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           3.4 ARRANJOS PRODUTIVOS DE INFORMÁTICA: BLUMENAU,
                        FLORIANÓPOLIS E JOINVILLE

                                                                             José Antônio Nicolau ∗
                                                                            Carla C. R. de Almeida**

        O presente trabalho tem por objetivo identificar a trajetória e estrutura atual dos três
Arranjos Produtivos locais (APLs) na área de informática, com concentração em software,
que vem se estruturando no Estado de Santa Catarina, nas cidades de Blumenau, Florianópolis
e Joinville, bem como avaliar suas possibilidades competitivas. A localização dos municípios
que compõe o APL pode ser visualizada na Figura 3.4.1 abaixo. Para tanto, após explanação
sobre as origens, características da produção, recursos humanos, empresas e atores
institucionais existentes, busca-se contextualizar o surgimento, a evolução dos três APLs e
seu posicionamento dentro do cenário de difusão mundial da indústria de informática, daí
resultando indicações de política de apoio.



                                                                          Joinville




                                                                          Blumenau


                                                                              Florianópolis




Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina.
Figura 3.4.1 - Localização dos APLs de informática do estado de Santa Catarina - 2005


        O trabalho encontra-se dividido em duas seções, constituídas e desdobradas conforme
segue. A seção dois trata da formação e estrutura atual dos APLs nos seguintes termos: após
breve identificação das características setoriais, são apresentadas a origem e trajetória de cada
um dos APLs, a estrutura de empresas e de produção e, finalmente, a estrutura institucional e
sua base de recursos humanos. Em seguida, a seção três destaca, de início, o padrão de

∗
  Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação – Mestrado – em Economia da Universidade Federal de
Santa Catarina.
**
   Mestranda em Economia na Universidade Federal de Santa Catarina.
237



concorrência setorial, o mercado mundial e o posicionamento do Brasil, para, ao final, avaliar
as possibilidades competitivas e as principais barreiras ao desenvolvimento dos APLs
catarinenses.




3.4.1 Formação e estrutura atual dos APLs catarinenses

3.4.1.1 Contexto internacional

        Os arranjos produtivos de informática de Blumenau, Florianópolis e Joinville
apresentam alguns traços comuns em suas origens, trajetórias e estrutura atual, ao lado de
diferenças importantes que outorgam um caráter singular a cada experiência. O traço comum
mais marcante é que os três aglomerados constituem-se em experiências locais de difusão da
indústria de informática e, como tais, ostentam uma nítida dependência em relação à trajetória
da indústria mundial. Antes do exame dos APLs catarinenses, é importante uma breve
contextualização, destacando os principais momentos de expansão da indústria mundial.
        A hoje denominada indústria de software nasceu a partir da indústria de computadores.
Como ocorreu em outras indústrias, a indústria de computadores nasceu integrada, seguindo-
se, progressivamente, desmembramentos em diferentes componentes, entre os quais, o
software. A indústria teve sua trajetória determinada pelos avanços na tecnologia
microeletrônica, com a produção em série de circuitos integrados e chips de menor tamanho e
maior velocidade, possibilitando a passagem dos grandes computadores, para os mini e para
os microcomputadores, com crescente alargamento do mercado. Pode-se destacar os
momentos centrais nessa trajetória: domínio dos grandes computadores até a década de 1970
produzidos pela IBM; produção de minicomputadores nos anos 70; produção de
microcomputadores a partir dos anos 80 e forte expansão nos anos 1990, favorecendo, então,
a constituição de rede mundial interligando toda essa base instalada de computadores – a
internet.
        Restringindo-se à indústria de software, uma preocupação inicial é caracterizar o
produto dessa indústria e apresentar a classificação convencional existente. De forma geral, o
software pode ser classificado de acordo com a plataforma de hardware respectiva,
distinguindo-se softwares para computadores de grande porte, para mini e para
microcomputadores e para equipamentos eletrônicos diversos, como smart cards, etc. Os
programas distinguem-se, também, em função da linguagem de programação adotada e
podem ser classificados pela sua posição hierárquica na programação, distinguindo-se, grosso
238



modo, os "sistemas operacionais", que estão na base da hierarquia, os softwares de suporte ou
ferramentas e os "softwares aplicativos".
       O software pode ser classificado segundo o segmento de mercado a que se destina:
pode ser destinado a setor específico (bancário, comercial, gestão, educacional etc.) tendo
assim uma dimensão setorial ou vertical, ou pode atender indistintamente a diferentes setores
(processamento de texto, planilha eletrônica, acesso à internet etc.), assumindo, assim, uma
dimensão multi-setorial ou horizontal.
       Podem ser feitos cruzamentos entre as classificações acima, o que permite, em muitos
casos, uma melhor identificação da natureza do produto. Dessa forma, o software pacote de
uso horizontal ou geral (como os sistemas operacionais, planilhas eletrônicas, etc.), dado o seu
grande potencial de vendas, é chamado de "pacote best-seller" e é dominado por empresas de
grande porte. Por sua vez, os pacotes de dimensão vertical ou setorial, freqüentemente,
exigem customização, ou pelo menos treinamento do usuário e serviços de implantação, o que
os aproxima do software sob encomenda, sendo, em geral, produzidos por empresas de porte
menor, embora haja também grandes empresas especializadas em softwares verticais, sendo
exemplo o segmento de gestão empresarial.
       Tentando uniformizar as estatísticas disponíveis nos diversos países, a OCDE tem
apresentado uma classificação básica em alguns de seus estudos (OCDE, 1998a). As
atividades da chamada “indústria de serviços de computador” estão classificadas na divisão
72 da International Standard Industrial Classification (ISIC). Por sua vez, seus produtos são
classificados na divisão 84 da Central Product Classification (CPC). Com base na CPC, os
produtos e serviços da indústria são assim classificados:
       841 - Produtos de software pacote. Incluem os softwares de sistemas operacionais e de
ferramentas (CPC 8411) e os softwares aplicativos (CPC 8412).
       842 - Serviços profissionais. Compreendem os serviços relacionados à instalação de
hardware (CPC 8421), serviços de consultoria técnica em sistemas de computação (CPC
8422), serviços de desenvolvimento de software customizado ou sob encomenda (CPC 8423),
serviços de programação e análise de sistemas (CPC 8424), serviços de gerenciamento de
instalações de computadores (CPC 8425), serviços de manutenção de sistemas (CPC 8426) e
outros serviços profissionais (CPC 8429).
       843 - Serviços de processamento de dados. Compreendem serviços de tabulação e
processamento de dados (CPC 8431), serviços de entrada de dados (CPC 8432) e outros
serviços de processamento (CPC 9439).
239



        844 - Serviços de base de dados. Incluem a provisão on-line de dados e os serviços de
rede para acesso a bases de dados.
        845 - Serviços de manutenção e reparos de computadores. Incluem a manutenção de
equipamentos.
        849 - Outros serviços de computação.
        Dentro dessa ampla gama de serviços relacionados à computação, a indústria de
software restringe-se às divisões CPC 841 - software pacote, CPC 8423 - software sob
encomenda e CPC 8424 - programação e análise de sistemas.




3.4.1.2 Surgimento e trajetória dos APLs catarinenses

        Como as demais indústrias de Santa Catarina, a indústria de informática encontra-se
geograficamente concentrada, fornecendo motivação para estudos sob o enfoque de arranjos
produtivos locais. As cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville abrigam, hoje, indústrias
de software, com origem e dinamismo que podem ser associados a particularidades locais:
enquanto o núcleo industrial de Florianópolis desenvolveu-se com base na sua proximidade
da Universidade Federal de Santa Catarina e empresas estatais, as aglomerações de Joinville e
Blumenau foram estimuladas pelas necessidades das empresas locais dessas duas cidades
industriais. Trata-se das três maiores cidades do Estado, que reúnem, em conjunto com as
cidades próximas, cerca de 1/3 da população estadual (1,6 milhões de pessoas residentes em
2001). As origens e trajetória histórica dos APLs são apresentadas a seguir.




3.4.1.2.1 de Blumenau1


        A empresa Centro Eletrônico da Indústria Têxtil (CETIL), criada por empresas do
setor têxtil local, e a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) estão nas
origens do APL de Blumenau, com atuação destacada, ainda na década de 1970, na difusão
inicial de conhecimentos de informática: a CETIL, dado o predomínio da plataforma
mainframe à época, foi criada em 1969 por um grupo de 13 empresas têxteis para atuar na
área de serviços como bureau de processamento de dados, chegando a ser considerado o


1
  As informações que constam desta seção, sobre a origem e trajetória do aglomerado de software de Blumenau,
foram quase todas extraídas de Blusoft (2001).
240



maior bureau privado da América Latina; a FURB começou sua atuação no ensino superior
de informática, tendo criado em 1973 o primeiro curso universitário, nessa especialidade, de
Santa Catarina e o terceiro do país. A partir do final da década de 1970, com a mudança, de
nível mundial, para as plataformas de mini e microcomputadores e o correspondente
surgimento de uma indústria independente de software, há uma migração natural do pessoal
local especializado para a abertura de empresas de software.
       A trajetória do APL de Blumenau foi marcada por alguns fatos notáveis de
pioneirismo: a) lançamento do primeiro software-pacote brasileiro pela empresa local WK
Sistemas em 1985; b) lançamento de processador de texto “fácil” pela empresa local Fácil
Informática no final da década de 80, que perdeu mercado posteriormente com o domínio
mundial do processador “Word”; c) em 1991, foi criada pela Prefeitura Municipal a
“Comissão para Desenvolvimento do Setor de Software”, do que resultou a Fundação Blusoft
(1992) para apoiar e coordenar o setor, passando (em 1993) a integrar o programa nacional
Softex e gerenciar incubadora de empresas; d) desde 1998, Blumenau sedia a feira Coninfo,
terceira do Brasil. Atualmente, o APL de Blumenau reúne empresas voltadas a
desenvolvimento de produtos para a gestão empresarial, particularmente para a gestão de
empresas de menor porte.




3.4.1.2.2 APL de Florianópolis


       De forma distinta à Blumenau, o APL de Florianópolis teve, em suas origens, os
investimentos feitos por entidades do setor público. A história remonta aos anos 70, quando
existiam na cidade três agentes pioneiros: a UFSC e duas empresas estatais nos setores de
telecomunicações e geração e transmissão de energia elétrica – Telecomunicações de Santa
Catarina (TELESC) e Centrais Elétricas do Sul do Brasil (ELETROSUL). Deste tripé
formado originaram-se as primeiras empresas da área de informática de Florianópolis
(merecem menção as empresas Intelbrás e Dígitro, no setor de equipamentos de
telecomunicação) e uma segunda geração de instituições fomentadoras de empresas de alta
tecnologia: Fundação Certi, criada junto à UFSC em 1984 com o apoio em parte com recursos
públicos e em parte com recursos oriundos da prestação de serviços às empresas; incubadora
Celta, criada em 1986 pela Fundação Certi e segunda incubadora criada no Brasil. Deve-se
anotar também a criação do Condomínio Industrial de Informática, nos 1980, por iniciativa de
pequenas empresas da área, passando a dividir serviços e espaço em prédio locado.
241



       No início da década de 1990, o Governo do Estado, liderando um conjunto de
entidades, lança o "Projeto Tecnópolis" - uma tentativa de política integrada de
desenvolvimento regional, compreendendo a implantação de parques de empresas de alta
tecnologia, incubadora, instituições de fomento, formação de recursos humanos etc. Desde
1995, a trajetória do APL de Florianópolis tem sido marcada por dois movimentos principais:
primeiro, o projeto Tecnópolis não teve o desenvolvimento previsto inicialmente,
restringindo-se a apenas um parque industrial (parque Alfa) e, mesmo assim, com morosidade
de ocupação, seja pela dificuldade de atração de grandes empresas para o APL, seja pelo corte
de recursos humanos e financeiros devido à privatização das empresas estatais. Por outro lado,
observou-se o crescimento no número de pequenas empresas e o fortalecimento da estrutura
de incubação. Atualmente, o APL de Florianópolis apresenta uma estrutura de empresas
caracterizada pela diversidade de produtos, distinguindo-se dos outros dois APLs de
Blumenau e Joinville.




3.4.1.2.3 APL de Joinville


       Como principal cidade industrial do Estado e reunindo grandes empresas, algumas
líderes nacionais em seus segmentos, Joinville registrou investimentos em recursos humanos e
equipamentos na década de 1970 por parte dessas grandes empresas, na manutenção de CPDs
próprios. As empresas de menor porte utilizavam os serviços prestados por bureaux de
informática. Estes investimentos pioneiros foram importantes na capacitação de recursos
humanos locais em sistemas de informação voltados ao segmento de gestão industrial, com
apoio da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) através do oferecimento de
curso superior de computação.
       Assim, com o lançamento dos microcomputadores e o fechamento dos CPDs, as
atividades ligadas à informática foram terceirizadas pelas grandes empresas, daí resultando as
primeiras empresas de desenvolvimento de software. Desse modo, a correlação entre
capacitação anterior e a nova indústria de software é muito estreita, o que é demonstrado
também pela especialização local (empresas líderes) no desenvolvimento ERP, programa
integrado de gestão industrial, uma versão atual para os antigos programas operados nos
computadores de grande porte. Atualmente, destaca-se no APL de Joinville a presença de
duas empresas que estão entre as maiores do país no segmento de ERP e com presença no
mercado externo.
242




3.4.1.3 Estrutura de produção

        As dificuldades de levantamento de dados sobre a atividade de informática são
conhecidas em função do dinamismo do setor (as estatísticas excluem empresas em fase de
constituição e trabalhadores autônomos), da classificação (as atividades ligadas à informática
não estão todas concentradas em empresas especializadas, mas estão distribuídas
horizontalmente por grande parte dos demais setores produtivos) e no caso do software, de
registro da atividade (em parte serviço, em parte produto, vendas on line etc.). Esta
dificuldade é particularmente pronunciada no caso dos arranjos em estudo, onde a presença de
micro e pequenas empresas é forte. Nesse sentido, os dados oficiais da RAIS sobre o número
de pessoas ocupadas e de estabelecimentos especializados, conforme Tabela 3.4.1, tendem a
subestimar o volume de atividade existente, ao serem comparados com outras fontes de
informação.

Tabela 3.4.1 - Dados gerais sobre atividade de informática e população residente nos APLs de
                         Blumenau, Florianópolis e Joinville - 2003
ATIVIDADES DE INFORMÁTICA E                           BLUMENAU      FLORIANÓPOLIS              JOINVILLE
POPULAÇÃO                                          P.OCUP. ESTAB. P.OCUP. Estab.           P.Ocup. Estab.
1 – Atividades de informática – total               1.597       227  4.445       231        1.649      207
a) Consultoria em hardware                            31          8   183         27         171        34
b) Desenv.softwares pronto para uso                  454         24   101         19          88         6
c) Desenv. softwares sob encomenda e outros          132         15   155         23         336        15
d) Processamento de dados                            702         95  2.907        55         522        78
e) Banco de dados e distrib. conteúdo eletrônico      12          2    50          8           4         2
f) Manutenção e reparação de maq. Escritório         109         37   284         42         100        27
g) Outras atividades de informática                  157         46   765         57         428        45
                                          o
2 – População residente urbana – 2001 (n hab.)         359.106 (1)      710.607 (2)            591.008 (3)
Fontes: a) Sobre atividade de informática: dados da RAIS por microrregiões; b) Sobre população: dados do
IBGE.
(1) Compreende os municípios de Blumenau, Gaspar e Indaial; (2) compreende os municípios de Florianópolis,
Biguaçu, Palhoça e São José; (3) compreende os municípios de Joinville, Jaraguá do Sul e São Francisco do Sul.

        Do conjunto de atividades relacionadas à informática, são de interesse para a
caracterização de arranjo produtivo apenas as atividades de desenvolvimento de software
pronto para uso (pacotes) e de software sob encomenda. As demais atividades de manutenção
de equipamentos e sistemas e de processamento de dados não são do interesse do presente
estudo, porque estão presentes, de uma forma geral, em todas as cidades e regiões, dada a
utilização universal da informática em todos os setores produtivos. Os registros da RAIS para
estas atividades de desenvolvimento de software apontam apenas 1.266 pessoas empregadas
243



nos três APLs. Esses dados serão contrastados, adiante, com informações de fontes diretas,
pesquisas e instituições locais2.
        Com poucas exceções, os aglomerados produtores de informática de Santa Catarina
são constituídos por micro e pequenas empresas, ou seja, por empresas inferiores a 100
pessoas ocupadas no desenvolvimento e elaboração dos produtos, e, nesse subconjunto,
prevalecem as microempresas, que empregam até 10 pessoas. Nas maiores empresas, deve-se
considerar também um conjunto de pessoas e empresas franqueadas para a comercialização
dos produtos – venda, treinamento/implantação e assistência pós-venda – e localizadas junto
aos centros consumidores. Assim, apenas seis empresas catarinenses figuram no ranking das
200 maiores empresas no setor de tecnologia de informação e comunicação (inclusive
serviços de telefonia) do Brasil, segundo Tabela 3.4.2, com destaque para a empresa Datasul,
de Joinville, especializada em software ERP, de gestão integrada de empresas.
        As demais informações disponíveis provêm de amostras de empresas, realizadas em
pesquisas específicas, cabendo citar: Nicolau et al. (2001) sobre o APL de Joinville,
Bercovich e Swanke (2003) sobre o APL de Blumenau, Mahal (2003) sobre o APL de
Florianópolis e Nicolau et al. (2002) sobre os três APLs. Além disso, foi feito, em maio de
2005, levantamento de dados básicos junto às empresas, relatado nas Tabelas abaixo.

    Tabela 3.4.2 - Maiores empresas catarinenses na indústria de tecnologia de informação e
                                     comunicação - 2003
                                                                                   RANKING 200
EMPRESAS                                  SETOR              VENDAS (2)
                                                                                    MAIORES
DATASUL – Joinville                      Software               41.768                 85
DIGITRO – Florianópolis             Centrais telefônicas        14.433                134
LOGOCENTER – Joinville                   Software               13.284                144
SENIOR SISTEMAS – Blumenau               Software               8.716                 166
CETIL SISTEMAS – Blumenau                Software               8.936                 186
BENNER – Blumenau                        Software               5.839                 187
Fonte: Info200 (2004).
(1) Vendas em US$ mil.

        Estes levantamentos amostrais permitem destacar as seguintes observações sobre o
perfil de empresas: (a) observa-se, como característica geral, o predomínio numérico das
micro e pequenas empresas nos três arranjos produtivos, ao lado de pequeno número de
grandes empresas; (b) a pesquisa de Nicolau et al. (2001) mostrou que no APL de Joinville há
forte concentração do faturamento e do emprego nas duas grandes empresas, avaliada num
percentual em torno de 90%; (c) o APL de Florianópolis possui a estrutura menos concentrada


2
  Pesquisa de campo somente na cidade de Joinville realizada em 1999 (NICOLAU et al., 2001) apurou um
contingente em torno de 1.100 pessoas diretamente empregadas nas 15 empresas pesquisadas, o que fornece
indicação da discrepância de dados.
244



quanto ao tamanho de empresa e mais diversificada quanto aos produtos; (d) o APL de
Blumenau figura numa posição intermediária, registrando-se, de acordo com Bercovich e
Swanke (2003), a presença de cinco empresas com mais de 100 funcionários e outras três
intermediárias, entre 50 e 100 funcionários, ao lado das pequenas e médias; (e) nos APLs de
Blumenau e Joinville, há forte domínio de softwares aplicativos para ambientes empresariais,
enquanto que, em Florianópolis, há variedade de produtos; (f) o principal destino das vendas é
o mercado nacional.
        Uma distribuição de tamanho de empresas foi obtida na pesquisa de 2005, conforme
Tabela 3.4.3, observando-se presença majoritária das microempresas. Entretanto, há algumas
empresas de médio e grande portes, identificadas na Tabela 3.4.2, que se distanciaram
rapidamente das demais – o que se revela o potencial de economias de escala do setor.

