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ISSN 1983-1390
                                                                                                                                                      00021




                                                                                                                        9     771983      139001
revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo          ANO 21 • Nº 21 • JUNHO/JULHO • 2012




                                                                                                                                    se ja
                                                                                                                                 bem-v indo
             Taxas em                                                                                                       Inves t ir em mão de obra

             liquidação                                                                                                        qu alif ic ad a f ideliza
                                                                                                                                   clientes, sabia?
    Como o varejo e o consumidor devem
  tirar proveito da onda de cortes dos juros




                                                                                                                                    a r e na
                                                                                                                                 a lv inegr a
                                                                                                                       C & S v isita obra s do es tádio
                                                                                                                             do Cor inthians, templo
                                                                                                                        d a ab er t ura d a Copa 2014
   5X                       2X
                                                     aceitamos                                                                  voos a lTos
                                                      crédito                                                           P r ivat izaç ão e aumento de
                          %off                                                                                       demand a vão mud ar os negó c ios
                                                                                                                        nos aerop or tos. Aproveite




 ...
       ...       suaves
                                                                                                       000 xxx
              parcelas..
                                                                                                                       di v er sida de bel a
                                                                                                                        Revelamos como o merc ado
                                                                                                                            de nicho p o de at rair to dos
                                                                                                                            os t ip os de consumidores
ÕES
QUER SOLUÇ




                 O
         ESTIMENT
BUSCA INV




                                                      Aqui,        15 e 16
                                                     tudo gira
                                                                    out.2012
                                                     em torno      12h às 20h
      Exposição e Conferência de Inovação
 e Empreendedorismo de Base Tecnológica             da inovação.




                                            Apoio
ES
                                                               TEM SOLUÇÕ




                                                                        TIDOR
                                                             BUSCA INVES




                                 Um grande mapeamento da
                                  inovação no Brasil: se você
                                       busca novos negócios,
                                  já sabe onde vai encontrar.
           A Expocietec 2012 vai reunir quem pensa, faz, promove e busca inovação nas startups.
                  Será o grande ponto de encontro de incubadoras, parques tecnológicos, novos
                empreendedores, compradores e investidores do Brasil. Um evento voltado para
                 quem quer fazer negócios com serviços, produtos e oportunidades inovadoras.
                                Uma vitrine de possibilidades para você. Participe e inscreva-se.


        Exposição – Seed Forum – Rodadas de Negócios – Palestras – Espaços de Fomento
         Entrada Franca. Cadastre-se antecipadamente pelo site www.expocietec.com.br

FecomercioSP - Rua Doutor Plínio Barreto, 285 CEP: 01313-020 - Bela Vista - São Paulo - SP



                                         Realização
C A RTA AO L EI TOR


Cortar mais,
para crescer                                                                      Aqui tem a presença do comercio


A taxa Selic no patamar de 8,5% au-     importante que o Senac moldou cur-               Presidente Abram Szajman
                                                                                         Diretor Executivo Antonio Carlos Borges
mentou o movimento de emprésti-         so sobre técnicas de comércio, com o
mos dos bancos. São pessoas tanto       objetivo de formar profissionais de
física como jurídica interessadas       excelência na área, além de oferecer
em novos financiamentos, a custos       aconselhamento sobre o tema. Os
                                                                                         Conselho Editorial
menos salgados. Os líderes dessas       lojistas que fazem a diferença são               Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Paulo Rabello
ofertas são os bancos estatais. O       exemplos de sucesso de vendas. Por               de Castro, Cláudio Lembo, Renato Opice Blum, José
                                                                                         Pastore, Adolfo Melito, Jeanine Pires, Paulo Feldmann,
Banco do Brasil promoveu um apor-       sua importância para o comércio, o               Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer,
te adicional de R$ 27 bilhões para as   assunto é focado em duas reporta-                Luiz Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio
                                                                                         Pina e Guilherme Dietze
linhas voltadas às micro e peque-       gens e também se destaca na entre-
nas empresas. Outros R$ 16 bilhões      vista de Jaime Drummond, criador e               Editora

destinaram-se a pessoas físicas. Na     presidente da Mahogany.
                                                                                         Diretor de comunicação e editor chefe Jander Ramon
Caixa Econômica Federal, somente                                                         Diretor de conteúdo André Rocha
em maio, foram abertas mais de 280      Atentar para oportunidades de ne-                Editora executiva Selma Panazzo
mil novas contas de pessoas atraídas    gócios é outro ponto vital para o                Editora assistente Denise Ramiro
pela redução nos juros. Uma evo-        lojista. Esta edição de C&S mostra               Projeto gráfico
lução de 26,3% em relação a abril.      três nichos exemplares. O segmento
O incremento no ritmo de abertura       de moda diferenciada, que atende a               atendimento@designtutu.com.br

de contas para empresas também          tamanhos plus size, consumidoras                 Editores de Arte Clara Voegeli e Demian Russo
foi expressivo. Foram 42 mil contas     evangélicas e pessoas anãs; lojas                Chefe de Arte Carolina Lusser
                                                                                         Designer Ângela Bacon
abertas em maio, ou 39,3% a mais        próximas a ciclovias, que oferecem               Assistentes de Arte Camila Marques e Cristina Sano
que no mês anterior. Esse movimen-      tratamento personalizado aos ci-
                                                                                         Publicidade
to, contudo, ainda não está dissemi-    clistas e estabelecimentos que fun-              Original Brasil - Tel.: (11) 2283-2365
                                                                                         comercioeservicos@originaldobrasil.com.br
nado por todo o mercado financeiro,     cionam dentro dos aeroportos, em
                                                                                         Colaboram nesta edição
que continua justificando a alta dos    espaços que se tornaram ainda mais               Andrea Ramos Bueno, Didú Russo, Enzo Bertolini,
juros pelo custo dos insumos e risco    valorizados a partir da privatização.            Gabriel Pelosi, Juliano Lencioni, Patricia Queiroz,
                                                                                         Paulo Feldmann, Raphael Ferrari e Thiago Rufino
de inadimplência. Embora o consu-
                                                                                         Fotos Ed Viggiani, Christian Gaul, Felipe Araújo Lima,
midor esteja tomador de emprésti-       O comércio, responsável por 4% do PIB,
                                                                                         Olicio Pelosi, Pedro Curi e Ricardo Lisboa
mo, estudos da FecomercioSP já pro-     continua com perspectiva de desempe-
                                                                                         Jornalista responsável Jander Ramon MTB 29269
varam que não está esgotada a sua       nho positivo. A queda dos juros básicos
                                                                                         Impressão Gráfica IBEP
capacidade de endividamento. Essa       traz alento, embora ainda não tenha
                                                                                         Fale com a gente cs@fecomercio.com.br
nova realidade do crédito e qual é      sido repassada integralmente
                                                                                         Redação
seu fôlego são o tema da reportagem     ao consumidor. Novos cortes,                     Rua Itapeva,26, 11º andar
de capa desta edição.                   não apenas da Selic, mas, so-                    Bela Vista – CEP 01332-000 - São Paulo/SP
                                                                                         Tel.: (11) 2361 1571
                                        bretudo, dos juros cobrados
O comércio deve ficar atento para       pelos bancos, são o cami-                        Errata: A grafia correta do nome da presidente
                                                                                         da Sorridents – entrevistada da C&S nº 20 – é
conquistar e fidelizar esse cliente     nho para garantir um                             Dra. Carla Renata Sarni.
mais ávido por compras. Para isso não   crescimento com-                                    Permitida a trascrição de matéria desde que citada
                                                                                              a fonte. Registro Civil de Pessoas Jurídicas, Livro B-3,
bastam vitrines chamativas e promo-     patível com as                                         sob o número 2904. Nota: as declarações
ções. O mercado vendedor precisa en-    potencialidades                                          consubstanciadas em artigos assinados
                                                                                                  não são de responsabilidade da FecomercioSP.
cantar o consumidor com um atendi-      e   necessidades
                                                                                                     Abram Szajman
mento diferenciado. Esse ponto é tão    do País.                                                     Presidente da Federação do Comércio
                                                                                                     de Bens, Serviços e Turismo do Estado
                                                                                                      de São Paulo (FecomercioSP), entidade
                                                                                                       que administra o Sesc e o Senac no Estado




4                 2012 • edição 21 • junho / julho
ÍNDICE




                                                                                        18
                                                                              o custo do dinheiro
                                                                              Taxas de juros recuam mas ainda
                                                                              é difícil conseguir crédito na praça




          Jaime Drummond                                         A renovação dos aeroportos
      8   Presidente da Mahogany comenta                    46 Lojasprivatização e aumentonovos negócios
                                                               com
                                                                     em aeroportos atraem
                                                                                          de movimento
          o setor de produtos de beleza


                                                                 Do PP ao extra GG,
          Servimos bem para servir sempre                        o que importa é vestir bem
     14 Lojistas investem em treinamentocliente
                                           para             52   Comércio especializado em nichos
                                                                 atraem cada vez mais consumidores
        qualificar atendimento e fidelizar


          Atual lei eleitoral
                                                                 Franquia em casa
          prejudica a pequena empresa
    26 Paulo Roberto Feldmann analisa o efeito              56 O home-based éoumanuma modalidade de franquia
                                                               que transforma lar
                                                                                  nova
                                                                                       central de negócios
          do período eleitoral nas pequenas empresas



          Vai fazer compras? Vá de bike                          São Paulo do futuro
    28 Comércio se prepara para atender                     58   O Plano SP2040 prevê melhorias
          o consumidor ciclista que cresce na cidade             para a população paulistana



           Da Zona Leste para o mundo
                                                                 AGENDA                  CIRCUITO
     32   C&S visita as obras da arena do Corinthians       60 CULTURAL           62     DE festas
          que receberá o jogo de abertura da Copa de 2014
                                                                                         juninas


          MIXLEGAL                ECONOMIX                       O vinho e as salvaguardas
     38                     39                              64 Didú Russo analisa os efeitos das salvaguardas
                                                                 na importação de vinhos e o impacto no setor


          Devedores do ICMS terão juros menores
           Medida apesar de positiva pode ser                    Comunicação nas
    40     ineficiente para diminuir inadimplência          65 mais variadas formas

           Soluções simples, grandes resultados                  Sinal dos tempos
           Ataques virtuais requerem investimentos          66
     42    em segurança para evitar perdas




                                                                      2012 • edição 21 • junho / julho               5
50%
                                            Planos até




                                                   mais barato.2




SulAmérica:   Unimed Paulistana:   Omint:
Meu plano de saúde
       não cobre o médico
       e o hospital que eu
       prefiro pra me tratar.
       E agora?                                                                                         Empregador do Comércio: não
                                                                                                        se preocupe. Com a parceria da
                                                                                                        FECOMERCIO-SP com a Qualicorp,
                                                                                                        os planos de saúde que oferecem
                                                                                                        os melhores médicos, hospitais
                                                                                                        e laboratórios do Brasil já
                                                                                                        estão ao seu alcance.1




                                                                                                                              Ligue e confira:
                                                                                                         0800 777 4004
                                                                                                         Ou acesse: www.qualicorp.com.br




Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. Condições contratuais                  Qualicorp Adm.
disponíveis para análise. 1A comercialização dos planos respeita a área de abrangência da respectiva operadora. A cobertura
de hospitais e laboratórios, bem como de honorários profissionais, se dá conforme a disponibilidade da rede médica e as        de Benefícios:
condições contratuais de cada operadora e categoria de plano. ²Em comparação a produtos similares no mercado de planos
de saúde individuais (tabela de maio/2012 – Omint). Junho/2012
EN T R E V IsTA                         Ja ime dru mmond,                 pre sidente da Maho gany


          POR Patrícia Queiroz
          fOTOs ed viggiani




                    o segredo está no
                            atendimento
e     ngenheiro mecânico formado
pela Universidade Federal do Rio de
                                          ria é de franqueadas de uma rede que
                                          ele mesmo criou. Com previsão de
Janeiro (UFRJ), esse carioca de 63 anos   faturamento este ano na casa dos R$
viu no setor a chance de um negócio       50 milhões, a companhia viu, no ano
próspero. Começou em 1981 em so-          passado, aproximadamente 1,5 milhão
ciedade com um cunhado comercia-          de clientes circularem em suas insta-
lizando desodorantes, bronzeadores e      lações franqueadas e próprias. As lo-
fragrâncias para grandes redes varejis-   jas terceirizadas devem ter receita em
tas. Anos depois optou por voo solo e     torno dos R$ 100 milhões neste ano. “O
fundou empresa própria, a Mahogany,       segredo, além do bom produto, está no
que tinha o mesmo foco de produção.       bom atendimento”, conta.


Alguns tropeços pelo caminho o fi-        Vendas diretas ou mais investimen-
zeram rever os planos. Hoje, 20 anos      tos em lojas próprias não fazem parte
depois, comemora uma história de su-      dos seus planos, ao menos por agora.
cesso: dos pequenos pontos de venda       “Uma rede franqueada com um siste-
instalados timidamente em farmá-          ma de qualidade e que funcione, além
cias e perfumarias contabiliza151 lojas   da atenção constante que o negócio
instaladas em 70 cidades ao redor do      requer, gera retornos já bastante ali-
País. Desse total, a esmagadora maio-     nhados às nossas perspectivas”, avalia.




8                  2012 • edição 21 • junho / julho
apaiXonado por kart, Jaime drummond, Criador
 e preSidente de uma daS marCaS de CoSmétiCoS
queridinhaS do merCado – a mahoGanY –, tira daS
    piStaS anaLoGia de Como Ganhar poSição




                                  2012 • edição 21 • junho / julho   9
EN T R E V IsTA                    Ja ime dru mmond,   pre sidente da Maho gany




 “
                                                                  C&S engenheiro mecÂnico de
                                                                  formaÇão, como foi sua entra-
                                                                  da no mercado de cosméticos?
     a mahogany conta hoje com 420 produtos,                      Jaime drummond Concluí no Rio

     mas estamos sempre pensando em novas                         de Janeiro, em 1971, o curso de enge-
                                                                  nharia mecânica pela UFRJ. Durante
     oportunidades para inovar. no ano passado,                   10 anos trabalhei na área, mas, em
     por exemplo, lançamos 108 novos. todos pensados              1980, resolvi vir com minha então es-



     osasco, na grande São paulo.
                                        “
     e desenvolvidos no nosso parque industrial, de               posa tentar algo novo em São Paulo.
                                                                  Na capital, ela tinha um irmão que
                                                                  trabalhava como representante de
                                                                  perfumaria artesanal. Achei o negó-
                                                                  cio interessante e apostei. Decidimos
                                                                  juntos profissionalizar essa oferta de
                                                                  perfumes, organizando os fornece-
                                                                  dores e dando a eles a oportunidade
                                                                  de trabalhar para as grandes e mais
                                                                  importantes cadeias varejistas da
                                                                  época, como Mesbla e Mappin. A em-
                                                                  presa se chamava Cabeça Feita e era
                                                                  focada sempre no midlemarket. Che-
                                                                  gamos a ser um dos cinco maiores
                                                                  fabricantes de desodorante, o segun-
                                                                  do maior fabricante de bronzeador
                                                                  e ainda o quinto maior fabricante
                                                                  de fragrâncias no Brasil. Atuamos
                                                                  juntos dessa forma por 10 anos com
                                                                  bastante sucesso.


