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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde
Curso de Medicina Veterinária
TUBERCULOSE BOVINA
Curitiba
2006
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde
Curso de Medicina Veterinária
TUBERCULOSE BOVINA
Jackeline Fabiane Greydanus
Curitiba
2006
Reitor
Profº Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitor Administrativo
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos
Pró-Reitora Acadêmica
Profª Carmen Luiza da Silva
Pró-Reitor de Planejamento
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos
Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini
Secretário Geral
Profº João Henrique Ribas de Lima
Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Profº João Henrique Faryniuk
Coordenador do Curso de Medicina Veterinária
Profª Neide Mariko Tanaka
Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária
Profa
Elza Ciffoni
CAMPUS CHAMPAGNAT
Rua .Marcelino Champagnat, 505 - Mercês
CEP 80.215-090 – Curitiba – PR
Fone: (41) 3331-7953
ii
Jackeline Fabiane Greydanus
TUBERCULOSE BOVINA
Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária
da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para
obtenção do título de Médico Veterinário.
Professor Orientador: Dr. João Ari Gualberto Hill
Orientador Profissional: Dr. Nilton Vieira
Curitiba
2006
iii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS............................................................................................... vi
RESUMO....................................................................................................................................... vii
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
1.1 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA........................................................................... 1
1.2 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO................................................................. 1
1.3 PATOGENIA...................................................................................................... 2
1.4 SINAIS CLÍNICOS............................................................................................. 3
1.5 ACHADOS DE NECROPSIA............................................................................. 3
1.6 DIAGNÓSTICO................................................................................................. 4
1.7 PROFILAXIA..................................................................................................... 5
2 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 7
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................... 8
3.1 ACHADOS DE NECRÓSIA............................................................................... 8
4 CONCLUSÃO....................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 16
iv
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – INTERPRETAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA PROVA
COMPARATIVA......................................................................................5
v
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – LEITURA DE EXAME DE TUBERCULOSE...........................................9
FIGURA 2 – BEZERRA POSITIVA AO EXAME DE TUBERCULOSE.................... 9
FIGURA 3 – LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO............................... 10
FIGURA 4 – LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO............................... 10
FIGURA 5 – LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO................................... 11
FIGURA 6 – LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO................................... 11
FIGURA 7 – LINFONODO MESENTÉRICO........................................................... 12
FIGURA 8 – LINFONODOS MAMÁRIOS AUMENTADOS..................................... 12
FIGURA 9 – NÓDULOS NO RÚMEN, BAÇO E PERITÔNIO................................. 13
FIGURA 10 – NÓDULOS NO FÍGADO E PERITÔNIO........................................... 13
FIGURA 11 – LESÕES DIGESTIVAS..................................................................... 14
FIGURA 12 – RÚMEN COM NÓDULOS................................................................. 14
vi
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo relatar o acompanhamento exames sanitários
em bovinos leiteiros, da raça holandesa, na região norte pioneira do estado do
Paraná, no período de agosto e setembro de 2006. Foram realizados exames de
tuberculose em 695 animais, machos e fêmeas, com idade superior a 6 semanas. O
método utilizado foi o teste cervical comparativo. Na interpretação do teste, dois
animais foram considerados inconclusivos e seis positivos. Os animais positivos
foram sacrificados e necropsiados, apresentando lesões digestivas. Os exames
foram realizados por um médico veterinário credenciado no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), e foram realizados conforme o Programa
Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT).
Palavras-chave: Mycobacterium bovis, diagnóstico, lesões.
vii
1 INTRODUÇÃO
A tuberculose bovina é uma importante zoonose e que provoca sérios
prejuízos quando diagnosticada. É uma doença de evolução crônica e se caracteriza
pelo crescimento progressivo de lesões nodulares denominadas tubérculos, que
podem se localizar em qualquer órgão ou tecido. O Mycobacterium bovis é a causa
mais comum de tuberculose em bovinos. Afeta animais independentemente do sexo,
estação do ano, clima e região, porém ocorre mais conforme aumenta a idade
(CORRÊA & CORRÊA, 1992).
EM 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
instituiu o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose
(PNCEBT) com o objetivo de diminuir o impacto negativo destas zoonoses na saúde
comunitária e de promover a competitividade da pecuária nacional.
1.1 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
Países, como o Brasil, que implantaram programas de controle e erradicação
da tuberculose animal, reduziram a freqüência de animais infectados. Dados de
notificações oficiais indicam que o Brasil apresentou uma prevalência média nacional
de 1,3% animais reagentes à tuberculina, no período de 1989 a 1998 (MAPA, 2003).
1.2 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO
O animal infectado é a principal fonte de infecção em rebanhos. A principal
forma de introdução da tuberculose em um rebanho é a aquisição de animais
infectados. O M. bovis é excretado pelo ar expirado, fezes, urina, leite e outros
fluidos corporais, dependendo dos órgãos contaminados (BLOOD & RADOSTITS,
1989).
Em bovinos adultos, a principal porta de entrada é a via respiratória, em
aproximadamente 90% dos casos, devido à inalação de aerossóis contaminados.
Outra forma de comum de disseminação é pela ingestão de leite infectado, por
animais jovens (MAPA, 2003)..
A transmissão pela via transplacentária é rara. A transmissão sexual pode
ocorrer nos casos de epididimite e metrite tuberculosa, mas é pouco freqüente
(MAPA, 2003).
A doença é mais comum em bovinos leiteiros do que em bovinos de corte,
pois o confinamento predispõe à doença, devido ao estreito contato entre animais
infectados e suscetíveis. Contudo, quando os bovinos de corte são mantidos
confinados ou são submetidos a condições naturais de aglomeração, os riscos são
os mesmos (BLOOD & RADOSTITS, 1989).
1.3 PATOGENIA
Após a infecção, por inalação ou ingestão, formam-se lesões primárias no
órgão infectado ou nos linfonodos que drenam essa área. Esse estágio denomina-se
complexo primário (BLOOD & RADOSTITS, 1989).
A inalação geralmente resulta em lesões primárias pequenas no pulmão, que
tem início na junção bronquíolo-alveolar com disseminação para os alvéolos e
linfonodos brônquicos, podendo regredir, persistir estabilizadas ou progredir.
Quando a infecção ocorre por via digestiva, as lesões mais comuns são observadas
nos linfonodos faríngeos ou mesentéricos (MAPA, 2003).
Em oito dias após a entrada da bactéria, se desenvolve um foco primário
visível. A calcificação das lesões se inicia aproximadamente duas semanas depois.
O foco necrótico em desenvolvimento é circundado por tecido de granulação e
linfócitos e o tubérculo se estabelece. As bactérias são transmitidas a partir do foco
primário para um linfonodo regional, onde causam o desenvolvimento de lesões
semelhantes (BLOOD & RADOSTITS, 1989).
As lesões são mais freqüentemente encontradas em linfonodos
(mediastínicos, retrofaríngeos, bronquiais, parotídeos, cervicais, inguinais
superficiais e mesentéricos), pulmão e fígado (MAPA, 2003).
A disseminação da infecção para outros órgãos pode ocorrer durante o
desenvolvimento da doença ou numa fase tardia, provavelmente por uma queda na
imunidade do animal. A generalização da infecção pode assumir forma miliar,
quando ocorre a entrada de um grande número de bacilos na circulação; ou forma
protraída (mais comum) com menor número de bacilos, que ocorre por via linfática
ou hematógena, acometendo o próprio pulmão, linfonodos, fígado, baço, úbere,
ossos, rins, sistema nervoso central, disseminando-se por praticamente todos os
tecidos (MAPA, 2003).
1.4 SINAIS CLÍNICOS
A doença é de evolução muito lenta, e os sinais clínicos são pouco
freqüentes. Quando presentes são extremamente variáveis e inespecíficos. Em
estágios avançados, os bovinos podem apresentar caquexia progressiva, hiperplasia
de linfonodos superficiais e/ou profundos, dispnéia, tosse, mastite, infertilidade, entre
outros, dependendo do local das lesões. (REBUHN, 2000)
1.5 ACHADOS DE NECRÓPSIA
A distribuição das lesões tem forma padronizada. Os granulomas
tuberculosos podem ser encontrados em qualquer dos linfonodos, mas
principalmente nos nódulos brônquicos e mediastínicos. Abscessos miliares podem
disseminar-se para os pulmões, causando broncopneumonia supurativa. O pus
apresenta cor característica, do creme ao alaranjado, e sua consistência varia de
cremosa espessa a caseosa, que se esfarela com facilidade. Pequenos nódulos
podem aparecer sobre a pleura e peritônio. Estes também contêm pus tuberculoso,
mas sem efusão (BLOOD & RADOSTITS, 1989).
1.6 DIAGNÓSTICO
Os métodos de diagnóstico da tuberculose bovina utilizados são os diretos e
indiretos. Os métodos diretos determinam a presença do agente etiológico no
material biológico. Os indiretos determinam a resposta imunológica do animal ao
agente etiológico. Essa resposta pode ser humoral (produção de anticorpos
circulantes) ou celular (mediada por linfócitos e macrófagos). A tuberculinização é
uma medida da imunidade celular contra M. bovis por uma reação de
hipersensibilidade retardada (tipo IV) (MAPA, 2003).
No Brasil, a prova tuberculínica é realizada com o PPD (Purified Protein
Derivative) bovino, no teste cervical simples ou no teste da prega caudal. Já no teste
cervical comparativo, utiliza-se também o PPD aviário. O PPD bovino apresenta-se
sob a forma líquida incolor e o PPD aviário sob a forma líquida com coloração
vermelho claro. (MAPA, 2003).
O diagnóstico alérgico cutâneo com tuberculina é considerado pela OIE
(Office Internacional des Epizooties) como técnica de referência. Essa técnica pode
revelar infecções incipientes a partir de três a oito semanas da exposição ao agente,
alcançando boa sensibilidade e especificidade. Para que realmente funcione como
ferramenta diagnóstica em um programa de controle, o procedimento é padronizado
quanto à produção de tuberculinas, equipamentos para realização das provas, tipos
de provas e critérios de leitura (MAPA, 2003).
Os testes para diagnóstico indireto reconhecidos como oficiais são (MAPA,
2003):
teste da prega ano-caudal (prova de triagem, exclusiva em gado de corte);
teste cervical simples (prova de rotina em gado de leite devido sua boa
sensibilidade);
teste cervical comparativo (prova confirmatória, em casos de reagentes no teste
da prega ano-caudal ou inconclusivos no teste cervical simples).
O resultado da prova comparativa é interpretado de acordo com a tabela a seguir:
TABELA 1 – INTERPRETAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA PROVA COMPARATIVA
B – A (mm) Interpretação
B < 2,0 - negativo
B < A < 0 negativo
B > A 0,0 a 1,9 negativo
B > A 2,0 a 3,9 inconclusivo
B > A > 4,0 Positivo
FONTE: BRASIL, 2006.
A = Tuberculina Aviária
B = Tuberculina Bovina
1.7 PROFILAXIA
Testes intradérmicos de tuberculina nos rebanhos bovinos devem ser
praticadas a cada ano (salvo nos casos de propriedades livres ou monitoradas), em
animais (machos e fêmeas) com idade superior a 6 semanas. Em casos de animais
positivos, separá-los do rebanho até o sacrifício. Na compra de animais, testá-los na
origem (antes da introdução no rebanho) e retestá-los logo após a entrada na
quarentena (respeitando um intervalo de 60 dias). Comprar somente animais de
rebanhos livres da doença (MAPA, 2003).
Controlar fontes de água, cuidando-se das que provenham de fazendas
vizinhas sem controle da tuberculose. As instalações devem ser adequadas, com
boa ventilação e exposição à luz solar. Recomenda-se higienizar e desinfetar
periodicamente todas as instalações, especialmente bebedouros e cochos, com
hipoclorito de sódio 3%, fenol 5%, formol 3%, cresol 5% ou cal (concentração 20%)
(MAPA, 2003).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizados exames de tuberculose em quatro propriedades, na região
norte pioneira do Paraná, no período de agosto e setembro de 2006. A
tuberculinização foi feita em 695 bovinos leiteiros da raça holandesa, entre eles,
machos e fêmeas com idade superior a 6 semanas.
O método de tuberculinização utilizado, foi o teste cervical comparativo, com
PPD bovino e aviário, aplicados simultaneamente, em um mesmo lado em todos os
animais.
Os animais foram devidamente contidos e então os locais de inoculação
foram demarcados pelo corte dos pêlos, com aparelho de tosquia. Foi feita uma
medida da dobra da pele, com cutímetro, na região a ser inoculada. As medidas
foram anotadas juntamente com a identificação do animal.
As inoculações das tuberculinas com PPD aviária e bovina foram feitas com
seringas e agulhas próprias, na dosagem de 0,1 ml por via intradérmica, na região
escapular, com distância de 15 a 20 cm entre uma e outra. A PPD aviária aplicada
cranialmente e a bovina caudalmente.
Após 72 horas (mais ou menos 6 horas) da inoculação, foi feita uma nova
medida da dobra da pele, com cutímetro, no local de inoculação das tuberculinas. As
medidas foram anotadas.
Os instrumentos utilizados são próprios para esta finalidade. Seringas com
dosador automático de 0,1 ml com agulhas pequenas (3 a 4 mm) e finas e o
cutímetro equipado com cabo e a mola que fornece pressão regular nas medidas.
Os locais de inoculação devem ser marcados com aparelho de tosquia.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dos 695 exames de tuberculose realizados, dois animais obtiveram
resultados considerados inconclusivos e seis foram considerados positivos. Destes,
duas eram vacas, três bezerras entre 60 a 150 dias e um touro com
aproximadamente 2 anos.
Os animais com resultados inconclusivos, foram separados do rebanho, e
serão submetidos a um segundo teste após 90 dias da realização do primeiro, para
a confirmação dos resultados.
O proprietário relatou que comprou animais, sem exames de tuberculose,
provenientes do estado de São Paulo, e introduziu em seu rebanho.
Com o acompanhamento de um fiscal do Serviço de Defesa Sanitária Animal,
os animais positivos foram sacrificados, e então foram feitas necrópsias dos seis
animais. Os animais foram sacrificados e enterrados dentro de uma vala, na própria
propriedade, porém num local afastado.
Uma das vacas que foram sacrificadas apresentava mastite crônica. Foi
relatado que todos os tratamentos possíveis foram feitos neste animal, mas nenhum
apresentou sucesso.
Conforme os achados de necropsia citados a seguir, podemos concluir que os
animais jovens consumiram leite das vacas tuberculosas, o que causou lesões
digestivas.
3.1 ACHADOS DE NECROPSIA
Nas três bezerras e no touro, foram encontrados linfonodos mesentéricos e
submandibulares aumentados.
Nas vacas, foram encontrados linfonodos submandibulares, retrofaríngeos e
mesentéricos aumentados, lesões digestivas (nódulos) sobre o peritônio, fígado,
baço, rúmen e abomaso. Uma vaca, particularmente, apresentava linfonodos
mamários muito aumentados.
FIGURA 1 - LEITURA DE EXAME DE TUBERCULOSE
FIGURA 2 - BEZERRA POSITIVA AO EXAME DE TUBERCULOSE
FIGURA 3 - LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO
FIGURA 4 - LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO
FIGURA 5 - LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO
FIGURA 6 - LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO
FIGURA 7 – LINFONODO MESENTÉRICO
FIGURA 8 - LINFONODOS MAMÁRIOS AUMENTADOS
FIGURA 9 - NÓDULOS NO RÚMEN, BAÇO E PERITÔNIO
FIGURA 10 - NÓDULOS NO FÍGADO E PERITÔNIO
FIGURA 11 - LESÕES NO BAÇO
FIGURA 12 - RÚMEN COM NÓDULOS
4 CONCLUSÃO
A tuberculose bovina é ainda um problema no Brasil. Os médicos veterinários
têm grande responsabilidade nas ações sanitárias profiláticas, no diagnóstico a
campo e na fiscalização dos produtos de origem animal. Mas, é necessário a
conscientização dos produtores para a realização dos exames e o descarte de
animais positivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEER, J. Doenças Infecciosas em Animais Domésticos. 1 ed. São Paulo: Roca,
1999, 380p.
BLOOD, D.C. & RADOSTITS, O.M. Clínica Veterinária. 7 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1989, 1263p.
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Programa Nacional
de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. Brasília:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em:
www.agricultura.gov.br. Acesso em: 03/10/2006.
BRITO, J.R.F.; DIAS, J.C. Sanidade do gado leiteiro. Coronel Pacheco:
EMBRAPA-CNPGL/TORTUGA, 1995. 78p.
CLARENCE, M. F. Manual Merck de Veterinária. 7 ed. São Paulo: Roca. 1996.
2169 p.
CORRÊA, W. M. & CORRÊA, C.N.M. Enfermidades Infecciosas dos mamíferos
domésticos. 2 ed. Rio de Janeiro: MEDSI Editora Médica e Científica Ltda, 1992,
843p.
DOMINGUES, P.F.; LANGONI, H. Manejo sanitário animal. 1 ed. Rio de Janeiro:
EPUB, 2001. 210p.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Programa Nacional de Controle e Erradicação
da Brucelose e Tuberculose Animal. Brasília, DF. 125p.
REBHUN, W.C. Doenças do gado leiteiro. 1 ed. São Paulo: Roca, 2000, 642p.
SEAB, Paraná. Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e
Tuberculose Animal. Curitiba, 2006.
TIZARD, I. R. Imunologia veterinária - uma introdução. 5 ed. São Paulo: Roca,
1998, 545p.
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde
Curso de Medicina Veterinária
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
(T.C.C.)
Jackeline Fabiane Greydanus
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ii
A P R E S E N T A Ç Ã O
Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de
Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas
as atividades realizadas durante o período de 01/08 a 26/09/2006, em que estive no
município de Arapoti – PR, cumprindo estágio curricular e também de uma
Monografia que versa sobre o tema: “Tuberculose bovina”.
iii
Ao meu pai, Pedro Cornélio de Geus Greydanus que não pode realizar esse sonho,
mas me apoiou e deu forças para que eu pudesse realizá-lo, e a minha mãe Maaike
Elisabeth de Jong Greydanus, que juntamente com meu pai sempre estiveram ao meu lado,
em todos os momentos, para que eu chegasse até aqui.
DEDICO
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado forças, permitir que eu
chegasse até aqui e por sempre estar ao meu lado, em todos os momentos de
minha vida.
Aos meus pais, Pedro Cornélio de Geus Greydanus e Maaike Elisabeth de
Jong Greydanus, agradeço pela oportunidade de concluir um curso superior, pelo
encorajamento por morar fora de casa, pelos ensinamentos e por todo o amor e
carinho.
Ao meu noivo e minha família, pelo amor e compreensão, pelo apoio e
incentivo.
Aos meus mestres, que no decorrer desses anos transmitiram não apenas
conhecimentos, mas amizade e lições de vida.
Agradeço em especial ao meu orientador, Dr. João Ari Gualberto Hill, pela
ajuda, dedicação, paciência e incentivo, e também, ao Dr. Nilton Vieira, pela
amizade e pela oportunidade de aprender mais um pouco sobre essa maravilhosa
profissão.
v
“A diferença entre uma pessoa e outra é a determinação, uma
forma diferente de energia. Essa qualidade humana completará
qualquer tarefa que precise ser realizada no mundo, e de nada
adiantam talento, circunstâncias ou oportunidades sem sua
presença poderosa”.
Thomas Buxton
vi
Jackeline Fabiane Greydanus
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
Relatório de Estágio Curricular apresentado ao
Curso de Medicina Veterinária da Faculdade
de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti
do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título
de Médico Veterinário.
