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Perfis brasileiros em redes sociais:uma análise das imagens de identificação Cíntia Dal Bello Jorge Marcelo Nomura
Redes sociais digitais no eixo iberoamericano: sobrevoo América Latina: após os buscadores (Google), predominância do acesso às redes sociais (acima de emails, sites de entretenimento, instantmessengers). O Facebook lidera (49,1%). América Latina: Mais tempo dedicado às redes (5,2 horas semanais) que aos e-mails (4 horas). Brasil: 2º país com maior média de “amigos” (231). No mapa das redes: Brasil destoa do eixo iberoamericano (Orkut ainda é líder). Usuários do Orkut na América Latina passam mais tempo conectados (360,8 minutos), seguido pelo Facebook (203,7 minutos). Crescimento do Twitter na região deve-se, principalmente, à audiência brasileira (17%).
Redes sociais e o fenômeno glocal: novas nuances no imaginário cibercultural? Antes das redes sociais digitais: desbravar o desconhecido, o longínquo, tomar conhecimento do “acontecer” do estranho (e exótico) outro - in live. A partir de 2004 – Orkut / Brasil:Ascensão dos territórios espectrais colonizáveis, loteados em comunidades e perfis (plataformas sobre o “mar informacional” em que tudo se dissolve) Identificação temporária (nicknames em chats) Difícil manutenção (homepages) Baixa/nula visibilidade (e-mails) Identificação permanente Fácil manutenção Alta visibilidade (perfis em redes sociais)
O que é um “perfil”?  Arranjamentosígnico-imagético que faculta ao usuário sua organicidade aparente, uma espécie de corpo virtual a partir do qual pode atuar no cyberspace. Neste arranjamento, a foto de identificação é o que confere um “rosto” ao dinâmico conjunto, constituindo um dos principais elementos da mecânica de projeção e promoção do eu em espaços/tempos ciberespaciais.
Imagem e identificação: da vigilância disciplinar à celebração do individualismo Artefatos de identidade: lógica moderna disciplinar (controle e gestão). Alfabetização, retratos, fotografias: refinamento dos sistemas de identificação (porte de papeis, antropometria, registro de marcas corporais e digitais). Alvo de identificação: operários, domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas, viajantes, prisioneiros, nômades, comerciantes e industriais itinerantes. Conjunto de símbolos reforçadores do eu: espelhos, retratos, fotografias, monogramas, diários íntimos, leitura silenciosa, diplomas.  Individualidade, introspecção, privacidade, meritocracia, distinção: sujeito moderno.
Imagem e identificação: da vigilância disciplinar à celebração do individualismo Século XX, cultura de massa: colonização do imaginário coletivo com as imagens das celebridades. “Ser famoso, ser reconhecido por desconhecidos, ser uma personalidade pública, é ser feliz”. Internet: democratização do direito de “apareSer”? (exposição da intimidade, privacidade anulada). Paisagem glocal, existência encenada: perfis são corpos, fotografias são rostos, pessoas são espectros virtuais indexáveis a qualquer tempo. Refinação do sistema de identificação/indexação: sobreposição do registro simbólico sobre o icônico, superando a deficiência “panóptica”.
Imagem e identificação: da vigilância disciplinar à celebração do individualismo O sistema de marcação de fotos, nas redes sociais, convida o usuário a “identificar” cada conjunto de rostos. Compartilhamento de memória fotográfica ao banco de dados.
Interfaces do eu: a estrutura dos perfis no Orkut, Facebook e Twitter Em primeiro lugar, perfil é sinônimo de acesso. Não é possível utilizar as redes sem ter/ser um perfil. A punição máxima prevista pelos Termos de Uso das redes é a exclusão do perfil (que implica o banimento da plataforma). Mas, perfil também é a área específica, no conjunto de páginas, que contém as informações pessoais de identificação.