                                                                  como nasceu a mahogany?
                                                                  Em 1991 conversamos e resolvemos
                                                                  acabar a sociedade. Já com experiên-
                                                                  cia no ramo, resolvi manter a aposta
                                                                  e desenvolvi uma empresa própria, a
                                                                  Mahogany. A proposta era preencher
                                                                  uma demanda onde o varejo ainda
                                                                  era fraco, a de cuidados pessoais.
                                                                  Desenvolvemos então itens diversos
                                                                  acessíveis no preço e de alta quali-
                                                                  dade, como sabonetes, hidratantes e
                                                                  produtos capilares. Tudo voltado para
                                                                  homens e mulheres. Nessa época,
                                                                  mantivemos o que era desenvolvido
                                                                  na Cabeça Feita com a venda de nos-
                                                                  sos produtos para grandes redes de
                                                                  todo o Brasil. Durante oito anos a em-




10         2012 • edição 21 • junho / julho
presa prosperou amplamente. Entre        de Que forma isso ocorreu?                Prova disso é que, no final de 2006, já
os anos de 1998 e 1999, infelizmente,    Partimos para outro modelo, com es-       tínhamos 10 lojas, localizadas entre Rio
todo o setor varejista sofreu perdas     paços próprios reservados em lojas,       de Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília,
com as turbulências de mercado e         como perfumarias e algumas farmá-         sendo apenas uma própria, a de São
praticamente todas as lojas grandes      cias. Chegamos a ter 200 desses tipos     Paulo. A estratégia deu resultado. Prova
de departamento quebraram. Com           de quiosques em todo o País e manti-      disso é que, no final de 2006, já tínha-
isso, perdemos 60% do nosso fatu-        vemos esse tipo de negócio até 2004.      mos 10 lojas, localizadas entre Rio de
ramento em um ano. Não tinha jeito.      Com o tempo, vimos que não havia          Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília, sen-
Tivemos que procurar outros canais       uma parceria efetiva como o lojis-        do apenas uma própria, a de São Paulo.
de venda para não quebrar.               ta. Isso porque a Mahogany cedia os
                                         produtos e uma série de vantagens         Quantos produtos possui
Qual era o tamanho da                    ao lojista com o compromisso dele         atualmente?
empresa na época?                        de reposição dos produtos tão logo        A Mahogany conta hoje com 420
Tínhamos 60 funcionários e receita de    fossem comercializados. O que acon-       produtos, mas estamos sempre pen-
aproximadamente R$ 5 milhões anuais.     tecia na prática era que o lojista não    sando em novas oportunidades para
                                         repunha o nosso produto e ainda co-       inovar. No ano passado, por exemplo,
de Que forma                             locava outros no nosso espaço reser-      lançamos 108 novos. Todos pensados e
o negócio evoluiu?                       vado. Percebemos, novamente, que          desenvolvidos no nosso parque indus-
Hoje, internamente, o nosso negócio      esse modelo não estava dando resul-       trial, de Osasco, na grande São Paulo.
é focado sempre no desenvolvimen-        tados financeiros e para a construção
to da marca e de novos produtos,         da marcar. Novamente, vimos que           com esse volume de produtos
além de toda a questão promocional       lançávamos produtos, mas tínhamos         e lojas, Quais as estimativas
e, claro, da qualidade. Trazemos o que   o entrave com os pontos de venda.         financeiras da mahogany?
há de melhor no mundo no que diz                                                   No que diz respeito ao interesse por
respeito ao desenvolvimento de em-       como a empresa solucionou                 novas franquias e seguindo nosso
balagens e válvulas especiais            essa Questão?                             movimento natural, devemos man-
                                         Em 2005 procuramos a Cherto, consul-      ter uma evolução em torno de 15 a
como a mahogany sobreviveu               toria local especializada em franquias,   20 lojas novas por ano. Essa rede,
a essa Quebradeira dos                   e fizemos um estudo de viabilidade        em 2011, faturou R$ 90 milhões e,
varejistas?                              para tornar a marca uma rede franque-     este ano, deve ter receita na casa
Resolvemos procurar outros canais        adora. Com ela formatamos a arquite-      dos R$ 100 milhões. Já a companhia
de venda, como farmácias e autos-        tura das lojas, dos uniformes, os tipos   deve faturar algo em torno dos R$
serviços, onde ficamos até aproxima-     de contratos e, claro, toda a imagem e    50 milhões, com uma evolução anu-
damente 2001. Logo percebemos que        produção visual que as lojas deveriam     al em torno dos 12% a 15% ano. Hoje
esse trabalho com autosserviços, que     ter. Partimos para o mercado em busca     são 150 funcionários. O volume de
praticamente ocupou o lugar das va-      de candidatos a franqueados. Paramos      clientes também é expressivo. Fo-
rejistas, não gerava ganhos expressi-    por um detalhe: não tínhamos nada         ram cerca de 1,5 milhão de pessoas
vos e ainda prejudicava a construção     para mostrar porque simplesmente          circulando nas lojas em 2011, ante
da nossa marca porque nossos pro-        não tínhamos loja alguma. Sofremos        1,2 milhão em 2010.
dutos ficavam justamente ao lado,        durante seis meses sem que houvesse
fazendo par, com outros com menor        qualquer interesse. Foi quando resol-     há possibilidade de expansão
valor agregado. Então pensamos que       vemos abrir duas lojas próprias: uma      da companhia via novos
se não havia rendimentos satisfató-      na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro,    investidores?
rios tampouco construção de marca,       e outra no Ibirapuera, em São Paulo.      Por enquanto não existe essa possi-
tínhamos que rever nosso negócio.        Assim ficou mais fácil mostrar nossas     bilidade. Já fomos bastante procu-
Foi o que fizemos.                       propostas. A estratégia deu resultado.    rados por vários fundos de private




                                                                       2012 • edição 21 • junho / julho                    11
EN T R E V IsTA                         Ja ime dru mmond,                 pre sidente da Maho gany




equity e não fechamos negócio. Por        Temos perfis bastante diferentes de             susta. Além disso, outro impacto que
ora, não estamos em negociação com        franqueados, formados nas mais di-              pode ser encarado como negativo é a
nenhum deles, até porque as propos-       versas profissões. Todos, entretanto,           abertura de cada vez mais shoppings
tas que recebemos nunca chegaram          antes de fecharmos negócio, passam              nas grandes cidades. Isso não fideliza
a um nível de satisfação adequado à       por entrevistas e análises de perso-            clientes, mas sim os divide. Para evi-
nossa perspectiva.                        nalidade para checagem sobre como               tar a canibalização de franqueados,
                                          se comportam nas adversidades per-              estamos em contato direto com eles
Qual o tamanho desse                      tinentes ao setor. A partir do pedido           acompanhando o mercado. Na Gran-
setor no brasil?                          de franquia até a abertura da loja há           de São Paulo e Rio de Janeiro, por
Estamos entre os três maiores do mun-     uma média que varia em torno dos                exemplo, estão fechados para novas
do, atrás apenas de Estados Unidos e      seis meses a um ano.                            lojas justamente para não prejudicar
Japão. Aqui, o mercado de cosméticos                                                      as que já existem.
vem evoluindo muito. De 1998 para cá      Qual o investimento inicial
a média de crescimento da receita do      e perspectiva de retorno?                       Qual o suporte técnico
setor é de 13,5% anuais. O faturamen-     O investimento é de R$ 4,5 mil por              Que a empresa fornece
to bateu na casa dos R$ 29 bilhões em     metro quadrado, sendo que indica-               ao franQueado?
2011. Atingimos esse posto por vários     mos pelo menos 35 metros quadra-                Quando uma nova unidade é aber-
motivos e um importante deles foi o       dos para cada loja. Há, ainda, o in-            ta oferecemos treinamento especí-
trabalho desenvolvido pela Associação     vestimento no ponto de venda. Hoje,             fico ao franqueado e sua equipe no
Brasileira da Indústria de Higiene Pes-   90% deles estão instalados dentro de            próprio local. Depois e a cada seis
soal, Perfumaria e Cosméticos junto       shoppings. Para o trabalho em si, in-           meses, disponibilizamos reciclagem
aos governos. O foco foi a redução de     dicamos uma média de cinco funcio-              que ocorre em cidades polo. Nesse
carga tributária e aumentar produção,     nários por loja. Já o retorno se dá por         trabalho, focado nos gerentes e fun-
aumentando assim a arrecadação so-        volta dos 36 meses. O grande entrave            cionários, nós fazemos a atualização
bre a produção. Isso se mostrou bas-      para o retorno mais rápido ao fran-             de novos produtos e mercado, mas,
tante promissor.                          queado é o custo da locação. O preço            principalmente, nas técnicas de ven-
                                          do metro quadrado mais que dobrou               da e atendimento. O segredo do su-
o Que é necessário para ser               nos últimos tempos tanto para com-              cesso está no bom atendimento e em
um franQueado mahogany?                   pra quanto para aluguel, o que as-              saber cativar o cliente.




    “   estamos entre os três maiores do
        mundo, atrás apenas de estados
        unidos e Japão. aqui, o mercado
        de cosméticos vem evoluindo
        muito. de 1998 para cá a média
        de crescimento da receita
        do setor é de 13,5% anuais
                                                 “
                                                 “
12                 2012 • edição 21 • junho / julho
em um mercado altamente                  sete mil pessoas que acompanham       há envolvimento
competitivo, além desse bom              a companhia pelo Facebook e outras    em projetos sociais?
atendimento, como cativar                três mil que nos seguem no Twitter.   Sim. Do nosso ponto de vista temos
e fideliZar o cliente?                   Mantemos ainda um blog com in-        que privilegiar a comunidade onde
Temos foco nas classes A e B e aspi-     formações sobre lançamentos e toda    nossa companhia está inserida. As-
racional na C. Portanto, público bas-    nossa linha de produtos e um traba-   sim, damos apoio a projetos sociais
tante qualificado e cada vez mais        lho expressivo com blogueiras espe-   mantidos por entidades da cidade
exigente. Estamos sempre atentos         cializadas em cosméticos. Apostamos   que ministram cursos profissionali-
às suas demandas. Para tal, fizemos      na força das mídias sociais.          zantes aos moradores locais. &
pesquisa recente com 650 consumi-
dores que circulavam em nossas lojas
ou fora delas em cidades como Rio de
Janeiro, São Paulo e Recife. O cliente
indicou melhorias significativas na
qualidade dos nossos produtos e
também elencou como fundamen-
tal a relação custo-benefício. Outros
atributos lembrados pelos clientes
foram a característica vibrante e ro-
mântica das nossas linhas.


Quais as aÇÕes da mahogany
nas redes sociais?
É um nicho importante de comunica-
ção com clientes e demais stakehol-
ders. Por isso resolvemos, no último
ano, ampliá-lo e já colhemos resulta-
dos expressivos nessa troca de infor-
mações. Atualmente temos cerca de




                                                                                       2012 • edição 21 • junho / julho   13
GE sTãO
     TEXTO andrea ramos Bueno




Servimos
bem para
servir
Sempre
               Às vezes só preço não

               é suficiente para manter
               a fidelidade do cliente.

               O bom atendimento

               é a melhor vitrine




14          2012 • edição 21 • junho / julho
a       frase que intitula a reportagem
sempre foi dogma para o varejo e o setor
                                            A capacitação para o bom atendimen-
                                            to pode ser buscada em cursos téc-
                                                                                        A consultora do Sebrae-SP chama
                                                                                        atenção para um temor que ronda a
de serviços e cada vez mais ela tem tan-    nicos. Também vale a orientação do          cabeça de muitos empresários quando
ta relevância quanto o bom preço.           próprio empresário ou de um superior,       pensam em oferecer treinamento aos
                                            conscientizando os empregados da im-        seus funcionários: a perda desse pro-
O consumidor, com maior poder de            portância de fidelizar os clientes. Feld-   fissional para o mercado. “E o custo da
compra, mais atento e detentor de fer-      mann lembra ainda que esse modelo           não qualidade, o desse funcionário não
ramentas rápidas de pesquisa, se torna      só será eficaz caso o empresário dê o       atrair e ainda espantar clientes, quanto
mais exigente e a aquisição de um pro-      exemplo, tratando não só cliente, mas       vale?”, pergunta Beatriz.
duto ou serviço não depende só da qua-      também seus colaboradores com cor-
lidade e de preço competitivo, mas tam-     dialidade. “Para o empregado atender
bém da maneira como ele é atendido.         bem o cliente, é preciso que ele tenha
                                            um clima saudável. Se esse relaciona-
E, nesse aspecto, o brasileiro é bastante   mento for ruim, certamente isso será
exigente.“Nós damos uma importân-           refletido no atendimento”, completa.
cia muita grande para essa questão
do relacionamento pessoal e que se          O varejista e o prestador de serviços
reflete no atendimento. Queremos ser        precisam saber também um pouco do
bem atendidos. O comércio eletrônico        que vai na cabeça do consumidor. Para
no Brasil não avançou tanto quanto          o empresário o que mais importa para
em outros países por não ter interati-      atrair clientes é o preço. No entanto, a
vidade. O brasileiro sempre quer ter o      realidade vai além disso. A consulto-
contato pessoal, mesmo que ele tenha        ra sênior de marketing e vendas do
acesso à internet, ele quer ver a cara      Sebrae-SP, Beatriz Micheletto, cita uma
do vendedor”, detalha Paulo Feldmann,       sondagem feita pelo Procon e a Fun-
presidente do Conselho da Pequena           dação Getulio Vargas em que foram
Empresa da FecomercioSP.                    analisados os motivos que fazem uma
                                            empresa perder clientes. “Sessenta e
Outro aspecto do atendimento, lem-          oito por cento das perdas de clientes
brado por Feldmann, é a vantagem que        se devem ao mau atendimento; 14% à
a pequena empresa tem em relação à          má qualidade de produtos e serviços;
de maior porte: a proximidade com o         9% ao preço e o restante por outros fa-
dono. “Ele está perto e pode acompa-        tores que independem da atuação do
nhar a maneira como o cliente está          empresário (morte do cliente, mudan-
sendo atendido”, destaca. Isso passa a      ça de endereço e a compra de produtos
ser um diferencial.                         vendidos por amigos)”, destaca.




                                                                            2012 • edição 21 • junho / julho                 15
GE sTãO                            Ser v i mos bem pa r a ser v i r sempre



Há quem carregue no DNA a arte de                                   “Meu pai ia até as mesas, almoçava com        o decote estava incomodando. Ela foi
atender bem e ainda acompanha,                                      as pessoas, batia papo. Eu adotei isso        embora e eu prometi guardar a peça.
desde pequeno, como é que se faz.                                   para o meu negócio. Não faço só o bá-         Dias depois ela voltou e comprou oito
A jornalista Cyane Alem, 37 anos, é                                 sico. Se a cliente está com preguiça de       peças, menos o vestido”, conta.
exemplo disso. Com os pais empre-                                   experimentar a roupa eu experimento
sários em Ribeirão Preto adminis-                                   e mostro como ela pode usar. No co-           A empresária oferece outros mimos
trando um restaurante árabe há 30                                   quetel em que comemoramos um ano              às clientes: não cobra para fazer barra,
anos e outro de comida nordestina                                   das atividades da loja, um cliente queria     leva e busca a roupa na costureira e já
há 16, ela acaba de completar um                                    comprar um presente para a namorada.          chegou a abrir a loja em um domingo,
ano à frente da boutique Benditta,                                  Eu deixei a festa e experimentei a roupa      para uma pessoa que iria viajar.
também na cidade. Desde criança                                     que ele queria levar”, explica a jornalista
vendo a atuação dos pais, ela apren-                                que também coloca em prática o que            Talvez por esse atendimento tão per-
deu muito cedo as estratégias para                                  aprendeu com especialistas em gestão,         sonalizado, a empresária não invista
ganhar e manter clientes.                                           que entrevistou quando era repórter.          muito em propaganda. Anuncia em
                                                                                                                  uma revista e o restante se deve às in-
                                                                    Cyane diz ainda que passa um tem-             dicações de outras clientes e às redes
                                                                    pão conversando com os clientes du-           sociais. “Quando eu posto uma foto já
                                                                    rante o atendimento para saber do             vêm várias perguntas. As pessoas que-
                                                                    trabalho, do dia a dia e recomendar o         rem saber se tem o número delas. É um
                                                                    que for mais adequado e estiver den-          retorno imediato”, comemora.
                                                                    tro das expectativas e do poder aqui-
                                                                    sitivo de quem está comprando. Por            A atenção ao atendimento e a capaci-
                                                                    conta dessa observação ela já sugeriu         tação dos colaboradores no comércio
                                                                    que uma cliente desistisse do vestido         são caminhos obrigatórios a serem
                                                                    que havia experimentado. “Eu vi que           percorridos por quem quer se manter
                                                                    ela não estava se sentindo bem, que           no mercado e, para quem não teve
                                                                                                                  professores na infância, existem cur-
                                                                                                                  sos bastante direcionados. O Senac e
                                                                                                                  o Sebrae oferecem algumas opções.
                                                                                                                  O curso livre Atendimento ao Clien-
  Foto: Olício Pelosi




