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*MÓDULO 1*
Sociedade – Minorias
O peso da diferença
A perseguição aos diferentes é uma constante
histórica: os gregos já discriminavam todos os outros
povos, a quem consideravam bárbaros. Os espartanos,
que dominaram a Grécia antiga entre os séculos V e IV
a.C., cultuavam a imagem do soldado atlético e
obediente. Quem não se encaixava nesse modelo estava
sujeito à escravidão e até a execução: crianças
deficientes ou doentes eram mortas ao nascer.
Os romanos, notórios por fazer de escravos os povos
que dominavam, foram hostis com todos os povos da
Europa Ocidental, norte da África e Ásia Menor. Na Idade
Média, eram perseguidos os que discordavam da Igreja
Católica, uma prática mantida pela Inquisição até o
século XIX e que matou milhares de pessoas. Muitas das
vítimas eram judeus, chamados de cristãos-novos
(recém-convertidos ao catolicismo). O ressentimento
contra os judeus aumentou na virada do século XIX para
o XX, quando o antissemitismo dividiu a elite intelectual
europeia. Em 1933, chegou ao poder na Alemanha o
regime nazista, que tinha como pilares o racismo, o
antissemitismo, o pangermanismo (união dos povos
germânicos) e a eugenia (“melhoramento” da raça), além
do totalitarismo e o anticomunismo.
Ainda no século XX, um regime abertamente racista, o
apartheid na África do Sul, se manteve no poder por 42
anos. Nos Estados Unidos, apenas em 1963 foram
concedidos direitos iguais a negros que eram segregados
em partes do país. E a chamada “limpeza étnica”
também voltou a assombrar na Bósnia, Chechênia,
Iraque, Congo, Sudão e em outros pontos do mundo.
Limpeza étnica
Exemplos recentes de conflitos e regimes racistas
que vitimaram milhões
RUANDA
 Quando: 1994
 Vítimas: tútsis
 Motivação: guerra civil e
racismo
 Métodos: civis armados de facões e porretes
 Número de mortos: 800.000
Quando chegaram ao país, os belgas encontraram uma
sociedade dividida entre camponeses hutus pobres e
pastores tútsis prósperos. Para garantirem sua
dominação, fizeram dos tútsis a aristocracia ruandesa.
Em 1959, hutus se rebelaram e, em 1962, assumiram o
poder. A violência se agravou em 1990, com a criação da
Frente Patriótica Ruandesa (FPR), por tútsis exilados em
Uganda. Quando o presidente Jouvenal Habyarimana
morreu, em 1994, a população passou a ser
bombardeada com informações de um complô tútsi, o
que levou à execução de 75% dos tútsis que viviam em
Ruanda.
CAMBOJA
 Quando: de 1975 a 1979
 Vítimas: chineses,
muçulmanos e vietnamitas,
entre outras minorias
 Motivação: eliminar etnias
 Métodos: execuções a bala e mortes por fome e
excesso de trabalho
 Número de mortos: 215.000 chineses, 90.000
muçulmanos e 20.000 vietnamitas
“Preferimos matar dez amigos a deixar vivo um só
inimigo”, dizia Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, a ala
mais radical do Partido Comunista local, que tomou o
poder em 1975. Em quatro anos, o regime executou 1,7
milhão de seus 8 milhões de habitantes. A maior parte
dos mortos era da mesma etnia khmer e só morreu por
causa do estado de paranoia e eliminação sistemática
dos adversários implantado pelo regime cambojano. Na
dúvida de quem era amigo ou inimigo, Pol Pot mandava
eliminar todos.
BÓSNIA
 Quando: de 1991 a 1999
 Vítimas: bósnios, sérvios,
croatas e kosovares
 Motivação: conflitos
nacionalistas e movimentos separatistas
 Métodos: ataques militares e estupros
 Número de mortos: 300.000
O conflito nos Bálcãs entre muçulmanos e católicos,
sérvios e croatas, sérvios e albaneses tem mais de 200
anos. Apenas nas quatro décadas em que o general
ditador Josip Broz Tito unificou esses povos sob a
bandeira da antiga Iugoslávia, houve certo entendimento.
Com a morte de Tito, em 1980, a Eslovênia, a Croácia e
a Bósnia declararam independência. Em 1990, o sérvio
Slobodan Milosevic passou a eliminar os croatas. Os
croatas fizeram o mesmo na Sérvia e na Bósnia. E
muçulmanos bósnios atacaram croatas e sérvios.
Manipulados pela propaganda nacionalista, cada um dos
povos acreditava apenas responder à ameaça inimiga.
________________________________________________
*Anotações*
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Aceito, renegado, aceito novamente
O homossexualismo era aceito na Antiguidade.
A recriminação surgiu com o cristianismo
Século VIII a.C.
Um dos primeiros conjuntos de
leis do mundo, o Código
Hammurabi, da Mesopotâmia, do
século VIII a.C., cita os
prostitutos e prostitutas usados
em rituais religiosos – e que
tinham direito a privilégios
especiais.
JSP / ISTOCK PHOTO
Séculos XX a.C. a IV d.C.
As relações entre um homem
mais velho e outro mais jovem
eram normais e incentivadas na
Grécia e em Roma. O mesmo não
valia para dois homens da mesma
idade – quando isso acontecia,
eles eram perseguidos.
FABIANA BERTONE
Séculos IV a XIV
O cristianismo tornou-se a religião
oficial do Império Romano no século
IV e, com ele, veio uma crescente
aversão ao prazer e ao riso. A
homossexualidade foi tratada como
antinatural.
REPRODUÇÃO
Século XIV
O resgate dos valores clássicos
ocasionou o retorno do gosto pela
forma masculina. Mas, após a
Peste Negra, entre 1347 e 1351, os
sodomitas foram acusados de
causar os males da sociedade.
REPRODUÇÃO
Século XIX
A Inglaterra condenava à forca os
acusados de sodomia. Em 1861, o
país trocou a forca por pena de dez
anos de trabalhos forçados. O
escritor Oscar Wilde cumpriu dois
anos dessa pena depois de ser
condenado por prática de
homossexualismo.
REPRODUÇÃO
Século XX
A luta pelos direitos dos gays
ganhou força nos anos 70, mas a
homofobia permaneceu sendo
expressada – muitas vezes com
violência física, herança de um
passado marcado por formas
recorrentes de intolerância.
ZU1U / DREAMSTIME
 O racismo e a intolerância causaram diversos
massacres e injustiças no decorrer da história, dos
gregos e romanos aos tempos atuais.
 Genocídio é o termo aplicado para se referir ao
massacre sistemático de um povo, visando a sua
extinção. Foi o que ocorreu com os judeus na
Alemanha nazista, com os armênios sob jugo turco
em 1915 e com tútsis massacrados por hutus em
Ruanda, em 1994.
 Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha
nazista perseguiu minorias que não correspondiam a
seu ideal de raça ariana ou raça pura. Além de 6
milhões de judeus, foram executados ciganos,
homossexuais, presos, deficientes, militantes
políticos e outros grupos étnicos e religiosos.
 Os homossexuais sofreram perseguição com a
expansão do cristianismo. Em alguns países, foram
presos e condenados à morte.
 O apartheid, regime que durou de 1948 a 1994,
restringia os direitos dos não brancos na África do
Sul. Nelson Mandela passou 27 anos preso por lutar
pelos direitos dos negros em seu país e se tornou
presidente depois de ser libertado.
 Elaborada por Gilberto Freyre, a ideia de democracia
racial – isto é, que não há racismo no Brasil ou que
ele é insignificante – é um mito. Além do racismo que
não aparece nas estatísticas, há o fato de que
negros e pardos ganham menos do que os brancos,
têm menor grau de escolaridade e ocupam menos
cargos de gerência.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões 1 e 2.
À espera de um salvador
Darfur, no Sudão, cenário de um genocídio silencioso,
é um lugar sem lei
O mundo ignora ou finge ignorar que Darfur, no
Sudão, é cenário de uma guerra de extermínio contra
uma população indefesa. O mesmo mundo que se
apieda de um filhote de urso-polar abandonado pela mãe
no zoológico de Berlim fecha os olhos para as centenas
de milhares de crianças subnutridas dos 130 campos de
refugiados de Darfur, no oeste sudanês. Desde a
independência do Império Britânico, em 1956, o norte do
país detém o monopólio do poder político e econômico,
concentrado na capital, Cartum. A partir de 2003, quando
eclodiu o conflito entre o governo do ditador Omar
al-Bashir e rebeldes de Darfur, intensificou-se a matança
indiscriminada de cidadãos que não pertencem à etnia
que se intitula “árabe”. Uma matança selvagem, seja por
meio de fuzilamentos sumários, seja por meio da fome
imposta pelo isolamento.
Darfur é dividida em três estados – do Norte, do Sul e
do Oeste –, que representam quase um sexto do território
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do Sudão, o maior país da África. Hoje, quase metade
dos seus 6 milhões de habitantes vive em aglomerações
humanas improvisadas. Outros 2 milhões ainda não
deixaram suas aldeias, mas foram afetados pela
destruição de lavouras ou pela morte de familiares. Com
a justificativa de combater rebeldes que lutam contra o
regime, o governo do Sudão bombardeia aldeias e apoia
os janjaweeds, milícias autoproclamadas árabes cuja
missão é limpar Darfur de outras etnias. Ao todo, já
morreram 300.000 pessoas.
O número de combatentes e civis mortos de maneira
violenta caiu nos últimos anos, mas não são as
estatísticas que configuram um genocídio.
Há 60 anos, a Organização das Nações Unidas
definiu como crime internacional a tentativa de destruir a
totalidade ou parte de um grupo nacional, étnico, racial
ou religioso. Segundo o texto da ONU, não é preciso
haver assassinatos em massa para que um crime seja
classificado como genocídio. Impor condições de vida
subumanas a um grupo de pessoas semelhantes entre
si, com o objetivo de levar à sua destruição física,
também se enquadra nessa classificação. É o que ocorre
em Darfur.
Os campos de refugiados são verdadeiras bombas
populacionais: a maioria continua recebendo milhares de
pessoas por ano. Elas buscam desesperadamente um
lugar onde possam ter alguma sensação de segurança,
por menor que seja. Nos campos, não há espaço para
plantar ou manter uma criação numerosa de bodes e
camelos. “Tenho uma pequena plantação a três horas de
caminhada”, diz Tigani Suleiman, 55 anos, refugiado que
consegue com isso obter uma renda equivalente a 2
dólares por dia. Outros homens tentam algum
subemprego nas cidades e as mulheres recolhem lenha
para vender, sob o risco de serem estupradas nos
arredores do campo.
Só mesmo a ajuda humanitária tem atenuado o drama
dos refugiados. Graças a ela, a taxa de desnutrição caiu
pela metade nos últimos anos. Atuam na região
dezesseis agências da ONU e 85 ONGs, que prestam
serviços como atendimento de saúde e distribuição de
comida. Para cada 366 habitantes de Darfur, há um
trabalhador humanitário.
Veja, 24/12/2008 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
Com base no texto, sintetize as origens do conflito no
Sudão.
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.2. (AED-SP)
Por que a ONU considera que não é preciso haver
assassinatos em massa para que se configure um
genocídio?
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.3. (INEP-MEC)
A viagem levou uns 20 minutos. O caminhão parou;
via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase
bem iluminada (cuja lembrança ainda hoje me atormenta
nos sonhos): “Arbeit macht frei” – o trabalho liberta.
Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e
fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água
nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias
que não bebemos nada.
LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro:
Rocco, 1988, p. 20.
A descrição acima – de um prisioneiro chegando a
Auschwitz – revela angústia e horror. Os campos de
concentração nazistas eram:
(A) lugares de reabilitação de doentes mentais,
criminosos comuns e prisioneiros políticos.
(B) instalados apenas na Alemanha e, neles, foram
alojados, durante a Segunda Guerra Mundial, judeus,
homossexuais e comunistas.
(C) lugares de execução sumária e imediata de inimigos
nacionais alemães e de pessoas que se recusavam
a trabalhar.
(D) instalados para acolher os imigrantes que, vindos da
Europa Oriental, tentavam penetrar no território do
Terceiro Reich sem autorização.
(E) lugares onde os considerados indesejáveis eram
submetidos a humilhações, trabalhos forçados ou
execuções em massa.
.4. (UNICAMP-SP)
O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado
em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não
se perguntava sobre a cor da população. O censo de
1872, ao inserir essa informação, indica uma mudança,
orientada por um entendimento do conceito de raça que
ancorava a cor em um suporte pretensamente mais
rígido. Com a crise da escravidão e do regime
monárquico, que levou ao enfraquecimento dos pilares
da distinção social, a cor e a raça tornavam-se
necessárias.
Adaptado de Ivana Stolze Lima, Cores, Marcas e Falas:
Sentidos da Mestiçagem no Império do Brasil. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 2003, p. 109-121.
A partir do enunciado, podemos concluir que há um uso
político na maneira de classificar a população, já que:
(A) o conceito de raça permitia classificar a população a
partir de um critério mais objetivo e exato do que a
cor, o que era necessário em um momento de
transição para um novo regime.
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(B) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares da
distinção social era causado pelo fim da escravidão.
Nesse contexto, ao perguntar sobre a raça da
população, o censo permitiria elaborar políticas
visando à inclusão social dos ex-escravos.
(C) a introdução do conceito de raça no censo devia-se a
uma concepção, difundida após 1870, que propunha
a organização da sociedade a partir de critérios
objetivos e científicos, o que levaria a uma maior
igualdade social.
(D) no final do Império, a associação entre a cor da pele
e o conceito de raça criava um novo critério de
exclusão social, capaz de substituir as formas de
distinção que eram próprias da sociedade escravista
e monárquica em crise.
.5. (ENEM-MEC)
O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de 1890 dizia:
Fazer nas ruas e praças exercícios de agilidade e
destreza corporal, conhecidos como capoeiragem: andar
em correrias, com armas ou instrumentos capazes de
produzir lesão corporal, provocando tumulto ou
desordens.
Pena: Prisão de dois a seis meses.
SOARES, C. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro:
1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria de Cultura, 1994 (adaptado).
O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza
medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal
regulamento expressava
(A) a manutenção de parte da legislação do Império com
vistas ao controle da criminalidade urbana.
(B) a política de eliminação das diferenças e das
desigualdades sociais, com o extermínio dos pobres.
(C) o caráter disciplinador de uma sociedade
industrializada, desejosa de um equilíbrio entre
progresso e civilização.
