Periódicos da Ciência da Informação: reflexão sobre o acesso
1. Periódicos da Ciência da Informação:
reflexão sobre o acesso
Rosângela Schwarz Rodrigues, Dra. rosangela.rodrigues@ufsc.br
Daniela Stubert, mestranda. danielastubert@gmail.com
Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina
2. O aumento dos preços pelas editoras comerciais depois
da segunda guerra resultou na chamada crise dos
periódicos (que continua) e os avanços da tecnologia
permitiram o movimento do Acesso Aberto.
A expectativa de uma diminuição nos preços das
assinaturas dos periódicos em função do uso intensivo de
tecnologia, que reduziu os custos de produção dos
periódicos e tornou o acesso praticamente ilimitado não se
concretizou, o que aconteceu foi uma evolução no modelo
de negócio das editoras, cujos custos vem sendo
questionados em várias frentes (VAN NORDEN, 2013).
3. A concentração dos títulos é uma das explicações para
a manutenção dos altos custos de subscrição, pois
apenas três grandes editoras comerciais (Elsevier,
Springer-Kluwer and Wiley-Blackwell) detém 42% de
todos os artigos publicados e as revistas de maior
prestígio e circulação (MCUIGAN; RUSSEL, 2008).
4. Considerando diferenças por área do conhecimento e
diferenças metodológicas, o numero total de periódicos
em acesso aberto pode variar entre 5% e 7% (nos
Estados Unidos e Europa), 16% na Africa, Ásia e Oceania
e 75% Na América Latina(Sandra, Moya-Anégon,
Chinchilla-Rodriguez (2011).
Rodrigues e Abadal (2014) indicam que o percentual
de títulos da elite em Acesso Aberto na Améria Latina e
Portugal é em torno de 90%, enquanto na Espanha fica
em torno de 50%.
5. A Ciência da Informação é a área do conhecimento que
tem a comunicação e publicação científica por objeto de
estudo e foi quem iniciou os relatos sobre os altos custos
de assinatura dos periódicos científicos e a repercussão
na ciência mundial.
Em função do protagonismo dos pesquisadores da área
nas discussões levanta-se a hipótese que os periódicos
da área estejam em acesso aberto. Para comprovar a
veracidade da hipótese, foi identificado o custo de
subscrição dos periódicos da área.
6. O universo da pesquisa são os títulos da Ciência da
Informação indexados na Web of Science. As informações
foram coletadas direto no site dos periódicos.
De 84 títulos identificados os agrupamentos mais
significativos se dão na Elsevier Inc (12 títulos ou 14%),
Emerald Group Publishing Limited (9 títulos ou 11%),
Sage Publications LTD e Willey-Blackwell (5 títulos cada
uma ou 6%) e Springer (4 títulos ou 4%). Total de editoras
comerciais: 41%
7. Os editores isolados são responsáveis por 31 títulos
(37%) e os outros 18 estão distribuídos em 7 entidades
editoriais, sendo duas com três e seis com dois títulos
cada.
As editoras comerciais abrigam mais periódicos na área
da CI do que associações, institutos de pesquisa e
universidades juntos.
8. O percentual de títulos em Acesso Aberto fica em torno
de 11% do total, sendo 3 no Brasil, dois nos Estados
Unidos e um na Espanha, na Inglaterra, na Malásia e no
México.
A análise dos valores cobrados para subscrição anual
dos periódicos se deparou com um numero significativo de
títulos que não informavam o valor. Provavelmente as
assinaturas são feitas dentro dos acordos chamados “big
deals”, o que limitou a pesquisa.
9. A maior incidência é dos títulos que não informam o
custo da subscrição, que são as editoras comerciais
Emerald, Willey Blackell, Elsevier, Taylor & Francis e
Scientist, que corresponde a quase 30%.
A segunda maior incidência fica entre U$ 100,00 e
200,00 anuais, com quase 24% do total. As subscrições
mais caras, mais de U$ 400,00 anuais são de editoras
americanas, alemãs e holandesas.
10. País
Acesso
aberto
Até 100
dólares
De 101 a
200
dólares
De 201 a
300
dólares
De 301 a
400
dólares
Mais de
401
dólares
Não
informado Total
n. % n. % n. % n. % n. % n. % n. % n. %
Alemanha 1 1,2 3 3,6 4 4,8
Austrália 2 2,4 2 2,4
Brasil 3 3,6 3 3,6
Canadá 2 2,4 2 2,4
Espanha 1 1,2 1 1,2 2 2,4
Estados
Unidos 2 2,4 9 10,7 9 10,7 4 4,8 2 2,4 3 3,6 8 9,5 37 44
Holanda 1 1,2 2 2,4 3 3,6 6 7,1
Inglaterra 1 1,2 7 8,3 2 2,4 14 16,7 24 29
Japão 1 1,2 1 1,2
Malásia 1 1,2 1 1,2
México 1 1,2 1 1,2
Nigéria 1 1,2 1 1,2
Total 9 10,8 14 16,7 20 23,8 4 4,8 4 4,8 8 9,6 25 29,8 84 100
11. Títulos mais caros da CI
Volumes
por ano
Fator de impacto
Restaurator 4 0.375
Libri 4 0.368
Journal of Organizational and End User
8 0.243
Computing
Zeitschrift fur Bibliothekswesen und
Bibliographie
6 0.070
Scientometrics 12 2.133
International Journal of Computer-Supported
4 1.717
Collaborative Learning
Journal of Management Information Systems 4 1.262
12. Frente ao problema principal que motivou esta
pesquisa, ainda que a CI seja uma área com mais
percepção da questão do acesso e dos custos, foi
identificada uma distribuição equivalente ao cenário geral
dos títulos em todas as áreas do conhecimento.
13. MIGUEL, Sandra; CHINCHILLA-RODRIGUEZ, Zaida; MOYA-ANÉGON,
Félix; Open access and Scopus: a new approach to scientific visibility from the
standpoint of access. Journal of the American Society for Information Science
and Technology, v. 62, n. 6, p. 1130-1145, 2011.
VAN NORDEN, Richard (2013). Open access: The true cost of science
publishing. Nature. v. 495, p. 426–429, 2013.
MCGUIGAN, Glenn S.; RUSSEL, Robert. D. The business of academic
publishing: A strategic analysis of the academic journal publishing industry and
its impact on the future of scholarly publishing. Electronic Journal of Academic
and Special Librarianship, v. 9, n. 3, 2008 .
RODRIGUES, Rosângela Schwarz; ABADAL, Ernest. Ibero-American journals
in Scopus and Web of Science. Learned Publishing, v. 27, n. 1, 2014 p. 56–
62.
14. Agradecimentos à CAPES pelo financiamento da viagem para apresentar este
trabalho.
Obrigada
rosangela.rodrigues@ufsc.br