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DfhdnDELI-RIO DE JANEIRO, OUTUBRO DE 2013 - ED. 0025 - ESPECIAL
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ZINES

AMEOPOEMA

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apoia (digo tira do centro):

sta parte aqui é dedicada aos
velhos e novos zines que
surgem e dão gás novo a toda
uma produção que sem querer acaba
seguindo novas fontes de informação
e estéticas. Quem quiser os contatos
diretos de cada zine é só mandar um
email pra gente que temos aqui, a
maioria temos o contato via correios
(por isso não disponibilizamos aqui, o
espaço é curto), mas tá ai! e pra fechar
a tampa do cachão: pedimos aqui
aquele foi mal aos que não entraram
nesta edição, a coisa continua, e quem
não comeu o doce mel da publicação,
é só não se desesperar que mais
edições como esta estão na beira da
areia esperando seu momento certo!

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AMEOPOEMA

INDEPENDENTES

AMEOPOEMA

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ditorial

a vida é feita de pequenos sonhos e
momentos. alguns vão adiante outros
deixamos para trás e outros ainda
fazemos questão de esquecer! Não se
sabe o motivo mas sempre queremos
algo novo para que a importância da
Lima Barreto - Se estivesse vivo colaria com a gente! vida não se revele somente na hora da
morte, ou num insight bêbado de uma
madrugada qualquer quando o que se quer é somente chegar em algum lugar e dormir... Só dormir e esperar
a vida surgir como uma facada na barriga outra vez e totalmente diferente, com o adicional da ressaca. Mas
não uma ressaca de beberia, e sim a ressaca de saber que a vida não vai mudar muito se a gente não se
movimentar. E dentre estes devaneios, eis que o informativo AMEOPOEMA, após comemorar seus três
anos de poesia, ganha adeptos da livre iniciativa em prol de um coletivo que ama um poema ou outro, mas
que ama mesmo, e sem dúvida, é ser independente, e sem vergonha alguma ou rabo preso com ninguém,
saem por ai catando versos e escorando pessoas em sua arte. Eis que agora conseguimos, enfim, nos
organizar para fazer um super sarau delirante, onde ninguém é mais que ninguém, onde todos podem ter
voz, onde todos são tão iguais que até parece uma grande árvore que balança e espalha suas folhas por ai,
pelos becos, pelas praças e ruas de onde se passa qualquer um desavisado, prestes a ter sua rotina
quebrada pela dádiva do poema, do poeta. da PALAVRA.
rômulo ferreira
www.romulopherreira.blogspot.com

BOA LEITURA!

e não dei xe de com ent ar
provavelmente tem algum erro!

imagem 1 conto nelson

CONTO

gostou? pode piratear!

AN R
QU U D E

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ISSO PODE SER sua FONTE DE RENDA,
NaO DE LUCRO, APOIE A ARTE NAS RUAS

E

E

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AMEOPO MAMEOPO MAMEOPO MA
Edição: Rômulo Ferreira, Nelson Neto, Fernando Rodrigues
Exemplares na praça: Muitos, se puder faça mais...
Mendicância: financie novas edições
e outros trabalhos depositando qualquer quantia em
Banco do Bra$il, Agencia 0473-1 Conta poup. 16197-7
PARTICIPE, MANDE SEU MATERIAL PARA:
outrasdimensoes@gmail.com
caixa postal 15210 RJ/RJ cep 20.031-971
PARTICIPE DE NOSSO GRUPO NO FACEBOOK

E

Praticar minhas táticas de guerra. Articular novas técnicas, estratégias
e pesquisar terrenos. Manifestar-me-ei. Vou me armar. Munir-me de ideias e
META-DIÁLOGO
pensamentos. Amar. Desencadear em protesto sangrento.
Essa lágrima não é minha
Coração pulsante e sedento. Pegar um papel e caneta e botar pra fora
Tampouco sua
tudo o que tá aqui dentro. Gritar palavras ao vento.
Essas palavras existem
Chutar o gás lacrimogêneo. Invento. Vou fazer o que dá.
E são minhas
Vou criar possibilidades para o momento certo.
O instante escorre pela caneta
Criar o momento certo.
Dizem que a vida é destino
Olhar de fora pra dentro.
A vida é nossa, às vezes.
Agir de dentro pra fora.
Pois a hora…a hora, amigo…
Nicolle Crys
tem que ser agora
sabotandoagravidade.
Leonardo de Castro

blogspot.com
a cara virada
do outro lado da nuca
em frente a sua
a voz mais alta que a vista
que o prédio afunda
por baixo da pele
o osso esconde
o que somos
lá fora
mais gente
que sombra
no baile a máscara
na rua a busca

expediente

ueeto
r
age liv TO
t
P es

Guerrilha now

(...) a arte literária se apresenta com um verdadeiro
poder de contágio que a faz facilmente passar de simples
capricho individual, para traço de união,
em força de ligação entre os homens
(…) a literatura reforma o nosso natural
sentimento de solidariedade com os
nossos semelhantes”.