                                                                                                                  te, do Senac, prepara aqueles que
                                                                                                                  vão atuar na área operacional. São




“
                                                                                                                  tratados aspectos como transparên-
                                                                                                                  cia e ética nas relações de consumo e
                                                                                                                  normas sobre direitos do consumidor,
                                                                                                                  além de postura, habilidades e atitu-
Salão de cabeleireiro é como pizzaria em São paulo:                                                               des pessoais e profissionais.

em cada esquina tem um. você tem que fazer diferente                                                              Para quem quer seguir carreira nessa
para conquistar o cliente. em relação aos meus colaboradores,
preciso ser um espelho: varro o chão, sirvo café, limpo
cadeira e esse comportamento se estende à equipe
                                                                                    “                             área existe o curso Técnico em Comércio,
                                                                                                                  de nível médio. Ele vai formar um profis-
                                                                                                                  sional que poderá também contribuir
                                                                                                                  para a gestão do negócio. “Essa pessoa
                                                                                                                  poderá auxiliar não só no atendimento
Andrea Guedes                                                                                                     ao cliente, mas também em processos de
Dona do salão Avant Garden
                                                                                                                  armazenagem; definição de preços; ex-




16                           2012 • edição 21 • junho / julho
posição de produtos; otimização no pro-     criatividade, fluxo de caixa e motiva-      Em um período tão curto de existência,
cedimento de compras e no tratamento        ção de equipe. Detalhes sobre cada um       os 14 funcionários já tiveram três cur-
com os fornecedores”, detalha o professor   desses cursos podem ser vistos no en-       sos. Dois ministrados por empresas es-
do Senac, Aurisol Sabino de Souza.          dereço www.sebraesp.com.br/ead.             pecializadas e outro criado por Andrea
                                                                                        e uma funcionária que também acu-
Esse curso ainda orienta o aluno a de-      A cabeleireira Andrea Guedes, 33 anos,      mulou experiência em vários salões.
senvolver planos de marketing e vendas      conhece bem a importância do bom
e trata de tendências e inovações tec-      atendimento e a necessidade de inves-       Quando fala sobre atendimento ela
nológicas na área comercial. “Como vai      tir em cursos e treinamento.                mostra porque conseguiu rapidamente
ser o supermercado daqui alguns anos?                                                   seus clientes e como atrai outros. “Eu
Será muito diferente do que é hoje e        Durante oito anos foi funcionária de        oriento as recepcionistas a atenderem
esse profissional precisa estar prepara-    uma rede de salões de beleza que tem        ao telefone sorrindo. Quem está do ou-
do pra isso”, destaca Souza.                por filosofia tratar o cliente como prio-   tro lado já sente que será bem recebido.
                                            ridade. A marca investe no bom trata-       Além de nos preocuparmos em oferecer
Outros 11 cursos são oferecidos pelo Se-    mento e bem-estar das pessoas durante       produtos de boa qualidade, temos algu-
brae-SP. Eles são gratuitos, de curta du-   a permanência delas no estabelecimen-       mas práticas que utilizamos do primei-
ração e feitos à distância. Cada um dos     to. Quando Andrea deixou essa rede e        ro ao último cliente”, explica.
temas tem carga horária de três horas       foi trabalhar em outros salões, ela co-
e o participante tem 15 dias para con-      nheceu uma realidade diferente: “eu vi o    Ela considera importante que todo fun-
cluí-lo. Ao final desses cursos o aluno     que não se deve fazer”, conta. Após anos    cionário cumprimente cada cliente como
pode imprimir o certificado. Os temas       acumulando experiência ela decidiu to-      se fosse seu; que mantenha os espaços
vão desde o desenvolvimento de com-         mar as rédeas de sua vida profissional e,   limpos e organizados e que na chegada
petências empresariais até a sucessão       há um ano, comanda o salão Avant Gar-       já ofereça café, chá, cappuccino...
em empresas familiares, passando por        den, na capital paulista.
                                                                                        “Salão de cabeleireiro é como pizzaria
                                                                                        em São Paulo: em cada esquina tem
                                                                                        um. Então você tem que fazer diferen-
                                                                                        te para conquistar o cliente. Tenho um
                                                                                        assistente de cabeleireiro que, quan-
                                                                                        do a cliente está em dúvida quanto
                                                                                        ao esmalte, ele testa várias cores nas
                                                                                        mãos dele. Eu sinto também que, em
                                                                                        relação aos meus colaboradores, pre-
                                                                                        ciso ser um espelho. Eu também varro
                                                                                        o chão, sirvo café, limpo cadeira e esse
                                                                                        comportamento se estende à equipe.
                                                                                        Por isso, se eu estou fora, fico tranqui-
                                                                                        la, porque sei que o salão está em boas
                                                                                        mãos”, ensina Andrea.


                                                                                        A dedicação ao atendimento dá à ca-
                                                                                        beleireira a segurança para conquistar
                                                                                        novos clientes. “Eu costumo dizer que
                                                                                        a gente só precisa que a pessoa entre
                                                                                        no salão porque nós vamos fazer a di-
                                                                                        ferença.” A clientela agradece.       &




                                                                            2012 • edição 21 • junho / julho                      17
C A PA
POR Por Raphael Ferrari e Denise Ramiro
ILUSTRAÇÕES ÂNGELA BACON




                                          5X




                                  10X
000 xxx




     Governo força


                       O custo do
  redução dos juros
para o consumidor



                       dinheiro
    final e mercado
 financeiro precisa
se reestruturar para
 se manter atrativo




            15X




                             8X
C A PA               O c u s to do d i n hei ro




d        esde agosto de 2011 o Siste-
ma Especial de Liquidação e Custódia
                                                                        áreas importantes como saúde, educa-
                                                                        ção e infraestrutura. Já para as Pessoas
                                                                                                                    bém podem ser vistos como o custo
                                                                                                                    do dinheiro, que no último trimestre
já caiu quatro pontos porcentuais                                       Físicas (PF) e Jurídicas (PJ), a queda da   de 2011 eram de 45,2% a.a. recuaram
(p.p.), saindo de 12,5% ao ano (a.a.) e                                 Selic tem implicações mais interessan-      somente 0,9 p.p., fechando o primeiro
chegando à 8,5% a.a., a taxa mais bai-                                  tes. Primeiro, com o dinheiro poupado       trimestre do ano em 44,3% a.a. para o
xa da história. Mas o que significa isso                                (guardado) rendendo menos, o consu-         consumidor na ponta.
para o bolso do consumidor? A Selic,                                    mo e os investimentos se tornam mais
como é mais conhecida, é a taxa bá-                                     atrativos. E mais importante: o crédito     A justificativa das instituições finan-
sica de juros da economia brasileira                                    se torna mais acessível, mais barato.       ceiras para os juros ao consumidor
usada como instrumento de política                                      O que permite às famílias financiar a       não caírem na mesma proporção que
monetária para o controle da inflação.                                  expansão de suas compras e, por sua         a Selic é o receio de um incremento no
Contudo, quando o Comitê de Política                                    vez, às empresas adquirir bens, equipa-     nível de inadimplência, que de acordo
Monetária (Copom) anuncia a retra-                                      mentos, aumentar a capacidade insta-        como Banco Central (BC) corresponde
ção ou o aumento da Selic não há uma                                    lada, fazer mais contratações...            ao volume de crédito com pagamento
mudança direta na inflação, mas uma                                                                                 atrasado há mais de 90 dias. Contudo,
série de mudanças no mercado que,                                       Há um ciclo virtuoso entre crescimento      ainda de acordo com dados do BC, a
teoricamente, devem culminar em                                         do consumo, nível de emprego e renda        inadimplência recuou 0,2 p.p. entre
mais ou menos consumo das famílias                                      que é mantido enquanto houver inves-        2010 e 2011, sendo somente de 7,6%.
e, consequentemente, aquecimento ou                                     timentos para que a oferta se mante-        Conforme explica Antonio Carlos
arrefecimento da atividade interna.                                     nha no mesmo nível, ou até ligeira-         Borges, diretor executivo da Feco-
                                                                        mente acima da demanda. Ou pelo             mercioSP, entretanto, “hoje, o spread
Quando a Selic é “cortada”, o governo                                   menos isso é o que deveria acontecer.       bancário (diferença entre o custo de
gasta menos com a dívida pública, que                                                                               captação de recursos e o preço re-
é corrigida pela taxa básica de juros – o                               Na prática, a despeito da redução de        passado para o consumidor de crédi-
que o deixa com mais recursos dispo-                                    quatro p.p. na taxa Selic, os juros co-     to) é, em média, de 33,2%, sendo que
níveis para realizar investimentos em                                   brados em financiamentos, que tam-          11% correspondem a taxa de risco de




                                               “  a força motriz para lançarmos a campanha
                                                  de redução de juros foi a constatação de que
                                                  juros elevados consomem muito a renda
                                                  mensal das pessoas e levam, consequentemente,
                                                  ao aumento da inadimplência
                                                                                                            “
                                                  Walter Malieni
                                                  Diretor de Distribuição do Banco do Brasil
                                                     Foto: Divulgação
000 xxx                                NOVAS TAXAS
                                  O movimento de corte dos juros bancários nas operações
                                    de crédito ao consumidor caminha de forma tímida

                                                    CDC - Bens diversos
                                                        Taxas médias     Taxas médias
                                     Bancos                                                  Variação
                                                         abril de 2012     maio de 2012
                    000 xxx




                                  Banco do Brasil           1.79%             1.90%            0.11
                              Caixa Economica Federal       5.93%              5.91%           -0.02
                                       Itaú                 0.00%             0.00%            0.00
                                     Bradesco               2.78%              3.31%           0.53
                                    Santander               3.83%             2.30%            -1.53
000 xxx




                                       HSBC                 4.26%             4.35%            0.09

                                                        Cheque Especial
                                  Banco do Brasil           8.64%             8.40%            -0.24
                              Caixa Economica Federal       4.34%             4.34%            0.00
                                       Itaú                 8.69%             8.77%            0.08
                                     Bradesco               8.78%             8.76%            -0.02
                                     Santander              10.34%            10.31%           -0.03

                    15X                HSBC                 10.11%            10.14%           0.03


                                                 Financiamento Veículos
                                  Banco do Brasil            1.37%             1.38%           0.01
                              Caixa Economica Federal        1.82%             1.71%           -0.11
                                        Itaú                 1.62%             1.58%           -0.04
                                     Bradesco                1.60%             1.58%           -0.02
                                     Santander               1.68%             1.65%           -0.03
                                       HSBC                  1.78%             1.54%           -0.24

                                                    Empréstimo Pessoal
                                  Banco do Brasil           2.38%              2.42%           0.04
                              Caixa Economica Federal       1.93%              1.99%           0.06
                                       Itaú                  3.77%             3.60%           -0.17

                    5X               Bradesco
                                   Santander
                                                            4.36%
                                                            3.29%
                                                                               4.39%
                                                                               3.33%
                                                                                               0.03
                                                                                               0.04
                                      HSBC                  4.19%              4.23%           0.04




                                                          2012 • edição 21 • junho / julho             21
C A PA                O c u s to do d i n hei ro




conversando a
gente se entende                                                                              5X
José Sergio Barbieri roda o País há 35 de seus 53 anos.
Caminhoneiro, ele constitui uma pequena empre-
sa de uma pessoa só. Mas nem sempre foi assim.
Barbieri já teve mais de um caminhão e contratou
motoristas para guiar, mas os problemas de ter um
segundo motorista – inclusive as implicações legais
de ter um funcionário – deram mais “dor de cabeça”
do que lucro. Entretanto, há uma trabalhadora que o
acompanha por todos esses anos. Sua esposa, Maria
Aparecida Barbieri, 50 anos, é quem cuida das guias
de recolhimento de tributos, das finanças e do finan-
ciamento dos veículos.                                              inadimplência”. Uma taxa abusiva,
                                                                    considerando que o recorde histórico
“Já foram mais de 15 financiamentos”, conta                         de inadimplência, 8,54%, foi registra-
Maria. “Somente em 2008, foram cinco. Finan-                        do em maio de 2009, no pior período
ciamos três caminhões e duas carretas”, lembra.                     da crise econômica internacional. “Es-
Sem se preocupar em entender exatamente o que                       tamos lidando com um valor muito
são os juros, Maria diz que analisa se a parcela                    acima da realidade”, critica.
cabe no orçamento – como a maior parte dos bra-
sileiros – e fica de olho em quanto o preço final                   No setor automotivo, os números cha-
do veículo sobe. “Da última vez o banco cobrou                      mam à atenção. Segundo dados da
34,77% a mais do que o valor do caminhão, mas                       FecomercioSP a taxa de juros cobrada
como foi dividido em quatro anos compensou”,                        pelos bancos para o financiamento de
comenta. A taxa equivale a juros de 8,69% ao ano.                   automóveis é de 26,6% a.a., sendo que
                                                                    dentro desta taxa está embutido um
Experiente, Maria afirma que antes de fechar                        spread de 17,1% a.a.. Considerando que
o financiamento é importante analisar as op-                        os financiamentos de automóveis têm
ções – Crédito Pessoal, Leasing, Financiamento                      saldo de R$ 178 bilhões, somente de
de Máquinas e Equipamentos (Finame) –, fazer              000 xxx   spread as instituições financeiras rece-
simulações em mais de um banco e ficar atento                       bem cerca de R$ 30 bilhões, ou três ve-
aos encargos. “É normal que um financiamento                        zes o valor devido pelos inadimplentes,
custe mais do que o anunciado porque eles nunca                     R$ 10,5 bilhões (5,9% do total movimen-
incluem o custo dos tributos quando falam o pre-                    tado pelo setor). “Há bastante gordura
ço, só quando fecham o negócio”, critica. “O mais                   para queimar”, sintetiza Borges.
importante é sentar com o gerente e negociar,
porque você sempre pode conseguir algo melhor                       A partir de abril, entretanto, o governo
do que aquilo que te ofereceram.”                                   começou uma “ofensiva” contra o se-




                                           15X
não há razão para que o custo de um
                                                                                             empréstimo no Brasil seja mais de 15
                                                                                             vezes superior ao dos Estados Unidos
                                                                                             ou em outros países com economias
                                                                                             próximas à nossa. “Somos um ponto
                                                                                             fora da curva.”


                                                                                             Desde o início da pressão governamen-
                                                                                             tal, o Banco do Brasil (BB) já promoveu
                                                                                             cinco cortes de juros no crediário para
                                                                                             as pessoas físicas e jurídicas. A iniciati-
                                                                                             va parece estar dando certo. Com um
                                                          Foto: Divulgação


                                                                                             aporte adicional de R$ 27 bilhões para
                                                                                             as linhas voltadas às micro e peque-
                                                                                             nas empresas e de outros R$ 16 bilhões
                                                                                             para PF, o BB viu crescer a demanda de
                                                                                             vários de seus produtos.