Interfaces do eu: a estrutura dos perfis no Orkut, Facebook e Twitter Elementos estruturais de composição do perfil: Foto de identificação Nome e sobrenome Dados de identificação Conjunto de conexões diretas (“amigos” ou “seguidores”) Ao visitar o perfil de alguém: É possível compartilhar textos, fotos, links e vídeos, além de ler suas últimas atualizações. Importância da foto de identificação: Ao lado do nome e sobrenome, aparece em todas as manifestações (no perfil próprio ou alheio) identificando o usuário.
Categorização das fotos de identificação Análise (março/2011): 1534 fotos de identificação do Facebook 1106 fotos de identificação do Twitter   901 fotos de identificação do Orkut
Categorização das fotos de identificação
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Imagens de identificação nos perfis das redes sociais digitais
Imagens de identificação nos perfis das redes sociais digitais DESTAQUES: Fotos que retratam o próprio usuário (no Twitter, embora esteja em 1º lugar, apresenta índice mais baixo). Logotipos e marcas (2º lugar no Twitter; no Orkut, é irrisório). Imagens de casais (maior índice no Orkut e Facebook).
Conclusões Embora a amostra não tenha a pretensão de refletir o complexo universo brasileiro, a recorrência de “expressões de felicidade” nas imagens investigadas pode ser definidora do estado de espírito de “estar presente” em uma rede social online. Aparecer na foto, assim como o clichê “ficar bem na fita”, é tão significativo que diversos blogs e fóruns ensinam os usuários a “sair bonito”. A foto de identificação dos perfis também está ganhando outros espaços de exibição (smartphones que migram a agenda do Facebook, por exemplo). De todos os elementos do perfil, a foto é o que confere um rosto à composição espectral que projeta o usuário à dimensão de sujeito, esparramando-o à cada interação no ambiente. Por que identificar-se, apesar da questão do controle? Sedução dos palcos narcísicos em que o outro é arregimentado como audiência.
Referências Livros BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. São Paulo: Relógio D´Água, 1991. BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade das relações humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. COUCHOT, Edmond. A tecnologia na arte:da fotografia à realidade virtual. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. MACHADO, Arlindo. Sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço.São Paulo: Paulus, 2007. SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. TRIVINHO, Eugênio. A dromocraciacibercultural: lógica da vida humana na civilização mediática avançada. São Paulo: Paulus, 2007. Capítulo de livro CORBIN, Allain. Bastidores. In: PERROT, Michelle et al. (org.). História da vida privada, 4: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Referências Artigos online BRASILEIROS ficam em segundo em número de amigos em redes sociais: pesquisa abrange cerca de 90% da população mundial online. 10 out. 2010. Ig Tecnologia. Disponível em: http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2010/10/10/brasileiros+tem+2+maior+n+de+amigos+em+redes+sociais+diz+estudo+9632067.html. . Acesso em 10 abr. 2011.   DAL BELLO, Cíntia. Espectros virtuais: a construção de corpos-sígnicos em comunidades virtuais de relacionamento. E-Compós. Brasília: Compós, v. 10, dez-2007. Disponível em: http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/208/209. Acesso em 11 jun. 2011.________. Plataformas hiperespetaculares de publicação de sujeitos: uma análise do Orkut. In: Simpósio Nacional de Cibercultura, 2., 2008. São Paulo: Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura, 2008. Disponível em: http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Cintia%20Dal%20Bello.pdf. Acesso em: 11 jun. 2011.   DAUER, Nátali. Mapa das redes sociais pelo mundo mostra crescimento e domínio do Facebook. 10 dez. 2010. Geek.com. Disponível em: http://www.geek.com.br/posts/14369-mapa-das-redes-sociais-pelo-mundo-mostra-crescimento-e-dominio-do-Facebook. Acesso em: 11 jun. 2011.  IBOPE Mídia. “Many to many”: o fenômeno das redes sociais no Brasil. 4 nov. 2010. Ibope.Disponível em http://www.ibope.com.br/maximidia2010/download/Redes_Sociais.pdf. Acesso em 11 jun. 2011.  MACIEL, Rui. Comunidades como Facebook e Orkut tem a preferência de 81,9% dos internautas da região, ficando atrás apenas dos sites de busca. IDG Now! 22 jun. 2010. Disponível em: http://idgnow.uol.com.br/internet/2010/06/22/redes-sociais-ja-superam-uso-de-e-mail-e-messengers-na-america-latina/. Acesso em: 10 jan. 2011. Dissertação de Mestrado DAL BELLO, Cíntia. Cibercultura e subjetividade: uma investigação sobre a identidade em plataformas virtuais de hiperespetacularização do eu., 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009(a). Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/ arquivo.php? codArquivo=9410.  