NESTA EDIÇÃO
Bárbara Barroso - RJ
Glauber lauria - MT
Nicolle crys - RS
Leonardo de Castro - RJ
Fernanda Tatagiba - ES
Pedro Casarim - RJ
Carole B. - RJ
Amancio Netto - CE
Nathália Ribeiro - RJ
Rodolfo Amaral - RJ
Fernando Rodrigues - RJ
Nelson Neto - RJ
Álvaro Marcolino - RJ
Irís Duarte - RJ
Conrado Gonçalves - RJ
Mate Trotamundo - SP
Luiz Balthazar - MG
Indianara Alves Siquiera - RJ
Demian Romani - RJ
Linda Marina - RJ
As imagens sem créditos
foram roubadas da internet

Fernanda Tatagiba

baoba-blog.blogspot.com

METRÓPOLE
METRÓPOLE

Pedro Casarim
Prédio, pressa, asfalto, pistola
Pombo, rato, barata, ruído
Cigarro, escarro, pigarro, cerveja
Pobreza, doença, ódio, parede
Paranóia, paranóia, paranóia
Luz alucinante
Chão de cicuta
Olhar putrefato
Risada atômica
Fumaça de medo
Urro aprisionado
Pavor, pavor, pavor
Descaso com o céu
Casamento da carne
Pasto? De plástico
Peixe? De alumínio
Paz? De concreto
Engula a pílula

Lua de desembarque para um
coração sem porto, são livros,
Bomba, boceta e petróleo
filmes, fugas, cigarros e deslizes;
Deus-papel
sem narrativa; sem auxílio, ledos fantasmas, pequenas ninfas,
Puta pátria que me pariu
páginas arrancadas de um diário oculto onde se festejam
Salve a metrópole
nuances, climas, castigos. Agora noite num final de março, eu
tentando mergulho uísque, uma cidade no fim de qualquer estágio e ousadias e rubores uma
ignorância que driblo, percebendo onde se ocultam coisas simples, não inteiro, nem correto, distante
do absoluto, sonhador como um náufrago, marinheiro sem destino, ...lua de desembarque para
coração sem porto... cais que mo atravessa, distante príncipe, tragédia calculada por um artífice do
abismo, vagas de mistérios insondáveis que não cometem crimes, rumorejando à placidez de eriçar a
areia onde branca a onda se dissipa...
Glauber Silva Lauria - MT

www.fantasiabarroca.blogspot.com
Ao interno tão próximo que reluz
como o Sol na multidão de hormônios
confinados por vontade própria.
Venho dizer que me sinto perdida.
Completamente perdida!
Entregue aos encantos teus,
Estes tão desconhecidos por mim.
Me alimento da sua presença nos
momentos mais relaxados do
seu dia e mais contraídos do meu.
Toda essa lúdica paixão, tem
sido muito formidável. Me tira
do massacrante habitual aonde
só um sonho tem vez.

Voluntariar-se a sentir da vida
suas refletidas emoções
secretas e concedidas,
que pulsam do âmago desentendido
do medonho exterior amaciado,
e que anseiam,
como num berro agoniado, desvairado,
emitido de um suspiro profundo e
intoxicado,
trepidar o corpo,
com toda sua fadiga e escarro,
com contágios inesperados,
originados de uma construção
desiludida e esclarecida,
e libertar o comodismo
da loucura, a tantos,
agradecida.

FINAL DO DIA

Ao interno tão distante que como
a lua brincava de se esconder
na multidão de descontraídos meninos
e meninas . Muito obrigada pela
inocente menina que ressurgiu em
mim nesse mês. Muito obrigada
pelos sete encontros seguidos
que tivemos enquanto eu dormia.
Obrigada pelas ultimas conversas
da madrugada que eu sonhei ainda
acordada. Pena que devo atender
o chamado e me desprender
desse lazer inventado.

(Nathália Ribeiro)
fernandorpoesia@gmail.com

0004
E

© Luna Descaves

SUPLEMENTO LITERÁRIO AMEOPO MA - EDIÇÃO ESPECIAL

LINDA MARINA
lih.marina@hotmail.com
face Sinergia Prod Artística

000E

Instigantes rompantes de delírio
saciam minha sede de passados gloriosos
acalenta-me futuros tenebrosos
decantam meu éter
dizem quem sou...
(Nelson Neto)
nelsonfnetoster@gmail.com

O Jardim do cão

Ainda hoje escuto
um latido seco surdo
um latido muito mudo
de um bicho já morto:
sua pelagem de veludo

Fernando Rodrigues

Rodolfo Amaral

Pude ouvir (no
grito)
a cor e o tamanho
do meu manso amigo
Era tão grande (por
dentro)
que lhe cabia um jardim
e era também muito azul
porque cães azuis existem
quando estão muito tranquilos
e perto do mar
E agora (é
verdade…)
posso lembrar que
nesse jardim moravam
alguns bichos menores
e alguns bichos maiores que
esse cão-moradia
mas desconfio que todos
também deviam ter
jardins dentro de si.
http://alarmefalso.tumblr.com

