1. ISSN 1983-1390
00021
9 771983 139001
revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo ANO 21 • Nº 21 • JUNHO/JULHO • 2012
se ja
bem-v indo
Taxas em Inves t ir em mão de obra
liquidação qu alif ic ad a f ideliza
clientes, sabia?
Como o varejo e o consumidor devem
tirar proveito da onda de cortes dos juros
a r e na
a lv inegr a
C & S v isita obra s do es tádio
do Cor inthians, templo
d a ab er t ura d a Copa 2014
5X 2X
aceitamos voos a lTos
crédito P r ivat izaç ão e aumento de
%off demand a vão mud ar os negó c ios
nos aerop or tos. Aproveite
...
... suaves
000 xxx
parcelas..
di v er sida de bel a
Revelamos como o merc ado
de nicho p o de at rair to dos
os t ip os de consumidores
2. ÕES
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Realização
4. C A RTA AO L EI TOR
Cortar mais,
para crescer Aqui tem a presença do comercio
A taxa Selic no patamar de 8,5% au- importante que o Senac moldou cur- Presidente Abram Szajman
Diretor Executivo Antonio Carlos Borges
mentou o movimento de emprésti- so sobre técnicas de comércio, com o
mos dos bancos. São pessoas tanto objetivo de formar profissionais de
física como jurídica interessadas excelência na área, além de oferecer
em novos financiamentos, a custos aconselhamento sobre o tema. Os
Conselho Editorial
menos salgados. Os líderes dessas lojistas que fazem a diferença são Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Paulo Rabello
ofertas são os bancos estatais. O exemplos de sucesso de vendas. Por de Castro, Cláudio Lembo, Renato Opice Blum, José
Pastore, Adolfo Melito, Jeanine Pires, Paulo Feldmann,
Banco do Brasil promoveu um apor- sua importância para o comércio, o Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer,
te adicional de R$ 27 bilhões para as assunto é focado em duas reporta- Luiz Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio
Pina e Guilherme Dietze
linhas voltadas às micro e peque- gens e também se destaca na entre-
nas empresas. Outros R$ 16 bilhões vista de Jaime Drummond, criador e Editora
destinaram-se a pessoas físicas. Na presidente da Mahogany.
Diretor de comunicação e editor chefe Jander Ramon
Caixa Econômica Federal, somente Diretor de conteúdo André Rocha
em maio, foram abertas mais de 280 Atentar para oportunidades de ne- Editora executiva Selma Panazzo
mil novas contas de pessoas atraídas gócios é outro ponto vital para o Editora assistente Denise Ramiro
pela redução nos juros. Uma evo- lojista. Esta edição de C&S mostra Projeto gráfico
lução de 26,3% em relação a abril. três nichos exemplares. O segmento
O incremento no ritmo de abertura de moda diferenciada, que atende a atendimento@designtutu.com.br
de contas para empresas também tamanhos plus size, consumidoras Editores de Arte Clara Voegeli e Demian Russo
foi expressivo. Foram 42 mil contas evangélicas e pessoas anãs; lojas Chefe de Arte Carolina Lusser
Designer Ângela Bacon
abertas em maio, ou 39,3% a mais próximas a ciclovias, que oferecem Assistentes de Arte Camila Marques e Cristina Sano
que no mês anterior. Esse movimen- tratamento personalizado aos ci-
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to, contudo, ainda não está dissemi- clistas e estabelecimentos que fun- Original Brasil - Tel.: (11) 2283-2365
comercioeservicos@originaldobrasil.com.br
nado por todo o mercado financeiro, cionam dentro dos aeroportos, em
Colaboram nesta edição
que continua justificando a alta dos espaços que se tornaram ainda mais Andrea Ramos Bueno, Didú Russo, Enzo Bertolini,
juros pelo custo dos insumos e risco valorizados a partir da privatização. Gabriel Pelosi, Juliano Lencioni, Patricia Queiroz,
Paulo Feldmann, Raphael Ferrari e Thiago Rufino
de inadimplência. Embora o consu-
Fotos Ed Viggiani, Christian Gaul, Felipe Araújo Lima,
midor esteja tomador de emprésti- O comércio, responsável por 4% do PIB,
Olicio Pelosi, Pedro Curi e Ricardo Lisboa
mo, estudos da FecomercioSP já pro- continua com perspectiva de desempe-
Jornalista responsável Jander Ramon MTB 29269
varam que não está esgotada a sua nho positivo. A queda dos juros básicos
Impressão Gráfica IBEP
capacidade de endividamento. Essa traz alento, embora ainda não tenha
Fale com a gente cs@fecomercio.com.br
nova realidade do crédito e qual é sido repassada integralmente
Redação
seu fôlego são o tema da reportagem ao consumidor. Novos cortes, Rua Itapeva,26, 11º andar
de capa desta edição. não apenas da Selic, mas, so- Bela Vista – CEP 01332-000 - São Paulo/SP
Tel.: (11) 2361 1571
bretudo, dos juros cobrados
O comércio deve ficar atento para pelos bancos, são o cami- Errata: A grafia correta do nome da presidente
da Sorridents – entrevistada da C&S nº 20 – é
conquistar e fidelizar esse cliente nho para garantir um Dra. Carla Renata Sarni.
mais ávido por compras. Para isso não crescimento com- Permitida a trascrição de matéria desde que citada
a fonte. Registro Civil de Pessoas Jurídicas, Livro B-3,
bastam vitrines chamativas e promo- patível com as sob o número 2904. Nota: as declarações
ções. O mercado vendedor precisa en- potencialidades consubstanciadas em artigos assinados
não são de responsabilidade da FecomercioSP.
cantar o consumidor com um atendi- e necessidades
Abram Szajman
mento diferenciado. Esse ponto é tão do País. Presidente da Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do Estado
de São Paulo (FecomercioSP), entidade
que administra o Sesc e o Senac no Estado
4 2012 • edição 21 • junho / julho
5. ÍNDICE
18
o custo do dinheiro
Taxas de juros recuam mas ainda
é difícil conseguir crédito na praça
Jaime Drummond A renovação dos aeroportos
8 Presidente da Mahogany comenta 46 Lojasprivatização e aumentonovos negócios
com
em aeroportos atraem
de movimento
o setor de produtos de beleza
Do PP ao extra GG,
Servimos bem para servir sempre o que importa é vestir bem
14 Lojistas investem em treinamentocliente
para 52 Comércio especializado em nichos
atraem cada vez mais consumidores
qualificar atendimento e fidelizar
Atual lei eleitoral
Franquia em casa
prejudica a pequena empresa
26 Paulo Roberto Feldmann analisa o efeito 56 O home-based éoumanuma modalidade de franquia
que transforma lar
nova
central de negócios
do período eleitoral nas pequenas empresas
Vai fazer compras? Vá de bike São Paulo do futuro
28 Comércio se prepara para atender 58 O Plano SP2040 prevê melhorias
o consumidor ciclista que cresce na cidade para a população paulistana
Da Zona Leste para o mundo
AGENDA CIRCUITO
32 C&S visita as obras da arena do Corinthians 60 CULTURAL 62 DE festas
que receberá o jogo de abertura da Copa de 2014
juninas
MIXLEGAL ECONOMIX O vinho e as salvaguardas
38 39 64 Didú Russo analisa os efeitos das salvaguardas
na importação de vinhos e o impacto no setor
Devedores do ICMS terão juros menores
Medida apesar de positiva pode ser Comunicação nas
40 ineficiente para diminuir inadimplência 65 mais variadas formas
Soluções simples, grandes resultados Sinal dos tempos
Ataques virtuais requerem investimentos 66
42 em segurança para evitar perdas
2012 • edição 21 • junho / julho 5
6. 50%
Planos até
mais barato.2
SulAmérica: Unimed Paulistana: Omint:
7. Meu plano de saúde
não cobre o médico
e o hospital que eu
prefiro pra me tratar.