Professor Orientador: Dr. João Ari Gualberto Hill
Orientador Profissional: Dr. Nilton Vieira
Curitiba
2006
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS............................................................................................... vi
RESUMO....................................................................................................................................... viii
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO............................................................. 2
3 ATIVIDADES LIGADAS À REPRODUÇÃO ANIMAL......................................... 3
3.1 EXAMES GINECOLÓGICOS............................................................................ 3
3.2 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO...................................................................... 4
3.3 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL............................................................................. 5
3.4 ABORTO........................................................................................................... 6
3.5 ADERÊNCIAS................................................................................................... 7
3.6 ANOMALIA CONGÊNITA.................................................................................. 8
3.7 CARCINOMA DAS CÉLULAS ESCAMOSAS DA VULVA................................ 8
3.8 CISTOS OVARIANOS....................................................................................... 9
3.9 CISTOS DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN.................................................. 10
3.10 FIBROSE......................................................................................................... 11
3.11 HIDROSSALPINGITE..................................................................................... 11
3.12 HIPOPLASIA UTERINA.................................................................................. 12
3.13 IMPLANTE DE CRESTAR®............................................................................ 12
3.14 INFUSÃO UTERINA........................................................................................ 13
3.15 LAVADO PREPUCIAL..................................................................................... 13
3.16 METRITE......................................................................................................... 14
3.17 ORQUITE........................................................................................................ 14
3.18 RETENÇÃO DE PLACENTA........................................................................... 15
3.19 TUMOR UTERINO.......................................................................................... 16
4 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLÍNICA MÉDICA........................................ 17
4.1 ANAPLASMOSE............................................................................................... 17
4.2 BABESIOSE...................................................................................................... 17
4.3 CARBÚNCULO SINTOMÁTICO........................................................................ 18
4.4 CETOSE............................................................................................................ 19
4.5 CÓLICA............................................................................................................. 20
4.6 CONGESTÃO PULMONAR.............................................................................. 20
4.7 DIARRÉIA.......................................................................................................... 21
4.8 DILATAÇÃO DE CECO..................................................................................... 23
4.9 FERROADAS DE ABELHA............................................................................... 23
4.10 FRATURAS..................................................................................................... 24
4.11 HEPATITE....................................................................................................... 25
4.12 HEPATOMEGALIA.......................................................................................... 26
4.13 HIPERTROFINA RENAL................................................................................. 26
4.14 HIPOCALCEMIA............................................................................................. 27
4.15 IMOBILIZAÇÃO DE MEMBRO COM GESSO................................................. 28
4.16 INDIGESTÃO LÁCTEA................................................................................... 29
4.17 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA........................................................................... 30
4.18 INTOXICAÇÃO................................................................................................ 30
4.19 LEUCOSE....................................................................................................... 31
4.20 MASTITE......................................................................................................... 32
4.21 MASTITE GANGRENOSA.............................................................................. 33
4.22 NEFRITE......................................................................................................... 34
4.23 PLEURESIA.................................................................................................... 35
4.24 PNEUMONIA................................................................................................... 35
4.25 RETICULOPERITONITE TRAUMÁTICA......................................................... 37
4.26 TIMPANISMO.................................................................................................. 38
4.27 TINHAS........................................................................................................... 39
4.28 TOXEMIA........................................................................................................ 40
4.29 TRAUMATISMO.............................................................................................. 41
4.30 VERMINOSE................................................................................................... 42
5 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLINICA CIRURGICA................................. 44
5.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A ESQUERDA................................ 44
5.2 TORÇÃO E DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA À DIREITA.................. 45
5.3 CESARIANA...................................................................................................... 47
5.4 DILAÇERAÇÃO DE TETO................................................................................ 50
5.5 EXTIRPAÇÃO DE TERCEIRA PÁLPEBRA...................................................... 51
5.6 HERNIORRAFIA............................................................................................... 52
5.7 ORQUIECTOMIA............................................................................................... 53
5.8 RUMINOTOMIA................................................................................................. 54
5.9 SUTURA DE PAREDE DE VULVA................................................................... 57
5.10 VULVOPLASTIA.............................................................................................. 58
6 AFECÇÕES PODAIS........................................................................................... 60
6.1 TUMOR BENIGNO NO PARADIGITO.............................................................. 60
6.2 PODODERMATITE CIRCUNSCRITA............................................................... 61
6.3 FIBROMA INTERDIGITAL................................................................................. 62
6.4 FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL................................................................... 64
6.5 FISSURA........................................................................................................... 66
7 NECRÓPSIAS...................................................................................................... 68
7.1 ABCESSO HEPÁTICO...................................................................................... 68
7.2 ANAPLASMOSE............................................................................................... 68
7.3 INDIGESTÃO LÁCTEA..................................................................................... 69
7.4 INFECÇÃO UMBILICAL.................................................................................... 70
7.5 LEUCOSE......................................................................................................... 71
7.6 PNEUMONIA..................................................................................................... 72
7.7 RUPTURA DE BAÇO........................................................................................ 73
7.8 TORÇÃO UTERINA E INTESTINAL................................................................. 74
7.9 TOXEMIA.......................................................................................................... 75
7.10 TUBERCULOSE.............................................................................................. 76
8 ATIVIDADES RELACIONADAS À SANIDADE................................................... 78
8.1 EXAMES DE TUBERCULOSE.......................................................................... 78
8.2 EXAMES DE BRUCELOSE.............................................................................. 78
8.3 VACINAÇÃO CONTRA BRUCELOSE.............................................................. 78
9 ATIVIDADES RELACIONADAS À NUTRIÇÃO.................................................. 79
9.1 MICOTOXINAS................................................................................................. 79
10 OUTRAS ATIVIDADES...................................................................................... 80
10.1 CONTENÇÃO.................................................................................................. 80
10.2 ACOMPANHAMENTO DE ORDENHA E TESTE DE CMT............................. 81
10.3 ACOMPANHAMENTO DE MANEJO EM PROPRIEDADE............................. 81
11 CONCLUSÃO..................................................................................................... 83
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 84
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – TAMANHO DOS ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS NOS
BOVINOS............................................................................................... 4
TABELA 2 – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA VACA....................................... 5
TABELA 3 – DOENÇAS QUE PROVOCAM ABORTO EM BOVINOS................... 7
TABELA 4 – PRINCIPAIS CAUSAS DE DIARRÉIA EM BEZERROS RECÉM -
NASCIDOS.......................................................................................... 22
TABELA 5 – AGENTES ETIOLÓGICOS QUE FREQUENTEMENTE CAUSAM
PNEUMONIA EM BOVINOS............................................................... 37
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – BEZERRO RECÉM NASCIDO COM MÁ-FORMAÇÃO.........................8
FIGURA 2 – CARCINOMA VULVAR....................................................................... 9
FIGURA 3 – CISTO DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN...................................... 11
FIGURA 4 – RETENÇÃO DE PLACENTA EM VACA............................................. 16
FIGURA 5 – MEMBRO IMOBILIZADO COM GESSO............................................. 29
FIGURA 6 – IMÃ UTILIZADO EM CASOS DE RETICULOPERITONITE
TRAUMÁTICA...................................................................................... 38
FIGURA 7 – LOCAL DA SUTURA DO ABOMASO................................................. 47
FIGURA 8 – SUTURA DO ÚTERO......................................................................... 49
FIGURA 9 – BEZERRO COM MÁ FORMAÇÃO RETIRADO POR
CESARIANA........................................................................................ 49
FIGURA 10 – SUTURA DE TETO DILACERADO.................................................. 51
FIGURA 11 – PROLAPSO DE TERCEIRA PÁLPEBRA......................................... 52
FIGURA 12 – INCISÃO FEITA NO RÚMEN............................................................ 56
FIGURA 13 – OBJETOS RETIRADOS DO RÚMEN............................................... 57
FIGURA 14 – SUTURA DE VULVA........................................................................ 58
FIGURA 15 – VULVOPLASTIA............................................................................... 59
FIGURA 16 – TUMOR BENIGNO NO PARADÍGITO.............................................. 61
FIGURA 17 – PODODERMATITE CIRCUNSCRITA............................................... 62
FIGURA 18 – FIBROMA INTERDIGITAL................................................................ 63
FIGURA 19 – FIBROMA INTERDIGITAL REMOVIDO........................................... 64
FIGURA 20 – FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL................................................... 65
FIGURA 21 – FIBROPAPILOMA REMOVIDO E CASCO ENFAIXADO................. 65
FIGURA 22 – ANESTESIA LOCAL......................................................................... 67
FIGURA 23 – FISSURA PRÓXIMO À COROA DO CASCO................................... 67
FIGURA 24 – NECROSE DO CORDÃO UMBILICAL............................................. 71
FIGURA 25 – LEUCOSE DIGESTIVA..................................................................... 72
FIGURA 26 – NECROSE DA REGIÃO HERNIÁRIA............................................... 76
FIGURA 27 – LESÕES DIGESTIVAS..................................................................... 77
FIGURA 28 – FIXAÇÃO DE ARGOLA EM TOURO HOLANDES........................... 80
RESUMO
Este relatório tem por objetivo descrever as atividades realizadas em meu estágio
Curricular, na região de Arapoti – PR, no período de 1 de agosto à 26 de setembro
de 2006, sob orientação profissional do médico veterinário Dr. Nilton Vieira e sob
supervisão do professor Dr. João Ari Gualberto Hill. O estágio curricular visa
aperfeiçoar o estudante para entrar no mercado de trabalho. As atividades aqui
descritas estão relacionadas a clinica médica e cirúrgica, reprodução, sanidade e
manejo de bovinos leiteiros.
Palavras-chave: bovinos, gestação, diagnóstico, tratamento.
1 INTRODUÇÃO
Durante o estágio curricular, realizado na região de Arapoti-PR, sob
supervisão do professor Dr. João Ari Gualberto Hill, acompanhei o médico
veterinário Dr. Nilton Vieira.
Ao total, foram 3.134 atividades realizadas na área de bovinos leiteiros, entre
elas: exames ginecológicos, diagnósticos de gestação, inseminações artificiais,
clínica médica, clínica cirúrgica, sanidade, nutrição, necrópsias, afecções podais,
manejo de ordenha e manejo de propriedade.
2 LOCAL DO ESTÁGIO
O município de Arapoti está localizado na região norte pioneira do estado do
Paraná. Foi emancipado como município e cidade de Arapoti em 18 de dezembro de
1955.
Em 1960, imigrantes holandeses chegaram a Arapoti, e fundaram a
Cooperativa Agropecuária Arapoti Ltda. – CAPAL – integrante do grupo ABC do
complexo Batavo, o que transformou o município em um pólo de alta tecnologia em
agricultura e pecuária, com destaque para a produção de gado holandês de alta
linhagem genética.
Os holandeses partilharam o “know-how” (tecnologia e conhecimento) que
trouxeram da Holanda e os brasileiros contribuíram com o conhecimento do clima e
relevo da região, além da influência social e política, que facilitava os contatos com
autoridades locais e governo.
Hoje, a região tem uma produção média de 170.000 litros de leite/dia, e em
torno de 10.000 animais em idade reprodutiva e, juntamente com Carambeí
(Batavo), Castrolanda e Witmarsum formam a ABCW. Nesses municípios se
localizam os rebanhos leiteiros mais produtivos do Paraná, sendo que a maioria
produz médias superiores a 7.000 litros ao ano, comparando-se às melhores médias
mundiais.
3 ATIVIDADES LIGADAS À REPRODUÇÃO ANIMAL
3.1 EXAMES GINECOLÓGICOS
Durante o período do estágio, foram realizados 1.031 exames ginecológicos
em vacas e novilhas em idade reprodutiva, sendo a maioria da raça holandesa e
alguns animais mestiços (Jersey x Holandês; Pardo-Suiço x Holandês).
Grande parte dos exames foram feitos com o auxílio de um aparelho de ultra-
sonografia, mas alguns foram realizados manualmente, por opção do produtor.
O exame ginecológico tem o objetivo de confirmar o estágio do ciclo estral
(proestro, estro, metaestro, diestro, anestro e prenhez), indicar o momento ideal para
cobertura, diagnosticar a presença de infecções genitais e patologias.
O exame ginecológico divide-se em exame externo e interno. No exame
externo são observados alterações na vulva e períneo, tais como: secreções,
crostas e lesões. O cheiro das secreções também é importante para diagnóstico de
endometrite, cervicite e vaginite. O exame interno é feito através de palpação retal e
ultra-sonografia. No exame retal palpa-se: cérvix, corpo uterino, cornos, tubas
uterinas e ovários, observando-se consistência, tamanho, sensibilidade. Nos ovários,
dependendo da fase do ciclo estral, é feito ainda a identificação de estruturas
(folículos e corpo lúteos), com o objetivo de iniciar algum protocolo.
A ultra-sonografia tem proporcionado um melhor resultado na reprodução
animal. Através dela, pode-se chegar a diagnósticos mais rápidos e precisos.
TABELA 1 - TAMANHO DOS ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS NOS BOVINOS
Órgão Tamanho
Vestíbulo 10 a 12 cm
Vagina 25 a 30 cm
Cérvix:
comprimento:
- vacas
- novilhas
diâmetro externo
anéis
8 a 10 cm
5 cm
3 a 4 cm
2 a 5
Útero
corpo
cornos
2 a 4 cm
35 a 40 cm
Trompas 25 cm
Ovários 1,5 a 2 cm
FONTE: FERNANDES, 1999.
3.2 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO
Foram realizados 686 diagnósticos de gestação, a maioria dos animais entre
30 e 45 dias de prenhez. Grande parte desses diagnósticos foram feitos com o
auxílio do aparelho de ultra-som.
Um diagnóstico precoce é importante para o manejo reprodutivo do rebanho,
principalmente em rebanhos leiteiros onde a eficiência reprodutiva tem grande
importância para a viabilidade financeira da exploração (FERNANDES, 1999).
TABELA 2 - DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA VACA
Idade (dias) Volume liquido
(mL)
Tamanho fetal
(cm)
Assimetria
uterina
30 40 a 60 0,8 a 1,0 pequena
45 90 a 120 3 a 4 regular
60 400 a 500 5 a 8 característica
90 900 a 1300 13 a 17 característica
120 25 a 32 característica
150 50 a 60 característica
180 65 a 75 característica
210 + 75 característica
FONTE: FERNANDES, 1999.
3.3 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Durante o período do estágio foram feitas 45 inseminações artificiais (IA) em
propriedades nas quais o produtor prefere que o médico veterinário faça a
inseminação, devido a bons índices de concepção e reprodução, e outras
propriedades onde o inseminador não podia fazê-lo.
Em todas as propriedades atendidas, antes de inseminar vacas ou novilhas, o
inseminador massageia o útero, a fim de retirar o muco e avaliar se o animal está
apto para a inseminação ou não. Se o animal apresentar traços de sujeira, muco
turvo ou muco com sangue o animal não é inseminado. Quando o médico
veterinário é responsável pela IA, é feita a palpação dos ovários, para determinar o
melhor momento da inseminação.
A inseminação artificial é amplamente utilizada em propriedades leiteiras, com
o objetivo de acelerar o melhoramento genético. Alguns pontos são importantes para
que haja um bom resultado, entre eles podemos citar: boa nutrição, bom manejo,
mão de obra treinada, acompanhamento técnico, controle sanitário e dados
zootécnicos do rebanho (FERNANDES, 1999).
Alguns fatores são importantes para o sucesso da IA:
- observação de vacas em cio (deve ser feita pelo menos duas vezes por dia);
- momento ideal para a inseminação;
- descongelamento correto do sêmen;
- local de deposição do sêmen.
A duração do cio e o momento da ovulação variam de acordo com fatores
internos e externos. Mas, em geral, o cio dura entre 18 e 19 horas e a ovulação
geralmente ocorre entre 10 e 11 horas após o fim do cio (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
Embora as recomendações variem, parece claro que a taxa de concepção melhora
se ocorrer uma inseminação dentre de 12 a 20 horas após o início do cio (REBHUN,
2000).
3.4 ABORTO
Acompanhamos duas propriedades com casos de aborto. Em ambas,
suspeitou-se de leptospirose.
Em uma das propriedades, colhemos sangue de seis vacas que abortaram, e
enviamos o soro para laboratório. O sangue foi colhido através da punção da veia
coccígea com agulhas descartáveis e vacutainer.
Na outra propriedade, suspeitou-se de leptospirose devido a grande
quantidade de ratos que aparecem no barracão, principalmente durante a noite.
Quando não há animais no barracão, os ratos comem a comida que permanece nos
cochos. A medida tomada foi vacinar todo o rebanho contra leptospirose.
Os abortamentos não infecciosos prevalecem em bovinos, particularmente no
gado leiteiro. As causas não-infecciosas do abortamento espontâneo podem ser
devidas a fatores genéticos, cromossômicos, hormonais ou nutricionais. Mas, os
abortamentos infecciosos contribuem com a maior porcentagem das gestações
perdidas nos animais domésticos (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
TABELA 3 – DOENÇAS QUE PROVOCAM ABORTO EM BOVINOS
Causas Doenças
Protozoários Tricomonose (Trichomonas fetus)
Neosporose (Neospora caninum)
Bactérias Brucelose (Brucella abortus)
Vibriose (Campylobacter fetus)
Leptospirose (Leptospira pomona,
Leptospira hardjo)
Listeriose (Listeria monocytogenes)
Vírus Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR)
Abortamento viral epizoótico (EVA)
Fungos Micoses (Aspergillus absidia)
FONTE: HAFEZ & HAFEZ, 2004.
3.5 ADERÊNCIAS
Dos 1.031 exames ginecológicos realizados, encontramos 10 vacas que
apresentavam aderência. As aderências foram encontradas nos ovários e tubas
uterinas.
As aderências entre tubas e ovários geralmente ocorrem secundariamente às
salpingites (inflamação das tubas uterinas) (FERNANDES, 1999).
3.6 ANOMALIA CONGÊNITA
Atendemos um bezerro recém-nascido, com apenas algumas horas de vida,
com má-formação. O bezerro nasceu sem o focinho. O defeito é incompatível com a
vida, então animal foi descartado.
A deformidade craniofacial hereditária caracteriza-se por graus variáveis de
hipoplasia nasomaxilar, em geral associada a desenvolvimento cerebral incompleto,
com sulcos e giros menos pronunciados que o normal. Parece ser herdada como um
caráter autossômico recessivo simples (BLOOD & RADOSTITS, 1991).
FIGURA 1 - BEZERRO RECÉM-NASCIDO COM MÁ-FORMAÇÃO
3.7 CARCINOMA DAS CÉLULAS ESCAMOSAS DA VULVA
Uma vaca foi atendida com um tumor na vulva, um carcinoma das células
escamosas da vulva.
Este tipo de carcinoma acomete vacas mais velhas e com vulvas pouco
pigmentadas, e ocorre em áreas com grande exposição à luz solar. Esse tipo de
tumor é agressivo e pode provocar metástases (REBHUN, 2000).
A recomendação foi o descarte do animal no final da lactação.
FIGURA 2 - CARCINOMA VULVAR
3.8 CISTOS OVARIANOS
Dos exames ginecológicos realizados, foram encontrados 59 cistos ovarianos.
Entre eles, cistos foliculares e cistos luteínicos. Alguns eram afuncionais e não
interferiam no ciclo da fêmea.
Degeneração cística ovariana ou “ovários císticos” é uma anormalidade
endócrina comum no gado leiteiro, particularmente nas vacas de maior produção.
Provavelmente, os cistos ovarianos se desenvolvem antes da primeira ovulação pós-
parto. Algumas vacas apresentam intenso comportamento de monta (ninfomania),
mas a maioria deixa de exibir cio (anestro). Um ou ambos os ovários podem
apresentar cistos, que excedem 2,5cm de diâmetro. Estes cistos podem ser
foliculares ou luteínicos. Os cistos foliculares crescem e regridem alternadamente,
porém não ovulam. Os cistos luteínicos contêm uma fina borda de tecido luteínico,
também não ovulam, mas persistem por um período prolongado (HAFEZ & HAFEZ,
2004).
O cisto folicular ocorre quando o folículo cresce, porém não ocorre ovulação,
devido à ausência ou liberação mínima de LH (hormônio luteinizante). Nos cistos
luteínicos, ocorre liberação de uma pequena quantidade de LH, maior do que no
caso de cistos foliculares, mas insuficiente para promover ovulação, causando uma
luteinização parcial da parede do folículo (FERNANDES, 1999).
Alguns fatores predispõem ao aparecimento de cistos, todos associados a
condições estressantes. Os principais fatores são: maior produção de leite, idade,
problemas pós-parto (retenção de placenta, metrite) e superovulação (FERNANDES,
1999).
Existem vários métodos para o tratamento da degeneração cística ovariana
em bovinos. Entre elas: ruptura manual do cisto por palpação retal, o GnRH é
eficiente para o tratamento de cistos foliculares, a PGF2αe seus análogos são
eficientes para o tratamento de cistos luteínicos (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
Ruptura manual dos cistos ovarianos representa um risco de traumatismo
para as trompas uterinas (REBHUN, 2000).
Os tratamentos realizados foram realizados com 2 mL de Gestran®1
, em
casos de cistos foliculares e 2 mL de PGF2α nos casos de cistos luteínicos,
aplicados por via intra-muscular (IM).
3.9 CISTOS DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN
Encontramos em três vacas uma estrutura cística avermelhada na vulva. A
estas estruturas denominam-se cistos das glândulas de Bartholin ou vestibulares.
Estes cistos podem ser confundidos pelos proprietários com um prolapso
vaginal ou mesmo um aborto ou parto. O cisto é mole e liso, preenchido por um
muco ligeiramente turvo.
Existe uma glândula em cada parede vestibular lateral, e acredita-se que a
formação do cisto represente uma obstrução ou atresia do duto em esvaziamento
(REBHUN, 2000).
1
GESTRAN PLUS® - Arsa S.R.L. Cada 100 mL contém: 2,5 mg de acetato de gonadorelina
(Lecirelina).
O tratamento nem sempre é realizado. Em duas vacas nada foi feito, devido
ao pequeno tamanho dos cistos. Em outra, com o cisto proeminente, a região vulvar
foi lavada e então feita uma incisão. O muco foi drenado e a glândula retornou para
sua posição.
FIGURA 3 - CISTO DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN
3.10 FIBROSE
Em duas vacas, dos exames ginecológicos realizados, foi encontrado fibrose
uterina. Nenhum tratamento foi realizado. A recomendação foi o descarte dos
animais no final da lactação.
3.11 HIDROSSALPINGITE
Palpamos duas vacas que apresentavam hidrossalpingite unilateral. Nas
salpingites ocorre inflamação das tubas uterinas e na hidrossalpingite ocorre o
acúmulo de líquido seroso nas tubas uterinas. Na maioria das vezes são
secundárias à infecções uterinas.
Tanto as salpingites como as hidrossalpingites podem ser bilaterais ou
unilaterais. No primeiro caso, a recomendação é o descarte do animal, pois este
apresentará esterilidade. Na salpingite ou hidrossalpingite unilateral, pode-se
continuar com o animal no rebanho, pois o animal poderá ciclar normalmente no
ovário oposto à tuba acometida, mas apresentará subfertilidade (FERNANDES,
1999). Neste caso, cabe ao proprietário a decisão de permanecer ou não com o
animal no rebanho.
3.12 HIPOPLASIA UTERINA
Durante as palpações, encontramos uma novilha com hipoplasia uterina. A
recomendação foi o descarte do animal.
A hipoplasia é uma alteração congênita, que causa o não desenvolvimento do
órgão afetado. Neste caso, na palpação o útero se encontrava reduzido de tamanho.
3.13 IMPLANTE DE CRESTAR®
Foi feito um protocolo com Crestar®2
em uma vaca que apresentava anestro.
O animal não apresentava cio há aproximadamente 8 meses.
O implante subcutâneo é aplicado na face externa da orelha, e tem como
objetivo imitar a presença de corpo lúteo no ovário. A aplicação do implante é feita
associada com 5mg de valerato de estradiol, aplicado por via IM. O estradiol tem
função de manter os níveis de estrógeno circulante durante o tratamento.
2
CRESTAR® - Intervet. Cada implante contém: norgestomet 3 mg.
O tempo de permanência do implante é de 10 dias. Este protocolo induz a
fêmea a um novo ciclo, com maior fertilidade.
3.14 INFUSÃO UTERINA
Foram realizadas cinco infusões uterinas (IU) em animais que apresentaram
muco turvo ou sujo durante o estro.
Duas, das cinco infusões foram feitas com lugol3
, pois não houve resposta
nas infusões anteriores. As demais foram feitas com Metricure®4
em dose única.
O objetivo das infusões é proporcionar cura ao processo infeccioso instalado,
para que o animal retorne ao ciclo reprodutivo com um taxa de fertilidade maior.
3.15 LAVADO PREPUCIAL
Fizemos um lavado prepucial num touro holandês de aproximadamente 2
anos. O lavado foi coletado e enviado para laboratório com o objetivo de pesquisar a
presença de Campylobacter fetus.
O C. fetus é um parasita obrigatório do trato reprodutivo dos bovinos e do
prepúcio dos touros. Após a infecção da vagina, o organismo estabelece
rapidamente uma endometrite que persiste por semanas a meses. Pode também
ocorrer uma salpingite. As principais conseqüências da doença são morte
embrionária precoce, morte fetal e infertilidade (REBHUN, 2000).
Descrição da técnica: O touro foi preso em uma canga, e devidamente
contido. Os pêlos da região prepucial foram cortados com tesoura, então a região foi
3
LUGOL: solução com 0,75 g de iodo, 3,75g de iodeto de potássio, dissolvidos em 250 mL de água
destilada.
4
METRICURE® - Intervet. Cada seringa de 19 g contém: cefapirina base 500 mg.
lavada. Um equipo foi colocado entre o prepúcio e pênis, e cerca de 250 mL de soro
fisiológico foi introduzido. Com o mesmo equipo o fluido prepucial foi coletado e
armazenado na embalagem do soro e mantido sobre refrigeração para o envio ao
laboratório.
3.16 METRITE
Entre os exames ginecológicos realizados, foram diagnosticados 10 casos de
metrite.
Em casos de metrite aguda, o tratamento foi realizado com 2 mL de
Sincrocio®5
e 2 mL de E.C.P.6
, ambos aplicados por via IM, em dose única. Nos
casos de metrite crônica, foi feito antibioticoterapia por via IM (sendo que o produto
de escolha depende do caso e do produto de eleição da propriedade) ou infusão
uterina. Dentre os produtos mais utilizados na IU, podemos citar as tetraciclinas e o
Metricure®. O lugol é utilizado em casos extremos, quando vários tratamentos já
foram realizados, porém, sem sucesso.
A contaminação bacteriana do útero após o parto é comum durante as
primeiras 2 semanas pós-parto. Cerca de 93% dos bovinos leiteiros podem sofrer
alguma contaminação bacteriana durante esse período. As instalações de parto
sujas, distocia, retenção de membranas fetais, atonia uterina e contaminação
heterogênica vaginal aumentam a ocorrência de metrite (REBHUN, 2000).
3.17 ORQUITE
Atendemos um touro da raça holandesa com aproximadamente 2 anos. O
animal não mostrava interesse em cobrir fêmeas em cio e se apresentava apático.
5
SINCROCIO® - Ouro Fino Ltda. Cada 100 mL contém: cloprostenol sódico 26,30 mg.
6
E.C.P.® - Pfizer Ltda. Cada mL contém cipionato de estradiol 2 mg, clorobutanol 5 mg e óleo de
caroço de algodão q.s.p.
No exame clínico foi encontrado edema nos testículos, que estavam com coloração
avermelhada.