Acelera!
Não!
Todo dia há desembarque,
na plataforma da desunião.
feliz?
Bárbara Barroso
interiordeluz@yahoo.com

FAN
ZINE

TECAS

fanzinotecamutacao.blogspot.com.br
fanzinoteka.blogspot.com.br
uzinefanzine.blogspot.com.br
acervofanzines.tumblr.com
ugrapress.wordpress.com
livrinhoeditora.blogspot.com.br

afaga a canção ofertada
com farpas pubianas
escalando dunas insípidas:
sonhos anfetamínicos
o tempo devendo vida
ao natimorto envelhecido;
ampulheta escorregando vidro.
risos joviais,
há quanto não os ouço mais.
voam cristais de merda
na secura do vento químico.
coito predatório
carniça ao vinho,
um derrame genuíno:
renegue seus rins
ao fim da canção
que decifra
as rugas
em meninos

© Nelson Neto

se me amam, já me acabei... Se sou
feliz, não me suporto. Hoje estou
triste, pois desconheço outro modo.
Nunca alcanço o que me cura, se
estou doente; quando estou sã, a
cura vem me molestar, dente por
dente. Meus olhos ferem o que é
opaco, mas a verdade nem mesmo
assombra. A consciência
descostura a espiral do sagrado. Até
a fumaça é prostituta da norma! A
fleuma estéril leva ao delírio: há
imagens talhadas e sangue aos
meus pés. Telefones criam asas
enquanto o tempo sapateia sobre os
vincos da testa – tenho pavor
mesmo é de quando me sinto forte.
Viver agora como se morrer
chegasse logo ainda vai me matar.

INÍCIO DO DIA

água tem cheiro de doce
e não confessa o azedo do toque.
a margem transpira ferrugem,
Amancio Netto
e o invólucro de plástico
nettobyron@yahoo.com.br
vela o defunto

SUPLEMENTO LITERÁRIO AMEOPO MA - EDIÇÃO ESPECIAL

http://caroleblogue.blogspot.com.br

fernandorpoesia@gmail.com

perigo real impõe-se onde nem
cinza nem pó nos elevam para os
abismos ansiados. Ao contrário:
nos deixam cada vez mais presos na
superfície dos poros, na ardência
entre os ossos dos olhos na bílis
santa que não purga o medo, na
espera pífia por espelhos que
revelem. Estou pregada como
máscara às profundezas dos ossos!
A resposta do pó é sempre outra
pergunta - eu só tenho fé na dúvida.
Nenhum telefonema. Quando
ligam, não quero falar. Quando
desligam, sequer atendi. Quando
escrevem, a língua é outra. Quando
entendo, não faz sentido. Se me
procuram, já me mudei. Quando
me encontram, não sou mais eu. E

E

passa tempo

T e n h o
p a v o r
quando a
consciência
não sai de si. Da
fumaça estrábica já não espero
quase nada – só a perda reincidente
do que nunca abandonei. A pele é a
confissão do tempo que se
despedaça. De todo tempo
irreparável. Do tempo que, sem
fumaça alguma, já estaria morto,
mas que, como fumaça, caminha
para morte. À medida que
envelheço, são tão fúteis os
espelhos, incapazes de mostrar
além do que já pesa. Quando é
insuportável estar no corpo,
buscamos o élan nas cinzas; o

Carole B.
Parece bem à noite

ME QUEBRARAM

quando o dia começa

“os melhores escritores disseram bem
e os piores, demais.”

Um ruído molhado desperta os vivos
É hora de levantar
As ruas ainda estão escuras
Não parece manhã caribenha

Charles Bukowski

Os carros passam ignorantes
As árvores se mostram sérias
O lago mente que nunca foi pântano

EIS MINHA ESCOLHA:

Pássaros preguiçosos

Conrado Gonçalves

ainda sonolentos
não alertam o início do dia
Talvez por ainda ser
o final da noite.
Álvaro Marcolino
aomarcolino@gmail.com

PSICODELIA INVOLUNTÁRIA
Uma piscina cor-de-rosa
E nadadores olímpicos roxos
São os benefícios
de uma antena de TV ruim
Iris Duarte - irisduartecunha@gmail

“coração
queima
vê através dos sentidos
pulsa enquanto vivo
e mudo
precisa do corpo
pra gritar
seus desejos
sua dor
seu amor
sem razão”

conradopalavras@gmail.com
pensa escritor, poeta, observador talvez,
da vida e tudo o mais que valha as penas
de uma escrita.

mmccpp@gmail.com |||| matetrotamundo.wordpress.com

PARA UM FINAL UM POEMA

Indianara Alves Siqueira

LUIZ BALTHAZAR

POUCAS FORAM
AS SOBRAS DE TUDO
SUA VONTADE DE MORER
ESTÁ PERTO DE ACONTECER
O ADEUS
JÁ SE PERDEU.