Cíntia Dal BelloDoutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS-PUC-SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e pesquisadora do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho; membro do grupo de estudos Plurimídia. Sua pesquisa versa sobre cibercultura, subjetividade e visibilidade mediática, com interesse particular pelas emergentes redes sociais digitais. E-mails: pubcintia@yahoo.com.br;cbello@uninove.br.Blog: www.cintiadalbello.blogspot.com. Jorge Marcelo NomuraMestre em Administração de Empresas pela Universidade Nove de Julho, MBA em Marketing pela Madia Marketing School, bacharel em Publicidade e Propagandapela FAAP. Consultor de marketing pela Total Marketing, Madia Mundo Marketing e Sebrae–SP, com passagem pelas agênciasBrilharte, JWT Portugal e McCannErickson Brasil. É docente do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julhoe membro dos grupos de pesquisa Plurimídia e Comins. Sua pesquisa estáorientada para redes sociais, convergência de mídias, novas tecnologias em mídia, marketing e comunicação integrada. E-mail: mnomura1@yahoo.com.br.
Cíntia Dal Bello Jorge Marcelo Nomura

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Perfis brasileiros em redes sociais: uma análise das imagens de identificação (DAL BELLO; NOMURA) - Confibercom 2011

  • 1. Perfis brasileiros em redes sociais:uma análise das imagens de identificação Cíntia Dal Bello Jorge Marcelo Nomura
  • 2. Redes sociais digitais no eixo iberoamericano: sobrevoo América Latina: após os buscadores (Google), predominância do acesso às redes sociais (acima de emails, sites de entretenimento, instantmessengers). O Facebook lidera (49,1%). América Latina: Mais tempo dedicado às redes (5,2 horas semanais) que aos e-mails (4 horas). Brasil: 2º país com maior média de “amigos” (231). No mapa das redes: Brasil destoa do eixo iberoamericano (Orkut ainda é líder). Usuários do Orkut na América Latina passam mais tempo conectados (360,8 minutos), seguido pelo Facebook (203,7 minutos). Crescimento do Twitter na região deve-se, principalmente, à audiência brasileira (17%).
  • 3. Redes sociais e o fenômeno glocal: novas nuances no imaginário cibercultural? Antes das redes sociais digitais: desbravar o desconhecido, o longínquo, tomar conhecimento do “acontecer” do estranho (e exótico) outro - in live. A partir de 2004 – Orkut / Brasil:Ascensão dos territórios espectrais colonizáveis, loteados em comunidades e perfis (plataformas sobre o “mar informacional” em que tudo se dissolve) Identificação temporária (nicknames em chats) Difícil manutenção (homepages) Baixa/nula visibilidade (e-mails) Identificação permanente Fácil manutenção Alta visibilidade (perfis em redes sociais)
  • 4. O que é um “perfil”? Arranjamentosígnico-imagético que faculta ao usuário sua organicidade aparente, uma espécie de corpo virtual a partir do qual pode atuar no cyberspace. Neste arranjamento, a foto de identificação é o que confere um “rosto” ao dinâmico conjunto, constituindo um dos principais elementos da mecânica de projeção e promoção do eu em espaços/tempos ciberespaciais.