O tratamento instituído foi: 1 frasco de Agrovet®7
, IM, 1 vez ao dia (SID),
durante 3 dias; Diclofenaco®8
, 10 ml, IM, dose única.
A inflamação ou infecção aguda dos testículos pode ser causada por trauma
ou infecções como: brucelose, tuberculose, Corynebacterium pyogenes, Salmonella
abortus, Pseudomonsas sp., Staphylococcus e Streptococcus (MERK, 1996; BLOOD
& RADOSTITS, 1991).
3.18 RETENÇÃO DE PLACENTA
Acompanhamos cinco casos de retenção de placenta. Em alguns destes
casos, a placenta foi removida manualmente, em outros, foi feito antibioticoterapia
sistêmica, com Agrovet®: 1 ml para 25 kg de peso vivo (PV), IM, SID, durante 3 dias.
A falha na expulsão das membranas fetais durante o terceiro estágio do
trabalho de parto, é uma complicação comum em bovinos. A retenção placentária
além de 12 horas em bovinos é considerada patológica, devido, primeiramente, à
inércia uterina ou a inflamação da placenta, que resulta em uma falha no
descolamento das vilosidades fetais das criptas maternas. A retenção de placenta
acompanha abortamentos no final da gestação devido à infecções, como brucelose,
leptospirose e rinotraqueíte infecciosa bovina; nascimento prematuro de gêmeos e
parto induzido com corticosteróides, distocia obstrutiva e cesarianas (HAFEZ &
HAFEZ, 2004).
7
AGROVET PLUS® - Novartis Saúde Animal Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína
20.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 8,0 g; piroxican 0,6g.
8
DICLOFENACO 50 OURO FINO® - Ouro Fino. Cada 100 mL contém: diclofenaco sódico 5,00 g.
FIGURA 4 - RETENÇÃO DE PLACENTA EM VACA
3.19 TUMOR UTERINO
Entre os animais palpados, nos exames ginecológicos, três apresentavam
tumor uterino, uma massa firme na parede do útero. Suspeitou-se de leucose. A
recomendação ao produtor foi o descarte do animal.
A neoplasia mais comum que afeta o útero dos bovinos leiteiros é o
linfossarcoma. O vírus da leucemia bovina (VLB), um retrovírus, é a causa do
linfossarcoma bovino, que também é chamado de leucose enzoótica bovina, ou
simplesmente leucose de bovinos adultos (REBHUN, 2000).
A transmissão do VLB ocorre principalmente de forma horizontal. Uma vez
infectados, os bovinos permanecem portadores e são fontes de vírus por toda a vida
(BRITO, 1995).
A maioria dos animais adquire a infecção a partir dos 2 anos de idade,
quando, por questões de manejo, passam a conviver com animais adultos
portadores. O sangue contaminado tem sido considerado o principal meio de
transmissão do vírus, mesmo em pequenas quantidades. A transmissão ocorre
principalmente pela reutilização de agulhas e seringas, equipamentos de descorna,
castração e tatuadores de orelha e palpações retais (BRITO, 1995).
4 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLÍNICA MÉDICA
4.1 ANAPLASMOSE
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, aproximadamente 4 anos.
Histórico
Vaca com parto recente (10 dias). O animal apresentava anorexia, apatia e
baixa produção de leite.
O animal já foi tratado para babesiose.
Exame clínico
Temperatura: 40ºC
Mucosas ictéricas
Acúmulo de líquido uterino
Atonia ruminal
Diagnóstico
Anaplasmose
Tratamento
Terramicina®9
: 1ml para cada 10 kg PV, IM, SID, durante 3 dias.
4.2 BABESIOSE
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, aproximadamente 3 meses.
Histórico
9
TERRAMICINA LA® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina diidratada 20,0 g.
O animal se apresentou apático, e sem interesse em comer. Casos
freqüentes de babesiose e anaplasmose na propriedade. A bezerra nunca foi tratada
para babesiose.
Exame clínico
Temperatura: 41ºC
Mucosas pálidas
Apatia
Anorexia
Diagnóstico
Babesiose
Tratamento
Ganazeg®10
: 1ml para cada 20 kg PV, IM, dose única
Terramicina®11
: 1ml para cada 10 kg PV, IM, SID, durante 3 dias
Algivet®12
: 10 ml, IM, dose única
4.3 CARBÚNCULO SINTOMÁTICO
Descrição do animal
Novilha, mestiça (Nelore), aproximadamente 18 meses.
Histórico
O proprietário chamou o veterinário para a necrópsia de um de seus animais,
a fim de descobrir o motivo da morte. Chegando ao local, não foi preciso fazer a
10
GANAZEG® - Novartis Saúde Animal Ltda. Composição: diaceturato de 4,4-diazoamino-
dibenzamidina a 7%.
11
TERRAMICINA LA® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina diidratada 20,0 g.
12
ALGIVET® - Univet S.A. Composição: fenildimetil pirazolona 50% (dipirona).
necrópsia, pois os sinais eram evidentes. O animal apresentava edema com
crepitação nos membros.
Diagnóstico
Carbúnculo sintomático
Profilaxia
A orientação do médico veterinário foi de enterrar o animal e vacinar todo o
rebanho contra Clostridioses, com vacina polivalente, pois a vacinação não era feita
na propriedade.
4.4 CETOSE
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos.
Histórico
Vaca recém-parida (10 dias), parto gemelar. O proprietário comentou que o
animal emagreceu muito após o parto, reduziu o consumo de alimento, e diminuiu a
produção do leite.
Exame clínico
Apatia
Anorexia
Atonia ruminal
Mucosa vulvar ictérica
Hálito com cheiro de cetona
Diagnóstico
Cetose
Tratamento
Propilenoglicol: 300 ml via oral (VO), durante 3 dias
4.5 CÓLICA
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 2 meses de idade.
Histórico
Animal apresentou diarréia há alguns dias. Foi tratada com anti-diarréico oral.
Exame clínico
Dor abdominal
Movimentos de pedalagem
Diagnóstico
Cólica
Tratamento
Luftal®13
: 20 gotas, via oral
Buscopan®14
: 5 ml, endovenoso (EV), 2 vezes ao dia (BID), 2 aplicações
4.6 CONGESTÃO PULMONAR
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 7 meses de idade.
13
LUFTAL® (linha humana). Cada mL contém 75 mg de dimeticona.
14
BUSCOPAN COMPOSTO® – Elanco. Cada mL contém: N-btil-brometo de hioscina 4 mg; dipirona
sódica 500 mg.
Histórico
O animal começou a se apresentar apático, sem interesse em comer. O
animal permanece em baia coletiva, fechada, com pouca areação.
Exame clínico
Temperatura: 41,2ºC
Taquicardia
Taquipnéia, com som áspero/carregado
Mucosas oculares congestas.
Diagnóstico
Congestão pulmonar
Tratamento
Terramicina®15
: 1ml para cada 10 kg PV, IM, SID, durante 3 dias
Azium®16
: 5 ml, SC, SID, durante 2 dias
4.7 DIARRÉIA
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 6 dias.
Histórico
A bezerra começou a apresentar diarréia há um dia, se apresentou apática e
sem interesse em mamar. Foi tratada com anti-diarréico oral e Baytril®17
, mas não
funcionou.
Exame clínico
Diarréia aquosa fétida
15
TERRAMICINA LA® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina diidratada 20,0 g.
16
AZIUM® - Schering-Plough Coopers. Cada mL contém: dexametasona 2 mg.
17
BAYTRIL 10%® - Bayer. Cada 100 mL contém: enrofloxacino 10 g.
Anorexia
Apática
Decúbito lateral
Desidratada
Suspeita
Diarréia por Escherichia coli
Tratamento
Borgal®18
: 1ml para cada 10 kg, IM, SID, durante 5 dias.
TABELA 4 - PRINCIPAIS CAUSAS DE DIARRÉIAS EM BEZERROS RECÉM-
NASCIDOS
Causas Doença/Agente
Bacterianas Colibacilose (E. coli)
Salmonelose (Salmonella sp.)
Enterotoxemia (Clostridium perfringens)
Víricas Coronavirose (Coronavírus)
Rotavirose (Rotavírus)
Protozoários Criptosporidiose (Cryptosporidium parvum)
Eimeriose (Eimeria sp.)
Outros Alterações dietéticas
Estresse
FONTE: REBHUN, 2000.
4.8 DILATAÇÃO DE CECO
18
BORGAL® - Intervet.Cada 100 mL contém: sulfadoxina 20,00g; trimetropin 4,00g; hidróxido de
sódio 2,05g; dietanolamina 0,30g; glicerinformol 75,65g.
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos.
Histórico
A vaca pariu a 2 dias. Parto gemelar. O proprietário notou que o animal
estava apático e sem interesse em comer.
Exame clínico
Acúmulo de gás no ceco.
Diagnóstico
Dilatação de ceco
Tratamento
Sedacol®19
: 200 mL EV, dose única.
4.9 FERROADAS DE ABELHAS
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 8 meses de idade.
Histórico
O proprietário comentou que viu a bezerra com dificuldade respiratória, língua
e mandíbula inchadas.
Exame clínico
Edema de glote
Edema de língua
Prostração
19
SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g.
Taquicardia
Dispnéia
Diagnóstico
Ferroadas de abelhas
Tratamento
Fenergan®20
: 4 ml, IM, dose única
Azium®21
: 5 ml subcutâneo (SC), SID, durante 2 dias
4.10 FRATURAS
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 2 anos.
Histórico
O proprietário relatou que o animal estava num piquete com outras vacas, e
uma estava em cio. A vaca pulou na outra em cio, e caiu. Depois de algum tempo,
ela levantou, e no confinamento, onde foi comer, escorregou novamente e não
levantou mais.
Exame clínico
Fratura no membro posterior esquerdo
Diagnóstico
Fratura de fêmur
20
FENERGAN® (linha humana). Cada ampola com 2 mL contém: Cloridrato de prometazina 25 mg.
21
AZIUM® - Schering-Plough Coopers. Cada mL contém: dexametasona 2 mg.
Recomendação
Descarte do animal
4.11 HEPATITE
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos, 600 kg.
Histórico
O animal apresentou queda abrupta na produção de leite e anorexia.
Exame clínico
Temperatura: 39.6ºC
Atonia ruminal
Taquicardia
Anemia
Esteatorréia
Diagnóstico
Hepatite
Tratamento
Sedacol®22
: 200 ml EV, dose única
Baytril®23
: 1 ml para 20kg PV, SID, durante 3 dias
4.12 HEPATOMEGALIA
22
SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g.
23
BAYTRIL 10%® - Bayer. Cada 100 mL contém: enrofloxacino 10 g.
Descrição do animal
Novilha, raça holandesa, 2 anos.
Histórico
Novilha prenha de 6 meses. Apresentou sinais de reticuloperitonite há 40
dias, e foi administrado imã por via oral.
Exame clínico
Temperatura: 40.7ºC
Atonia ruminal
Diarréia
Hepatomegalia
Mucosas ictéricas
Diagnóstico
Lesão hepática/hepatomegalia
Tratamento
Bioxel®24
: 1 ml para 50kg PV, IM, SID, durante 3 dias
Diclofenaco®25
: 1 ml para 50kg PV, IM, durante 3 dias
4.13 HIPERTROFIA RENAL
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 4 anos.
Histórico
O animal começou a se apresentar apático e queda na produção de leite.
24
BIOXEL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g.
25
DICLOFENACO 50 OURO FINO® - Ouro Fino. Cada 100 mL contém: diclofenaco sódico 5,00 g.
Exame clínico
Temperatura: 39.2ºC
Hepatomegalia
Palpação retal: rim aumentado
Diagnóstico
Hipertrofia renal
Tratamento
Bioxel®26
: 1 ml para 50kg PV, IM, SID, durante 3 dias
Mercepton®27
: 100 ml, EV, dose única
4.14 HIPOCALCEMIA (FEBRE DO LEITE)
Descrição do animal
Vaca, raça Jersey, 8 anos.
Histórico
A vaca pariu há 1 dia. No parto anterior apresentou febre do leite. Após o
parto, a vaca deitou e não levantou mais.
Exame clínico
Animal caído e incapaz de levantar.
Diagnóstico
Hipocalcemia/febre do leite
26
BIOXEL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g.
27
MERCEPTON – Bravet Ltda. Cada 100 mL contém: acetilmetionina, 5,00g; cloridrato de colina,
2,00g; cloridrato de tiamina, 1,00g; riboflavina, 0,02g; cloridrato de piridoxina 0,04g; cloridrato de L-
arginina 0,60g; nicotinamida, 0,50g; pantotenato de cálcio, 0,20g; glicose, 20,00g.
Tratamento
Calfon®28
: 200 ml EV
Azium®29
: 10 ml IM, dose única
4.15 IMOBILIZAÇÃO DE MEMBRO COM GESSO
Descrição do animal
Bezerra, raça Nelore, 4 meses.
Histórico
A bezerra escorregou e fraturou o membro posterior.
Exame clínico
Fratura do membro posterior direito
Diagnóstico
Fratura de fêmur
Tratamento
Imobilização do membro com gesso
Descrição da técnica:
O animal foi sedado com Rompun®30
, 1 mL para cada 125 kg PV. Sob efeito
do tranqüilizante, o membro foi restituído e imobilizado com 5 faixas para gesso
(linha humana).
28
CALFON® - Bayer S.A. Cada 100 ml contém: gluconato de cálcio 20,00g; cloreto de magnésio
6H20 6,00g; butaphosphan técnico 0,40g.
29
AZIUM® - Schering-Plough Coopers. Cada mL contém: dexametasona 2 mg.
30
ROMPUN® - Bayer S.A. Cada 100mL contém: cloridrato de 2-(2,6-xilidino)-5,6-dihidro-4H-1,3-
tiazina 2 g.
FIGURA 5 - MEMBRO IMOBILIZADO COM GESSO
4.16 INDIGESTÃO LÁCTEA
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 4 semanas de idade.
Histórico
A bezerra apareceu estufada cerca de 2 horas após mamar.
Exame clínico
Timpanismo
Diagnóstico
Indigestão láctea
Tratamento
Foi passada uma sonda oro-gástrica até o rúmen, para descartar a
possibilidade de que o timpanismo fosse ruminal. Como o gás não saiu, foi feito uma
punção no abomaso com uma agulha, a fim de retirar o gás do abomaso.
Após a retirada do gás do abomaso, foi feito 3 ml de Baytril®31
por via oral
(VO).
4.17 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos.
Histórico
A vaca já algum tempo apresenta fraqueza e evita andar muito longe.
Exame clínico
Batimentos cardíacos fracos
Tosse forte
Diagnóstico
Insuficiência cardíaca
Recomendação
Descarte do animal
4.18 INTOXICAÇÃO
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 4 anos.
Histórico
31
BAYTRIL 10%® - Bayer. Cada 100 mL contém: enrofloxacino 10 g.
O animal estava apático e não comia.
Exame clínico
Atonia ruminal
Mucosas ictéricas
Esterco com cheiro ácido, escuro
Dor abdominal ao teste do bastão
Suspeita
Reticuloperitonite traumática
Intoxicação
Tratamento
Sedacol®32
: 200 ml EV, dose única
Antox pó®33
: 2 pacotes VO, dose única
Bioxell®34
: 10 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias
4.19 LEUCOSE
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, aproximadamente 6 anos.
Exame clínico
Tumor ocular com metástase
Diagnóstico
Leucose
Recomendação
Descarte do animal no final da lactação.
32
SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g.
33
ANTOX PÓ® - Ibasa Ltda. Cada 100g contém: tiossulfato de sódio, 90g; hidróxido de alumínio, 6g;
ácido tânico, 4g.
34
BIOXEL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g.
Revisão de literatura
Os sinais oculares refletem mais comumente um envolvimento da área retrobulbar
como uma localização-alvo comum. A exoftalmia uni ou bilateral progressiva que
progride para enoftalmia patológica e dano por exposição para o globo representa a
manifestação oftálmica mais comum do linfossarcoma nos bovinos positivos ao vírus
da leucemia bovina (VBL) que desenvolvem tumores (REBHUN, 2000).
4.20 MASTITE
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 4 anos.
Histórico
A vaca apresentou mastite, secreção “aquosa”. Foi tratada com antibiótico
intra-mamário e intramuscular. Mais tarde caiu, e não levantou mais. Apresentou
anorexia completa.
Exame clínico
Incoordenações motoras
Depressão
Taquicardia
Taquipnéia
Leite aquoso e amarelado
Diagnóstico
Mastite por Escherichia coli
Tratamento
1º dia
Rodissulfa®35
: 30 ml para cada 100 kg PV, EV
Calfon®36
: 400 ml EV
Fenergan®37
: 20 ml IM, dose única
2º dia
Borgal®38
: 15 ml para cada 100 kg PV, EV
Calfon®: 200 ml EV
200 ml SC, em pontos variados de aplicação
4.21 MASTITE GANGRENOSA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos, 750 kg.
Histórico
A vaca havia sido secada no dia anterior. No outro dia, o animal apresentou o
úbere com coloração azulada e inchado.
Exame clínico
Úbere friável, de coloração azulada
Dor ao andar
Leite sem nenhuma alteração
Suspeita
Mastite gangrenosa
35
RODISSULFA INJETÁVEL® - Merial Ltda. Composição: sulfametazina 33,3%
36
CALFON® - Bayer S.A. Cada 100 ml contém: gluconato de cálcio 20,00g; cloreto de magnésio
6H20 6,00g; butaphosphan técnico 0,40g.
37
FENERGAN® (linha humana). Cada ampola com 2 ml contém: Cloridrato de prometazina, 25 mg.
38
BORGAL® - Intervet.Cada 100 mL contém: sulfadoxina 20,00g; trimetropin 4,00g; hidróxido de
sódio 2,05g; dietanolamina 0,30g; glicerinformol 75,65g.
Tratamento
Pradotin®39
: 50 ml EV, dose única
Agrovet®40
: 35 ml IM, SID, durante 3 dias
4.22 NEFRITE
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, aproximadamente 10 meses.
Histórico
O animal estava apático e não comia.
Exame clínico
Temperatura: 39.8ºC
Atonia ruminal
Andar duro
Membros inchados
Relutância em urinar
Suspeita
Infecção renal
Tratamento
Vetflogin®41
: 1 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias.
4.23 PLEURESIA
39
PRADOTIN® - Prado S.A. Composição: hexametilenotetramina, benzoato de sódio, cafeína,
esparteína em veículo glicofisiológico.
40
AGROVET PLUS® - Novartis Saúde Animal Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G
procaína 20.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 8,0 g; piroxican 0,6g.
41
VETFLOGIN® - Valle S.A. Cada mL contém diclofenaco sódico 50,00 mg.
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 6 meses.
Histórico
O proprietário se queixou de que o animal não estava acompanhando o
crescimento do lote. Já foi tratada para pneumonia há 2 meses.
Exame clínico
Animal anda com os membros anteriores abertos
Não há auscultação do pulmão na região ventral
Diagnóstico
Pleuresia
Tratamento
Nenhum
4.24 PNEUMONIA
Descrição do animal
Lote de bezerras, raça holandesa, entre 1 dia a 3 meses de vida.
Histórico
O proprietário se queixou que 3 bezerras estavam com pneumonia, e já
haviam sido tratadas por conta própria, mas que não melhoraram. A ocorrência de
pneumonia tem sido freqüente na propriedade.
Exame clínico
Os animais apresentavam os seguintes sinais:
- estertores pulmonares
- tosse
- febre
Exame do ambiente
O barracão em que os animais ficam é antigo, empoeirado e tem pouca
ventilação. Os animais ficam em baias separadas.
Diagnóstico
Pneumonia por Micoplasma
Recomendação
Ventilar o ambiente
Tratamento
Tratar os animais acometidos com Tylan®42
: 1 ml para cada 10 kg PV, IM,
SID, durante 3 dias.
42
TYLAN 50 INJETÁVEL® - Elanco. Cada 100 mL contém: tilosina 5,0 g.
TABELA 5 - AGENTES ETIOLÓGICOS QUE FREQUENTEMENTE CAUSAM
PNEUMONIAS EM BOVINOS
Causas Agente
Virais Herpes vírus bovino tipo 1 (vírus IBR)
Vírus sincicial respiratório bovino
Adenovírus bovino
Vírus parainfluenza tipo 3
Vírus da diarréia vírica bovina
Bacterianas Pasteurella hemolytica
Pasteurella multocida
Haemophilus somnus
Por Micoplasmas Mycoplasma bovis
Micoplasma díspar
Ureiaplasma
FONTE: CHEUICHE, sem data.
4.25 RETICULOPERITONITE TRAUMÁTICA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos.
Histórico
A vaca começou a se apresentar apática, teve queda na produção de leite, e
não comia.
Ocorrência de reticuloperitonite traumática na propriedade.
Exame clínico
Temperatura: 40ºC
Atonia ruminal
Dor abdominal ao teste do bastão
Diagnóstico
Reticuloperitonite traumática
Tratamento
Administração oral de imã
Cef-50 mg®43
: 1 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias
FIGURA 6 - IMÃ UTILIZADO EM CASOS DE RETICULOPERITONITE
TRAUMÁTICA.
4.26 TIMPANISMO
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 60 dias.
43
CEF-50 MG® - Agener União. Cada mL contém: Ceftiofur (cloridrato) 50,0 mg.
Histórico
A bezerra se apresentou estufada de uma hora para outra. Foram
administrados 20 gotas de Luftal®44
e bicarbonato de sódio VO, melhorou, mas
estufou novamente. A bezerra foi desmamada, e mesmo assim continuou
apresentando timpanismo. Foi fornecido somente feno e água para o animal, mas
não houve um resultado significativo.
Foi passada uma sonda oro-gástrica, e a bezerra eliminou todo o gás. Mas,
algumas horas depois, estufou novamente. O proprietário por alguns dias passou a
sonda na bezerra, mas sempre apresentando melhora momentânea. A pedido do
proprietário foi feito uma ruminotomia, mas não foi encontrado nenhum corpo
estranho, nada que pudesse estar causando o timpanismo.
Exame clínico
Timpanismo
Animal não apresentava dor
Comia normalmente
Diagnóstico
A causa é desconhecida.
Tratamento
Luftal®: 20 gotas VO.
Bicarbonato de Sódio: 20 gramas diluídos em água, VO
Passagem de sonda oro-gástrica
Ruminotomia
4.27 TINHAS
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 5 meses de idade.
Histórico
O proprietário notou a presença de crostas, “verrugas”, sobre a pele.
44
LUFTAL® (linha humana). Cada mL contém 75 mg de dimeticona.
Exame clínico
Presença de crostas, coloração acinzentadas, tamanho médio 2 cm de
diâmetro. Essas crostas se esfarelavam quando apertadas. As lesões eram mais
encontradas na região da cabeça e pescoço, mas o animal apresentava algumas na
região dorsal.
O ambiente que o animal se encontrava era fechado (barracão com pouca
ventilação), e com a presença de outros animais da mesma idade. O chão era
forrado com palha.
Diagnóstico
Tinhas (dermatomicoses)
Tratamento
Ivomec®45
: 1 ml para 50 kg PV, SC, dose única.
Iodo: aplicar iodo 10% sobre as lesões.
Dermodex®46
(pomada): aplicar sobre as lesões.
4.28 TOXEMIA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 4 anos.
Histórico
A vaca pariu há 8 dias. Apresentou retenção de placenta e foi tratada com
Bioxell®47
. O animal apresentou queda na produção de leite e falta de apetite.
Exame clínico
Atonia ruminal
Hepatomegalia
45
IVOMEC GOLD® - Merial Ltda. Composição: ivermectina a 3,15%.
46
DERMODEX® (linha humana). Cada 1 g contém: óxido de zinco 200 mg; nistatina 100.000 UI.