(D) a criminalização de práticas culturais e a persistência
de valores que vinculavam certos grupos ao passado
de escravidão.
(E) o poder do regime escravista, que mantinha os
negros como categoria social inferior, discriminada e
segregada.
.6. (INEP-MEC)
Sobre a intolerância racial nas Américas nos anos 1950 e
1960, pode-se afirmar que:
(A) leis segregacionistas no sul dos Estados Unidos
forçaram os negros a usar instalações públicas e
frequentar escolas à parte.
(B) a Lei dos Direitos Civis nos Estados Unidos agravou,
em 1963, a segregação racial.
(C) a discriminação racial é uma característica norte-
-americana. No Brasil, há integração das etnias e
democracia racial.
(D) a organização paramilitar denominada Panteras
Negras originou-se no Brasil, como resistência à
opressão dos brancos.
(E) nos países de passado escravocrata, o preconceito
racial tornou-se importante incentivo à política de
integração étnica.
.7. (UNICAMP-SP)
No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as
diferenças entre os povos: o racismo. Mas, se os arianos
originaram tanto os povos da Índia quanto os da Europa,
o que justificaria o domínio dos ingleses sobre a Índia? A
suposta explicação é que os arianos da Índia se
enfraqueceram na miscigenação com os aborígenes.
Mas por que essa ideia não foi aplicada no sentido
oposto? Ou seja: por que os arianos da Índia não
aperfeiçoaram aquela raça em vez de se
enfraquecerem?
Adaptado de Anthony Pagden, Povos e Impérios.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-94.
Segundo o texto, podemos concluir que o pensamento
racista do século XIX:
(A) era incoerente, pois os britânicos se consideravam
superiores aos indianos, porém ambos possuíam a
mesma origem racial; além disso, o racismo não
explicava por que a miscigenação enfraqueceu as
raças superiores e não fortaleceu as inferiores.
(B) era um modo de explicar as diferenças entre os
povos pela miscigenação, que poderia levar tanto ao
fortalecimento dos povos inferiores quanto ao
enfraquecimento dos superiores.
(C) era incoerente porque explicava a superioridade e o
domínio dos ingleses sobre os indianos pelo fato de
ambos terem a mesma origem em povos arianos;
porém não explicava por que a miscigenação não
fortaleceu as raças consideradas superiores.
(D) era uma forma de legitimar o domínio dos ingleses
sobre os indianos a partir de suas diferentes origens
raciais; porém não explicava por que a miscigenação
entre ingleses e indianos não levara ao
aperfeiçoamento das raças consideradas inferiores.
********** ATIVIDADES 2 **********
C1
Compreender os elementos culturais que constituem
as identidades.
H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes
documentais acerca de aspectos da cultura.
.8. (ENEM-MEC)
O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes
construções de concreto e as estações de metrô, e cada
dia se torna mais presente nas grandes metrópoles
mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de
Nova lorque. É formado por três elementos: a música (o
rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No
hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como
uma forma de resistência política.
Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop
afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso
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político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros.
Apesar de ser um movimento originário das periferias
norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil,
onde se instalou com certa naturalidade – o que, no
entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha
sofrido influências locais. O movimento no Brasil é
híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido
com capoeira e grafite de cores muito vivas.
Adaptado de Ciência e Cultura, 2004.
De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação
artística tipicamente urbana, que tem como principais
características
(A) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter
nacionalista.
(B) a alienação política e a preocupação com o conflito
de gerações.
(C) a afirmação dos socialmente excluídos e a
combinação de linguagens.
(D) a integração de diferentes classes sociais e a
exaltação do progresso.
(E) a valorização da natureza e o compromisso com os
ideais norte-americanos.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades
humanas.
.9. (ENEM-MEC)
A cafeicultura atingiu a província de São Paulo,
adentrando a região do Vale do Paraíba paulista.
Cidades como Areias e Bananal tornaram-se, após os
anos 1850, as mais ricas vilas da província. Na Fazenda
Resgate, em Bananal: “... São 21 quartos, dos quais
cinco são alcovas, onde as moças dormiam vigiadas
pelos pais. Sua sala de visitas é adornada em estilo
rococó.
[...] Pertencia a Manoel de Aguiar Vallim, a Resgate
chegou a produzir 1% da riqueza nacional. Na época, a
fazenda era quase autossuficiente. Só importava sal e
peixe salgado. Produzia anil, fumo, açúcar mascavo e
algodão, com o qual se teciam as roupas usadas pelos
escravos.
[...] Longe de manter a Resgate para o próprio deleite,
Braga (atual proprietário da fazenda) permite que grupos
de estudantes visitem o casarão... ‘Eu me considero uma
espécie de fiel depositário da Resgate. Acho justo que as
pessoas tenham acesso à memória do país’.”
Ângela Pimenta. Pá na memória. Revista Veja,
24/4/1996, edição 1441, p. 122-125.
Pode-se considerar que:
I. a Fazenda Resgate é um patrimônio histórico
representativo do período de grande riqueza
obtida com a cafeicultura na região.
II. a decadência da Fazenda Resgate relaciona-se
com o descaso do poder público com o
patrimônio cultural nacional.
III. a preservação da Fazenda Resgate ocorre
devido à importância que o seu atual proprietário
concede a ela, pois é parte da memória do
desenvolvimento econômico do país.
Dentre essas afirmações,
(A) somente I e II estão corretas.
(B) somente I e III estão corretas.
(C) somente II e III estão corretas.
(D) I, II e III estão corretas.
(E) somente a III está correta.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos
seus processos históricos.
.10. (ENEM-MEC)
A identidade negra não surge da tomada de
consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma
diferença biológica entre populações negras e brancas
e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo
processo histórico que começa com o descobrimento, no
século XV, do continente africano e de seus habitantes
pelos navegadores portugueses, descobrimento esse
que abriu o caminho às relações mercantilistas com a
África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à
colonização do continente africano e de seus povos.
K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a
identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação:
reflexões e experiências. Brasília:
Semtec/MEC, 2003, p. 37.
Com relação ao assunto tratado no texto, é correto
afirmar que
(A) a colonização da África pelos europeus foi
simultânea ao descobrimento desse continente.
(B) a existência de lucrativo comércio na África levou os
portugueses a desenvolverem esse continente.
(C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início
da escravidão no Brasil.
(D) a exploração da África decorreu do movimento de
expansão europeia do início da Idade Moderna.
(E) a colonização da África antecedeu as relações
comerciais entre esse continente e a Europa.
________________________________________________
*Anotações*
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*MÓDULO 2*
Cultura – Religiões
O caminho para um só Deus
Criar deuses diferentes foi uma maneira de os povos
da Pré-História e da Antiguidade tentarem entender e
explicar os fenômenos da natureza e os ciclos da vida.
Cultuar o deus da chuva era uma forma de pedir
proteção em tempos de seca, por exemplo. O culto a
muitos deuses é chamado de politeísmo. Vários povos
europeus, africanos, asiáticos e americanos (como os
índios brasileiros) tinham cultos animistas (em louvor aos
elementos da natureza).
Assim como os gregos o foram antes deles, os
romanos eram politeístas e se dedicavam aos rituais
religiosos. Todas as casas possuíam um cômodo
reservado para as oferendas e orações aos deuses.
Além das divindades de origem estrangeira (muitas delas
gregas), o próprio imperador, no período imperial, era um
deus a ser cultuado. No fim do período republicano
(séculos V a I a.C.), já era comum a crença em vida após
a morte, uma doutrina que seria fundamental dentro do
cristianismo prestes a surgir entre os hebreus, então
dominados por Roma.
Os hebreus foram o primeiro povo a abandonar o
poIiteísmo e a crer em uma divindade única e maior.
Embora não tenha valor científico, a saga dos hebreus é
narrada no Velho Testamento desde suas origens na
Mesopotâmia até suas constantes mudanças entre
Canaã ou Palestina (hoje Israel) e o Egito, entre os anos
2000 a.C. e 1500 a.C. Os hebreus conseguiram formar
Israel por volta de 1010 a.C., reino que teve como
soberanos Saul, Davi e Salomão. Quando os romanos
destruíram Jerusalém, no século I, teve início a grande
Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus pelo mundo.
Eles viveram em grupos separados por 2.000 anos, até a
criação do Estado de Israel, apenas em 1948. O
sentimento de pertencer a uma só nação foi possível
apenas em razão de sua forte crença religiosa e do fato
de acreditarem que a Palestina estava destinada a eles
por vontade divina.
Com alguns ensinamentos morais em comum com o
judaísmo, já então consolidado entre os hebreus, o
cristianismo se baseou nas pregações de um hebreu,
Jesus Cristo, transmitidas por seus apóstolos. A nova
religião se difundiu aos poucos entre os romanos, mas
seus seguidores foram perseguidos por não aceitarem o
caráter divino do imperador e serem considerados
subversivos. No século II, com o império já em
decadência e sofrendo invasões bárbaras, o número de
cristãos aumentou consideravelmente. Em 313, o
imperador Constantino se converteu ao cristianismo e
deu liberdade religiosa aos romanos, no chamado Edito
de Milão. Em 380, Teodósio I tornou essa a religião
oficial do império. Quinze anos depois, Teodósio dividiu o
império em dois, o do Ocidente, em Roma, e o do
Oriente, em Constantinopla. O primeiro seria a base da
Igreja Católica Apostólica Romana; o segundo seria o
Império Bizantino, que a partir de 1054 seria regido pela
Igreja Ortodoxa, fundada com a separação do
cristianismo. Essa divisão, conhecida como Cisma do
Oriente, ocorreu por motivos de doutrina.
A Idade Média europeia viveu sob a força do
teocentrismo: Deus é o centro e a explicação para tudo.
Com o apoio do império e dos bárbaros convertidos, a
Igreja Católica passou a acumular terras e fortunas. Com
tanto poder nas mãos, as autoridades católicas fizeram
de tudo para aumentá-lo ainda mais, recebendo doações
e benesses dos novos reinos que se formavam em troca
de confortos e garantias espirituais. Os sacerdotes
muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate
à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja) para
obter mais poder ou enfraquecer aqueles que não
contribuíam com a Igreja. O símbolo máximo dessa
repressão foi a instauração, no século XIII, dos tribunais
do Santo Ofício, ou Inquisição.
As invasões na Europa
diminuíram a partir do
século XI e, na mesma
época, a Igreja conseguiu
reduzir os conflitos entre os
senhores feudais. A Europa
entrou em relativo período
de paz e segurança,
mantido também sob as
rígidas e violentas normas
da Inquisição. A agricultura
prosperou e a população
aumentou, fazendo com
que os nobres e a Igreja
ambicionassem mais
espaço e poder, o que os
levaria às Cruzadas.
REPRODUÇÃO
 Papiro do século II chamado P52, que contém
trechos, em grego, do Evangelho Segundo João
 O homem desenvolveu crenças e religiões desde a
Pré-História para tentar explicar fenômenos da
natureza e do ciclo da vida.
 Os hebreus foram os primeiros a desenvolver uma
religião monoteísta (crente em um Deus único).
Depois vieram os cristãos e os islâmicos.
 O Império Romano, a princípio, sufocava a fé cristã,
mas ela ganhou força e, no século IV, virou a religião
oficial dos romanos.
 A Idade Média viu o fortalecimento financeiro e
político da Igreja Católica, que, por meio de
iniciativas como as Cruzadas e a Inquisição,
procurou ampliar seu poder e manter seus fiéis.
 Vários movimentos de cisão da Igreja Católica
ganharam força a partir do século XVI, criando
religiões denominadas protestantes.
 A fé islâmica ou muçulmana começou no século VII,
período no qual viveu o profeta Maomé, e unificou
tribos árabes antes inimigas.
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 Maomé foi não apenas um profeta, mas também
general e líder político. Conquistou pessoalmente a
cidade de Meca, que se tornou a cidade mais
sagrada para os muçulmanos.
 O sionismo foi o movimento entre os judeus para
colonizar a Palestina e fundar um país próprio. Israel
foi criado em 1948, então com o respaldo da ONU,
mas encontrou imediata resistência dos vizinhos
árabes.
 O nacionalismo árabe surgiu no século XX como
movimento de independência dos povos islâmicos e
tinha caráter secular e mesmo antirreligioso.
 O Islã radical surgiu no século XX como movimento
de independência dos povos árabes e tinha caráter
secular e mesmo antirreligioso.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões de 1 a 3.
Quem foi Maomé
Profeta e fundador do islamismo, ele também
exerceu o papel de líder político e militar
Maomé, o profeta máximo do Islã, teve três fases em
sua vida: de comerciante, profeta e profeta-general.
Nascido com o nome Muhammad Ibn Abdullah, em 570,
na cidade de Meca (na atual Arábia Saudita), perdeu a
mãe aos 6 anos e seu pai antes de nascer. Foi criado
pelo tio Abu Talib e desde cedo começou a trabalhar com
comércio. Sua família era influente e bem relacionada e,
aos 25 anos, casou-se com uma rica comerciante,
Cadija, então com 40 anos. O casamento duraria 24
anos.
Maomé tinha contato com cristãos e judeus, que
conviviam com pagãos na Arábia da época. Aos 40 anos,
quando meditava numa caverna, afirmou ter recebido a
visita do arcanjo Gabriel, que passou a lhe revelar a
palavra de Deus. Analfabeto, o profeta não escreveu ele
mesmo os versos, mas seus seguidores fizeram isso em
qualquer material disponível, como folhas de palmeira.
Compilados após sua morte, os textos formam o Corão.
Na fase de Meca, os versos eram brandos e falavam
principalmente contra a avareza e a obrigação de ajudar
os pobres. Quando, no entanto, Maomé passou a
condenar os ídolos pagãos no templo central de Meca,
criou animosidades em torno de si e de seu clã.
Em 619, morreu Cadija, que deixou a Maomé seis
filhos, entre eles dois homens, que morreriam antes dele.
Casou-se novamente, com duas mulheres ao mesmo
tempo. Uma delas, Aisha, tinha 7 anos. Aisha seria uma
figura importante para o Islã, ao recoletar os versos do
Corão e liderar uma disputa política que separaria xiitas e
sunitas.
Em 9 de setembro de 622, Maomé fugiu de Meca,
perseguido pelos pagãos. Esse fato é considerado tão
importante que é a data inicial do calendário islâmico.
Instalou-se na cidade de Medina, onde conseguiu
converter muitos seguidores. Aos 52 anos, era não
apenas um profeta, mas um líder político e militar.