E agora? Empregador do Comércio: não
se preocupe. Com a parceria da
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de hospitais e laboratórios, bem como de honorários profissionais, se dá conforme a disponibilidade da rede médica e as de Benefícios:
condições contratuais de cada operadora e categoria de plano. ²Em comparação a produtos similares no mercado de planos
de saúde individuais (tabela de maio/2012 – Omint). Junho/2012
8. EN T R E V IsTA Ja ime dru mmond, pre sidente da Maho gany
POR Patrícia Queiroz
fOTOs ed viggiani
o segredo está no
atendimento
e ngenheiro mecânico formado
pela Universidade Federal do Rio de
ria é de franqueadas de uma rede que
ele mesmo criou. Com previsão de
Janeiro (UFRJ), esse carioca de 63 anos faturamento este ano na casa dos R$
viu no setor a chance de um negócio 50 milhões, a companhia viu, no ano
próspero. Começou em 1981 em so- passado, aproximadamente 1,5 milhão
ciedade com um cunhado comercia- de clientes circularem em suas insta-
lizando desodorantes, bronzeadores e lações franqueadas e próprias. As lo-
fragrâncias para grandes redes varejis- jas terceirizadas devem ter receita em
tas. Anos depois optou por voo solo e torno dos R$ 100 milhões neste ano. “O
fundou empresa própria, a Mahogany, segredo, além do bom produto, está no
que tinha o mesmo foco de produção. bom atendimento”, conta.
Alguns tropeços pelo caminho o fi- Vendas diretas ou mais investimen-
zeram rever os planos. Hoje, 20 anos tos em lojas próprias não fazem parte
depois, comemora uma história de su- dos seus planos, ao menos por agora.
cesso: dos pequenos pontos de venda “Uma rede franqueada com um siste-
instalados timidamente em farmá- ma de qualidade e que funcione, além
cias e perfumarias contabiliza151 lojas da atenção constante que o negócio
instaladas em 70 cidades ao redor do requer, gera retornos já bastante ali-
País. Desse total, a esmagadora maio- nhados às nossas perspectivas”, avalia.
8 2012 • edição 21 • junho / julho
9. apaiXonado por kart, Jaime drummond, Criador
e preSidente de uma daS marCaS de CoSmétiCoS
queridinhaS do merCado – a mahoGanY –, tira daS
piStaS anaLoGia de Como Ganhar poSição
2012 • edição 21 • junho / julho 9
10. EN T R E V IsTA Ja ime dru mmond, pre sidente da Maho gany
“
C&S engenheiro mecÂnico de
formaÇão, como foi sua entra-
da no mercado de cosméticos?
a mahogany conta hoje com 420 produtos, Jaime drummond Concluí no Rio
mas estamos sempre pensando em novas de Janeiro, em 1971, o curso de enge-
nharia mecânica pela UFRJ. Durante
oportunidades para inovar. no ano passado, 10 anos trabalhei na área, mas, em
por exemplo, lançamos 108 novos. todos pensados 1980, resolvi vir com minha então es-
osasco, na grande São paulo.
“
e desenvolvidos no nosso parque industrial, de posa tentar algo novo em São Paulo.
Na capital, ela tinha um irmão que
trabalhava como representante de
perfumaria artesanal. Achei o negó-
cio interessante e apostei. Decidimos
juntos profissionalizar essa oferta de
perfumes, organizando os fornece-
dores e dando a eles a oportunidade
de trabalhar para as grandes e mais
importantes cadeias varejistas da
época, como Mesbla e Mappin. A em-
presa se chamava Cabeça Feita e era
focada sempre no midlemarket. Che-
gamos a ser um dos cinco maiores
fabricantes de desodorante, o segun-
do maior fabricante de bronzeador
e ainda o quinto maior fabricante
de fragrâncias no Brasil. Atuamos
juntos dessa forma por 10 anos com
bastante sucesso.
como nasceu a mahogany?
Em 1991 conversamos e resolvemos
acabar a sociedade. Já com experiên-
cia no ramo, resolvi manter a aposta
e desenvolvi uma empresa própria, a
Mahogany. A proposta era preencher
uma demanda onde o varejo ainda
era fraco, a de cuidados pessoais.
Desenvolvemos então itens diversos
acessíveis no preço e de alta quali-
dade, como sabonetes, hidratantes e
produtos capilares. Tudo voltado para
homens e mulheres. Nessa época,
mantivemos o que era desenvolvido
na Cabeça Feita com a venda de nos-
sos produtos para grandes redes de
todo o Brasil. Durante oito anos a em-
10 2012 • edição 21 • junho / julho
11. presa prosperou amplamente. Entre de Que forma isso ocorreu? Prova disso é que, no final de 2006, já
os anos de 1998 e 1999, infelizmente, Partimos para outro modelo, com es- tínhamos 10 lojas, localizadas entre Rio
todo o setor varejista sofreu perdas paços próprios reservados em lojas, de Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília,
com as turbulências de mercado e como perfumarias e algumas farmá- sendo apenas uma própria, a de São
praticamente todas as lojas grandes cias. Chegamos a ter 200 desses tipos Paulo. A estratégia deu resultado. Prova
de departamento quebraram. Com de quiosques em todo o País e manti- disso é que, no final de 2006, já tínha-
isso, perdemos 60% do nosso fatu- vemos esse tipo de negócio até 2004. mos 10 lojas, localizadas entre Rio de
ramento em um ano. Não tinha jeito. Com o tempo, vimos que não havia Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília, sen-
Tivemos que procurar outros canais uma parceria efetiva como o lojis- do apenas uma própria, a de São Paulo.
de venda para não quebrar. ta. Isso porque a Mahogany cedia os
produtos e uma série de vantagens Quantos produtos possui
Qual era o tamanho da ao lojista com o compromisso dele atualmente?
empresa na época? de reposição dos produtos tão logo A Mahogany conta hoje com 420
Tínhamos 60 funcionários e receita de fossem comercializados. O que acon- produtos, mas estamos sempre pen-
aproximadamente R$ 5 milhões anuais. tecia na prática era que o lojista não sando em novas oportunidades para
repunha o nosso produto e ainda co- inovar. No ano passado, por exemplo,
de Que forma locava outros no nosso espaço reser- lançamos 108 novos. Todos pensados e
o negócio evoluiu? vado. Percebemos, novamente, que desenvolvidos no nosso parque indus-
Hoje, internamente, o nosso negócio esse modelo não estava dando resul- trial, de Osasco, na grande São Paulo.
