O documento discute as teorias de Freud sobre as pulsões de vida e morte e como elas se relacionam com a guerra e a paz. A pulsão de morte pode estar associada ao pacifismo, enquanto o reconhecimento da guerra como parte da natureza humana manifesta a pulsão de vida. O autor argumenta que o pacifismo pode na verdade precipitar guerras mais sofisticadas e cruéis, ao negar a universalidade do conflito.
A pulsão de morte em Freud e a possibilidade da paz eterna
1. PROJETO DE PESQUISA
A ATUAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO
FRENTE À PROMOÇÃO DA PAZ E O
COMBATE À VIOLÊNCIA
Coordenador André Martins
2. 1º. SEMINÁRIO INTERNO DO GRUPO DE
PESQUISA E EXTENSÃO DA FUNEDI/UEMG
CRISTINA ALVARENGA SANTOS
5º. PERÍODO DE PSICOLOGIA
BOLSISTA E PESQUISADORA FUNEDI/UEMG
http://lattes.cnpq.br/8043836582538805
3. ARTIGO
• A PAZ ETERNA?
Michel Plon
Psicanalista francês, co-autor do Dicionário da
Psicanálise (Zahar, 1998) e Em torno de O mal-estar na
cultura de Freud (Escuta, 2002), entre outras obras.
Diretor de pesquisa do Centre National de la Recherche
Scientifique (CNRS)
Fonte: Ágora v. VII n. 1 jan/jul 2004 9-21
“…exigimos o eterno do perecível, loucos.”
Caio Fernando Abreu, in Pequenas epifanias
4. A PAZ ETERNA?
“A partir de uma análise das reflexões de Freud
sobre as motivações da guerra e as
possibilidades da paz, presentes sobretudo nos
textos “Considerações atuais sobre a guerra e a
morte” e “Por que a guerra?”, o autor formula a
idéia de que o pacifismo poderia ser encarado
como uma expressão da pulsão de morte,
enquanto o reconhecimento da guerra como
forma primeira do socius poderia manifestar
uma expressão da pulsão de vida.”
5. O autor nos diz o seguinte:
“Eu poderia começar, vou fazê-lo, por uma
tautologia (pleonasmo, redundância) que
consiste no fato de retomar a questão ‘Por
que a guerra?’, para fazer dela o título de um
discurso inspirado por um texto de Freud,
mais precisamente por sua troca de cartas
com Albert Einstein, ela própria intitulada
“Por que a guerra?”.
6. • Freud sublinha a pulsão de morte como
sendo a “pulsão de destruição quando
voltada para o exterior, o outro, o estranho, o
hostil, não está longe talvez de assegurar ao
ser humano a preservação da “sua própria
vida, por assim dizer, destruindo uma vida
alheia ”...
• (FREUD, 1920-1981)
7. Inversamente, o reconhecimento da guerra
como forma primeira do socius, na sua forma
menos marcada de crueldade, a política,
produto extremamente precioso destes
processos culturais constituiria a
manifestação da pulsão de vida.
8. TRIEB
CONCEITO DE PULSÃO EM FREUD
Discutem-se o sentido e a tradução de
"Trieb" (pulsão, instinto) nas obras de Freud,
onde encontra-se duas teorias sobre as
pulsões:
As pulsões fundamentais - pulsões sexuais
e de autopreservação, na primeira teoria, e
pulsões de vida e de morte, na segunda.
9. • A palavra "Trieb", na língua alemã, pode ser
usada em vários sentidos. Um deles é como
sinônimo perfeito de "Instinkt".
• Na linguagem corrente, o radical "Trieb" e o
verbo "treiben" são usados em referência a
algo que impulsiona ou puxa alguém ou
alguma coisa.
10. • Vejamos a definição de "Trieb", dada por um
dicionário alemão: "impulso interno [dirigido
pelo instinto], que visa à satisfação de
necessidades fortes e muitas vezes
indispensáveis à vida"
(Duden/Langenscheidt, 1986, p. 373, minha
tradução).
11. • Em "Pulsões e Destinos das Pulsões", Freud,
1915, nos fala da pulsão agressiva (enquanto
pulsão de domínio) como pulsão de
autoconservação.
• Freud afirma que os verdadeiros protótipos
da relação de ódio derivam da luta do eu por
sua conservação – pulsão de domínio –
pulsão de morte.
12. • Em "Além do Princípio do Prazer", de 1920,
surge não só uma nova teoria das pulsões,
mas um novo conceito de pulsão.
As pulsões - pulsão de vida e pulsão de
morte - passam a ser princípios gerais que
regem o funcionamento, não só da vida
psíquica, mas de toda a vida orgânica.
13. A pulsão de vida é concebida como a
tendência à aproximação e à unificação entre
os seres vivos. A pulsão de morte, ao
contrário, é vista como a tendência à
separação, à destruição.
14. Situando esta pulsão de morte no centro de
seu discurso, Freud sublinha que esta pulsão,
de destruição quando voltada para o exterior,
o outro, o estranho, o hostil, não está longe
talvez de assegurar ao ser humano a
preservação da “sua própria vida, por assim
dizer, destruindo uma vida alheia.
15. • Para dizer em termos mais brutais, as pregações
pacifistas, quaisquer que sejam seus
fundamentos e sua sinceridade, em sua negação
do caráter tão universal quanto primeiro do
conflito e da guerra, bem longe de evitá-la,
precipitariam a sua vinda e o seu
desenvolvimento cada vez mais sofisticado e
cruel. Para tentar permanecer na atualidade, a
exemplo de Freud escrevendo em 1933 sobre a
guerra, nos perguntaremos, última palavra de
uma reflexão inacabada, se esta
16. cegueira, que se opõe de todos os lados a
este aparente paradoxo, não se traduz pela
rejeição e mesmo pela espécie de
repugnância que vários de nossos
contemporâneos de todos os países
manifestam em relação à política.
17. • O temor, manifestação da angústia e do
mal-estar contemporâneos, deveria então ser
ligado não à guerra em si, mais uma vez
primeira e universal, mas às formas de que
ela pode se revestir, aos transbordamentos
quase impensáveis a que pode dar lugar, com
os progressos da ciência.
18. • Referências:
• Psic.: Teor. e
Pesq. vol.17 no.3 Brasília Sept. 2001
• Os Dois Conceitos Freudianos deTrieb
• Gilberto Gomes
Universidade Federal Fluminense