  • 5. Imagem e identificação: da vigilância disciplinar à celebração do individualismo Artefatos de identidade: lógica moderna disciplinar (controle e gestão). Alfabetização, retratos, fotografias: refinamento dos sistemas de identificação (porte de papeis, antropometria, registro de marcas corporais e digitais). Alvo de identificação: operários, domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas, viajantes, prisioneiros, nômades, comerciantes e industriais itinerantes. Conjunto de símbolos reforçadores do eu: espelhos, retratos, fotografias, monogramas, diários íntimos, leitura silenciosa, diplomas. Individualidade, introspecção, privacidade, meritocracia, distinção: sujeito moderno.
  • 6. Imagem e identificação: da vigilância disciplinar à celebração do individualismo Século XX, cultura de massa: colonização do imaginário coletivo com as imagens das celebridades. “Ser famoso, ser reconhecido por desconhecidos, ser uma personalidade pública, é ser feliz”. Internet: democratização do direito de “apareSer”? (exposição da intimidade, privacidade anulada). Paisagem glocal, existência encenada: perfis são corpos, fotografias são rostos, pessoas são espectros virtuais indexáveis a qualquer tempo. Refinação do sistema de identificação/indexação: sobreposição do registro simbólico sobre o icônico, superando a deficiência “panóptica”.
  • 7. Imagem e identificação: da vigilância disciplinar à celebração do individualismo O sistema de marcação de fotos, nas redes sociais, convida o usuário a “identificar” cada conjunto de rostos. Compartilhamento de memória fotográfica ao banco de dados.
  • 8. Interfaces do eu: a estrutura dos perfis no Orkut, Facebook e Twitter Em primeiro lugar, perfil é sinônimo de acesso. Não é possível utilizar as redes sem ter/ser um perfil. A punição máxima prevista pelos Termos de Uso das redes é a exclusão do perfil (que implica o banimento da plataforma). Mas, perfil também é a área específica, no conjunto de páginas, que contém as informações pessoais de identificação.
  • 9. Interfaces do eu: a estrutura dos perfis no Orkut, Facebook e Twitter Elementos estruturais de composição do perfil: Foto de identificação Nome e sobrenome Dados de identificação Conjunto de conexões diretas (“amigos” ou “seguidores”) Ao visitar o perfil de alguém: É possível compartilhar textos, fotos, links e vídeos, além de ler suas últimas atualizações. Importância da foto de identificação: Ao lado do nome e sobrenome, aparece em todas as manifestações (no perfil próprio ou alheio) identificando o usuário.
  • 10. Categorização das fotos de identificação Análise (março/2011): 1534 fotos de identificação do Facebook 1106 fotos de identificação do Twitter 901 fotos de identificação do Orkut
  • 11. Categorização das fotos de identificação
  • 12. Categorização das fotos de identificação
  • 13. Categorização das fotos de identificação
  • 14. Categorização das fotos de identificação
  • 15. Categorização das fotos de identificação
  • 16. Imagens de identificação nos perfis das redes sociais digitais
  • 17. Imagens de identificação nos perfis das redes sociais digitais DESTAQUES: Fotos que retratam o próprio usuário (no Twitter, embora esteja em 1º lugar, apresenta índice mais baixo). Logotipos e marcas (2º lugar no Twitter; no Orkut, é irrisório). Imagens de casais (maior índice no Orkut e Facebook).
  • 18. Conclusões Embora a amostra não tenha a pretensão de refletir o complexo universo brasileiro, a recorrência de “expressões de felicidade” nas imagens investigadas pode ser definidora do estado de espírito de “estar presente” em uma rede social online. Aparecer na foto, assim como o clichê “ficar bem na fita”, é tão significativo que diversos blogs e fóruns ensinam os usuários a “sair bonito”. A foto de identificação dos perfis também está ganhando outros espaços de exibição (smartphones que migram a agenda do Facebook, por exemplo). De todos os elementos do perfil, a foto é o que confere um rosto à composição espectral que projeta o usuário à dimensão de sujeito, esparramando-o à cada interação no ambiente. Por que identificar-se, apesar da questão do controle? Sedução dos palcos narcísicos em que o outro é arregimentado como audiência.