“
                                                                                             A oferta de crédito também cresceu
                                                                                             na Caixa Econômica Federal e, junto
                                                                                             com ela, a atração de novos clientes. De
Com a queda da Selic e a maior oferta de                                                     acordo com Fábio Lenza, vice-presiden-
crédito nos bancos públicos, a tendência                                                     te de pessoa física do banco, do começo

é que a cada mês as taxas fiquem menores.
o melhor, para quem puder, é esperar
                                                        “                                    de abril até a terceira semana de maio
                                                                                             a Caixa emprestou R$ 7,9 bilhões. Al-
                                                                                             guns produtos para pessoas físicas se
                                                                                             destacam. A movimentação média di-
Miguel de Oliveira                                                                           ária do Crédito Consignado e o Crédito
Vice-presidente da Anefac                                                                    Direto ao Consumidor (CDC) passaram
                                                                                             de R$ 60 milhões e R$ 9 milhões, res-
                                                                                             pectivamente, para R$ 109 milhões e
                                                                                             R$ 25 milhões. Um aumento de 82,3%
tor financeiro pressionando para que      procura de juros mais razoáveis. “Como             e 119,7% no volume médio de emprésti-
a queda da Selic seja repassada ao        esses bancos têm muita presença no                 mo diário dessas linhas de crédito.
consumidor final e os juros do siste-     mercado, a jogada deve dar certo”,
ma, como um todo, caiam. A principal      opina. “Entretanto, ainda levará algum             Na batalha para atrair novos clientes,
arma do governo nessa “guerra de ju-      tempo para notarmos as mudanças                    além da redução dos juros, os bancos
ros” é a concorrência.                    mais significativas”, completa.                    estão oferecendo condições especiais
                                                                                             para clientes que transferirem sua
André Mafaro, especialista em Finan-      A posição é corroborada por Alcides                conta salário para a instituição. No
ças e Economia da Moneyfit, explica       Leite, professor de Economia da Trevi-             Programa Bom Para Todos, do BB, o
que ao baixar os juros dos bancos esta-   san Escola de Negócios. “É um proces-              cliente que recebe seus vencimentos
tais (Caixa Econômica Federal e Banco     so demorado, mas estamos começan-                  pelo banco paga taxa única de 3,9%
do Brasil) o governo espera forçar os     do a trazer os juros no País para um               no cheque especial – para os demais
bancos privados a reduzirem suas ta-      patamar mais razoável em relação à                 clientes o custo pode chegar a 8,27%.
xas para evitar uma fuga de contas à      média mundial.” Leite pondera que                  A postura também foi adotada por




                                                                                   2012 • edição 21 • junho / julho                  23
C A PA              O c u s to do d i n hei ro




outros bancos. No Bradesco, por
exemplo, a taxa do cheque especial é
de 4,7% para os clientes que têm sua
conta salário no banco, e de 8,9% para
os que não têm.


Se o movimento de queda dos juros é
aplaudido pelo consumidor, o mesmo
não acontece com o investidor que
                                                  Foto: Ed Viggiani
aplica em papéis do setor financeiro. É
o caso dos acionistas do BB, por exem-
plo, que se mostraram preocupados
com a possível perda de rentabilidade
de suas aplicações. Mas não é essa a
conta do BB. Segundo Walter Malieni,
diretor de Distribuição do Banco do
Brasil em São Paulo, ao trazer os juros
para um patamar mais saudável, as
famílias poderão consumir mais, mo-
vimentando a economia. “O volume
                                               Juro novo, casa nova
dos negócios vai compensar a queda
dos juros”, garante.                           Aos 52 anos de idade o engenheiro da Petro-      um dinheiro para completar o valor da
                                               bras, Valdemir Antonio Paulucci, deu uma         entrada do imóvel. Foi aconselhado pelo
No momento, a transição de uma                 guinada na vida. Separou-se da mulher e          gerente do banco a tomar um empréstimo
agência a outra ainda é, majoritaria-          ficou com a guarda dos dois filhos adoles-       consignado, pagando taxa mensal abaixo
mente, em busca de informações, mas            centes. No aspecto financeiro a mudança          de 1% durante 60 meses.
há números que indicam o quanto as             significou a necessidade de comprar um
famílias anseiam por juros mais bai-           imóvel para morar com Giovanna, 16 anos,         “Foi um processo rápido e simples”, diz
xos. “Somente em maio, a Caixa abriu           e Julio, 14 anos. Enquanto corria atrás do fi-   Paulucci. Ele sabe que essa facilidade vem
mais de 280 mil novas contas de PF             nanciamento imobiliário, o País assistia ao      do fato de ele ser correntista do Banco do
atraídas pela redução nos juros”, con-         surgimento de um movimento em favor da           Brasil desde 1995. Isso porque, com a nova
ta Lenza. “Uma evolução de 26,3% em            redução dos juros bancários.                     realidade de juros no País, os bancos estão
relação a abril”. O incremento no rit-                                                          condicionando a concessão de taxas meno-
mo de abertura de contas PJ também             Paulucci acabou se beneficiando dessa “guer-     res para quem tem ou transfere a conta salá-
foi expressivo. Foram 42 mil contas            ra dos juros”. Assinou o contrato de finan-      rio para o banco.
abertas em maio, ou 39,3% a mais que           ciamento com uma significativa redução de
no mês anterior.                               custo em relação às primeiras simulações fei-    Agora, devidamente instalado na nova casa no
                                               tas pelo gerente do banco. Fazendo as contas,    bairro do Butantã, na capital paulista, Pauluc-
O movimento de queda dos juros,                Paulucci vai economizar R$ 300,00 por mês        ci espera antecipar a quitação da dívida para,
contudo, ainda caminha a passos de             na prestação, o que significa quase R$ 65 mil    quem sabe, assumir outros compromissos.
tartaruga, especialmente nos ban-              a menos no final do contrato, daqui a 18 anos.   “Sou um consumidor controlado”, afirma
cos privados. Essa é a avaliação de                                                             ele. “Mas agora que as taxas de juros tendem
Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-         Antes de concluir a operação, porém,             a seguir o preço de mercado, é possível pla-
-presidente da Associação Nacional             Paulucci precisou levantar rapidamente           nejar melhor o consumo.”
dos Executivos de Finanças, Admi-




24                 2012 • edição 21 • junho / julho
“
Sou um consumidor controlado.
mas agora que as taxas de juros tendem
                                                                                                No mesmo sentido, Leite, daTrevisan
                                                                                                Escola de Negócios, afirma que o consu-
                                                                                                midor brasileiro está no limite do endi-

a seguir o preço de mercado, é possível
planejar melhor o consumo
                                          “                                                     vidamento, não porque a dívida é muito
                                                                                                elevada, mas porque seu custo é abusivo.
                                                                                                “O endividamento dos brasileiros é baixo
                                                                                                em relação aos padrões internacionais,
Valdemir Antonio Paulucci                                                                       só que há uma diferença fundamental.
Engenheiro da Petrobras
                                                                                                O custo da dívida é extremamente alto.”


nistração e Contabilidade (Anefac),       banco em busca de taxas menores.                      De acordo como Mafaro, os juros co-
que destaca que, apesar do esforço        Até porque, segundo Oliveira, a apro-                 brados por uma dívida no rotativo do
dos bancos estatais para aumentar         vação de um contrato de crédito não é                 cartão de crédito, a modalidade de cré-
a oferta de crédito e reduzir as taxas    tarefa fácil para o consumidor. “Com a                dito mais popular no País, é de 238,3%
bancárias, o Brasil ainda tem juros       queda da Selic e a maior oferta de cré-               a.a.. “Já nos Estados Unidos, os juros
muito altos. Prova disso é que mes-       dito nos bancos públicos, a tendência                 cobrados pelo mesmo serviço são de,
mo após as recentes quedas da Se-         é que a cada mês as taxas fiquem me-                  aproximadamente, 12% a.a.”, compara.
lic, a taxa média anual para PF caiu      nores”, aposta. “O melhor, para quem                  Mafaro projeta que em 66 meses (cin-
somente 1,88 p.p. entre fevereiro e       puder, é esperar.”                                    co anos e meio) uma dívida de R$ 1 mil
março deste ano, atingindo 106,99%                                                              no cartão se torna uma dívida de R$ 1
a.a.. No caso da PJ, o custo médio para   O diretor executivo da FecomercioSP                   milhão. “Achar uma aplicação na bolsa
o tomador de crédito caiu de 55,01%       pondera que há espaço para uma re-                    com esse retorno é mais difícil que ga-
a.a. para 53,40% a.a., no mesmo pe-       dução de até um quarto na taxa atual                  nhar na loteria”, ironiza.
ríodo. “Ainda há muita margem para        de juros ao consumidor, passando dos
queda de juros no País”, diz Oliveira.    44,3% a.a. para cerca de 32% a.a.. “So-               O fato é que as taxas de juros pratica-
                                          mente isso iria significar um acréscimo               das hoje no Brasil são abusivas e injus-
Ele explica que o preço do crédito é      de R$ 45 bilhões na renda disponível                  tificáveis, principalmente frente aos
determinado por diversos fatores,         para consumo das famílias, elevando                   bons indicadores de emprego e renda,
entre eles, custo de captação do          em até 5% as vendas no ano.”                          e ao serem mantidas estão subsidian-
banco, impostos, despesas admi-                                                                 do a inadimplência e restringindo a
nistrativas, risco de inadimplência       Borges avalia que o barateamento do                   disseminação de crédito que alavan-
e, obviamente, lucro da instituição.      crédito também teria repercussões                     caria o consumo e, consequentemente,
Para que os juros caiam para o con-       positivas para o nível de inadimplên-                 o nível da atividade interna. Ao menos
sumidor final é preciso reduzir os        cia. Segundo ele, as famílias brasileiras             desta vez parece que o governo está
custos desses insumos. A captação,        pagaram R$ 183,5 bilhões apenas em                    trabalhando para mudar essa situação,
por exemplo, tende a ficar mais ba-       juros dos seus empréstimos em 2011.                   e não somente para inglês ver. &
rata na medida em que a Selic, que        O valor é 30% maior do que o de 2010
baliza o preço pago pelos bancos          e corresponde a cerca de 20% de todo
para tomar dinheiro no mercado,           faturamento estimado do varejo na-
recua. E o governo dá sinais de que       quele ano. “A força motriz para lançar-
a trajetória de queda da taxa básica      mos a campanha de redução de juros
de juros ainda não acabou.                foi, justamente, a constatação de que
                                          juros elevados consomem muito a ren-
Diante de tudo isso, o consumidor         da mensal das pessoas e levam, conse-
deve observar o movimento do mer-         quentemente, ao aumento da inadim-
cado antes de decidir-se por trocar de    plência”, concorda Malieni, do BB.




                                                                                      2012 • edição 21 • junho / julho               25
A RT IG O
        POR Paulo roBerto Feldmann




atuaL Lei eLeitoraL                                                                   nas campanhas são empresas muito
                                                                                      grandes. Evidentemente esses grupos,



prejudica a
                                                                                      que por sinal são muito bem adminis-
                                                                                      trados, não são de desperdiçar recur-




pequena empresa
                                                                                      sos, ou seja, quando põem dinheiro
                                                                                      numa campanha eleitoral vão querer
                                                                                      o retorno logo depois que o seu candi-
                                                                                      dato tomar posse.




n
                                                                                      Essa é a perversidade de nosso sistema
                                                                                      eleitoral, e com ele é possível entender
         ós brasileiros estamos tão       No Brasil não existe nenhum apoio           o porquê nada será feito para tirar os
cansados da frequência com que            ou incentivo para que as pequenas se        privilégios das grandes empresas. Não
aparecem    novos     escândalos   nos    unam com a finalidade de exportar           podemos chamar de democracia plena
jornais que já nem sabemos o que          em conjunto, por exemplo. Por isso,         o sistema político de um país no qual
sentimos: se indignação ou fastio.        elas respondem por apenas 1% das            o poder econômico é quem decide as
Se pararmos para analisar, veremos        exportações brasileiras. Na Itália elas     eleições. Em países verdadeiramente
que a maioria dos casos que vem à         são responsáveis por 43% das expor-         democráticos como Alemanha, Sué-
tona está relacionado com fundos          tações, pois lá existe uma politica go-     cia ou Holanda empresas não podem
que precisam ser arrecadados para         vernamental com esse fim. Aqui é raro       apoiar campanhas eleitorais, apenas
campanhas eleitorais ou então re-         que compras públicas sejam direcio-         pessoas físicas. Fica a sugestão para
tribuições que parlamentares ou           nadas às pequenas como está sendo           nossa futura lei eleitoral. &
dirigentes públicos eleitos precisam      feito neste momento na Inglaterra
                                                                                      Paulo Roberto Feldmann é presiden-
fazer para quem os apoiou na época        nas contratações e licitações para os
                                                                                      te do Conselho da Pequena Empresa
da eleição. Por incrível que pareça a     Jogos Olímpicos de Londres.                 da FecomercioSP
lei eleitoral que é a principal respon-
sável por gerar essa nefasta situação     O que se constata é que tanto nossos
para o País é também muito perversa       governantes quanto nossos legislado-
com as pequenas empresas.                 res não têm as pequenas empresas
                                          em sua agenda e isso é muito fácil de
Apesar de as pequenas represen-           entender, basta verificar quem apoiou
tarem 99% do total de empresas            as campanhas eleitorais dos mesmos.
existentes no País elas respondem
por apenas 20% do PIB brasileiro, se-     A relação dos maiores apoiadores de
gundo dados do SEBRAE de 2010. Só         campanhas eleitorais deveria ser ampla-
mesmo países muito pobres, a maio-        mente conhecida pela sociedade brasi-
ria africanos, apresentam índices         leira. No site www.transparencia.org.br é
tão baixos de participação de suas        possível ver a relação dos doadores.
pequenas empresas nos respectivos
PIBs. Na Alemanha e na França esses       Por meio dessa relação de doadores
índices são de 55 e 58%, respectiva-      verificamos que é muito pequena a
mente. A causa para esta situação é       participação das pessoas físicas como
a inexistência no Brasil de politicas     apoiadoras das campanhas eleitorais
públicas que apoiem as pequenas           e menor ainda a participação das
empresas, bem ao contrário desses         pequenas     empresas. Constatamos
outros países mencionados.                que quem efetivamente põe dinheiro




26                  2012 • edição 21 • junho / julho
NEG ÓCIOS
TEXTO ENZO BERTOLINI
vai fazer compras?
vá de bike
                                            Cada vez mais paulistanos estão aderindo



o
                                            à magrela para deslocamentos e o comércio precisa

         trânsito caótico e constante de    se preparar para receber bem o cliente ciclista.
São Paulo tem transformado o ato de ir
e vir em uma luta diária na vida das mi-    Veja testemunhos de quem já aderiu e como fazer
lhões de pessoas que vivem e se locomo-
vem por uma das maiores metrópoles
do mundo. Segundo dados do Departa-
mento Estadual de Trânsito de São Paulo
(Detran) em abril – mês com último dado     sete quilômetros. Acima dessa distân-      O músico e artista escocês David Byrne
disponível –, somente na capital paulista   cia, a intermodalidade (bike+ metrô ou     (ex-vocalista do Talking Heads), autor do
havia mais de 7,25 milhões de veículos.     ônibus) é uma excelente alternativa.       livro “Diários de Bicicleta”, diz que andar
Desse total, 5,25 milhões são formados      Claro que nada impede das pessoas          de bicicleta é flertar com a cidade, por-
por carros. Além da grande quantidade       pedalem distâncias maiores.                que não é nem devagar demais, nem rá-
de veículos, a taxa média de ocupação                                                  pido demais. E é de olho nesse flerte, que
por carro vem caindo ano a ano. Em 2005     Engana-se quem acha que a ausência         muitos comerciantes estão acordando
era 1,49 pessoa por carro, em 2009 caiu     de ciclovias é um impeditivo para a cir-   para o atendimento ao consumidor que
para 1,46 e em 2011 chegou a 1,40. Ou       culação de bicicletas. O Código de Trân-   utiliza a bicicleta nos seus deslocamen-
seja, atualmente, a cada cinco carros em    sito Brasileiro (CTB) diz em seu artigo    tos diários, também conhecidos como
circulação nos horários de pico, somente    58 que: “Nas vias urbanas e nas rurais     bike-commuters na sigla em inglês.
sete pessoas são transportadas.             de pista dupla, a circulação de bicicle-
                                            tas deverá ocorrer, quando não houver      De acordo com a pesquisa Origem/
Esse caos instalado tem feito mais          ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou   Destino do Metrô realizada em 2007,
pessoas deixarem seus veículos de           quando não for possível a utilização       70% dos deslocamentos de bicicleta
lado e usarem a bicicleta como meio         destes, nos bordos da pista de rolamen-    em São Paulo têm como motivo princi-
preferencial em seus deslocamentos.         to, no mesmo sentido de circulação re-     pal o transporte. Ainda de acordo com
Especialistas afirmam que a bike é o        gulamentado para a via, com preferên-      os dados, 57% das viagens utilizando
transporte ideal para distâncias de até     cia sobre os veículos automotores”.        bicicletas tiveram como motivação a