é focado sempre no desenvolvimen- tados financeiros e para a construção
to da marca e de novos produtos, da marcar. Novamente, vimos que com esse volume de produtos
além de toda a questão promocional lançávamos produtos, mas tínhamos e lojas, Quais as estimativas
e, claro, da qualidade. Trazemos o que o entrave com os pontos de venda. financeiras da mahogany?
há de melhor no mundo no que diz No que diz respeito ao interesse por
respeito ao desenvolvimento de em- como a empresa solucionou novas franquias e seguindo nosso
balagens e válvulas especiais essa Questão? movimento natural, devemos man-
Em 2005 procuramos a Cherto, consul- ter uma evolução em torno de 15 a
como a mahogany sobreviveu toria local especializada em franquias, 20 lojas novas por ano. Essa rede,
a essa Quebradeira dos e fizemos um estudo de viabilidade em 2011, faturou R$ 90 milhões e,
varejistas? para tornar a marca uma rede franque- este ano, deve ter receita na casa
Resolvemos procurar outros canais adora. Com ela formatamos a arquite- dos R$ 100 milhões. Já a companhia
de venda, como farmácias e autos- tura das lojas, dos uniformes, os tipos deve faturar algo em torno dos R$
serviços, onde ficamos até aproxima- de contratos e, claro, toda a imagem e 50 milhões, com uma evolução anu-
damente 2001. Logo percebemos que produção visual que as lojas deveriam al em torno dos 12% a 15% ano. Hoje
esse trabalho com autosserviços, que ter. Partimos para o mercado em busca são 150 funcionários. O volume de
praticamente ocupou o lugar das va- de candidatos a franqueados. Paramos clientes também é expressivo. Fo-
rejistas, não gerava ganhos expressi- por um detalhe: não tínhamos nada ram cerca de 1,5 milhão de pessoas
vos e ainda prejudicava a construção para mostrar porque simplesmente circulando nas lojas em 2011, ante
da nossa marca porque nossos pro- não tínhamos loja alguma. Sofremos 1,2 milhão em 2010.
dutos ficavam justamente ao lado, durante seis meses sem que houvesse
fazendo par, com outros com menor qualquer interesse. Foi quando resol- há possibilidade de expansão
valor agregado. Então pensamos que vemos abrir duas lojas próprias: uma da companhia via novos
se não havia rendimentos satisfató- na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, investidores?
rios tampouco construção de marca, e outra no Ibirapuera, em São Paulo. Por enquanto não existe essa possi-
tínhamos que rever nosso negócio. Assim ficou mais fácil mostrar nossas bilidade. Já fomos bastante procu-
Foi o que fizemos. propostas. A estratégia deu resultado. rados por vários fundos de private
2012 • edição 21 • junho / julho 11
12. EN T R E V IsTA Ja ime dru mmond, pre sidente da Maho gany
equity e não fechamos negócio. Por Temos perfis bastante diferentes de susta. Além disso, outro impacto que
ora, não estamos em negociação com franqueados, formados nas mais di- pode ser encarado como negativo é a
nenhum deles, até porque as propos- versas profissões. Todos, entretanto, abertura de cada vez mais shoppings
tas que recebemos nunca chegaram antes de fecharmos negócio, passam nas grandes cidades. Isso não fideliza
a um nível de satisfação adequado à por entrevistas e análises de perso- clientes, mas sim os divide. Para evi-
nossa perspectiva. nalidade para checagem sobre como tar a canibalização de franqueados,
se comportam nas adversidades per- estamos em contato direto com eles
Qual o tamanho desse tinentes ao setor. A partir do pedido acompanhando o mercado. Na Gran-
setor no brasil? de franquia até a abertura da loja há de São Paulo e Rio de Janeiro, por
Estamos entre os três maiores do mun- uma média que varia em torno dos exemplo, estão fechados para novas
do, atrás apenas de Estados Unidos e seis meses a um ano. lojas justamente para não prejudicar
Japão. Aqui, o mercado de cosméticos as que já existem.
vem evoluindo muito. De 1998 para cá Qual o investimento inicial
a média de crescimento da receita do e perspectiva de retorno? Qual o suporte técnico
setor é de 13,5% anuais. O faturamen- O investimento é de R$ 4,5 mil por Que a empresa fornece
to bateu na casa dos R$ 29 bilhões em metro quadrado, sendo que indica- ao franQueado?
2011. Atingimos esse posto por vários mos pelo menos 35 metros quadra- Quando uma nova unidade é aber-
motivos e um importante deles foi o dos para cada loja. Há, ainda, o in- ta oferecemos treinamento especí-
trabalho desenvolvido pela Associação vestimento no ponto de venda. Hoje, fico ao franqueado e sua equipe no
Brasileira da Indústria de Higiene Pes- 90% deles estão instalados dentro de próprio local. Depois e a cada seis
soal, Perfumaria e Cosméticos junto shoppings. Para o trabalho em si, in- meses, disponibilizamos reciclagem
aos governos. O foco foi a redução de dicamos uma média de cinco funcio- que ocorre em cidades polo. Nesse
carga tributária e aumentar produção, nários por loja. Já o retorno se dá por trabalho, focado nos gerentes e fun-
aumentando assim a arrecadação so- volta dos 36 meses. O grande entrave cionários, nós fazemos a atualização
bre a produção. Isso se mostrou bas- para o retorno mais rápido ao fran- de novos produtos e mercado, mas,
tante promissor. queado é o custo da locação. O preço principalmente, nas técnicas de ven-
do metro quadrado mais que dobrou da e atendimento. O segredo do su-
o Que é necessário para ser nos últimos tempos tanto para com- cesso está no bom atendimento e em
um franQueado mahogany? pra quanto para aluguel, o que as- saber cativar o cliente.
“ estamos entre os três maiores do
mundo, atrás apenas de estados
unidos e Japão. aqui, o mercado
de cosméticos vem evoluindo
muito. de 1998 para cá a média
de crescimento da receita
do setor é de 13,5% anuais
“
“
12 2012 • edição 21 • junho / julho
13. em um mercado altamente sete mil pessoas que acompanham há envolvimento
competitivo, além desse bom a companhia pelo Facebook e outras em projetos sociais?
atendimento, como cativar três mil que nos seguem no Twitter. Sim. Do nosso ponto de vista temos
e fideliZar o cliente? Mantemos ainda um blog com in- que privilegiar a comunidade onde
Temos foco nas classes A e B e aspi- formações sobre lançamentos e toda nossa companhia está inserida. As-
racional na C. Portanto, público bas- nossa linha de produtos e um traba- sim, damos apoio a projetos sociais
tante qualificado e cada vez mais lho expressivo com blogueiras espe- mantidos por entidades da cidade
exigente. Estamos sempre atentos cializadas em cosméticos. Apostamos que ministram cursos profissionali-
às suas demandas. Para tal, fizemos na força das mídias sociais. zantes aos moradores locais. &
pesquisa recente com 650 consumi-
dores que circulavam em nossas lojas
ou fora delas em cidades como Rio de
Janeiro, São Paulo e Recife. O cliente
indicou melhorias significativas na
qualidade dos nossos produtos e
também elencou como fundamen-
tal a relação custo-benefício. Outros
atributos lembrados pelos clientes
foram a característica vibrante e ro-
mântica das nossas linhas.
Quais as aÇÕes da mahogany
nas redes sociais?
É um nicho importante de comunica-
ção com clientes e demais stakehol-
ders. Por isso resolvemos, no último
ano, ampliá-lo e já colhemos resulta-
dos expressivos nessa troca de infor-
mações. Atualmente temos cerca de
2012 • edição 21 • junho / julho 13
14. GE sTãO
TEXTO andrea ramos Bueno
Servimos
bem para
servir
Sempre
Às vezes só preço não
é suficiente para manter
a fidelidade do cliente.