   Tabela 3.4.3 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e
                       Joinville, segundo classes de tamanho - 2005
CLASSES DE TAMANHO, COM BASE                BLUMENAU       FLORIANÓPOLIS   JOINVILLE       TOTAL
                                              O                O             O             O
NO PESSOAL OCUPADO                          N      %         N      %      N       %    N      %
Até 10 pessoas                              34     70        30     64      7      54    71    65
11 a 20 pessoas                              4      8        11     23      1       8    16    14
21 a 50 pessoas                              6     12         4      9      2      15    12    11
51 a 100 pessoas                             2      4         2      4      1       8     5     5
Mais de 100 pessoas                          3      6         0      0      2      15     5     5
TOTAL                                       49    100        47    100     13     100   109   100
Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.

        O predomínio de microempresas é resultado, em parte, do fato de que muitas empresas
foram criadas no período recente: cerca de 80% das empresas entrevistadas foram fundadas
nos últimos 15 anos, 60% nos últimos 10 anos, conforme Tabela 3.4.4. Esse número é ainda
maior no caso de Florianópolis devido ao aumento recente da estrutura das incubadoras. Mas
a existência de micro empresas com mais de 10 anos de fundação mostra também as
dificuldades de expansão das vendas para fora do restrito ambiente inicial de desenvolvimento
do produto, exigindo a montagem de estruturas de atendimento junto ao mercado consumidor.
No caso de acesso ao mercado externo, estas dificuldades são ainda maiores.

   Tabela 3.4.4 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e
                       Joinville, segundo a data de fundação - 2005
                                         BLUMENAU         FLORIANÓPOLIS    JOINVILLE      TOTAL
DATA DE FUNDAÇÃO DA EMPRESA                O                 O                O           O
                                         N      %          N       %       N       %    N      %
Antes de 1980                             1     3           0      0         1     9     2     2
1981-1990                                 7     18          4      10        4     36   15     17
1991-1995                                11     28          7      17        2     18   20     22
1996-2000                                11     28          8      20        2     18   21     23
2001-2005                                 9     23         22      53        2     18   33     36
TOTAL                                    39    100         41     100       11    100   91    100
Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.
245



        A observação sobre a especialização de produtos revela a característica de
aprendizagem/desenvolvimento de produtos por interação usuário-produtor nestes APLs
voltados ao desenvolvimento de softwares aplicativos. Sobre esse tema, cabem observações
mais específicas. No APL de Florianópolis, além da maior variedade quanto à finalidade nos
softwares desenvolvidos, existe uma participação expressiva, ainda que minoritária, de
hardware com software embarcado. Pelo levantamento de Mahal (2003), numa amostra de 33
empresas em Florianópolis, 76% do faturamento correspondem a software, 13% a serviços e
11% referem-se a hardware, de acordo com a Tabela 3.4.5.


   Tabela 3.4.5 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e
              Joinville, conforme a finalidade do software desenvolvido - 2005
                                       BLUMENAU        FLORIANÓPOLIS   JOINVILLE       TOTAL
FINALIDADE DO SOFTWARE                   O                 O            o             o
                                       N      %          N      %      N       %    N       %
Gestão de empresas                     20    47           9     21     6       50   35      36
Gestão de outras organizações           4     9           3      7     1        8    8       8
Sites para web                          6    14           5     11     1        8   12      12
Automação industrial                    4     9           2      5                   6       6
Embarcado                                                 5     12                   5       5
Educacional                                               2      5      1      8     3       3
Outras finalidades                     9        21       17     39     3      25    29     30
TOTAL                                  43       100      43    100     12     100   98     100
Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.


        A vinculação entre condições de desenvolvimento e especialização produtiva foi
também registrada na pesquisa de Nicolau et al. (2001) para Joinville: os sócios fundadores
das empresas pesquisadas tiveram por capital humano inicial suas experiências em empresas
locais, tendo como resultado produtos também relacionados a essas experiências, segundo
Quadro 3.4.1. A pesquisa entre empresas dos três APLs realizada em 2005 também corrobora
o mesmo fenômeno, conforme Tabela 3.4.6, sendo que as ocupações anteriores dos
fundadores de novas empresas são emprego em empresa do setor (principalmente em
Blumenau) e estudantes/estagiários (sobretudo em Florianópolis). Estas constatações
decorrem simplesmente da razão de que o desenvolvimento de software é intensivo em
recursos humanos e depende de condições locais concretas de aprendizagem.
        No que diz respeito ao nível tecnológico das empresas dos três arranjos, diversas
fontes de informação permitem afirmar, primeiro, que existe, como em outros setores
econômicos, diversidade de padrão tecnológico com favorecimento de empresas de maior
porte, segundo, que, dada a abertura do mercado nacional e a concorrência de grandes
empresas estrangeiras no país, o nível tecnológico das maiores empresas nacionais não se
246



afasta substancialmente do padrão mundial, ensejando as possibilidades de exportação já em
curso.


 ANO DE                                                                 EXPERIÊNCIA E ORIGEM DOS
                   EMPRESAS              SEGMENTO PRINCIPAL
FUNDAÇÃO                                                                      FUNDADORES
  1978               Datasul               Gestão Empresarial                  Cônsul; WEG
  1984                 HDS                 Gestão Empresarial                  Cia. Hansen
  1986               Prosyst               Gestão Empresarial                      Tupy
  1987                 Kugel               Gestão Empresarial                 Cetil / Datasul
  1988             Logocenter              Gestão Empresarial                      Tupy
                    Sistemas
    1990                                   Gestão Empresarial                      Datasul
                   Específicos
    1990               BMA                    Contabilidade                   Computer House
    1991             Impacto              Aplicação à Internet             Brasmotor, Datasul, MCI
    1991             Planner       Consultoria em implantação de ERP               Datasul
    1992             Softflex              Gestão de Escolas            Brasmotor,Escola Técnica Tupy
    1993            Horizonte            Gestão de Bibliotecas                 Tupy, Embraco
    1994              Estalo           Cálculo de Carga Térmica                    UFSC
    1994              Softran               Gestão de Frotas                    Não declarou
    1994               Seed       Seqüenciamento e Progr. da Produção              UFSC
    1996              Render             Curso de CAD em CD                   SKA Automação
                                     Integração de Sist. de Gestão
    1998             Neogrid                                                       Datasul
                                               Empresarial
    1999              MRM               Gestão de Associações               Consultoria em Software
Fonte: Nicolau et al. (2001).
Quadro 3.4.1 - Amostra de empresas de software do APL de Joinville, segundo ano de
fundação, área de atuação e origem dos fundadores - 1999

         A pesquisa realizada em Joinville, já citada, mostrou que as empresas de maior porte
faziam maior uso de técnicas de engenharia de software e maior uso de ferramentas do que as
empresas menores. A pesquisa de Bercovich e Swanke (2003) sobre o APL de Blumenau
apontou que, das 16 empresas entrevistadas, seis eram líderes nacionais em seus segmentos e
quatro tinham importante participação no mercado, além de que 12 empresas afirmaram que
sua posição de mercado evoluiu favoravelmente nos últimos anos.

   Tabela 3.4.6 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e
                  Joinville, segundo a ocupação anterior do empresário, 2005
                                            BLUMENAU        FLORIANÓPOLIS     JOINVILLE       TOTAL
OCUPAÇÃO ANTERIOR DO FUNDADOR                 O               O                 O             O
                                            N      %         N       %        N       %      N    %
Estudante estagiário ou empregado            6     18        21      55        3      30     30   37
Empregado de empresa do setor               21    62         2       5         4     40      27   33
Empregado de empresa fora do setor           7    20         15     40         3     30      25   30
TOTAL                                       34    100        38     100       10     100     82  100
Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.


         Empresas do arranjo de Joinville avaliam que seu padrão tecnológico é inferior às
estrangeiras em aspectos da capacitação tecnológica, como qualidade da mão-de-obra,
capacidade de lançamento e aperfeiçoamento de produtos, segundo Quadro 3.4.2. Por
qualidade de mão-de-obra entende-se experiência e competência para funções mais avançadas
247



relacionadas ao desenvolvimento de produtos, e não a mão-de-obra operacional, que, dadas as
condições de preço e custo de vida, possui vantagem competitiva frente a centros urbanos
maiores.
                                                              PADRÃO TECNOLÓGICO DAS EMPRESAS
                                                              VERSUS CONCORRENTES (RESPOSTAS
      ASPECTOS DA CAPACIDADE TECNOLÓGICA                                    MODAIS)
                                                             CONCORRENTES         CONCORRENTES
                                                             INTERNACIONAIS         NACIONAIS
1. Nível tecnológico das ferramentas                            semelhante           Superior
2. Intensidade do uso de técnicas de organ. da produção         semelhante          Semelhante
3. Qualidade da mão-de-obra                                        Inferior         Semelhante
4. Capacidade de aperfeiçoamento dos produtos                      Inferior         Semelhante
5. Capacidade de lançamento de novos produtos                      Inferior         Semelhante
6. Capac. adaptação do produto a novos sist. operacionais         superior          Semelhante
7. Capac. de monitoramento das tendências tecnológicas          semelhante          Semelhante
Fonte: Pesquisa de campo.
Nota: Amostra de seis empresas.
Quadro 3.4.2 - Percepção das empresas de software em relação a concorrentes nacionais e
internacionais quanto ao padrão tecnológico na indústria de software de Joinville - 1999

        Quanto ao destino da produção, a pesquisa realizada em 1999 no arranjo de Joinville,
já citada, mostrou que o mercado local é importante somente durante o desenvolvimento da
primeira versão do programa, etapa em que a empresa aprende e desenvolve o aplicativo de
acordo com as necessidades do usuário. Nas versões sucessivas, novos clientes são buscados
em outras regiões do país, especialmente na região Sudeste. Em geral, não se trata de simples
venda à vista, pois a implantação do programa na empresa exige treinamento dos usuários,
adaptações à empresa e continuados serviços de manutenção. Mas, diferentemente da
realidade observada em 1999 em Joinville, quando nenhuma empresa exportava seus
produtos, a pesquisa atual destaca que o mercado externo já se encontra ao alcance de várias
empresas (15% da amostra), enquanto que outras empresas (20%) possuem projeto de
exportação, conforme Tabela 3.4.7. De acordo com Mahal (2003), 18% das empresas
entrevistadas no arranjo de Florianópolis vendiam seus programas no mercado externo.


   Tabela 3.4.7 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e
                   Joinville, segundo a situação quanto à exportação, 2005
SITUAÇÃO QUANTO À                   BLUMENAU         FLORIANÓPOLIS    JOINVILLE           TOTAL
                                      o                  o              o             o
EXPORTAÇÃO                          N      %           N      %       N       %     N          %
Exporta                              6     15           5     13       3      23    14         15
Tem projeto de exportação           6     15           10     26      2       15    18        20
Não exporta, não tem projeto        27    70           24     61      8       62    59        65
TOTAL                               39    100          39    100      13     100    91        100
Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.
248



3.4.1.4 Incubadoras, instituições de ensino e base de recursos humanos


       Além das empresas, a estrutura dos APLs de informática tem em sua composição dois
outros atores importantes, que atuam de forma relacionada: as incubadoras de empresas e as
instituições de ensino. Uma vez que se trata de um segmento produtivo intensivo em recursos
humanos qualificados, os sistemas produtivos e inovativos locais mostram uma clara
interação entre estes três conjuntos de atores: as instituições de ensino oferecem cursos na
área de conhecimento da informática; ao final dos cursos, os graduandos, ou buscam
empregos nas empresas estabelecidas, ou procuram aproveitar as oportunidades de abertura de
microempresa oferecidas pelas incubadoras, algumas delas, que são participantes do programa
Gênesis, localizadas junto às próprias instituições de ensino.
       Em todos os três APLs há presença de incubadoras, conforme Quadro 3.4.3, mas
merece destaque o APL de Florianópolis, onde a incubadora Celta, criada em 1986 e uma das
pioneiras no Brasil, tem tido uma atuação marcante no dinamismo do arranjo produtivo, tendo
como resultado 36 empresas já graduadas em diversos setores de base tecnológica. A
incubadora Celta mantém atualmente 39 empresas em processo de incubação, com geração de
680 empregos diretos, e ocupa área total, exclusiva e compartilhada pelas empresas, de 10.500
m2. Uma relação das empresas graduadas e incubadas na Celta e respectivos produtos
encontra-se no Quadro 3.4.4, anexo. Em Florianópolis, há uma segunda incubadora – Midi
Tecnológico - criada em 1998 e mantida pelo SEBRAE, que já tem o expressivo resultado de
25 empresas graduadas.
       Nos APLs de Blumenau e Joinville, o nascimento de empresas por processo de
incubação é menos relevante, prevalecendo o nascimento por spin off a partir das empresas de
software de médio porte e grande porte já estabelecidas no mercado, pelo qual os futuros
empresários, após acumular conhecimento e experiência nessas empresas, abrem negócios
próprios em suas áreas de atuação. Dessa forma, as Fundações Blusoft e Sofville, de
Blumenau e Joinville, funcionam menos como incubadoras e mais associações empresariais
responsáveis pela coordenação de atividades conjuntas, principalmente treinamento e
representação. Mas Joinville tem uma incubadora de importância – Midiville – fundada em
1999 e mantida pelo Senai, tendo por resultado 06 empresas graduadas. Sua importância está
em ser voltada à automação industrial, tendo amplo espaço de crescimento ao articular as
indústrias de software com a forte indústria eletrometal-mecânica de Joinville e Jaraguá do
Sul. Deve-se registrar também a presença de incubadoras junto aos cursos de ciências da
computação da UFSC e FURB, dentro do programa Gênesis.
249




APLS              INCUBADORAS DE INFORMÁTICA E AUTOMAÇÃO
Blumenau          1 – Blusoft – Fundação criada em 1992 pela Prefeitura Municipal de Blumenau, para apoio às
                  empresas de software. Em 1993, transformou-se num dos núcleos do programa Softex. Possui
                  atualmente 70 empresas associadas e 17 incubadas. Promove a feira anual Blusoft e edita
                  informativo eletrônico.
                  2 – Gene-Blumenau – Pré-incubadora de empresas em software criada junto à FURB, dentro do
                  programa Softex-genesis. Seus resultados são 20 empresas incubadas e atualmente 14
                  empresas em fase de incubação.
Florianópolis     1 – Celta – Incubadora de empresas de base tecnológica, mantida pela fundação Certi –
                  fundação sem fins lucrativos, criada em 1984 e com sede no campus da UFSC, junto aos
                  departamentos de engenharia. A incubadora Celta foi criada em 1986, sendo uma das pioneiras
                  no Brasil. Seus resultados são expressivos: 36 empresas graduadas (que faturaram R$400
                  milhões em 2003, segundo a incubadora) e 39 empresas em incubação. Atua nas áreas de
                  instrumentação, telecomunicações, automação, eletrônica, macaoptoeletrônica, microeletrônica,
                  informática (software e hardware), mecânica de precisão.
                  2 – Midi tecnológico – incubadora de software, mantida pelo Sebrae e gerida pela Acate –
                  associação de empresas de base tecnológica, com cerca de 70 empresas associadas. A
                  incubadora foi criada em 1998 e tem como resultados 25 empresas graduadas e 13 empresas
                  em fase de incubação.
                  3– Geness – UFSC: Pré-incubadora em software gerida pelo Departamento de Informática e
                  Estatística da UFSC. Mantém atualmente 14 empresas em incubação.
Joinville         1 – Softville – Fundação de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 1993 como núcleo
                  do programa Softex, é a principal referência institucional na área de software da cidade. A
                  Softville oferece, para suas 48 empresas associadas, espaço para treinamento, reuniões e
                  outras atividades conjuntas. Mantém incubadora de empresas, contando atualmente com 06
                  empresas incubadas e 02 em pré-incubação. Mantém informativo em meio digital.
                  2 – Midiville – Incubadora de empresas de base tecnológica (automação e informática), criada
                  em 1999 e mantida pelo Senai. Seus resultados são 06 empresas graduadas e 12 empresas
                  atualmente em incubação.
Fonte: sites das instituições.
Quadro 3.4.3 - Principais incubadoras de empresas de base tecnológica dos APLs de
Blumenau, Florianópolis e Joinville - 2005

            Por seu turno, as instituições de ensino superior têm mostrado grande crescimento no
número de cursos na área de informática e áreas correlatas. Segundo dados do INEP/MEC, 19
instituições de ensino dos três APLs ofertam atualmente, em 2005, um total de 3.024 vagas
nesses cursos, das quais cerca de 2/3 referem-se a cursos de bacharelado e 1/3 a cursos de
tecnólogo. Os cursos distribuem-se pelas áreas de ciências da computação, sistemas de
informação e sistemas para internet (ver Quadro 3.4.5, anexo). Este forte crescimento dos
cursos ligados à informática já havia sido observado em 1999 por Nicolau et al. (2001) para o
APL de Joinville, tendo sido registrada naquela pesquisa a existência de processo de
substituição de cursos de 2o grau por cursos de 3o grau. Deve-se acrescentar, ainda, que as
duas grandes empresas de software de Joinville – Datasul e Logocenter – mantêm
“universidades corporativas” em parceria com instituições de ensino para oferecer cursos de
capacitação para implantação e operação de seus produtos (softwares de gestão integrada ou
ERP) junto a empresas usuárias.
            Como resultado da ampliação dessa estrutura de cursos, o nível de escolaridade é
muito elevado, relativamente a outros setores produtivos, e tende a elevar-se mais, pois a
250



abertura de muitos dos novos cursos de nível superior é recente. A pesquisa realizada em
Joinville, já citada, mostrou que mais de 80% do pessoal ocupado tinham pelo menos o curso
superior incompleto (dado que muitos funcionários das empresas encontravam-se
matriculados em cursos superiores), sendo expressivo o número de pós-graduados. Para o
APL de Florianópolis, de acordo com amostra de 33 empresas pesquisadas por Mahal (2003),
58% do pessoal empregado possuíam curso superior e 22% possuíam pós-graduação. Para o
arranjo de Blumenau, a pesquisa de Bercovich e Swanke (2003), numa amostra de 15
empresas, revelou que em 9 das empresas a participação do pessoal com curso superior no
emprego total era superior a 80%, e em 8 empresas os pós-graduados correspondiam a mais
de 10% do emprego total.
       Contudo, um fato curioso e digno de nota, é que o grau de escolaridade decresce com
o tamanho da empresa. Isto pode ser explicado pela razão de que as micro e pequenas
empresas são criadas por egressos de universidades e suas atividades ainda não estão
rotinizadas e com devida divisão de tarefas, ao passo que as empresas de maior porte têm
maior participação de atividades rotineiras, como programação, e, conseqüentemente,
empregam mão-de-obra de menor qualificação.
       Além das incubadoras e instituições de ensino, completam o arcabouço institucional
dos APLs as associações empresariais, centros de tecnologia e órgãos dos governos municipal
e estadual. Em Florianópolis, como centros de tecnologia existem os cursos de pós-graduação
e laboratórios de engenharia da UFSC e um centro de referência do Senai para a região Sul
em automação industrial – Centro de Tecnologia em Automação e Informática (CTAI). Deve-
se destacar, ainda, o apoio do governo do estado na forma de cessão do prédio para a
incubadora Celta e por sua iniciativa de construção de parque tecnológico.
       Em Blumenau e Joinville, tem sido mais relevante o apoio das prefeituras municipais,
especialmente em Blumenau, onde a atual fundação Blusoft originou-se de uma comissão
municipal para desenvolvimento do setor de software. Por fim, como outras instituições de
coordenação, podem ser citadas: a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia
(ACATE), que mantém em Florianópolis o Condomínio Industrial Tecnológico – um conjunto
de empresas de informática, criado em 1986, que compartilha espaços em prédio comum. É
digno de registro a atuação da ACATE no projeto Plataforma de Tecnologia da Informação e
Comunicação (PLATIC), que visa disponibilizar e dotar as empresas de ferramentas para
melhorar a competitividade, entre as quais obter a certificação “Capability Maturity Model”
(CMM), do Software Engineering Institute, exigida nas vendas externas. Em Blumenau e
251



Joinville, merecem referência as associações de micro e pequenas empresas, de natureza
multisetorial, respectivamente, AMPE e AJORPEME.