                                                                           2012 • edição 21 • junho / julho                    29
NEG ÓCIOs                                     Va i fa zer compr a s? Vá de bi ke



pequena distância da viagem e 22%           aconchego e por ser palco constante                     representativo – mostrou que ao utilizar
a condução alternativa ser considera-       de noite de autógrafos. A tradicional                   a bicicleta como meio de transporte, o
da cara. “Os comerciantes ainda não         Confeitaria Vera Cruz, localizada no                    consumidor dá preferência em visitar
acordaram para esse público. Tento          Tatuapé é outro estabelecimento que                     comércios instalados em seu próprio
mostrar que o ciclista é um consumi-        disponibiliza paraciclos para o cliente                 bairro em detrimento de outros mais
dor, que usa a bicicleta como meio de       ciclista. Com um espaço para amarrar                    distantes. É o caso do casal Camila Vale
locomoção”, diz Eduardo Grigoletto,         o cachorro enquanto as compras são                      e Marco Toscano, usuários frequentes
proprietário da Ciclomídia, empresa         feitas, o local era utilizado por ciclistas             da ciclofaixa da zona Norte, que prioriza
especializada em fornecer estruturas        e gerava confusão pela falta de espaço                  o consumo em estabelecimentos na re-
para o estacionamento de bicicletas.        para os cachorros, além da localização                  gião por onde pedala. “A Prefeitura está
                                            atrapalhar o fluxo de entrada e saída.                  começando a ver que já tem muito carro
A empresa nasceu em função dessa ne-        O proprietário do local, João Orlando                   na rua e não adianta criar mais pistas e
cessidade. Grigoletto que enfrentava        Junior, optou então por instalar paraci-                viadutos, o melhor é investir na bicicleta.
dificuldades em estacionar sua bicicle-     clos na calçada em frente à confeitaria.                O ciclista é uma forma mais barata de
ta com segurança ao visitar a maioria       “O número de pessoas que frequen-                       investimento para transporte”, afirma
dos lugares. “O andar de bicicleta na ci-   tam a padaria de bicicleta triplicou aos                Toscano. Ao escolher atender melhor o
dade tem sido bastante abordado, mas        finais de semana” diz, Orlando Junior,                  ciclista, o empresário do comércio tam-
o estacionar nem tanto”, complemen-         ele também um ciclista. “Queremos                       bém pode ganhar com a compra por im-
ta. Um dos lugares que já contam com        instalar mais dois num futuro breve.”                   pulso. “A velocidade da bicicleta permite
paraciclos instalados pela Ciclomídia                                                               uma interação maior entre as vitrines de
é a unidade da Fradique Coutinho da         Um estudo realizado em 2008 na Holan-                   lojas de rua e o consumidor, que ao estar
Livraria da Vila, espaço famoso por seu     da – país onde o deslocamento de bike é                 em uma bicicleta pode parar mais rápi-
                                                                                                    do e facilmente na comparação com o
                                                                                                    automóvel”, exemplifica José Lobo, presi-
                                                                                                    dente da organização não governamen-
                                                                                                    tal Transporte Ativo.

     Paraciclos e Bike Vallet                                                                       O Coletivo CRU criou recentemente
                                                                                                    uma plataforma online e colaborativa
                                                                                                    chamada BikeIT! (www.bikeit.com.br)
    De acordo com os dados de 2007 da pesquisa Origem/Destino do Metrô, excetuando as               para que ciclistas possam postar depoi-
    viagens de bicicleta de retorno à residência, o principal local de guarda de bicicleta é pri-   mentos sobre estabelecimentos dizen-
    vado, 61%. Os bicicletários gratuitos correspondem a 15% e os locais públicos, 8%.              do se aprovam ou reprovam o local de
                                                                                                    acordo com o atendimento e estrutura
    Para montar o seu próprio paraciclo, a Transporte Ativo possui um guia de orientação em         para ciclistas. O local que possui atendi-
    seu site. Segundo José Lobo, presidente da entidade, o custo médio da vaga (que comporta        mento exemplar em todos os aspectos
    pelo menos duas bicicletas) é de R$ 150 a R$ 450. “O Maracanã criou 80 vagas com mate-          ganham o selo BikeIT!.
    rial reciclado feito dentro das oficinas do estádio. Essa é a forma mais barata hoje”, conta.
                                                                                                    ciclofaixas, ciclorrotas
    Para aqueles que querem mais praticidade, a Ciclomídia faz e monta as estruturas, que           e ciclovias
    possuem diferenciações entre si, desde um modelo simples até a implantação de Bike Val-
    let para eventos, shows, feiras, congressos e todo tipo de eventos com grande concentra-        A cidade de São Paulo conta hoje com
    ção de pessoas incentivando. “Guardamos a bicicleta e todo o equipamento que o ciclista         três tipos de estruturas para ciclistas: ci-
    quiser com segurança”, finaliza Eduardo Grigoletto.                                             clofaixa, ciclorrota e ciclovia. A diferença
                                                                                                    entre elas é simples. A ciclovia é um espa-
                                                                                                    ço para a circulação de bicicletas com se-