O DESEQUILÍBRIO DO ACASO
Demian Romani
O Excesso, o escasso ... o desiquilíbrio do acaso
É Babel construída por incontáveis gerações,
demianromani@bol.com.br
negando a construção antecedente para afirmar a nova
direção da grande torre. Mas o céu é inalcançável como a paz na vida urbana
Intoxicada de substâncias, idéias – olhos sedentos nas encruzilhadas urinada
com seus despachos feitos de desperdício e covardia. Procurando na cidade
as veias financeiras do “grande esquema” Trombadinhas por miséria.
Engravatados por grana Enxugando as lágrimas de alegria com as notas azuis,
poderosa arma da discórdia. E no microcosmo da gigantesca esfera que gira no
nada eu abria uma garrafa de vinho do despacho com um saca rolha de uma coroa biruta.
Ela estava confusa, mas achava que se Deus perdoasse o diabo, as mazelas do mundo desapareceriam.
Talvez Prefiro acreditar que nós não podemos nos ater nesses detalhes pois a metafísica já está lotada
com projeções e as verdades sempre vendidas nas barracas da grande feira da Certeza
Constança Lucas

e se as profissões fossem remuneradas segundo as necessidades reais da sociedade? e se as
profissões fossem remuneradas segundo as necessidades espirituais da sociedade? e se não
fossem remuneradas? e se fossem valorizadas segundo sua antiguidade? e se ninguém mais
fosse pago para receber ordens e executar tarefas? e se não tivéssemos finais de semana, nem,
principalmente, dias de feira? e se o tempo não fosse contado em segundos, mas em
momentos e se a pressa não fosse sinônimo de prestígio? e se a única atividade ilegal fosse o
subjugo de outrem? e se não tivéssemos exércitos? e, sem exércitos e sem instituições
financeiras, e se abolíssemos a escola formal? e se não tivéssemos nem pai nem mãe, mas
pluralmente pais e mães? e se o corpo deixasse de ser segmentado pelas vestes que o
escondem e se o tesão fosse liberado em vias públicas, seja por seios, pênis ou pés? e se a
gente abandonasse o papel de donos do mundo e decidisse opinar só no que, de fato, nos
tange? e se não tivéssemos lixeiros para mandar nosso lixo para longe? e se não pagássemos
por moradia? e se cada casa, prédio ou mansão fosse uma comunidade de gente afim? e se o
objetivo da vida não fosse a realização pessoal, mas a realização do grupo? e se os erros do
auto conhecimento fossem mais valorizados que os acertos do sucesso? e se o constante
desenvolvimento não fosse mais o apelo global? e se o hoje fosse mais valorizado que o
amanhã que nunca vem? e se a liberdade valesse mais que a segurança? Há diversas maneiras
de organizar o povo. Todas que o tingem de uma só cor são opressoras. Precisamos de menos
certezas e mais possibilidades. Hemos de tentar.
Mate Trotamundo

Me quebraram aos 8 anos quando me disseram ser eu "diferente"
pouco,
Me quebraram aos 12 anos quando comecei uma hormonioterapia clandestina
sem saber mesmo o que eram hormônios e as consequências futuras
Me Quebraram quando na escola fui agredida, jogado em um muro de chaprisco,
tomei um chute no peito e minhas notas escolares caíram vertiginosamente
Me Quebram quando me excluíram do ensino, da meio familiar, do mercado de trabalho,
quando me negaram o direito à uma religião
Me Quebraram nos dias que tive que passar em delegacias e viaturas de polícia achicalhada e humilhada
por quem tinha obrigação de me proteger e era pago pra isso
Me Quebraram sim, quando agrediram minhas amigas e depois foi minha vez,
quando assassinaram minhas amigas com requintes de crueldade
e implantaram em mim o terror obrigando-me a saber que um dia posso ser a próxima
Me quebraram ao não me darem direito ao nome que me representa
Me quebraram ao me negarem o direito à saúde
©Nelson Neto
Me quebraram quando sobre ameaças de morte e tentativas de assassinato me obrigaram a me esconder
Me quebraram várias vezes e quantas vezes foi necessário
Me quebraram e desses cacos caídos pelas estradas da vida consegui me refazer, por
mais que guarde dentro de mim as rachaduras das minhas quebrações
Me Quebram, mais ninguém chorou por mim, nem recuou, nem soltou uma nota
de repúdio ou mesmo para dizer que não me conhecia e que não tinha culpa se me quebraram
Me quebram e eu fiz uma festa para comemorar
Me quebram mas eu dancei, representei, fiz sexo por prazer e por dinheiro e procurei a felicidade entre cacos
Me quebraram e isso não comoveu ninguém
Me quebraram e quebram uma santa de gesso e pela santa tudo o que foi negado à ela foi dado como direito
Me quebraram, mas as notas de repúdio, pedidos de desculpas, lágrimas e até mesmo medo foram dados à santa,
uma imagem de gesso inanimada, sem vida nem sentimentos, mas que conseguiu quase uma comoção mundial
E como a santa tinha grande importância, eu fiz à ela uma homenagem em forma de missa de sétimo dia,
para que não esqueçam que entre humanos excluídos e quebrados das mais infames formas e imagens de gesso
inanimadas, mas elevadas ao grau de santidade, quebrar esse gesso causa muita dor até mesmo onde essa dor
não deveria ser sentida nunca.