O bom atendimento
é a melhor vitrine
14 2012 • edição 21 • junho / julho
15. a frase que intitula a reportagem
sempre foi dogma para o varejo e o setor
A capacitação para o bom atendimen-
to pode ser buscada em cursos téc-
A consultora do Sebrae-SP chama
atenção para um temor que ronda a
de serviços e cada vez mais ela tem tan- nicos. Também vale a orientação do cabeça de muitos empresários quando
ta relevância quanto o bom preço. próprio empresário ou de um superior, pensam em oferecer treinamento aos
conscientizando os empregados da im- seus funcionários: a perda desse pro-
O consumidor, com maior poder de portância de fidelizar os clientes. Feld- fissional para o mercado. “E o custo da
compra, mais atento e detentor de fer- mann lembra ainda que esse modelo não qualidade, o desse funcionário não
ramentas rápidas de pesquisa, se torna só será eficaz caso o empresário dê o atrair e ainda espantar clientes, quanto
mais exigente e a aquisição de um pro- exemplo, tratando não só cliente, mas vale?”, pergunta Beatriz.
duto ou serviço não depende só da qua- também seus colaboradores com cor-
lidade e de preço competitivo, mas tam- dialidade. “Para o empregado atender
bém da maneira como ele é atendido. bem o cliente, é preciso que ele tenha
um clima saudável. Se esse relaciona-
E, nesse aspecto, o brasileiro é bastante mento for ruim, certamente isso será
exigente.“Nós damos uma importân- refletido no atendimento”, completa.
cia muita grande para essa questão
do relacionamento pessoal e que se O varejista e o prestador de serviços
reflete no atendimento. Queremos ser precisam saber também um pouco do
bem atendidos. O comércio eletrônico que vai na cabeça do consumidor. Para
no Brasil não avançou tanto quanto o empresário o que mais importa para
em outros países por não ter interati- atrair clientes é o preço. No entanto, a
vidade. O brasileiro sempre quer ter o realidade vai além disso. A consulto-
contato pessoal, mesmo que ele tenha ra sênior de marketing e vendas do
acesso à internet, ele quer ver a cara Sebrae-SP, Beatriz Micheletto, cita uma
do vendedor”, detalha Paulo Feldmann, sondagem feita pelo Procon e a Fun-
presidente do Conselho da Pequena dação Getulio Vargas em que foram
Empresa da FecomercioSP. analisados os motivos que fazem uma
empresa perder clientes. “Sessenta e
Outro aspecto do atendimento, lem- oito por cento das perdas de clientes
brado por Feldmann, é a vantagem que se devem ao mau atendimento; 14% à
a pequena empresa tem em relação à má qualidade de produtos e serviços;
de maior porte: a proximidade com o 9% ao preço e o restante por outros fa-
dono. “Ele está perto e pode acompa- tores que independem da atuação do
nhar a maneira como o cliente está empresário (morte do cliente, mudan-
sendo atendido”, destaca. Isso passa a ça de endereço e a compra de produtos
ser um diferencial. vendidos por amigos)”, destaca.
2012 • edição 21 • junho / julho 15
16. GE sTãO Ser v i mos bem pa r a ser v i r sempre
Há quem carregue no DNA a arte de “Meu pai ia até as mesas, almoçava com o decote estava incomodando. Ela foi
atender bem e ainda acompanha, as pessoas, batia papo. Eu adotei isso embora e eu prometi guardar a peça.
desde pequeno, como é que se faz. para o meu negócio. Não faço só o bá- Dias depois ela voltou e comprou oito
A jornalista Cyane Alem, 37 anos, é sico. Se a cliente está com preguiça de peças, menos o vestido”, conta.
exemplo disso. Com os pais empre- experimentar a roupa eu experimento
sários em Ribeirão Preto adminis- e mostro como ela pode usar. No co- A empresária oferece outros mimos
trando um restaurante árabe há 30 quetel em que comemoramos um ano às clientes: não cobra para fazer barra,
anos e outro de comida nordestina das atividades da loja, um cliente queria leva e busca a roupa na costureira e já
há 16, ela acaba de completar um comprar um presente para a namorada. chegou a abrir a loja em um domingo,
ano à frente da boutique Benditta, Eu deixei a festa e experimentei a roupa para uma pessoa que iria viajar.
também na cidade. Desde criança que ele queria levar”, explica a jornalista
vendo a atuação dos pais, ela apren- que também coloca em prática o que Talvez por esse atendimento tão per-
deu muito cedo as estratégias para aprendeu com especialistas em gestão, sonalizado, a empresária não invista
ganhar e manter clientes. que entrevistou quando era repórter. muito em propaganda. Anuncia em
uma revista e o restante se deve às in-
Cyane diz ainda que passa um tem- dicações de outras clientes e às redes
pão conversando com os clientes du- sociais. “Quando eu posto uma foto já
rante o atendimento para saber do vêm várias perguntas. As pessoas que-
trabalho, do dia a dia e recomendar o rem saber se tem o número delas. É um
que for mais adequado e estiver den- retorno imediato”, comemora.
tro das expectativas e do poder aqui-
sitivo de quem está comprando. Por A atenção ao atendimento e a capaci-
conta dessa observação ela já sugeriu tação dos colaboradores no comércio
que uma cliente desistisse do vestido são caminhos obrigatórios a serem
que havia experimentado. “Eu vi que percorridos por quem quer se manter
ela não estava se sentindo bem, que no mercado e, para quem não teve
professores na infância, existem cur-
sos bastante direcionados. O Senac e
o Sebrae oferecem algumas opções.
O curso livre Atendimento ao Clien-
Foto: Olício Pelosi
te, do Senac, prepara aqueles que
vão atuar na área operacional. São
“
tratados aspectos como transparên-
cia e ética nas relações de consumo e
normas sobre direitos do consumidor,
além de postura, habilidades e atitu-
Salão de cabeleireiro é como pizzaria em São paulo: des pessoais e profissionais.
em cada esquina tem um. você tem que fazer diferente Para quem quer seguir carreira nessa
para conquistar o cliente. em relação aos meus colaboradores,
preciso ser um espelho: varro o chão, sirvo café, limpo
cadeira e esse comportamento se estende à equipe
“ área existe o curso Técnico em Comércio,
de nível médio. Ele vai formar um profis-
sional que poderá também contribuir
para a gestão do negócio. “Essa pessoa
poderá auxiliar não só no atendimento
Andrea Guedes ao cliente, mas também em processos de
Dona do salão Avant Garden
armazenagem; definição de preços; ex-
16 2012 • edição 21 • junho / julho
17. posição de produtos; otimização no pro- criatividade, fluxo de caixa e motiva- Em um período tão curto de existência,
cedimento de compras e no tratamento ção de equipe. Detalhes sobre cada um os 14 funcionários já tiveram três cur-
com os fornecedores”, detalha o professor desses cursos podem ser vistos no en- sos. Dois ministrados por empresas es-
do Senac, Aurisol Sabino de Souza. dereço www.sebraesp.com.br/ead. pecializadas e outro criado por Andrea
e uma funcionária que também acu-
Esse curso ainda orienta o aluno a de- A cabeleireira Andrea Guedes, 33 anos, mulou experiência em vários salões.
senvolver planos de marketing e vendas conhece bem a importância do bom
e trata de tendências e inovações tec- atendimento e a necessidade de inves- Quando fala sobre atendimento ela
nológicas na área comercial. “Como vai tir em cursos e treinamento. mostra porque conseguiu rapidamente
ser o supermercado daqui alguns anos? seus clientes e como atrai outros. “Eu
Será muito diferente do que é hoje e Durante oito anos foi funcionária de oriento as recepcionistas a atenderem
esse profissional precisa estar prepara- uma rede de salões de beleza que tem ao telefone sorrindo. Quem está do ou-
do pra isso”, destaca Souza. por filosofia tratar o cliente como prio- tro lado já sente que será bem recebido.
ridade. A marca investe no bom trata- Além de nos preocuparmos em oferecer
Outros 11 cursos são oferecidos pelo Se- mento e bem-estar das pessoas durante produtos de boa qualidade, temos algu-
brae-SP. Eles são gratuitos, de curta du- a permanência delas no estabelecimen- mas práticas que utilizamos do primei-
ração e feitos à distância. Cada um dos to. Quando Andrea deixou essa rede e ro ao último cliente”, explica.
temas tem carga horária de três horas foi trabalhar em outros salões, ela co-
e o participante tem 15 dias para con- nheceu uma realidade diferente: “eu vi o Ela considera importante que todo fun-
cluí-lo. Ao final desses cursos o aluno que não se deve fazer”, conta. Após anos cionário cumprimente cada cliente como
pode imprimir o certificado. Os temas acumulando experiência ela decidiu to- se fosse seu; que mantenha os espaços
vão desde o desenvolvimento de com- mar as rédeas de sua vida profissional e, limpos e organizados e que na chegada
petências empresariais até a sucessão há um ano, comanda o salão Avant Gar- já ofereça café, chá, cappuccino...
em empresas familiares, passando por den, na capital paulista.