47
BIOXELL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g.
Diagnóstico
Toxemia pós-parto.
Tratamento
Mercepton®48
: 100 ml, EV, dose única.
Soro fisiológico: 1 frasco EV.
4.29 TRAUMATISMO
Descrição do animal
Touro, raça Charolês, 2 anos.
Histórico
O funcionário comentou que os outros touros, do mesmo lote, o atacaram.
Exame clínico
Andar cambaleante
Edema de testículos
Congestão
Febre
Artrite
Diagnóstico
Traumatismo
48
MERCEPTON – Bravet Ltda. Cada 100 mL contém: acetilmetionina, 5,00g; cloridrato de colina,
2,00g; cloridrato de tiamina, 1,00g; riboflavina, 0,02g; cloridrato de piridoxina 0,04g; cloridrato de L-
arginina 0,60g; nicotinamida, 0,50g; pantotenato de cálcio, 0,20g; glicose, 20,00g.
Tratamento
Reverin L.A.®49
: 1 ml para cada 10 kg PV, EV, SID, durante 3 dias
Vetflogin®50
: 1 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias
4.30 VERMINOSE
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 6 meses.
Histórico
A queixa do proprietário foi de que o animal não está acompanhando o
desenvolvimento do lote.
Nessa propriedade não é feita desverminação dos animais.
Exame clínico
Apatia
Pêlos arrepiados
Mucosa vulvar pálida
Exames complementares
Coleta de fezes e envio para laboratório
Suspeita
Verminose
Recomendação
Desverminação dos animais.
49
REVERIN L.A. PLUS® - Intervet. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina base 20,00g, diclofenaco de
sódio 0,50 g.
50
VETFLOGIN® - Valle S.A. Cada mL contém diclofenaco sódico 50,00 mg.
5 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLÍNICA CIRÚRGICA
5.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A ESQUERDA (DAE)
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 3 anos.
Histórico
A vaca pariu há 30 dias. A queixa foi de que há 2 dias o animal parou de
comer e diminuiu a produção de leite. O proprietário aplicou Buscopan®, 25 mL IM e
25 ml EV , mas o animal não apresentou melhora.
Exame clínico
Parede abdominal esquerda achatada;
Som timpânico (metálico) na percussão e auscultação sobre a área entre 9 e 13
costelas no lado esquerdo.
Diagnóstico
Deslocamento de abomaso para a esquerda.
Tratamento
1º dia (por opção do proprietário): Sedacol®51
200 ml EV.
2º dia: Tratamento cirúrgico
Técnica: Abomasopexia.
51
SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g.
5.2 TORÇÃO E DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A DIREITA (DAD)
Descrição do animal
Novilha primípara, raça holandesa, 2 anos.
Histórico
A novilha pariu há 15 dias. A produção de leite não aumenta e o animal parou
de comer.
Exame clínico
Som timpânico (metálico) na percussão e auscultação sobre a área entre 9 e 13
costelas no lado direito.
Diagnóstico
Torção e deslocamento de abomaso para a direita
Tratamento
O tratamento é cirúrgico.
Técnica: Abomasopexia.
Descrição da técnica de DAE e DAD:
O procedimento cirúrgico é feito com o animal em pé. A vaca foi presa em
canga, e os membros posteriores amarrados, juntamente com a cauda.
A região do flanco direito foi tosada e lavada com solução iodada. A anestesia
local foi feita com lidocaína 2%, sem vaso construtor, utilizando o bloqueio linear. A
dosagem total de lidocaína aplicada foi 100 ml.
Fez-se uma incisão vertical, cerca de 25 cm, na fossa paralombar direita. A
incisão é feita na pele, tecido subcutâneo, músculos oblíquo abdominal externo,
oblíquo abdominal interno e transverso do abdômen e também peritônio.
Após a abertura, no caso de DAE, palpa-se o abomaso, passando o braço
esquerdo caudalmente em relação ao rúmen. Com o auxílio de uma sonda mamária
equipada com um dreno (feita exclusivamente para esta cirurgia), a agulha é
inserida no abomaso para retirar o gás contido. Depois de estar vazio, o cirurgião
coloca seu braço esquerdo pelo lado direito do rúmen, na região ventral, puxando o
abomaso para sua região anatômica (TURNER, 1999).
No DAD, o abomaso já é palpável lateralmente à parede da cavidade
abdominal direita (TURNER, 1999). Se estiver com muito gás, é retirado um pouco
do gás com a sonda e o dreno, e então “empurrado” para a região ventral, para
retomar sua posição anatômica. Dessa forma, o gás contido no abomaso vai para os
intestinos, e a torção é desfeita.
A sutura do abomaso foi feita com fio de algodão, fixado (duplamente) em
uma agulha em “S” pequena, com uma tampinha de borracha no final do fio. Com
essa agulha é feita uma incisão perfurante na cavidade abdominal e o abomaso é
transfixado, e novamente perfura-se a cavidade abdominal, atingindo o exterior do
animal e coloca-se mais uma tampinha de borracha, através da agulha no fio, e
então é feito um nó e corta-se o restante do fio.
Antes da sutura, é colocado a quantidade de um frasco de penicilina em pó no
interior da cavidade abdominal. A sutura da fossa paralombar se inicia no peritônio,
que é feito com categute 3.0 e o método de sutura utilizado é sutura de Cushing. As
camadas musculares são suturadas separadamente, com categute 3.0 e pontos
contínuos simples. A pele foi suturada com fio de algodão e com pontos em X. Em
seguida, a região é lavada com solução iodada, e então passado ungüento sobre o
local da sutura no flanco e na região onde foi feita a fixação do abomaso.
No pós-operatório, foi aplicado 25 ml de Pencivet®52
IM, SID, durante 4 dias.
O ungüento foi passado sobre os pontos por cerca de 5 dias. O ponto de fixação do
abomaso foi retirado 7 dias após a cirurgia, já os pontos da fossa paralombar em
duas semanas.
O leite foi descartado durante 3 dias após a última aplicação do antibiótico.
52
PENCIVET PLUS PPU® - Intervet. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 10.000.000
UI; benzilpenicilina G benzatina 10.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 10.500 mg; piroxicam
1.000 mg.
FIGURA 7 - LOCAL DA SUTURA DO ABOMASO
5.3 CESARIANA
Descrição do animal
Novilha, raça holandesa, 2 anos.
Histórico
A novilha entrou em trabalho de parto, estava deitada, devido à dor e com
dificuldade de parir sozinha. Não havia distocia, mas o bezerro já estava morto. O
proprietário tentou puxar o bezerro, mas só a cabeça, os membros anteriores e parte
da região torácica saíram.
O veterinário tentou manipular e puxar o bezerro, mas foi inútil. Então, o
bezerro foi cortado na região torácica, permanecendo só o posterior do animal, na
tentativa de o animal sair com mais facilidade, mas, novamente foi inútil.
A decisão tomada foi realizar a cesariana, a fim de salvar a novilha.
Tratamento Cirúrgico
Cesariana
Descrição da técnica:
O procedimento cirúrgico foi realizado com o animal deitado por não
conseguir levantar.
Foi tosada a região do flanco esquerdo e feita anti-sepsia com solução
iodada. A anestesia local foi feita com lidocaína 2%, sem vaso construtor, utilizando
o bloqueio linear. A dosagem utilizada de lidocaína foi aproximadamente 150 ml.
A incisão foi feita mais ventralmente em relação ao flanco, de forma vertical,
cerca de 30 cm, na fossa paralombar esquerda. Após a abertura da cavidade
abdominal, o corno uterino que contém o feto foi exteriorizado. A incisão do útero é
feita com bisturi, de forma linear, com abertura suficiente para a remoção do feto.
Então, o feto é retirado, cuidando para que não haja extravasamento de líquido fetal
na cavidade abdominal (TURNER, 1999).
Antes da sutura, foi inserido no útero 100 ml de penicilina. A sutura do útero
foi feita com categute 3.0, com pontos contínuos simples, e depois, de forma
invaginante, para que haja mais resistência e que as bordas do ferimento não fiquem
expostas. O útero é então recolocado em sua posição. Mais 100 mL de penicilina
são colocadas na cavidade abdominal. A incisão da laparotomia foi então fechada,
como descrita anteriormente.
O pós-operatório, foi administrado Pencivet®53
25 ml, IM, SID, durante 5 dias.
O ungüento deve ser passado sobre os pontos por cerca de 5 dias. Os pontos são
retirados em duas semanas.
O leite foi descartado durante 3 dias após a última aplicação do antibiótico.
53 53
PENCIVET PLUS PPU® - Intervet. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 10.000.000
UI; benzilpenicilina G benzatina 10.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 10.500 mg; piroxicam
1.000 mg.
FIGURA 8 - SUTURA DO ÚTERO
FIGURA 9 - BEZERRO COM MÁ-FORMAÇÃO, RETIRADO POR CESARIANA
5.4 DILACERAÇÃO DE TETO
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, aproximadamente 5 anos.
Histórico
A vaca estava deitada no confinamento e outra pisou em um de seus tetos.
Diagnóstico
Dilaceração de teto
Tratamento
Sutura do teto
Descrição da técnica:
O animal foi contido em um tronco, e suas pernas amarradas juntamente com
a cauda.
A ferida foi lavada com solução iodada e a anestesia local foi realizada por
bloqueio circular, ao redor da base da teta, e em alguns pontos na ferida. Foi
utilizado lidocaína 2%, sem vaso constritor, aproximadamente 20 ml.
Uma sonda foi colocada no canal do teto. O canal do teto foi suturado com
categute 2.0, e a submucosa foi com categute 3.0, ambas com pontos simples
contínuos. A mucosa foi suturada com pontos simples interrompidos, e categute 3.0.
A conduta no pós-operatório foi realizada através da aplicação de
Cobactan®54
, 1 ml para 25kg PV, IM, SID, durante 3 dias, e Cobactan VL®55
, 1
seringa, intra-mamário, após cada ordenha, 3 infusões, e aplicação de ungüento
sobre a ferida. A sonda foi mantida no canal do teto durante 7 dias.
54
COBACTAN® - Intervet. Cada 100 mL contém: sulfato de cefquinona 2,964g.
55
COBACTAN VL® - Intervet. Cada seringa de 8 g contém: sulfato de cefquinona 88,92 mg.
FIGURA 10 - SUTURA DE TETO DILACERADO
5.5 EXTIRPAÇÃO DE 3a
PÁLPEBRA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos.
Histórico
O proprietário notou um “crescimento” de pele sobre o olho.
Diagnóstico
Prolapso de 3a
pálpebra.
Tratamento
Extirpação da 3a
pálpebra.
Descrição da técnica:
A vaca foi presa em canga, e a cabeça foi segurada e firmada com o auxílio
de um cabresto.
A técnica de anestesia local utilizada foi infiltração retrobulbar (quatro pontos)
(TURNER, 1999). Foi aplicado anestésico também na 3a
pálpebra. Foram utilizados
aproximadamente 20 ml de lidocaína 2%, sem vasoconstritor.
A 3a
pálpebra foi pinçada por duas pinças hemostáticas e removida com
auxílio de um bisturi. Após a cirurgia, foi pulverizado o local com Terra Cortril
Spray®56
, sendo repetido durante 3 dias, duas vezes ao dia.
FIGURA 11 - PROLAPSO DE 3a
PÁLPEBRA
5.6 HERNIORRAFIA
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 6 meses, 130kg.
56
TERRA CORTRIL SPRAY® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: terramicina 6,8 g; hidrocortisona
2,0 g.
Exame clínico
Hérnia umbilical
Tratamento cirúrgico
Herniorrafia
Descrição da técnica:
O animal fez jejum prévio de 12 horas. A sedação foi feita com xilazina (1,1
ml, EV). Depois de estar sedado, o animal foi deitado dorsalmente e os membros
torácicos e pélvicos amarrados.
A região herniária foi tosada e a anti-sepsia foi realizada com solução iodada.
A anestesia local foi feita com lidocaína 2%, sem vasoconstritor (20 ml).
Foram feitas incisões elípticas ao redor do saco herniário, em ambas as
extremidades, na pele e tecido subcutâneo. Após aberto, foi feito divulsionamento do
tecido subcutâneo, com tesoura de ponta romba, denileando o saco herniário. O
saco herniário e o anel herniário foram liberados, e então o saco é invertido para o
interior do abdômen, e o anel herniário foi fechado com fio de algodão e a técnica de
sutura é a de sobreposição de Mayo. O tecido subcutâneo é suturado com categute
3.0 e a técnica de sutura é horizontal de colchoeiro contínua. O fechamento da pele
é feito fio de algodão em pontos simples interrompidos (TURNER, 1999). Sobre a
região suturada, foi aplicado ungüento.
No pós-operatório, foi aplicado Agrovet®57
, 1 ml para 25kg, IM, SID, durante 3
dias. Sobre a sutura aplicou-se ungüento, durante 5 dias. O animal permaneceu em
jejum durante 2 dias, após a cirurgia. Os pontos foram retirados 14 dias após a
cirurgia.
57
AGROVET PLUS® - Novartis Saúde Animal Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G
procaína 20.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 8,0 g; piroxican 0,6g.
5.7 ORQUIECTOMIA
Descrição do animal
Bezerros, raça Canchin, idade aproximada 8 meses.
Tratamento
Orquiectomia
Descrição da técnica:
A técnica foi realizada em tronco de contenção. Foi utilizado somente
anestesia local, lidocaína 2% sem vaso constritor, aproximadamente 20 ml por
animal.
A anestesia foi feita em linha horizontal na pele e tecido subcutâneo dos
testículos. Após a anestesia, foi feita a anti-sepsia, com solução iodada. As incisões
foram realizadas separadas para cada testículo, ao longo do seu comprimento, o
segmento distal completo do escroto é seccionado transversalmente, e a túnica
vaginal é deixada intacta. É feito tração sobre os testículos e a pele é puxada em
direção proximal, para que desta forma a fáscia se separe dos cordões espermáticos
inclusos na túnica comum (TURNER, 1999). Em cada cordão espermático, é feito
um nó bem firme, com fio de algodão, e então é feito um corte abaixo do nó,
retirando assim o testículo.
Após a orquiectomia a região foi lavada com solução iodada, e foi aplicado
mata-bicheira no local da ferida.
5.8 RUMINOTOMIA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 5 anos.
Histórico
A vaca pariu há 12 dias, alguns dias depois do parto começou a se apresentar
estufada. O tratamento inicial foi feito com Sedacol®58
, 200 ml EV, uma aplicação e
Blo-trol®59
, 30 ml VO. O animal apresentou melhora, por alguns dias, mas voltou a
estufar. O proprietário optou por fazer ruminotomia.
Tratamento cirúrgico
Ruminotomia
Descrição da técnica:
A vaca foi presa em canga, e os membros posteriores amarrados, juntamente
com a cauda.
A região do flanco esquerdo foi tosada e lavada com solução iodada. A
anestesia local foi feita pelo bloqueio em linha, com lidocaína 2%, sem
vasoconstritor, aproximadamente 150 ml. É feita uma incisão de aproximadamente
20 cm.
Após a abertura da cavidade abdominal, faz-se exploração da cavidade
abdominal e então, o rúmen é alcançado e transfixado com fio de algodão duplo, em
quatro partes (dorsalmente, ventralmente, e nas laterais da região da incisão do
flanco). Após a transfixação, o rúmen é exteriorizado, e duas pessoas seguram os
fios. Após essa técnica, é feita uma incisão horizontal na parede do rúmen, e então é
feita a exploração do rúmen e retículo, e são retirados corpos estranhos ou outros
materiais que forem encontrados em seu interior. Antes da sutura é colocado feno
no dentro do rúmen, para estimular a ruminação. A técnica de sutura do rúmen é
semelhante a da cesariana. Com categute 3.0 é feito pontos simples contínuos, e
mais uma camada invaginante, sobre a primeira linha de pontos, para que haja
maior resistência. A região é lavada com solução fisiológica e então retirados os
pontos que transfixavam o rúmen.
No interior da cavidade abdominal, foi colocado 100 mL de Penfort ®60
, e
então é feito o fechamento da incisão (peritônio, músculos, pele).
58
SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g.
59
BLO-TROL® - Pfizer Ltda. Composição: éster tributílico do ácido-2-acetoxi-1-2-3-propano
tricarboxilico em forma pura.
60
PENFORT PPU® - Ouro Fino Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 10.000.000
UI; benzilpenicilina G benzatina 10.000.000 UI; diidroestreptomicina (sulfato) 20,0g.
Durante 5 dias após a cirurgia aplicou-se Penfort® (1 ml para 25 kg PV, IM,
SID), e aplicação de ungüento sobre a ferida.
Achados da exploração ruminal
Foram encontrados no interior do rúmen, pedras de brita, um prego de
aproximadamente 8 cm e placenta, que a vaca comeu após o parto.
Diagnóstico
A placenta estava causando timpanismo espumoso no animal, pois estava
obstruindo a passagem na região do piloro.
FIGURA 12 - INCISÃO FEITA NO RÚMEN
FIGURA 13 - MATERIAIS RETIRADOS DO RÚMEN
5.9 SUTURA DE PAREDE DE VULVA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, aproximadamente 4 anos.
Histórico
Após o parto anterior, ocorreu prolapso uterino. O proprietário optou por um
manejo preventivo. A vaca pariu há 3 dias.
Tratamento
Sutura de parede da vulva
Descrição da técnica:
A vaca foi devidamente contida, a região vulvar foi lavada com solução
iodada.
Foram utilizados dois pedaços de cano plástico, e foi feito uma sutura
horizontal de colchoeiro interrompida, transfixando os canos plásticos, sendo
colocados um de cada lado, paralelos à vulva.
O ponto é mantido durante 3 dias.
FIGURA 14 - SUTURA DA VULVA
5.10 VULVOPLASTIA
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, 3 anos.
Histórico
No parto anterior, ocorreu dilaceração da vulva.
Diagnóstico
Pneumovagina
Tratamento cirúrgico
Vulvoplastia
Descrição da técnica:
A vaca foi devidamente contida, e foi realizado analgesia epidural caudal (4 ml
de lidocaína 2%, sem vasocontritor).
A região vulvar foi lavada com solução iodada e anestesiada com lidocaína
2% (sem vasocontritor), aproximadamente 15 ml.
Foram feitas duas incisões na comissura ventral da vulva, uma de cada lado,
reavivando as bordas, atingindo os tecidos subcutâneos profundos, paralelamente à
vulva. A sutura foi feita, colocando a mão por dentro (na vagina) para facilitar o
manejo com a agulha, com categute 3.0 e pontos de colchoeiro contínuo, diminuindo
ao máximo o espaço morto (TURNER, 1999).
FIGURA 15 - VULVOPLASTIA
6 AFECÇÕES PODAIS
6.1 TUMOR BENIGNO NO PARADÍGITO
Descrição do animal
Vaca, raça holandesa, aproximadamente 6 anos.
Histórico
O animal apresentava um crescimento (tumor benigno) no paradigito do membro
posterior esquerdo do animal.
Tratamento cirúrgico
Amputação do paradigito
Descrição da técnica
Foi feita anestesia local ao redor do tumor, com lidocaína 2% (sem vaso
constritor) aproximadamente 40 ml. A região foi lavada com solução iodada e a unha
extraída com auxílio de um bisturi. A região novamente foi lavada com solução
iodada. Aplicou-se Terramicina em pó®61
sobre a ferida e sobre a faixa, então,
cobriu-se a ferida com faixa.
Recomendação
A faixa deve ser trocada a cada 3 dias durante 2 semanas.
61
TERRAMICINA EM PÓ SOLÚVEL COM ANTIGERM 77® – Pfizer Ltda. Cada 100 g contém:
terramicina (cloridrato de oxitetraciclina) 5,5 g; antigerm 77 (cloreto de benzetônio) 5,5 g.
FIGURA 16 – TUMOR BENIGNO NO PARADÍGITO
6.2 PODODERMATITE CIRCUNSCRITA (Úlcera de Rusterholz ou Broca)
Descrição
Atendemos sete vacas, da raça holandesa. Os animais apresentavam
pododermatite circunscrita e claudicação severa, pois as lesões já se encontravam
em um estado mais avançado.
Tratamento
Cada animal atendido foi devidamente contido em tronco. Fez-se anestesia
local no membro afetado, com lidocaína 2%. A sujeira foi removida e o casco
afetado foi lavado com solução fisiológica. Retirou-se o tecido necrosado da ferida
na sola do casco. Foi feita a correção do casco com rinetas e lixadeira elétrica, a fim
de distribuir corretamente o peso do animal sobre os cascos. A ferida foi novamente
lavada com solução iodada e aplicou-se terramicina em pó® sobre a região afetada
e sobre a faixa. A unha afetada foi então coberta com faixas.
Nos casos mais severos, fez-se fixação com taco de madeira na unha oposta
à afetada.
Recomendação
A faixa deve ser trocada a cada 3 dias durante 2 semanas.
FIGURA 17 - PODODERMATITE CIRCUNSCRITA
6.3 FIBROMA INTERDIGITAL
Descrição
Sete vacas, da raça holandesa foram atendidas. Os animais apresentavam
uma massa interdigital carnosa, o fibroma interdigital (hiperplasia cutânea interdigital
ou tiloma), que estava causando claudicação.
Tratamento cirúrgico
Extirpação do fibroma interdigital.
Descrição da técnica
Os animais atendidos foram contidos em troncos. Fez-se anestesia local no membro
afetado, com lidocaína 2%, aproximadamente 50 mL. A sujeira do casco foi
removida e fez-se a correção do casco com rinetas e lixadeira elétrica. O casco foi
lavado com solução iodada e a massa carnosa removida com auxílio de bisturi.
Aplicou-se de terramicina em pó® sobre a faixa que envolveu a ferida.
Recomendação
Trocar a faixa a cada 3 dias durante 2 semanas.
FIGURA 18 - FIBROMA INTERDIGITAL
FIGURA 19 - FIBROMA INTERDIGITAL REMOVIDO
6.4 FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL
Descrição
Quatro vacas, da raça holandesa foram atendidas com fibropapiloma
interdigital (dermatite digital verrucosa ou doença do Mortellaro). Todas as lesões se
encontravam nos membros posteriores, e causavam claudicação acentuada.
Tratamento
Remoção cirúrgica do fibropapiloma interdigital.
Descrição da técnica
As vacas foram contidas em tronco. O membro afetado foi anestesiado com
lidocaína 2%, aproximadamente 50 mL. A sujeira foi removida e fez-se a correção
do casco com rinetas e lixadeira elétrica. A região foi lavada com solução iodada e a
lesão foi extraída com o auxílio de bisturi. Aplicou-se terramicina em pó® sobre a
faixa e a ferida foi coberta.
Recomendação
A faixa deve ser trocada a cada 3 dias durante 2 semanas.
FIGURA 20 - FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL
FIGURA 21 - FIBROPAPILOMA REMOVIDO E CASCO ENFAIXADO
6.5 FISSURA
Descrição
Duas vacas, da raça holandesa apresentavam fissura, ou rachaduras nos
cascos, e claudicação intensa. As lesões se encontravam próximas à coroa do
casco.
Tratamento
Correção do casco e remoção da área necrosada sobre a ferida.
Descrição da técnica
As vacas foram contidas em tronco. Anestesiou-se o membro afetado com
lidocaída 2% (sem vascontritor). O sujeira do casco foi removida e com rinetas e
lixadeira elétrica fez-se a correção do casco. A região foi lavada com solução iodada
e a área necrosada removida com auxílio de bisturi. Foi aplicado terramicina em pó®
sobre a faixa e o casco foi envolvido com faixa.