  • 19. Referências Livros BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. São Paulo: Relógio D´Água, 1991. BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade das relações humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. COUCHOT, Edmond. A tecnologia na arte:da fotografia à realidade virtual. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. MACHADO, Arlindo. Sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço.São Paulo: Paulus, 2007. SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. TRIVINHO, Eugênio. A dromocraciacibercultural: lógica da vida humana na civilização mediática avançada. São Paulo: Paulus, 2007. Capítulo de livro CORBIN, Allain. Bastidores. In: PERROT, Michelle et al. (org.). História da vida privada, 4: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
  • 20. Referências Artigos online BRASILEIROS ficam em segundo em número de amigos em redes sociais: pesquisa abrange cerca de 90% da população mundial online. 10 out. 2010. Ig Tecnologia. Disponível em: http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2010/10/10/brasileiros+tem+2+maior+n+de+amigos+em+redes+sociais+diz+estudo+9632067.html. . Acesso em 10 abr. 2011. DAL BELLO, Cíntia. Espectros virtuais: a construção de corpos-sígnicos em comunidades virtuais de relacionamento. E-Compós. Brasília: Compós, v. 10, dez-2007. Disponível em: http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/208/209. Acesso em 11 jun. 2011.________. Plataformas hiperespetaculares de publicação de sujeitos: uma análise do Orkut. In: Simpósio Nacional de Cibercultura, 2., 2008. São Paulo: Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura, 2008. Disponível em: http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Cintia%20Dal%20Bello.pdf. Acesso em: 11 jun. 2011.   DAUER, Nátali. Mapa das redes sociais pelo mundo mostra crescimento e domínio do Facebook. 10 dez. 2010. Geek.com. Disponível em: http://www.geek.com.br/posts/14369-mapa-das-redes-sociais-pelo-mundo-mostra-crescimento-e-dominio-do-Facebook. Acesso em: 11 jun. 2011.  IBOPE Mídia. “Many to many”: o fenômeno das redes sociais no Brasil. 4 nov. 2010. Ibope.Disponível em http://www.ibope.com.br/maximidia2010/download/Redes_Sociais.pdf. Acesso em 11 jun. 2011.  MACIEL, Rui. Comunidades como Facebook e Orkut tem a preferência de 81,9% dos internautas da região, ficando atrás apenas dos sites de busca. IDG Now! 22 jun. 2010. Disponível em: http://idgnow.uol.com.br/internet/2010/06/22/redes-sociais-ja-superam-uso-de-e-mail-e-messengers-na-america-latina/. Acesso em: 10 jan. 2011. Dissertação de Mestrado DAL BELLO, Cíntia. Cibercultura e subjetividade: uma investigação sobre a identidade em plataformas virtuais de hiperespetacularização do eu., 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009(a). Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/ arquivo.php? codArquivo=9410.  
  • 21. Cíntia Dal BelloDoutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS-PUC-SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e pesquisadora do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho; membro do grupo de estudos Plurimídia. Sua pesquisa versa sobre cibercultura, subjetividade e visibilidade mediática, com interesse particular pelas emergentes redes sociais digitais. E-mails: pubcintia@yahoo.com.br;cbello@uninove.br.Blog: www.cintiadalbello.blogspot.com. Jorge Marcelo NomuraMestre em Administração de Empresas pela Universidade Nove de Julho, MBA em Marketing pela Madia Marketing School, bacharel em Publicidade e Propagandapela FAAP. Consultor de marketing pela Total Marketing, Madia Mundo Marketing e Sebrae–SP, com passagem pelas agênciasBrilharte, JWT Portugal e McCannErickson Brasil. É docente do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julhoe membro dos grupos de pesquisa Plurimídia e Comins. Sua pesquisa estáorientada para redes sociais, convergência de mídias, novas tecnologias em mídia, marketing e comunicação integrada. E-mail: mnomura1@yahoo.com.br.
  • 22. Cíntia Dal Bello Jorge Marcelo Nomura