“Salão de cabeleireiro é como pizzaria
em São Paulo: em cada esquina tem
um. Então você tem que fazer diferen-
te para conquistar o cliente. Tenho um
assistente de cabeleireiro que, quan-
do a cliente está em dúvida quanto
ao esmalte, ele testa várias cores nas
mãos dele. Eu sinto também que, em
relação aos meus colaboradores, pre-
ciso ser um espelho. Eu também varro
o chão, sirvo café, limpo cadeira e esse
comportamento se estende à equipe.
Por isso, se eu estou fora, fico tranqui-
la, porque sei que o salão está em boas
mãos”, ensina Andrea.
A dedicação ao atendimento dá à ca-
beleireira a segurança para conquistar
novos clientes. “Eu costumo dizer que
a gente só precisa que a pessoa entre
no salão porque nós vamos fazer a di-
ferença.” A clientela agradece. &
2012 • edição 21 • junho / julho 17
18. C A PA
POR Por Raphael Ferrari e Denise Ramiro
ILUSTRAÇÕES ÂNGELA BACON
5X
10X
19. 000 xxx
Governo força
O custo do
redução dos juros
para o consumidor
dinheiro
final e mercado
financeiro precisa
se reestruturar para
se manter atrativo
15X
8X
20. C A PA O c u s to do d i n hei ro
d esde agosto de 2011 o Siste-
ma Especial de Liquidação e Custódia
áreas importantes como saúde, educa-
ção e infraestrutura. Já para as Pessoas
bém podem ser vistos como o custo
do dinheiro, que no último trimestre
já caiu quatro pontos porcentuais Físicas (PF) e Jurídicas (PJ), a queda da de 2011 eram de 45,2% a.a. recuaram
(p.p.), saindo de 12,5% ao ano (a.a.) e Selic tem implicações mais interessan- somente 0,9 p.p., fechando o primeiro
chegando à 8,5% a.a., a taxa mais bai- tes. Primeiro, com o dinheiro poupado trimestre do ano em 44,3% a.a. para o
xa da história. Mas o que significa isso (guardado) rendendo menos, o consu- consumidor na ponta.
para o bolso do consumidor? A Selic, mo e os investimentos se tornam mais
como é mais conhecida, é a taxa bá- atrativos. E mais importante: o crédito A justificativa das instituições finan-
sica de juros da economia brasileira se torna mais acessível, mais barato. ceiras para os juros ao consumidor
usada como instrumento de política O que permite às famílias financiar a não caírem na mesma proporção que
monetária para o controle da inflação. expansão de suas compras e, por sua a Selic é o receio de um incremento no
Contudo, quando o Comitê de Política vez, às empresas adquirir bens, equipa- nível de inadimplência, que de acordo
Monetária (Copom) anuncia a retra- mentos, aumentar a capacidade insta- como Banco Central (BC) corresponde
ção ou o aumento da Selic não há uma lada, fazer mais contratações... ao volume de crédito com pagamento
mudança direta na inflação, mas uma atrasado há mais de 90 dias. Contudo,
série de mudanças no mercado que, Há um ciclo virtuoso entre crescimento ainda de acordo com dados do BC, a
teoricamente, devem culminar em do consumo, nível de emprego e renda inadimplência recuou 0,2 p.p. entre
mais ou menos consumo das famílias que é mantido enquanto houver inves- 2010 e 2011, sendo somente de 7,6%.
e, consequentemente, aquecimento ou timentos para que a oferta se mante- Conforme explica Antonio Carlos
arrefecimento da atividade interna. nha no mesmo nível, ou até ligeira- Borges, diretor executivo da Feco-
mente acima da demanda. Ou pelo mercioSP, entretanto, “hoje, o spread
Quando a Selic é “cortada”, o governo menos isso é o que deveria acontecer. bancário (diferença entre o custo de
gasta menos com a dívida pública, que captação de recursos e o preço re-
é corrigida pela taxa básica de juros – o Na prática, a despeito da redução de passado para o consumidor de crédi-
que o deixa com mais recursos dispo- quatro p.p. na taxa Selic, os juros co- to) é, em média, de 33,2%, sendo que
níveis para realizar investimentos em brados em financiamentos, que tam- 11% correspondem a taxa de risco de
“ a força motriz para lançarmos a campanha
de redução de juros foi a constatação de que
juros elevados consomem muito a renda
mensal das pessoas e levam, consequentemente,
ao aumento da inadimplência
“
Walter Malieni
Diretor de Distribuição do Banco do Brasil
Foto: Divulgação
21. 000 xxx NOVAS TAXAS
O movimento de corte dos juros bancários nas operações
de crédito ao consumidor caminha de forma tímida
CDC - Bens diversos
Taxas médias Taxas médias
Bancos Variação
abril de 2012 maio de 2012
000 xxx
Banco do Brasil 1.79% 1.90% 0.11
Caixa Economica Federal 5.93% 5.91% -0.02
Itaú 0.00% 0.00% 0.00
Bradesco 2.78% 3.31% 0.53
Santander 3.83% 2.30% -1.53
000 xxx
HSBC 4.26% 4.35% 0.09
Cheque Especial
Banco do Brasil 8.64% 8.40% -0.24
Caixa Economica Federal 4.34% 4.34% 0.00
Itaú 8.69% 8.77% 0.08
Bradesco 8.78% 8.76% -0.02
Santander 10.34% 10.31% -0.03
15X HSBC 10.11% 10.14% 0.03
Financiamento Veículos
Banco do Brasil 1.37% 1.38% 0.01
Caixa Economica Federal 1.82% 1.71% -0.11
Itaú 1.62% 1.58% -0.04
Bradesco 1.60% 1.58% -0.02
Santander 1.68% 1.65% -0.03
HSBC 1.78% 1.54% -0.24
Empréstimo Pessoal
Banco do Brasil 2.38% 2.42% 0.04
Caixa Economica Federal 1.93% 1.99% 0.06
Itaú 3.77% 3.60% -0.17
5X Bradesco
Santander
4.36%
3.29%
4.39%
3.33%
0.03
0.04
HSBC 4.19% 4.23% 0.04
2012 • edição 21 • junho / julho 21
22. C A PA O c u s to do d i n hei ro
conversando a
gente se entende 5X
José Sergio Barbieri roda o País há 35 de seus 53 anos.
Caminhoneiro, ele constitui uma pequena empre-
sa de uma pessoa só. Mas nem sempre foi assim.