Maomé reagia a ataques de tribos rivais com seu
exército e passou a conquistar cidades. Em 630, tomou
Meca. Ordenou a destruição de todos os ídolos do
templo pagão, deixando apenas uma pedra preta.
Segundo Maomé, a pedra datava da época de Adão e
Eva e havia ficado preta em razão dos pecados dos
homens. Em volta dessa pedra foi construída a Caaba, o
templo que é o lugar mais sagrado para os islâmicos.
Se os versos da fase de Meca eram relativamente
“paz e amor”, os versos da fase de Medina tornaram-se
mais militaristas. Desse período data o Verso da Espada
(Corão 9:5), que afirma: “Mas quando os meses
sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras
(564), onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e
espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a
oração e paguem o zakat, abri-Ihes o caminho. Sabei
que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”, um
preferido dos radicais contemporâneos.
Em Medina, Maomé casou-se várias vezes, chegando
a ter 10 mulheres ao mesmo tempo – para os demais
homens, o limite estabelecido era quatro. Além do Corão,
os Hadiths, diversos livros que contam sua vida, são
também sagrados aos islâmicos. Esses exemplos e as
revelações no Corão estabelecem os preceitos que
formam a Sharia, as leis islâmicas.
Maomé não deixou filhos homens, o que, ao morrer
em 632, aos 62 anos, causou sérios problemas de
sucessão no império que havia criado. Dessa sucessão
conflituosa nasceu a divisão entre xiitas e sunitas.
Superinteressante, São Paulo, mar. 2010.
.1. (AED-SP)
Antes de se tornar profeta, Maomé teve outra atividade
profissional. Qual foi ela?
___________________________________________________
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___________________________________________________
.2. (AED-SP)
Qual é a data inicial do calendário islâmico e por quê?
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.3. (AED-SP)
Maomé mudou profundamente a política de sua terra
natal. Como?
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.4. (ENEM-MEC)
“A burca não é um símbolo religioso, é um símbolo da
subjugação, da subjugação das mulheres. Quero dizer
solenemente que não será bem-recebida em nosso
território.”
Nicolas Sarkozy, presidente da França.
estadao.com.br, 22/6/2009.
Deputados que integram a Comissão Parlamentar
encarregada de analisar o uso da burca na França
propuseram a proibição de todos os tipos de véus
islâmicos integrais nos serviços públicos. (...) A resolução
prevê a proibição do uso de tais vestimentas nos serviços
públicos – hospitais, transportes, escolas públicas e
outras instalações do governo.
Folha Online, 26/1/2010.
Com base nos textos acima e em seus conhecimentos,
assinale a afirmação correta sobre o assunto.
(A) O governo francês proibiu as práticas rituais
islâmicas em todo o território nacional.
(B) Apesar da obrigatoriedade do uso da burca se
originar de preocupações morais, o presidente
francês a considera um traje religioso.
(C) A maioria dos Estados nacionais do Ocidente,
inclusive a França, optou pela adoção de políticas de
repressão à diversidade religiosa.
(D) As tensões políticas e culturais na França cresceram
nas últimas décadas com o aumento do fluxo
imigratório de populações islâmicas.
(E) A intolerância religiosa dos franceses, fruto da
Revolução de 1789, impede a aceitação do
islamismo e do judaísmo na França.
.5. (INEP-MEC)
Maomé, nascido em Meca, na Arábia, insatisfeito com o
paganismo, declarou ter visto o anjo Gabriel, que lhe
apresentara um texto com a ordem de recitá-lo.
Considerando-se então o último e maior de todos os
profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da
Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela:
(A) divisão das esferas de poder político e de poder
religioso, constituindo um Estado laico, mas no qual
a Igreja assumia um lugar privilegiado.
(B) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive à
custa do Império Persa e do Império Bizantino,
enfraquecidos por graves crises internas.
(C) conversão forçada dos povos conquistados à nova
religião do Islã, com a proibição dos cultos judeus e
cristãos e o confisco de terras.
(D) rejeição total à assimilação da cultura dos povos
conquistados e das culturas antigas, em nome da
verdadeira compreensão da palavra de Deus.
(E) proibição das concentrações urbanas, do comércio e
da geração de novas técnicas de trabalho,
considerados contrários aos preceitos do Corão.
.6. (VUNESP)
“[Na Idade Média] Homens e mulheres gostavam
muito de festas. Isso vinha, geralmente, tanto das velhas
tradições pagãs (...), quanto da liturgia cristã.”
Jacques Le Goff. A Idade Média Explicada
aos Meus Filhos, 2007.
Sobre essas festas medievais, podemos dizer que:
(A) muitos relatos do cotidiano medieval indicam que
havia um confronto entre as festas de origem pagã e
as criadas pelo cristianismo.
(B) os torneios eram as principais festas e rompiam as
distinções sociais entre senhores e servos, que,
montados em cavalos, se divertiam juntos.
(C) a Igreja Católica apoiava todo tipo de comemoração
popular, mesmo quando se tratava do culto a alguma
divindade pagã.
(D) as festas rurais representavam sempre as relações
sociais presentes no campo, com a encenação do
ritual de sagração de cavaleiros.
(E) religiosos e nobres preferiam as festas privadas e
pagãs, recusando-se a participar dos grandes
eventos públicos cristãos.
.7. (ENEM-MEC)
Preparando seu livro sobre o imperador Adriano,
Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de Flaubert
esta frase: “Quando os deuses tinham deixado de existir
e o Cristo ainda não viera, houve um momento único na
história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem
ficou sozinho”. Os deuses pagãos nunca deixaram de
existir, mesmo com o triunfo cristão, e Roma não era o
mundo, mas, no breve momento de solidão flagrado por
Flaubert, o homem ocidental se viu livre da metafísica – e
não gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo
que não domina e mal compreende, sem o apoio e o
consolo de uma teologia, qualquer teologia?
Luís Fernando Veríssimo. Banquete com os Deuses.
O cristianismo, após ter sido durante muito tempo
combatido pelo Império Romano, tornou-se sua religião
oficial no século IV. O reconhecimento do cristianismo
pelo Império Romano corresponde:
(A) ao Concílio Ecumênico, que aboliu os cultos pagãos
e promoveu a expansão do cristianismo.
(B) ao Edito de Milão, que concedeu liberdade de culto
aos cristãos e proibiu as perseguições.
(C) à Pax Romana, que pôs fim aos conflitos religiosos e
atestou a hegemonia do cristianismo na Europa.
(D) ao Concílio de Trento, que sistematizou e tornou
obrigatório o ensino do cristianismo em todo o
Império.
(E) ao Triunvirato, que conferiu poder político a bispos e
considerou heresia qualquer outra crença religiosa.
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.8. (INEP-MEC)
A compreensão do mundo por meio da religião é uma
disposição que traduz o pensamento medieval, cujo
pressuposto é:
(A) o antropocentrismo: a valorização do homem como
centro do Universo e a crença no caráter divino da
natureza humana.
(B) a escolástica: a busca da salvação através do
conhecimento da filosofia clássica e da assimilação
do paganismo.
(C) o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de
fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é parte
da substância divina.
(D) o positivismo: submissão do homem aos dogmas
instituídos pela Igreja e não questionamento das leis
divinas.
(E) o teocentrismo: concepção predominante na
produção intelectual e artística medieval, que
considera Deus o centro do Universo.
********** ATIVIDADES 2 **********
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes
fontes sobre determinado aspecto da cultura.
.9. (ENEM-MEC)
Usamos um calendário que tem como ponto inicial o
nascimento de Cristo. Assim, o ano de 2002 marca o
tempo transcorrido desde o nascimento de Jesus. O
marco inicial do calendário muçulmano é a fuga do
profeta Maomé da cidade de Meca para Medina.
Pode-se afirmar que os calendários muçulmano e cristão
estão organizados a partir de uma referência
(A) política.
(B) religiosa.
(C) econômica.
(D) militar.
(E) social.
H5
Identificar as manifestações ou representações da
diversidade do patrimônio cultural e artístico em
diferentes sociedades.
.10. (ENEM-MEC)
A Festa do Divino foi instituída em Portugal nos
primeiros anos do século XIV pela rainha Isabel, mulher
de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espírito Santo
em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século XVI e é
celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas,
Espírito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão,
leilão de prendas e as manifestações folclóricas
peculiares de cada região. Na preparação da festa
realiza-se uma folia, com a bandeira do Divino, para
arrecadar fundos, e são armados coretos, palanques e
um trono para o imperador do Divino. Trata-se de uma
criança ou adulto que, durante a festa, exerce poderes
majestáticos, chegando até a libertar presos comuns em
algumas regiões de Portugal e do Brasil.
www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/6ritos/divino.html
De acordo com o texto, sobre a Festa do Divino, conclui-
-se que
(A) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel
de Portugal.
(B) é herança da cultura europeia cristã trazida pelos
colonizadores.
(C) descaracterizou-se ao incorporar manifestações
folclóricas.
(D) servia para arrecadar fundos ao imperador em
Portugal.
(E) as manifestações folclóricas incorporadas à Festa do
Divino estão relacionadas à família real.
.11. (ENEM-MEC)
Pintura rupestre da Toca do Pajaú – PI. www.betocelli.com
A pintura rupestre acima, que é um patrimônio cultural
brasileiro, expressa
(A) o conflito entre os povos indígenas e os europeus
durante o processo de colonização do Brasil.
(B) a organização social e política de um povo indígena
e a hierarquia entre seus membros.
(C) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram
durante a chamada pré-história do Brasil.
(D) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes
dinossauros atualmente extintos.
(E) a constante guerra entre diferentes grupos
paleoíndios da América durante o período colonial.
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*Anotações*
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*MÓDULO 3*
Sociedade – Mulheres
Rainhas do lar
A divisão do trabalho moldou a maneira como as
sociedades humanas se fizeram e também a forma como
as pessoas se organizaram em sua vida privada. Por
causa da gestação e da amamentação, à mulher coube o
cuidado com os filhos e com os trabalhos em casa ou
próximos dela (como a colheita e o manuseio dos
alimentos). O homem, que podia se distanciar e estava
sempre apto ao trabalho, foi adquirindo funções de
comando e atribuições como participar de batalhas. A
sociedade patriarcal, baseada no poder do homem, foi a
base de quase todas as civilizações desde a Antiguidade.
No mundo antigo e feudal, os homens sempre
estiveram nos cargos de comando, com raras exceções –
como Cleópatra, cogovernante do Egito no século I a.C.,
ou a imperatriz bizantina Irene (século IX). Em muitas
cidades-Estado da Grécia, as mulheres não tinham
direitos políticos e as crianças só ficavam sob seus
cuidados quando pequenas – assim que chegavam à
idade de receber educação, por volta dos 7 anos, eram
entregues aos tutores e professores, todos homens.
Entre os romanos, o homem detinha tanto poder que
podia aceitar ou rejeitar um filho, condenando-o algumas
vezes a uma vida de escravidão ou morte. A rejeição era
comum entre crianças do sexo feminino e aquelas com
deficiências. O primogênito (filho mais velho) tinha
privilégios especiais em várias sociedades, como direito
maior à herança e até a uma porção maior de comida. Na
Idade Média, muitos primogênitos herdavam sozinhos as
terras do pai, virando suseranos (o senhor feudal), e
transformavam os irmãos em vassalos (nobres que
deviam ser fiéis ao suserano e prestar-lhe serviços). A
sociedade era patriarcal (girava em torno do chefe de
família) e as mulheres, desprovidas de direitos,
dependiam dos pais, irmãos e marido.
A vida em família durante a Idade Média girava em
torno das obrigações com a Igreja e com o trabalho no
campo. A expectativa de vida era baixa (em torno de 30
anos) e a mortalidade infantil, altíssima (em torno de
45%), em parte devido ao desconhecimento da
importância da higiene para evitar doenças que
vitimavam mais facilmente os mais frágeis. No século IX,
os bispos carolíngios redigiram tratados regularizando o
casamento e dando alguns direitos às mulheres (como o
de não apanhar dos homens) e às crianças (elas eram
uma dádiva e deviam ser aceitas pelos pais). Em
algumas regiões da Europa, monastérios formavam
escolas e abrigavam órfãos e filhos de camponeses, que
assim eram alfabetizados e educados. Essa benesse era
dada aos meninos e jovens do sexo masculino e era
muito restrita, já que mais de 90% da população era
analfabeta.
A Idade Moderna teve mulheres poderosas, como
Isabel I de Castela, que, com o marido, Fernando II de
Aragão, formou o casal mais poderoso do século XV, os
Reis Católicos da Espanha. Também foi marcante a
passagem pelo poder da rainha Elizabeth I, da Inglaterra
(século XVII), soberana em uma época de ebulição
política e cultural em seu país (o escritor William
Shakespeare ganhou fama nesse período). Eram
mulheres da nobreza e com acesso à educação, e foram
exceções numa linha do tempo essencialmente
masculina.
A mulher permaneceu relegada aos bastidores do
poder até muito recentemente. A Revolução Industrial do
século XVIII tirou-a de casa e do campo e a colocou nas
fábricas (muitas vezes, com os filhos). No século XIX, as
mulheres assumiram novos postos nas áreas de
educação e saúde (enfermagem), mas ainda não podiam
votar. O primeiro país a conceder o sufrágio (direito a
voto) feminino foi a Nova Zelândia, em 1893. A Inglaterra
teve um longo movimento sufragista, com protestos,
prisões e até uma morte, e regularizou o voto depois da
Primeira Guerra Mundial, em 1918. Pouco mais de 60
anos depois, o país
elegeria uma mulher
para o cargo de
primeira-ministra,
Margareth Thatcher,
que governou em
conjunto com outra
rainha Elizabeth (II). No
Brasil, as mulheres
puderam votar a partir
de 1932, mas só as
casadas (com
autorização do marido)
e as viúvas e solteiras
que tivessem renda
própria.
REPRODUÇÃO
 Elizabeth I: uma mulher no
poder inglês no século XVII
 A divisão de tarefas dentro da família levou o homem
a cuidar da provisão de alimentos e bens, enquanto
a mulher ficou encarregada de cuidar da prole e do
lar.
 Nas sociedades patriarcais, vigentes na Idade Média
europeia e no Brasil colonial, todos deviam obedecer
ao chefe da família. Até a divisão de herança
privilegiava apenas os homens.
 Até o Renascimento, a educação era ligada a temas
religiosos e, fora do clero e da nobreza, poucos eram
letrados.