3.4.2 Padrão de concorrência setorial e as possibilidades competitivas dos APLs
catarinenses

3.4.2.1 Padrão de concorrência da indústria de software


       A indústria de software, inserida no âmbito da tecnologia de informação,
caracterizando-se por velocidade intensa de introdução de inovações técnicas, particularmente
com o contínuo desenvolvimento de produtos apoiado na capacidade criativa e intelectual da
mão-de-obra, por competição acirrada entre empresas e por baixo investimento em capital
fixo. A estrutura da indústria apresenta segmentos concentrados ao lado de segmentos
fragmentados, observando-se a presença de grandes corporações com produtos de mercado
mundial, ao mesmo tempo em que se multiplicam espaços para a atuação de micro, pequenas
e médias empresas. As barreiras à entrada no segmento de pequenas empresas não são
elevadas, mas existem barreiras ao crescimento, permitindo o domínio das grandes empresas
nos segmentos concentrados do mercado.
       Nesse contexto, as estratégias empresariais são bastante variadas. As grandes líderes
do mercado atuam explorando as vantagens proporcionadas pelas economias de escala, rede
de vendas e suporte, marca reconhecida, uso de marketing, capacidade tecnológica, poder
financeiro, relações fortes com usuários etc. Enquanto isso, as empresas de menor porte
procuram explorar nichos de mercado, através de atendimento especializado de clientes,
desenvolvendo produtos que incorporam funções específicas, e ampliar outros espaços
deixados pelas empresas líderes cuja linha de produtos não atende todas as possibilidades.
       O regime tecnológico da indústria de software apresenta amplas condições de
oportunidade e grande variedade de soluções e enfoques tecnológicos potenciais. Mas, há
reduzidas condições de apropriabilidade, que as empresas procuram contornar pela introdução
contínua de inovações, utilizando-se, para tanto, de elevadas condições de cumulatividade
tecnológica. Com isso, a indústria de software impõe certas condições para a capacitação
tecnológica, as quais se pautam, por um lado, em termos de cumulatividade tecnológica ao
nível da firma, de forma a proporcionar melhores condições de aproveitamento de
oportunidades tecnológicas, e, por outro lado, em termos de desenvolvimento de habilidades
252



tecnológicas específicas das áreas de aplicação. Além disso, em nível de mercado, torna-se
necessário o desenvolvimento de instrumentos capazes de possibilitar rápida identificação das
alterações na demanda, possibilitando respostas criativas.
       As características do regime tecnológico permitem que distintos tamanhos de
empresas explorem as oportunidades tecnológicas e desenvolvam novos produtos para o
mercado. Esta possibilidade está colocada para as pequenas e médias empresas, especialmente
em aglomerações territoriais, onde há condições para cumulatividade tecnológica no interior
do próprio arranjo, não apenas na empresa. A despeito das dificuldades de produzirem
software de grande porte, podem explorar as suas características de flexibilidade para operar
em pequenos nichos de mercado, integração com grandes empresas na exploração de produtos
e serviços complementares, capacidade para explorar espaços de mercado e de produtos não
atendidos pelas grandes empresas e capacidade de rápida reação às mudanças na indústria que
tendem a ser introduzidas pelas grandes empresas. Estas características da indústria de
software determinam as possibilidades competitivas de arranjos locais de pequenas e médias
empresas nesse setor, como os observados em Santa Catarina.
       Analisando com maior detalhe, é importante destacar que a indústria de software
apresenta uma importante divisão quanto à estrutura de mercado e padrão de concorrência, de
acordo com os seus segmentos horizontal e vertical. O segmento horizontal, formado por
pacotes best sellers de uso difundido como, por exemplo, os sistemas operacionais,
ferramentas, aplicativos de uso generalizado, tipo processadores de texto etc.), tem base de
conhecimento intensiva em informática e possui mercado potencial amplo. Por sua vez, o
segmento vertical, formado por softwares aplicativos e específicos para os diversos setores de
atividade, exige conhecimentos de informática e do setor de aplicação. Seu mercado potencial
é mais restrito e depende da dimensão da atividade a que se aplica. Esta característica
estrutural da indústria tem implicações sobre a estrutura de mercado e sobre o padrão de
concorrência.
       Em primeiro lugar, o segmento horizontal, de uma forma geral, exige grande esforço e
investimentos em pesquisa e desenvolvimento no campo da informática, por um lado, e
esforços e investimentos similares na difusão do seu produto no mercado de escala mundial.
O primeiro aspecto decorre das características de alta oportunidade e cumulatividade exibidas
pelo regime tecnológico; o segundo aspecto aponta para os ganhos de escala e para os
elevados gastos com rede de distribuição e com marketing, uma vez que o custo de
reprodução do software é praticamente nulo. Então, investimentos em P&D e estratégias
mercadológicas são as formas principais de concorrência nesse segmento. O conceito de
253



plataforma – base a partir da qual novas e sucessivas versões são lançadas no mercado numa
continuada relação fornecedor-usuário - é pertinente. A conquista do mercado apresenta
característica de externalidade de rede, dada a tendência à rápida difusão e domínio de uma
solução determinada, motivada pela necessidade de compatibilidade na comunicação entre
usuários. Em função desses fatores, há tendência de domínio de poucas e grandes empresas,
num mercado de dimensão mundial, caracterizando, dessa forma, uma estrutura de mercado
oligopolista.
       O segmento vertical utiliza-se de plataformas de software geradas no segmento
horizontal para construir seus produtos. Por isso, é menos intenso o esforço de pesquisa e
desenvolvimento em informática, mas é necessário conhecimento no setor de aplicação e,
especialmente, são necessários esforços de pesquisa e desenvolvimento para oferecer soluções
de qualidade na interface entre conhecimento de informática e do setor específico. Por esse
motivo, ganha relevância a relação produtor-usuário. Em função das múltiplas possibilidades
de aplicação da informática nas mais diversas atividades, o mercado é pulverizado e, portanto,
os ganhos potenciais de escala são menores, à exceção de certos segmentos como o ERP,
onde soluções verticais setor-específicas passaram a ser genéricas e empregadas em empresas
de diferentes segmentos, ganhando com isso a característica de software horizontal. Por isso,
dadas as condições de escala favoráveis, grandes empresas mundiais disputam esse mercado.
       No segmento vertical, ao invés de gastos com publicidade e distribuição, é exigida
maior proximidade com o cliente, seja antes da instalação do programa – que requer
treinamento do usuário - seja após a instalação, pois há exigência de assistência e atualização
do produto. Essa prestação de serviços pós-venda é muito significativa, constituindo-se em
fonte de receita comparável ou superior à do licenciamento inicial do produto. Por isso, o
software vertical, de fato, é um híbrido de pacote e serviços. Devido ao forte conteúdo de
conhecimentos setoriais específicos, o espaço de concorrência é circunscrito aos limites do
setor, o que implica forte segmentação na indústria. Dependendo do tamanho do setor de
aplicação, as estruturas de mercados podem ser mais ou menos concentradas, havendo, em
geral, amplas oportunidades para a atuação de pequenas e médias empresas em setores de
menor dimensão. Dadas essas características da indústria, os APLs em estudo inserem-se,
evidentemente, no desenvolvimento de softwares verticais, fornecendo soluções específicas
para atividades e setores determinados. Daí decorrem as oportunidades para as micro e
pequenas empresas desses arranjos.
254



3.4.2.2 Mercado mundial e posicionamento do Brasil


         Os setores de informática (hardware + software + serviços) e de telecomunicação
(serviços + equipamentos) que compõem o grande setor de tecnologias de informação e
comunicação (TIC) representavam, no ano de 2001, em média, 8,3% do PIB dos países do
OCDE e estão crescentemente globalizados. No contexto deste amplo setor, em 2001, o
segmento de software tem participação estimada de 9%, enquanto que os segmentos de
telecomunicação e serviços (processamento de dados, consultorias etc.) tinham a maior
participação nas vendas do setor, respectivamente, 39 e 35%, ficando o segmento de
hardware com os restantes 17%. Apesar de ter menor participação, o segmento de software
cresceu nos anos 1990 à taxa de 16%a.a., superior ao conjunto da TIC (dados de OECD,
2002).
         A produção mundial de software encontra-se fortemente concentrada nos países da
OCDE (estima-se em 95%), principalmente nas três principais economias, Estados Unidos,
Japão e Alemanha. EUA atuam como grande líder mundial da indústria de informática, com
amplo domínio também sobre o segmento de software de base e de aplicação horizontal,
chamados pacotes best sellers. Entretanto, alguns países em desenvolvimento vem se
destacando nas exportações, dado que a produção de software é intensiva em recursos
humanos: Irlanda, com exportações para os países da Comunidade Européia, Índia, com
grandes empresas de programação, além de Israel, China e Brasil, de acordo com Tabela
3.4.8.


         Tabela 3.4.8 - Mercado e exportação de software por países selecionados, 2001
PAÍSES                                VENDAS (US$MILHÕES)        EXPORTAÇÃO (US$MILHÕES)
PRINCIPAIS MERCADOS
       - EUA                                 200.000                        n.d.
       - Japão                                85.000                         73
       - Alemanha                             39.844                        n.d.
PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
       - Brasil                               7.700                         100
       - China                                7.400                         400
       - Índia                                8.200                        6.220
       - Irlanda                              7.650                        6.500
       - Israel                               3.700                        2.600
Fonte: Veloso et al., 2003.


         O Brasil ocupa posição mediana no uso per capita de internet, situando-se na 53a
posição numa lista de 104 países, tendo perdido posições nos últimos anos (LOPEZ-
CLAROS, 2005). Para se avaliar a potencialidade do software brasileiro no mercado mundial,
é importante analisar as experiências dos demais países citados com desenvolvimento
255



semelhante. A República da Irlanda, chamada de “tigre céltico”, por exemplo, tem tido
atuação destacada, valendo-se de sua facilidade de acesso ao mercado europeu e do grande
aporte de capitais externos, dominantes no país: com um cluster de empresas junto à capital
Dublin, responde pela maior parte dos softwares importados pela Comunidade Européia.
Segundo Green (2000), possui estratégia de política fundamentada em quatro pontos:
        a) desenvolver infra-estrutura de recursos humanos para atrair empresas de classe
           mundial;
        b) encorajar empresas locais a desenvolver suas bases de P&D;
        c) desenvolver ambientes de pesquisa de classe mundial na instituições de ensino e
           de pesquisa;
        d) formar pessoal de alta qualidade, seja para atender empresas instaladas, seja para
           abrir novas empresas.
       Outro país de referência é a Índia, que se especializou na prestação de serviços de
programação e assemelhados para grandes produtores mundiais, a maior parte deles de baixo
custo e baixa sofisticação, mas com forte ênfase no controle e certificação de processos. Para
tanto, a Índia possui empresas de grande porte (mais de 10 mil empregados) e ostenta
certificação Capability Maturity Model (CMM), fornecida pelo Instituto de Engenharia de
Software, no nível máximo 5 para grande número de suas empresas, o que atesta a maturidade
do processo de produção de software. Juntando recursos humanos qualificados e de baixo
custo, a Índia divulga metas ambiciosas para os próximos anos: atingir vendas de software da
ordem de US$50 bi em 2008, mercados externo e interno (VELOSO et al., 2003). Esse
segmento de mercado de menor valor agregado, entretanto, deverá ser disputado por outros
países com grandes contingentes de recursos humanos baratos, como China e Rússia.
       A China é outro país de crescente destaque na produção de software. Sendo mais
jovem que a da Índia, a indústria de software chinesa cresceu à taxa estimada de 30% a.a. na
década de 90. Apesar do ainda baixo grau de sofisticação de seus produtos, há forte desejo de
integrar software com os produtos da indústria de computadores. No ano 2000, o governo
chinês lançou política de apoio direto e conjunto às indústrias de software e de circuitos
integrados, definindo 10 “bases” de nível nacional a receber suporte do governo (ibid.). Seu
volume de produção hoje é equivalente ao do Brasil, mas sua potencialidade é enorme, seja
pelo forte crescimento de sua economia, seja pelas possibilidades de exportação em face da
abundância de recursos humanos.
       Comparativamente a esses dois grandes países, Índia e China, o Brasil, por um lado
tem, hoje, mercado interno maior e mais competitivo, com grande presença de concorrentes
256



estrangeiros e com experiência sedimentada em algumas áreas de aplicação, mas, por outro
lado, sua política de apoio ao setor tem sido frágil e não tem produzido resultados esperados.
A política brasileira para a informática transitou da reserva de mercado nas décadas de 1970 e
80, em que o objetivo era a constituição de uma indústria nacional de informática, para
abertura comercial nos anos 90 e seguintes, buscando, via incentivos fiscais (Lei no 8.248/91),
a “integração competitiva” de segmentos da indústria nacional no mercado mundial. No
segmento de software, foi lançado em 1992, o Programa para Promoção da Excelência do
Software Brasileiro (SOFTEX) estimulando a criação de núcleos de apoio (principalmente
fornecimento de bolsas) ao desenvolvimento de softwares em diferentes Estados, três dos
quais em Santa Catarina, nas cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville. Esse programa
estabeleceu a meta de exportação de US$2 bilhões no ano 2000. Com o fim do programa, em
1996, foi criada a sociedade Softex, uma sociedade sem fins lucrativos e voltada ao apoio dos
núcleos referidos. Em 1997, foi criado o programa Prosoft pelo BNDES para financiar
empresas de software.
       Uma avaliação dessas políticas está além dos objetivos deste trabalho, mas de forma
sumária pode-se dizer que, se a política de reserva de mercado não levou na devida conta o
grande dinamismo do setor de informática no mundo, o que teve por conseqüência o atraso
relativo dessa indústria no Brasil e a grande reclamação das empresas e demais usuários, por
outro lado, a política dos anos 90 também não produziu os efeitos desejados. Na verdade, a
abertura comercial levou a uma reconversão industrial do setor, com desnacionalização,
presença crescente de empresas estrangeiras, perdas de capacitações e desmobilização de
equipes e queda nos investimentos. Somando-se ao período de câmbio valorizado após o
Plano Real, essa política levou a grande aumento das importações e queda ou falta de
estímulo à exportação.
       No segmento de software, as exportações não tiveram a evolução esperada, atingindo
apenas a marca de US$100 milhões em 2001, número muito aquém dos esperados US$2
bilhões, com a indústria nacional suprindo apenas 17% das necessidades do mercado interno
(LOPES, 2005). Atualmente, a meta é ampliar essa participação para 25% e foi relançada a
meta de US$ 2 bilhões para 2007 (ibid.). Por outro lado, o montante de recursos relativos aos
incentivos à área de ciência e tecnologia, na forma de renúncia fiscal, cresceu muito na década
de 90, superando R$1,5 bilhões no ano 2000 (MCT, 2002), mas não há avaliação do tipo de
investimento realizado e dos resultados dessas aplicações. O baixo resultado da indústria de
software nos anos 90 pode ser visualizado pela comparação com o obtido pela Índia, países
que se encontravam em situação semelhante nos anos 1990.
257



       De todo modo, como resultado mais expressivo está a constituição de 22 pólos de
desenvolvimento de software no Brasil através do Programa Softex, os quais, na ausência de
uma política nacional mais efetiva, tem sido levados adiante por iniciativas de governos
estaduais. Em Santa Catarina, merece destaque o projeto “Tecnópolis” no início da década de
1990, que pretendia instalar em Florianópolis vários parques tecnológicos, a serem ocupados
por empresas externas e por novas empresas criadas nas incubadoras. Este projeto, todavia
não teve continuidade no governo seguinte, frustrando em parte seus objetivos, mas, de
qualquer modo, resultou na instalação de um parque tecnológico e no fortalecimento da
incubadora Celta. Iniciativas semelhantes foram tomadas pelos estados de São Paulo, Rio
Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, entre outros.
       Apesar da fragilidade de sua política de exportação, Veloso et al. (2003) avaliam que,
em função da competição e relativo desenvolvimento do mercado interno, a indústria
brasileira de software tem boas perspectivas no mercado externo na oferta de produtos, não de
serviços, especialmente nos segmentos seguintes: software para setor financeiro, considerado
de classe mundial; software para telecomunicações, herdeiro das estatais; software para e-
business (principalmente B2B) e e-commerce; software para e-governo (voto eletrônico,
declarações de imposto de renda etc.); software gerencial (especialmente ERP).


3.4.2.3 Possibilidades competitivas e barreiras ao desenvolvimento dos APLs catarinenses

       Para avaliar as possibilidades competitivas dos APLs de informática de Sana Catarina,
deve-se reconhecer, de início, as grandes oportunidades abertas pela fase atual de expansão
mundial da indústria de informática, segmento de software. No contexto da indústria mundial
de software, há três grupos estratégicos principais: o grupo principal formado pelas grandes
empresas desenvolvedoras dos softwares-pacote de base e de aplicação horizontal; o grupo de
empresas que prestam serviços a empresas do grupo principal, realizando etapas mais
trabalho-intensivas do processo produtivo; e o grupo de empresas, de pequeno e médio portes,
que se especializam em softwares aplicativos verticais, dirigidos a atividades específicas nos
diferentes setores de atividade.
       Em termos de países, enquanto os EUA possuem empresas do grupo principal, a Índia
especializou-se no segundo grupo ofertante de serviços e o Brasil abriga empresas do terceiro
grupo. Nos últimos 15 anos, a abertura comercial teve por conseqüência uma forte importação
de software e a entrada de firmas estrangeiras, causando dificuldades de crescimento das
empresas locais, mesmo dentro do mercado nacional. Porém, como o mercado de software
258



vertical é muito segmentado, restou para as empresas nacionais, a grande maioria empresas
nascentes e de pequeno a médio porte, ocupar os muitos nichos do mercado doméstico.
Reconhecidas essas condições gerais da indústria, pode-se avaliar as possibilidades
competitivas dos APLs catarinenses e as barreiras a seu crescimento.


