a serem utilizadas;
executar a medição e a monitorização do progresso obtido, de
26
Tema Central
uma forma regular e com frequência pré-definida, pois só assim
é confirmada ou não a concretização dos objectivos pré-esta-
belecidos, e tomadas as acções correctivas even-tualmente ne-
cessárias; trabalhar e partilhar esforços com as unidades con-
correntes, potenciando o destino ou a área local em causa; e
informar clientes e todo o tipo de stakeholders da sua política
ambiental, programas respectivos e correspondentes sucessos.
Compras e Comunidade
No âmbito das “Compras”, a unidade hoteleira tem
de “trabalhar” com os seus fornecedores para que a
sua cadeia de oferta possa ser considerada susten-
tável. Para isso é essencial que se comece por fazer
uma busca e selecção de produtos, que sejam o mais
sustentáveis possível ao nível da sua produção, utili-
zação e da sua posterior eliminação; se examine como
é feita a selecção dos fornecedores da unidade hote-
leira, i.e. toda a cadeia de oferta do produto desde a
sua origem, pois só desta forma é possível assegurar
o nível de sustentabilidade que é proposto cumprir;
desafie os fornecedores e outros parceiros de ne-
gócio do hotel, numa perspectiva de que estes me-
lhorem as suas práticas; seja dada preferência sempre
que possível a produtos do “comércio justo” e/ou com
etiquetas de produção ecológica; nunca compre ou
venda produtos de origem selvagem protegida ou de
espécies ilegalmente comercializadas, informando os
clientes caso isso se verifique na área da unidade ho-
teleira; e se reconheça os esforços dos fornecedores
através de eventos especiais, promoções e estabeleci-
mento de contratos a longo prazo.
No âmbito das “Pessoas e Comunidades”, deve-se
“olhar” para o mundo envolvente à unidade hoteleira,
e como é que essa mesma unidade pode assumir um
papel de maior responsabilidade e de liderança.Tendo
assim que ter uma postura justa, honesta, aberta e
transparente em todas as negociações com clientes,
empregados e fornecedores, respeitando em todos os
momentos os respectivos direitos humanos; propor-
cionar formas de voluntariado para hóspedes, através
das quais estes possam contribuir para a conservação
do património local ou intervir nos projectos de desen-
volvimento comunitário; ser sensível às necessidades
dos colaboradores, bem como da comunidade onde
está inserida, nomeadamente por via do respeito das
heranças e tradições da cultura local; apoiar a comuni-
dade local no desenvolvimento de projectos, disponi-
bilizando recursos financeiros, tempo e outros recursos subuti-
lizados; e formar trabalhadores locais para que possam ocupar
posições de gestão com o evoluir do tempo.
Por fim, no que se refere à “Protecção do Destino”, é da maior
importância que se mantenha o “sentido de lugar”, suportado
por uma determinada localização geográfica, ambiente, cultura,
herança, estética e pelo bem-estar dos cidadãos.

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  • 1. 24 Tema Central GCarlos Pontes Lopes Development Manager Global Hotels & Resorts Asustentabilidade, como a vemos nos dias de hoje, está inti- mamente relacionada com as questões ambientalistas mas também com as questões de responsabilidade social empresa- rial.Assim,quer seja no âmbito de uma discussão,de um estudo, ou“apenas”de uma preocupação, é sem dúvida, não apenas um tema muito em voga, mas algo que irá acompanhar a sociedade à escala global. Sabendo que para isso, muito tem contribuído o facto de já ser amplamente assumido e reconhecido como um tema transversal a todos os sectores e classes de uma sociedade ou de uma economia, com um alcance que ultrapassa qualquer fronteira geográfica. Lembramo-nos com certeza que no passado sempre que uma empresa pretendia obter uma maior notoriedade nos mercados onde actuava, optava por desenvolver uma política de “filan- tropia empresarial”, ou qualquer outro “esquema de compen- sação” na sociedade onde estava inserida. Todavia, hoje, mesmo no caso do mais básico dos negócios, a abordagem tem de ser obrigatoriamente distinta. As empresas actualmente deverão ser “avaliadas”pela sua contribuição, responsabilidade, transpa- rência, ética empresarial, notoriedade socioeconómica, gestão eficiente de recursos e, por último, mas não menos importante, pelos seus resultados financeiros. A integração de práticas responsáveis na operação de um hotel ou de um resort irá beneficiar o respectivo negócio sob várias formas. Nomeadamente, porque empresas “admiradas” atraem investidores, os clientes ou hóspedes tornam-se mais leais, para além de que apresentam igualmente uma maior capacidade de recrutar, reter e motivar recursos humanos de “calibre” superior. Todos estes factores, em conjunto, permitem assim, um franco incremento na posição que um hotel ou qualquer outro ne- gócio assume no seu mercado. Proprietários e operadores hote- leiros que tenham compreendido perfeitamente o contexto am- biental e socioeconómico no qual operam, encontram-se sem dúvida alguma, melhor posicionados para uma boa gestão do risco e da manutenção da sua licença de funcionamento. Hotéis que gerem de uma forma eficiente os seus recursos, obtêm me- lhores resultados não só porque eliminam práticas desperdiça- doras, mas também porque reduzem a sua “pegada ecológica”, algo que todos nós também devemos fazer urgentemente. Seis vectores para a eficiência Assim e de uma forma resumida, existem várias estratégias e abordagens que permitem seguramente aumentar a sustenta- estão da Sustentabilidade na Hotelaria