Recomendação
Trocar a faixa a cada 3 dias durante 2 semanas.
FIGURA 22 - ANESTESIA LOCAL
FIGURA 23 - FISSURA PRÓXIMO À COROA DO CASCO
7 NECRÓPSIAS
7.1 ABCESSO HEPÁTICO
Descrição do animal
Novilha, raça holandesa, aproximadamente 1 ano e meio.
Histórico
O animal há mais ou menos 5 meses adoeceu e foi tratada para tristeza
parasitária bovina (TPB), melhorou, mas subitamente apresentou hemorragia
pulmonar e morreu.
Achados de necropsia
Abscesso hepático
Esplenomegalia
Congestão pulmonar
Suspeita
Abscesso hepático devido trauma.
7.2 ANAPLASMOSE
Descrição do animal
Bezerra, raça holandesa, 8 meses.
Histórico
A bezerra se apresentou apática no dia anterior. Pela manhã foi encontrada
morta no piquete.
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Tuberculose bovina

  • 1. UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TUBERCULOSE BOVINA Curitiba 2006
  • 2. UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TUBERCULOSE BOVINA Jackeline Fabiane Greydanus Curitiba 2006
  • 3. Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profa Elza Ciffoni CAMPUS CHAMPAGNAT Rua .Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7953 ii
  • 4. Jackeline Fabiane Greydanus TUBERCULOSE BOVINA Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. João Ari Gualberto Hill Orientador Profissional: Dr. Nilton Vieira Curitiba 2006 iii
  • 5. SUMÁRIO LISTA DE TABELAS............................................................................................... v LISTA DE FIGURAS............................................................................................... vi RESUMO....................................................................................................................................... vii 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1 1.1 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA........................................................................... 1 1.2 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO................................................................. 1 1.3 PATOGENIA...................................................................................................... 2 1.4 SINAIS CLÍNICOS............................................................................................. 3 1.5 ACHADOS DE NECROPSIA............................................................................. 3 1.6 DIAGNÓSTICO................................................................................................. 4 1.7 PROFILAXIA..................................................................................................... 5 2 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 7 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................... 8 3.1 ACHADOS DE NECRÓSIA............................................................................... 8 4 CONCLUSÃO....................................................................................................... 15 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 16 iv
  • 6. LISTA DE TABELAS TABELA 1 – INTERPRETAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA PROVA COMPARATIVA......................................................................................5 v
  • 7. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – LEITURA DE EXAME DE TUBERCULOSE...........................................9 FIGURA 2 – BEZERRA POSITIVA AO EXAME DE TUBERCULOSE.................... 9 FIGURA 3 – LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO............................... 10 FIGURA 4 – LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO............................... 10 FIGURA 5 – LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO................................... 11 FIGURA 6 – LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO................................... 11 FIGURA 7 – LINFONODO MESENTÉRICO........................................................... 12 FIGURA 8 – LINFONODOS MAMÁRIOS AUMENTADOS..................................... 12 FIGURA 9 – NÓDULOS NO RÚMEN, BAÇO E PERITÔNIO................................. 13 FIGURA 10 – NÓDULOS NO FÍGADO E PERITÔNIO........................................... 13 FIGURA 11 – LESÕES DIGESTIVAS..................................................................... 14 FIGURA 12 – RÚMEN COM NÓDULOS................................................................. 14 vi
  • 8. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo relatar o acompanhamento exames sanitários em bovinos leiteiros, da raça holandesa, na região norte pioneira do estado do Paraná, no período de agosto e setembro de 2006. Foram realizados exames de tuberculose em 695 animais, machos e fêmeas, com idade superior a 6 semanas. O método utilizado foi o teste cervical comparativo. Na interpretação do teste, dois animais foram considerados inconclusivos e seis positivos. Os animais positivos foram sacrificados e necropsiados, apresentando lesões digestivas. Os exames foram realizados por um médico veterinário credenciado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e foram realizados conforme o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT). Palavras-chave: Mycobacterium bovis, diagnóstico, lesões. vii
  • 9. 1 INTRODUÇÃO A tuberculose bovina é uma importante zoonose e que provoca sérios prejuízos quando diagnosticada. É uma doença de evolução crônica e se caracteriza pelo crescimento progressivo de lesões nodulares denominadas tubérculos, que podem se localizar em qualquer órgão ou tecido. O Mycobacterium bovis é a causa mais comum de tuberculose em bovinos. Afeta animais independentemente do sexo, estação do ano, clima e região, porém ocorre mais conforme aumenta a idade (CORRÊA & CORRÊA, 1992). EM 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) instituiu o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) com o objetivo de diminuir o impacto negativo destas zoonoses na saúde comunitária e de promover a competitividade da pecuária nacional. 1.1 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA Países, como o Brasil, que implantaram programas de controle e erradicação da tuberculose animal, reduziram a freqüência de animais infectados. Dados de notificações oficiais indicam que o Brasil apresentou uma prevalência média nacional de 1,3% animais reagentes à tuberculina, no período de 1989 a 1998 (MAPA, 2003). 1.2 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO O animal infectado é a principal fonte de infecção em rebanhos. A principal forma de introdução da tuberculose em um rebanho é a aquisição de animais infectados. O M. bovis é excretado pelo ar expirado, fezes, urina, leite e outros
  • 10. fluidos corporais, dependendo dos órgãos contaminados (BLOOD & RADOSTITS, 1989). Em bovinos adultos, a principal porta de entrada é a via respiratória, em aproximadamente 90% dos casos, devido à inalação de aerossóis contaminados. Outra forma de comum de disseminação é pela ingestão de leite infectado, por animais jovens (MAPA, 2003).. A transmissão pela via transplacentária é rara. A transmissão sexual pode ocorrer nos casos de epididimite e metrite tuberculosa, mas é pouco freqüente (MAPA, 2003). A doença é mais comum em bovinos leiteiros do que em bovinos de corte, pois o confinamento predispõe à doença, devido ao estreito contato entre animais infectados e suscetíveis. Contudo, quando os bovinos de corte são mantidos confinados ou são submetidos a condições naturais de aglomeração, os riscos são os mesmos (BLOOD & RADOSTITS, 1989). 1.3 PATOGENIA Após a infecção, por inalação ou ingestão, formam-se lesões primárias no órgão infectado ou nos linfonodos que drenam essa área. Esse estágio denomina-se complexo primário (BLOOD & RADOSTITS, 1989). A inalação geralmente resulta em lesões primárias pequenas no pulmão, que tem início na junção bronquíolo-alveolar com disseminação para os alvéolos e linfonodos brônquicos, podendo regredir, persistir estabilizadas ou progredir. Quando a infecção ocorre por via digestiva, as lesões mais comuns são observadas nos linfonodos faríngeos ou mesentéricos (MAPA, 2003). Em oito dias após a entrada da bactéria, se desenvolve um foco primário visível. A calcificação das lesões se inicia aproximadamente duas semanas depois. O foco necrótico em desenvolvimento é circundado por tecido de granulação e linfócitos e o tubérculo se estabelece. As bactérias são transmitidas a partir do foco primário para um linfonodo regional, onde causam o desenvolvimento de lesões semelhantes (BLOOD & RADOSTITS, 1989).
  • 11. As lesões são mais freqüentemente encontradas em linfonodos (mediastínicos, retrofaríngeos, bronquiais, parotídeos, cervicais, inguinais superficiais e mesentéricos), pulmão e fígado (MAPA, 2003). A disseminação da infecção para outros órgãos pode ocorrer durante o desenvolvimento da doença ou numa fase tardia, provavelmente por uma queda na imunidade do animal. A generalização da infecção pode assumir forma miliar, quando ocorre a entrada de um grande número de bacilos na circulação; ou forma protraída (mais comum) com menor número de bacilos, que ocorre por via linfática ou hematógena, acometendo o próprio pulmão, linfonodos, fígado, baço, úbere, ossos, rins, sistema nervoso central, disseminando-se por praticamente todos os tecidos (MAPA, 2003). 1.4 SINAIS CLÍNICOS A doença é de evolução muito lenta, e os sinais clínicos são pouco freqüentes. Quando presentes são extremamente variáveis e inespecíficos. Em estágios avançados, os bovinos podem apresentar caquexia progressiva, hiperplasia de linfonodos superficiais e/ou profundos, dispnéia, tosse, mastite, infertilidade, entre outros, dependendo do local das lesões. (REBUHN, 2000) 1.5 ACHADOS DE NECRÓPSIA A distribuição das lesões tem forma padronizada. Os granulomas tuberculosos podem ser encontrados em qualquer dos linfonodos, mas principalmente nos nódulos brônquicos e mediastínicos. Abscessos miliares podem disseminar-se para os pulmões, causando broncopneumonia supurativa. O pus apresenta cor característica, do creme ao alaranjado, e sua consistência varia de cremosa espessa a caseosa, que se esfarela com facilidade. Pequenos nódulos
  • 12. podem aparecer sobre a pleura e peritônio. Estes também contêm pus tuberculoso, mas sem efusão (BLOOD & RADOSTITS, 1989). 1.6 DIAGNÓSTICO Os métodos de diagnóstico da tuberculose bovina utilizados são os diretos e indiretos. Os métodos diretos determinam a presença do agente etiológico no material biológico. Os indiretos determinam a resposta imunológica do animal ao agente etiológico. Essa resposta pode ser humoral (produção de anticorpos circulantes) ou celular (mediada por linfócitos e macrófagos). A tuberculinização é uma medida da imunidade celular contra M. bovis por uma reação de hipersensibilidade retardada (tipo IV) (MAPA, 2003). No Brasil, a prova tuberculínica é realizada com o PPD (Purified Protein Derivative) bovino, no teste cervical simples ou no teste da prega caudal. Já no teste cervical comparativo, utiliza-se também o PPD aviário. O PPD bovino apresenta-se sob a forma líquida incolor e o PPD aviário sob a forma líquida com coloração vermelho claro. (MAPA, 2003). O diagnóstico alérgico cutâneo com tuberculina é considerado pela OIE (Office Internacional des Epizooties) como técnica de referência. Essa técnica pode revelar infecções incipientes a partir de três a oito semanas da exposição ao agente, alcançando boa sensibilidade e especificidade. Para que realmente funcione como ferramenta diagnóstica em um programa de controle, o procedimento é padronizado quanto à produção de tuberculinas, equipamentos para realização das provas, tipos de provas e critérios de leitura (MAPA, 2003). Os testes para diagnóstico indireto reconhecidos como oficiais são (MAPA, 2003): teste da prega ano-caudal (prova de triagem, exclusiva em gado de corte); teste cervical simples (prova de rotina em gado de leite devido sua boa sensibilidade); teste cervical comparativo (prova confirmatória, em casos de reagentes no teste da prega ano-caudal ou inconclusivos no teste cervical simples).
  • 13. O resultado da prova comparativa é interpretado de acordo com a tabela a seguir: TABELA 1 – INTERPRETAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA PROVA COMPARATIVA B – A (mm) Interpretação B < 2,0 - negativo B < A < 0 negativo B > A 0,0 a 1,9 negativo B > A 2,0 a 3,9 inconclusivo B > A > 4,0 Positivo FONTE: BRASIL, 2006. A = Tuberculina Aviária B = Tuberculina Bovina 1.7 PROFILAXIA Testes intradérmicos de tuberculina nos rebanhos bovinos devem ser praticadas a cada ano (salvo nos casos de propriedades livres ou monitoradas), em animais (machos e fêmeas) com idade superior a 6 semanas. Em casos de animais positivos, separá-los do rebanho até o sacrifício. Na compra de animais, testá-los na origem (antes da introdução no rebanho) e retestá-los logo após a entrada na quarentena (respeitando um intervalo de 60 dias). Comprar somente animais de rebanhos livres da doença (MAPA, 2003). Controlar fontes de água, cuidando-se das que provenham de fazendas vizinhas sem controle da tuberculose. As instalações devem ser adequadas, com boa ventilação e exposição à luz solar. Recomenda-se higienizar e desinfetar periodicamente todas as instalações, especialmente bebedouros e cochos, com hipoclorito de sódio 3%, fenol 5%, formol 3%, cresol 5% ou cal (concentração 20%) (MAPA, 2003).
  • 14. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Foram realizados exames de tuberculose em quatro propriedades, na região norte pioneira do Paraná, no período de agosto e setembro de 2006. A tuberculinização foi feita em 695 bovinos leiteiros da raça holandesa, entre eles, machos e fêmeas com idade superior a 6 semanas. O método de tuberculinização utilizado, foi o teste cervical comparativo, com PPD bovino e aviário, aplicados simultaneamente, em um mesmo lado em todos os animais. Os animais foram devidamente contidos e então os locais de inoculação foram demarcados pelo corte dos pêlos, com aparelho de tosquia. Foi feita uma medida da dobra da pele, com cutímetro, na região a ser inoculada. As medidas foram anotadas juntamente com a identificação do animal. As inoculações das tuberculinas com PPD aviária e bovina foram feitas com seringas e agulhas próprias, na dosagem de 0,1 ml por via intradérmica, na região escapular, com distância de 15 a 20 cm entre uma e outra. A PPD aviária aplicada cranialmente e a bovina caudalmente. Após 72 horas (mais ou menos 6 horas) da inoculação, foi feita uma nova medida da dobra da pele, com cutímetro, no local de inoculação das tuberculinas. As medidas foram anotadas. Os instrumentos utilizados são próprios para esta finalidade. Seringas com dosador automático de 0,1 ml com agulhas pequenas (3 a 4 mm) e finas e o cutímetro equipado com cabo e a mola que fornece pressão regular nas medidas. Os locais de inoculação devem ser marcados com aparelho de tosquia.
  • 15. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Dos 695 exames de tuberculose realizados, dois animais obtiveram resultados considerados inconclusivos e seis foram considerados positivos. Destes, duas eram vacas, três bezerras entre 60 a 150 dias e um touro com aproximadamente 2 anos. Os animais com resultados inconclusivos, foram separados do rebanho, e serão submetidos a um segundo teste após 90 dias da realização do primeiro, para a confirmação dos resultados. O proprietário relatou que comprou animais, sem exames de tuberculose, provenientes do estado de São Paulo, e introduziu em seu rebanho. Com o acompanhamento de um fiscal do Serviço de Defesa Sanitária Animal, os animais positivos foram sacrificados, e então foram feitas necrópsias dos seis animais. Os animais foram sacrificados e enterrados dentro de uma vala, na própria propriedade, porém num local afastado. Uma das vacas que foram sacrificadas apresentava mastite crônica. Foi relatado que todos os tratamentos possíveis foram feitos neste animal, mas nenhum apresentou sucesso. Conforme os achados de necropsia citados a seguir, podemos concluir que os animais jovens consumiram leite das vacas tuberculosas, o que causou lesões digestivas. 3.1 ACHADOS DE NECROPSIA Nas três bezerras e no touro, foram encontrados linfonodos mesentéricos e submandibulares aumentados. Nas vacas, foram encontrados linfonodos submandibulares, retrofaríngeos e mesentéricos aumentados, lesões digestivas (nódulos) sobre o peritônio, fígado, baço, rúmen e abomaso. Uma vaca, particularmente, apresentava linfonodos mamários muito aumentados.
  • 16. FIGURA 1 - LEITURA DE EXAME DE TUBERCULOSE FIGURA 2 - BEZERRA POSITIVA AO EXAME DE TUBERCULOSE
  • 17. FIGURA 3 - LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO FIGURA 4 - LINFONODO SUBMANDIBULAR AUMENTADO
  • 18. FIGURA 5 - LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO FIGURA 6 - LINFONODO MESENTÉRICO AUMENTADO
  • 19. FIGURA 7 – LINFONODO MESENTÉRICO FIGURA 8 - LINFONODOS MAMÁRIOS AUMENTADOS
  • 20. FIGURA 9 - NÓDULOS NO RÚMEN, BAÇO E PERITÔNIO FIGURA 10 - NÓDULOS NO FÍGADO E PERITÔNIO
  • 21. FIGURA 11 - LESÕES NO BAÇO FIGURA 12 - RÚMEN COM NÓDULOS
  • 22. 4 CONCLUSÃO A tuberculose bovina é ainda um problema no Brasil. Os médicos veterinários têm grande responsabilidade nas ações sanitárias profiláticas, no diagnóstico a campo e na fiscalização dos produtos de origem animal. Mas, é necessário a conscientização dos produtores para a realização dos exames e o descarte de animais positivos.
  • 23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEER, J. Doenças Infecciosas em Animais Domésticos. 1 ed. São Paulo: Roca, 1999, 380p. BLOOD, D.C. & RADOSTITS, O.M. Clínica Veterinária. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989, 1263p. BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: www.agricultura.gov.br. Acesso em: 03/10/2006. BRITO, J.R.F.; DIAS, J.C. Sanidade do gado leiteiro. Coronel Pacheco: EMBRAPA-CNPGL/TORTUGA, 1995. 78p. CLARENCE, M. F. Manual Merck de Veterinária. 7 ed. São Paulo: Roca. 1996. 2169 p. CORRÊA, W. M. & CORRÊA, C.N.M. Enfermidades Infecciosas dos mamíferos domésticos. 2 ed. Rio de Janeiro: MEDSI Editora Médica e Científica Ltda, 1992, 843p. DOMINGUES, P.F.; LANGONI, H. Manejo sanitário animal. 1 ed. Rio de Janeiro: EPUB, 2001. 210p. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. Brasília, DF. 125p. REBHUN, W.C. Doenças do gado leiteiro. 1 ed. São Paulo: Roca, 2000, 642p. SEAB, Paraná. Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. Curitiba, 2006. TIZARD, I. R. Imunologia veterinária - uma introdução. 5 ed. São Paulo: Roca, 1998, 545p.
  • 24. UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Jackeline Fabiane Greydanus Curitiba 2006
  • 25. UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2006
  • 26. Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profa Elza Ciffoni CAMPUS CHAMPAGNAT Rua .Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7953 ii
  • 27. A P R E S E N T A Ç Ã O Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 01/08 a 26/09/2006, em que estive no município de Arapoti – PR, cumprindo estágio curricular e também de uma Monografia que versa sobre o tema: “Tuberculose bovina”. iii
  • 28. Ao meu pai, Pedro Cornélio de Geus Greydanus que não pode realizar esse sonho, mas me apoiou e deu forças para que eu pudesse realizá-lo, e a minha mãe Maaike Elisabeth de Jong Greydanus, que juntamente com meu pai sempre estiveram ao meu lado, em todos os momentos, para que eu chegasse até aqui. DEDICO iv
  • 29. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado forças, permitir que eu chegasse até aqui e por sempre estar ao meu lado, em todos os momentos de minha vida. Aos meus pais, Pedro Cornélio de Geus Greydanus e Maaike Elisabeth de Jong Greydanus, agradeço pela oportunidade de concluir um curso superior, pelo encorajamento por morar fora de casa, pelos ensinamentos e por todo o amor e carinho. Ao meu noivo e minha família, pelo amor e compreensão, pelo apoio e incentivo. Aos meus mestres, que no decorrer desses anos transmitiram não apenas conhecimentos, mas amizade e lições de vida. Agradeço em especial ao meu orientador, Dr. João Ari Gualberto Hill, pela ajuda, dedicação, paciência e incentivo, e também, ao Dr. Nilton Vieira, pela amizade e pela oportunidade de aprender mais um pouco sobre essa maravilhosa profissão. v
  • 30. “A diferença entre uma pessoa e outra é a determinação, uma forma diferente de energia. Essa qualidade humana completará qualquer tarefa que precise ser realizada no mundo, e de nada adiantam talento, circunstâncias ou oportunidades sem sua presença poderosa”. Thomas Buxton vi
  • 31. Jackeline Fabiane Greydanus RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. João Ari Gualberto Hill Orientador Profissional: Dr. Nilton Vieira Curitiba 2006
  • 32. SUMÁRIO LISTA DE TABELAS............................................................................................... v LISTA DE FIGURAS............................................................................................... vi RESUMO....................................................................................................................................... viii 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO............................................................. 2 3 ATIVIDADES LIGADAS À REPRODUÇÃO ANIMAL......................................... 3 3.1 EXAMES GINECOLÓGICOS............................................................................ 3 3.2 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO...................................................................... 4 3.3 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL............................................................................. 5 3.4 ABORTO........................................................................................................... 6 3.5 ADERÊNCIAS................................................................................................... 7 3.6 ANOMALIA CONGÊNITA.................................................................................. 8 3.7 CARCINOMA DAS CÉLULAS ESCAMOSAS DA VULVA................................ 8 3.8 CISTOS OVARIANOS....................................................................................... 9 3.9 CISTOS DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN.................................................. 10 3.10 FIBROSE......................................................................................................... 11 3.11 HIDROSSALPINGITE..................................................................................... 11 3.12 HIPOPLASIA UTERINA.................................................................................. 12 3.13 IMPLANTE DE CRESTAR®............................................................................ 12 3.14 INFUSÃO UTERINA........................................................................................ 13 3.15 LAVADO PREPUCIAL..................................................................................... 13 3.16 METRITE......................................................................................................... 14 3.17 ORQUITE........................................................................................................ 14 3.18 RETENÇÃO DE PLACENTA........................................................................... 15 3.19 TUMOR UTERINO.......................................................................................... 16 4 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLÍNICA MÉDICA........................................ 17 4.1 ANAPLASMOSE............................................................................................... 17 4.2 BABESIOSE...................................................................................................... 17 4.3 CARBÚNCULO SINTOMÁTICO........................................................................ 18 4.4 CETOSE............................................................................................................ 19 4.5 CÓLICA............................................................................................................. 20
  • 33. 4.6 CONGESTÃO PULMONAR.............................................................................. 20 4.7 DIARRÉIA.......................................................................................................... 21 4.8 DILATAÇÃO DE CECO..................................................................................... 23 4.9 FERROADAS DE ABELHA............................................................................... 23 4.10 FRATURAS..................................................................................................... 24 4.11 HEPATITE....................................................................................................... 25 4.12 HEPATOMEGALIA.......................................................................................... 26 4.13 HIPERTROFINA RENAL................................................................................. 26 4.14 HIPOCALCEMIA............................................................................................. 27 4.15 IMOBILIZAÇÃO DE MEMBRO COM GESSO................................................. 28 4.16 INDIGESTÃO LÁCTEA................................................................................... 29 4.17 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA........................................................................... 30 4.18 INTOXICAÇÃO................................................................................................ 30 4.19 LEUCOSE....................................................................................................... 31 4.20 MASTITE......................................................................................................... 32 4.21 MASTITE GANGRENOSA.............................................................................. 33 4.22 NEFRITE......................................................................................................... 34 4.23 PLEURESIA.................................................................................................... 35 4.24 PNEUMONIA................................................................................................... 35 4.25 RETICULOPERITONITE TRAUMÁTICA......................................................... 37 4.26 TIMPANISMO.................................................................................................. 38 4.27 TINHAS........................................................................................................... 39 4.28 TOXEMIA........................................................................................................ 40 4.29 TRAUMATISMO.............................................................................................. 41 4.30 VERMINOSE................................................................................................... 42 5 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLINICA CIRURGICA................................. 44 5.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A ESQUERDA................................ 44 5.2 TORÇÃO E DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA À DIREITA.................. 45 5.3 CESARIANA...................................................................................................... 47 5.4 DILAÇERAÇÃO DE TETO................................................................................ 50 5.5 EXTIRPAÇÃO DE TERCEIRA PÁLPEBRA...................................................... 51 5.6 HERNIORRAFIA............................................................................................... 52 5.7 ORQUIECTOMIA............................................................................................... 53
  • 34. 5.8 RUMINOTOMIA................................................................................................. 54 5.9 SUTURA DE PAREDE DE VULVA................................................................... 57 5.10 VULVOPLASTIA.............................................................................................. 58 6 AFECÇÕES PODAIS........................................................................................... 60 6.1 TUMOR BENIGNO NO PARADIGITO.............................................................. 60 6.2 PODODERMATITE CIRCUNSCRITA............................................................... 61 6.3 FIBROMA INTERDIGITAL................................................................................. 62 6.4 FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL................................................................... 64 6.5 FISSURA........................................................................................................... 66 7 NECRÓPSIAS...................................................................................................... 68 7.1 ABCESSO HEPÁTICO...................................................................................... 68 7.2 ANAPLASMOSE............................................................................................... 68 7.3 INDIGESTÃO LÁCTEA..................................................................................... 69 7.4 INFECÇÃO UMBILICAL.................................................................................... 70 7.5 LEUCOSE......................................................................................................... 71 7.6 PNEUMONIA..................................................................................................... 72 7.7 RUPTURA DE BAÇO........................................................................................ 73 7.8 TORÇÃO UTERINA E INTESTINAL................................................................. 74 7.9 TOXEMIA.......................................................................................................... 75 7.10 TUBERCULOSE.............................................................................................. 76 8 ATIVIDADES RELACIONADAS À SANIDADE................................................... 78 8.1 EXAMES DE TUBERCULOSE.......................................................................... 78 8.2 EXAMES DE BRUCELOSE.............................................................................. 78 8.3 VACINAÇÃO CONTRA BRUCELOSE.............................................................. 78 9 ATIVIDADES RELACIONADAS À NUTRIÇÃO.................................................. 79 9.1 MICOTOXINAS................................................................................................. 79 10 OUTRAS ATIVIDADES...................................................................................... 80 10.1 CONTENÇÃO.................................................................................................. 80 10.2 ACOMPANHAMENTO DE ORDENHA E TESTE DE CMT............................. 81 10.3 ACOMPANHAMENTO DE MANEJO EM PROPRIEDADE............................. 81 11 CONCLUSÃO..................................................................................................... 83 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 84
  • 35. LISTA DE TABELAS TABELA 1 – TAMANHO DOS ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS NOS BOVINOS............................................................................................... 4 TABELA 2 – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA VACA....................................... 5 TABELA 3 – DOENÇAS QUE PROVOCAM ABORTO EM BOVINOS................... 7 TABELA 4 – PRINCIPAIS CAUSAS DE DIARRÉIA EM BEZERROS RECÉM - NASCIDOS.......................................................................................... 22 TABELA 5 – AGENTES ETIOLÓGICOS QUE FREQUENTEMENTE CAUSAM PNEUMONIA EM BOVINOS............................................................... 37
  • 36. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – BEZERRO RECÉM NASCIDO COM MÁ-FORMAÇÃO.........................8 FIGURA 2 – CARCINOMA VULVAR....................................................................... 9 FIGURA 3 – CISTO DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN...................................... 11 FIGURA 4 – RETENÇÃO DE PLACENTA EM VACA............................................. 16 FIGURA 5 – MEMBRO IMOBILIZADO COM GESSO............................................. 29 FIGURA 6 – IMÃ UTILIZADO EM CASOS DE RETICULOPERITONITE TRAUMÁTICA...................................................................................... 38 FIGURA 7 – LOCAL DA SUTURA DO ABOMASO................................................. 47 FIGURA 8 – SUTURA DO ÚTERO......................................................................... 49 FIGURA 9 – BEZERRO COM MÁ FORMAÇÃO RETIRADO POR CESARIANA........................................................................................ 49 FIGURA 10 – SUTURA DE TETO DILACERADO.................................................. 51 FIGURA 11 – PROLAPSO DE TERCEIRA PÁLPEBRA......................................... 52 FIGURA 12 – INCISÃO FEITA NO RÚMEN............................................................ 56 FIGURA 13 – OBJETOS RETIRADOS DO RÚMEN............................................... 57 FIGURA 14 – SUTURA DE VULVA........................................................................ 58 FIGURA 15 – VULVOPLASTIA............................................................................... 59 FIGURA 16 – TUMOR BENIGNO NO PARADÍGITO.............................................. 61 FIGURA 17 – PODODERMATITE CIRCUNSCRITA............................................... 62 FIGURA 18 – FIBROMA INTERDIGITAL................................................................ 63 FIGURA 19 – FIBROMA INTERDIGITAL REMOVIDO........................................... 64 FIGURA 20 – FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL................................................... 65 FIGURA 21 – FIBROPAPILOMA REMOVIDO E CASCO ENFAIXADO................. 65 FIGURA 22 – ANESTESIA LOCAL......................................................................... 67 FIGURA 23 – FISSURA PRÓXIMO À COROA DO CASCO................................... 67 FIGURA 24 – NECROSE DO CORDÃO UMBILICAL............................................. 71
  • 37. FIGURA 25 – LEUCOSE DIGESTIVA..................................................................... 72 FIGURA 26 – NECROSE DA REGIÃO HERNIÁRIA............................................... 76 FIGURA 27 – LESÕES DIGESTIVAS..................................................................... 77 FIGURA 28 – FIXAÇÃO DE ARGOLA EM TOURO HOLANDES........................... 80
  • 38. RESUMO Este relatório tem por objetivo descrever as atividades realizadas em meu estágio Curricular, na região de Arapoti – PR, no período de 1 de agosto à 26 de setembro de 2006, sob orientação profissional do médico veterinário Dr. Nilton Vieira e sob supervisão do professor Dr. João Ari Gualberto Hill. O estágio curricular visa aperfeiçoar o estudante para entrar no mercado de trabalho. As atividades aqui descritas estão relacionadas a clinica médica e cirúrgica, reprodução, sanidade e manejo de bovinos leiteiros. Palavras-chave: bovinos, gestação, diagnóstico, tratamento.