3.4.2.3.1 Capacitação tecnológica


       O desenvolvimento de produtos de informática, sobretudo software, envolve três
conjuntos de conhecimentos e capacitações:
        a) capacitação geral de recursos humanos para apropriação da base de
            conhecimento difundido, que é obtida nos cursos de graduação de informática e
            se difunde no mercado local;
        b) capacitação gerencial específica no desenho, no uso de linguagens e
            ferramentas e na implementação de metodologia de desenvolvimento e testes de
            novos produtos. Esta capacitação é obtida pela experiência nas empresas, em
            conjunto com participações em congressos, workshops e cursos específicos de
            pós-graduação; e
        c) conhecimento do campo de aplicação do software, que se pode dividir numa
            parte genérica, obtida nos cursos de graduação (por exemplo, cursos de sistemas
            de informação ou de aplicações para internet), e numa parte específica, aprendida
            em interações com usuários.
       Quanto à capacitação geral de recursos humanos, os APLs possuem mercados locais
de trabalho especializado, os quais vêm se estruturando e sendo alimentados pelos alunos
egressos das instituições de ensino. Nesse sentido, observa-se boa resposta das instituições de
ensino na oferta de novos cursos: nos três APLs, os dados do MEC mostram forte expansão
de vagas em cursos voltados à informática, especialmente os cursos do nível de tecnólogo, de
menor duração e maior preocupação com habilidades práticas nas áreas de sistemas de
informação, sistemas para internet e redes de computadores. Portanto, as empresas de ensino
têm respondido expressivamente em termos de formação de mão-de-obra e disseminação dos
conhecimentos básicos na área, inclusive adequando os cursos ao tipo de software
predominante. Mas não se verifica ainda uma estrutura de cursos e eventos científicos para a
obtenção de conhecimentos mais avançados em informática.
       No que se refere à capacitação gerencial específica, exigida na criação de novas
empresas e no desenvolvimento de novos produtos, pode-se reconhecer que se trata de algo
259



em construção, principalmente a partir das experiências acumuladas pelas empresas fundadas
há mais tempo e pelas incubadoras. A pesquisa realizada no APL de Joinville mostrou que as
fontes de informação das empresas eram ainda pouco especializadas – internet, revistas, feiras
e congressos promovidos por fornecedores. Atualmente, a estratégia de expansão no mercado
externo tem levado empresas a buscar certificação de seus processos de desenvolvimento,
especificamente a certificação CMM, nível inicial 1. Como o nível máximo da certificação é
5, constata-se que há longa estrada a percorrer pelas empresas estaduais.
       Por fim, quanto às interações usuário-produtor, a oferta de oportunidades para
desenvolvimento de novos programas é o tema de maior preocupação no momento atual dos
APLs, porque há que se considerar que a área de gestão empresarial possivelmente já
apresenta menores oportunidades para novos softwares e para ingresso de novas empresas.
Nessa área, os programas ganham rapidamente o caráter horizontal, pela universalização de
sua aplicação a diferentes setores produtivos, o que explica o grande crescimento de algumas
empresas dos APLs. Por isso, novas áreas de aplicação precisam ser estimuladas.


3.4.2.3.2 Principais mercados


       As principais empresas dos APLs, criadas há mais tempo e mais consolidadas, vêm
seguindo uma trajetória composta de três momentos:
        a) desenvolvimento do produto para as necessidades locais;
        b) venda do produto para o mercado regional e nacional, com estabelecimento
            de escritórios e representantes nos principais mercados; e
        c) venda do produto ao mercado externo.
       Cada uma das três etapas envolve dificuldades e ampla necessidade de aprendizagem,
porque ao mesmo tempo em que o produto vai sendo aperfeiçoado em sucessivas versões, a
empresa vai se consolidando. A empresa forma-se e cresce com o produto. Dentro dessa
lógica, deve-se enfatizar, primeiro, a importância crucial da primeira etapa – a concepção e
desenvolvimento do produto – e, segundo, as economias de escala potenciais, se a empresa
tiver êxito em atingir o mercado nacional e externo, dados o alto custo de desenvolvimento e
o baixo custo de reprodução do produto.Atualmente, a maior parte das vendas das empresas
consolidadas é destinada ao mercado nacional. Mas, na presente década, um número crescente
de empresas, após acumuladas experiências no mercado nacional durante a década de 1990,
vem desenvolvendo estratégias de acesso ao mercado externo.
260



       As vendas no mercado externo são ainda recentes e de pequena expressão no conjunto
das empresas e no seu faturamento. Os caminhos de acesso ao exterior são também difíceis,
devido à necessidade de adaptação do produto à língua, ambiente institucional e rotinas
produtivas em cada país. Empresas relatam experiências muito particulares e ausência de via
fácil e conhecida para vender no exterior. Então, apesar de custos quase nulos para produzir
novas cópias, no caso dos softwares-pacote horizontais, as vendas de softwares verticais
produzidos nos APLs catarinenses exigem customização, treinamento, implantação e
assistência técnica pós-venda, numa continuidade intensa da relação usuário-produtor. Por
isso, os gastos com vendas são elevados, principalmente nas vendas externas. Além de
encontrar clientes e realizar negociações, um custo de transação adicional é a confiabilidade
do produto do ponto de vista do cliente. A certificação de produtos e processos tem, então,
papel importante na conquista de novos mercados. Esforços nessa direção têm sido
observados, mas essas iniciativas poderiam ser apoiadas por programas institucionais à
certificação de produtos e processos de empresas consolidadas, com vistas a ampliar sua
competitividade no mercado externo.


3.4.2.3.3 Formas de cooperação


       A cooperação no interior dos APLs varia inversamente ao tamanho e maturidade das
empresas. Para as empresas nascentes, as condições locais são muito importantes, e os APLs
devem ser entendidos como ambientes apropriados para o desenvolvimento de novos produtos
e novas empresas, observando-se a dinâmica do conhecimento-inovação destacada acima, na
seção 2.2.1. No caso de empresas nascentes, a relação cooperativa usuário-produtor tem
função central. Nos APLs de Blumenau e Joinville, por exemplo, as interações com o setor
industrial local constituíram a base para um circuito inovativo que gerou softwares de gestão
empresarial. Da mesma forma, em Florianópolis, as interações iniciais relevantes foram com
as empresas estatais das áreas de serviços de telefonia e de geração de energia elétrica; depois,
e atualmente, o processo inovativo inclui laboratórios de engenharia da UFSC e a incubadora
Celta, resultando em produtos diversificados de informática e de outras bases tecnológicas,
não apenas software. Neste último APL, a interação com os usuários dá-se, em grande
medida, a partir da própria prática dos laboratórios, que atuam e desenvolvem projetos em
articulação com empresas, em maioria, não instaladas no APL. Além da incubadora Celta, que
tem já quase 20 anos de atuação, existem outras incubadoras nos três APLs que se constituem
importante forma de cooperação para a criação de novas empresas.
261



       As observações de campo indicam que estas duas formas de cooperação para a criação
de novas empresas são de importância estratégica para o dinamismo dos APLs e são de baixo
custo. Bolsas de pesquisa para alunos egressos e para projetos selecionados pelas incubadoras,
por um lado, e programas de incentivo a empresas que encomendem softwares, por outro,
além da encomenda direta do próprio Governo, são políticas que teriam dois resultados
positivos para a economia estadual: desenvolvimento dos APLs de informática e
modernização dos setores usuários da nova tecnologia. Uma política do governo estadual
nessa direção parece altamente recomendada.
       Para empresas com produto já desenvolvido e já estabelecidas no mercado, as formas
de cooperação observadas situam-se nos assuntos de treinamento de pessoal, organização de
feiras locais e participação em feiras externas ao local, busca de linhas de financiamento,
programas de certificação e apoio à difícil inserção no mercado externo. Todos esses assuntos
são relevantes. As instituições de ensino disseminam apenas os conhecimentos gerais de
informática em seus cursos, havendo necessidade de cursos especialmente para aquisição dos
conhecimentos gerenciais e tecnológicos mais específicos, em geral em nível de pós-
graduação. O setor de informática é muito dinâmico e, por isso, há necessidade de
monitoramento de tendências internacionais quanto às tecnologias de hardware, linguagens,
softwares de base e engenharia de software. Programas de apoio à oferta desses cursos e
principalmente o apoio a linhas de pesquisa para professores das universidades locais na área
de informática, por parte do governo e de empresas consolidadas, são ações institucionais e
cooperativas de relevância. Registra-se também a ocorrência de cooperação para participação
de feiras de informática e para organização de programas de certificação. Estes aspectos são
muito importantes para a comercialização dos produtos.


3.4.2.3.4 Vantagens competitivas que sustentam os APLs


       Como o principal recurso exigido no desenvolvimento de softwares é a mão-de-obra,
pode-se afirmar que as vantagens competitivas dos arranjos produtivos apóiam-se nos
recursos humanos locais qualificados e na estrutura institucional local que proporciona e
alimenta a oferta constante desses recursos. A existência, hoje, de contingentes de alguns
milhares de pessoas qualificadas em cada APL é evidentemente resultado de trajetória
iniciada com algumas instituições pioneiras e favorecida pela expansão do mercado para seus
produtos. Uma vez formados, os arranjos têm dinâmica própria sustentada principalmente por
economias externas decorrentes da aglomeração e complementaridade de agentes e atividades.
262



        O custo da mão-de-obra qualificada nessas cidades de porte médio é uma segunda
vantagem, se se computar não apenas a folha de salário, mas também os custos de aluguel,
deslocamentos e outros custos urbanos. É por isso que, mesmo tendo a região Sudeste do país
como principal mercado, as empresas não migram para lá e mantêm escritórios comerciais e
representantes nessa região.


3.4.2.3.5 Obstáculos estruturais e conjunturais que limitam o desenvolvimento dos APLs


        A ausência de barreiras à entrada de concorrentes estrangeiros no mercado nacional,
especialmente no segmento de grandes usuários, tem eliminado oportunidades que poderiam
ser exploradas pela empresa nacional. Oportunidades de desenvolvimento de novos softwares
também são perdidas por falta de programas de apoio. Retorna-se sempre ao mesmo ponto: é
preciso que haja clientes interessados no desenvolvimento de novos programas para que
possam surgir empresas com oferta de soluções. Garantir esse espaço de inovação é vital para
a sustentação e crescimento dos APLs. Portanto, a facilidade na entrada de concorrentes
estrangeiros nesses nichos do mercado nacional e a falta de programas de incentivo a que
interações usuário-produtor sejam exercitadas são os principais obstáculos ao crescimento dos
APLs.
        Além desse obstáculo à abertura de novas empresas, uma segunda dificuldade põe-se
hoje para as empresas estabelecidas e com produto desenvolvido. Estas empresas precisam
expandir-se para o mercado externo. As dificuldades já foram apresentadas na seção 2.2.2 do
presente trabalho.


3.4.2.3.6 Políticas para o crescimento dos APLs


        Das análises realizadas nas seções anteriores decorrem diretamente propostas políticas
para o governo:
        a) Criação ou ampliação de programas de apoio e incentivo às interações do tipo
usuário-produtor nos APLs. Bolsas de pesquisa a alunos egressos, apoio a incubadoras,
incentivo para que as empresas encomendem o desenvolvimento de softwares em empresas
nascentes locais, organização de eventos visando aproximar clientes potenciais dos futuros
empresários são exemplos de política recomendada. A finalidade desse leque de políticas é
proporcionar constante oxigenação e vitalidade aos APLs pela criação de novas empresas.
263



       b) Fortalecimento das instituições locais com vistas à melhoria tecnológica e à maior
qualificação dos recursos humanos. Considera-se que, à exceção da UFSC e do CTAI no APL
de Florianópolis, as demais instituições de ensino são, em maioria, jovens e ofertam ensino
superior de qualidade básica. Então, para que a linha de política recomendada acima (letra a)
não falhe por problema na oferta de recursos humanos, é preciso uma política de capacitação
desses cursos, especialmente com a constituição de um corpo qualificado de professores e o
apoio à criação de laboratórios de pesquisas e testes. Nessa mesma linha de política, pode-se
criar programa de incentivo a que técnicos de empresas participem de eventos técnico-
científicos nacionais e internacionais. O apoio à oferta de cursos de pós-graduação
completaria essa linha de política.
       c) Uma terceira linha de política refere-se à melhoria organizacional das empresas,
mediante o apoio à certificação de produtos e processos, utilização de ferramentas e de
metodologias de desenvolvimento avançadas. Como já visto anteriormente, essa linha de
política destaca-se hoje no momento em que muitas empresas buscam o mercado externo.
       d) O apoio ao acesso ao mercado externo constitui uma quarta área de ação
governamental, principalmente no momento atual em que muitas empresas estão iniciando
ações ou realizando projetos de exportação. Como se sabe, a dificuldade de língua, a
confiabilidade dos programas, a adequação à legislação e às práticas de cada país são
obstáculos que se apresentam às empresas. Assim, da mesma forma que o governo do Estado
tem atuado na abertura de mercado de outras indústrias (veja-se o exemplo da atuação na
abertura dos mercados russo e europeu para a carne suína), torna-se estratégica a definição de
uma estrutura de apoio à exportação de softwares a países ou grupos de países selecionados.
       e) Finalmente, mas não menos importante, uma quinta linha de política diz respeito ao
problema do financiamento. Como se sabe, por sua natureza, as empresas de informática, em
geral, e de software, em particular, não possuem ativos suficientes para garantir operações de
financiamento. Além disso, por tratar-se de desenvolvimento de produtos, e não a produção
de bens com mercado já existente, os riscos são maiores. Para fazer frente a essa realidade,
nos países desenvolvidos grande parte do financiamento toma a forma de venture capital.
Portanto, além dos apoios diretos acima referidos, torna-se relevante a constituição de fundos
e de outros programas para o financiamento da expansão das pequenas empresas, após
passada a fase de sedimentação das idéias e materialização de um produto.
264



 EMPRESAS                PRODUTO PRINCIPAL/               EMPRESAS
                                                                              PRODUTO PRINCIPAL
GRADUADAS                 ÁREA DE ATUAÇÃO                INCUBADAS
4S                                                          Adept      Gestão informação para setor metal-
                       Equipamentos para rádio e TV
                                                           Systems                  mecânico
Apex            Sistemas de comunicação e terminais                          Software para energia e
                                                           Airgate
                            inteligentes                                        telecomunicação
Brasytem                                                                 Software para gestão de cadeia
                           Automação comercial             Anitec
                                                                                    suinícola
Cebra            Soluções em fontes de alimentação                     Automação industrial – indústria de
                                                          Audaces
                             chaveadas                                        móveis e confecções
Celtec                         Nobreak                   Automática        Máquinas de corte a laser
Cianet           Redes de comunicação de dados de         Bernard
                                                                        Sofware de simulação empresarial
                          alta performance                sistemas
COM                      Software bancário                Complex             Software de educação
CSP              Bafômetro e controladores de sinais
                                                            CRM               Software para internet
                              de trânsito
Datasul            Software de gestão empresarial           Cube            Software setor de energia
Directa                 Automação industrial               Driver     Software setor jurídico e previdenciário
Dzigual               Design gráfico e website             Eddros           Software gestão industrial
EMPCOM              Dardware para computadores              Esss      Software para sistemas de engenharia
Figueiredo e                                                               Sistema automatizado para
                Teste automático de linhas telefônicas     Gwork
Ferreira                                                               cadastramento de rede de telefonia
In-Sel                Sensores infra-vermelhos             Haltso               Software gerencial
Inbrac             Condutores elétricos especiais          Hoplon                 Games on line
Intelbras               Aparelhos telefônicos               Isa         Serviços de automação industrial
Interdigital          Equipamento Watch Dog               Keohsps            Sistemas de engenharia
Ionics          Automação de postos de combustíveis        M.O.L.     Centro de informação metal-mecânica
KnowTec            Software de gestão empresarial          Making     Software operadoras planos de saúde
Medusa          Automação de processos industriais –                   Sistema de medição de massa para
                                                           Massa
                  setores alimentos, bebidas, fumo.                           transporte ferroviário
Megaflex         Design house para desenvolvimento
                                                          Multinet        Soluções internet setor turístico
                       de produtos eletrônicos
MicroQuímica                                                             Equipamentos de segurança de
                       Equipamentos de laboratório        Omega
                                                                         transmissão de dados via rede
Nano
                       Produtos médico-hospitalares       Outplan     Software para e-business e e-commerce
Endoluminal
Notre Dame      Serviços em processamento digital de
                                                            Pax              Software para bordados
                               sinais
Olsen                                                                     Sistemas ópticos de medição,
                           Micrômetros a laser            Photonita
Tecnologia                                                               automação e controle qualidade
OnLine          Soluções para difusão de mensagens
                                                            Priori           Software setor financeiro
Diffusion                       de dados
Optimum          Simulação de conforto em ambiente
                                                          Riskema     Equipamento para impressão – plotters
Engenharia                       rígido
Pointer         Soluções em ambientes abertos e em
                                                          Sensys          Software gerência de projetos
                              redes locais
Poliedro             Software para gerenciamento                          Comunicação visual em painel
                                                           Specto
                      eletrônico de componentes                                      eletrônico
Reason                 Chave de fluxo eletrônico          Spherical     Hardware e software para telecom.
Reivax                  Reguladores de tensão               Step       Software p/ automação telejornalismo
SCA                      Automação industrial               TCM           Informatização de laboratórios
Sistemic        Projetos e informatização de empresas       Unis             Software de gestão ERP
Sistepe                                                                   Equipamentos e soluções setor
                Fabricação de peças-metalurgia do pó      Weigtech
                                                                                     pesagem
Suntech             Software de gerenciamento e
                   supervisão de redes celulares
Teckner          Gerenciador de consumo de energia
Telesis           Sistemas para telecomunicações
Weg                    Sistemas de automação
Fonte: Celta (2005).
Quadro 3.4.4 - Empresas graduadas e incubadas e respectivos produtos na Incubadora Celta –
2005
265