30                 2012 • edição 21 • junho / julho
Revista C&S 21 junho/julho 2012
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  • 1. ISSN 1983-1390 00021 9 771983 139001 revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo ANO 21 • Nº 21 • JUNHO/JULHO • 2012 se ja bem-v indo Taxas em Inves t ir em mão de obra liquidação qu alif ic ad a f ideliza clientes, sabia? Como o varejo e o consumidor devem tirar proveito da onda de cortes dos juros a r e na a lv inegr a C & S v isita obra s do es tádio do Cor inthians, templo d a ab er t ura d a Copa 2014 5X 2X aceitamos voos a lTos crédito P r ivat izaç ão e aumento de %off demand a vão mud ar os negó c ios nos aerop or tos. Aproveite ... ... suaves 000 xxx parcelas.. di v er sida de bel a Revelamos como o merc ado de nicho p o de at rair to dos os t ip os de consumidores
  • 2. ÕES QUER SOLUÇ O ESTIMENT BUSCA INV Aqui, 15 e 16 tudo gira out.2012 em torno 12h às 20h Exposição e Conferência de Inovação e Empreendedorismo de Base Tecnológica da inovação. Apoio
  • 3. ES TEM SOLUÇÕ TIDOR BUSCA INVES Um grande mapeamento da inovação no Brasil: se você busca novos negócios, já sabe onde vai encontrar. A Expocietec 2012 vai reunir quem pensa, faz, promove e busca inovação nas startups. Será o grande ponto de encontro de incubadoras, parques tecnológicos, novos empreendedores, compradores e investidores do Brasil. Um evento voltado para quem quer fazer negócios com serviços, produtos e oportunidades inovadoras. Uma vitrine de possibilidades para você. Participe e inscreva-se. Exposição – Seed Forum – Rodadas de Negócios – Palestras – Espaços de Fomento Entrada Franca. Cadastre-se antecipadamente pelo site www.expocietec.com.br FecomercioSP - Rua Doutor Plínio Barreto, 285 CEP: 01313-020 - Bela Vista - São Paulo - SP Realização
  • 4. C A RTA AO L EI TOR Cortar mais, para crescer Aqui tem a presença do comercio A taxa Selic no patamar de 8,5% au- importante que o Senac moldou cur- Presidente Abram Szajman Diretor Executivo Antonio Carlos Borges mentou o movimento de emprésti- so sobre técnicas de comércio, com o mos dos bancos. São pessoas tanto objetivo de formar profissionais de física como jurídica interessadas excelência na área, além de oferecer em novos financiamentos, a custos aconselhamento sobre o tema. Os Conselho Editorial menos salgados. Os líderes dessas lojistas que fazem a diferença são Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Paulo Rabello ofertas são os bancos estatais. O exemplos de sucesso de vendas. Por de Castro, Cláudio Lembo, Renato Opice Blum, José Pastore, Adolfo Melito, Jeanine Pires, Paulo Feldmann, Banco do Brasil promoveu um apor- sua importância para o comércio, o Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer, te adicional de R$ 27 bilhões para as assunto é focado em duas reporta- Luiz Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio Pina e Guilherme Dietze linhas voltadas às micro e peque- gens e também se destaca na entre- nas empresas. Outros R$ 16 bilhões vista de Jaime Drummond, criador e Editora destinaram-se a pessoas físicas. Na presidente da Mahogany. Diretor de comunicação e editor chefe Jander Ramon Caixa Econômica Federal, somente Diretor de conteúdo André Rocha em maio, foram abertas mais de 280 Atentar para oportunidades de ne- Editora executiva Selma Panazzo mil novas contas de pessoas atraídas gócios é outro ponto vital para o Editora assistente Denise Ramiro pela redução nos juros. Uma evo- lojista. Esta edição de C&S mostra Projeto gráfico lução de 26,3% em relação a abril. três nichos exemplares. O segmento O incremento no ritmo de abertura de moda diferenciada, que atende a atendimento@designtutu.com.br de contas para empresas também tamanhos plus size, consumidoras Editores de Arte Clara Voegeli e Demian Russo foi expressivo. Foram 42 mil contas evangélicas e pessoas anãs; lojas Chefe de Arte Carolina Lusser Designer Ângela Bacon abertas em maio, ou 39,3% a mais próximas a ciclovias, que oferecem Assistentes de Arte Camila Marques e Cristina Sano que no mês anterior. Esse movimen- tratamento personalizado aos ci- Publicidade to, contudo, ainda não está dissemi- clistas e estabelecimentos que fun- Original Brasil - Tel.: (11) 2283-2365 comercioeservicos@originaldobrasil.com.br nado por todo o mercado financeiro, cionam dentro dos aeroportos, em Colaboram nesta edição que continua justificando a alta dos espaços que se tornaram ainda mais Andrea Ramos Bueno, Didú Russo, Enzo Bertolini, juros pelo custo dos insumos e risco valorizados a partir da privatização. Gabriel Pelosi, Juliano Lencioni, Patricia Queiroz, Paulo Feldmann, Raphael Ferrari e Thiago Rufino de inadimplência. Embora o consu- Fotos Ed Viggiani, Christian Gaul, Felipe Araújo Lima, midor esteja tomador de emprésti- O comércio, responsável por 4% do PIB, Olicio Pelosi, Pedro Curi e Ricardo Lisboa mo, estudos da FecomercioSP já pro- continua com perspectiva de desempe- Jornalista responsável Jander Ramon MTB 29269 varam que não está esgotada a sua nho positivo. A queda dos juros básicos Impressão Gráfica IBEP capacidade de endividamento. Essa traz alento, embora ainda não tenha Fale com a gente cs@fecomercio.com.br nova realidade do crédito e qual é sido repassada integralmente Redação seu fôlego são o tema da reportagem ao consumidor. Novos cortes, Rua Itapeva,26, 11º andar de capa desta edição. não apenas da Selic, mas, so- Bela Vista – CEP 01332-000 - São Paulo/SP Tel.: (11) 2361 1571 bretudo, dos juros cobrados O comércio deve ficar atento para pelos bancos, são o cami- Errata: A grafia correta do nome da presidente da Sorridents – entrevistada da C&S nº 20 – é conquistar e fidelizar esse cliente nho para garantir um Dra. Carla Renata Sarni. mais ávido por compras. Para isso não crescimento com- Permitida a trascrição de matéria desde que citada a fonte. Registro Civil de Pessoas Jurídicas, Livro B-3, bastam vitrines chamativas e promo- patível com as sob o número 2904. Nota: as declarações ções. O mercado vendedor precisa en- potencialidades consubstanciadas em artigos assinados não são de responsabilidade da FecomercioSP. cantar o consumidor com um atendi- e necessidades Abram Szajman mento diferenciado. Esse ponto é tão do País. Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no Estado 4 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 5. ÍNDICE 18 o custo do dinheiro Taxas de juros recuam mas ainda é difícil conseguir crédito na praça Jaime Drummond A renovação dos aeroportos 8 Presidente da Mahogany comenta 46 Lojasprivatização e aumentonovos negócios com em aeroportos atraem de movimento o setor de produtos de beleza Do PP ao extra GG, Servimos bem para servir sempre o que importa é vestir bem 14 Lojistas investem em treinamentocliente para 52 Comércio especializado em nichos atraem cada vez mais consumidores qualificar atendimento e fidelizar Atual lei eleitoral Franquia em casa prejudica a pequena empresa 26 Paulo Roberto Feldmann analisa o efeito 56 O home-based éoumanuma modalidade de franquia que transforma lar nova central de negócios do período eleitoral nas pequenas empresas Vai fazer compras? Vá de bike São Paulo do futuro 28 Comércio se prepara para atender 58 O Plano SP2040 prevê melhorias o consumidor ciclista que cresce na cidade para a população paulistana Da Zona Leste para o mundo AGENDA CIRCUITO 32 C&S visita as obras da arena do Corinthians 60 CULTURAL 62 DE festas que receberá o jogo de abertura da Copa de 2014 juninas MIXLEGAL ECONOMIX O vinho e as salvaguardas 38 39 64 Didú Russo analisa os efeitos das salvaguardas na importação de vinhos e o impacto no setor Devedores do ICMS terão juros menores Medida apesar de positiva pode ser Comunicação nas 40 ineficiente para diminuir inadimplência 65 mais variadas formas Soluções simples, grandes resultados Sinal dos tempos Ataques virtuais requerem investimentos 66 42 em segurança para evitar perdas 2012 • edição 21 • junho / julho 5
  • 6. 50% Planos até mais barato.2 SulAmérica: Unimed Paulistana: Omint:
  • 7. Meu plano de saúde não cobre o médico e o hospital que eu prefiro pra me tratar. E agora? Empregador do Comércio: não se preocupe. Com a parceria da FECOMERCIO-SP com a Qualicorp, os planos de saúde que oferecem os melhores médicos, hospitais e laboratórios do Brasil já estão ao seu alcance.1 Ligue e confira: 0800 777 4004 Ou acesse: www.qualicorp.com.br Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. Condições contratuais Qualicorp Adm. disponíveis para análise. 1A comercialização dos planos respeita a área de abrangência da respectiva operadora. A cobertura de hospitais e laboratórios, bem como de honorários profissionais, se dá conforme a disponibilidade da rede médica e as de Benefícios: condições contratuais de cada operadora e categoria de plano. ²Em comparação a produtos similares no mercado de planos de saúde individuais (tabela de maio/2012 – Omint). Junho/2012
  • 8. EN T R E V IsTA Ja ime dru mmond, pre sidente da Maho gany POR Patrícia Queiroz fOTOs ed viggiani o segredo está no atendimento e ngenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de ria é de franqueadas de uma rede que ele mesmo criou. Com previsão de Janeiro (UFRJ), esse carioca de 63 anos faturamento este ano na casa dos R$ viu no setor a chance de um negócio 50 milhões, a companhia viu, no ano próspero. Começou em 1981 em so- passado, aproximadamente 1,5 milhão ciedade com um cunhado comercia- de clientes circularem em suas insta- lizando desodorantes, bronzeadores e lações franqueadas e próprias. As lo- fragrâncias para grandes redes varejis- jas terceirizadas devem ter receita em tas. Anos depois optou por voo solo e torno dos R$ 100 milhões neste ano. “O fundou empresa própria, a Mahogany, segredo, além do bom produto, está no que tinha o mesmo foco de produção. bom atendimento”, conta. Alguns tropeços pelo caminho o fi- Vendas diretas ou mais investimen- zeram rever os planos. Hoje, 20 anos tos em lojas próprias não fazem parte depois, comemora uma história de su- dos seus planos, ao menos por agora. cesso: dos pequenos pontos de venda “Uma rede franqueada com um siste- instalados timidamente em farmá- ma de qualidade e que funcione, além cias e perfumarias contabiliza151 lojas da atenção constante que o negócio instaladas em 70 cidades ao redor do requer, gera retornos já bastante ali- País. Desse total, a esmagadora maio- nhados às nossas perspectivas”, avalia. 8 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 9. apaiXonado por kart, Jaime drummond, Criador e preSidente de uma daS marCaS de CoSmétiCoS queridinhaS do merCado – a mahoGanY –, tira daS piStaS anaLoGia de Como Ganhar poSição 2012 • edição 21 • junho / julho 9
  • 10. EN T R E V IsTA Ja ime dru mmond, pre sidente da Maho gany “ C&S engenheiro mecÂnico de formaÇão, como foi sua entra- da no mercado de cosméticos? a mahogany conta hoje com 420 produtos, Jaime drummond Concluí no Rio mas estamos sempre pensando em novas de Janeiro, em 1971, o curso de enge- nharia mecânica pela UFRJ. Durante oportunidades para inovar. no ano passado, 10 anos trabalhei na área, mas, em por exemplo, lançamos 108 novos. todos pensados 1980, resolvi vir com minha então es- osasco, na grande São paulo. “ e desenvolvidos no nosso parque industrial, de posa tentar algo novo em São Paulo. Na capital, ela tinha um irmão que trabalhava como representante de perfumaria artesanal. Achei o negó- cio interessante e apostei. Decidimos juntos profissionalizar essa oferta de perfumes, organizando os fornece- dores e dando a eles a oportunidade de trabalhar para as grandes e mais importantes cadeias varejistas da época, como Mesbla e Mappin. A em- presa se chamava Cabeça Feita e era focada sempre no midlemarket. Che- gamos a ser um dos cinco maiores fabricantes de desodorante, o segun- do maior fabricante de bronzeador e ainda o quinto maior fabricante de fragrâncias no Brasil. Atuamos juntos dessa forma por 10 anos com bastante sucesso. como nasceu a mahogany? Em 1991 conversamos e resolvemos acabar a sociedade. Já com experiên- cia no ramo, resolvi manter a aposta e desenvolvi uma empresa própria, a Mahogany. A proposta era preencher uma demanda onde o varejo ainda era fraco, a de cuidados pessoais. Desenvolvemos então itens diversos acessíveis no preço e de alta quali- dade, como sabonetes, hidratantes e produtos capilares. Tudo voltado para homens e mulheres. Nessa época, mantivemos o que era desenvolvido na Cabeça Feita com a venda de nos- sos produtos para grandes redes de todo o Brasil. Durante oito anos a em- 10 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 11. presa prosperou amplamente. Entre de Que forma isso ocorreu? Prova disso é que, no final de 2006, já os anos de 1998 e 1999, infelizmente, Partimos para outro modelo, com es- tínhamos 10 lojas, localizadas entre Rio todo o setor varejista sofreu perdas paços próprios reservados em lojas, de Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília, com as turbulências de mercado e como perfumarias e algumas farmá- sendo apenas uma própria, a de São praticamente todas as lojas grandes cias. Chegamos a ter 200 desses tipos Paulo. A estratégia deu resultado. Prova de departamento quebraram. Com de quiosques em todo o País e manti- disso é que, no final de 2006, já tínha- isso, perdemos 60% do nosso fatu- vemos esse tipo de negócio até 2004. mos 10 lojas, localizadas entre Rio de ramento em um ano. Não tinha jeito. Com o tempo, vimos que não havia Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília, sen- Tivemos que procurar outros canais uma parceria efetiva como o lojis- do apenas uma própria, a de São Paulo. de venda para não quebrar. ta. Isso porque a Mahogany cedia os produtos e uma série de vantagens Quantos produtos possui Qual era o tamanho da ao lojista com o compromisso dele atualmente? empresa na época? de reposição dos produtos tão logo A Mahogany conta hoje com 420 Tínhamos 60 funcionários e receita de fossem comercializados. O que acon- produtos, mas estamos sempre pen- aproximadamente R$ 5 milhões anuais. tecia na prática era que o lojista não sando em novas oportunidades para repunha o nosso produto e ainda co- inovar. No ano passado, por exemplo, de Que forma locava outros no nosso espaço reser- lançamos 108 novos. Todos pensados e o negócio evoluiu? vado. Percebemos, novamente, que desenvolvidos no nosso parque indus- Hoje, internamente, o nosso negócio esse modelo não estava dando resul- trial, de Osasco, na grande São Paulo. é focado sempre no desenvolvimen- tados financeiros e para a construção to da marca e de novos produtos, da marcar. Novamente, vimos que com esse volume de produtos além de toda a questão promocional lançávamos produtos, mas tínhamos e lojas, Quais as estimativas e, claro, da qualidade. Trazemos o que o entrave com os pontos de venda. financeiras da mahogany? há de melhor no mundo no que diz No que diz respeito ao interesse por respeito ao desenvolvimento de em- como a empresa solucionou novas franquias e seguindo nosso balagens e válvulas especiais essa Questão? movimento natural, devemos man- Em 2005 procuramos a Cherto, consul- ter uma evolução em torno de 15 a como a mahogany sobreviveu toria local especializada em franquias, 20 lojas novas por ano. Essa rede, a essa Quebradeira dos e fizemos um estudo de viabilidade em 2011, faturou R$ 90 milhões e, varejistas? para tornar a marca uma rede franque- este ano, deve ter receita na casa Resolvemos procurar outros canais adora. Com ela formatamos a arquite- dos R$ 100 milhões. Já a companhia de venda, como farmácias e autos- tura das lojas, dos uniformes, os tipos deve faturar algo em torno dos R$ serviços, onde ficamos até aproxima- de contratos e, claro, toda a imagem e 50 milhões, com uma evolução anu- damente 2001. Logo percebemos que produção visual que as lojas deveriam al em torno dos 12% a 15% ano. Hoje esse trabalho com autosserviços, que ter. Partimos para o mercado em busca são 150 funcionários. O volume de praticamente ocupou o lugar das va- de candidatos a franqueados. Paramos clientes também é expressivo. Fo- rejistas, não gerava ganhos expressi- por um detalhe: não tínhamos nada ram cerca de 1,5 milhão de pessoas vos e ainda prejudicava a construção para mostrar porque simplesmente circulando nas lojas em 2011, ante da nossa marca porque nossos pro- não tínhamos loja alguma. Sofremos 1,2 milhão em 2010. dutos ficavam justamente ao lado, durante seis meses sem que houvesse fazendo par, com outros com menor qualquer interesse. Foi quando resol- há possibilidade de expansão valor agregado. Então pensamos que vemos abrir duas lojas próprias: uma da companhia via novos se não havia rendimentos satisfató- na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, investidores? rios tampouco construção de marca, e outra no Ibirapuera, em São Paulo. Por enquanto não existe essa possi- tínhamos que rever nosso negócio. Assim ficou mais fácil mostrar nossas bilidade. Já fomos bastante procu- Foi o que fizemos. propostas. A estratégia deu resultado. rados por vários fundos de private 2012 • edição 21 • junho / julho 11
  • 12. EN T R E V IsTA Ja ime dru mmond, pre sidente da Maho gany equity e não fechamos negócio. Por Temos perfis bastante diferentes de susta. Além disso, outro impacto que ora, não estamos em negociação com franqueados, formados nas mais di- pode ser encarado como negativo é a nenhum deles, até porque as propos- versas profissões. Todos, entretanto, abertura de cada vez mais shoppings tas que recebemos nunca chegaram antes de fecharmos negócio, passam nas grandes cidades. Isso não fideliza a um nível de satisfação adequado à por entrevistas e análises de perso- clientes, mas sim os divide. Para evi- nossa perspectiva. nalidade para checagem sobre como tar a canibalização de franqueados, se comportam nas adversidades per- estamos em contato direto com eles Qual o tamanho desse tinentes ao setor. A partir do pedido acompanhando o mercado. Na Gran- setor no brasil? de franquia até a abertura da loja há de São Paulo e Rio de Janeiro, por Estamos entre os três maiores do mun- uma média que varia em torno dos exemplo, estão fechados para novas do, atrás apenas de Estados Unidos e seis meses a um ano. lojas justamente para não prejudicar Japão. Aqui, o mercado de cosméticos as que já existem. vem evoluindo muito. De 1998 para cá Qual o investimento inicial a média de crescimento da receita do e perspectiva de retorno? Qual o suporte técnico setor é de 13,5% anuais. O faturamen- O investimento é de R$ 4,5 mil por Que a empresa fornece to bateu na casa dos R$ 29 bilhões em metro quadrado, sendo que indica- ao franQueado? 2011. Atingimos esse posto por vários mos pelo menos 35 metros quadra- Quando uma nova unidade é aber- motivos e um importante deles foi o dos para cada loja. Há, ainda, o in- ta oferecemos treinamento especí- trabalho desenvolvido pela Associação vestimento no ponto de venda. Hoje, fico ao franqueado e sua equipe no Brasileira da Indústria de Higiene Pes- 90% deles estão instalados dentro de próprio local. Depois e a cada seis soal, Perfumaria e Cosméticos junto shoppings. Para o trabalho em si, in- meses, disponibilizamos reciclagem aos governos. O foco foi a redução de dicamos uma média de cinco funcio- que ocorre em cidades polo. Nesse carga tributária e aumentar produção, nários por loja. Já o retorno se dá por trabalho, focado nos gerentes e fun- aumentando assim a arrecadação so- volta dos 36 meses. O grande entrave cionários, nós fazemos a atualização bre a produção. Isso se mostrou bas- para o retorno mais rápido ao fran- de novos produtos e mercado, mas, tante promissor. queado é o custo da locação. O preço principalmente, nas técnicas de ven- do metro quadrado mais que dobrou da e atendimento. O segredo do su- o Que é necessário para ser nos últimos tempos tanto para com- cesso está no bom atendimento e em um franQueado mahogany? pra quanto para aluguel, o que as- saber cativar o cliente. “ estamos entre os três maiores do mundo, atrás apenas de estados unidos e Japão. aqui, o mercado de cosméticos vem evoluindo muito. de 1998 para cá a média de crescimento da receita do setor é de 13,5% anuais “ “ 12 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 13. em um mercado altamente sete mil pessoas que acompanham há envolvimento competitivo, além desse bom a companhia pelo Facebook e outras em projetos sociais? atendimento, como cativar três mil que nos seguem no Twitter. Sim. Do nosso ponto de vista temos e fideliZar o cliente? Mantemos ainda um blog com in- que privilegiar a comunidade onde Temos foco nas classes A e B e aspi- formações sobre lançamentos e toda nossa companhia está inserida. As- racional na C. Portanto, público bas- nossa linha de produtos e um traba- sim, damos apoio a projetos sociais tante qualificado e cada vez mais lho expressivo com blogueiras espe- mantidos por entidades da cidade exigente. Estamos sempre atentos cializadas em cosméticos. Apostamos que ministram cursos profissionali- às suas demandas. Para tal, fizemos na força das mídias sociais. zantes aos moradores locais. & pesquisa recente com 650 consumi- dores que circulavam em nossas lojas ou fora delas em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. O cliente indicou melhorias significativas na qualidade dos nossos produtos e também elencou como fundamen- tal a relação custo-benefício. Outros atributos lembrados pelos clientes foram a característica vibrante e ro- mântica das nossas linhas. Quais as aÇÕes da mahogany nas redes sociais? É um nicho importante de comunica- ção com clientes e demais stakehol- ders. Por isso resolvemos, no último ano, ampliá-lo e já colhemos resulta- dos expressivos nessa troca de infor- mações. Atualmente temos cerca de 2012 • edição 21 • junho / julho 13