  • 39. 1 INTRODUÇÃO Durante o estágio curricular, realizado na região de Arapoti-PR, sob supervisão do professor Dr. João Ari Gualberto Hill, acompanhei o médico veterinário Dr. Nilton Vieira. Ao total, foram 3.134 atividades realizadas na área de bovinos leiteiros, entre elas: exames ginecológicos, diagnósticos de gestação, inseminações artificiais, clínica médica, clínica cirúrgica, sanidade, nutrição, necrópsias, afecções podais, manejo de ordenha e manejo de propriedade.
  • 40. 2 LOCAL DO ESTÁGIO O município de Arapoti está localizado na região norte pioneira do estado do Paraná. Foi emancipado como município e cidade de Arapoti em 18 de dezembro de 1955. Em 1960, imigrantes holandeses chegaram a Arapoti, e fundaram a Cooperativa Agropecuária Arapoti Ltda. – CAPAL – integrante do grupo ABC do complexo Batavo, o que transformou o município em um pólo de alta tecnologia em agricultura e pecuária, com destaque para a produção de gado holandês de alta linhagem genética. Os holandeses partilharam o “know-how” (tecnologia e conhecimento) que trouxeram da Holanda e os brasileiros contribuíram com o conhecimento do clima e relevo da região, além da influência social e política, que facilitava os contatos com autoridades locais e governo. Hoje, a região tem uma produção média de 170.000 litros de leite/dia, e em torno de 10.000 animais em idade reprodutiva e, juntamente com Carambeí (Batavo), Castrolanda e Witmarsum formam a ABCW. Nesses municípios se localizam os rebanhos leiteiros mais produtivos do Paraná, sendo que a maioria produz médias superiores a 7.000 litros ao ano, comparando-se às melhores médias mundiais.
  • 41. 3 ATIVIDADES LIGADAS À REPRODUÇÃO ANIMAL 3.1 EXAMES GINECOLÓGICOS Durante o período do estágio, foram realizados 1.031 exames ginecológicos em vacas e novilhas em idade reprodutiva, sendo a maioria da raça holandesa e alguns animais mestiços (Jersey x Holandês; Pardo-Suiço x Holandês). Grande parte dos exames foram feitos com o auxílio de um aparelho de ultra- sonografia, mas alguns foram realizados manualmente, por opção do produtor. O exame ginecológico tem o objetivo de confirmar o estágio do ciclo estral (proestro, estro, metaestro, diestro, anestro e prenhez), indicar o momento ideal para cobertura, diagnosticar a presença de infecções genitais e patologias. O exame ginecológico divide-se em exame externo e interno. No exame externo são observados alterações na vulva e períneo, tais como: secreções, crostas e lesões. O cheiro das secreções também é importante para diagnóstico de endometrite, cervicite e vaginite. O exame interno é feito através de palpação retal e ultra-sonografia. No exame retal palpa-se: cérvix, corpo uterino, cornos, tubas uterinas e ovários, observando-se consistência, tamanho, sensibilidade. Nos ovários, dependendo da fase do ciclo estral, é feito ainda a identificação de estruturas (folículos e corpo lúteos), com o objetivo de iniciar algum protocolo. A ultra-sonografia tem proporcionado um melhor resultado na reprodução animal. Através dela, pode-se chegar a diagnósticos mais rápidos e precisos.
  • 42. TABELA 1 - TAMANHO DOS ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS NOS BOVINOS Órgão Tamanho Vestíbulo 10 a 12 cm Vagina 25 a 30 cm Cérvix: comprimento: - vacas - novilhas diâmetro externo anéis 8 a 10 cm 5 cm 3 a 4 cm 2 a 5 Útero corpo cornos 2 a 4 cm 35 a 40 cm Trompas 25 cm Ovários 1,5 a 2 cm FONTE: FERNANDES, 1999. 3.2 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO Foram realizados 686 diagnósticos de gestação, a maioria dos animais entre 30 e 45 dias de prenhez. Grande parte desses diagnósticos foram feitos com o auxílio do aparelho de ultra-som. Um diagnóstico precoce é importante para o manejo reprodutivo do rebanho, principalmente em rebanhos leiteiros onde a eficiência reprodutiva tem grande importância para a viabilidade financeira da exploração (FERNANDES, 1999).
  • 43. TABELA 2 - DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA VACA Idade (dias) Volume liquido (mL) Tamanho fetal (cm) Assimetria uterina 30 40 a 60 0,8 a 1,0 pequena 45 90 a 120 3 a 4 regular 60 400 a 500 5 a 8 característica 90 900 a 1300 13 a 17 característica 120 25 a 32 característica 150 50 a 60 característica 180 65 a 75 característica 210 + 75 característica FONTE: FERNANDES, 1999. 3.3 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Durante o período do estágio foram feitas 45 inseminações artificiais (IA) em propriedades nas quais o produtor prefere que o médico veterinário faça a inseminação, devido a bons índices de concepção e reprodução, e outras propriedades onde o inseminador não podia fazê-lo. Em todas as propriedades atendidas, antes de inseminar vacas ou novilhas, o inseminador massageia o útero, a fim de retirar o muco e avaliar se o animal está apto para a inseminação ou não. Se o animal apresentar traços de sujeira, muco turvo ou muco com sangue o animal não é inseminado. Quando o médico veterinário é responsável pela IA, é feita a palpação dos ovários, para determinar o melhor momento da inseminação. A inseminação artificial é amplamente utilizada em propriedades leiteiras, com o objetivo de acelerar o melhoramento genético. Alguns pontos são importantes para que haja um bom resultado, entre eles podemos citar: boa nutrição, bom manejo, mão de obra treinada, acompanhamento técnico, controle sanitário e dados zootécnicos do rebanho (FERNANDES, 1999). Alguns fatores são importantes para o sucesso da IA:
  • 44. - observação de vacas em cio (deve ser feita pelo menos duas vezes por dia); - momento ideal para a inseminação; - descongelamento correto do sêmen; - local de deposição do sêmen. A duração do cio e o momento da ovulação variam de acordo com fatores internos e externos. Mas, em geral, o cio dura entre 18 e 19 horas e a ovulação geralmente ocorre entre 10 e 11 horas após o fim do cio (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Embora as recomendações variem, parece claro que a taxa de concepção melhora se ocorrer uma inseminação dentre de 12 a 20 horas após o início do cio (REBHUN, 2000). 3.4 ABORTO Acompanhamos duas propriedades com casos de aborto. Em ambas, suspeitou-se de leptospirose. Em uma das propriedades, colhemos sangue de seis vacas que abortaram, e enviamos o soro para laboratório. O sangue foi colhido através da punção da veia coccígea com agulhas descartáveis e vacutainer. Na outra propriedade, suspeitou-se de leptospirose devido a grande quantidade de ratos que aparecem no barracão, principalmente durante a noite. Quando não há animais no barracão, os ratos comem a comida que permanece nos cochos. A medida tomada foi vacinar todo o rebanho contra leptospirose. Os abortamentos não infecciosos prevalecem em bovinos, particularmente no gado leiteiro. As causas não-infecciosas do abortamento espontâneo podem ser devidas a fatores genéticos, cromossômicos, hormonais ou nutricionais. Mas, os abortamentos infecciosos contribuem com a maior porcentagem das gestações perdidas nos animais domésticos (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
  • 45. TABELA 3 – DOENÇAS QUE PROVOCAM ABORTO EM BOVINOS Causas Doenças Protozoários Tricomonose (Trichomonas fetus) Neosporose (Neospora caninum) Bactérias Brucelose (Brucella abortus) Vibriose (Campylobacter fetus) Leptospirose (Leptospira pomona, Leptospira hardjo) Listeriose (Listeria monocytogenes) Vírus Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) Abortamento viral epizoótico (EVA) Fungos Micoses (Aspergillus absidia) FONTE: HAFEZ & HAFEZ, 2004. 3.5 ADERÊNCIAS Dos 1.031 exames ginecológicos realizados, encontramos 10 vacas que apresentavam aderência. As aderências foram encontradas nos ovários e tubas uterinas. As aderências entre tubas e ovários geralmente ocorrem secundariamente às salpingites (inflamação das tubas uterinas) (FERNANDES, 1999).
  • 46. 3.6 ANOMALIA CONGÊNITA Atendemos um bezerro recém-nascido, com apenas algumas horas de vida, com má-formação. O bezerro nasceu sem o focinho. O defeito é incompatível com a vida, então animal foi descartado. A deformidade craniofacial hereditária caracteriza-se por graus variáveis de hipoplasia nasomaxilar, em geral associada a desenvolvimento cerebral incompleto, com sulcos e giros menos pronunciados que o normal. Parece ser herdada como um caráter autossômico recessivo simples (BLOOD & RADOSTITS, 1991). FIGURA 1 - BEZERRO RECÉM-NASCIDO COM MÁ-FORMAÇÃO 3.7 CARCINOMA DAS CÉLULAS ESCAMOSAS DA VULVA Uma vaca foi atendida com um tumor na vulva, um carcinoma das células escamosas da vulva. Este tipo de carcinoma acomete vacas mais velhas e com vulvas pouco pigmentadas, e ocorre em áreas com grande exposição à luz solar. Esse tipo de tumor é agressivo e pode provocar metástases (REBHUN, 2000).
  • 47. A recomendação foi o descarte do animal no final da lactação. FIGURA 2 - CARCINOMA VULVAR 3.8 CISTOS OVARIANOS Dos exames ginecológicos realizados, foram encontrados 59 cistos ovarianos. Entre eles, cistos foliculares e cistos luteínicos. Alguns eram afuncionais e não interferiam no ciclo da fêmea. Degeneração cística ovariana ou “ovários císticos” é uma anormalidade endócrina comum no gado leiteiro, particularmente nas vacas de maior produção. Provavelmente, os cistos ovarianos se desenvolvem antes da primeira ovulação pós- parto. Algumas vacas apresentam intenso comportamento de monta (ninfomania), mas a maioria deixa de exibir cio (anestro). Um ou ambos os ovários podem apresentar cistos, que excedem 2,5cm de diâmetro. Estes cistos podem ser foliculares ou luteínicos. Os cistos foliculares crescem e regridem alternadamente, porém não ovulam. Os cistos luteínicos contêm uma fina borda de tecido luteínico, também não ovulam, mas persistem por um período prolongado (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
  • 48. O cisto folicular ocorre quando o folículo cresce, porém não ocorre ovulação, devido à ausência ou liberação mínima de LH (hormônio luteinizante). Nos cistos luteínicos, ocorre liberação de uma pequena quantidade de LH, maior do que no caso de cistos foliculares, mas insuficiente para promover ovulação, causando uma luteinização parcial da parede do folículo (FERNANDES, 1999). Alguns fatores predispõem ao aparecimento de cistos, todos associados a condições estressantes. Os principais fatores são: maior produção de leite, idade, problemas pós-parto (retenção de placenta, metrite) e superovulação (FERNANDES, 1999). Existem vários métodos para o tratamento da degeneração cística ovariana em bovinos. Entre elas: ruptura manual do cisto por palpação retal, o GnRH é eficiente para o tratamento de cistos foliculares, a PGF2αe seus análogos são eficientes para o tratamento de cistos luteínicos (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Ruptura manual dos cistos ovarianos representa um risco de traumatismo para as trompas uterinas (REBHUN, 2000). Os tratamentos realizados foram realizados com 2 mL de Gestran®1 , em casos de cistos foliculares e 2 mL de PGF2α nos casos de cistos luteínicos, aplicados por via intra-muscular (IM). 3.9 CISTOS DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN Encontramos em três vacas uma estrutura cística avermelhada na vulva. A estas estruturas denominam-se cistos das glândulas de Bartholin ou vestibulares. Estes cistos podem ser confundidos pelos proprietários com um prolapso vaginal ou mesmo um aborto ou parto. O cisto é mole e liso, preenchido por um muco ligeiramente turvo. Existe uma glândula em cada parede vestibular lateral, e acredita-se que a formação do cisto represente uma obstrução ou atresia do duto em esvaziamento (REBHUN, 2000). 1 GESTRAN PLUS® - Arsa S.R.L. Cada 100 mL contém: 2,5 mg de acetato de gonadorelina (Lecirelina).
  • 49. O tratamento nem sempre é realizado. Em duas vacas nada foi feito, devido ao pequeno tamanho dos cistos. Em outra, com o cisto proeminente, a região vulvar foi lavada e então feita uma incisão. O muco foi drenado e a glândula retornou para sua posição. FIGURA 3 - CISTO DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN 3.10 FIBROSE Em duas vacas, dos exames ginecológicos realizados, foi encontrado fibrose uterina. Nenhum tratamento foi realizado. A recomendação foi o descarte dos animais no final da lactação. 3.11 HIDROSSALPINGITE Palpamos duas vacas que apresentavam hidrossalpingite unilateral. Nas salpingites ocorre inflamação das tubas uterinas e na hidrossalpingite ocorre o
  • 50. acúmulo de líquido seroso nas tubas uterinas. Na maioria das vezes são secundárias à infecções uterinas. Tanto as salpingites como as hidrossalpingites podem ser bilaterais ou unilaterais. No primeiro caso, a recomendação é o descarte do animal, pois este apresentará esterilidade. Na salpingite ou hidrossalpingite unilateral, pode-se continuar com o animal no rebanho, pois o animal poderá ciclar normalmente no ovário oposto à tuba acometida, mas apresentará subfertilidade (FERNANDES, 1999). Neste caso, cabe ao proprietário a decisão de permanecer ou não com o animal no rebanho. 3.12 HIPOPLASIA UTERINA Durante as palpações, encontramos uma novilha com hipoplasia uterina. A recomendação foi o descarte do animal. A hipoplasia é uma alteração congênita, que causa o não desenvolvimento do órgão afetado. Neste caso, na palpação o útero se encontrava reduzido de tamanho. 3.13 IMPLANTE DE CRESTAR® Foi feito um protocolo com Crestar®2 em uma vaca que apresentava anestro. O animal não apresentava cio há aproximadamente 8 meses. O implante subcutâneo é aplicado na face externa da orelha, e tem como objetivo imitar a presença de corpo lúteo no ovário. A aplicação do implante é feita associada com 5mg de valerato de estradiol, aplicado por via IM. O estradiol tem função de manter os níveis de estrógeno circulante durante o tratamento. 2 CRESTAR® - Intervet. Cada implante contém: norgestomet 3 mg.
  • 51. O tempo de permanência do implante é de 10 dias. Este protocolo induz a fêmea a um novo ciclo, com maior fertilidade. 3.14 INFUSÃO UTERINA Foram realizadas cinco infusões uterinas (IU) em animais que apresentaram muco turvo ou sujo durante o estro. Duas, das cinco infusões foram feitas com lugol3 , pois não houve resposta nas infusões anteriores. As demais foram feitas com Metricure®4 em dose única. O objetivo das infusões é proporcionar cura ao processo infeccioso instalado, para que o animal retorne ao ciclo reprodutivo com um taxa de fertilidade maior. 3.15 LAVADO PREPUCIAL Fizemos um lavado prepucial num touro holandês de aproximadamente 2 anos. O lavado foi coletado e enviado para laboratório com o objetivo de pesquisar a presença de Campylobacter fetus. O C. fetus é um parasita obrigatório do trato reprodutivo dos bovinos e do prepúcio dos touros. Após a infecção da vagina, o organismo estabelece rapidamente uma endometrite que persiste por semanas a meses. Pode também ocorrer uma salpingite. As principais conseqüências da doença são morte embrionária precoce, morte fetal e infertilidade (REBHUN, 2000). Descrição da técnica: O touro foi preso em uma canga, e devidamente contido. Os pêlos da região prepucial foram cortados com tesoura, então a região foi 3 LUGOL: solução com 0,75 g de iodo, 3,75g de iodeto de potássio, dissolvidos em 250 mL de água destilada. 4 METRICURE® - Intervet. Cada seringa de 19 g contém: cefapirina base 500 mg.
  • 52. lavada. Um equipo foi colocado entre o prepúcio e pênis, e cerca de 250 mL de soro fisiológico foi introduzido. Com o mesmo equipo o fluido prepucial foi coletado e armazenado na embalagem do soro e mantido sobre refrigeração para o envio ao laboratório. 3.16 METRITE Entre os exames ginecológicos realizados, foram diagnosticados 10 casos de metrite. Em casos de metrite aguda, o tratamento foi realizado com 2 mL de Sincrocio®5 e 2 mL de E.C.P.6 , ambos aplicados por via IM, em dose única. Nos casos de metrite crônica, foi feito antibioticoterapia por via IM (sendo que o produto de escolha depende do caso e do produto de eleição da propriedade) ou infusão uterina. Dentre os produtos mais utilizados na IU, podemos citar as tetraciclinas e o Metricure®. O lugol é utilizado em casos extremos, quando vários tratamentos já foram realizados, porém, sem sucesso. A contaminação bacteriana do útero após o parto é comum durante as primeiras 2 semanas pós-parto. Cerca de 93% dos bovinos leiteiros podem sofrer alguma contaminação bacteriana durante esse período. As instalações de parto sujas, distocia, retenção de membranas fetais, atonia uterina e contaminação heterogênica vaginal aumentam a ocorrência de metrite (REBHUN, 2000). 3.17 ORQUITE Atendemos um touro da raça holandesa com aproximadamente 2 anos. O animal não mostrava interesse em cobrir fêmeas em cio e se apresentava apático. 5 SINCROCIO® - Ouro Fino Ltda. Cada 100 mL contém: cloprostenol sódico 26,30 mg. 6 E.C.P.® - Pfizer Ltda. Cada mL contém cipionato de estradiol 2 mg, clorobutanol 5 mg e óleo de caroço de algodão q.s.p.