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  • 1. GALERIA DE CAPAS jiodfionWIORIO fAIHFYOjxmicofDFC dfdFHsdf DfhdnDELI-RIO DE JANEIRO, OUTUBRO DE 2013 - ED. 0025 - ESPECIAL cofiWDF DGAOPFTAJPFGUIOSHGTw dtkjdkfgdF sd f sdgiowthjaiowrjt WGIHAWO H´HO´GEHRHWEOI ZINES AMEOPOEMA E apoia (digo tira do centro): sta parte aqui é dedicada aos velhos e novos zines que surgem e dão gás novo a toda uma produção que sem querer acaba seguindo novas fontes de informação e estéticas. Quem quiser os contatos diretos de cada zine é só mandar um email pra gente que temos aqui, a maioria temos o contato via correios (por isso não disponibilizamos aqui, o espaço é curto), mas tá ai! e pra fechar a tampa do cachão: pedimos aqui aquele foi mal aos que não entraram nesta edição, a coisa continua, e quem não comeu o doce mel da publicação, é só não se desesperar que mais edições como esta estão na beira da areia esperando seu momento certo! ´FGH EGHÓUIDFHGHÍioU´HIO FAGKJALFGÃFG ADFGAOTPQJOPREJGVws gfvsLDkhflkJ~IOaHDiõsjg KIYPOQJEIOYQ´JEFGVBs jkgHPIUTwfgSXXXXXXXXXxxx 0101011010109666 fgpiojwirgWG WEGOIJI OIOFGIOJAfdgipoja XXXXXXX jdsopfwijtgoipw r 7903476017346097 igw r9ti139047863hrtkwjDG[U209=45Y QREPIOY0 xxxxxxx tyuqywguirqy83469813y894rqs dqasldkgplqwdgqa98TURGJPIEFG AMEOPOEMA INDEPENDENTES AMEOPOEMA F;LIGJNQEIO~G´0U3Q4TY
  • 2. ditorial a vida é feita de pequenos sonhos e momentos. alguns vão adiante outros deixamos para trás e outros ainda fazemos questão de esquecer! Não se sabe o motivo mas sempre queremos algo novo para que a importância da Lima Barreto - Se estivesse vivo colaria com a gente! vida não se revele somente na hora da morte, ou num insight bêbado de uma madrugada qualquer quando o que se quer é somente chegar em algum lugar e dormir... Só dormir e esperar a vida surgir como uma facada na barriga outra vez e totalmente diferente, com o adicional da ressaca. Mas não uma ressaca de beberia, e sim a ressaca de saber que a vida não vai mudar muito se a gente não se movimentar. E dentre estes devaneios, eis que o informativo AMEOPOEMA, após comemorar seus três anos de poesia, ganha adeptos da livre iniciativa em prol de um coletivo que ama um poema ou outro, mas que ama mesmo, e sem dúvida, é ser independente, e sem vergonha alguma ou rabo preso com ninguém, saem por ai catando versos e escorando pessoas em sua arte. Eis que agora conseguimos, enfim, nos organizar para fazer um super sarau delirante, onde ninguém é mais que ninguém, onde todos podem ter voz, onde todos são tão iguais que até parece uma grande árvore que balança e espalha suas folhas por ai, pelos becos, pelas praças e ruas de onde se passa qualquer um desavisado, prestes a ter sua rotina quebrada pela dádiva do poema, do poeta. da PALAVRA. rômulo ferreira www.romulopherreira.blogspot.com BOA LEITURA! e não dei xe de com ent ar provavelmente tem algum erro! imagem 1 conto nelson CONTO gostou? pode piratear! AN R QU U D E r po ISSO PODE SER sua FONTE DE RENDA, NaO DE LUCRO, APOIE A ARTE NAS RUAS E E P E AMEOPO MAMEOPO MAMEOPO MA Edição: Rômulo Ferreira, Nelson Neto, Fernando Rodrigues Exemplares na praça: Muitos, se puder faça mais... Mendicância: financie novas edições e outros trabalhos depositando qualquer quantia em Banco do Bra$il, Agencia 0473-1 Conta poup. 16197-7 PARTICIPE, MANDE SEU MATERIAL PARA: outrasdimensoes@gmail.com caixa postal 15210 RJ/RJ cep 20.031-971 PARTICIPE DE NOSSO GRUPO NO FACEBOOK E Praticar minhas táticas de guerra. Articular novas técnicas, estratégias e pesquisar terrenos. Manifestar-me-ei. Vou me armar. Munir-me de ideias e META-DIÁLOGO pensamentos. Amar. Desencadear em protesto sangrento. Essa lágrima não é minha Coração pulsante e sedento. Pegar um papel e caneta e botar pra fora Tampouco sua tudo o que tá aqui dentro. Gritar palavras ao vento. Essas palavras existem Chutar o gás lacrimogêneo. Invento. Vou fazer o que dá. E são minhas Vou criar possibilidades para o momento certo. O instante escorre pela caneta Criar o momento certo. Dizem que a vida é destino Olhar de fora pra dentro. A vida é nossa, às vezes. Agir de dentro pra fora. Pois a hora…a hora, amigo… Nicolle Crys tem que ser agora sabotandoagravidade. Leonardo de Castro blogspot.com a cara virada do outro lado da nuca em frente a sua a voz mais alta que a vista que o prédio afunda por baixo da pele o osso esconde o que somos lá fora mais gente que sombra no baile a máscara na rua a busca