 A educação das crianças passou a ser considerada
pelas classes mais altas a partir dos séculos XVII e
XVIII. Crianças proletárias trabalhavam na lavoura,
nas minas e fábricas desde muito cedo, por volta dos
6 ou 7 anos.
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 O século XX viu o surgimento de várias conquistas
femininas, como o sufrágio (direito ao voto) nas
primeiras décadas e a revolução sexual na década
de 1960, catalisada, entre outros fatores, pelo
desenvolvimento da pílula anticoncepcional.
 As mulheres representam quase metade da força de
trabalho do Brasil, mas ganham menos que os
homens para exercer funções iguais.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões 1 e 2.
Elas chegaram lá
O Brasil está sendo comandado por uma mulher.
Muitas famílias também
A batalha diária da
múltipla jornada feminina
tem surtido efeito:
as mulheres ganharam
espaço no mercado de
trabalho em praticamente
todos os setores – e
muitas já exibem o maior
salário da casa. De acordo
com estudo divulgado em
setembro pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), 25,7%
das mulheres têm hoje
salário igual ou maior que
o do marido no Brasil.
Esse percentual faz parte de um universo de 13 milhões
de casais, nos quais o homem é apontado como chefe da
casa e a mulher também trabalha. O Brasil tem ainda
mais 5 milhões de casais nos quais a mulher é
apresentada como chefe.
Os tempos de “Amélia” estão, definitivamente, ficando
para trás. O termo ficou famoso como sinônimo de
“mulher do lar” por causa do samba Ai, que Saudades da
Amélia, de Mário Lago e Ataulfo Alves. Lançada em
1941, a música ressaltava as virtudes de uma mulher que
se dedicava de corpo e alma ao bem-estar do marido.
Livres da sombra da submissão, muitas mulheres de hoje
não querem se dedicar exclusivamente às tarefas
domésticas e não esperam, em contrapartida, que caiba
sempre ao homem a tarefa de pagar a conta do
restaurante.
Muitos homens ainda não lidam muito bem com essa
nova realidade. Nessa briga de saldos bancários, quem
acaba pagando a conta muitas vezes é a harmonia
conjugal. Coordenadora administrativa de uma empresa
de planos de saúde de São Paulo, Cláudia Donegati, de
44 anos, tinha um salário quase igual ao do marido até
receber uma promoção. O contracheque engordou,
Cláudia ficou satisfeita com o reconhecimento
profissional, mas acabou arranjando dor de cabeça em
casa.
“Lembro que na época meu marido se sentiu
inferiorizado com a situação e o relacionamento deu uma
boa balançada”, conta. Foram três anos de muita
conversa e ajuda de terapia até reverter a situação.
Uma das consequências mais comuns – e polêmicas
– da superioridade profissional feminina é que a mulher
passa a esperar que o homem assuma parte das tarefas
domésticas. O poder financeiro também dá a ela o direito
de tomar algumas decisões que tradicionalmente são do
marido – a marca do carro, por exemplo. “O homem,
culturalmente, cresce para ter poder, copiando o modelo
do pai e do avô. Quando vê que na casa dele está sendo
diferente, ele se pergunta o que está fazendo de errado”,
afirma a consultora Neli Barboza.
Você S/A Especial, 1/12/2010 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
Amélia é o símbolo da dona de casa dedicada aos
afazeres domésticos e submissa ao marido. Por que
esse estereótipo tem se tornado menos comum na
sociedade brasileira?
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.2. (AED-SP)
Por que muitos homens têm dificuldades para aceitar que
as mulheres ganhem mais do que eles?
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.3. (ENEM-MEC)
Texto 1:
Durante a Idade Média europeia, as estratégias
matrimoniais organizavam e sustentavam as relações
sociais. O casamento era antes de tudo um pacto entre
famílias. Nesse ato, a mulher era ao mesmo tempo
doada e recebida, como um ser passivo. Sua principal
virtude, dentro e fora do casamento, deveria ser a
obediência, a submissão. Solteira, era identificada
sempre como “filia” de, “soror” de. Casada, passava a ser
personificada como “uxor” de. Filha, irmã, esposa: os
homens deviam ser sua referência.
MACEDO, José Rivair. A Mulher na Idade Média. 5.ª ed.
São Paulo: Contexto, 2002 (com adaptações).
Texto 2:
“O que as revistas femininas aconselhavam às
leitoras:
[...] – A mulher deve fazer o marido descansar nas
horas vagas, nada de incomodá-lo com serviços
domésticos. (Jornal das Moças, 1959).
AFP
 Eleita com 55,7 milhões de
votos, Dilma Rousseff é a
primeira mulher na
Presidência do Brasil
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– Se o seu marido fuma, não arrume brigas pelo
simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros
espalhados por toda a casa. (Jornal das Moças, 1957).
– O lugar de mulher é no lar, o trabalho fora de casa
masculiniza. (Querida, 1955). [...].”
In: COTRIM, Gilberto. História e Consciência
do Brasil. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
Com base na leitura comparativa dos textos, constata-se
que:
(A) o patriarcalismo medieval europeu influenciou,
durante muito tempo, a cultura brasileira, tendo em
comum a valorização da submissão feminina.
(B) a ideologia patriarcal da Europa renascentista foi
absorvida, sem alterações, pela sociedade brasileira
na ditadura militar.
(C) o Direito Romano, desde a Antiguidade, submeteu a
mulher a uma inferioridade legal, que vigora na atual
legislação brasileira.
(D) as mulheres não possuíam direitos civis, tanto na
Europa, na Idade Moderna, quanto no Brasil, na
segunda metade do século XX.
(E) o papel feminino está subordinado, nas duas
conjunturas históricas, coisificando a mulher, contudo
não existe a discriminação de gênero na sociedade
brasileira atual.
.4. (INEP-MEC)
“Entre Adão e Deus, no paraíso, não havia mais que
uma mulher; ela, porém, não encontrou um momento de
descanso enquanto não conseguiu lançar seu marido
para fora do jardim das delícias e condenar Cristo ao
tormento da cruz.”
VITRY, Jacques. Apud GIORDANI, Mário C. História do
Mundo Feudal. Petrópolis, Vozes, vol. 2, 1983, p. 210.
Analisando o texto de Jacques Vitry, um autor do século
XVIII, e o papel da mulher nas sociedades da
Antiguidade, na Idade Média e na Idade Moderna,
assinale a proposição falsa:
(A) Na maioria das sociedades da Antiguidade, com
exceção da egípcia (onde algumas mulheres tiveram
papel de relevo), a mulher tinha pouca importância,
sendo considerada, frequentemente, uma
propriedade.
(B) Como podemos perceber no texto, o preconceito
contra as mulheres foi reforçado na Idade Média.
(C) A visão preconceituosa do autor, em relação à
mulher, é tão grande que atribui a ela a expulsão do
homem do paraíso e, até mesmo, a condenação de
Cristo à morte na cruz.
(D) Em alguns momentos da História da Europa, a
mulher foi identificada como encarnação do mal.
Muitas delas foram perseguidas, condenadas por
“heresias e bruxaria”.
(E) Com o advento da imprensa, o desenvolvimento
urbano e a disseminação das ideias liberais, as
mulheres, gradativamente, passaram a ter condições
iguais às dos homens. Já no início da Idade
Moderna, na Inglaterra e na França, conseguiram o
direito ao voto e o de serem eleitas para a Câmara
dos Comuns (Inglaterra) e para a Convenção
Nacional (França).
.5. (ENEM-MEC)
Os dados da tabela mostram uma tendência de
diminuição, no Brasil, do número de filhos por mulher.
Evolução das Taxas de Fecundidade
Época Número de filhos por mulher
Século XIX 7
1960 6,2
1980 4,01
1991 2,9
1996 2,32
Fonte: IBGE, contagem da população de 1996.
Dentre as alternativas, a que melhor explica essa
tendência é:
(A) Eficiência da política demográfica oficial por meio de
campanhas publicitárias.
(B) Introdução de legislações específicas que
desestimulam casamentos precoces.
(C) Mudança na legislação que normatiza as relações de
trabalho, suspendendo incentivos para trabalhadoras
com mais de dois filhos.
(D) Aumento significativo de esterilidade decorrente de
fatores ambientais.
(E) Maior esclarecimento da população e maior
participação feminina no mercado de trabalho.
.6. (ENEM-MEC)
A tabela apresenta a taxa de desemprego, em
percentuais, dos jovens entre 15 e 24 anos, estratificada
com base em diferentes categorias.
Região Homens Mulheres
Norte 15,3 23,8
Nordeste 10,7 18,8
Centro-Oeste 13,3 20,6
Sul 11,6 19,4
Sudeste 16,9 25,7
Grau de Instrução
Menos de 1 ano 7,4 16,1
De 1 a 3 anos 8,9 16,4
De 4 a 7 anos 15,1 22,8
De 8 a 10 anos 17,8 27,8
De 11 a 14 anos 12,6 19,6
Mais de 15 anos 11,0 7,3
Fonte: PNAD/IBGE, 1998.
Considerando apenas os dados anteriores e analisando
as características de candidatos a emprego, é possível
concluir que teriam menor chance de consegui-lo:
CHH  História 
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 19
(A) mulheres, concluintes do Ensino Médio, moradoras
da cidade de São Paulo.
(B) mulheres, concluintes de curso superior, moradoras
da cidade do Rio de Janeiro.
(C) homens, com curso de pós-graduação, moradores
de Manaus.
(D) homens, com dois anos de Ensino Fundamental,
moradores de Recife.
(E) mulheres, com Ensino Médio incompleto, moradoras
de Belo Horizonte.
********** ATIVIDADES 2 **********
C3
Compreender a produção e o papel histórico das
instituições sociais, políticas e econômicas,
associando-as aos diferentes grupos, conflitos e
movimentos sociais.
H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no
tempo e no espaço.
.7. (ENEM-MEC)
Um grupo de estudantes, saindo de uma escola,
observou uma pessoa catando latinhas de alumínio
jogadas na calçada. Um deles considerou curioso que a
falta de civilidade de quem deixa lixo pelas ruas acaba
sendo útil para a subsistência de um desempregado.
Outro estudante comentou o significado econômico da
sucata recolhida, pois ouvira dizer que a maior parte do
alumínio das latas estaria sendo reciclada. Tentando
sintetizar o que estava sendo observado, um terceiro
estudante fez três anotações, que apresentou em aula no
dia seguinte:
I. A catação de latinhas é prejudicial à indústria de
alumínio.
II. A situação observada nas ruas revela uma
condição de duplo desequilíbrio: do ser humano
com a natureza e dos seres humanos entre si.
III. Atividades humanas resultantes de problemas
sociais e ambientais podem gerar reflexos
(refletir) na economia.
Dessas afirmações, você tenderia a concordar, apenas,
com
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) II.
(E) III.
H12
Analisar o papel da Justiça como instituição na
organização das sociedades.
.8. (ENEM-MEC)
O texto refere-se às terras indígenas.
A criação dessas áreas tem como finalidade proteger
e garantir a sobrevivência dos grupos indígenas. Elas
são controladas pela Funai. No entanto, parte dessas
terras ainda não está demarcada, o que facilita a entrada
nessas áreas e sua utilização para outras atividades
como a agropecuária, a mineração, a extração de
madeiras, a construção de hidrelétricas e rodovias.
Muitos grupos indígenas abandonam suas terras,
encontrando sérios problemas para sua sobrevivência.
Adaptado de www.ibge.gov.br
Além da Funai e dos índios, estão envolvidos no
processo de demarcação de terras indígenas
(A) grupos dos sem-terra e comerciantes.
(B) empresários e governos.
(C) grileiros e ambulantes.
(D) embaixadas estrangeiras e comerciantes.
(E) desempregados e industriais.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que
contribuíram para mudanças ou rupturas em processos
de disputa pelo poder.
.9. (ENEM-MEC)
Leia as citações.
Constituição de 1937
Dos direitos sociais
Art. 139 – A greve e o lock-out são declarados recursos
antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e
incompatíveis com os superiores interesses da produção
nacional.
Constituição de 1988
Dos direitos sociais
Art. 9.º – É assegurado o direito de greve, competindo
aos trabalhadores decidir sobre os interesses que devam
por meio dele defender.
Analisando as citações às referidas Constituições, é
possível afirmar que o direito de greve
(A) ajudou a desenvolver a indústria nacional a partir de
1937, durante a ditadura Vargas.
(B) foi uma conquista social recente, no contexto da
ditadura militar dos anos 1960, período de
conquistas democráticas.
(C) foi proibido durante a ditadura Vargas e conquistado
em 1988, em um contexto de abertura democrática.
(D) permitiu às categorias profissionais realizarem a
greve de acordo com sua vontade, tanto em 1937
quanto em 1988.
(E) é permitido pelas duas Constituições, desde que
esteja de acordo com os superiores interesses
nacionais.
________________________________________________
*Anotações*
CHH  História 
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 20
*MÓDULO 4*
Cultura – Choque
O Ocidente conhece o Oriente
O período entre a ascensão de Alexandre ao poder
(336 a.C.) e o domínio da Grécia pelos romanos (146
a.C.) é chamado de Helenístico. Durante esses dois
séculos, os gregos expandiram seu território, o que levou
a um encontro com a cultura oriental.
Alexandre assumiu o poder aos 20 anos, após o
assassinato de seu pai, Filipe II. Quando Alexandre
nasceu, seu pai, um governante da Macedônia (norte da
Grécia), havia acabado de conquistar as outras cidades-
-Estado, então bastante enfraquecidas por guerras
constantes entre atenienses e espartanos, e unificou a
Grécia sob um governo único. O jovem Alexandre herdou
um grande território – mas queria mais. Sua maior
batalha foi travada para conquistar o reino da Pérsia, sob
governo de Dario III. Nos combates, mostrou seu talento
para dirigir exércitos e criar novas armas. Anexou a Síria,
a Fenícia, a Palestina, o Egito e a Mesopotâmia.
Educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre
difundia a cultura grega conforme expandia o império. Ao
chegar ao Egito, fundou uma cidade para substituir
Atenas como centro de saber da época: batizada de
Alexandria, ela passou a ser o mais importante centro do
Mediterrâneo antes do domínio de Roma. A cidade tinha
uma das maiores bibliotecas da Antiguidade, que reunia
grande parte do conhecimento da época. Foi em
Alexandria que Aristarco de Samos propôs pioneiramente
que a Terra gira ao redor do Sol; que Euclides abriu uma
escola de matemática; que Herófilo, o pai da anatomia,
estudou o cérebro e os ritmos do pulso. Um dos
estudantes de Alexandria foi Arquimedes, cuja
contribuição para a humanidade em matemática e física
inclui o aperfeiçoamento do sistema numérico e a
invenção da alavanca e da roldana móvel.