Barbieri já teve mais de um caminhão e contratou
motoristas para guiar, mas os problemas de ter um
segundo motorista – inclusive as implicações legais
de ter um funcionário – deram mais “dor de cabeça”
do que lucro. Entretanto, há uma trabalhadora que o
acompanha por todos esses anos. Sua esposa, Maria
Aparecida Barbieri, 50 anos, é quem cuida das guias
de recolhimento de tributos, das finanças e do finan-
ciamento dos veículos. inadimplência”. Uma taxa abusiva,
considerando que o recorde histórico
“Já foram mais de 15 financiamentos”, conta de inadimplência, 8,54%, foi registra-
Maria. “Somente em 2008, foram cinco. Finan- do em maio de 2009, no pior período
ciamos três caminhões e duas carretas”, lembra. da crise econômica internacional. “Es-
Sem se preocupar em entender exatamente o que tamos lidando com um valor muito
são os juros, Maria diz que analisa se a parcela acima da realidade”, critica.
cabe no orçamento – como a maior parte dos bra-
sileiros – e fica de olho em quanto o preço final No setor automotivo, os números cha-
do veículo sobe. “Da última vez o banco cobrou mam à atenção. Segundo dados da
34,77% a mais do que o valor do caminhão, mas FecomercioSP a taxa de juros cobrada
como foi dividido em quatro anos compensou”, pelos bancos para o financiamento de
comenta. A taxa equivale a juros de 8,69% ao ano. automóveis é de 26,6% a.a., sendo que
dentro desta taxa está embutido um
Experiente, Maria afirma que antes de fechar spread de 17,1% a.a.. Considerando que
o financiamento é importante analisar as op- os financiamentos de automóveis têm
ções – Crédito Pessoal, Leasing, Financiamento saldo de R$ 178 bilhões, somente de
de Máquinas e Equipamentos (Finame) –, fazer 000 xxx spread as instituições financeiras rece-
simulações em mais de um banco e ficar atento bem cerca de R$ 30 bilhões, ou três ve-
aos encargos. “É normal que um financiamento zes o valor devido pelos inadimplentes,
custe mais do que o anunciado porque eles nunca R$ 10,5 bilhões (5,9% do total movimen-
incluem o custo dos tributos quando falam o pre- tado pelo setor). “Há bastante gordura
ço, só quando fecham o negócio”, critica. “O mais para queimar”, sintetiza Borges.
importante é sentar com o gerente e negociar,
porque você sempre pode conseguir algo melhor A partir de abril, entretanto, o governo
do que aquilo que te ofereceram.” começou uma “ofensiva” contra o se-
15X
23. não há razão para que o custo de um
empréstimo no Brasil seja mais de 15
vezes superior ao dos Estados Unidos
ou em outros países com economias
próximas à nossa. “Somos um ponto
fora da curva.”
Desde o início da pressão governamen-
tal, o Banco do Brasil (BB) já promoveu
cinco cortes de juros no crediário para
as pessoas físicas e jurídicas. A iniciati-
va parece estar dando certo. Com um
Foto: Divulgação
aporte adicional de R$ 27 bilhões para
as linhas voltadas às micro e peque-
nas empresas e de outros R$ 16 bilhões
para PF, o BB viu crescer a demanda de
vários de seus produtos.
“
A oferta de crédito também cresceu
na Caixa Econômica Federal e, junto
com ela, a atração de novos clientes. De
Com a queda da Selic e a maior oferta de acordo com Fábio Lenza, vice-presiden-
crédito nos bancos públicos, a tendência te de pessoa física do banco, do começo
é que a cada mês as taxas fiquem menores.
o melhor, para quem puder, é esperar
“ de abril até a terceira semana de maio
a Caixa emprestou R$ 7,9 bilhões. Al-
guns produtos para pessoas físicas se
destacam. A movimentação média di-
Miguel de Oliveira ária do Crédito Consignado e o Crédito
Vice-presidente da Anefac Direto ao Consumidor (CDC) passaram
de R$ 60 milhões e R$ 9 milhões, res-
pectivamente, para R$ 109 milhões e
R$ 25 milhões. Um aumento de 82,3%
tor financeiro pressionando para que procura de juros mais razoáveis. “Como e 119,7% no volume médio de emprésti-
a queda da Selic seja repassada ao esses bancos têm muita presença no mo diário dessas linhas de crédito.
consumidor final e os juros do siste- mercado, a jogada deve dar certo”,
ma, como um todo, caiam. A principal opina. “Entretanto, ainda levará algum Na batalha para atrair novos clientes,
arma do governo nessa “guerra de ju- tempo para notarmos as mudanças além da redução dos juros, os bancos
ros” é a concorrência. mais significativas”, completa. estão oferecendo condições especiais
para clientes que transferirem sua
André Mafaro, especialista em Finan- A posição é corroborada por Alcides conta salário para a instituição. No
ças e Economia da Moneyfit, explica Leite, professor de Economia da Trevi- Programa Bom Para Todos, do BB, o
que ao baixar os juros dos bancos esta- san Escola de Negócios. “É um proces- cliente que recebe seus vencimentos
tais (Caixa Econômica Federal e Banco so demorado, mas estamos começan- pelo banco paga taxa única de 3,9%
do Brasil) o governo espera forçar os do a trazer os juros no País para um no cheque especial – para os demais
bancos privados a reduzirem suas ta- patamar mais razoável em relação à clientes o custo pode chegar a 8,27%.
xas para evitar uma fuga de contas à média mundial.” Leite pondera que A postura também foi adotada por
2012 • edição 21 • junho / julho 23
24. C A PA O c u s to do d i n hei ro
outros bancos. No Bradesco, por
exemplo, a taxa do cheque especial é
de 4,7% para os clientes que têm sua
conta salário no banco, e de 8,9% para
os que não têm.
Se o movimento de queda dos juros é
aplaudido pelo consumidor, o mesmo
não acontece com o investidor que
Foto: Ed Viggiani
aplica em papéis do setor financeiro. É
o caso dos acionistas do BB, por exem-
plo, que se mostraram preocupados
com a possível perda de rentabilidade
de suas aplicações. Mas não é essa a
conta do BB. Segundo Walter Malieni,
diretor de Distribuição do Banco do
Brasil em São Paulo, ao trazer os juros
para um patamar mais saudável, as
famílias poderão consumir mais, mo-
vimentando a economia. “O volume
Juro novo, casa nova
dos negócios vai compensar a queda
dos juros”, garante. Aos 52 anos de idade o engenheiro da Petro- um dinheiro para completar o valor da
bras, Valdemir Antonio Paulucci, deu uma entrada do imóvel. Foi aconselhado pelo
No momento, a transição de uma guinada na vida. Separou-se da mulher e gerente do banco a tomar um empréstimo
agência a outra ainda é, majoritaria- ficou com a guarda dos dois filhos adoles- consignado, pagando taxa mensal abaixo
mente, em busca de informações, mas centes. No aspecto financeiro a mudança de 1% durante 60 meses.
há números que indicam o quanto as significou a necessidade de comprar um
famílias anseiam por juros mais bai- imóvel para morar com Giovanna, 16 anos, “Foi um processo rápido e simples”, diz
xos. “Somente em maio, a Caixa abriu e Julio, 14 anos. Enquanto corria atrás do fi- Paulucci. Ele sabe que essa facilidade vem
mais de 280 mil novas contas de PF nanciamento imobiliário, o País assistia ao do fato de ele ser correntista do Banco do
atraídas pela redução nos juros”, con- surgimento de um movimento em favor da Brasil desde 1995. Isso porque, com a nova
ta Lenza. “Uma evolução de 26,3% em redução dos juros bancários. realidade de juros no País, os bancos estão
relação a abril”. O incremento no rit- condicionando a concessão de taxas meno-
mo de abertura de contas PJ também Paulucci acabou se beneficiando dessa “guer- res para quem tem ou transfere a conta salá-
foi expressivo. Foram 42 mil contas ra dos juros”. Assinou o contrato de finan- rio para o banco.
abertas em maio, ou 39,3% a mais que ciamento com uma significativa redução de
no mês anterior. custo em relação às primeiras simulações fei- Agora, devidamente instalado na nova casa no
tas pelo gerente do banco. Fazendo as contas, bairro do Butantã, na capital paulista, Pauluc-
O movimento de queda dos juros, Paulucci vai economizar R$ 300,00 por mês ci espera antecipar a quitação da dívida para,
contudo, ainda caminha a passos de na prestação, o que significa quase R$ 65 mil quem sabe, assumir outros compromissos.
tartaruga, especialmente nos ban- a menos no final do contrato, daqui a 18 anos. “Sou um consumidor controlado”, afirma
cos privados. Essa é a avaliação de ele. “Mas agora que as taxas de juros tendem
Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice- Antes de concluir a operação, porém, a seguir o preço de mercado, é possível pla-
-presidente da Associação Nacional Paulucci precisou levantar rapidamente nejar melhor o consumo.”
dos Executivos de Finanças, Admi-
24 2012 • edição 21 • junho / julho
25. “
Sou um consumidor controlado.
mas agora que as taxas de juros tendem
No mesmo sentido, Leite, daTrevisan
Escola de Negócios, afirma que o consu-
midor brasileiro está no limite do endi-
a seguir o preço de mercado, é possível
planejar melhor o consumo
“ vidamento, não porque a dívida é muito
elevada, mas porque seu custo é abusivo.