expediente ueeto r age liv TO t P es Guerrilha now (...) a arte literária se apresenta com um verdadeiro poder de contágio que a faz facilmente passar de simples capricho individual, para traço de união, em força de ligação entre os homens (…) a literatura reforma o nosso natural sentimento de solidariedade com os nossos semelhantes”. NESTA EDIÇÃO Bárbara Barroso - RJ Glauber lauria - MT Nicolle crys - RS Leonardo de Castro - RJ Fernanda Tatagiba - ES Pedro Casarim - RJ Carole B. - RJ Amancio Netto - CE Nathália Ribeiro - RJ Rodolfo Amaral - RJ Fernando Rodrigues - RJ Nelson Neto - RJ Álvaro Marcolino - RJ Irís Duarte - RJ Conrado Gonçalves - RJ Mate Trotamundo - SP Luiz Balthazar - MG Indianara Alves Siquiera - RJ Demian Romani - RJ Linda Marina - RJ As imagens sem créditos foram roubadas da internet Fernanda Tatagiba baoba-blog.blogspot.com METRÓPOLE METRÓPOLE Pedro Casarim Prédio, pressa, asfalto, pistola Pombo, rato, barata, ruído Cigarro, escarro, pigarro, cerveja Pobreza, doença, ódio, parede Paranóia, paranóia, paranóia Luz alucinante Chão de cicuta Olhar putrefato Risada atômica Fumaça de medo Urro aprisionado Pavor, pavor, pavor Descaso com o céu Casamento da carne Pasto? De plástico Peixe? De alumínio Paz? De concreto Engula a pílula Lua de desembarque para um coração sem porto, são livros, Bomba, boceta e petróleo filmes, fugas, cigarros e deslizes; Deus-papel sem narrativa; sem auxílio, ledos fantasmas, pequenas ninfas, Puta pátria que me pariu páginas arrancadas de um diário oculto onde se festejam Salve a metrópole nuances, climas, castigos. Agora noite num final de março, eu tentando mergulho uísque, uma cidade no fim de qualquer estágio e ousadias e rubores uma ignorância que driblo, percebendo onde se ocultam coisas simples, não inteiro, nem correto, distante do absoluto, sonhador como um náufrago, marinheiro sem destino, ...lua de desembarque para coração sem porto... cais que mo atravessa, distante príncipe, tragédia calculada por um artífice do abismo, vagas de mistérios insondáveis que não cometem crimes, rumorejando à placidez de eriçar a areia onde branca a onda se dissipa... Glauber Silva Lauria - MT www.fantasiabarroca.blogspot.com
  • 3. Ao interno tão próximo que reluz como o Sol na multidão de hormônios confinados por vontade própria. Venho dizer que me sinto perdida. Completamente perdida! Entregue aos encantos teus, Estes tão desconhecidos por mim. Me alimento da sua presença nos momentos mais relaxados do seu dia e mais contraídos do meu. Toda essa lúdica paixão, tem sido muito formidável. Me tira do massacrante habitual aonde só um sonho tem vez. Voluntariar-se a sentir da vida suas refletidas emoções secretas e concedidas, que pulsam do âmago desentendido do medonho exterior amaciado, e que anseiam, como num berro agoniado, desvairado, emitido de um suspiro profundo e intoxicado, trepidar o corpo, com toda sua fadiga e escarro, com contágios inesperados, originados de uma construção desiludida e esclarecida, e libertar o comodismo da loucura, a tantos, agradecida. FINAL DO DIA Ao interno tão distante que como a lua brincava de se esconder na multidão de descontraídos meninos e meninas . Muito obrigada pela inocente menina que ressurgiu em mim nesse mês. Muito obrigada pelos sete encontros seguidos que tivemos enquanto eu dormia. Obrigada pelas ultimas conversas da madrugada que eu sonhei ainda acordada. Pena que devo atender o chamado e me desprender desse lazer inventado. (Nathália Ribeiro) fernandorpoesia@gmail.com 0004 E © Luna Descaves SUPLEMENTO LITERÁRIO AMEOPO MA - EDIÇÃO ESPECIAL LINDA MARINA lih.marina@hotmail.com face Sinergia Prod Artística 000E Instigantes rompantes de delírio saciam minha sede de passados gloriosos acalenta-me futuros tenebrosos decantam meu éter dizem quem sou... (Nelson Neto) nelsonfnetoster@gmail.com O Jardim do cão Ainda hoje escuto um latido seco surdo um latido muito mudo de um bicho já morto: sua pelagem de veludo Fernando Rodrigues Rodolfo Amaral Pude ouvir (no grito) a cor e o tamanho do meu manso amigo Era tão grande (por dentro) que lhe cabia um jardim e era também muito azul porque cães azuis existem quando estão muito tranquilos e perto do mar E agora (é verdade…) posso lembrar que nesse jardim moravam alguns bichos menores e alguns bichos maiores que esse cão-moradia mas desconfio que todos também deviam ter jardins dentro de si. http://alarmefalso.tumblr.com Acelera! Não! Todo