                              APLS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO                        OFERTA VAGAS
                   CURSOS NA ÁREA DE INFORMÁTICA E CORRELATOS                          2005
APL de Blumenau
1. FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau
-         Ciências da Computação – Bacharel                                            200
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                             84
-         Engenharia de Telecomunicações – Bacharel                                     80
2. FAMEBLU - Faculdade Metropolitana de Blumenau
-         Sistemas de informação – Bacharel                                            100
3. CETEVI – Faculdade Tecnológica do Vale do Itajaí
-         Tecnologia em Desenvolvimento para Web - Tecnólogo                           160
4. FECAVI – Centro Universitário do Vale do Itajaí (Indaial)
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                            100
TOTAL DO APL                                                                           724
APL de Florianópolis
1. UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
-         Ciências da Computação – Bacharel                                            100
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                            100
-         Engenharia de Controle e Automação – Bacharel                                 60
2. ÚNICA – Centro de Educação Superior
-         Ciências da Computação – Bacharel                                            100
3. UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina
-         Ciências da Computação – Bacharel                                             60
-         Ciências da Computação (Palhoça) – Bacharel                                   50
-         Sistemas de Informação (Palhoça) – Bacharel                                   50
4. UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
-         Engenharia de Computação (São José) – Bacharel                                40
-         Ciências da Computação (São José) – Bacharel                                  90
5.IESGF – Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis
-         Tecnologia em Redes de Computadores (São José) – Tecnólogo                   100
-         Ciências da Computação (São José) – Bacharel                                 100
6. FATESSC – Faculdade de Tecnologia Estácio de Sá de Santa Catarina
-         Tecnologia em Redes de Computadores (São José) – Tecnólogo                    200
TOTAL DO APL                                                                           1.050
APL de Joinville
1. UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina
-         Ciências da computação – Bacharel                                             80
-         Tecnologia de Sistemas de Informação                                          80
2.UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                            100
3. FCTJ – Faculdade de Ciências e Tecnologia de Joinville
-         Ciências da Computação – Bacharel                                             60
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                             60
4. SENAI – Faculdade de Tecnologia do Senai de Joinville
-         Tecnologia em Redes Industriais – Tecnólogo                                   80
5. IST – Instituto Superior Tupy
-         Engenharia da Computação – Bacharel                                           80
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                             80
-         Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas para Internet – Tecnólogo          100
6. FCJ – Faculdade Cenecista de Joinville
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                             80
7. FATESC - Faculdade de Tecnologia São Carlos
-         Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas para Web – Tecnólogo               150
8. IESVILLE – Faculdade de Tecnologia IESVILL-FATI
-         Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas de Informação – Tecnólogo          200
9. UNERJ - Centro Universitário de Jaraguá do Sul
-         Sistemas de Informação – Bacharel                                             100
TOTAL DO APL                                                                           1.250
          TOTAL GERAL                                                                      3.024
Fonte: INEP/MEC, 2005.
Quadro 3.4.5 - Instituições de ensino e cursos de informática e similares - 2005

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Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