  • 53. No exame clínico foi encontrado edema nos testículos, que estavam com coloração avermelhada. O tratamento instituído foi: 1 frasco de Agrovet®7 , IM, 1 vez ao dia (SID), durante 3 dias; Diclofenaco®8 , 10 ml, IM, dose única. A inflamação ou infecção aguda dos testículos pode ser causada por trauma ou infecções como: brucelose, tuberculose, Corynebacterium pyogenes, Salmonella abortus, Pseudomonsas sp., Staphylococcus e Streptococcus (MERK, 1996; BLOOD & RADOSTITS, 1991). 3.18 RETENÇÃO DE PLACENTA Acompanhamos cinco casos de retenção de placenta. Em alguns destes casos, a placenta foi removida manualmente, em outros, foi feito antibioticoterapia sistêmica, com Agrovet®: 1 ml para 25 kg de peso vivo (PV), IM, SID, durante 3 dias. A falha na expulsão das membranas fetais durante o terceiro estágio do trabalho de parto, é uma complicação comum em bovinos. A retenção placentária além de 12 horas em bovinos é considerada patológica, devido, primeiramente, à inércia uterina ou a inflamação da placenta, que resulta em uma falha no descolamento das vilosidades fetais das criptas maternas. A retenção de placenta acompanha abortamentos no final da gestação devido à infecções, como brucelose, leptospirose e rinotraqueíte infecciosa bovina; nascimento prematuro de gêmeos e parto induzido com corticosteróides, distocia obstrutiva e cesarianas (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 7 AGROVET PLUS® - Novartis Saúde Animal Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 20.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 8,0 g; piroxican 0,6g. 8 DICLOFENACO 50 OURO FINO® - Ouro Fino. Cada 100 mL contém: diclofenaco sódico 5,00 g.
  • 54. FIGURA 4 - RETENÇÃO DE PLACENTA EM VACA 3.19 TUMOR UTERINO Entre os animais palpados, nos exames ginecológicos, três apresentavam tumor uterino, uma massa firme na parede do útero. Suspeitou-se de leucose. A recomendação ao produtor foi o descarte do animal. A neoplasia mais comum que afeta o útero dos bovinos leiteiros é o linfossarcoma. O vírus da leucemia bovina (VLB), um retrovírus, é a causa do linfossarcoma bovino, que também é chamado de leucose enzoótica bovina, ou simplesmente leucose de bovinos adultos (REBHUN, 2000). A transmissão do VLB ocorre principalmente de forma horizontal. Uma vez infectados, os bovinos permanecem portadores e são fontes de vírus por toda a vida (BRITO, 1995). A maioria dos animais adquire a infecção a partir dos 2 anos de idade, quando, por questões de manejo, passam a conviver com animais adultos portadores. O sangue contaminado tem sido considerado o principal meio de transmissão do vírus, mesmo em pequenas quantidades. A transmissão ocorre principalmente pela reutilização de agulhas e seringas, equipamentos de descorna, castração e tatuadores de orelha e palpações retais (BRITO, 1995).
  • 55. 4 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLÍNICA MÉDICA 4.1 ANAPLASMOSE Descrição do animal Vaca, raça holandesa, aproximadamente 4 anos. Histórico Vaca com parto recente (10 dias). O animal apresentava anorexia, apatia e baixa produção de leite. O animal já foi tratado para babesiose. Exame clínico Temperatura: 40ºC Mucosas ictéricas Acúmulo de líquido uterino Atonia ruminal Diagnóstico Anaplasmose Tratamento Terramicina®9 : 1ml para cada 10 kg PV, IM, SID, durante 3 dias. 4.2 BABESIOSE Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, aproximadamente 3 meses. Histórico 9 TERRAMICINA LA® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina diidratada 20,0 g.
  • 56. O animal se apresentou apático, e sem interesse em comer. Casos freqüentes de babesiose e anaplasmose na propriedade. A bezerra nunca foi tratada para babesiose. Exame clínico Temperatura: 41ºC Mucosas pálidas Apatia Anorexia Diagnóstico Babesiose Tratamento Ganazeg®10 : 1ml para cada 20 kg PV, IM, dose única Terramicina®11 : 1ml para cada 10 kg PV, IM, SID, durante 3 dias Algivet®12 : 10 ml, IM, dose única 4.3 CARBÚNCULO SINTOMÁTICO Descrição do animal Novilha, mestiça (Nelore), aproximadamente 18 meses. Histórico O proprietário chamou o veterinário para a necrópsia de um de seus animais, a fim de descobrir o motivo da morte. Chegando ao local, não foi preciso fazer a 10 GANAZEG® - Novartis Saúde Animal Ltda. Composição: diaceturato de 4,4-diazoamino- dibenzamidina a 7%. 11 TERRAMICINA LA® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina diidratada 20,0 g. 12 ALGIVET® - Univet S.A. Composição: fenildimetil pirazolona 50% (dipirona).
  • 57. necrópsia, pois os sinais eram evidentes. O animal apresentava edema com crepitação nos membros. Diagnóstico Carbúnculo sintomático Profilaxia A orientação do médico veterinário foi de enterrar o animal e vacinar todo o rebanho contra Clostridioses, com vacina polivalente, pois a vacinação não era feita na propriedade. 4.4 CETOSE Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos. Histórico Vaca recém-parida (10 dias), parto gemelar. O proprietário comentou que o animal emagreceu muito após o parto, reduziu o consumo de alimento, e diminuiu a produção do leite. Exame clínico Apatia Anorexia Atonia ruminal Mucosa vulvar ictérica Hálito com cheiro de cetona Diagnóstico Cetose
  • 58. Tratamento Propilenoglicol: 300 ml via oral (VO), durante 3 dias 4.5 CÓLICA Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 2 meses de idade. Histórico Animal apresentou diarréia há alguns dias. Foi tratada com anti-diarréico oral. Exame clínico Dor abdominal Movimentos de pedalagem Diagnóstico Cólica Tratamento Luftal®13 : 20 gotas, via oral Buscopan®14 : 5 ml, endovenoso (EV), 2 vezes ao dia (BID), 2 aplicações 4.6 CONGESTÃO PULMONAR Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 7 meses de idade. 13 LUFTAL® (linha humana). Cada mL contém 75 mg de dimeticona. 14 BUSCOPAN COMPOSTO® – Elanco. Cada mL contém: N-btil-brometo de hioscina 4 mg; dipirona sódica 500 mg.
  • 59. Histórico O animal começou a se apresentar apático, sem interesse em comer. O animal permanece em baia coletiva, fechada, com pouca areação. Exame clínico Temperatura: 41,2ºC Taquicardia Taquipnéia, com som áspero/carregado Mucosas oculares congestas. Diagnóstico Congestão pulmonar Tratamento Terramicina®15 : 1ml para cada 10 kg PV, IM, SID, durante 3 dias Azium®16 : 5 ml, SC, SID, durante 2 dias 4.7 DIARRÉIA Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 6 dias. Histórico A bezerra começou a apresentar diarréia há um dia, se apresentou apática e sem interesse em mamar. Foi tratada com anti-diarréico oral e Baytril®17 , mas não funcionou. Exame clínico Diarréia aquosa fétida 15 TERRAMICINA LA® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina diidratada 20,0 g. 16 AZIUM® - Schering-Plough Coopers. Cada mL contém: dexametasona 2 mg. 17 BAYTRIL 10%® - Bayer. Cada 100 mL contém: enrofloxacino 10 g.
  • 60. Anorexia Apática Decúbito lateral Desidratada Suspeita Diarréia por Escherichia coli Tratamento Borgal®18 : 1ml para cada 10 kg, IM, SID, durante 5 dias. TABELA 4 - PRINCIPAIS CAUSAS DE DIARRÉIAS EM BEZERROS RECÉM- NASCIDOS Causas Doença/Agente Bacterianas Colibacilose (E. coli) Salmonelose (Salmonella sp.) Enterotoxemia (Clostridium perfringens) Víricas Coronavirose (Coronavírus) Rotavirose (Rotavírus) Protozoários Criptosporidiose (Cryptosporidium parvum) Eimeriose (Eimeria sp.) Outros Alterações dietéticas Estresse FONTE: REBHUN, 2000. 4.8 DILATAÇÃO DE CECO 18 BORGAL® - Intervet.Cada 100 mL contém: sulfadoxina 20,00g; trimetropin 4,00g; hidróxido de sódio 2,05g; dietanolamina 0,30g; glicerinformol 75,65g.
  • 61. Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos. Histórico A vaca pariu a 2 dias. Parto gemelar. O proprietário notou que o animal estava apático e sem interesse em comer. Exame clínico Acúmulo de gás no ceco. Diagnóstico Dilatação de ceco Tratamento Sedacol®19 : 200 mL EV, dose única. 4.9 FERROADAS DE ABELHAS Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 8 meses de idade. Histórico O proprietário comentou que viu a bezerra com dificuldade respiratória, língua e mandíbula inchadas. Exame clínico Edema de glote Edema de língua Prostração 19 SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g.
  • 62. Taquicardia Dispnéia Diagnóstico Ferroadas de abelhas Tratamento Fenergan®20 : 4 ml, IM, dose única Azium®21 : 5 ml subcutâneo (SC), SID, durante 2 dias 4.10 FRATURAS Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 2 anos. Histórico O proprietário relatou que o animal estava num piquete com outras vacas, e uma estava em cio. A vaca pulou na outra em cio, e caiu. Depois de algum tempo, ela levantou, e no confinamento, onde foi comer, escorregou novamente e não levantou mais. Exame clínico Fratura no membro posterior esquerdo Diagnóstico Fratura de fêmur 20 FENERGAN® (linha humana). Cada ampola com 2 mL contém: Cloridrato de prometazina 25 mg. 21 AZIUM® - Schering-Plough Coopers. Cada mL contém: dexametasona 2 mg.
  • 63. Recomendação Descarte do animal 4.11 HEPATITE Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos, 600 kg. Histórico O animal apresentou queda abrupta na produção de leite e anorexia. Exame clínico Temperatura: 39.6ºC Atonia ruminal Taquicardia Anemia Esteatorréia Diagnóstico Hepatite Tratamento Sedacol®22 : 200 ml EV, dose única Baytril®23 : 1 ml para 20kg PV, SID, durante 3 dias 4.12 HEPATOMEGALIA 22 SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g. 23 BAYTRIL 10%® - Bayer. Cada 100 mL contém: enrofloxacino 10 g.
  • 64. Descrição do animal Novilha, raça holandesa, 2 anos. Histórico Novilha prenha de 6 meses. Apresentou sinais de reticuloperitonite há 40 dias, e foi administrado imã por via oral. Exame clínico Temperatura: 40.7ºC Atonia ruminal Diarréia Hepatomegalia Mucosas ictéricas Diagnóstico Lesão hepática/hepatomegalia Tratamento Bioxel®24 : 1 ml para 50kg PV, IM, SID, durante 3 dias Diclofenaco®25 : 1 ml para 50kg PV, IM, durante 3 dias 4.13 HIPERTROFIA RENAL Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 4 anos. Histórico O animal começou a se apresentar apático e queda na produção de leite. 24 BIOXEL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g. 25 DICLOFENACO 50 OURO FINO® - Ouro Fino. Cada 100 mL contém: diclofenaco sódico 5,00 g.
  • 65. Exame clínico Temperatura: 39.2ºC Hepatomegalia Palpação retal: rim aumentado Diagnóstico Hipertrofia renal Tratamento Bioxel®26 : 1 ml para 50kg PV, IM, SID, durante 3 dias Mercepton®27 : 100 ml, EV, dose única 4.14 HIPOCALCEMIA (FEBRE DO LEITE) Descrição do animal Vaca, raça Jersey, 8 anos. Histórico A vaca pariu há 1 dia. No parto anterior apresentou febre do leite. Após o parto, a vaca deitou e não levantou mais. Exame clínico Animal caído e incapaz de levantar. Diagnóstico Hipocalcemia/febre do leite 26 BIOXEL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g. 27 MERCEPTON – Bravet Ltda. Cada 100 mL contém: acetilmetionina, 5,00g; cloridrato de colina, 2,00g; cloridrato de tiamina, 1,00g; riboflavina, 0,02g; cloridrato de piridoxina 0,04g; cloridrato de L- arginina 0,60g; nicotinamida, 0,50g; pantotenato de cálcio, 0,20g; glicose, 20,00g.
  • 66. Tratamento Calfon®28 : 200 ml EV Azium®29 : 10 ml IM, dose única 4.15 IMOBILIZAÇÃO DE MEMBRO COM GESSO Descrição do animal Bezerra, raça Nelore, 4 meses. Histórico A bezerra escorregou e fraturou o membro posterior. Exame clínico Fratura do membro posterior direito Diagnóstico Fratura de fêmur Tratamento Imobilização do membro com gesso Descrição da técnica: O animal foi sedado com Rompun®30 , 1 mL para cada 125 kg PV. Sob efeito do tranqüilizante, o membro foi restituído e imobilizado com 5 faixas para gesso (linha humana). 28 CALFON® - Bayer S.A. Cada 100 ml contém: gluconato de cálcio 20,00g; cloreto de magnésio 6H20 6,00g; butaphosphan técnico 0,40g. 29 AZIUM® - Schering-Plough Coopers. Cada mL contém: dexametasona 2 mg. 30 ROMPUN® - Bayer S.A. Cada 100mL contém: cloridrato de 2-(2,6-xilidino)-5,6-dihidro-4H-1,3- tiazina 2 g.
  • 67. FIGURA 5 - MEMBRO IMOBILIZADO COM GESSO 4.16 INDIGESTÃO LÁCTEA Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 4 semanas de idade. Histórico A bezerra apareceu estufada cerca de 2 horas após mamar. Exame clínico Timpanismo Diagnóstico Indigestão láctea Tratamento Foi passada uma sonda oro-gástrica até o rúmen, para descartar a possibilidade de que o timpanismo fosse ruminal. Como o gás não saiu, foi feito uma punção no abomaso com uma agulha, a fim de retirar o gás do abomaso.
  • 68. Após a retirada do gás do abomaso, foi feito 3 ml de Baytril®31 por via oral (VO). 4.17 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos. Histórico A vaca já algum tempo apresenta fraqueza e evita andar muito longe. Exame clínico Batimentos cardíacos fracos Tosse forte Diagnóstico Insuficiência cardíaca Recomendação Descarte do animal 4.18 INTOXICAÇÃO Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 4 anos. Histórico 31 BAYTRIL 10%® - Bayer. Cada 100 mL contém: enrofloxacino 10 g.
  • 69. O animal estava apático e não comia. Exame clínico Atonia ruminal Mucosas ictéricas Esterco com cheiro ácido, escuro Dor abdominal ao teste do bastão Suspeita Reticuloperitonite traumática Intoxicação Tratamento Sedacol®32 : 200 ml EV, dose única Antox pó®33 : 2 pacotes VO, dose única Bioxell®34 : 10 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias 4.19 LEUCOSE Descrição do animal Vaca, raça holandesa, aproximadamente 6 anos. Exame clínico Tumor ocular com metástase Diagnóstico Leucose Recomendação Descarte do animal no final da lactação. 32 SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g. 33 ANTOX PÓ® - Ibasa Ltda. Cada 100g contém: tiossulfato de sódio, 90g; hidróxido de alumínio, 6g; ácido tânico, 4g. 34 BIOXEL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g.
  • 70. Revisão de literatura Os sinais oculares refletem mais comumente um envolvimento da área retrobulbar como uma localização-alvo comum. A exoftalmia uni ou bilateral progressiva que progride para enoftalmia patológica e dano por exposição para o globo representa a manifestação oftálmica mais comum do linfossarcoma nos bovinos positivos ao vírus da leucemia bovina (VBL) que desenvolvem tumores (REBHUN, 2000). 4.20 MASTITE Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 4 anos. Histórico A vaca apresentou mastite, secreção “aquosa”. Foi tratada com antibiótico intra-mamário e intramuscular. Mais tarde caiu, e não levantou mais. Apresentou anorexia completa. Exame clínico Incoordenações motoras Depressão Taquicardia Taquipnéia Leite aquoso e amarelado Diagnóstico Mastite por Escherichia coli Tratamento 1º dia
  • 71. Rodissulfa®35 : 30 ml para cada 100 kg PV, EV Calfon®36 : 400 ml EV Fenergan®37 : 20 ml IM, dose única 2º dia Borgal®38 : 15 ml para cada 100 kg PV, EV Calfon®: 200 ml EV 200 ml SC, em pontos variados de aplicação 4.21 MASTITE GANGRENOSA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos, 750 kg. Histórico A vaca havia sido secada no dia anterior. No outro dia, o animal apresentou o úbere com coloração azulada e inchado. Exame clínico Úbere friável, de coloração azulada Dor ao andar Leite sem nenhuma alteração Suspeita Mastite gangrenosa 35 RODISSULFA INJETÁVEL® - Merial Ltda. Composição: sulfametazina 33,3% 36 CALFON® - Bayer S.A. Cada 100 ml contém: gluconato de cálcio 20,00g; cloreto de magnésio 6H20 6,00g; butaphosphan técnico 0,40g. 37 FENERGAN® (linha humana). Cada ampola com 2 ml contém: Cloridrato de prometazina, 25 mg. 38 BORGAL® - Intervet.Cada 100 mL contém: sulfadoxina 20,00g; trimetropin 4,00g; hidróxido de sódio 2,05g; dietanolamina 0,30g; glicerinformol 75,65g.
  • 72. Tratamento Pradotin®39 : 50 ml EV, dose única Agrovet®40 : 35 ml IM, SID, durante 3 dias 4.22 NEFRITE Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, aproximadamente 10 meses. Histórico O animal estava apático e não comia. Exame clínico Temperatura: 39.8ºC Atonia ruminal Andar duro Membros inchados Relutância em urinar Suspeita Infecção renal Tratamento Vetflogin®41 : 1 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias. 4.23 PLEURESIA 39 PRADOTIN® - Prado S.A. Composição: hexametilenotetramina, benzoato de sódio, cafeína, esparteína em veículo glicofisiológico. 40 AGROVET PLUS® - Novartis Saúde Animal Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 20.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 8,0 g; piroxican 0,6g. 41 VETFLOGIN® - Valle S.A. Cada mL contém diclofenaco sódico 50,00 mg.
  • 73. Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 6 meses. Histórico O proprietário se queixou de que o animal não estava acompanhando o crescimento do lote. Já foi tratada para pneumonia há 2 meses. Exame clínico Animal anda com os membros anteriores abertos Não há auscultação do pulmão na região ventral Diagnóstico Pleuresia Tratamento Nenhum 4.24 PNEUMONIA Descrição do animal Lote de bezerras, raça holandesa, entre 1 dia a 3 meses de vida. Histórico O proprietário se queixou que 3 bezerras estavam com pneumonia, e já haviam sido tratadas por conta própria, mas que não melhoraram. A ocorrência de pneumonia tem sido freqüente na propriedade. Exame clínico Os animais apresentavam os seguintes sinais: - estertores pulmonares - tosse - febre
  • 74. Exame do ambiente O barracão em que os animais ficam é antigo, empoeirado e tem pouca ventilação. Os animais ficam em baias separadas. Diagnóstico Pneumonia por Micoplasma Recomendação Ventilar o ambiente Tratamento Tratar os animais acometidos com Tylan®42 : 1 ml para cada 10 kg PV, IM, SID, durante 3 dias. 42 TYLAN 50 INJETÁVEL® - Elanco. Cada 100 mL contém: tilosina 5,0 g.
  • 75. TABELA 5 - AGENTES ETIOLÓGICOS QUE FREQUENTEMENTE CAUSAM PNEUMONIAS EM BOVINOS Causas Agente Virais Herpes vírus bovino tipo 1 (vírus IBR) Vírus sincicial respiratório bovino Adenovírus bovino Vírus parainfluenza tipo 3 Vírus da diarréia vírica bovina Bacterianas Pasteurella hemolytica Pasteurella multocida Haemophilus somnus Por Micoplasmas Mycoplasma bovis Micoplasma díspar Ureiaplasma FONTE: CHEUICHE, sem data. 4.25 RETICULOPERITONITE TRAUMÁTICA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos. Histórico A vaca começou a se apresentar apática, teve queda na produção de leite, e não comia. Ocorrência de reticuloperitonite traumática na propriedade.
  • 76. Exame clínico Temperatura: 40ºC Atonia ruminal Dor abdominal ao teste do bastão Diagnóstico Reticuloperitonite traumática Tratamento Administração oral de imã Cef-50 mg®43 : 1 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias FIGURA 6 - IMÃ UTILIZADO EM CASOS DE RETICULOPERITONITE TRAUMÁTICA. 4.26 TIMPANISMO Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 60 dias. 43 CEF-50 MG® - Agener União. Cada mL contém: Ceftiofur (cloridrato) 50,0 mg.
  • 77. Histórico A bezerra se apresentou estufada de uma hora para outra. Foram administrados 20 gotas de Luftal®44 e bicarbonato de sódio VO, melhorou, mas estufou novamente. A bezerra foi desmamada, e mesmo assim continuou apresentando timpanismo. Foi fornecido somente feno e água para o animal, mas não houve um resultado significativo. Foi passada uma sonda oro-gástrica, e a bezerra eliminou todo o gás. Mas, algumas horas depois, estufou novamente. O proprietário por alguns dias passou a sonda na bezerra, mas sempre apresentando melhora momentânea. A pedido do proprietário foi feito uma ruminotomia, mas não foi encontrado nenhum corpo estranho, nada que pudesse estar causando o timpanismo. Exame clínico Timpanismo Animal não apresentava dor Comia normalmente Diagnóstico A causa é desconhecida. Tratamento Luftal®: 20 gotas VO. Bicarbonato de Sódio: 20 gramas diluídos em água, VO Passagem de sonda oro-gástrica Ruminotomia 4.27 TINHAS Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 5 meses de idade. Histórico O proprietário notou a presença de crostas, “verrugas”, sobre a pele. 44 LUFTAL® (linha humana). Cada mL contém 75 mg de dimeticona.
  • 78. Exame clínico Presença de crostas, coloração acinzentadas, tamanho médio 2 cm de diâmetro. Essas crostas se esfarelavam quando apertadas. As lesões eram mais encontradas na região da cabeça e pescoço, mas o animal apresentava algumas na região dorsal. O ambiente que o animal se encontrava era fechado (barracão com pouca ventilação), e com a presença de outros animais da mesma idade. O chão era forrado com palha. Diagnóstico Tinhas (dermatomicoses) Tratamento Ivomec®45 : 1 ml para 50 kg PV, SC, dose única. Iodo: aplicar iodo 10% sobre as lesões. Dermodex®46 (pomada): aplicar sobre as lesões. 4.28 TOXEMIA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 4 anos. Histórico A vaca pariu há 8 dias. Apresentou retenção de placenta e foi tratada com Bioxell®47 . O animal apresentou queda na produção de leite e falta de apetite. Exame clínico Atonia ruminal Hepatomegalia 45 IVOMEC GOLD® - Merial Ltda. Composição: ivermectina a 3,15%. 46 DERMODEX® (linha humana). Cada 1 g contém: óxido de zinco 200 mg; nistatina 100.000 UI. 47 BIOXELL® - Vallé S.A. Cada 100 mL contém: ceftiofur (cloridrato) 5,0g.
  • 79. Diagnóstico Toxemia pós-parto. Tratamento Mercepton®48 : 100 ml, EV, dose única. Soro fisiológico: 1 frasco EV. 4.29 TRAUMATISMO Descrição do animal Touro, raça Charolês, 2 anos. Histórico O funcionário comentou que os outros touros, do mesmo lote, o atacaram. Exame clínico Andar cambaleante Edema de testículos Congestão Febre Artrite Diagnóstico Traumatismo 48 MERCEPTON – Bravet Ltda. Cada 100 mL contém: acetilmetionina, 5,00g; cloridrato de colina, 2,00g; cloridrato de tiamina, 1,00g; riboflavina, 0,02g; cloridrato de piridoxina 0,04g; cloridrato de L- arginina 0,60g; nicotinamida, 0,50g; pantotenato de cálcio, 0,20g; glicose, 20,00g.