dia há desembarque, na plataforma da desunião. feliz? Bárbara Barroso interiordeluz@yahoo.com FAN ZINE TECAS fanzinotecamutacao.blogspot.com.br fanzinoteka.blogspot.com.br uzinefanzine.blogspot.com.br acervofanzines.tumblr.com ugrapress.wordpress.com livrinhoeditora.blogspot.com.br afaga a canção ofertada com farpas pubianas escalando dunas insípidas: sonhos anfetamínicos o tempo devendo vida ao natimorto envelhecido; ampulheta escorregando vidro. risos joviais, há quanto não os ouço mais. voam cristais de merda na secura do vento químico. coito predatório carniça ao vinho, um derrame genuíno: renegue seus rins ao fim da canção que decifra as rugas em meninos © Nelson Neto se me amam, já me acabei... Se sou feliz, não me suporto. Hoje estou triste, pois desconheço outro modo. Nunca alcanço o que me cura, se estou doente; quando estou sã, a cura vem me molestar, dente por dente. Meus olhos ferem o que é opaco, mas a verdade nem mesmo assombra. A consciência descostura a espiral do sagrado. Até a fumaça é prostituta da norma! A fleuma estéril leva ao delírio: há imagens talhadas e sangue aos meus pés. Telefones criam asas enquanto o tempo sapateia sobre os vincos da testa – tenho pavor mesmo é de quando me sinto forte. Viver agora como se morrer chegasse logo ainda vai me matar. INÍCIO DO DIA água tem cheiro de doce e não confessa o azedo do toque. a margem transpira ferrugem, Amancio Netto e o invólucro de plástico nettobyron@yahoo.com.br vela o defunto SUPLEMENTO LITERÁRIO AMEOPO MA - EDIÇÃO ESPECIAL http://caroleblogue.blogspot.com.br fernandorpoesia@gmail.com perigo real impõe-se onde nem cinza nem pó nos elevam para os abismos ansiados. Ao contrário: nos deixam cada vez mais presos na superfície dos poros, na ardência entre os ossos dos olhos na bílis santa que não purga o medo, na espera pífia por espelhos que revelem. Estou pregada como máscara às profundezas dos ossos! A resposta do pó é sempre outra pergunta - eu só tenho fé na dúvida. Nenhum telefonema. Quando ligam, não quero falar. Quando desligam, sequer atendi. Quando escrevem, a língua é outra. Quando entendo, não faz sentido. Se me procuram, já me mudei. Quando me encontram, não sou mais eu. E E passa tempo T e n h o p a v o r quando a consciência não sai de si. Da fumaça estrábica já não espero quase nada – só a perda reincidente do que nunca abandonei. A pele é a confissão do tempo que se despedaça. De todo tempo irreparável. Do tempo que, sem fumaça alguma, já estaria morto, mas que, como fumaça, caminha para morte. À medida que envelheço, são tão fúteis os espelhos, incapazes de mostrar além do que já pesa. Quando é insuportável estar no corpo, buscamos o élan nas cinzas; o Carole B.
  • 4. Parece bem à noite ME QUEBRARAM quando o dia começa “os melhores escritores disseram bem e os piores, demais.” Um ruído molhado desperta os vivos É hora de levantar As ruas ainda estão escuras Não parece manhã caribenha Charles Bukowski Os carros passam ignorantes As árvores se mostram sérias O lago mente que nunca foi pântano EIS MINHA ESCOLHA: Pássaros preguiçosos Conrado Gonçalves ainda sonolentos não alertam o início do dia Talvez por ainda ser o final da noite. Álvaro Marcolino aomarcolino@gmail.com PSICODELIA INVOLUNTÁRIA Uma piscina cor-de-rosa E nadadores olímpicos roxos São os benefícios de uma antena de TV ruim Iris Duarte - irisduartecunha@gmail “coração queima vê através dos sentidos pulsa enquanto vivo e mudo precisa do corpo pra gritar seus desejos sua dor seu amor sem razão” conradopalavras@gmail.com pensa escritor, poeta, observador talvez, da vida e tudo o mais que valha as penas de uma escrita. mmccpp@gmail.com |||| matetrotamundo.wordpress.com PARA UM FINAL UM POEMA Indianara Alves Siqueira LUIZ BALTHAZAR POUCAS FORAM AS SOBRAS DE TUDO SUA VONTADE DE MORER ESTÁ PERTO DE ACONTECER O ADEUS JÁ SE PERDEU. O DESEQUILÍBRIO DO ACASO Demian Romani O Excesso, o escasso ... o desiquilíbrio do acaso É Babel construída por incontáveis gerações, demianromani@bol.com.br negando a construção antecedente para afirmar a nova direção da grande torre. Mas o céu é inalcançável como a paz na vida urbana Intoxicada de substâncias, idéias – olhos sedentos nas encruzilhadas urinada com seus despachos feitos de desperdício e covardia. Procurando na cidade as veias financeiras do “grande esquema” Trombadinhas por miséria. Engravatados por grana Enxugando as lágrimas de alegria com as notas