Além do Egito e da Pérsia, Alexandre e seus exércitos
foram além, atravessando a Ásia Menor e chegando ao
rio Indo, na Índia. Nunca um grupo ocidental havia ido tão
longe e levado a cultura grega (sua língua, a educação, a
filosofia e a religião), o que gerou uma simbiose com os
costumes locais. Aparentemente, Alexandre gostaria de
avançar mais, mas seus homens, longe de casa havia
vários anos, ameaçaram um motim caso não
retornassem para a Grécia.
Na volta, Alexandre parou na Mesopotâmia e morreu,
aos 32 anos, de uma febre desconhecida. A Macedônia
foi dividida entre três generais – Alexandre, o Grande,
não deixou herdeiros declarados. O Império Macedônio
sobreviveu mais de um século graças aos laços de
cultura e comércio iniciados por Alexandre. Mas Roma já
ascendia e dominaria a Macedônia em 148 a.C.,
anexando a Grécia dois anos depois.
EDITORA MOL
 Fonte: José Arruda e Nelson Piletti. Toda a História. 3.ª ed. São Paulo: Ática, 2009, p. 7.
CHH  História 
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 21
 O macedônio Alexandre, o Grande, que assumiu o
poder aos 20 anos e morreu aos 32, no século IV
a.C., ampliou as possessões gregas ao incorporar o
Império Persa e terras da Ásia Menor, numa intensa
troca marcada pelo intercâmbio cultural entre
dominadores e dominados.
 Os romanos chamavam de bárbaros (forma
pejorativa de defini-los como “não civilizados”) as
etnias que viviam fora de suas fronteiras e que as
invadiam. Hunos, godos, anglos e saxões são alguns
desses povos, que levaram à derrocada do Império
Romano e formaram novas culturas, misturando
romanos e outros povos.
 No século XIX, os europeus usaram seu poder militar
e financeiro para ocupar nações na Ásia e na África.
O neocolonialismo redividiu a África de acordo com
interesses europeus, prejudicando seriamente várias
nações e suas culturas. Os movimentos de ocupação
em busca de riqueza provocaram diversas guerras.
 Na Índia, os colonizadores ingleses enfrentaram a
(vitoriosa) resistência pacífica de Mahatma Gandhi e
seus seguidores nas primeiras décadas do século
XX. O país acabou por conquistar a independência,
em 1947.
 Para dominar a China, os ingleses deflagraram (e
venceram) a Guerra do Ópio, no século XIX. O país
teve um extenso território colonizado por europeus,
russos, norte-americanos e japoneses. Hoje, realiza
um grande esforço de modernização, crescimento
econômico e aumento da influência política no
cenário internacional, sem deixar de lado as
tradições de uma cultura de 5.000 anos de história.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para a questão 1.
Admirável mundo novo
Orgulhosos de sua civilização milenar, os chineses
crescem em ritmo vertiginoso e buscam a liderança no
cenário internacional
Pense num país. Um país de cultura milenar e que se
transformou radicalmente nos últimos tempos. Pense na
capital desse país, que sofreu a maior mudança de sua
longa história em apenas dez anos – os últimos dez
anos. Pequim, China, você certamente pensou. Assim, é
natural Pequim reivindicar um lugar que já ocupou – ou
pretendeu ocupar –, no começo do século XV, como
“capital do universo”. A China, que vive há três décadas
um crescimento econômico estupendo, 10% ao ano em
média, agora se abre para o turismo e o olhar
estrangeiro. Destruiu e reconstruiu bairros e bairros.
Fincou arranha-céus impressionantes, boa parte deles
com a assinatura de arquitetos ocidentais badalados. Viu
sua indústria automobilística explodir, suas malhas viária
e metroviária fermentar, seu aeroporto duplicar e tornar-
-se o maior do mundo. Ficou para trás, muito para trás, a
cidade cheia de lavouras chegando aos limites da Praça
da Paz Celestial, uma imagem que um estrangeiro veria
30 anos atrás.
Se Pequim hoje começa a lembrar Tóquio e Nova
York, consegue (ainda) manter vivas suas diferenças. Os
prédios não têm os 4.º, 14.º, 24.º, 34.º andares porque o
4 é um número associado à morte. Os casais, que só
podem ter um único filho – ou dois, excepcionalmente –,
programam o nascimento de olho no horóscopo.
Popularíssima é a medicina tradicional chinesa, da
acupuntura às receitas de chá e à aplicação de ventosas
nas costas. E a terrível e decana censura do governo
comunista, que controla toda a imprensa nacional, os
filmes em cartaz nos cinemas e a internet, ignora
solenemente a pirataria, outro traço cultural que resiste.
Os chineses consideram-se pais da cultura e da
filosofia orientais. Converse com um local e ele
prontamente repetirá o que aprendeu em idade escolar:
esta é a civilização mais antiga do mundo, com 5.000
anos. O alfabeto é praticamente impenetrável para
forasteiros – são “apenas” cerca de 20.000 ideogramas.
Os chineses orgulham-se disso e passam horas
escrevendo os caracteres na calçada. Acredita-se que a
elegância da escrita denote o grau de instrução. Mais
sinais da cultura chinesa aparecem pelas ruas. No sul de
Pequim, o Parque Tiantan Gongyuan reúne respeitáveis
senhores que fazem tai chi chuan e cantam e dançam
em grupo, ao ar livre. O parque fica ao lado do famoso
Templo do Céu, onde os grandes imperadores ofereciam
sacrifícios em prol de boas colheitas na primavera.
No norte de Pequim, na área montanhosa, está uma
seção da Muralha da China, uma das Sete Novas
Maravilhas do Mundo. Com mais de 6.000 quilômetros de
extensão, ela começou a ser erguida no século III a.C.
para evitar as invasões da Mongólia e agregou quase um
quarto da população (militares, prisioneiros e campônios)
na obra. Hoje é tomada pelo turismo de massa e por uma
massa ainda maior de vendedores ambulantes.
A grande obra-prima da China imperial é a Cidade
Proibida, bem no centro de Pequim, ao lado da Praça da
Paz Celestial. Foi construída para marcar a transferência
de poder de Nanquim para Pequim, no século XV, e
abrigou as dinastias Ming e Qing, que sobreviveram no
poder até 1912. Era “uma cidade dentro de outra”.
Ninguém entrava lá sem autorização – daí o nome –,
embora houvesse espaço de sobra. O palácio tem quase
9.000 cômodos, entre os recintos do imperador e os
edifícios ao redor. O lugar sobreviveu ao saque dos
japoneses em 1931 e às tentativas de demolição durante
os anos 1960, com a chamada Revolução Cultural.
Ali em frente, a célebre Praça da Paz Celestial (ou
Tian’anmen) conecta o passado com o presente. Palco
das grandes cerimônias cívicas, virou uma “Praça
Vermelha” com o triunfo dos comunistas, em 1949. Ao
longo das décadas, foi usada para demonstrações de
força, culminando com o banho de sangue de 1989, em
resposta à manifestação dos estudantes. Uma das
maiores praças do mundo, pode comportar até 500.000
CHH  História 
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 22
pessoas e é a morada eterna de Mao Tsé-tung. Foi ele
quem, em 1966, deu início à Revolução Cultural chinesa,
um movimento que estimulava os jovens a se engajar no
comunismo e a rejeitar modelos externos e que, na
prática, fechou escolas e perseguiu intelectuais. Se vivo,
Mao não reconheceria – e possivelmente não aprovaria –
o que Pequim se tornou. Mas, pelas artes da história, ele
continua ali, notavelmente sólido, concreto e ululante –
como todos os novíssimos cartões-postais da cidade.
Viagem & Turismo, jun. 2008 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
Por que os chineses se orgulham de sua cultura?
Ofereça subsídios para comprovar essa ideia.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
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___________________________________________________
___________________________________________________
.2. (INEP-MEC)
Questiona-se atualmente qual o fôlego do
desenvolvimentismo do peculiar socialismo chinês e se
suas reformulações econômicas exigirão iguais
mudanças políticas, dando os contornos a uma
verdadeira “glasnost” chinesa.
VICENTlNO, Cláudio e SCALZARETTO, Reinaldo. Cenário Mundial.
A Nova Ordem Internacional. São Paulo: Scipione, 1992.
Tomando como referência a citação acima, assinale a
alternativa correta:
(A) Embora sejam reconhecidos os avanços no plano
econômico, politicamente o governo chinês mantém
o centralismo e o autoritarismo, tal como se verificou
em Pequim no massacre da Praça da Paz Celestial.
Naquele momento, os estudantes lutavam contra a
influência cultural norte-americana, contra as
privatizações e pelo fortalecimento do Partido
Comunista Chinês.
(B) A base das reformas econômicas na China, a partir
da década de 1980, foi a criação de uma economia
mercantil planificada, com investimentos na
importação de tecnologia e abertura para empresas
estrangeiras, aproveitando o potencial da farta mão
de obra e do excelente mercado consumidor.
(C) Em função da supervalorização da mão de obra, com
os altos salários pagos aos operários chineses, e da
concorrência da exportação de produtos agrícolas
feita por Taiwan, os produtos chineses ficaram
restritos ao comércio com o sudeste asiático.
(D) A devolução de Hong Kong pelos ingleses à China
foi fruto de intensos conflitos que envolveram
recentemente os dois países, culminando com a
implantação de eleições livres e a formação de uma
bolsa de valores naquela região.
.3. (ENEM-MEC)
O dissidente chinês Liu Xiaobo obteve, nesta sexta-
-feira, o Prêmio Nobel da Paz 2010, devido ao uso da
não violência na defesa dos direitos humanos, no seu
país natal. A China reagiu duramente, qualificando a
decisão de uma “blasfêmia” ao próprio prêmio.
Folha de S. Paulo, 8/10/2010.
A conquista do Prêmio Nobel pelo ativista chinês, que
participou das manifestações ocorridas na Praça da Paz
Celestial, em Pequim, e duramente reprimidas pelo
governo em 1989, deixa claras as contradições com as
quais a China depara no início do século XXI, porque:
I. a abertura econômica, a partir de 1978, acabou
com o coletivismo dos tempos maoístas e foi
responsável pelo crescimento do PIB chinês,
favorecido pelos investimentos estrangeiros no
país.
II. ao assumir o governo, Deng Xiaoping combinou
abertura econômica com totalitarismo político e,
mesmo constatando o crescimento desigual no
interior da China, tem resolvido os impasses
políticos por meio de negociações pacíficas.
III. o paradoxo entre o totalitarismo político e a
adoção de liberdade de mercado na China tem
desgastado as instituições de poder, que
recorrem ao exercício da força para conservar o
poder diante de um país influenciado pela
economia de mercado.
É correto afirmar que:
(A) somente I está correta.
(B) somente II está correta.
(C) somente I e II estão corretas.
(D) somente I e III estão corretas.
(E) I, II e III estão corretas.
.4. (FUVEST-SP)
Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Ocidental,
ocorridas entre os séculos III e IX, é correto afirmar que:
(A) foi uma ocupação militar violenta que, causando
destruição e barbárie, acarretou a ruína das
instituições romanas.
(B) se, por um lado, causaram destruição e morte, por
outro contribuíram, decisivamente, para o
nascimento de uma nova civilização, a da Europa
Cristã.
(C) apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu,
afinal, conter os bárbaros, derrotando-os
militarmente e, sem solução de continuidade,
absorveu e integrou os seus remanescentes.
(D) se não fossem elas, o Império Romano não teria
desaparecido, pois, superada a crise do século III,
passou a dispor de uma estrutura socioeconômica
dinâmica e de uma constituição política centralizada.
(E) os godos foram os povos menos importantes, pois
quase não deixaram marcas de sua presença.
CHH  História 
_________________________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________
SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 23
.5. (FUVEST-SP)
“África vive (...) prisioneira de um passado inventado por
outros.”
Mia Couto, Um retrato sem moldura, in Leila Hernandez, A África
na Sala de Aula. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 11.
A frase acima se justifica porque:
(A) os movimentos de independência na África foram
patrocinados pelos países imperialistas, com o
objetivo de garantir a exploração econômica do
continente.
(B) os distintos povos da África preferem negar suas
origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no
mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural
africana.
(C) a colonização britânica do litoral atlântico da África
provocou a definitiva associação do continente à
escravidão e sua submissão aos projetos de
hegemonia europeia no Ocidente.
(D) os atuais conflitos dentro do continente são
comandados por potências estrangeiras,
interessadas em dividir a África para explorar mais
facilmente suas riquezas.
(E) a maioria das divisões políticas da África definidas
pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais,
mesmo após os movimentos de independência.
.6. (INEP-MEC)
Observe a figura a seguir.
ESTÚDIO PINGADO
Essas marcas representam:
(A) a expansão do agronegócio.
(B) o poderio da robótica.
(C) a vulgarização da internet.
(D) o fortalecimento do mercado interno.
(E) a mundialização do capital.
.7. (ENEM-MEC)
“O espaço geográfico é o resultado das
transformações introduzidas pela Revolução Industrial.
(...) O desenvolvimento científico e tecnológico é
revertido em novos produtos (...) e redução de custos,
permitindo (...) maior capacidade de competição.”
orbita.starmedia.com/geoplanetbr/industria.html
No contexto da citação acima, é correto afirmar que:
(A) as principais atividades da indústria são as que
transformam matérias-primas em produtos
manufaturados.
(B) a tecnologia provoca a substituição de humanos por
robôs.
(C) um setor considerado de ponta, nesta fase técnico-
-científico-informacional, é a biotecnologia.
(D) o avanço da engenharia genética tem possibilitado a
seleção das características genéticas das pessoas.
(E) o avanço técnico-científico na indústria atinge com
igual intensidade as diferentes sociedades.
********** ATIVIDADES 2 **********
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em
textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou
fatos de natureza histórico-geográfica acerca das
instituições sociais, políticas e econômicas.
.8. (ENEM-MEC)
Em um confronto entre policiais e camelôs no centro de
São Paulo, foram colhidos por um repórter de TV dois
depoimentos: o do proprietário de uma loja e o de um
camelô.