  • 1. 236 3.4 ARRANJOS PRODUTIVOS DE INFORMÁTICA: BLUMENAU, FLORIANÓPOLIS E JOINVILLE José Antônio Nicolau ∗ Carla C. R. de Almeida** O presente trabalho tem por objetivo identificar a trajetória e estrutura atual dos três Arranjos Produtivos locais (APLs) na área de informática, com concentração em software, que vem se estruturando no Estado de Santa Catarina, nas cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville, bem como avaliar suas possibilidades competitivas. A localização dos municípios que compõe o APL pode ser visualizada na Figura 3.4.1 abaixo. Para tanto, após explanação sobre as origens, características da produção, recursos humanos, empresas e atores institucionais existentes, busca-se contextualizar o surgimento, a evolução dos três APLs e seu posicionamento dentro do cenário de difusão mundial da indústria de informática, daí resultando indicações de política de apoio. Joinville Blumenau Florianópolis Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina. Figura 3.4.1 - Localização dos APLs de informática do estado de Santa Catarina - 2005 O trabalho encontra-se dividido em duas seções, constituídas e desdobradas conforme segue. A seção dois trata da formação e estrutura atual dos APLs nos seguintes termos: após breve identificação das características setoriais, são apresentadas a origem e trajetória de cada um dos APLs, a estrutura de empresas e de produção e, finalmente, a estrutura institucional e sua base de recursos humanos. Em seguida, a seção três destaca, de início, o padrão de ∗ Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação – Mestrado – em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina. ** Mestranda em Economia na Universidade Federal de Santa Catarina.
  • 2. 237 concorrência setorial, o mercado mundial e o posicionamento do Brasil, para, ao final, avaliar as possibilidades competitivas e as principais barreiras ao desenvolvimento dos APLs catarinenses. 3.4.1 Formação e estrutura atual dos APLs catarinenses 3.4.1.1 Contexto internacional Os arranjos produtivos de informática de Blumenau, Florianópolis e Joinville apresentam alguns traços comuns em suas origens, trajetórias e estrutura atual, ao lado de diferenças importantes que outorgam um caráter singular a cada experiência. O traço comum mais marcante é que os três aglomerados constituem-se em experiências locais de difusão da indústria de informática e, como tais, ostentam uma nítida dependência em relação à trajetória da indústria mundial. Antes do exame dos APLs catarinenses, é importante uma breve contextualização, destacando os principais momentos de expansão da indústria mundial. A hoje denominada indústria de software nasceu a partir da indústria de computadores. Como ocorreu em outras indústrias, a indústria de computadores nasceu integrada, seguindo- se, progressivamente, desmembramentos em diferentes componentes, entre os quais, o software. A indústria teve sua trajetória determinada pelos avanços na tecnologia microeletrônica, com a produção em série de circuitos integrados e chips de menor tamanho e maior velocidade, possibilitando a passagem dos grandes computadores, para os mini e para os microcomputadores, com crescente alargamento do mercado. Pode-se destacar os momentos centrais nessa trajetória: domínio dos grandes computadores até a década de 1970 produzidos pela IBM; produção de minicomputadores nos anos 70; produção de microcomputadores a partir dos anos 80 e forte expansão nos anos 1990, favorecendo, então, a constituição de rede mundial interligando toda essa base instalada de computadores – a internet. Restringindo-se à indústria de software, uma preocupação inicial é caracterizar o produto dessa indústria e apresentar a classificação convencional existente. De forma geral, o software pode ser classificado de acordo com a plataforma de hardware respectiva, distinguindo-se softwares para computadores de grande porte, para mini e para microcomputadores e para equipamentos eletrônicos diversos, como smart cards, etc. Os programas distinguem-se, também, em função da linguagem de programação adotada e podem ser classificados pela sua posição hierárquica na programação, distinguindo-se, grosso
  • 3. 238 modo, os "sistemas operacionais", que estão na base da hierarquia, os softwares de suporte ou ferramentas e os "softwares aplicativos". O software pode ser classificado segundo o segmento de mercado a que se destina: pode ser destinado a setor específico (bancário, comercial, gestão, educacional etc.) tendo assim uma dimensão setorial ou vertical, ou pode atender indistintamente a diferentes setores (processamento de texto, planilha eletrônica, acesso à internet etc.), assumindo, assim, uma dimensão multi-setorial ou horizontal. Podem ser feitos cruzamentos entre as classificações acima, o que permite, em muitos casos, uma melhor identificação da natureza do produto. Dessa forma, o software pacote de uso horizontal ou geral (como os sistemas operacionais, planilhas eletrônicas, etc.), dado o seu grande potencial de vendas, é chamado de "pacote best-seller" e é dominado por empresas de grande porte. Por sua vez, os pacotes de dimensão vertical ou setorial, freqüentemente, exigem customização, ou pelo menos treinamento do usuário e serviços de implantação, o que os aproxima do software sob encomenda, sendo, em geral, produzidos por empresas de porte menor, embora haja também grandes empresas especializadas em softwares verticais, sendo exemplo o segmento de gestão empresarial. Tentando uniformizar as estatísticas disponíveis nos diversos países, a OCDE tem apresentado uma classificação básica em alguns de seus estudos (OCDE, 1998a). As atividades da chamada “indústria de serviços de computador” estão classificadas na divisão 72 da International Standard Industrial Classification (ISIC). Por sua vez, seus produtos são classificados na divisão 84 da Central Product Classification (CPC). Com base na CPC, os produtos e serviços da indústria são assim classificados: 841 - Produtos de software pacote. Incluem os softwares de sistemas operacionais e de ferramentas (CPC 8411) e os softwares aplicativos (CPC 8412). 842 - Serviços profissionais. Compreendem os serviços relacionados à instalação de hardware (CPC 8421), serviços de consultoria técnica em sistemas de computação (CPC 8422), serviços de desenvolvimento de software customizado ou sob encomenda (CPC 8423), serviços de programação e análise de sistemas (CPC 8424), serviços de gerenciamento de instalações de computadores (CPC 8425), serviços de manutenção de sistemas (CPC 8426) e outros serviços profissionais (CPC 8429). 843 - Serviços de processamento de dados. Compreendem serviços de tabulação e processamento de dados (CPC 8431), serviços de entrada de dados (CPC 8432) e outros serviços de processamento (CPC 9439).
  • 4. 239 844 - Serviços de base de dados. Incluem a provisão on-line de dados e os serviços de rede para acesso a bases de dados. 845 - Serviços de manutenção e reparos de computadores. Incluem a manutenção de equipamentos. 849 - Outros serviços de computação. Dentro dessa ampla gama de serviços relacionados à computação, a indústria de software restringe-se às divisões CPC 841 - software pacote, CPC 8423 - software sob encomenda e CPC 8424 - programação e análise de sistemas. 3.4.1.2 Surgimento e trajetória dos APLs catarinenses Como as demais indústrias de Santa Catarina, a indústria de informática encontra-se geograficamente concentrada, fornecendo motivação para estudos sob o enfoque de arranjos produtivos locais. As cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville abrigam, hoje, indústrias de software, com origem e dinamismo que podem ser associados a particularidades locais: enquanto o núcleo industrial de Florianópolis desenvolveu-se com base na sua proximidade da Universidade Federal de Santa Catarina e empresas estatais, as aglomerações de Joinville e Blumenau foram estimuladas pelas necessidades das empresas locais dessas duas cidades industriais. Trata-se das três maiores cidades do Estado, que reúnem, em conjunto com as cidades próximas, cerca de 1/3 da população estadual (1,6 milhões de pessoas residentes em 2001). As origens e trajetória histórica dos APLs são apresentadas a seguir. 3.4.1.2.1 de Blumenau1 A empresa Centro Eletrônico da Indústria Têxtil (CETIL), criada por empresas do setor têxtil local, e a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) estão nas origens do APL de Blumenau, com atuação destacada, ainda na década de 1970, na difusão inicial de conhecimentos de informática: a CETIL, dado o predomínio da plataforma mainframe à época, foi criada em 1969 por um grupo de 13 empresas têxteis para atuar na área de serviços como bureau de processamento de dados, chegando a ser considerado o 1 As informações que constam desta seção, sobre a origem e trajetória do aglomerado de software de Blumenau, foram quase todas extraídas de Blusoft (2001).
  • 5. 240 maior bureau privado da América Latina; a FURB começou sua atuação no ensino superior de informática, tendo criado em 1973 o primeiro curso universitário, nessa especialidade, de Santa Catarina e o terceiro do país. A partir do final da década de 1970, com a mudança, de nível mundial, para as plataformas de mini e microcomputadores e o correspondente surgimento de uma indústria independente de software, há uma migração natural do pessoal local especializado para a abertura de empresas de software. A trajetória do APL de Blumenau foi marcada por alguns fatos notáveis de pioneirismo: a) lançamento do primeiro software-pacote brasileiro pela empresa local WK Sistemas em 1985; b) lançamento de processador de texto “fácil” pela empresa local Fácil Informática no final da década de 80, que perdeu mercado posteriormente com o domínio mundial do processador “Word”; c) em 1991, foi criada pela Prefeitura Municipal a “Comissão para Desenvolvimento do Setor de Software”, do que resultou a Fundação Blusoft (1992) para apoiar e coordenar o setor, passando (em 1993) a integrar o programa nacional Softex e gerenciar incubadora de empresas; d) desde 1998, Blumenau sedia a feira Coninfo, terceira do Brasil. Atualmente, o APL de Blumenau reúne empresas voltadas a desenvolvimento de produtos para a gestão empresarial, particularmente para a gestão de empresas de menor porte. 3.4.1.2.2 APL de Florianópolis De forma distinta à Blumenau, o APL de Florianópolis teve, em suas origens, os investimentos feitos por entidades do setor público. A história remonta aos anos 70, quando existiam na cidade três agentes pioneiros: a UFSC e duas empresas estatais nos setores de telecomunicações e geração e transmissão de energia elétrica – Telecomunicações de Santa Catarina (TELESC) e Centrais Elétricas do Sul do Brasil (ELETROSUL). Deste tripé formado originaram-se as primeiras empresas da área de informática de Florianópolis (merecem menção as empresas Intelbrás e Dígitro, no setor de equipamentos de telecomunicação) e uma segunda geração de instituições fomentadoras de empresas de alta tecnologia: Fundação Certi, criada junto à UFSC em 1984 com o apoio em parte com recursos públicos e em parte com recursos oriundos da prestação de serviços às empresas; incubadora Celta, criada em 1986 pela Fundação Certi e segunda incubadora criada no Brasil. Deve-se anotar também a criação do Condomínio Industrial de Informática, nos 1980, por iniciativa de pequenas empresas da área, passando a dividir serviços e espaço em prédio locado.
  • 6. 241 No início da década de 1990, o Governo do Estado, liderando um conjunto de entidades, lança o "Projeto Tecnópolis" - uma tentativa de política integrada de desenvolvimento regional, compreendendo a implantação de parques de empresas de alta tecnologia, incubadora, instituições de fomento, formação de recursos humanos etc. Desde 1995, a trajetória do APL de Florianópolis tem sido marcada por dois movimentos principais: primeiro, o projeto Tecnópolis não teve o desenvolvimento previsto inicialmente, restringindo-se a apenas um parque industrial (parque Alfa) e, mesmo assim, com morosidade de ocupação, seja pela dificuldade de atração de grandes empresas para o APL, seja pelo corte de recursos humanos e financeiros devido à privatização das empresas estatais. Por outro lado, observou-se o crescimento no número de pequenas empresas e o fortalecimento da estrutura de incubação. Atualmente, o APL de Florianópolis apresenta uma estrutura de empresas caracterizada pela diversidade de produtos, distinguindo-se dos outros dois APLs de Blumenau e Joinville. 3.4.1.2.3 APL de Joinville Como principal cidade industrial do Estado e reunindo grandes empresas, algumas líderes nacionais em seus segmentos, Joinville registrou investimentos em recursos humanos e equipamentos na década de 1970 por parte dessas grandes empresas, na manutenção de CPDs próprios. As empresas de menor porte utilizavam os serviços prestados por bureaux de informática. Estes investimentos pioneiros foram importantes na capacitação de recursos humanos locais em sistemas de informação voltados ao segmento de gestão industrial, com apoio da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) através do oferecimento de curso superior de computação. Assim, com o lançamento dos microcomputadores e o fechamento dos CPDs, as atividades ligadas à informática foram terceirizadas pelas grandes empresas, daí resultando as primeiras empresas de desenvolvimento de software. Desse modo, a correlação entre capacitação anterior e a nova indústria de software é muito estreita, o que é demonstrado também pela especialização local (empresas líderes) no desenvolvimento ERP, programa integrado de gestão industrial, uma versão atual para os antigos programas operados nos computadores de grande porte. Atualmente, destaca-se no APL de Joinville a presença de duas empresas que estão entre as maiores do país no segmento de ERP e com presença no mercado externo.
  • 7. 242 3.4.1.3 Estrutura de produção As dificuldades de levantamento de dados sobre a atividade de informática são conhecidas em função do dinamismo do setor (as estatísticas excluem empresas em fase de constituição e trabalhadores autônomos), da classificação (as atividades ligadas à informática não estão todas concentradas em empresas especializadas, mas estão distribuídas horizontalmente por grande parte dos demais setores produtivos) e no caso do software, de registro da atividade (em parte serviço, em parte produto, vendas on line etc.). Esta dificuldade é particularmente pronunciada no caso dos arranjos em estudo, onde a presença de micro e pequenas empresas é forte. Nesse sentido, os dados oficiais da RAIS sobre o número de pessoas ocupadas e de estabelecimentos especializados, conforme Tabela 3.4.1, tendem a subestimar o volume de atividade existente, ao serem comparados com outras fontes de informação. Tabela 3.4.1 - Dados gerais sobre atividade de informática e população residente nos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville - 2003 ATIVIDADES DE INFORMÁTICA E BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE POPULAÇÃO P.OCUP. ESTAB. P.OCUP. Estab. P.Ocup. Estab. 1 – Atividades de informática – total 1.597 227 4.445 231 1.649 207 a) Consultoria em hardware 31 8 183 27 171 34 b) Desenv.softwares pronto para uso 454 24 101 19 88 6 c) Desenv. softwares sob encomenda e outros 132 15 155 23 336 15 d) Processamento de dados 702 95 2.907 55 522 78 e) Banco de dados e distrib. conteúdo eletrônico 12 2 50 8 4 2 f) Manutenção e reparação de maq. Escritório 109 37 284 42 100 27 g) Outras atividades de informática 157 46 765 57 428 45 o 2 – População residente urbana – 2001 (n hab.) 359.106 (1) 710.607 (2) 591.008 (3) Fontes: a) Sobre atividade de informática: dados da RAIS por microrregiões; b) Sobre população: dados do IBGE. (1) Compreende os municípios de Blumenau, Gaspar e Indaial; (2) compreende os municípios de Florianópolis, Biguaçu, Palhoça e São José; (3) compreende os municípios de Joinville, Jaraguá do Sul e São Francisco do Sul. Do conjunto de atividades relacionadas à informática, são de interesse para a caracterização de arranjo produtivo apenas as atividades de desenvolvimento de software pronto para uso (pacotes) e de software sob encomenda. As demais atividades de manutenção de equipamentos e sistemas e de processamento de dados não são do interesse do presente estudo, porque estão presentes, de uma forma geral, em todas as cidades e regiões, dada a utilização universal da informática em todos os setores produtivos. Os registros da RAIS para estas atividades de desenvolvimento de software apontam apenas 1.266 pessoas empregadas
  • 8. 243 nos três APLs. Esses dados serão contrastados, adiante, com informações de fontes diretas, pesquisas e instituições locais2. Com poucas exceções, os aglomerados produtores de informática de Santa Catarina são constituídos por micro e pequenas empresas, ou seja, por empresas inferiores a 100 pessoas ocupadas no desenvolvimento e elaboração dos produtos, e, nesse subconjunto, prevalecem as microempresas, que empregam até 10 pessoas. Nas maiores empresas, deve-se considerar também um conjunto de pessoas e empresas franqueadas para a comercialização dos produtos – venda, treinamento/implantação e assistência pós-venda – e localizadas junto aos centros consumidores. Assim, apenas seis empresas catarinenses figuram no ranking das 200 maiores empresas no setor de tecnologia de informação e comunicação (inclusive serviços de telefonia) do Brasil, segundo Tabela 3.4.2, com destaque para a empresa Datasul, de Joinville, especializada em software ERP, de gestão integrada de empresas. As demais informações disponíveis provêm de amostras de empresas, realizadas em pesquisas específicas, cabendo citar: Nicolau et al. (2001) sobre o APL de Joinville, Bercovich e Swanke (2003) sobre o APL de Blumenau, Mahal (2003) sobre o APL de Florianópolis e Nicolau et al. (2002) sobre os três APLs. Além disso, foi feito, em maio de 2005, levantamento de dados básicos junto às empresas, relatado nas Tabelas abaixo. Tabela 3.4.2 - Maiores empresas catarinenses na indústria de tecnologia de informação e comunicação - 2003 RANKING 200 EMPRESAS SETOR VENDAS (2) MAIORES DATASUL – Joinville Software 41.768 85 DIGITRO – Florianópolis Centrais telefônicas 14.433 134 LOGOCENTER – Joinville Software 13.284 144 SENIOR SISTEMAS – Blumenau Software 8.716 166 CETIL SISTEMAS – Blumenau Software 8.936 186 BENNER – Blumenau Software 5.839 187 Fonte: Info200 (2004). (1) Vendas em US$ mil. Estes levantamentos amostrais permitem destacar as seguintes observações sobre o perfil de empresas: (a) observa-se, como característica geral, o predomínio numérico das micro e pequenas empresas nos três arranjos produtivos, ao lado de pequeno número de grandes empresas; (b) a pesquisa de Nicolau et al. (2001) mostrou que no APL de Joinville há forte concentração do faturamento e do emprego nas duas grandes empresas, avaliada num percentual em torno de 90%; (c) o APL de Florianópolis possui a estrutura menos concentrada 2 Pesquisa de campo somente na cidade de Joinville realizada em 1999 (NICOLAU et al., 2001) apurou um contingente em torno de 1.100 pessoas diretamente empregadas nas 15 empresas pesquisadas, o que fornece indicação da discrepância de dados.
  • 9. 244 quanto ao tamanho de empresa e mais diversificada quanto aos produtos; (d) o APL de Blumenau figura numa posição intermediária, registrando-se, de acordo com Bercovich e Swanke (2003), a presença de cinco empresas com mais de 100 funcionários e outras três intermediárias, entre 50 e 100 funcionários, ao lado das pequenas e médias; (e) nos APLs de Blumenau e Joinville, há forte domínio de softwares aplicativos para ambientes empresariais, enquanto que, em Florianópolis, há variedade de produtos; (f) o principal destino das vendas é o mercado nacional. Uma distribuição de tamanho de empresas foi obtida na pesquisa de 2005, conforme Tabela 3.4.3, observando-se presença majoritária das microempresas. Entretanto, há algumas empresas de médio e grande portes, identificadas na Tabela 3.4.2, que se distanciaram rapidamente das demais – o que se revela o potencial de economias de escala do setor. Tabela 3.4.3 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, segundo classes de tamanho - 2005 CLASSES DE TAMANHO, COM BASE BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL O O O O NO PESSOAL OCUPADO N % N % N % N % Até 10 pessoas 34 70 30 64 7 54 71 65 11 a 20 pessoas 4 8 11 23 1 8 16 14 21 a 50 pessoas 6 12 4 9 2 15 12 11 51 a 100 pessoas 2 4 2 4 1 8 5 5 Mais de 100 pessoas 3 6 0 0 2 15 5 5 TOTAL 49 100 47 100 13 100 109 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005. O predomínio de microempresas é resultado, em parte, do fato de que muitas empresas foram criadas no período recente: cerca de 80% das empresas entrevistadas foram fundadas nos últimos 15 anos, 60% nos últimos 10 anos, conforme Tabela 3.4.4. Esse número é ainda maior no caso de Florianópolis devido ao aumento recente da estrutura das incubadoras. Mas a existência de micro empresas com mais de 10 anos de fundação mostra também as dificuldades de expansão das vendas para fora do restrito ambiente inicial de desenvolvimento do produto, exigindo a montagem de estruturas de atendimento junto ao mercado consumidor. No caso de acesso ao mercado externo, estas dificuldades são ainda maiores. Tabela 3.4.4 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, segundo a data de fundação - 2005 BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL DATA DE FUNDAÇÃO DA EMPRESA O O O O N % N % N % N % Antes de 1980 1 3 0 0 1 9 2 2 1981-1990 7 18 4 10 4 36 15 17 1991-1995 11 28 7 17 2 18 20 22 1996-2000 11 28 8 20 2 18 21 23 2001-2005 9 23 22 53 2 18 33 36 TOTAL 39 100 41 100 11 100 91 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.
  • 10. 245 A observação sobre a especialização de produtos revela a característica de aprendizagem/desenvolvimento de produtos por interação usuário-produtor nestes APLs voltados ao desenvolvimento de softwares aplicativos. Sobre esse tema, cabem observações mais específicas. No APL de Florianópolis, além da maior variedade quanto à finalidade nos softwares desenvolvidos, existe uma participação expressiva, ainda que minoritária, de hardware com software embarcado. Pelo levantamento de Mahal (2003), numa amostra de 33 empresas em Florianópolis, 76% do faturamento correspondem a software, 13% a serviços e 11% referem-se a hardware, de acordo com a Tabela 3.4.5. Tabela 3.4.5 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, conforme a finalidade do software desenvolvido - 2005 BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL FINALIDADE DO SOFTWARE O O o o N % N % N % N % Gestão de empresas 20 47 9 21 6 50 35 36 Gestão de outras organizações 4 9 3 7 1 8 8 8 Sites para web 6 14 5 11 1 8 12 12 Automação industrial 4 9 2 5 6 6 Embarcado 5 12 5 5 Educacional 2 5 1 8 3 3 Outras finalidades 9 21 17 39 3 25 29 30 TOTAL 43 100 43 100 12 100 98 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005. A vinculação entre condições de desenvolvimento e especialização produtiva foi também registrada na pesquisa de Nicolau et al. (2001) para Joinville: os sócios fundadores das empresas pesquisadas tiveram por capital humano inicial suas experiências em empresas locais, tendo como resultado produtos também relacionados a essas experiências, segundo Quadro 3.4.1. A pesquisa entre empresas dos três APLs realizada em 2005 também corrobora o mesmo fenômeno, conforme Tabela 3.4.6, sendo que as ocupações anteriores dos fundadores de novas empresas são emprego em empresa do setor (principalmente em Blumenau) e estudantes/estagiários (sobretudo em Florianópolis). Estas constatações decorrem simplesmente da razão de que o desenvolvimento de software é intensivo em recursos humanos e depende de condições locais concretas de aprendizagem. No que diz respeito ao nível tecnológico das empresas dos três arranjos, diversas fontes de informação permitem afirmar, primeiro, que existe, como em outros setores econômicos, diversidade de padrão tecnológico com favorecimento de empresas de maior porte, segundo, que, dada a abertura do mercado nacional e a concorrência de grandes empresas estrangeiras no país, o nível tecnológico das maiores empresas nacionais não se
  • 11. 246 afasta substancialmente do padrão mundial, ensejando as possibilidades de exportação já em curso. ANO DE EXPERIÊNCIA E ORIGEM DOS EMPRESAS SEGMENTO PRINCIPAL FUNDAÇÃO FUNDADORES 1978 Datasul Gestão Empresarial Cônsul; WEG 1984 HDS Gestão Empresarial Cia. Hansen 1986 Prosyst Gestão Empresarial Tupy 1987 Kugel Gestão Empresarial Cetil / Datasul 1988 Logocenter Gestão Empresarial Tupy Sistemas 1990 Gestão Empresarial Datasul Específicos 1990 BMA Contabilidade Computer House 1991 Impacto Aplicação à Internet Brasmotor, Datasul, MCI 1991 Planner Consultoria em implantação de ERP Datasul 1992 Softflex Gestão de Escolas Brasmotor,Escola Técnica Tupy 1993 Horizonte Gestão de Bibliotecas Tupy, Embraco 1994 Estalo Cálculo de Carga Térmica UFSC 1994 Softran Gestão de Frotas Não declarou 1994 Seed Seqüenciamento e Progr. da Produção UFSC 1996 Render Curso de CAD em CD SKA Automação Integração de Sist. de Gestão 1998 Neogrid Datasul Empresarial 1999 MRM Gestão de Associações Consultoria em Software Fonte: Nicolau et al. (2001). Quadro 3.4.1 - Amostra de empresas de software do APL de Joinville, segundo ano de fundação, área de atuação e origem dos fundadores - 1999 A pesquisa realizada em Joinville, já citada, mostrou que as empresas de maior porte faziam maior uso de técnicas de engenharia de software e maior uso de ferramentas do que as empresas menores. A pesquisa de Bercovich e Swanke (2003) sobre o APL de Blumenau apontou que, das 16 empresas entrevistadas, seis eram líderes nacionais em seus segmentos e quatro tinham importante participação no mercado, além de que 12 empresas afirmaram que sua posição de mercado evoluiu favoravelmente nos últimos anos. Tabela 3.4.6 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, segundo a ocupação anterior do empresário, 2005 BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL OCUPAÇÃO ANTERIOR DO FUNDADOR O O O O N % N % N % N % Estudante estagiário ou empregado 6 18 21 55 3 30 30 37 Empregado de empresa do setor 21 62 2 5 4 40 27 33 Empregado de empresa fora do setor 7 20 15 40 3 30 25 30 TOTAL 34 100 38 100 10 100 82 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005. Empresas do arranjo de Joinville avaliam que seu padrão tecnológico é inferior às estrangeiras em aspectos da capacitação tecnológica, como qualidade da mão-de-obra, capacidade de lançamento e aperfeiçoamento de produtos, segundo Quadro 3.4.2. Por qualidade de mão-de-obra entende-se experiência e competência para funções mais avançadas