  • 80. Tratamento Reverin L.A.®49 : 1 ml para cada 10 kg PV, EV, SID, durante 3 dias Vetflogin®50 : 1 ml para 50 kg PV, IM, SID, durante 3 dias 4.30 VERMINOSE Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 6 meses. Histórico A queixa do proprietário foi de que o animal não está acompanhando o desenvolvimento do lote. Nessa propriedade não é feita desverminação dos animais. Exame clínico Apatia Pêlos arrepiados Mucosa vulvar pálida Exames complementares Coleta de fezes e envio para laboratório Suspeita Verminose Recomendação Desverminação dos animais. 49 REVERIN L.A. PLUS® - Intervet. Cada 100 mL contém: oxitetraciclina base 20,00g, diclofenaco de sódio 0,50 g. 50 VETFLOGIN® - Valle S.A. Cada mL contém diclofenaco sódico 50,00 mg.
  • 81. 5 ATIVIDADES RELACIONADAS À CLÍNICA CIRÚRGICA 5.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A ESQUERDA (DAE) Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 3 anos. Histórico A vaca pariu há 30 dias. A queixa foi de que há 2 dias o animal parou de comer e diminuiu a produção de leite. O proprietário aplicou Buscopan®, 25 mL IM e 25 ml EV , mas o animal não apresentou melhora. Exame clínico Parede abdominal esquerda achatada; Som timpânico (metálico) na percussão e auscultação sobre a área entre 9 e 13 costelas no lado esquerdo. Diagnóstico Deslocamento de abomaso para a esquerda. Tratamento 1º dia (por opção do proprietário): Sedacol®51 200 ml EV. 2º dia: Tratamento cirúrgico Técnica: Abomasopexia. 51 SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g.
  • 82. 5.2 TORÇÃO E DESLOCAMENTO DE ABOMASO PARA A DIREITA (DAD) Descrição do animal Novilha primípara, raça holandesa, 2 anos. Histórico A novilha pariu há 15 dias. A produção de leite não aumenta e o animal parou de comer. Exame clínico Som timpânico (metálico) na percussão e auscultação sobre a área entre 9 e 13 costelas no lado direito. Diagnóstico Torção e deslocamento de abomaso para a direita Tratamento O tratamento é cirúrgico. Técnica: Abomasopexia. Descrição da técnica de DAE e DAD: O procedimento cirúrgico é feito com o animal em pé. A vaca foi presa em canga, e os membros posteriores amarrados, juntamente com a cauda. A região do flanco direito foi tosada e lavada com solução iodada. A anestesia local foi feita com lidocaína 2%, sem vaso construtor, utilizando o bloqueio linear. A dosagem total de lidocaína aplicada foi 100 ml. Fez-se uma incisão vertical, cerca de 25 cm, na fossa paralombar direita. A incisão é feita na pele, tecido subcutâneo, músculos oblíquo abdominal externo, oblíquo abdominal interno e transverso do abdômen e também peritônio. Após a abertura, no caso de DAE, palpa-se o abomaso, passando o braço esquerdo caudalmente em relação ao rúmen. Com o auxílio de uma sonda mamária equipada com um dreno (feita exclusivamente para esta cirurgia), a agulha é
  • 83. inserida no abomaso para retirar o gás contido. Depois de estar vazio, o cirurgião coloca seu braço esquerdo pelo lado direito do rúmen, na região ventral, puxando o abomaso para sua região anatômica (TURNER, 1999). No DAD, o abomaso já é palpável lateralmente à parede da cavidade abdominal direita (TURNER, 1999). Se estiver com muito gás, é retirado um pouco do gás com a sonda e o dreno, e então “empurrado” para a região ventral, para retomar sua posição anatômica. Dessa forma, o gás contido no abomaso vai para os intestinos, e a torção é desfeita. A sutura do abomaso foi feita com fio de algodão, fixado (duplamente) em uma agulha em “S” pequena, com uma tampinha de borracha no final do fio. Com essa agulha é feita uma incisão perfurante na cavidade abdominal e o abomaso é transfixado, e novamente perfura-se a cavidade abdominal, atingindo o exterior do animal e coloca-se mais uma tampinha de borracha, através da agulha no fio, e então é feito um nó e corta-se o restante do fio. Antes da sutura, é colocado a quantidade de um frasco de penicilina em pó no interior da cavidade abdominal. A sutura da fossa paralombar se inicia no peritônio, que é feito com categute 3.0 e o método de sutura utilizado é sutura de Cushing. As camadas musculares são suturadas separadamente, com categute 3.0 e pontos contínuos simples. A pele foi suturada com fio de algodão e com pontos em X. Em seguida, a região é lavada com solução iodada, e então passado ungüento sobre o local da sutura no flanco e na região onde foi feita a fixação do abomaso. No pós-operatório, foi aplicado 25 ml de Pencivet®52 IM, SID, durante 4 dias. O ungüento foi passado sobre os pontos por cerca de 5 dias. O ponto de fixação do abomaso foi retirado 7 dias após a cirurgia, já os pontos da fossa paralombar em duas semanas. O leite foi descartado durante 3 dias após a última aplicação do antibiótico. 52 PENCIVET PLUS PPU® - Intervet. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 10.000.000 UI; benzilpenicilina G benzatina 10.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 10.500 mg; piroxicam 1.000 mg.
  • 84. FIGURA 7 - LOCAL DA SUTURA DO ABOMASO 5.3 CESARIANA Descrição do animal Novilha, raça holandesa, 2 anos. Histórico A novilha entrou em trabalho de parto, estava deitada, devido à dor e com dificuldade de parir sozinha. Não havia distocia, mas o bezerro já estava morto. O proprietário tentou puxar o bezerro, mas só a cabeça, os membros anteriores e parte da região torácica saíram. O veterinário tentou manipular e puxar o bezerro, mas foi inútil. Então, o bezerro foi cortado na região torácica, permanecendo só o posterior do animal, na tentativa de o animal sair com mais facilidade, mas, novamente foi inútil. A decisão tomada foi realizar a cesariana, a fim de salvar a novilha.
  • 85. Tratamento Cirúrgico Cesariana Descrição da técnica: O procedimento cirúrgico foi realizado com o animal deitado por não conseguir levantar. Foi tosada a região do flanco esquerdo e feita anti-sepsia com solução iodada. A anestesia local foi feita com lidocaína 2%, sem vaso construtor, utilizando o bloqueio linear. A dosagem utilizada de lidocaína foi aproximadamente 150 ml. A incisão foi feita mais ventralmente em relação ao flanco, de forma vertical, cerca de 30 cm, na fossa paralombar esquerda. Após a abertura da cavidade abdominal, o corno uterino que contém o feto foi exteriorizado. A incisão do útero é feita com bisturi, de forma linear, com abertura suficiente para a remoção do feto. Então, o feto é retirado, cuidando para que não haja extravasamento de líquido fetal na cavidade abdominal (TURNER, 1999). Antes da sutura, foi inserido no útero 100 ml de penicilina. A sutura do útero foi feita com categute 3.0, com pontos contínuos simples, e depois, de forma invaginante, para que haja mais resistência e que as bordas do ferimento não fiquem expostas. O útero é então recolocado em sua posição. Mais 100 mL de penicilina são colocadas na cavidade abdominal. A incisão da laparotomia foi então fechada, como descrita anteriormente. O pós-operatório, foi administrado Pencivet®53 25 ml, IM, SID, durante 5 dias. O ungüento deve ser passado sobre os pontos por cerca de 5 dias. Os pontos são retirados em duas semanas. O leite foi descartado durante 3 dias após a última aplicação do antibiótico. 53 53 PENCIVET PLUS PPU® - Intervet. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 10.000.000 UI; benzilpenicilina G benzatina 10.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 10.500 mg; piroxicam 1.000 mg.
  • 86. FIGURA 8 - SUTURA DO ÚTERO FIGURA 9 - BEZERRO COM MÁ-FORMAÇÃO, RETIRADO POR CESARIANA
  • 87. 5.4 DILACERAÇÃO DE TETO Descrição do animal Vaca, raça holandesa, aproximadamente 5 anos. Histórico A vaca estava deitada no confinamento e outra pisou em um de seus tetos. Diagnóstico Dilaceração de teto Tratamento Sutura do teto Descrição da técnica: O animal foi contido em um tronco, e suas pernas amarradas juntamente com a cauda. A ferida foi lavada com solução iodada e a anestesia local foi realizada por bloqueio circular, ao redor da base da teta, e em alguns pontos na ferida. Foi utilizado lidocaína 2%, sem vaso constritor, aproximadamente 20 ml. Uma sonda foi colocada no canal do teto. O canal do teto foi suturado com categute 2.0, e a submucosa foi com categute 3.0, ambas com pontos simples contínuos. A mucosa foi suturada com pontos simples interrompidos, e categute 3.0. A conduta no pós-operatório foi realizada através da aplicação de Cobactan®54 , 1 ml para 25kg PV, IM, SID, durante 3 dias, e Cobactan VL®55 , 1 seringa, intra-mamário, após cada ordenha, 3 infusões, e aplicação de ungüento sobre a ferida. A sonda foi mantida no canal do teto durante 7 dias. 54 COBACTAN® - Intervet. Cada 100 mL contém: sulfato de cefquinona 2,964g. 55 COBACTAN VL® - Intervet. Cada seringa de 8 g contém: sulfato de cefquinona 88,92 mg.
  • 88. FIGURA 10 - SUTURA DE TETO DILACERADO 5.5 EXTIRPAÇÃO DE 3a PÁLPEBRA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos. Histórico O proprietário notou um “crescimento” de pele sobre o olho. Diagnóstico Prolapso de 3a pálpebra. Tratamento Extirpação da 3a pálpebra.
  • 89. Descrição da técnica: A vaca foi presa em canga, e a cabeça foi segurada e firmada com o auxílio de um cabresto. A técnica de anestesia local utilizada foi infiltração retrobulbar (quatro pontos) (TURNER, 1999). Foi aplicado anestésico também na 3a pálpebra. Foram utilizados aproximadamente 20 ml de lidocaína 2%, sem vasoconstritor. A 3a pálpebra foi pinçada por duas pinças hemostáticas e removida com auxílio de um bisturi. Após a cirurgia, foi pulverizado o local com Terra Cortril Spray®56 , sendo repetido durante 3 dias, duas vezes ao dia. FIGURA 11 - PROLAPSO DE 3a PÁLPEBRA 5.6 HERNIORRAFIA Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 6 meses, 130kg. 56 TERRA CORTRIL SPRAY® - Pfizer Ltda. Cada 100 mL contém: terramicina 6,8 g; hidrocortisona 2,0 g.
  • 90. Exame clínico Hérnia umbilical Tratamento cirúrgico Herniorrafia Descrição da técnica: O animal fez jejum prévio de 12 horas. A sedação foi feita com xilazina (1,1 ml, EV). Depois de estar sedado, o animal foi deitado dorsalmente e os membros torácicos e pélvicos amarrados. A região herniária foi tosada e a anti-sepsia foi realizada com solução iodada. A anestesia local foi feita com lidocaína 2%, sem vasoconstritor (20 ml). Foram feitas incisões elípticas ao redor do saco herniário, em ambas as extremidades, na pele e tecido subcutâneo. Após aberto, foi feito divulsionamento do tecido subcutâneo, com tesoura de ponta romba, denileando o saco herniário. O saco herniário e o anel herniário foram liberados, e então o saco é invertido para o interior do abdômen, e o anel herniário foi fechado com fio de algodão e a técnica de sutura é a de sobreposição de Mayo. O tecido subcutâneo é suturado com categute 3.0 e a técnica de sutura é horizontal de colchoeiro contínua. O fechamento da pele é feito fio de algodão em pontos simples interrompidos (TURNER, 1999). Sobre a região suturada, foi aplicado ungüento. No pós-operatório, foi aplicado Agrovet®57 , 1 ml para 25kg, IM, SID, durante 3 dias. Sobre a sutura aplicou-se ungüento, durante 5 dias. O animal permaneceu em jejum durante 2 dias, após a cirurgia. Os pontos foram retirados 14 dias após a cirurgia. 57 AGROVET PLUS® - Novartis Saúde Animal Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 20.000.000 UI; sulfato de diidroestreptomicina 8,0 g; piroxican 0,6g.
  • 91. 5.7 ORQUIECTOMIA Descrição do animal Bezerros, raça Canchin, idade aproximada 8 meses. Tratamento Orquiectomia Descrição da técnica: A técnica foi realizada em tronco de contenção. Foi utilizado somente anestesia local, lidocaína 2% sem vaso constritor, aproximadamente 20 ml por animal. A anestesia foi feita em linha horizontal na pele e tecido subcutâneo dos testículos. Após a anestesia, foi feita a anti-sepsia, com solução iodada. As incisões foram realizadas separadas para cada testículo, ao longo do seu comprimento, o segmento distal completo do escroto é seccionado transversalmente, e a túnica vaginal é deixada intacta. É feito tração sobre os testículos e a pele é puxada em direção proximal, para que desta forma a fáscia se separe dos cordões espermáticos inclusos na túnica comum (TURNER, 1999). Em cada cordão espermático, é feito um nó bem firme, com fio de algodão, e então é feito um corte abaixo do nó, retirando assim o testículo. Após a orquiectomia a região foi lavada com solução iodada, e foi aplicado mata-bicheira no local da ferida. 5.8 RUMINOTOMIA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 5 anos.
  • 92. Histórico A vaca pariu há 12 dias, alguns dias depois do parto começou a se apresentar estufada. O tratamento inicial foi feito com Sedacol®58 , 200 ml EV, uma aplicação e Blo-trol®59 , 30 ml VO. O animal apresentou melhora, por alguns dias, mas voltou a estufar. O proprietário optou por fazer ruminotomia. Tratamento cirúrgico Ruminotomia Descrição da técnica: A vaca foi presa em canga, e os membros posteriores amarrados, juntamente com a cauda. A região do flanco esquerdo foi tosada e lavada com solução iodada. A anestesia local foi feita pelo bloqueio em linha, com lidocaína 2%, sem vasoconstritor, aproximadamente 150 ml. É feita uma incisão de aproximadamente 20 cm. Após a abertura da cavidade abdominal, faz-se exploração da cavidade abdominal e então, o rúmen é alcançado e transfixado com fio de algodão duplo, em quatro partes (dorsalmente, ventralmente, e nas laterais da região da incisão do flanco). Após a transfixação, o rúmen é exteriorizado, e duas pessoas seguram os fios. Após essa técnica, é feita uma incisão horizontal na parede do rúmen, e então é feita a exploração do rúmen e retículo, e são retirados corpos estranhos ou outros materiais que forem encontrados em seu interior. Antes da sutura é colocado feno no dentro do rúmen, para estimular a ruminação. A técnica de sutura do rúmen é semelhante a da cesariana. Com categute 3.0 é feito pontos simples contínuos, e mais uma camada invaginante, sobre a primeira linha de pontos, para que haja maior resistência. A região é lavada com solução fisiológica e então retirados os pontos que transfixavam o rúmen. No interior da cavidade abdominal, foi colocado 100 mL de Penfort ®60 , e então é feito o fechamento da incisão (peritônio, músculos, pele). 58 SEDACOL® - Calbos Ltda. Cada 100 mL contém: sorbitol 50,00 g. 59 BLO-TROL® - Pfizer Ltda. Composição: éster tributílico do ácido-2-acetoxi-1-2-3-propano tricarboxilico em forma pura. 60 PENFORT PPU® - Ouro Fino Ltda. Cada 100 mL contém: benzilpenicilina G procaína 10.000.000 UI; benzilpenicilina G benzatina 10.000.000 UI; diidroestreptomicina (sulfato) 20,0g.
  • 93. Durante 5 dias após a cirurgia aplicou-se Penfort® (1 ml para 25 kg PV, IM, SID), e aplicação de ungüento sobre a ferida. Achados da exploração ruminal Foram encontrados no interior do rúmen, pedras de brita, um prego de aproximadamente 8 cm e placenta, que a vaca comeu após o parto. Diagnóstico A placenta estava causando timpanismo espumoso no animal, pois estava obstruindo a passagem na região do piloro. FIGURA 12 - INCISÃO FEITA NO RÚMEN
  • 94. FIGURA 13 - MATERIAIS RETIRADOS DO RÚMEN 5.9 SUTURA DE PAREDE DE VULVA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, aproximadamente 4 anos. Histórico Após o parto anterior, ocorreu prolapso uterino. O proprietário optou por um manejo preventivo. A vaca pariu há 3 dias. Tratamento Sutura de parede da vulva Descrição da técnica: A vaca foi devidamente contida, a região vulvar foi lavada com solução iodada.
  • 95. Foram utilizados dois pedaços de cano plástico, e foi feito uma sutura horizontal de colchoeiro interrompida, transfixando os canos plásticos, sendo colocados um de cada lado, paralelos à vulva. O ponto é mantido durante 3 dias. FIGURA 14 - SUTURA DA VULVA 5.10 VULVOPLASTIA Descrição do animal Vaca, raça holandesa, 3 anos. Histórico No parto anterior, ocorreu dilaceração da vulva. Diagnóstico Pneumovagina
  • 96. Tratamento cirúrgico Vulvoplastia Descrição da técnica: A vaca foi devidamente contida, e foi realizado analgesia epidural caudal (4 ml de lidocaína 2%, sem vasocontritor). A região vulvar foi lavada com solução iodada e anestesiada com lidocaína 2% (sem vasocontritor), aproximadamente 15 ml. Foram feitas duas incisões na comissura ventral da vulva, uma de cada lado, reavivando as bordas, atingindo os tecidos subcutâneos profundos, paralelamente à vulva. A sutura foi feita, colocando a mão por dentro (na vagina) para facilitar o manejo com a agulha, com categute 3.0 e pontos de colchoeiro contínuo, diminuindo ao máximo o espaço morto (TURNER, 1999). FIGURA 15 - VULVOPLASTIA
  • 97. 6 AFECÇÕES PODAIS 6.1 TUMOR BENIGNO NO PARADÍGITO Descrição do animal Vaca, raça holandesa, aproximadamente 6 anos. Histórico O animal apresentava um crescimento (tumor benigno) no paradigito do membro posterior esquerdo do animal. Tratamento cirúrgico Amputação do paradigito Descrição da técnica Foi feita anestesia local ao redor do tumor, com lidocaína 2% (sem vaso constritor) aproximadamente 40 ml. A região foi lavada com solução iodada e a unha extraída com auxílio de um bisturi. A região novamente foi lavada com solução iodada. Aplicou-se Terramicina em pó®61 sobre a ferida e sobre a faixa, então, cobriu-se a ferida com faixa. Recomendação A faixa deve ser trocada a cada 3 dias durante 2 semanas. 61 TERRAMICINA EM PÓ SOLÚVEL COM ANTIGERM 77® – Pfizer Ltda. Cada 100 g contém: terramicina (cloridrato de oxitetraciclina) 5,5 g; antigerm 77 (cloreto de benzetônio) 5,5 g.
  • 98. FIGURA 16 – TUMOR BENIGNO NO PARADÍGITO 6.2 PODODERMATITE CIRCUNSCRITA (Úlcera de Rusterholz ou Broca) Descrição Atendemos sete vacas, da raça holandesa. Os animais apresentavam pododermatite circunscrita e claudicação severa, pois as lesões já se encontravam em um estado mais avançado. Tratamento Cada animal atendido foi devidamente contido em tronco. Fez-se anestesia local no membro afetado, com lidocaína 2%. A sujeira foi removida e o casco afetado foi lavado com solução fisiológica. Retirou-se o tecido necrosado da ferida na sola do casco. Foi feita a correção do casco com rinetas e lixadeira elétrica, a fim de distribuir corretamente o peso do animal sobre os cascos. A ferida foi novamente lavada com solução iodada e aplicou-se terramicina em pó® sobre a região afetada e sobre a faixa. A unha afetada foi então coberta com faixas.
  • 99. Nos casos mais severos, fez-se fixação com taco de madeira na unha oposta à afetada. Recomendação A faixa deve ser trocada a cada 3 dias durante 2 semanas. FIGURA 17 - PODODERMATITE CIRCUNSCRITA 6.3 FIBROMA INTERDIGITAL Descrição Sete vacas, da raça holandesa foram atendidas. Os animais apresentavam uma massa interdigital carnosa, o fibroma interdigital (hiperplasia cutânea interdigital ou tiloma), que estava causando claudicação.
  • 100. Tratamento cirúrgico Extirpação do fibroma interdigital. Descrição da técnica Os animais atendidos foram contidos em troncos. Fez-se anestesia local no membro afetado, com lidocaína 2%, aproximadamente 50 mL. A sujeira do casco foi removida e fez-se a correção do casco com rinetas e lixadeira elétrica. O casco foi lavado com solução iodada e a massa carnosa removida com auxílio de bisturi. Aplicou-se de terramicina em pó® sobre a faixa que envolveu a ferida. Recomendação Trocar a faixa a cada 3 dias durante 2 semanas. FIGURA 18 - FIBROMA INTERDIGITAL
  • 101. FIGURA 19 - FIBROMA INTERDIGITAL REMOVIDO 6.4 FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL Descrição Quatro vacas, da raça holandesa foram atendidas com fibropapiloma interdigital (dermatite digital verrucosa ou doença do Mortellaro). Todas as lesões se encontravam nos membros posteriores, e causavam claudicação acentuada. Tratamento Remoção cirúrgica do fibropapiloma interdigital. Descrição da técnica As vacas foram contidas em tronco. O membro afetado foi anestesiado com lidocaína 2%, aproximadamente 50 mL. A sujeira foi removida e fez-se a correção do casco com rinetas e lixadeira elétrica. A região foi lavada com solução iodada e a lesão foi extraída com o auxílio de bisturi. Aplicou-se terramicina em pó® sobre a faixa e a ferida foi coberta.
  • 102. Recomendação A faixa deve ser trocada a cada 3 dias durante 2 semanas. FIGURA 20 - FIBROPAPILOMA INTERDIGITAL FIGURA 21 - FIBROPAPILOMA REMOVIDO E CASCO ENFAIXADO 6.5 FISSURA
  • 103. Descrição Duas vacas, da raça holandesa apresentavam fissura, ou rachaduras nos cascos, e claudicação intensa. As lesões se encontravam próximas à coroa do casco. Tratamento Correção do casco e remoção da área necrosada sobre a ferida. Descrição da técnica As vacas foram contidas em tronco. Anestesiou-se o membro afetado com lidocaída 2% (sem vascontritor). O sujeira do casco foi removida e com rinetas e lixadeira elétrica fez-se a correção do casco. A região foi lavada com solução iodada e a área necrosada removida com auxílio de bisturi. Foi aplicado terramicina em pó® sobre a faixa e o casco foi envolvido com faixa. Recomendação Trocar a faixa a cada 3 dias durante 2 semanas.
  • 104. FIGURA 22 - ANESTESIA LOCAL FIGURA 23 - FISSURA PRÓXIMO À COROA DO CASCO
  • 105. 7 NECRÓPSIAS 7.1 ABCESSO HEPÁTICO Descrição do animal Novilha, raça holandesa, aproximadamente 1 ano e meio. Histórico O animal há mais ou menos 5 meses adoeceu e foi tratada para tristeza parasitária bovina (TPB), melhorou, mas subitamente apresentou hemorragia pulmonar e morreu. Achados de necropsia Abscesso hepático Esplenomegalia Congestão pulmonar Suspeita Abscesso hepático devido trauma. 7.2 ANAPLASMOSE Descrição do animal Bezerra, raça holandesa, 8 meses. Histórico A bezerra se apresentou apática no dia anterior. Pela manhã foi encontrada morta no piquete.