Depoimento 1
“Esta situação está ficando insustentável. Não há
lugar para os pedestres circularem livremente pela
calçada e isso prejudica meus negócios. O preço dos
produtos desses camelôs é uma afronta, porque, como
não pagam impostos e só trabalham com mercadorias
contrabandeadas ou roubadas, não há concorrência que
resista.”
Proprietário de uma loja na região central de São Paulo.
Depoimento 2
“Eu era metalúrgico, e fui demitido. O que antes eu
fazia, hoje um monte de máquinas faz no meu lugar. Eu
não consigo arrumar outro emprego, porque as outras
fábricas também estão demitindo. A crise está muito
brava. Peguei meu Fundo de Garantia e apostei tudo
nisso. Monto minha barraca onde tem mais gente
passando pra poder faturar um pouco e sustentar minha
família.”
Vendedor ambulante do centro de São Paulo.
CHH  História 
_________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 24
Os depoimentos indicam que
(A) a crise econômica e o desemprego prejudicam
proprietários e trabalhadores.
(B) os comerciantes são os únicos prejudicados pela
crise do desemprego.
(C) a crise econômica pode ser resolvida pelo comércio
dos camelôs.
(D) donos das lojas e camelôs estão unidos contra a
crise.
(E) os camelôs são os únicos prejudicados pela crise
uma vez que os comerciantes são os detentores dos
capitais.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos,
econômicos ou ambientais ao longo da história.
.9. (ENEM-MEC)
À medida que os europeus se apropriavam das terras do
continente americano, intensificaram-se os conflitos com
os ameríndios. As ofensivas dos europeus aos povos
indígenas acabaram por contribuir para a resolução do
problema de mão de obra.
Pode-se afirmar que as relações entre os conquistadores
europeus e os ameríndios foram marcadas pelo(a)
(A) respeito ao modo de vida dos indígenas.
(B) disposição do ameríndio a submeter-se ao europeu.
(C) integração entre europeus e ameríndios.
(D) exploração da mão de obra indígena.
(E) ausência de reações violentas contra os
colonizadores.
.10. (ENEM-MEC)
Leia o texto e observe a charge.
Mais do que a chegada dos colonos, é a escravização
que desintegra o modo de vida das tribos indígenas. Eles
morrem com centenas de doenças transmitidas pelos
brancos. Só na Bahia, em 1563, uma epidemia de varíola
mata cerca de 30 mil índios.
Fonte: NOVAIS, Carlos Eduardo e LOBO, César. História do Brasil
para principiantes, 1999.
Utilizando o texto e a charge, escolha a opção correta
acerca da transformação da vida dos índios na Bahia
após a chegada dos portugueses ao Brasil no século
XVI.
(A) Nos primeiros encontros com os europeus, os índios
já tinham conhecimento dos perigos à saúde que o
contato com os colonizadores ocasionaria.
(B) A charge revela que os índios eram seguidores dos
portugueses e não questionavam os aspectos
negativos do contato com os europeus.
(C) A escravidão dos índios dessa região foi imposta
pelos portugueses e aceita pacificamente pelos
índios.
(D) A colonização europeia da América desorganizou o
modo de vida das populações indígenas e
disseminou doenças.
(E) Os colonizadores tratavam com respeito os
indígenas que logo com eles se aliaram nos
trabalhos agrícolas.
________________________________________________
*Anotações*

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  • 1. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 7 *MÓDULO 1* Sociedade – Minorias O peso da diferença A perseguição aos diferentes é uma constante histórica: os gregos já discriminavam todos os outros povos, a quem consideravam bárbaros. Os espartanos, que dominaram a Grécia antiga entre os séculos V e IV a.C., cultuavam a imagem do soldado atlético e obediente. Quem não se encaixava nesse modelo estava sujeito à escravidão e até a execução: crianças deficientes ou doentes eram mortas ao nascer. Os romanos, notórios por fazer de escravos os povos que dominavam, foram hostis com todos os povos da Europa Ocidental, norte da África e Ásia Menor. Na Idade Média, eram perseguidos os que discordavam da Igreja Católica, uma prática mantida pela Inquisição até o século XIX e que matou milhares de pessoas. Muitas das vítimas eram judeus, chamados de cristãos-novos (recém-convertidos ao catolicismo). O ressentimento contra os judeus aumentou na virada do século XIX para o XX, quando o antissemitismo dividiu a elite intelectual europeia. Em 1933, chegou ao poder na Alemanha o regime nazista, que tinha como pilares o racismo, o antissemitismo, o pangermanismo (união dos povos germânicos) e a eugenia (“melhoramento” da raça), além do totalitarismo e o anticomunismo. Ainda no século XX, um regime abertamente racista, o apartheid na África do Sul, se manteve no poder por 42 anos. Nos Estados Unidos, apenas em 1963 foram concedidos direitos iguais a negros que eram segregados em partes do país. E a chamada “limpeza étnica” também voltou a assombrar na Bósnia, Chechênia, Iraque, Congo, Sudão e em outros pontos do mundo. Limpeza étnica Exemplos recentes de conflitos e regimes racistas que vitimaram milhões RUANDA  Quando: 1994  Vítimas: tútsis  Motivação: guerra civil e racismo  Métodos: civis armados de facões e porretes  Número de mortos: 800.000 Quando chegaram ao país, os belgas encontraram uma sociedade dividida entre camponeses hutus pobres e pastores tútsis prósperos. Para garantirem sua dominação, fizeram dos tútsis a aristocracia ruandesa. Em 1959, hutus se rebelaram e, em 1962, assumiram o poder. A violência se agravou em 1990, com a criação da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), por tútsis exilados em Uganda. Quando o presidente Jouvenal Habyarimana morreu, em 1994, a população passou a ser bombardeada com informações de um complô tútsi, o que levou à execução de 75% dos tútsis que viviam em Ruanda. CAMBOJA  Quando: de 1975 a 1979  Vítimas: chineses, muçulmanos e vietnamitas, entre outras minorias  Motivação: eliminar etnias  Métodos: execuções a bala e mortes por fome e excesso de trabalho  Número de mortos: 215.000 chineses, 90.000 muçulmanos e 20.000 vietnamitas “Preferimos matar dez amigos a deixar vivo um só inimigo”, dizia Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, a ala mais radical do Partido Comunista local, que tomou o poder em 1975. Em quatro anos, o regime executou 1,7 milhão de seus 8 milhões de habitantes. A maior parte dos mortos era da mesma etnia khmer e só morreu por causa do estado de paranoia e eliminação sistemática dos adversários implantado pelo regime cambojano. Na dúvida de quem era amigo ou inimigo, Pol Pot mandava eliminar todos. BÓSNIA  Quando: de 1991 a 1999  Vítimas: bósnios, sérvios, croatas e kosovares  Motivação: conflitos nacionalistas e movimentos separatistas  Métodos: ataques militares e estupros  Número de mortos: 300.000 O conflito nos Bálcãs entre muçulmanos e católicos, sérvios e croatas, sérvios e albaneses tem mais de 200 anos. Apenas nas quatro décadas em que o general ditador Josip Broz Tito unificou esses povos sob a bandeira da antiga Iugoslávia, houve certo entendimento. Com a morte de Tito, em 1980, a Eslovênia, a Croácia e a Bósnia declararam independência. Em 1990, o sérvio Slobodan Milosevic passou a eliminar os croatas. Os croatas fizeram o mesmo na Sérvia e na Bósnia. E muçulmanos bósnios atacaram croatas e sérvios. Manipulados pela propaganda nacionalista, cada um dos povos acreditava apenas responder à ameaça inimiga. ________________________________________________ *Anotações*
  • 2. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 8 Aceito, renegado, aceito novamente O homossexualismo era aceito na Antiguidade. A recriminação surgiu com o cristianismo Século VIII a.C. Um dos primeiros conjuntos de leis do mundo, o Código Hammurabi, da Mesopotâmia, do século VIII a.C., cita os prostitutos e prostitutas usados em rituais religiosos – e que tinham direito a privilégios especiais. JSP / ISTOCK PHOTO Séculos XX a.C. a IV d.C. As relações entre um homem mais velho e outro mais jovem eram normais e incentivadas na Grécia e em Roma. O mesmo não valia para dois homens da mesma idade – quando isso acontecia, eles eram perseguidos. FABIANA BERTONE Séculos IV a XIV O cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano no século IV e, com ele, veio uma crescente aversão ao prazer e ao riso. A homossexualidade foi tratada como antinatural. REPRODUÇÃO Século XIV O resgate dos valores clássicos ocasionou o retorno do gosto pela forma masculina. Mas, após a Peste Negra, entre 1347 e 1351, os sodomitas foram acusados de causar os males da sociedade. REPRODUÇÃO Século XIX A Inglaterra condenava à forca os acusados de sodomia. Em 1861, o país trocou a forca por pena de dez anos de trabalhos forçados. O escritor Oscar Wilde cumpriu dois anos dessa pena depois de ser condenado por prática de homossexualismo. REPRODUÇÃO Século XX A luta pelos direitos dos gays ganhou força nos anos 70, mas a homofobia permaneceu sendo expressada – muitas vezes com violência física, herança de um passado marcado por formas recorrentes de intolerância. ZU1U / DREAMSTIME  O racismo e a intolerância causaram diversos massacres e injustiças no decorrer da história, dos gregos e romanos aos tempos atuais.  Genocídio é o termo aplicado para se referir ao massacre sistemático de um povo, visando a sua extinção. Foi o que ocorreu com os judeus na Alemanha nazista, com os armênios sob jugo turco em 1915 e com tútsis massacrados por hutus em Ruanda, em 1994.  Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista perseguiu minorias que não correspondiam a seu ideal de raça ariana ou raça pura. Além de 6 milhões de judeus, foram executados ciganos, homossexuais, presos, deficientes, militantes políticos e outros grupos étnicos e religiosos.  Os homossexuais sofreram perseguição com a expansão do cristianismo. Em alguns países, foram presos e condenados à morte.  O apartheid, regime que durou de 1948 a 1994, restringia os direitos dos não brancos na África do Sul. Nelson Mandela passou 27 anos preso por lutar pelos direitos dos negros em seu país e se tornou presidente depois de ser libertado.  Elaborada por Gilberto Freyre, a ideia de democracia racial – isto é, que não há racismo no Brasil ou que ele é insignificante – é um mito. Além do racismo que não aparece nas estatísticas, há o fato de que negros e pardos ganham menos do que os brancos, têm menor grau de escolaridade e ocupam menos cargos de gerência. ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para as questões 1 e 2. À espera de um salvador Darfur, no Sudão, cenário de um genocídio silencioso, é um lugar sem lei O mundo ignora ou finge ignorar que Darfur, no Sudão, é cenário de uma guerra de extermínio contra uma população indefesa. O mesmo mundo que se apieda de um filhote de urso-polar abandonado pela mãe no zoológico de Berlim fecha os olhos para as centenas de milhares de crianças subnutridas dos 130 campos de refugiados de Darfur, no oeste sudanês. Desde a independência do Império Britânico, em 1956, o norte do país detém o monopólio do poder político e econômico, concentrado na capital, Cartum. A partir de 2003, quando eclodiu o conflito entre o governo do ditador Omar al-Bashir e rebeldes de Darfur, intensificou-se a matança indiscriminada de cidadãos que não pertencem à etnia que se intitula “árabe”. Uma matança selvagem, seja por meio de fuzilamentos sumários, seja por meio da fome imposta pelo isolamento. Darfur é dividida em três estados – do Norte, do Sul e do Oeste –, que representam quase um sexto do território
  • 3. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 9 do Sudão, o maior país da África. Hoje, quase metade dos seus 6 milhões de habitantes vive em aglomerações humanas improvisadas. Outros 2 milhões ainda não deixaram suas aldeias, mas foram afetados pela destruição de lavouras ou pela morte de familiares. Com a justificativa de combater rebeldes que lutam contra o regime, o governo do Sudão bombardeia aldeias e apoia os janjaweeds, milícias autoproclamadas árabes cuja missão é limpar Darfur de outras etnias. Ao todo, já morreram 300.000 pessoas. O número de combatentes e civis mortos de maneira violenta caiu nos últimos anos, mas não são as estatísticas que configuram um genocídio. Há 60 anos, a Organização das Nações Unidas definiu como crime internacional a tentativa de destruir a totalidade ou parte de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Segundo o texto da ONU, não é preciso haver assassinatos em massa para que um crime seja classificado como genocídio. Impor condições de vida subumanas a um grupo de pessoas semelhantes entre si, com o objetivo de levar à sua destruição física, também se enquadra nessa classificação. É o que ocorre em Darfur. Os campos de refugiados são verdadeiras bombas populacionais: a maioria continua recebendo milhares de pessoas por ano. Elas buscam desesperadamente um lugar onde possam ter alguma sensação de segurança, por menor que seja. Nos campos, não há espaço para plantar ou manter uma criação numerosa de bodes e camelos. “Tenho uma pequena plantação a três horas de caminhada”, diz Tigani Suleiman, 55 anos, refugiado que consegue com isso obter uma renda equivalente a 2 dólares por dia. Outros homens tentam algum subemprego nas cidades e as mulheres recolhem lenha para vender, sob o risco de serem estupradas nos arredores do campo. Só mesmo a ajuda humanitária tem atenuado o drama dos refugiados. Graças a ela, a taxa de desnutrição caiu pela metade nos últimos anos. Atuam na região dezesseis agências da ONU e 85 ONGs, que prestam serviços como atendimento de saúde e distribuição de comida. Para cada 366 habitantes de Darfur, há um trabalhador humanitário. Veja, 24/12/2008 (com adaptações). .1. (AED-SP) Com base no texto, sintetize as origens do conflito no Sudão. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (AED-SP) Por que a ONU considera que não é preciso haver assassinatos em massa para que se configure um genocídio? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .3. (INEP-MEC) A viagem levou uns 20 minutos. O caminhão parou; via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase bem iluminada (cuja lembrança ainda hoje me atormenta nos sonhos): “Arbeit macht frei” – o trabalho liberta. Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias que não bebemos nada. LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p. 20. A descrição acima – de um prisioneiro chegando a Auschwitz – revela angústia e horror. Os campos de concentração nazistas eram: (A) lugares de reabilitação de doentes mentais, criminosos comuns e prisioneiros políticos. (B) instalados apenas na Alemanha e, neles, foram alojados, durante a Segunda Guerra Mundial, judeus, homossexuais e comunistas. (C) lugares de execução sumária e imediata de inimigos nacionais alemães e de pessoas que se recusavam a trabalhar. (D) instalados para acolher os imigrantes que, vindos da Europa Oriental, tentavam penetrar no território do Terceiro Reich sem autorização. (E) lugares onde os considerados indesejáveis eram submetidos a humilhações, trabalhos forçados ou execuções em massa. .4. (UNICAMP-SP) O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não se perguntava sobre a cor da população. O censo de 1872, ao inserir essa informação, indica uma mudança, orientada por um entendimento do conceito de raça que ancorava a cor em um suporte pretensamente mais rígido. Com a crise da escravidão e do regime monárquico, que levou ao enfraquecimento dos pilares da distinção social, a cor e a raça tornavam-se necessárias. Adaptado de Ivana Stolze Lima, Cores, Marcas e Falas: Sentidos da Mestiçagem no Império do Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003, p. 109-121. A partir do enunciado, podemos concluir que há um uso político na maneira de classificar a população, já que: (A) o conceito de raça permitia classificar a população a partir de um critério mais objetivo e exato do que a cor, o que era necessário em um momento de transição para um novo regime.