  • 12. 247 relacionadas ao desenvolvimento de produtos, e não a mão-de-obra operacional, que, dadas as condições de preço e custo de vida, possui vantagem competitiva frente a centros urbanos maiores. PADRÃO TECNOLÓGICO DAS EMPRESAS VERSUS CONCORRENTES (RESPOSTAS ASPECTOS DA CAPACIDADE TECNOLÓGICA MODAIS) CONCORRENTES CONCORRENTES INTERNACIONAIS NACIONAIS 1. Nível tecnológico das ferramentas semelhante Superior 2. Intensidade do uso de técnicas de organ. da produção semelhante Semelhante 3. Qualidade da mão-de-obra Inferior Semelhante 4. Capacidade de aperfeiçoamento dos produtos Inferior Semelhante 5. Capacidade de lançamento de novos produtos Inferior Semelhante 6. Capac. adaptação do produto a novos sist. operacionais superior Semelhante 7. Capac. de monitoramento das tendências tecnológicas semelhante Semelhante Fonte: Pesquisa de campo. Nota: Amostra de seis empresas. Quadro 3.4.2 - Percepção das empresas de software em relação a concorrentes nacionais e internacionais quanto ao padrão tecnológico na indústria de software de Joinville - 1999 Quanto ao destino da produção, a pesquisa realizada em 1999 no arranjo de Joinville, já citada, mostrou que o mercado local é importante somente durante o desenvolvimento da primeira versão do programa, etapa em que a empresa aprende e desenvolve o aplicativo de acordo com as necessidades do usuário. Nas versões sucessivas, novos clientes são buscados em outras regiões do país, especialmente na região Sudeste. Em geral, não se trata de simples venda à vista, pois a implantação do programa na empresa exige treinamento dos usuários, adaptações à empresa e continuados serviços de manutenção. Mas, diferentemente da realidade observada em 1999 em Joinville, quando nenhuma empresa exportava seus produtos, a pesquisa atual destaca que o mercado externo já se encontra ao alcance de várias empresas (15% da amostra), enquanto que outras empresas (20%) possuem projeto de exportação, conforme Tabela 3.4.7. De acordo com Mahal (2003), 18% das empresas entrevistadas no arranjo de Florianópolis vendiam seus programas no mercado externo. Tabela 3.4.7 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, segundo a situação quanto à exportação, 2005 SITUAÇÃO QUANTO À BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL o o o o EXPORTAÇÃO N % N % N % N % Exporta 6 15 5 13 3 23 14 15 Tem projeto de exportação 6 15 10 26 2 15 18 20 Não exporta, não tem projeto 27 70 24 61 8 62 59 65 TOTAL 39 100 39 100 13 100 91 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.
  • 13. 248 3.4.1.4 Incubadoras, instituições de ensino e base de recursos humanos Além das empresas, a estrutura dos APLs de informática tem em sua composição dois outros atores importantes, que atuam de forma relacionada: as incubadoras de empresas e as instituições de ensino. Uma vez que se trata de um segmento produtivo intensivo em recursos humanos qualificados, os sistemas produtivos e inovativos locais mostram uma clara interação entre estes três conjuntos de atores: as instituições de ensino oferecem cursos na área de conhecimento da informática; ao final dos cursos, os graduandos, ou buscam empregos nas empresas estabelecidas, ou procuram aproveitar as oportunidades de abertura de microempresa oferecidas pelas incubadoras, algumas delas, que são participantes do programa Gênesis, localizadas junto às próprias instituições de ensino. Em todos os três APLs há presença de incubadoras, conforme Quadro 3.4.3, mas merece destaque o APL de Florianópolis, onde a incubadora Celta, criada em 1986 e uma das pioneiras no Brasil, tem tido uma atuação marcante no dinamismo do arranjo produtivo, tendo como resultado 36 empresas já graduadas em diversos setores de base tecnológica. A incubadora Celta mantém atualmente 39 empresas em processo de incubação, com geração de 680 empregos diretos, e ocupa área total, exclusiva e compartilhada pelas empresas, de 10.500 m2. Uma relação das empresas graduadas e incubadas na Celta e respectivos produtos encontra-se no Quadro 3.4.4, anexo. Em Florianópolis, há uma segunda incubadora – Midi Tecnológico - criada em 1998 e mantida pelo SEBRAE, que já tem o expressivo resultado de 25 empresas graduadas. Nos APLs de Blumenau e Joinville, o nascimento de empresas por processo de incubação é menos relevante, prevalecendo o nascimento por spin off a partir das empresas de software de médio porte e grande porte já estabelecidas no mercado, pelo qual os futuros empresários, após acumular conhecimento e experiência nessas empresas, abrem negócios próprios em suas áreas de atuação. Dessa forma, as Fundações Blusoft e Sofville, de Blumenau e Joinville, funcionam menos como incubadoras e mais associações empresariais responsáveis pela coordenação de atividades conjuntas, principalmente treinamento e representação. Mas Joinville tem uma incubadora de importância – Midiville – fundada em 1999 e mantida pelo Senai, tendo por resultado 06 empresas graduadas. Sua importância está em ser voltada à automação industrial, tendo amplo espaço de crescimento ao articular as indústrias de software com a forte indústria eletrometal-mecânica de Joinville e Jaraguá do Sul. Deve-se registrar também a presença de incubadoras junto aos cursos de ciências da computação da UFSC e FURB, dentro do programa Gênesis.
  • 14. 249 APLS INCUBADORAS DE INFORMÁTICA E AUTOMAÇÃO Blumenau 1 – Blusoft – Fundação criada em 1992 pela Prefeitura Municipal de Blumenau, para apoio às empresas de software. Em 1993, transformou-se num dos núcleos do programa Softex. Possui atualmente 70 empresas associadas e 17 incubadas. Promove a feira anual Blusoft e edita informativo eletrônico. 2 – Gene-Blumenau – Pré-incubadora de empresas em software criada junto à FURB, dentro do programa Softex-genesis. Seus resultados são 20 empresas incubadas e atualmente 14 empresas em fase de incubação. Florianópolis 1 – Celta – Incubadora de empresas de base tecnológica, mantida pela fundação Certi – fundação sem fins lucrativos, criada em 1984 e com sede no campus da UFSC, junto aos departamentos de engenharia. A incubadora Celta foi criada em 1986, sendo uma das pioneiras no Brasil. Seus resultados são expressivos: 36 empresas graduadas (que faturaram R$400 milhões em 2003, segundo a incubadora) e 39 empresas em incubação. Atua nas áreas de instrumentação, telecomunicações, automação, eletrônica, macaoptoeletrônica, microeletrônica, informática (software e hardware), mecânica de precisão. 2 – Midi tecnológico – incubadora de software, mantida pelo Sebrae e gerida pela Acate – associação de empresas de base tecnológica, com cerca de 70 empresas associadas. A incubadora foi criada em 1998 e tem como resultados 25 empresas graduadas e 13 empresas em fase de incubação. 3– Geness – UFSC: Pré-incubadora em software gerida pelo Departamento de Informática e Estatística da UFSC. Mantém atualmente 14 empresas em incubação. Joinville 1 – Softville – Fundação de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 1993 como núcleo do programa Softex, é a principal referência institucional na área de software da cidade. A Softville oferece, para suas 48 empresas associadas, espaço para treinamento, reuniões e outras atividades conjuntas. Mantém incubadora de empresas, contando atualmente com 06 empresas incubadas e 02 em pré-incubação. Mantém informativo em meio digital. 2 – Midiville – Incubadora de empresas de base tecnológica (automação e informática), criada em 1999 e mantida pelo Senai. Seus resultados são 06 empresas graduadas e 12 empresas atualmente em incubação. Fonte: sites das instituições. Quadro 3.4.3 - Principais incubadoras de empresas de base tecnológica dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville - 2005 Por seu turno, as instituições de ensino superior têm mostrado grande crescimento no número de cursos na área de informática e áreas correlatas. Segundo dados do INEP/MEC, 19 instituições de ensino dos três APLs ofertam atualmente, em 2005, um total de 3.024 vagas nesses cursos, das quais cerca de 2/3 referem-se a cursos de bacharelado e 1/3 a cursos de tecnólogo. Os cursos distribuem-se pelas áreas de ciências da computação, sistemas de informação e sistemas para internet (ver Quadro 3.4.5, anexo). Este forte crescimento dos cursos ligados à informática já havia sido observado em 1999 por Nicolau et al. (2001) para o APL de Joinville, tendo sido registrada naquela pesquisa a existência de processo de substituição de cursos de 2o grau por cursos de 3o grau. Deve-se acrescentar, ainda, que as duas grandes empresas de software de Joinville – Datasul e Logocenter – mantêm “universidades corporativas” em parceria com instituições de ensino para oferecer cursos de capacitação para implantação e operação de seus produtos (softwares de gestão integrada ou ERP) junto a empresas usuárias. Como resultado da ampliação dessa estrutura de cursos, o nível de escolaridade é muito elevado, relativamente a outros setores produtivos, e tende a elevar-se mais, pois a
  • 15. 250 abertura de muitos dos novos cursos de nível superior é recente. A pesquisa realizada em Joinville, já citada, mostrou que mais de 80% do pessoal ocupado tinham pelo menos o curso superior incompleto (dado que muitos funcionários das empresas encontravam-se matriculados em cursos superiores), sendo expressivo o número de pós-graduados. Para o APL de Florianópolis, de acordo com amostra de 33 empresas pesquisadas por Mahal (2003), 58% do pessoal empregado possuíam curso superior e 22% possuíam pós-graduação. Para o arranjo de Blumenau, a pesquisa de Bercovich e Swanke (2003), numa amostra de 15 empresas, revelou que em 9 das empresas a participação do pessoal com curso superior no emprego total era superior a 80%, e em 8 empresas os pós-graduados correspondiam a mais de 10% do emprego total. Contudo, um fato curioso e digno de nota, é que o grau de escolaridade decresce com o tamanho da empresa. Isto pode ser explicado pela razão de que as micro e pequenas empresas são criadas por egressos de universidades e suas atividades ainda não estão rotinizadas e com devida divisão de tarefas, ao passo que as empresas de maior porte têm maior participação de atividades rotineiras, como programação, e, conseqüentemente, empregam mão-de-obra de menor qualificação. Além das incubadoras e instituições de ensino, completam o arcabouço institucional dos APLs as associações empresariais, centros de tecnologia e órgãos dos governos municipal e estadual. Em Florianópolis, como centros de tecnologia existem os cursos de pós-graduação e laboratórios de engenharia da UFSC e um centro de referência do Senai para a região Sul em automação industrial – Centro de Tecnologia em Automação e Informática (CTAI). Deve- se destacar, ainda, o apoio do governo do estado na forma de cessão do prédio para a incubadora Celta e por sua iniciativa de construção de parque tecnológico. Em Blumenau e Joinville, tem sido mais relevante o apoio das prefeituras municipais, especialmente em Blumenau, onde a atual fundação Blusoft originou-se de uma comissão municipal para desenvolvimento do setor de software. Por fim, como outras instituições de coordenação, podem ser citadas: a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE), que mantém em Florianópolis o Condomínio Industrial Tecnológico – um conjunto de empresas de informática, criado em 1986, que compartilha espaços em prédio comum. É digno de registro a atuação da ACATE no projeto Plataforma de Tecnologia da Informação e Comunicação (PLATIC), que visa disponibilizar e dotar as empresas de ferramentas para melhorar a competitividade, entre as quais obter a certificação “Capability Maturity Model” (CMM), do Software Engineering Institute, exigida nas vendas externas. Em Blumenau e
  • 16. 251 Joinville, merecem referência as associações de micro e pequenas empresas, de natureza multisetorial, respectivamente, AMPE e AJORPEME. 3.4.2 Padrão de concorrência setorial e as possibilidades competitivas dos APLs catarinenses 3.4.2.1 Padrão de concorrência da indústria de software A indústria de software, inserida no âmbito da tecnologia de informação, caracterizando-se por velocidade intensa de introdução de inovações técnicas, particularmente com o contínuo desenvolvimento de produtos apoiado na capacidade criativa e intelectual da mão-de-obra, por competição acirrada entre empresas e por baixo investimento em capital fixo. A estrutura da indústria apresenta segmentos concentrados ao lado de segmentos fragmentados, observando-se a presença de grandes corporações com produtos de mercado mundial, ao mesmo tempo em que se multiplicam espaços para a atuação de micro, pequenas e médias empresas. As barreiras à entrada no segmento de pequenas empresas não são elevadas, mas existem barreiras ao crescimento, permitindo o domínio das grandes empresas nos segmentos concentrados do mercado. Nesse contexto, as estratégias empresariais são bastante variadas. As grandes líderes do mercado atuam explorando as vantagens proporcionadas pelas economias de escala, rede de vendas e suporte, marca reconhecida, uso de marketing, capacidade tecnológica, poder financeiro, relações fortes com usuários etc. Enquanto isso, as empresas de menor porte procuram explorar nichos de mercado, através de atendimento especializado de clientes, desenvolvendo produtos que incorporam funções específicas, e ampliar outros espaços deixados pelas empresas líderes cuja linha de produtos não atende todas as possibilidades. O regime tecnológico da indústria de software apresenta amplas condições de oportunidade e grande variedade de soluções e enfoques tecnológicos potenciais. Mas, há reduzidas condições de apropriabilidade, que as empresas procuram contornar pela introdução contínua de inovações, utilizando-se, para tanto, de elevadas condições de cumulatividade tecnológica. Com isso, a indústria de software impõe certas condições para a capacitação tecnológica, as quais se pautam, por um lado, em termos de cumulatividade tecnológica ao nível da firma, de forma a proporcionar melhores condições de aproveitamento de oportunidades tecnológicas, e, por outro lado, em termos de desenvolvimento de habilidades
  • 17. 252 tecnológicas específicas das áreas de aplicação. Além disso, em nível de mercado, torna-se necessário o desenvolvimento de instrumentos capazes de possibilitar rápida identificação das alterações na demanda, possibilitando respostas criativas. As características do regime tecnológico permitem que distintos tamanhos de empresas explorem as oportunidades tecnológicas e desenvolvam novos produtos para o mercado. Esta possibilidade está colocada para as pequenas e médias empresas, especialmente em aglomerações territoriais, onde há condições para cumulatividade tecnológica no interior do próprio arranjo, não apenas na empresa. A despeito das dificuldades de produzirem software de grande porte, podem explorar as suas características de flexibilidade para operar em pequenos nichos de mercado, integração com grandes empresas na exploração de produtos e serviços complementares, capacidade para explorar espaços de mercado e de produtos não atendidos pelas grandes empresas e capacidade de rápida reação às mudanças na indústria que tendem a ser introduzidas pelas grandes empresas. Estas características da indústria de software determinam as possibilidades competitivas de arranjos locais de pequenas e médias empresas nesse setor, como os observados em Santa Catarina. Analisando com maior detalhe, é importante destacar que a indústria de software apresenta uma importante divisão quanto à estrutura de mercado e padrão de concorrência, de acordo com os seus segmentos horizontal e vertical. O segmento horizontal, formado por pacotes best sellers de uso difundido como, por exemplo, os sistemas operacionais, ferramentas, aplicativos de uso generalizado, tipo processadores de texto etc.), tem base de conhecimento intensiva em informática e possui mercado potencial amplo. Por sua vez, o segmento vertical, formado por softwares aplicativos e específicos para os diversos setores de atividade, exige conhecimentos de informática e do setor de aplicação. Seu mercado potencial é mais restrito e depende da dimensão da atividade a que se aplica. Esta característica estrutural da indústria tem implicações sobre a estrutura de mercado e sobre o padrão de concorrência. Em primeiro lugar, o segmento horizontal, de uma forma geral, exige grande esforço e investimentos em pesquisa e desenvolvimento no campo da informática, por um lado, e esforços e investimentos similares na difusão do seu produto no mercado de escala mundial. O primeiro aspecto decorre das características de alta oportunidade e cumulatividade exibidas pelo regime tecnológico; o segundo aspecto aponta para os ganhos de escala e para os elevados gastos com rede de distribuição e com marketing, uma vez que o custo de reprodução do software é praticamente nulo. Então, investimentos em P&D e estratégias mercadológicas são as formas principais de concorrência nesse segmento. O conceito de
  • 18. 253 plataforma – base a partir da qual novas e sucessivas versões são lançadas no mercado numa continuada relação fornecedor-usuário - é pertinente. A conquista do mercado apresenta característica de externalidade de rede, dada a tendência à rápida difusão e domínio de uma solução determinada, motivada pela necessidade de compatibilidade na comunicação entre usuários. Em função desses fatores, há tendência de domínio de poucas e grandes empresas, num mercado de dimensão mundial, caracterizando, dessa forma, uma estrutura de mercado oligopolista. O segmento vertical utiliza-se de plataformas de software geradas no segmento horizontal para construir seus produtos. Por isso, é menos intenso o esforço de pesquisa e desenvolvimento em informática, mas é necessário conhecimento no setor de aplicação e, especialmente, são necessários esforços de pesquisa e desenvolvimento para oferecer soluções de qualidade na interface entre conhecimento de informática e do setor específico. Por esse motivo, ganha relevância a relação produtor-usuário. Em função das múltiplas possibilidades de aplicação da informática nas mais diversas atividades, o mercado é pulverizado e, portanto, os ganhos potenciais de escala são menores, à exceção de certos segmentos como o ERP, onde soluções verticais setor-específicas passaram a ser genéricas e empregadas em empresas de diferentes segmentos, ganhando com isso a característica de software horizontal. Por isso, dadas as condições de escala favoráveis, grandes empresas mundiais disputam esse mercado. No segmento vertical, ao invés de gastos com publicidade e distribuição, é exigida maior proximidade com o cliente, seja antes da instalação do programa – que requer treinamento do usuário - seja após a instalação, pois há exigência de assistência e atualização do produto. Essa prestação de serviços pós-venda é muito significativa, constituindo-se em fonte de receita comparável ou superior à do licenciamento inicial do produto. Por isso, o software vertical, de fato, é um híbrido de pacote e serviços. Devido ao forte conteúdo de conhecimentos setoriais específicos, o espaço de concorrência é circunscrito aos limites do setor, o que implica forte segmentação na indústria. Dependendo do tamanho do setor de aplicação, as estruturas de mercados podem ser mais ou menos concentradas, havendo, em geral, amplas oportunidades para a atuação de pequenas e médias empresas em setores de menor dimensão. Dadas essas características da indústria, os APLs em estudo inserem-se, evidentemente, no desenvolvimento de softwares verticais, fornecendo soluções específicas para atividades e setores determinados. Daí decorrem as oportunidades para as micro e pequenas empresas desses arranjos.
  • 19. 254 3.4.2.2 Mercado mundial e posicionamento do Brasil Os setores de informática (hardware + software + serviços) e de telecomunicação (serviços + equipamentos) que compõem o grande setor de tecnologias de informação e comunicação (TIC) representavam, no ano de 2001, em média, 8,3% do PIB dos países do OCDE e estão crescentemente globalizados. No contexto deste amplo setor, em 2001, o segmento de software tem participação estimada de 9%, enquanto que os segmentos de telecomunicação e serviços (processamento de dados, consultorias etc.) tinham a maior participação nas vendas do setor, respectivamente, 39 e 35%, ficando o segmento de hardware com os restantes 17%. Apesar de ter menor participação, o segmento de software cresceu nos anos 1990 à taxa de 16%a.a., superior ao conjunto da TIC (dados de OECD, 2002). A produção mundial de software encontra-se fortemente concentrada nos países da OCDE (estima-se em 95%), principalmente nas três principais economias, Estados Unidos, Japão e Alemanha. EUA atuam como grande líder mundial da indústria de informática, com amplo domínio também sobre o segmento de software de base e de aplicação horizontal, chamados pacotes best sellers. Entretanto, alguns países em desenvolvimento vem se destacando nas exportações, dado que a produção de software é intensiva em recursos humanos: Irlanda, com exportações para os países da Comunidade Européia, Índia, com grandes empresas de programação, além de Israel, China e Brasil, de acordo com Tabela 3.4.8. Tabela 3.4.8 - Mercado e exportação de software por países selecionados, 2001 PAÍSES VENDAS (US$MILHÕES) EXPORTAÇÃO (US$MILHÕES) PRINCIPAIS MERCADOS - EUA 200.000 n.d. - Japão 85.000 73 - Alemanha 39.844 n.d. PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO - Brasil 7.700 100 - China 7.400 400 - Índia 8.200 6.220 - Irlanda 7.650 6.500 - Israel 3.700 2.600 Fonte: Veloso et al., 2003. O Brasil ocupa posição mediana no uso per capita de internet, situando-se na 53a posição numa lista de 104 países, tendo perdido posições nos últimos anos (LOPEZ- CLAROS, 2005). Para se avaliar a potencialidade do software brasileiro no mercado mundial, é importante analisar as experiências dos demais países citados com desenvolvimento
  • 20. 255 semelhante. A República da Irlanda, chamada de “tigre céltico”, por exemplo, tem tido atuação destacada, valendo-se de sua facilidade de acesso ao mercado europeu e do grande aporte de capitais externos, dominantes no país: com um cluster de empresas junto à capital Dublin, responde pela maior parte dos softwares importados pela Comunidade Européia. Segundo Green (2000), possui estratégia de política fundamentada em quatro pontos: a) desenvolver infra-estrutura de recursos humanos para atrair empresas de classe mundial; b) encorajar empresas locais a desenvolver suas bases de P&D; c) desenvolver ambientes de pesquisa de classe mundial na instituições de ensino e de pesquisa; d) formar pessoal de alta qualidade, seja para atender empresas instaladas, seja para abrir novas empresas. Outro país de referência é a Índia, que se especializou na prestação de serviços de programação e assemelhados para grandes produtores mundiais, a maior parte deles de baixo custo e baixa sofisticação, mas com forte ênfase no controle e certificação de processos. Para tanto, a Índia possui empresas de grande porte (mais de 10 mil empregados) e ostenta certificação Capability Maturity Model (CMM), fornecida pelo Instituto de Engenharia de Software, no nível máximo 5 para grande número de suas empresas, o que atesta a maturidade do processo de produção de software. Juntando recursos humanos qualificados e de baixo custo, a Índia divulga metas ambiciosas para os próximos anos: atingir vendas de software da ordem de US$50 bi em 2008, mercados externo e interno (VELOSO et al., 2003). Esse segmento de mercado de menor valor agregado, entretanto, deverá ser disputado por outros países com grandes contingentes de recursos humanos baratos, como China e Rússia. A China é outro país de crescente destaque na produção de software. Sendo mais jovem que a da Índia, a indústria de software chinesa cresceu à taxa estimada de 30% a.a. na década de 90. Apesar do ainda baixo grau de sofisticação de seus produtos, há forte desejo de integrar software com os produtos da indústria de computadores. No ano 2000, o governo chinês lançou política de apoio direto e conjunto às indústrias de software e de circuitos integrados, definindo 10 “bases” de nível nacional a receber suporte do governo (ibid.). Seu volume de produção hoje é equivalente ao do Brasil, mas sua potencialidade é enorme, seja pelo forte crescimento de sua economia, seja pelas possibilidades de exportação em face da abundância de recursos humanos. Comparativamente a esses dois grandes países, Índia e China, o Brasil, por um lado tem, hoje, mercado interno maior e mais competitivo, com grande presença de concorrentes