“O endividamento dos brasileiros é baixo
em relação aos padrões internacionais,
Valdemir Antonio Paulucci só que há uma diferença fundamental.
Engenheiro da Petrobras
O custo da dívida é extremamente alto.”
nistração e Contabilidade (Anefac), banco em busca de taxas menores. De acordo como Mafaro, os juros co-
que destaca que, apesar do esforço Até porque, segundo Oliveira, a apro- brados por uma dívida no rotativo do
dos bancos estatais para aumentar vação de um contrato de crédito não é cartão de crédito, a modalidade de cré-
a oferta de crédito e reduzir as taxas tarefa fácil para o consumidor. “Com a dito mais popular no País, é de 238,3%
bancárias, o Brasil ainda tem juros queda da Selic e a maior oferta de cré- a.a.. “Já nos Estados Unidos, os juros
muito altos. Prova disso é que mes- dito nos bancos públicos, a tendência cobrados pelo mesmo serviço são de,
mo após as recentes quedas da Se- é que a cada mês as taxas fiquem me- aproximadamente, 12% a.a.”, compara.
lic, a taxa média anual para PF caiu nores”, aposta. “O melhor, para quem Mafaro projeta que em 66 meses (cin-
somente 1,88 p.p. entre fevereiro e puder, é esperar.” co anos e meio) uma dívida de R$ 1 mil
março deste ano, atingindo 106,99% no cartão se torna uma dívida de R$ 1
a.a.. No caso da PJ, o custo médio para O diretor executivo da FecomercioSP milhão. “Achar uma aplicação na bolsa
o tomador de crédito caiu de 55,01% pondera que há espaço para uma re- com esse retorno é mais difícil que ga-
a.a. para 53,40% a.a., no mesmo pe- dução de até um quarto na taxa atual nhar na loteria”, ironiza.
ríodo. “Ainda há muita margem para de juros ao consumidor, passando dos
queda de juros no País”, diz Oliveira. 44,3% a.a. para cerca de 32% a.a.. “So- O fato é que as taxas de juros pratica-
mente isso iria significar um acréscimo das hoje no Brasil são abusivas e injus-
Ele explica que o preço do crédito é de R$ 45 bilhões na renda disponível tificáveis, principalmente frente aos
determinado por diversos fatores, para consumo das famílias, elevando bons indicadores de emprego e renda,
entre eles, custo de captação do em até 5% as vendas no ano.” e ao serem mantidas estão subsidian-
banco, impostos, despesas admi- do a inadimplência e restringindo a
nistrativas, risco de inadimplência Borges avalia que o barateamento do disseminação de crédito que alavan-
e, obviamente, lucro da instituição. crédito também teria repercussões caria o consumo e, consequentemente,
Para que os juros caiam para o con- positivas para o nível de inadimplên- o nível da atividade interna. Ao menos
sumidor final é preciso reduzir os cia. Segundo ele, as famílias brasileiras desta vez parece que o governo está
custos desses insumos. A captação, pagaram R$ 183,5 bilhões apenas em trabalhando para mudar essa situação,
por exemplo, tende a ficar mais ba- juros dos seus empréstimos em 2011. e não somente para inglês ver. &
rata na medida em que a Selic, que O valor é 30% maior do que o de 2010
baliza o preço pago pelos bancos e corresponde a cerca de 20% de todo
para tomar dinheiro no mercado, faturamento estimado do varejo na-
recua. E o governo dá sinais de que quele ano. “A força motriz para lançar-
a trajetória de queda da taxa básica mos a campanha de redução de juros
de juros ainda não acabou. foi, justamente, a constatação de que
juros elevados consomem muito a ren-
Diante de tudo isso, o consumidor da mensal das pessoas e levam, conse-
deve observar o movimento do mer- quentemente, ao aumento da inadim-
cado antes de decidir-se por trocar de plência”, concorda Malieni, do BB.
2012 • edição 21 • junho / julho 25
26. A RT IG O
POR Paulo roBerto Feldmann
atuaL Lei eLeitoraL nas campanhas são empresas muito
grandes. Evidentemente esses grupos,
prejudica a
que por sinal são muito bem adminis-
trados, não são de desperdiçar recur-
pequena empresa
sos, ou seja, quando põem dinheiro
numa campanha eleitoral vão querer
o retorno logo depois que o seu candi-
dato tomar posse.
n
Essa é a perversidade de nosso sistema
eleitoral, e com ele é possível entender
ós brasileiros estamos tão No Brasil não existe nenhum apoio o porquê nada será feito para tirar os
cansados da frequência com que ou incentivo para que as pequenas se privilégios das grandes empresas. Não
aparecem novos escândalos nos unam com a finalidade de exportar podemos chamar de democracia plena
jornais que já nem sabemos o que em conjunto, por exemplo. Por isso, o sistema político de um país no qual
sentimos: se indignação ou fastio. elas respondem por apenas 1% das o poder econômico é quem decide as
Se pararmos para analisar, veremos exportações brasileiras. Na Itália elas eleições. Em países verdadeiramente
que a maioria dos casos que vem à são responsáveis por 43% das expor- democráticos como Alemanha, Sué-
tona está relacionado com fundos tações, pois lá existe uma politica go- cia ou Holanda empresas não podem
que precisam ser arrecadados para vernamental com esse fim. Aqui é raro apoiar campanhas eleitorais, apenas
campanhas eleitorais ou então re- que compras públicas sejam direcio- pessoas físicas. Fica a sugestão para
tribuições que parlamentares ou nadas às pequenas como está sendo nossa futura lei eleitoral. &
dirigentes públicos eleitos precisam feito neste momento na Inglaterra
Paulo Roberto Feldmann é presiden-
fazer para quem os apoiou na época nas contratações e licitações para os
te do Conselho da Pequena Empresa
da eleição. Por incrível que pareça a Jogos Olímpicos de Londres. da FecomercioSP
lei eleitoral que é a principal respon-
sável por gerar essa nefasta situação O que se constata é que tanto nossos
para o País é também muito perversa governantes quanto nossos legislado-
com as pequenas empresas. res não têm as pequenas empresas
em sua agenda e isso é muito fácil de
Apesar de as pequenas represen- entender, basta verificar quem apoiou
tarem 99% do total de empresas as campanhas eleitorais dos mesmos.
existentes no País elas respondem
por apenas 20% do PIB brasileiro, se- A relação dos maiores apoiadores de
gundo dados do SEBRAE de 2010. Só campanhas eleitorais deveria ser ampla-
mesmo países muito pobres, a maio- mente conhecida pela sociedade brasi-
ria africanos, apresentam índices leira. No site www.transparencia.org.br é
tão baixos de participação de suas possível ver a relação dos doadores.
pequenas empresas nos respectivos
PIBs. Na Alemanha e na França esses Por meio dessa relação de doadores
índices são de 55 e 58%, respectiva- verificamos que é muito pequena a
mente. A causa para esta situação é participação das pessoas físicas como
a inexistência no Brasil de politicas apoiadoras das campanhas eleitorais
públicas que apoiem as pequenas e menor ainda a participação das
empresas, bem ao contrário desses pequenas empresas. Constatamos
outros países mencionados. que quem efetivamente põe dinheiro
26 2012 • edição 21 • junho / julho
29. vai fazer compras?
vá de bike
Cada vez mais paulistanos estão aderindo
o
à magrela para deslocamentos e o comércio precisa
trânsito caótico e constante de se preparar para receber bem o cliente ciclista.