  • 4. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 10 (B) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares da distinção social era causado pelo fim da escravidão. Nesse contexto, ao perguntar sobre a raça da população, o censo permitiria elaborar políticas visando à inclusão social dos ex-escravos. (C) a introdução do conceito de raça no censo devia-se a uma concepção, difundida após 1870, que propunha a organização da sociedade a partir de critérios objetivos e científicos, o que levaria a uma maior igualdade social. (D) no final do Império, a associação entre a cor da pele e o conceito de raça criava um novo critério de exclusão social, capaz de substituir as formas de distinção que eram próprias da sociedade escravista e monárquica em crise. .5. (ENEM-MEC) O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de 1890 dizia: Fazer nas ruas e praças exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos como capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão de dois a seis meses. SOARES, C. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria de Cultura, 1994 (adaptado). O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regulamento expressava (A) a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao controle da criminalidade urbana. (B) a política de eliminação das diferenças e das desigualdades sociais, com o extermínio dos pobres. (C) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada, desejosa de um equilíbrio entre progresso e civilização. (D) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores que vinculavam certos grupos ao passado de escravidão. (E) o poder do regime escravista, que mantinha os negros como categoria social inferior, discriminada e segregada. .6. (INEP-MEC) Sobre a intolerância racial nas Américas nos anos 1950 e 1960, pode-se afirmar que: (A) leis segregacionistas no sul dos Estados Unidos forçaram os negros a usar instalações públicas e frequentar escolas à parte. (B) a Lei dos Direitos Civis nos Estados Unidos agravou, em 1963, a segregação racial. (C) a discriminação racial é uma característica norte- -americana. No Brasil, há integração das etnias e democracia racial. (D) a organização paramilitar denominada Panteras Negras originou-se no Brasil, como resistência à opressão dos brancos. (E) nos países de passado escravocrata, o preconceito racial tornou-se importante incentivo à política de integração étnica. .7. (UNICAMP-SP) No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as diferenças entre os povos: o racismo. Mas, se os arianos originaram tanto os povos da Índia quanto os da Europa, o que justificaria o domínio dos ingleses sobre a Índia? A suposta explicação é que os arianos da Índia se enfraqueceram na miscigenação com os aborígenes. Mas por que essa ideia não foi aplicada no sentido oposto? Ou seja: por que os arianos da Índia não aperfeiçoaram aquela raça em vez de se enfraquecerem? Adaptado de Anthony Pagden, Povos e Impérios. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-94. Segundo o texto, podemos concluir que o pensamento racista do século XIX: (A) era incoerente, pois os britânicos se consideravam superiores aos indianos, porém ambos possuíam a mesma origem racial; além disso, o racismo não explicava por que a miscigenação enfraqueceu as raças superiores e não fortaleceu as inferiores. (B) era um modo de explicar as diferenças entre os povos pela miscigenação, que poderia levar tanto ao fortalecimento dos povos inferiores quanto ao enfraquecimento dos superiores. (C) era incoerente porque explicava a superioridade e o domínio dos ingleses sobre os indianos pelo fato de ambos terem a mesma origem em povos arianos; porém não explicava por que a miscigenação não fortaleceu as raças consideradas superiores. (D) era uma forma de legitimar o domínio dos ingleses sobre os indianos a partir de suas diferentes origens raciais; porém não explicava por que a miscigenação entre ingleses e indianos não levara ao aperfeiçoamento das raças consideradas inferiores. ********** ATIVIDADES 2 ********** C1 Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. .8. (ENEM-MEC) O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova lorque. É formado por três elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como uma forma de resistência política. Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso
  • 5. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 11 político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil, onde se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas. Adaptado de Ciência e Cultura, 2004. De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente urbana, que tem como principais características (A) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista. (B) a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações. (C) a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens. (D) a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso. (E) a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. .9. (ENEM-MEC) A cafeicultura atingiu a província de São Paulo, adentrando a região do Vale do Paraíba paulista. Cidades como Areias e Bananal tornaram-se, após os anos 1850, as mais ricas vilas da província. Na Fazenda Resgate, em Bananal: “... São 21 quartos, dos quais cinco são alcovas, onde as moças dormiam vigiadas pelos pais. Sua sala de visitas é adornada em estilo rococó. [...] Pertencia a Manoel de Aguiar Vallim, a Resgate chegou a produzir 1% da riqueza nacional. Na época, a fazenda era quase autossuficiente. Só importava sal e peixe salgado. Produzia anil, fumo, açúcar mascavo e algodão, com o qual se teciam as roupas usadas pelos escravos. [...] Longe de manter a Resgate para o próprio deleite, Braga (atual proprietário da fazenda) permite que grupos de estudantes visitem o casarão... ‘Eu me considero uma espécie de fiel depositário da Resgate. Acho justo que as pessoas tenham acesso à memória do país’.” Ângela Pimenta. Pá na memória. Revista Veja, 24/4/1996, edição 1441, p. 122-125. Pode-se considerar que: I. a Fazenda Resgate é um patrimônio histórico representativo do período de grande riqueza obtida com a cafeicultura na região. II. a decadência da Fazenda Resgate relaciona-se com o descaso do poder público com o patrimônio cultural nacional. III. a preservação da Fazenda Resgate ocorre devido à importância que o seu atual proprietário concede a ela, pois é parte da memória do desenvolvimento econômico do país. Dentre essas afirmações, (A) somente I e II estão corretas. (B) somente I e III estão corretas. (C) somente II e III estão corretas. (D) I, II e III estão corretas. (E) somente a III está correta. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. .10. (ENEM-MEC) A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos. K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: Semtec/MEC, 2003, p. 37. Com relação ao assunto tratado no texto, é correto afirmar que (A) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao descobrimento desse continente. (B) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse continente. (C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil. (D) a exploração da África decorreu do movimento de expansão europeia do início da Idade Moderna. (E) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse continente e a Europa. ________________________________________________ *Anotações*
  • 6. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 12 *MÓDULO 2* Cultura – Religiões O caminho para um só Deus Criar deuses diferentes foi uma maneira de os povos da Pré-História e da Antiguidade tentarem entender e explicar os fenômenos da natureza e os ciclos da vida. Cultuar o deus da chuva era uma forma de pedir proteção em tempos de seca, por exemplo. O culto a muitos deuses é chamado de politeísmo. Vários povos europeus, africanos, asiáticos e americanos (como os índios brasileiros) tinham cultos animistas (em louvor aos elementos da natureza). Assim como os gregos o foram antes deles, os romanos eram politeístas e se dedicavam aos rituais religiosos. Todas as casas possuíam um cômodo reservado para as oferendas e orações aos deuses. Além das divindades de origem estrangeira (muitas delas gregas), o próprio imperador, no período imperial, era um deus a ser cultuado. No fim do período republicano (séculos V a I a.C.), já era comum a crença em vida após a morte, uma doutrina que seria fundamental dentro do cristianismo prestes a surgir entre os hebreus, então dominados por Roma. Os hebreus foram o primeiro povo a abandonar o poIiteísmo e a crer em uma divindade única e maior. Embora não tenha valor científico, a saga dos hebreus é narrada no Velho Testamento desde suas origens na Mesopotâmia até suas constantes mudanças entre Canaã ou Palestina (hoje Israel) e o Egito, entre os anos 2000 a.C. e 1500 a.C. Os hebreus conseguiram formar Israel por volta de 1010 a.C., reino que teve como soberanos Saul, Davi e Salomão. Quando os romanos destruíram Jerusalém, no século I, teve início a grande Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus pelo mundo. Eles viveram em grupos separados por 2.000 anos, até a criação do Estado de Israel, apenas em 1948. O sentimento de pertencer a uma só nação foi possível apenas em razão de sua forte crença religiosa e do fato de acreditarem que a Palestina estava destinada a eles por vontade divina. Com alguns ensinamentos morais em comum com o judaísmo, já então consolidado entre os hebreus, o cristianismo se baseou nas pregações de um hebreu, Jesus Cristo, transmitidas por seus apóstolos. A nova religião se difundiu aos poucos entre os romanos, mas seus seguidores foram perseguidos por não aceitarem o caráter divino do imperador e serem considerados subversivos. No século II, com o império já em decadência e sofrendo invasões bárbaras, o número de cristãos aumentou consideravelmente. Em 313, o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e deu liberdade religiosa aos romanos, no chamado Edito de Milão. Em 380, Teodósio I tornou essa a religião oficial do império. Quinze anos depois, Teodósio dividiu o império em dois, o do Ocidente, em Roma, e o do Oriente, em Constantinopla. O primeiro seria a base da Igreja Católica Apostólica Romana; o segundo seria o Império Bizantino, que a partir de 1054 seria regido pela Igreja Ortodoxa, fundada com a separação do cristianismo. Essa divisão, conhecida como Cisma do Oriente, ocorreu por motivos de doutrina. A Idade Média europeia viveu sob a força do teocentrismo: Deus é o centro e a explicação para tudo. Com o apoio do império e dos bárbaros convertidos, a Igreja Católica passou a acumular terras e fortunas. Com tanto poder nas mãos, as autoridades católicas fizeram de tudo para aumentá-lo ainda mais, recebendo doações e benesses dos novos reinos que se formavam em troca de confortos e garantias espirituais. Os sacerdotes muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja) para obter mais poder ou enfraquecer aqueles que não contribuíam com a Igreja. O símbolo máximo dessa repressão foi a instauração, no século XIII, dos tribunais do Santo Ofício, ou Inquisição. As invasões na Europa diminuíram a partir do século XI e, na mesma época, a Igreja conseguiu reduzir os conflitos entre os senhores feudais. A Europa entrou em relativo período de paz e segurança, mantido também sob as rígidas e violentas normas da Inquisição. A agricultura prosperou e a população aumentou, fazendo com que os nobres e a Igreja ambicionassem mais espaço e poder, o que os levaria às Cruzadas. REPRODUÇÃO  Papiro do século II chamado P52, que contém trechos, em grego, do Evangelho Segundo João  O homem desenvolveu crenças e religiões desde a Pré-História para tentar explicar fenômenos da natureza e do ciclo da vida.  Os hebreus foram os primeiros a desenvolver uma religião monoteísta (crente em um Deus único). Depois vieram os cristãos e os islâmicos.  O Império Romano, a princípio, sufocava a fé cristã, mas ela ganhou força e, no século IV, virou a religião oficial dos romanos.  A Idade Média viu o fortalecimento financeiro e político da Igreja Católica, que, por meio de iniciativas como as Cruzadas e a Inquisição, procurou ampliar seu poder e manter seus fiéis.  Vários movimentos de cisão da Igreja Católica ganharam força a partir do século XVI, criando religiões denominadas protestantes.  A fé islâmica ou muçulmana começou no século VII, período no qual viveu o profeta Maomé, e unificou tribos árabes antes inimigas.