  • 21. 256 estrangeiros e com experiência sedimentada em algumas áreas de aplicação, mas, por outro lado, sua política de apoio ao setor tem sido frágil e não tem produzido resultados esperados. A política brasileira para a informática transitou da reserva de mercado nas décadas de 1970 e 80, em que o objetivo era a constituição de uma indústria nacional de informática, para abertura comercial nos anos 90 e seguintes, buscando, via incentivos fiscais (Lei no 8.248/91), a “integração competitiva” de segmentos da indústria nacional no mercado mundial. No segmento de software, foi lançado em 1992, o Programa para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX) estimulando a criação de núcleos de apoio (principalmente fornecimento de bolsas) ao desenvolvimento de softwares em diferentes Estados, três dos quais em Santa Catarina, nas cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville. Esse programa estabeleceu a meta de exportação de US$2 bilhões no ano 2000. Com o fim do programa, em 1996, foi criada a sociedade Softex, uma sociedade sem fins lucrativos e voltada ao apoio dos núcleos referidos. Em 1997, foi criado o programa Prosoft pelo BNDES para financiar empresas de software. Uma avaliação dessas políticas está além dos objetivos deste trabalho, mas de forma sumária pode-se dizer que, se a política de reserva de mercado não levou na devida conta o grande dinamismo do setor de informática no mundo, o que teve por conseqüência o atraso relativo dessa indústria no Brasil e a grande reclamação das empresas e demais usuários, por outro lado, a política dos anos 90 também não produziu os efeitos desejados. Na verdade, a abertura comercial levou a uma reconversão industrial do setor, com desnacionalização, presença crescente de empresas estrangeiras, perdas de capacitações e desmobilização de equipes e queda nos investimentos. Somando-se ao período de câmbio valorizado após o Plano Real, essa política levou a grande aumento das importações e queda ou falta de estímulo à exportação. No segmento de software, as exportações não tiveram a evolução esperada, atingindo apenas a marca de US$100 milhões em 2001, número muito aquém dos esperados US$2 bilhões, com a indústria nacional suprindo apenas 17% das necessidades do mercado interno (LOPES, 2005). Atualmente, a meta é ampliar essa participação para 25% e foi relançada a meta de US$ 2 bilhões para 2007 (ibid.). Por outro lado, o montante de recursos relativos aos incentivos à área de ciência e tecnologia, na forma de renúncia fiscal, cresceu muito na década de 90, superando R$1,5 bilhões no ano 2000 (MCT, 2002), mas não há avaliação do tipo de investimento realizado e dos resultados dessas aplicações. O baixo resultado da indústria de software nos anos 90 pode ser visualizado pela comparação com o obtido pela Índia, países que se encontravam em situação semelhante nos anos 1990.
  • 22. 257 De todo modo, como resultado mais expressivo está a constituição de 22 pólos de desenvolvimento de software no Brasil através do Programa Softex, os quais, na ausência de uma política nacional mais efetiva, tem sido levados adiante por iniciativas de governos estaduais. Em Santa Catarina, merece destaque o projeto “Tecnópolis” no início da década de 1990, que pretendia instalar em Florianópolis vários parques tecnológicos, a serem ocupados por empresas externas e por novas empresas criadas nas incubadoras. Este projeto, todavia não teve continuidade no governo seguinte, frustrando em parte seus objetivos, mas, de qualquer modo, resultou na instalação de um parque tecnológico e no fortalecimento da incubadora Celta. Iniciativas semelhantes foram tomadas pelos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, entre outros. Apesar da fragilidade de sua política de exportação, Veloso et al. (2003) avaliam que, em função da competição e relativo desenvolvimento do mercado interno, a indústria brasileira de software tem boas perspectivas no mercado externo na oferta de produtos, não de serviços, especialmente nos segmentos seguintes: software para setor financeiro, considerado de classe mundial; software para telecomunicações, herdeiro das estatais; software para e- business (principalmente B2B) e e-commerce; software para e-governo (voto eletrônico, declarações de imposto de renda etc.); software gerencial (especialmente ERP). 3.4.2.3 Possibilidades competitivas e barreiras ao desenvolvimento dos APLs catarinenses Para avaliar as possibilidades competitivas dos APLs de informática de Sana Catarina, deve-se reconhecer, de início, as grandes oportunidades abertas pela fase atual de expansão mundial da indústria de informática, segmento de software. No contexto da indústria mundial de software, há três grupos estratégicos principais: o grupo principal formado pelas grandes empresas desenvolvedoras dos softwares-pacote de base e de aplicação horizontal; o grupo de empresas que prestam serviços a empresas do grupo principal, realizando etapas mais trabalho-intensivas do processo produtivo; e o grupo de empresas, de pequeno e médio portes, que se especializam em softwares aplicativos verticais, dirigidos a atividades específicas nos diferentes setores de atividade. Em termos de países, enquanto os EUA possuem empresas do grupo principal, a Índia especializou-se no segundo grupo ofertante de serviços e o Brasil abriga empresas do terceiro grupo. Nos últimos 15 anos, a abertura comercial teve por conseqüência uma forte importação de software e a entrada de firmas estrangeiras, causando dificuldades de crescimento das empresas locais, mesmo dentro do mercado nacional. Porém, como o mercado de software
  • 23. 258 vertical é muito segmentado, restou para as empresas nacionais, a grande maioria empresas nascentes e de pequeno a médio porte, ocupar os muitos nichos do mercado doméstico. Reconhecidas essas condições gerais da indústria, pode-se avaliar as possibilidades competitivas dos APLs catarinenses e as barreiras a seu crescimento. 3.4.2.3.1 Capacitação tecnológica O desenvolvimento de produtos de informática, sobretudo software, envolve três conjuntos de conhecimentos e capacitações: a) capacitação geral de recursos humanos para apropriação da base de conhecimento difundido, que é obtida nos cursos de graduação de informática e se difunde no mercado local; b) capacitação gerencial específica no desenho, no uso de linguagens e ferramentas e na implementação de metodologia de desenvolvimento e testes de novos produtos. Esta capacitação é obtida pela experiência nas empresas, em conjunto com participações em congressos, workshops e cursos específicos de pós-graduação; e c) conhecimento do campo de aplicação do software, que se pode dividir numa parte genérica, obtida nos cursos de graduação (por exemplo, cursos de sistemas de informação ou de aplicações para internet), e numa parte específica, aprendida em interações com usuários. Quanto à capacitação geral de recursos humanos, os APLs possuem mercados locais de trabalho especializado, os quais vêm se estruturando e sendo alimentados pelos alunos egressos das instituições de ensino. Nesse sentido, observa-se boa resposta das instituições de ensino na oferta de novos cursos: nos três APLs, os dados do MEC mostram forte expansão de vagas em cursos voltados à informática, especialmente os cursos do nível de tecnólogo, de menor duração e maior preocupação com habilidades práticas nas áreas de sistemas de informação, sistemas para internet e redes de computadores. Portanto, as empresas de ensino têm respondido expressivamente em termos de formação de mão-de-obra e disseminação dos conhecimentos básicos na área, inclusive adequando os cursos ao tipo de software predominante. Mas não se verifica ainda uma estrutura de cursos e eventos científicos para a obtenção de conhecimentos mais avançados em informática. No que se refere à capacitação gerencial específica, exigida na criação de novas empresas e no desenvolvimento de novos produtos, pode-se reconhecer que se trata de algo
  • 24. 259 em construção, principalmente a partir das experiências acumuladas pelas empresas fundadas há mais tempo e pelas incubadoras. A pesquisa realizada no APL de Joinville mostrou que as fontes de informação das empresas eram ainda pouco especializadas – internet, revistas, feiras e congressos promovidos por fornecedores. Atualmente, a estratégia de expansão no mercado externo tem levado empresas a buscar certificação de seus processos de desenvolvimento, especificamente a certificação CMM, nível inicial 1. Como o nível máximo da certificação é 5, constata-se que há longa estrada a percorrer pelas empresas estaduais. Por fim, quanto às interações usuário-produtor, a oferta de oportunidades para desenvolvimento de novos programas é o tema de maior preocupação no momento atual dos APLs, porque há que se considerar que a área de gestão empresarial possivelmente já apresenta menores oportunidades para novos softwares e para ingresso de novas empresas. Nessa área, os programas ganham rapidamente o caráter horizontal, pela universalização de sua aplicação a diferentes setores produtivos, o que explica o grande crescimento de algumas empresas dos APLs. Por isso, novas áreas de aplicação precisam ser estimuladas. 3.4.2.3.2 Principais mercados As principais empresas dos APLs, criadas há mais tempo e mais consolidadas, vêm seguindo uma trajetória composta de três momentos: a) desenvolvimento do produto para as necessidades locais; b) venda do produto para o mercado regional e nacional, com estabelecimento de escritórios e representantes nos principais mercados; e c) venda do produto ao mercado externo. Cada uma das três etapas envolve dificuldades e ampla necessidade de aprendizagem, porque ao mesmo tempo em que o produto vai sendo aperfeiçoado em sucessivas versões, a empresa vai se consolidando. A empresa forma-se e cresce com o produto. Dentro dessa lógica, deve-se enfatizar, primeiro, a importância crucial da primeira etapa – a concepção e desenvolvimento do produto – e, segundo, as economias de escala potenciais, se a empresa tiver êxito em atingir o mercado nacional e externo, dados o alto custo de desenvolvimento e o baixo custo de reprodução do produto.Atualmente, a maior parte das vendas das empresas consolidadas é destinada ao mercado nacional. Mas, na presente década, um número crescente de empresas, após acumuladas experiências no mercado nacional durante a década de 1990, vem desenvolvendo estratégias de acesso ao mercado externo.
  • 25. 260 As vendas no mercado externo são ainda recentes e de pequena expressão no conjunto das empresas e no seu faturamento. Os caminhos de acesso ao exterior são também difíceis, devido à necessidade de adaptação do produto à língua, ambiente institucional e rotinas produtivas em cada país. Empresas relatam experiências muito particulares e ausência de via fácil e conhecida para vender no exterior. Então, apesar de custos quase nulos para produzir novas cópias, no caso dos softwares-pacote horizontais, as vendas de softwares verticais produzidos nos APLs catarinenses exigem customização, treinamento, implantação e assistência técnica pós-venda, numa continuidade intensa da relação usuário-produtor. Por isso, os gastos com vendas são elevados, principalmente nas vendas externas. Além de encontrar clientes e realizar negociações, um custo de transação adicional é a confiabilidade do produto do ponto de vista do cliente. A certificação de produtos e processos tem, então, papel importante na conquista de novos mercados. Esforços nessa direção têm sido observados, mas essas iniciativas poderiam ser apoiadas por programas institucionais à certificação de produtos e processos de empresas consolidadas, com vistas a ampliar sua competitividade no mercado externo. 3.4.2.3.3 Formas de cooperação A cooperação no interior dos APLs varia inversamente ao tamanho e maturidade das empresas. Para as empresas nascentes, as condições locais são muito importantes, e os APLs devem ser entendidos como ambientes apropriados para o desenvolvimento de novos produtos e novas empresas, observando-se a dinâmica do conhecimento-inovação destacada acima, na seção 2.2.1. No caso de empresas nascentes, a relação cooperativa usuário-produtor tem função central. Nos APLs de Blumenau e Joinville, por exemplo, as interações com o setor industrial local constituíram a base para um circuito inovativo que gerou softwares de gestão empresarial. Da mesma forma, em Florianópolis, as interações iniciais relevantes foram com as empresas estatais das áreas de serviços de telefonia e de geração de energia elétrica; depois, e atualmente, o processo inovativo inclui laboratórios de engenharia da UFSC e a incubadora Celta, resultando em produtos diversificados de informática e de outras bases tecnológicas, não apenas software. Neste último APL, a interação com os usuários dá-se, em grande medida, a partir da própria prática dos laboratórios, que atuam e desenvolvem projetos em articulação com empresas, em maioria, não instaladas no APL. Além da incubadora Celta, que tem já quase 20 anos de atuação, existem outras incubadoras nos três APLs que se constituem importante forma de cooperação para a criação de novas empresas.
  • 26. 261 As observações de campo indicam que estas duas formas de cooperação para a criação de novas empresas são de importância estratégica para o dinamismo dos APLs e são de baixo custo. Bolsas de pesquisa para alunos egressos e para projetos selecionados pelas incubadoras, por um lado, e programas de incentivo a empresas que encomendem softwares, por outro, além da encomenda direta do próprio Governo, são políticas que teriam dois resultados positivos para a economia estadual: desenvolvimento dos APLs de informática e modernização dos setores usuários da nova tecnologia. Uma política do governo estadual nessa direção parece altamente recomendada. Para empresas com produto já desenvolvido e já estabelecidas no mercado, as formas de cooperação observadas situam-se nos assuntos de treinamento de pessoal, organização de feiras locais e participação em feiras externas ao local, busca de linhas de financiamento, programas de certificação e apoio à difícil inserção no mercado externo. Todos esses assuntos são relevantes. As instituições de ensino disseminam apenas os conhecimentos gerais de informática em seus cursos, havendo necessidade de cursos especialmente para aquisição dos conhecimentos gerenciais e tecnológicos mais específicos, em geral em nível de pós- graduação. O setor de informática é muito dinâmico e, por isso, há necessidade de monitoramento de tendências internacionais quanto às tecnologias de hardware, linguagens, softwares de base e engenharia de software. Programas de apoio à oferta desses cursos e principalmente o apoio a linhas de pesquisa para professores das universidades locais na área de informática, por parte do governo e de empresas consolidadas, são ações institucionais e cooperativas de relevância. Registra-se também a ocorrência de cooperação para participação de feiras de informática e para organização de programas de certificação. Estes aspectos são muito importantes para a comercialização dos produtos. 3.4.2.3.4 Vantagens competitivas que sustentam os APLs Como o principal recurso exigido no desenvolvimento de softwares é a mão-de-obra, pode-se afirmar que as vantagens competitivas dos arranjos produtivos apóiam-se nos recursos humanos locais qualificados e na estrutura institucional local que proporciona e alimenta a oferta constante desses recursos. A existência, hoje, de contingentes de alguns milhares de pessoas qualificadas em cada APL é evidentemente resultado de trajetória iniciada com algumas instituições pioneiras e favorecida pela expansão do mercado para seus produtos. Uma vez formados, os arranjos têm dinâmica própria sustentada principalmente por economias externas decorrentes da aglomeração e complementaridade de agentes e atividades.
  • 27. 262 O custo da mão-de-obra qualificada nessas cidades de porte médio é uma segunda vantagem, se se computar não apenas a folha de salário, mas também os custos de aluguel, deslocamentos e outros custos urbanos. É por isso que, mesmo tendo a região Sudeste do país como principal mercado, as empresas não migram para lá e mantêm escritórios comerciais e representantes nessa região. 3.4.2.3.5 Obstáculos estruturais e conjunturais que limitam o desenvolvimento dos APLs A ausência de barreiras à entrada de concorrentes estrangeiros no mercado nacional, especialmente no segmento de grandes usuários, tem eliminado oportunidades que poderiam ser exploradas pela empresa nacional. Oportunidades de desenvolvimento de novos softwares também são perdidas por falta de programas de apoio. Retorna-se sempre ao mesmo ponto: é preciso que haja clientes interessados no desenvolvimento de novos programas para que possam surgir empresas com oferta de soluções. Garantir esse espaço de inovação é vital para a sustentação e crescimento dos APLs. Portanto, a facilidade na entrada de concorrentes estrangeiros nesses nichos do mercado nacional e a falta de programas de incentivo a que interações usuário-produtor sejam exercitadas são os principais obstáculos ao crescimento dos APLs. Além desse obstáculo à abertura de novas empresas, uma segunda dificuldade põe-se hoje para as empresas estabelecidas e com produto desenvolvido. Estas empresas precisam expandir-se para o mercado externo. As dificuldades já foram apresentadas na seção 2.2.2 do presente trabalho. 3.4.2.3.6 Políticas para o crescimento dos APLs Das análises realizadas nas seções anteriores decorrem diretamente propostas políticas para o governo: a) Criação ou ampliação de programas de apoio e incentivo às interações do tipo usuário-produtor nos APLs. Bolsas de pesquisa a alunos egressos, apoio a incubadoras, incentivo para que as empresas encomendem o desenvolvimento de softwares em empresas nascentes locais, organização de eventos visando aproximar clientes potenciais dos futuros empresários são exemplos de política recomendada. A finalidade desse leque de políticas é proporcionar constante oxigenação e vitalidade aos APLs pela criação de novas empresas.
  • 28. 263 b) Fortalecimento das instituições locais com vistas à melhoria tecnológica e à maior qualificação dos recursos humanos. Considera-se que, à exceção da UFSC e do CTAI no APL de Florianópolis, as demais instituições de ensino são, em maioria, jovens e ofertam ensino superior de qualidade básica. Então, para que a linha de política recomendada acima (letra a) não falhe por problema na oferta de recursos humanos, é preciso uma política de capacitação desses cursos, especialmente com a constituição de um corpo qualificado de professores e o apoio à criação de laboratórios de pesquisas e testes. Nessa mesma linha de política, pode-se criar programa de incentivo a que técnicos de empresas participem de eventos técnico- científicos nacionais e internacionais. O apoio à oferta de cursos de pós-graduação completaria essa linha de política. c) Uma terceira linha de política refere-se à melhoria organizacional das empresas, mediante o apoio à certificação de produtos e processos, utilização de ferramentas e de metodologias de desenvolvimento avançadas. Como já visto anteriormente, essa linha de política destaca-se hoje no momento em que muitas empresas buscam o mercado externo. d) O apoio ao acesso ao mercado externo constitui uma quarta área de ação governamental, principalmente no momento atual em que muitas empresas estão iniciando ações ou realizando projetos de exportação. Como se sabe, a dificuldade de língua, a confiabilidade dos programas, a adequação à legislação e às práticas de cada país são obstáculos que se apresentam às empresas. Assim, da mesma forma que o governo do Estado tem atuado na abertura de mercado de outras indústrias (veja-se o exemplo da atuação na abertura dos mercados russo e europeu para a carne suína), torna-se estratégica a definição de uma estrutura de apoio à exportação de softwares a países ou grupos de países selecionados. e) Finalmente, mas não menos importante, uma quinta linha de política diz respeito ao problema do financiamento. Como se sabe, por sua natureza, as empresas de informática, em geral, e de software, em particular, não possuem ativos suficientes para garantir operações de financiamento. Além disso, por tratar-se de desenvolvimento de produtos, e não a produção de bens com mercado já existente, os riscos são maiores. Para fazer frente a essa realidade, nos países desenvolvidos grande parte do financiamento toma a forma de venture capital. Portanto, além dos apoios diretos acima referidos, torna-se relevante a constituição de fundos e de outros programas para o financiamento da expansão das pequenas empresas, após passada a fase de sedimentação das idéias e materialização de um produto.
  • 29. 264 EMPRESAS PRODUTO PRINCIPAL/ EMPRESAS PRODUTO PRINCIPAL GRADUADAS ÁREA DE ATUAÇÃO INCUBADAS 4S Adept Gestão informação para setor metal- Equipamentos para rádio e TV Systems mecânico Apex Sistemas de comunicação e terminais Software para energia e Airgate inteligentes telecomunicação Brasytem Software para gestão de cadeia Automação comercial Anitec suinícola Cebra Soluções em fontes de alimentação Automação industrial – indústria de Audaces chaveadas móveis e confecções Celtec Nobreak Automática Máquinas de corte a laser Cianet Redes de comunicação de dados de Bernard Sofware de simulação empresarial alta performance sistemas COM Software bancário Complex Software de educação CSP Bafômetro e controladores de sinais CRM Software para internet de trânsito Datasul Software de gestão empresarial Cube Software setor de energia Directa Automação industrial Driver Software setor jurídico e previdenciário Dzigual Design gráfico e website Eddros Software gestão industrial EMPCOM Dardware para computadores Esss Software para sistemas de engenharia Figueiredo e Sistema automatizado para Teste automático de linhas telefônicas Gwork Ferreira cadastramento de rede de telefonia In-Sel Sensores infra-vermelhos Haltso Software gerencial Inbrac Condutores elétricos especiais Hoplon Games on line Intelbras Aparelhos telefônicos Isa Serviços de automação industrial Interdigital Equipamento Watch Dog Keohsps Sistemas de engenharia Ionics Automação de postos de combustíveis M.O.L. Centro de informação metal-mecânica KnowTec Software de gestão empresarial Making Software operadoras planos de saúde Medusa Automação de processos industriais – Sistema de medição de massa para Massa setores alimentos, bebidas, fumo. transporte ferroviário Megaflex Design house para desenvolvimento Multinet Soluções internet setor turístico de produtos eletrônicos MicroQuímica Equipamentos de segurança de Equipamentos de laboratório Omega transmissão de dados via rede Nano Produtos médico-hospitalares Outplan Software para e-business e e-commerce Endoluminal Notre Dame Serviços em processamento digital de Pax Software para bordados sinais Olsen Sistemas ópticos de medição, Micrômetros a laser Photonita Tecnologia automação e controle qualidade OnLine Soluções para difusão de mensagens Priori Software setor financeiro Diffusion de dados Optimum Simulação de conforto em ambiente Riskema Equipamento para impressão – plotters Engenharia rígido Pointer Soluções em ambientes abertos e em Sensys Software gerência de projetos redes locais Poliedro Software para gerenciamento Comunicação visual em painel Specto eletrônico de componentes eletrônico Reason Chave de fluxo eletrônico Spherical Hardware e software para telecom. Reivax Reguladores de tensão Step Software p/ automação telejornalismo SCA Automação industrial TCM Informatização de laboratórios Sistemic Projetos e informatização de empresas Unis Software de gestão ERP Sistepe Equipamentos e soluções setor Fabricação de peças-metalurgia do pó Weigtech pesagem Suntech Software de gerenciamento e supervisão de redes celulares Teckner Gerenciador de consumo de energia Telesis Sistemas para telecomunicações Weg Sistemas de automação Fonte: Celta (2005). Quadro 3.4.4 - Empresas graduadas e incubadas e respectivos produtos na Incubadora Celta – 2005
  • 30. 265 APLS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO OFERTA VAGAS CURSOS NA ÁREA DE INFORMÁTICA E CORRELATOS 2005 APL de Blumenau 1. FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau - Ciências da Computação – Bacharel 200 - Sistemas de Informação – Bacharel 84 - Engenharia de Telecomunicações – Bacharel 80 2. FAMEBLU - Faculdade Metropolitana de Blumenau - Sistemas de informação – Bacharel 100 3. CETEVI – Faculdade Tecnológica do Vale do Itajaí - Tecnologia em Desenvolvimento para Web - Tecnólogo 160 4. FECAVI – Centro Universitário do Vale do Itajaí (Indaial) - Sistemas de Informação – Bacharel 100 TOTAL DO APL 724 APL de Florianópolis 1. UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina - Ciências da Computação – Bacharel 100 - Sistemas de Informação – Bacharel 100 - Engenharia de Controle e Automação – Bacharel 60 2. ÚNICA – Centro de Educação Superior - Ciências da Computação – Bacharel 100 3. UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina - Ciências da Computação – Bacharel 60 - Ciências da Computação (Palhoça) – Bacharel 50 - Sistemas de Informação (Palhoça) – Bacharel 50 4. UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí - Engenharia de Computação (São José) – Bacharel 40 - Ciências da Computação (São José) – Bacharel 90 5.IESGF – Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis - Tecnologia em Redes de Computadores (São José) – Tecnólogo 100 - Ciências da Computação (São José) – Bacharel 100 6. FATESSC – Faculdade de Tecnologia Estácio de Sá de Santa Catarina - Tecnologia em Redes de Computadores (São José) – Tecnólogo 200 TOTAL DO APL 1.050 APL de Joinville 1. UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina - Ciências da computação – Bacharel 80 - Tecnologia de Sistemas de Informação 80 2.UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville - Sistemas de Informação – Bacharel 100 3. FCTJ – Faculdade de Ciências e Tecnologia de Joinville - Ciências da Computação – Bacharel 60 - Sistemas de Informação – Bacharel 60 4. SENAI – Faculdade de Tecnologia do Senai de Joinville - Tecnologia em Redes Industriais – Tecnólogo 80 5. IST – Instituto Superior Tupy - Engenharia da Computação – Bacharel 80 - Sistemas de Informação – Bacharel 80 - Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas para Internet – Tecnólogo 100 6. FCJ – Faculdade Cenecista de Joinville - Sistemas de Informação – Bacharel 80 7. FATESC - Faculdade de Tecnologia São Carlos - Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas para Web – Tecnólogo 150 8. IESVILLE – Faculdade de Tecnologia IESVILL-FATI - Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas de Informação – Tecnólogo 200 9. UNERJ - Centro Universitário de Jaraguá do Sul - Sistemas de Informação – Bacharel 100 TOTAL DO APL 1.250 TOTAL GERAL 3.024 Fonte: INEP/MEC, 2005. Quadro 3.4.5 - Instituições de ensino e cursos de informática e similares - 2005