azuis, poderosa arma da discórdia. E no microcosmo da gigantesca esfera que gira no nada eu abria uma garrafa de vinho do despacho com um saca rolha de uma coroa biruta. Ela estava confusa, mas achava que se Deus perdoasse o diabo, as mazelas do mundo desapareceriam. Talvez Prefiro acreditar que nós não podemos nos ater nesses detalhes pois a metafísica já está lotada com projeções e as verdades sempre vendidas nas barracas da grande feira da Certeza Constança Lucas e se as profissões fossem remuneradas segundo as necessidades reais da sociedade? e se as profissões fossem remuneradas segundo as necessidades espirituais da sociedade? e se não fossem remuneradas? e se fossem valorizadas segundo sua antiguidade? e se ninguém mais fosse pago para receber ordens e executar tarefas? e se não tivéssemos finais de semana, nem, principalmente, dias de feira? e se o tempo não fosse contado em segundos, mas em momentos e se a pressa não fosse sinônimo de prestígio? e se a única atividade ilegal fosse o subjugo de outrem? e se não tivéssemos exércitos? e, sem exércitos e sem instituições financeiras, e se abolíssemos a escola formal? e se não tivéssemos nem pai nem mãe, mas pluralmente pais e mães? e se o corpo deixasse de ser segmentado pelas vestes que o escondem e se o tesão fosse liberado em vias públicas, seja por seios, pênis ou pés? e se a gente abandonasse o papel de donos do mundo e decidisse opinar só no que, de fato, nos tange? e se não tivéssemos lixeiros para mandar nosso lixo para longe? e se não pagássemos por moradia? e se cada casa, prédio ou mansão fosse uma comunidade de gente afim? e se o objetivo da vida não fosse a realização pessoal, mas a realização do grupo? e se os erros do auto conhecimento fossem mais valorizados que os acertos do sucesso? e se o constante desenvolvimento não fosse mais o apelo global? e se o hoje fosse mais valorizado que o amanhã que nunca vem? e se a liberdade valesse mais que a segurança? Há diversas maneiras de organizar o povo. Todas que o tingem de uma só cor são opressoras. Precisamos de menos certezas e mais possibilidades. Hemos de tentar. Mate Trotamundo Me quebraram aos 8 anos quando me disseram ser eu "diferente" pouco, Me quebraram aos 12 anos quando comecei uma hormonioterapia clandestina sem saber mesmo o que eram hormônios e as consequências futuras Me Quebraram quando na escola fui agredida, jogado em um muro de chaprisco, tomei um chute no peito e minhas notas escolares caíram vertiginosamente Me Quebram quando me excluíram do ensino, da meio familiar, do mercado de trabalho, quando me negaram o direito à uma religião Me Quebraram nos dias que tive que passar em delegacias e viaturas de polícia achicalhada e humilhada por quem tinha obrigação de me proteger e era pago pra isso Me Quebraram sim, quando agrediram minhas amigas e depois foi minha vez, quando assassinaram minhas amigas com requintes de crueldade e implantaram em mim o terror obrigando-me a saber que um dia posso ser a próxima Me quebraram ao não me darem direito ao nome que me representa Me quebraram ao me negarem o direito à saúde ©Nelson Neto Me quebraram quando sobre ameaças de morte e tentativas de assassinato me obrigaram a me esconder Me quebraram várias vezes e quantas vezes foi necessário Me quebraram e desses cacos caídos pelas estradas da vida consegui me refazer, por mais que guarde dentro de mim as rachaduras das minhas quebrações Me Quebram, mais ninguém chorou por mim, nem recuou, nem soltou uma nota de repúdio ou mesmo para dizer que não me conhecia e que não tinha culpa se me quebraram Me quebram e eu fiz uma festa para comemorar Me quebram mas eu dancei, representei, fiz sexo por prazer e por dinheiro e procurei a felicidade entre cacos Me quebraram e isso não comoveu ninguém Me quebraram e quebram uma santa de gesso e pela santa tudo o que foi negado à ela foi dado como direito Me quebraram, mas as notas de repúdio, pedidos de desculpas, lágrimas e até mesmo medo foram dados à santa, uma imagem de gesso inanimada, sem vida nem sentimentos, mas que conseguiu quase uma comoção mundial E como a santa tinha grande importância, eu fiz à ela uma homenagem em forma de missa de sétimo dia, para que não esqueçam que entre humanos excluídos e quebrados das mais infames formas e imagens de gesso inanimadas, mas elevadas ao grau de santidade, quebrar esse gesso causa muita dor até mesmo onde essa dor não deveria ser sentida nunca.