São Paulo tem transformado o ato de ir
e vir em uma luta diária na vida das mi- Veja testemunhos de quem já aderiu e como fazer
lhões de pessoas que vivem e se locomo-
vem por uma das maiores metrópoles
do mundo. Segundo dados do Departa-
mento Estadual de Trânsito de São Paulo
(Detran) em abril – mês com último dado sete quilômetros. Acima dessa distân- O músico e artista escocês David Byrne
disponível –, somente na capital paulista cia, a intermodalidade (bike+ metrô ou (ex-vocalista do Talking Heads), autor do
havia mais de 7,25 milhões de veículos. ônibus) é uma excelente alternativa. livro “Diários de Bicicleta”, diz que andar
Desse total, 5,25 milhões são formados Claro que nada impede das pessoas de bicicleta é flertar com a cidade, por-
por carros. Além da grande quantidade pedalem distâncias maiores. que não é nem devagar demais, nem rá-
de veículos, a taxa média de ocupação pido demais. E é de olho nesse flerte, que
por carro vem caindo ano a ano. Em 2005 Engana-se quem acha que a ausência muitos comerciantes estão acordando
era 1,49 pessoa por carro, em 2009 caiu de ciclovias é um impeditivo para a cir- para o atendimento ao consumidor que
para 1,46 e em 2011 chegou a 1,40. Ou culação de bicicletas. O Código de Trân- utiliza a bicicleta nos seus deslocamen-
seja, atualmente, a cada cinco carros em sito Brasileiro (CTB) diz em seu artigo tos diários, também conhecidos como
circulação nos horários de pico, somente 58 que: “Nas vias urbanas e nas rurais bike-commuters na sigla em inglês.
sete pessoas são transportadas. de pista dupla, a circulação de bicicle-
tas deverá ocorrer, quando não houver De acordo com a pesquisa Origem/
Esse caos instalado tem feito mais ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou Destino do Metrô realizada em 2007,
pessoas deixarem seus veículos de quando não for possível a utilização 70% dos deslocamentos de bicicleta
lado e usarem a bicicleta como meio destes, nos bordos da pista de rolamen- em São Paulo têm como motivo princi-
preferencial em seus deslocamentos. to, no mesmo sentido de circulação re- pal o transporte. Ainda de acordo com
Especialistas afirmam que a bike é o gulamentado para a via, com preferên- os dados, 57% das viagens utilizando
transporte ideal para distâncias de até cia sobre os veículos automotores”. bicicletas tiveram como motivação a
2012 • edição 21 • junho / julho 29
30. NEG ÓCIOs Va i fa zer compr a s? Vá de bi ke
pequena distância da viagem e 22% aconchego e por ser palco constante representativo – mostrou que ao utilizar
a condução alternativa ser considera- de noite de autógrafos. A tradicional a bicicleta como meio de transporte, o
da cara. “Os comerciantes ainda não Confeitaria Vera Cruz, localizada no consumidor dá preferência em visitar
acordaram para esse público. Tento Tatuapé é outro estabelecimento que comércios instalados em seu próprio
mostrar que o ciclista é um consumi- disponibiliza paraciclos para o cliente bairro em detrimento de outros mais
dor, que usa a bicicleta como meio de ciclista. Com um espaço para amarrar distantes. É o caso do casal Camila Vale
locomoção”, diz Eduardo Grigoletto, o cachorro enquanto as compras são e Marco Toscano, usuários frequentes
proprietário da Ciclomídia, empresa feitas, o local era utilizado por ciclistas da ciclofaixa da zona Norte, que prioriza
especializada em fornecer estruturas e gerava confusão pela falta de espaço o consumo em estabelecimentos na re-
para o estacionamento de bicicletas. para os cachorros, além da localização gião por onde pedala. “A Prefeitura está
atrapalhar o fluxo de entrada e saída. começando a ver que já tem muito carro
A empresa nasceu em função dessa ne- O proprietário do local, João Orlando na rua e não adianta criar mais pistas e
cessidade. Grigoletto que enfrentava Junior, optou então por instalar paraci- viadutos, o melhor é investir na bicicleta.
dificuldades em estacionar sua bicicle- clos na calçada em frente à confeitaria. O ciclista é uma forma mais barata de
ta com segurança ao visitar a maioria “O número de pessoas que frequen- investimento para transporte”, afirma
dos lugares. “O andar de bicicleta na ci- tam a padaria de bicicleta triplicou aos Toscano. Ao escolher atender melhor o
dade tem sido bastante abordado, mas finais de semana” diz, Orlando Junior, ciclista, o empresário do comércio tam-
o estacionar nem tanto”, complemen- ele também um ciclista. “Queremos bém pode ganhar com a compra por im-
ta. Um dos lugares que já contam com instalar mais dois num futuro breve.” pulso. “A velocidade da bicicleta permite
paraciclos instalados pela Ciclomídia uma interação maior entre as vitrines de
é a unidade da Fradique Coutinho da Um estudo realizado em 2008 na Holan- lojas de rua e o consumidor, que ao estar
Livraria da Vila, espaço famoso por seu da – país onde o deslocamento de bike é em uma bicicleta pode parar mais rápi-
do e facilmente na comparação com o
automóvel”, exemplifica José Lobo, presi-
dente da organização não governamen-
tal Transporte Ativo.
Paraciclos e Bike Vallet O Coletivo CRU criou recentemente
uma plataforma online e colaborativa
chamada BikeIT! (www.bikeit.com.br)
De acordo com os dados de 2007 da pesquisa Origem/Destino do Metrô, excetuando as para que ciclistas possam postar depoi-
viagens de bicicleta de retorno à residência, o principal local de guarda de bicicleta é pri- mentos sobre estabelecimentos dizen-
vado, 61%. Os bicicletários gratuitos correspondem a 15% e os locais públicos, 8%. do se aprovam ou reprovam o local de
acordo com o atendimento e estrutura
Para montar o seu próprio paraciclo, a Transporte Ativo possui um guia de orientação em para ciclistas. O local que possui atendi-
seu site. Segundo José Lobo, presidente da entidade, o custo médio da vaga (que comporta mento exemplar em todos os aspectos
pelo menos duas bicicletas) é de R$ 150 a R$ 450. “O Maracanã criou 80 vagas com mate- ganham o selo BikeIT!.
rial reciclado feito dentro das oficinas do estádio. Essa é a forma mais barata hoje”, conta.
ciclofaixas, ciclorrotas
Para aqueles que querem mais praticidade, a Ciclomídia faz e monta as estruturas, que e ciclovias
possuem diferenciações entre si, desde um modelo simples até a implantação de Bike Val-
let para eventos, shows, feiras, congressos e todo tipo de eventos com grande concentra- A cidade de São Paulo conta hoje com
ção de pessoas incentivando. “Guardamos a bicicleta e todo o equipamento que o ciclista três tipos de estruturas para ciclistas: ci-
quiser com segurança”, finaliza Eduardo Grigoletto. clofaixa, ciclorrota e ciclovia. A diferença
entre elas é simples. A ciclovia é um espa-
ço para a circulação de bicicletas com se-
30 2012 • edição 21 • junho / julho