  • 14. GE sTãO TEXTO andrea ramos Bueno Servimos bem para servir Sempre Às vezes só preço não é suficiente para manter a fidelidade do cliente. O bom atendimento é a melhor vitrine 14 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 15. a frase que intitula a reportagem sempre foi dogma para o varejo e o setor A capacitação para o bom atendimen- to pode ser buscada em cursos téc- A consultora do Sebrae-SP chama atenção para um temor que ronda a de serviços e cada vez mais ela tem tan- nicos. Também vale a orientação do cabeça de muitos empresários quando ta relevância quanto o bom preço. próprio empresário ou de um superior, pensam em oferecer treinamento aos conscientizando os empregados da im- seus funcionários: a perda desse pro- O consumidor, com maior poder de portância de fidelizar os clientes. Feld- fissional para o mercado. “E o custo da compra, mais atento e detentor de fer- mann lembra ainda que esse modelo não qualidade, o desse funcionário não ramentas rápidas de pesquisa, se torna só será eficaz caso o empresário dê o atrair e ainda espantar clientes, quanto mais exigente e a aquisição de um pro- exemplo, tratando não só cliente, mas vale?”, pergunta Beatriz. duto ou serviço não depende só da qua- também seus colaboradores com cor- lidade e de preço competitivo, mas tam- dialidade. “Para o empregado atender bém da maneira como ele é atendido. bem o cliente, é preciso que ele tenha um clima saudável. Se esse relaciona- E, nesse aspecto, o brasileiro é bastante mento for ruim, certamente isso será exigente.“Nós damos uma importân- refletido no atendimento”, completa. cia muita grande para essa questão do relacionamento pessoal e que se O varejista e o prestador de serviços reflete no atendimento. Queremos ser precisam saber também um pouco do bem atendidos. O comércio eletrônico que vai na cabeça do consumidor. Para no Brasil não avançou tanto quanto o empresário o que mais importa para em outros países por não ter interati- atrair clientes é o preço. No entanto, a vidade. O brasileiro sempre quer ter o realidade vai além disso. A consulto- contato pessoal, mesmo que ele tenha ra sênior de marketing e vendas do acesso à internet, ele quer ver a cara Sebrae-SP, Beatriz Micheletto, cita uma do vendedor”, detalha Paulo Feldmann, sondagem feita pelo Procon e a Fun- presidente do Conselho da Pequena dação Getulio Vargas em que foram Empresa da FecomercioSP. analisados os motivos que fazem uma empresa perder clientes. “Sessenta e Outro aspecto do atendimento, lem- oito por cento das perdas de clientes brado por Feldmann, é a vantagem que se devem ao mau atendimento; 14% à a pequena empresa tem em relação à má qualidade de produtos e serviços; de maior porte: a proximidade com o 9% ao preço e o restante por outros fa- dono. “Ele está perto e pode acompa- tores que independem da atuação do nhar a maneira como o cliente está empresário (morte do cliente, mudan- sendo atendido”, destaca. Isso passa a ça de endereço e a compra de produtos ser um diferencial. vendidos por amigos)”, destaca. 2012 • edição 21 • junho / julho 15
  • 16. GE sTãO Ser v i mos bem pa r a ser v i r sempre Há quem carregue no DNA a arte de “Meu pai ia até as mesas, almoçava com o decote estava incomodando. Ela foi atender bem e ainda acompanha, as pessoas, batia papo. Eu adotei isso embora e eu prometi guardar a peça. desde pequeno, como é que se faz. para o meu negócio. Não faço só o bá- Dias depois ela voltou e comprou oito A jornalista Cyane Alem, 37 anos, é sico. Se a cliente está com preguiça de peças, menos o vestido”, conta. exemplo disso. Com os pais empre- experimentar a roupa eu experimento sários em Ribeirão Preto adminis- e mostro como ela pode usar. No co- A empresária oferece outros mimos trando um restaurante árabe há 30 quetel em que comemoramos um ano às clientes: não cobra para fazer barra, anos e outro de comida nordestina das atividades da loja, um cliente queria leva e busca a roupa na costureira e já há 16, ela acaba de completar um comprar um presente para a namorada. chegou a abrir a loja em um domingo, ano à frente da boutique Benditta, Eu deixei a festa e experimentei a roupa para uma pessoa que iria viajar. também na cidade. Desde criança que ele queria levar”, explica a jornalista vendo a atuação dos pais, ela apren- que também coloca em prática o que Talvez por esse atendimento tão per- deu muito cedo as estratégias para aprendeu com especialistas em gestão, sonalizado, a empresária não invista ganhar e manter clientes. que entrevistou quando era repórter. muito em propaganda. Anuncia em uma revista e o restante se deve às in- Cyane diz ainda que passa um tem- dicações de outras clientes e às redes pão conversando com os clientes du- sociais. “Quando eu posto uma foto já rante o atendimento para saber do vêm várias perguntas. As pessoas que- trabalho, do dia a dia e recomendar o rem saber se tem o número delas. É um que for mais adequado e estiver den- retorno imediato”, comemora. tro das expectativas e do poder aqui- sitivo de quem está comprando. Por A atenção ao atendimento e a capaci- conta dessa observação ela já sugeriu tação dos colaboradores no comércio que uma cliente desistisse do vestido são caminhos obrigatórios a serem que havia experimentado. “Eu vi que percorridos por quem quer se manter ela não estava se sentindo bem, que no mercado e, para quem não teve professores na infância, existem cur- sos bastante direcionados. O Senac e o Sebrae oferecem algumas opções. O curso livre Atendimento ao Clien- Foto: Olício Pelosi te, do Senac, prepara aqueles que vão atuar na área operacional. São “ tratados aspectos como transparên- cia e ética nas relações de consumo e normas sobre direitos do consumidor, além de postura, habilidades e atitu- Salão de cabeleireiro é como pizzaria em São paulo: des pessoais e profissionais. em cada esquina tem um. você tem que fazer diferente Para quem quer seguir carreira nessa para conquistar o cliente. em relação aos meus colaboradores, preciso ser um espelho: varro o chão, sirvo café, limpo cadeira e esse comportamento se estende à equipe “ área existe o curso Técnico em Comércio, de nível médio. Ele vai formar um profis- sional que poderá também contribuir para a gestão do negócio. “Essa pessoa poderá auxiliar não só no atendimento Andrea Guedes ao cliente, mas também em processos de Dona do salão Avant Garden armazenagem; definição de preços; ex- 16 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 17. posição de produtos; otimização no pro- criatividade, fluxo de caixa e motiva- Em um período tão curto de existência, cedimento de compras e no tratamento ção de equipe. Detalhes sobre cada um os 14 funcionários já tiveram três cur- com os fornecedores”, detalha o professor desses cursos podem ser vistos no en- sos. Dois ministrados por empresas es- do Senac, Aurisol Sabino de Souza. dereço www.sebraesp.com.br/ead. pecializadas e outro criado por Andrea e uma funcionária que também acu- Esse curso ainda orienta o aluno a de- A cabeleireira Andrea Guedes, 33 anos, mulou experiência em vários salões. senvolver planos de marketing e vendas conhece bem a importância do bom e trata de tendências e inovações tec- atendimento e a necessidade de inves- Quando fala sobre atendimento ela nológicas na área comercial. “Como vai tir em cursos e treinamento. mostra porque conseguiu rapidamente ser o supermercado daqui alguns anos? seus clientes e como atrai outros. “Eu Será muito diferente do que é hoje e Durante oito anos foi funcionária de oriento as recepcionistas a atenderem esse profissional precisa estar prepara- uma rede de salões de beleza que tem ao telefone sorrindo. Quem está do ou- do pra isso”, destaca Souza. por filosofia tratar o cliente como prio- tro lado já sente que será bem recebido. ridade. A marca investe no bom trata- Além de nos preocuparmos em oferecer Outros 11 cursos são oferecidos pelo Se- mento e bem-estar das pessoas durante produtos de boa qualidade, temos algu- brae-SP. Eles são gratuitos, de curta du- a permanência delas no estabelecimen- mas práticas que utilizamos do primei- ração e feitos à distância. Cada um dos to. Quando Andrea deixou essa rede e ro ao último cliente”, explica. temas tem carga horária de três horas foi trabalhar em outros salões, ela co- e o participante tem 15 dias para con- nheceu uma realidade diferente: “eu vi o Ela considera importante que todo fun- cluí-lo. Ao final desses cursos o aluno que não se deve fazer”, conta. Após anos cionário cumprimente cada cliente como pode imprimir o certificado. Os temas acumulando experiência ela decidiu to- se fosse seu; que mantenha os espaços vão desde o desenvolvimento de com- mar as rédeas de sua vida profissional e, limpos e organizados e que na chegada petências empresariais até a sucessão há um ano, comanda o salão Avant Gar- já ofereça café, chá, cappuccino... em empresas familiares, passando por den, na capital paulista. “Salão de cabeleireiro é como pizzaria em São Paulo: em cada esquina tem um. Então você tem que fazer diferen- te para conquistar o cliente. Tenho um assistente de cabeleireiro que, quan- do a cliente está em dúvida quanto ao esmalte, ele testa várias cores nas mãos dele. Eu sinto também que, em relação aos meus colaboradores, pre- ciso ser um espelho. Eu também varro o chão, sirvo café, limpo cadeira e esse comportamento se estende à equipe. Por isso, se eu estou fora, fico tranqui- la, porque sei que o salão está em boas mãos”, ensina Andrea. A dedicação ao atendimento dá à ca- beleireira a segurança para conquistar novos clientes. “Eu costumo dizer que a gente só precisa que a pessoa entre no salão porque nós vamos fazer a di- ferença.” A clientela agradece. & 2012 • edição 21 • junho / julho 17
  • 18. C A PA POR Por Raphael Ferrari e Denise Ramiro ILUSTRAÇÕES ÂNGELA BACON 5X 10X
  • 19. 000 xxx Governo força O custo do redução dos juros para o consumidor dinheiro final e mercado financeiro precisa se reestruturar para se manter atrativo 15X 8X
  • 20. C A PA O c u s to do d i n hei ro d esde agosto de 2011 o Siste- ma Especial de Liquidação e Custódia áreas importantes como saúde, educa- ção e infraestrutura. Já para as Pessoas bém podem ser vistos como o custo do dinheiro, que no último trimestre já caiu quatro pontos porcentuais Físicas (PF) e Jurídicas (PJ), a queda da de 2011 eram de 45,2% a.a. recuaram (p.p.), saindo de 12,5% ao ano (a.a.) e Selic tem implicações mais interessan- somente 0,9 p.p., fechando o primeiro chegando à 8,5% a.a., a taxa mais bai- tes. Primeiro, com o dinheiro poupado trimestre do ano em 44,3% a.a. para o xa da história. Mas o que significa isso (guardado) rendendo menos, o consu- consumidor na ponta. para o bolso do consumidor? A Selic, mo e os investimentos se tornam mais como é mais conhecida, é a taxa bá- atrativos. E mais importante: o crédito A justificativa das instituições finan- sica de juros da economia brasileira se torna mais acessível, mais barato. ceiras para os juros ao consumidor usada como instrumento de política O que permite às famílias financiar a não caírem na mesma proporção que monetária para o controle da inflação. expansão de suas compras e, por sua a Selic é o receio de um incremento no Contudo, quando o Comitê de Política vez, às empresas adquirir bens, equipa- nível de inadimplência, que de acordo Monetária (Copom) anuncia a retra- mentos, aumentar a capacidade insta- como Banco Central (BC) corresponde ção ou o aumento da Selic não há uma lada, fazer mais contratações... ao volume de crédito com pagamento mudança direta na inflação, mas uma atrasado há mais de 90 dias. Contudo, série de mudanças no mercado que, Há um ciclo virtuoso entre crescimento ainda de acordo com dados do BC, a teoricamente, devem culminar em do consumo, nível de emprego e renda inadimplência recuou 0,2 p.p. entre mais ou menos consumo das famílias que é mantido enquanto houver inves- 2010 e 2011, sendo somente de 7,6%. e, consequentemente, aquecimento ou timentos para que a oferta se mante- Conforme explica Antonio Carlos arrefecimento da atividade interna. nha no mesmo nível, ou até ligeira- Borges, diretor executivo da Feco- mente acima da demanda. Ou pelo mercioSP, entretanto, “hoje, o spread Quando a Selic é “cortada”, o governo menos isso é o que deveria acontecer. bancário (diferença entre o custo de gasta menos com a dívida pública, que captação de recursos e o preço re- é corrigida pela taxa básica de juros – o Na prática, a despeito da redução de passado para o consumidor de crédi- que o deixa com mais recursos dispo- quatro p.p. na taxa Selic, os juros co- to) é, em média, de 33,2%, sendo que níveis para realizar investimentos em brados em financiamentos, que tam- 11% correspondem a taxa de risco de “ a força motriz para lançarmos a campanha de redução de juros foi a constatação de que juros elevados consomem muito a renda mensal das pessoas e levam, consequentemente, ao aumento da inadimplência “ Walter Malieni Diretor de Distribuição do Banco do Brasil Foto: Divulgação
  • 21. 000 xxx NOVAS TAXAS O movimento de corte dos juros bancários nas operações de crédito ao consumidor caminha de forma tímida CDC - Bens diversos Taxas médias Taxas médias Bancos Variação abril de 2012 maio de 2012 000 xxx Banco do Brasil 1.79% 1.90% 0.11 Caixa Economica Federal 5.93% 5.91% -0.02 Itaú 0.00% 0.00% 0.00 Bradesco 2.78% 3.31% 0.53 Santander 3.83% 2.30% -1.53 000 xxx HSBC 4.26% 4.35% 0.09 Cheque Especial Banco do Brasil 8.64% 8.40% -0.24 Caixa Economica Federal 4.34% 4.34% 0.00 Itaú 8.69% 8.77% 0.08 Bradesco 8.78% 8.76% -0.02 Santander 10.34% 10.31% -0.03 15X HSBC 10.11% 10.14% 0.03 Financiamento Veículos Banco do Brasil 1.37% 1.38% 0.01 Caixa Economica Federal 1.82% 1.71% -0.11 Itaú 1.62% 1.58% -0.04 Bradesco 1.60% 1.58% -0.02 Santander 1.68% 1.65% -0.03 HSBC 1.78% 1.54% -0.24 Empréstimo Pessoal Banco do Brasil 2.38% 2.42% 0.04 Caixa Economica Federal 1.93% 1.99% 0.06 Itaú 3.77% 3.60% -0.17 5X Bradesco Santander 4.36% 3.29% 4.39% 3.33% 0.03 0.04 HSBC 4.19% 4.23% 0.04 2012 • edição 21 • junho / julho 21
  • 22. C A PA O c u s to do d i n hei ro conversando a gente se entende 5X José Sergio Barbieri roda o País há 35 de seus 53 anos. Caminhoneiro, ele constitui uma pequena empre- sa de uma pessoa só. Mas nem sempre foi assim. Barbieri já teve mais de um caminhão e contratou motoristas para guiar, mas os problemas de ter um segundo motorista – inclusive as implicações legais de ter um funcionário – deram mais “dor de cabeça” do que lucro. Entretanto, há uma trabalhadora que o acompanha por todos esses anos. Sua esposa, Maria Aparecida Barbieri, 50 anos, é quem cuida das guias de recolhimento de tributos, das finanças e do finan- ciamento dos veículos. inadimplência”. Uma taxa abusiva, considerando que o recorde histórico “Já foram mais de 15 financiamentos”, conta de inadimplência, 8,54%, foi registra- Maria. “Somente em 2008, foram cinco. Finan- do em maio de 2009, no pior período ciamos três caminhões e duas carretas”, lembra. da crise econômica internacional. “Es- Sem se preocupar em entender exatamente o que tamos lidando com um valor muito são os juros, Maria diz que analisa se a parcela acima da realidade”, critica. cabe no orçamento – como a maior parte dos bra- sileiros – e fica de olho em quanto o preço final No setor automotivo, os números cha- do veículo sobe. “Da última vez o banco cobrou mam à atenção. Segundo dados da 34,77% a mais do que o valor do caminhão, mas FecomercioSP a taxa de juros cobrada como foi dividido em quatro anos compensou”, pelos bancos para o financiamento de comenta. A taxa equivale a juros de 8,69% ao ano. automóveis é de 26,6% a.a., sendo que dentro desta taxa está embutido um Experiente, Maria afirma que antes de fechar spread de 17,1% a.a.. Considerando que o financiamento é importante analisar as op- os financiamentos de automóveis têm ções – Crédito Pessoal, Leasing, Financiamento saldo de R$ 178 bilhões, somente de de Máquinas e Equipamentos (Finame) –, fazer 000 xxx spread as instituições financeiras rece- simulações em mais de um banco e ficar atento bem cerca de R$ 30 bilhões, ou três ve- aos encargos. “É normal que um financiamento zes o valor devido pelos inadimplentes, custe mais do que o anunciado porque eles nunca R$ 10,5 bilhões (5,9% do total movimen- incluem o custo dos tributos quando falam o pre- tado pelo setor). “Há bastante gordura ço, só quando fecham o negócio”, critica. “O mais para queimar”, sintetiza Borges. importante é sentar com o gerente e negociar, porque você sempre pode conseguir algo melhor A partir de abril, entretanto, o governo do que aquilo que te ofereceram.” começou uma “ofensiva” contra o se- 15X