  • 2. bilidade das operações num hotel. Por um lado, por via da mini- mização dos impactos negativos nos ecossistemas e culturas en- volventes, por outro pela maximização da contribuição positiva para a conservação da biodiversidade, da herança cultural, e da preservação e desenvolvimento da comunidade. As estratégias e abordagens em causa terão, essencialmente, que se desenvolver sobre seis vectores: a “Definição da Política e da Estrutura”; “Notoriedade e o Treino do Pessoal”; “Gestão Am- biental”; “Compras”; “Pessoas e Comunidades”; e por fim “Pro- tecção do Destino”. Para que uma unidade hoteleira seja considerada sustentável, propõe-se então que na “Definição da Política” (e respectivo con- texto) seja essencial o compromisso de todos, desde o topo até à base da estrutura. Desta forma, é essencial que: seja desig- nado ou nomeado um quadro ou técnico “senior” para ficar res- ponsável pela gestão ambiental; sejam implementadas formas de medição do progresso ocorrido, por exemplo litros água por quarto ocupado ou kWh por quarto ocupado, ou Kgs de lixo por cliente; e sejam definidas políticas de responsabilidade social com as quais toda a operação (ou organização) se compromete. Na “Notoriedade e Treino do Pessoal”, o sucesso depende da contínua formação (ou actualização) e motivação dos colabora- dores. Para garantir esse sucesso, é essencial que: seja lançado um programa de responsabilidade empresarial destinado aos colaboradores, aos quais será solicitado o feedback respectivo; que se mantenha a notoriedade desse mesmo programa por via de reuniões regulares, posters e informações distribuídas por di- versos painéis informativos; que se promova a motivação por via da saudável competição interna, da utilização de caixas de su- gestões,e como é óbvio,pelo premiar dos colaboradores pelos su- cessos concretizados ou atingidos num determinado período (de preferência mensal); e que os resultados do respectivo programa sejam comunicados aos colaboradores. No que se refere à“Gestão Ambiental”,a unidade hoteleira deve colocar a fasquia no nível mais elevado possível de standards ambientais, nomeadamente no que se refere à protecção da bio- diversidade, à higiene, à segurança, à qualidade do ar dentro da unidade e à gestão ambiental na sua generalidade. Assim, entre outras acções, deve-se: começar por fazer um levantamento dos actuais e dos potenciais impactos ambientais, distinguindo aqueles que são primários dos que são secundários, e dentro de cada um destes dois grupos ordenar por ordem crescente de sig- nificância; na sequência da acção anterior, deve então ser ela- borada uma lista em que se apresentam as diversas formas de possível mitigação e alternativas de gestão a serem utilizadas; executar a medição e a monitorização do progresso obtido, de
  • 3. 26 Tema Central uma forma regular e com frequência pré-definida, pois só assim é confirmada ou não a concretização dos objectivos pré-esta- belecidos, e tomadas as acções correctivas even-tualmente ne- cessárias; trabalhar e partilhar esforços com as unidades con- correntes, potenciando o destino ou a área local em causa; e informar clientes e todo o tipo de stakeholders da sua política ambiental, programas respectivos e correspondentes sucessos. Compras e Comunidade No âmbito das “Compras”, a unidade hoteleira tem de “trabalhar” com os seus fornecedores para que a sua cadeia de oferta possa ser considerada susten- tável. Para isso é essencial que se comece por fazer uma busca e selecção de produtos, que sejam o mais sustentáveis possível ao nível da sua produção, utili- zação e da sua posterior eliminação; se examine como é feita a selecção dos fornecedores da unidade hote- leira, i.e. toda a cadeia de oferta do produto desde a sua origem, pois só desta forma é possível assegurar o nível de sustentabilidade que é proposto cumprir; desafie os fornecedores e outros parceiros de ne- gócio do hotel, numa perspectiva de que estes me- lhorem as suas práticas; seja dada preferência sempre que possível a produtos do “comércio justo” e/ou com etiquetas de produção ecológica; nunca compre ou venda produtos de origem selvagem protegida ou de espécies ilegalmente comercializadas, informando os clientes caso isso se verifique na área da unidade ho- teleira; e se reconheça os esforços dos fornecedores através de eventos especiais, promoções e estabeleci- mento de contratos a longo prazo. No âmbito das “Pessoas e Comunidades”, deve-se “olhar” para o mundo envolvente à unidade hoteleira, e como é que essa mesma unidade pode assumir um papel de maior responsabilidade e de liderança.Tendo assim que ter uma postura justa, honesta, aberta e transparente em todas as negociações com clientes, empregados e fornecedores, respeitando em todos os momentos os respectivos direitos humanos; propor- cionar formas de voluntariado para hóspedes, através das quais estes possam contribuir para a conservação do património local ou intervir nos projectos de desen- volvimento comunitário; ser sensível às necessidades dos colaboradores, bem como da comunidade onde está inserida, nomeadamente por via do respeito das heranças e tradições da cultura local; apoiar a comuni- dade local no desenvolvimento de projectos, disponi- bilizando recursos financeiros, tempo e outros recursos subuti- lizados; e formar trabalhadores locais para que possam ocupar posições de gestão com o evoluir do tempo. Por fim, no que se refere à “Protecção do Destino”, é da maior importância que se mantenha o “sentido de lugar”, suportado por uma determinada localização geográfica, ambiente, cultura, herança, estética e pelo bem-estar dos cidadãos.