  • 23. não há razão para que o custo de um empréstimo no Brasil seja mais de 15 vezes superior ao dos Estados Unidos ou em outros países com economias próximas à nossa. “Somos um ponto fora da curva.” Desde o início da pressão governamen- tal, o Banco do Brasil (BB) já promoveu cinco cortes de juros no crediário para as pessoas físicas e jurídicas. A iniciati- va parece estar dando certo. Com um Foto: Divulgação aporte adicional de R$ 27 bilhões para as linhas voltadas às micro e peque- nas empresas e de outros R$ 16 bilhões para PF, o BB viu crescer a demanda de vários de seus produtos. “ A oferta de crédito também cresceu na Caixa Econômica Federal e, junto com ela, a atração de novos clientes. De Com a queda da Selic e a maior oferta de acordo com Fábio Lenza, vice-presiden- crédito nos bancos públicos, a tendência te de pessoa física do banco, do começo é que a cada mês as taxas fiquem menores. o melhor, para quem puder, é esperar “ de abril até a terceira semana de maio a Caixa emprestou R$ 7,9 bilhões. Al- guns produtos para pessoas físicas se destacam. A movimentação média di- Miguel de Oliveira ária do Crédito Consignado e o Crédito Vice-presidente da Anefac Direto ao Consumidor (CDC) passaram de R$ 60 milhões e R$ 9 milhões, res- pectivamente, para R$ 109 milhões e R$ 25 milhões. Um aumento de 82,3% tor financeiro pressionando para que procura de juros mais razoáveis. “Como e 119,7% no volume médio de emprésti- a queda da Selic seja repassada ao esses bancos têm muita presença no mo diário dessas linhas de crédito. consumidor final e os juros do siste- mercado, a jogada deve dar certo”, ma, como um todo, caiam. A principal opina. “Entretanto, ainda levará algum Na batalha para atrair novos clientes, arma do governo nessa “guerra de ju- tempo para notarmos as mudanças além da redução dos juros, os bancos ros” é a concorrência. mais significativas”, completa. estão oferecendo condições especiais para clientes que transferirem sua André Mafaro, especialista em Finan- A posição é corroborada por Alcides conta salário para a instituição. No ças e Economia da Moneyfit, explica Leite, professor de Economia da Trevi- Programa Bom Para Todos, do BB, o que ao baixar os juros dos bancos esta- san Escola de Negócios. “É um proces- cliente que recebe seus vencimentos tais (Caixa Econômica Federal e Banco so demorado, mas estamos começan- pelo banco paga taxa única de 3,9% do Brasil) o governo espera forçar os do a trazer os juros no País para um no cheque especial – para os demais bancos privados a reduzirem suas ta- patamar mais razoável em relação à clientes o custo pode chegar a 8,27%. xas para evitar uma fuga de contas à média mundial.” Leite pondera que A postura também foi adotada por 2012 • edição 21 • junho / julho 23
  • 24. C A PA O c u s to do d i n hei ro outros bancos. No Bradesco, por exemplo, a taxa do cheque especial é de 4,7% para os clientes que têm sua conta salário no banco, e de 8,9% para os que não têm. Se o movimento de queda dos juros é aplaudido pelo consumidor, o mesmo não acontece com o investidor que Foto: Ed Viggiani aplica em papéis do setor financeiro. É o caso dos acionistas do BB, por exem- plo, que se mostraram preocupados com a possível perda de rentabilidade de suas aplicações. Mas não é essa a conta do BB. Segundo Walter Malieni, diretor de Distribuição do Banco do Brasil em São Paulo, ao trazer os juros para um patamar mais saudável, as famílias poderão consumir mais, mo- vimentando a economia. “O volume Juro novo, casa nova dos negócios vai compensar a queda dos juros”, garante. Aos 52 anos de idade o engenheiro da Petro- um dinheiro para completar o valor da bras, Valdemir Antonio Paulucci, deu uma entrada do imóvel. Foi aconselhado pelo No momento, a transição de uma guinada na vida. Separou-se da mulher e gerente do banco a tomar um empréstimo agência a outra ainda é, majoritaria- ficou com a guarda dos dois filhos adoles- consignado, pagando taxa mensal abaixo mente, em busca de informações, mas centes. No aspecto financeiro a mudança de 1% durante 60 meses. há números que indicam o quanto as significou a necessidade de comprar um famílias anseiam por juros mais bai- imóvel para morar com Giovanna, 16 anos, “Foi um processo rápido e simples”, diz xos. “Somente em maio, a Caixa abriu e Julio, 14 anos. Enquanto corria atrás do fi- Paulucci. Ele sabe que essa facilidade vem mais de 280 mil novas contas de PF nanciamento imobiliário, o País assistia ao do fato de ele ser correntista do Banco do atraídas pela redução nos juros”, con- surgimento de um movimento em favor da Brasil desde 1995. Isso porque, com a nova ta Lenza. “Uma evolução de 26,3% em redução dos juros bancários. realidade de juros no País, os bancos estão relação a abril”. O incremento no rit- condicionando a concessão de taxas meno- mo de abertura de contas PJ também Paulucci acabou se beneficiando dessa “guer- res para quem tem ou transfere a conta salá- foi expressivo. Foram 42 mil contas ra dos juros”. Assinou o contrato de finan- rio para o banco. abertas em maio, ou 39,3% a mais que ciamento com uma significativa redução de no mês anterior. custo em relação às primeiras simulações fei- Agora, devidamente instalado na nova casa no tas pelo gerente do banco. Fazendo as contas, bairro do Butantã, na capital paulista, Pauluc- O movimento de queda dos juros, Paulucci vai economizar R$ 300,00 por mês ci espera antecipar a quitação da dívida para, contudo, ainda caminha a passos de na prestação, o que significa quase R$ 65 mil quem sabe, assumir outros compromissos. tartaruga, especialmente nos ban- a menos no final do contrato, daqui a 18 anos. “Sou um consumidor controlado”, afirma cos privados. Essa é a avaliação de ele. “Mas agora que as taxas de juros tendem Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice- Antes de concluir a operação, porém, a seguir o preço de mercado, é possível pla- -presidente da Associação Nacional Paulucci precisou levantar rapidamente nejar melhor o consumo.” dos Executivos de Finanças, Admi- 24 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 25. “ Sou um consumidor controlado. mas agora que as taxas de juros tendem No mesmo sentido, Leite, daTrevisan Escola de Negócios, afirma que o consu- midor brasileiro está no limite do endi- a seguir o preço de mercado, é possível planejar melhor o consumo “ vidamento, não porque a dívida é muito elevada, mas porque seu custo é abusivo. “O endividamento dos brasileiros é baixo em relação aos padrões internacionais, Valdemir Antonio Paulucci só que há uma diferença fundamental. Engenheiro da Petrobras O custo da dívida é extremamente alto.” nistração e Contabilidade (Anefac), banco em busca de taxas menores. De acordo como Mafaro, os juros co- que destaca que, apesar do esforço Até porque, segundo Oliveira, a apro- brados por uma dívida no rotativo do dos bancos estatais para aumentar vação de um contrato de crédito não é cartão de crédito, a modalidade de cré- a oferta de crédito e reduzir as taxas tarefa fácil para o consumidor. “Com a dito mais popular no País, é de 238,3% bancárias, o Brasil ainda tem juros queda da Selic e a maior oferta de cré- a.a.. “Já nos Estados Unidos, os juros muito altos. Prova disso é que mes- dito nos bancos públicos, a tendência cobrados pelo mesmo serviço são de, mo após as recentes quedas da Se- é que a cada mês as taxas fiquem me- aproximadamente, 12% a.a.”, compara. lic, a taxa média anual para PF caiu nores”, aposta. “O melhor, para quem Mafaro projeta que em 66 meses (cin- somente 1,88 p.p. entre fevereiro e puder, é esperar.” co anos e meio) uma dívida de R$ 1 mil março deste ano, atingindo 106,99% no cartão se torna uma dívida de R$ 1 a.a.. No caso da PJ, o custo médio para O diretor executivo da FecomercioSP milhão. “Achar uma aplicação na bolsa o tomador de crédito caiu de 55,01% pondera que há espaço para uma re- com esse retorno é mais difícil que ga- a.a. para 53,40% a.a., no mesmo pe- dução de até um quarto na taxa atual nhar na loteria”, ironiza. ríodo. “Ainda há muita margem para de juros ao consumidor, passando dos queda de juros no País”, diz Oliveira. 44,3% a.a. para cerca de 32% a.a.. “So- O fato é que as taxas de juros pratica- mente isso iria significar um acréscimo das hoje no Brasil são abusivas e injus- Ele explica que o preço do crédito é de R$ 45 bilhões na renda disponível tificáveis, principalmente frente aos determinado por diversos fatores, para consumo das famílias, elevando bons indicadores de emprego e renda, entre eles, custo de captação do em até 5% as vendas no ano.” e ao serem mantidas estão subsidian- banco, impostos, despesas admi- do a inadimplência e restringindo a nistrativas, risco de inadimplência Borges avalia que o barateamento do disseminação de crédito que alavan- e, obviamente, lucro da instituição. crédito também teria repercussões caria o consumo e, consequentemente, Para que os juros caiam para o con- positivas para o nível de inadimplên- o nível da atividade interna. Ao menos sumidor final é preciso reduzir os cia. Segundo ele, as famílias brasileiras desta vez parece que o governo está custos desses insumos. A captação, pagaram R$ 183,5 bilhões apenas em trabalhando para mudar essa situação, por exemplo, tende a ficar mais ba- juros dos seus empréstimos em 2011. e não somente para inglês ver. & rata na medida em que a Selic, que O valor é 30% maior do que o de 2010 baliza o preço pago pelos bancos e corresponde a cerca de 20% de todo para tomar dinheiro no mercado, faturamento estimado do varejo na- recua. E o governo dá sinais de que quele ano. “A força motriz para lançar- a trajetória de queda da taxa básica mos a campanha de redução de juros de juros ainda não acabou. foi, justamente, a constatação de que juros elevados consomem muito a ren- Diante de tudo isso, o consumidor da mensal das pessoas e levam, conse- deve observar o movimento do mer- quentemente, ao aumento da inadim- cado antes de decidir-se por trocar de plência”, concorda Malieni, do BB. 2012 • edição 21 • junho / julho 25
  • 26. A RT IG O POR Paulo roBerto Feldmann atuaL Lei eLeitoraL nas campanhas são empresas muito grandes. Evidentemente esses grupos, prejudica a que por sinal são muito bem adminis- trados, não são de desperdiçar recur- pequena empresa sos, ou seja, quando põem dinheiro numa campanha eleitoral vão querer o retorno logo depois que o seu candi- dato tomar posse. n Essa é a perversidade de nosso sistema eleitoral, e com ele é possível entender ós brasileiros estamos tão No Brasil não existe nenhum apoio o porquê nada será feito para tirar os cansados da frequência com que ou incentivo para que as pequenas se privilégios das grandes empresas. Não aparecem novos escândalos nos unam com a finalidade de exportar podemos chamar de democracia plena jornais que já nem sabemos o que em conjunto, por exemplo. Por isso, o sistema político de um país no qual sentimos: se indignação ou fastio. elas respondem por apenas 1% das o poder econômico é quem decide as Se pararmos para analisar, veremos exportações brasileiras. Na Itália elas eleições. Em países verdadeiramente que a maioria dos casos que vem à são responsáveis por 43% das expor- democráticos como Alemanha, Sué- tona está relacionado com fundos tações, pois lá existe uma politica go- cia ou Holanda empresas não podem que precisam ser arrecadados para vernamental com esse fim. Aqui é raro apoiar campanhas eleitorais, apenas campanhas eleitorais ou então re- que compras públicas sejam direcio- pessoas físicas. Fica a sugestão para tribuições que parlamentares ou nadas às pequenas como está sendo nossa futura lei eleitoral. & dirigentes públicos eleitos precisam feito neste momento na Inglaterra Paulo Roberto Feldmann é presiden- fazer para quem os apoiou na época nas contratações e licitações para os te do Conselho da Pequena Empresa da eleição. Por incrível que pareça a Jogos Olímpicos de Londres. da FecomercioSP lei eleitoral que é a principal respon- sável por gerar essa nefasta situação O que se constata é que tanto nossos para o País é também muito perversa governantes quanto nossos legislado- com as pequenas empresas. res não têm as pequenas empresas em sua agenda e isso é muito fácil de Apesar de as pequenas represen- entender, basta verificar quem apoiou tarem 99% do total de empresas as campanhas eleitorais dos mesmos. existentes no País elas respondem por apenas 20% do PIB brasileiro, se- A relação dos maiores apoiadores de gundo dados do SEBRAE de 2010. Só campanhas eleitorais deveria ser ampla- mesmo países muito pobres, a maio- mente conhecida pela sociedade brasi- ria africanos, apresentam índices leira. No site www.transparencia.org.br é tão baixos de participação de suas possível ver a relação dos doadores. pequenas empresas nos respectivos PIBs. Na Alemanha e na França esses Por meio dessa relação de doadores índices são de 55 e 58%, respectiva- verificamos que é muito pequena a mente. A causa para esta situação é participação das pessoas físicas como a inexistência no Brasil de politicas apoiadoras das campanhas eleitorais públicas que apoiem as pequenas e menor ainda a participação das empresas, bem ao contrário desses pequenas empresas. Constatamos outros países mencionados. que quem efetivamente põe dinheiro 26 2012 • edição 21 • junho / julho
  • 27.
  • 29. vai fazer compras? vá de bike Cada vez mais paulistanos estão aderindo o à magrela para deslocamentos e o comércio precisa trânsito caótico e constante de se preparar para receber bem o cliente ciclista. São Paulo tem transformado o ato de ir e vir em uma luta diária na vida das mi- Veja testemunhos de quem já aderiu e como fazer lhões de pessoas que vivem e se locomo- vem por uma das maiores metrópoles do mundo. Segundo dados do Departa- mento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran) em abril – mês com último dado sete quilômetros. Acima dessa distân- O músico e artista escocês David Byrne disponível –, somente na capital paulista cia, a intermodalidade (bike+ metrô ou (ex-vocalista do Talking Heads), autor do havia mais de 7,25 milhões de veículos. ônibus) é uma excelente alternativa. livro “Diários de Bicicleta”, diz que andar Desse total, 5,25 milhões são formados Claro que nada impede das pessoas de bicicleta é flertar com a cidade, por- por carros. Além da grande quantidade pedalem distâncias maiores. que não é nem devagar demais, nem rá- de veículos, a taxa média de ocupação pido demais. E é de olho nesse flerte, que por carro vem caindo ano a ano. Em 2005 Engana-se quem acha que a ausência muitos comerciantes estão acordando era 1,49 pessoa por carro, em 2009 caiu de ciclovias é um impeditivo para a cir- para o atendimento ao consumidor que para 1,46 e em 2011 chegou a 1,40. Ou culação de bicicletas. O Código de Trân- utiliza a bicicleta nos seus deslocamen- seja, atualmente, a cada cinco carros em sito Brasileiro (CTB) diz em seu artigo tos diários, também conhecidos como circulação nos horários de pico, somente 58 que: “Nas vias urbanas e nas rurais bike-commuters na sigla em inglês. sete pessoas são transportadas. de pista dupla, a circulação de bicicle- tas deverá ocorrer, quando não houver De acordo com a pesquisa Origem/ Esse caos instalado tem feito mais ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou Destino do Metrô realizada em 2007, pessoas deixarem seus veículos de quando não for possível a utilização 70% dos deslocamentos de bicicleta lado e usarem a bicicleta como meio destes, nos bordos da pista de rolamen- em São Paulo têm como motivo princi- preferencial em seus deslocamentos. to, no mesmo sentido de circulação re- pal o transporte. Ainda de acordo com Especialistas afirmam que a bike é o gulamentado para a via, com preferên- os dados, 57% das viagens utilizando transporte ideal para distâncias de até cia sobre os veículos automotores”. bicicletas tiveram como motivação a 2012 • edição 21 • junho / julho 29
  • 30. NEG ÓCIOs Va i fa zer compr a s? Vá de bi ke pequena distância da viagem e 22% aconchego e por ser palco constante representativo – mostrou que ao utilizar a condução alternativa ser considera- de noite de autógrafos. A tradicional a bicicleta como meio de transporte, o da cara. “Os comerciantes ainda não Confeitaria Vera Cruz, localizada no consumidor dá preferência em visitar acordaram para esse público. Tento Tatuapé é outro estabelecimento que comércios instalados em seu próprio mostrar que o ciclista é um consumi- disponibiliza paraciclos para o cliente bairro em detrimento de outros mais dor, que usa a bicicleta como meio de ciclista. Com um espaço para amarrar distantes. É o caso do casal Camila Vale locomoção”, diz Eduardo Grigoletto, o cachorro enquanto as compras são e Marco Toscano, usuários frequentes proprietário da Ciclomídia, empresa feitas, o local era utilizado por ciclistas da ciclofaixa da zona Norte, que prioriza especializada em fornecer estruturas e gerava confusão pela falta de espaço o consumo em estabelecimentos na re- para o estacionamento de bicicletas. para os cachorros, além da localização gião por onde pedala. “A Prefeitura está atrapalhar o fluxo de entrada e saída. começando a ver que já tem muito carro A empresa nasceu em função dessa ne- O proprietário do local, João Orlando na rua e não adianta criar mais pistas e cessidade. Grigoletto que enfrentava Junior, optou então por instalar paraci- viadutos, o melhor é investir na bicicleta. dificuldades em estacionar sua bicicle- clos na calçada em frente à confeitaria. O ciclista é uma forma mais barata de ta com segurança ao visitar a maioria “O número de pessoas que frequen- investimento para transporte”, afirma dos lugares. “O andar de bicicleta na ci- tam a padaria de bicicleta triplicou aos Toscano. Ao escolher atender melhor o dade tem sido bastante abordado, mas finais de semana” diz, Orlando Junior, ciclista, o empresário do comércio tam- o estacionar nem tanto”, complemen- ele também um ciclista. “Queremos bém pode ganhar com a compra por im- ta. Um dos lugares que já contam com instalar mais dois num futuro breve.” pulso. “A velocidade da bicicleta permite paraciclos instalados pela Ciclomídia uma interação maior entre as vitrines de é a unidade da Fradique Coutinho da Um estudo realizado em 2008 na Holan- lojas de rua e o consumidor, que ao estar Livraria da Vila, espaço famoso por seu da – país onde o deslocamento de bike é em uma bicicleta pode parar mais rápi- do e facilmente na comparação com o automóvel”, exemplifica José Lobo, presi- dente da organização não governamen- tal Transporte Ativo. Paraciclos e Bike Vallet O Coletivo CRU criou recentemente uma plataforma online e colaborativa chamada BikeIT! (www.bikeit.com.br) De acordo com os dados de 2007 da pesquisa Origem/Destino do Metrô, excetuando as para que ciclistas possam postar depoi- viagens de bicicleta de retorno à residência, o principal local de guarda de bicicleta é pri- mentos sobre estabelecimentos dizen- vado, 61%. Os bicicletários gratuitos correspondem a 15% e os locais públicos, 8%. do se aprovam ou reprovam o local de acordo com o atendimento e estrutura Para montar o seu próprio paraciclo, a Transporte Ativo possui um guia de orientação em para ciclistas. O local que possui atendi- seu site. Segundo José Lobo, presidente da entidade, o custo médio da vaga (que comporta mento exemplar em todos os aspectos pelo menos duas bicicletas) é de R$ 150 a R$ 450. “O Maracanã criou 80 vagas com mate- ganham o selo BikeIT!. rial reciclado feito dentro das oficinas do estádio. Essa é a forma mais barata hoje”, conta. ciclofaixas, ciclorrotas Para aqueles que querem mais praticidade, a Ciclomídia faz e monta as estruturas, que e ciclovias possuem diferenciações entre si, desde um modelo simples até a implantação de Bike Val- let para eventos, shows, feiras, congressos e todo tipo de eventos com grande concentra- A cidade de São Paulo conta hoje com ção de pessoas incentivando. “Guardamos a bicicleta e todo o equipamento que o ciclista três tipos de estruturas para ciclistas: ci- quiser com segurança”, finaliza Eduardo Grigoletto. clofaixa, ciclorrota e ciclovia. A diferença entre elas é simples. A ciclovia é um espa- ço para a circulação de bicicletas com se- 30 2012 • edição 21 • junho / julho