  • 7. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 13  Maomé foi não apenas um profeta, mas também general e líder político. Conquistou pessoalmente a cidade de Meca, que se tornou a cidade mais sagrada para os muçulmanos.  O sionismo foi o movimento entre os judeus para colonizar a Palestina e fundar um país próprio. Israel foi criado em 1948, então com o respaldo da ONU, mas encontrou imediata resistência dos vizinhos árabes.  O nacionalismo árabe surgiu no século XX como movimento de independência dos povos islâmicos e tinha caráter secular e mesmo antirreligioso.  O Islã radical surgiu no século XX como movimento de independência dos povos árabes e tinha caráter secular e mesmo antirreligioso. ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para as questões de 1 a 3. Quem foi Maomé Profeta e fundador do islamismo, ele também exerceu o papel de líder político e militar Maomé, o profeta máximo do Islã, teve três fases em sua vida: de comerciante, profeta e profeta-general. Nascido com o nome Muhammad Ibn Abdullah, em 570, na cidade de Meca (na atual Arábia Saudita), perdeu a mãe aos 6 anos e seu pai antes de nascer. Foi criado pelo tio Abu Talib e desde cedo começou a trabalhar com comércio. Sua família era influente e bem relacionada e, aos 25 anos, casou-se com uma rica comerciante, Cadija, então com 40 anos. O casamento duraria 24 anos. Maomé tinha contato com cristãos e judeus, que conviviam com pagãos na Arábia da época. Aos 40 anos, quando meditava numa caverna, afirmou ter recebido a visita do arcanjo Gabriel, que passou a lhe revelar a palavra de Deus. Analfabeto, o profeta não escreveu ele mesmo os versos, mas seus seguidores fizeram isso em qualquer material disponível, como folhas de palmeira. Compilados após sua morte, os textos formam o Corão. Na fase de Meca, os versos eram brandos e falavam principalmente contra a avareza e a obrigação de ajudar os pobres. Quando, no entanto, Maomé passou a condenar os ídolos pagãos no templo central de Meca, criou animosidades em torno de si e de seu clã. Em 619, morreu Cadija, que deixou a Maomé seis filhos, entre eles dois homens, que morreriam antes dele. Casou-se novamente, com duas mulheres ao mesmo tempo. Uma delas, Aisha, tinha 7 anos. Aisha seria uma figura importante para o Islã, ao recoletar os versos do Corão e liderar uma disputa política que separaria xiitas e sunitas. Em 9 de setembro de 622, Maomé fugiu de Meca, perseguido pelos pagãos. Esse fato é considerado tão importante que é a data inicial do calendário islâmico. Instalou-se na cidade de Medina, onde conseguiu converter muitos seguidores. Aos 52 anos, era não apenas um profeta, mas um líder político e militar. Maomé reagia a ataques de tribos rivais com seu exército e passou a conquistar cidades. Em 630, tomou Meca. Ordenou a destruição de todos os ídolos do templo pagão, deixando apenas uma pedra preta. Segundo Maomé, a pedra datava da época de Adão e Eva e havia ficado preta em razão dos pecados dos homens. Em volta dessa pedra foi construída a Caaba, o templo que é o lugar mais sagrado para os islâmicos. Se os versos da fase de Meca eram relativamente “paz e amor”, os versos da fase de Medina tornaram-se mais militaristas. Desse período data o Verso da Espada (Corão 9:5), que afirma: “Mas quando os meses sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras (564), onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-Ihes o caminho. Sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”, um preferido dos radicais contemporâneos. Em Medina, Maomé casou-se várias vezes, chegando a ter 10 mulheres ao mesmo tempo – para os demais homens, o limite estabelecido era quatro. Além do Corão, os Hadiths, diversos livros que contam sua vida, são também sagrados aos islâmicos. Esses exemplos e as revelações no Corão estabelecem os preceitos que formam a Sharia, as leis islâmicas. Maomé não deixou filhos homens, o que, ao morrer em 632, aos 62 anos, causou sérios problemas de sucessão no império que havia criado. Dessa sucessão conflituosa nasceu a divisão entre xiitas e sunitas. Superinteressante, São Paulo, mar. 2010. .1. (AED-SP) Antes de se tornar profeta, Maomé teve outra atividade profissional. Qual foi ela? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (AED-SP) Qual é a data inicial do calendário islâmico e por quê? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .3. (AED-SP) Maomé mudou profundamente a política de sua terra natal. Como? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________
  • 8. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 14 .4. (ENEM-MEC) “A burca não é um símbolo religioso, é um símbolo da subjugação, da subjugação das mulheres. Quero dizer solenemente que não será bem-recebida em nosso território.” Nicolas Sarkozy, presidente da França. estadao.com.br, 22/6/2009. Deputados que integram a Comissão Parlamentar encarregada de analisar o uso da burca na França propuseram a proibição de todos os tipos de véus islâmicos integrais nos serviços públicos. (...) A resolução prevê a proibição do uso de tais vestimentas nos serviços públicos – hospitais, transportes, escolas públicas e outras instalações do governo. Folha Online, 26/1/2010. Com base nos textos acima e em seus conhecimentos, assinale a afirmação correta sobre o assunto. (A) O governo francês proibiu as práticas rituais islâmicas em todo o território nacional. (B) Apesar da obrigatoriedade do uso da burca se originar de preocupações morais, o presidente francês a considera um traje religioso. (C) A maioria dos Estados nacionais do Ocidente, inclusive a França, optou pela adoção de políticas de repressão à diversidade religiosa. (D) As tensões políticas e culturais na França cresceram nas últimas décadas com o aumento do fluxo imigratório de populações islâmicas. (E) A intolerância religiosa dos franceses, fruto da Revolução de 1789, impede a aceitação do islamismo e do judaísmo na França. .5. (INEP-MEC) Maomé, nascido em Meca, na Arábia, insatisfeito com o paganismo, declarou ter visto o anjo Gabriel, que lhe apresentara um texto com a ordem de recitá-lo. Considerando-se então o último e maior de todos os profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela: (A) divisão das esferas de poder político e de poder religioso, constituindo um Estado laico, mas no qual a Igreja assumia um lugar privilegiado. (B) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive à custa do Império Persa e do Império Bizantino, enfraquecidos por graves crises internas. (C) conversão forçada dos povos conquistados à nova religião do Islã, com a proibição dos cultos judeus e cristãos e o confisco de terras. (D) rejeição total à assimilação da cultura dos povos conquistados e das culturas antigas, em nome da verdadeira compreensão da palavra de Deus. (E) proibição das concentrações urbanas, do comércio e da geração de novas técnicas de trabalho, considerados contrários aos preceitos do Corão. .6. (VUNESP) “[Na Idade Média] Homens e mulheres gostavam muito de festas. Isso vinha, geralmente, tanto das velhas tradições pagãs (...), quanto da liturgia cristã.” Jacques Le Goff. A Idade Média Explicada aos Meus Filhos, 2007. Sobre essas festas medievais, podemos dizer que: (A) muitos relatos do cotidiano medieval indicam que havia um confronto entre as festas de origem pagã e as criadas pelo cristianismo. (B) os torneios eram as principais festas e rompiam as distinções sociais entre senhores e servos, que, montados em cavalos, se divertiam juntos. (C) a Igreja Católica apoiava todo tipo de comemoração popular, mesmo quando se tratava do culto a alguma divindade pagã. (D) as festas rurais representavam sempre as relações sociais presentes no campo, com a encenação do ritual de sagração de cavaleiros. (E) religiosos e nobres preferiam as festas privadas e pagãs, recusando-se a participar dos grandes eventos públicos cristãos. .7. (ENEM-MEC) Preparando seu livro sobre o imperador Adriano, Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de Flaubert esta frase: “Quando os deuses tinham deixado de existir e o Cristo ainda não viera, houve um momento único na história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem ficou sozinho”. Os deuses pagãos nunca deixaram de existir, mesmo com o triunfo cristão, e Roma não era o mundo, mas, no breve momento de solidão flagrado por Flaubert, o homem ocidental se viu livre da metafísica – e não gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo que não domina e mal compreende, sem o apoio e o consolo de uma teologia, qualquer teologia? Luís Fernando Veríssimo. Banquete com os Deuses. O cristianismo, após ter sido durante muito tempo combatido pelo Império Romano, tornou-se sua religião oficial no século IV. O reconhecimento do cristianismo pelo Império Romano corresponde: (A) ao Concílio Ecumênico, que aboliu os cultos pagãos e promoveu a expansão do cristianismo. (B) ao Edito de Milão, que concedeu liberdade de culto aos cristãos e proibiu as perseguições. (C) à Pax Romana, que pôs fim aos conflitos religiosos e atestou a hegemonia do cristianismo na Europa. (D) ao Concílio de Trento, que sistematizou e tornou obrigatório o ensino do cristianismo em todo o Império. (E) ao Triunvirato, que conferiu poder político a bispos e considerou heresia qualquer outra crença religiosa.
  • 9. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 15 .8. (INEP-MEC) A compreensão do mundo por meio da religião é uma disposição que traduz o pensamento medieval, cujo pressuposto é: (A) o antropocentrismo: a valorização do homem como centro do Universo e a crença no caráter divino da natureza humana. (B) a escolástica: a busca da salvação através do conhecimento da filosofia clássica e da assimilação do paganismo. (C) o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é parte da substância divina. (D) o positivismo: submissão do homem aos dogmas instituídos pela Igreja e não questionamento das leis divinas. (E) o teocentrismo: concepção predominante na produção intelectual e artística medieval, que considera Deus o centro do Universo. ********** ATIVIDADES 2 ********** H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. .9. (ENEM-MEC) Usamos um calendário que tem como ponto inicial o nascimento de Cristo. Assim, o ano de 2002 marca o tempo transcorrido desde o nascimento de Jesus. O marco inicial do calendário muçulmano é a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca para Medina. Pode-se afirmar que os calendários muçulmano e cristão estão organizados a partir de uma referência (A) política. (B) religiosa. (C) econômica. (D) militar. (E) social. H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. .10. (ENEM-MEC) A Festa do Divino foi instituída em Portugal nos primeiros anos do século XIV pela rainha Isabel, mulher de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espírito Santo em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século XVI e é celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas, Espírito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão, leilão de prendas e as manifestações folclóricas peculiares de cada região. Na preparação da festa realiza-se uma folia, com a bandeira do Divino, para arrecadar fundos, e são armados coretos, palanques e um trono para o imperador do Divino. Trata-se de uma criança ou adulto que, durante a festa, exerce poderes majestáticos, chegando até a libertar presos comuns em algumas regiões de Portugal e do Brasil. www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/6ritos/divino.html De acordo com o texto, sobre a Festa do Divino, conclui- -se que (A) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel de Portugal. (B) é herança da cultura europeia cristã trazida pelos colonizadores. (C) descaracterizou-se ao incorporar manifestações folclóricas. (D) servia para arrecadar fundos ao imperador em Portugal. (E) as manifestações folclóricas incorporadas à Festa do Divino estão relacionadas à família real. .11. (ENEM-MEC) Pintura rupestre da Toca do Pajaú – PI. www.betocelli.com A pintura rupestre acima, que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa (A) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil. (B) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros. (C) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história do Brasil. (D) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos. (E) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o período colonial. ________________________________________________ *Anotações*
  • 10. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 16 *MÓDULO 3* Sociedade – Mulheres Rainhas do lar A divisão do trabalho moldou a maneira como as sociedades humanas se fizeram e também a forma como as pessoas se organizaram em sua vida privada. Por causa da gestação e da amamentação, à mulher coube o cuidado com os filhos e com os trabalhos em casa ou próximos dela (como a colheita e o manuseio dos alimentos). O homem, que podia se distanciar e estava sempre apto ao trabalho, foi adquirindo funções de comando e atribuições como participar de batalhas. A sociedade patriarcal, baseada no poder do homem, foi a base de quase todas as civilizações desde a Antiguidade. No mundo antigo e feudal, os homens sempre estiveram nos cargos de comando, com raras exceções – como Cleópatra, cogovernante do Egito no século I a.C., ou a imperatriz bizantina Irene (século IX). Em muitas cidades-Estado da Grécia, as mulheres não tinham direitos políticos e as crianças só ficavam sob seus cuidados quando pequenas – assim que chegavam à idade de receber educação, por volta dos 7 anos, eram entregues aos tutores e professores, todos homens. Entre os romanos, o homem detinha tanto poder que podia aceitar ou rejeitar um filho, condenando-o algumas vezes a uma vida de escravidão ou morte. A rejeição era comum entre crianças do sexo feminino e aquelas com deficiências. O primogênito (filho mais velho) tinha privilégios especiais em várias sociedades, como direito maior à herança e até a uma porção maior de comida. Na Idade Média, muitos primogênitos herdavam sozinhos as terras do pai, virando suseranos (o senhor feudal), e transformavam os irmãos em vassalos (nobres que deviam ser fiéis ao suserano e prestar-lhe serviços). A sociedade era patriarcal (girava em torno do chefe de família) e as mulheres, desprovidas de direitos, dependiam dos pais, irmãos e marido. A vida em família durante a Idade Média girava em torno das obrigações com a Igreja e com o trabalho no campo. A expectativa de vida era baixa (em torno de 30 anos) e a mortalidade infantil, altíssima (em torno de 45%), em parte devido ao desconhecimento da importância da higiene para evitar doenças que vitimavam mais facilmente os mais frágeis. No século IX, os bispos carolíngios redigiram tratados regularizando o casamento e dando alguns direitos às mulheres (como o de não apanhar dos homens) e às crianças (elas eram uma dádiva e deviam ser aceitas pelos pais). Em algumas regiões da Europa, monastérios formavam escolas e abrigavam órfãos e filhos de camponeses, que assim eram alfabetizados e educados. Essa benesse era dada aos meninos e jovens do sexo masculino e era muito restrita, já que mais de 90% da população era analfabeta. A Idade Moderna teve mulheres poderosas, como Isabel I de Castela, que, com o marido, Fernando II de Aragão, formou o casal mais poderoso do século XV, os Reis Católicos da Espanha. Também foi marcante a passagem pelo poder da rainha Elizabeth I, da Inglaterra (século XVII), soberana em uma época de ebulição política e cultural em seu país (o escritor William Shakespeare ganhou fama nesse período). Eram mulheres da nobreza e com acesso à educação, e foram exceções numa linha do tempo essencialmente masculina. A mulher permaneceu relegada aos bastidores do poder até muito recentemente. A Revolução Industrial do século XVIII tirou-a de casa e do campo e a colocou nas fábricas (muitas vezes, com os filhos). No século XIX, as mulheres assumiram novos postos nas áreas de educação e saúde (enfermagem), mas ainda não podiam votar. O primeiro país a conceder o sufrágio (direito a voto) feminino foi a Nova Zelândia, em 1893. A Inglaterra teve um longo movimento sufragista, com protestos, prisões e até uma morte, e regularizou o voto depois da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Pouco mais de 60 anos depois, o país elegeria uma mulher para o cargo de primeira-ministra, Margareth Thatcher, que governou em conjunto com outra rainha Elizabeth (II). No Brasil, as mulheres puderam votar a partir de 1932, mas só as casadas (com autorização do marido) e as viúvas e solteiras que tivessem renda própria. REPRODUÇÃO  Elizabeth I: uma mulher no poder inglês no século XVII  A divisão de tarefas dentro da família levou o homem a cuidar da provisão de alimentos e bens, enquanto a mulher ficou encarregada de cuidar da prole e do lar.  Nas sociedades patriarcais, vigentes na Idade Média europeia e no Brasil colonial, todos deviam obedecer ao chefe da família. Até a divisão de herança privilegiava apenas os homens.  Até o Renascimento, a educação era ligada a temas religiosos e, fora do clero e da nobreza, poucos eram letrados.  A educação das crianças passou a ser considerada pelas classes mais altas a partir dos séculos XVII e XVIII. Crianças proletárias trabalhavam na lavoura, nas minas e fábricas desde muito cedo, por volta dos 6 ou 7 anos.
  • 11. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 17  O século XX viu o surgimento de várias conquistas femininas, como o sufrágio (direito ao voto) nas primeiras décadas e a revolução sexual na década de 1960, catalisada, entre outros fatores, pelo desenvolvimento da pílula anticoncepcional.  As mulheres representam quase metade da força de trabalho do Brasil, mas ganham menos que os homens para exercer funções iguais. ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para as questões 1 e 2. Elas chegaram lá O Brasil está sendo comandado por uma mulher. Muitas famílias também A batalha diária da múltipla jornada feminina tem surtido efeito: as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho em praticamente todos os setores – e muitas já exibem o maior salário da casa. De acordo com estudo divulgado em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 25,7% das mulheres têm hoje salário igual ou maior que o do marido no Brasil. Esse percentual faz parte de um universo de 13 milhões de casais, nos quais o homem é apontado como chefe da casa e a mulher também trabalha. O Brasil tem ainda mais 5 milhões de casais nos quais a mulher é apresentada como chefe. Os tempos de “Amélia” estão, definitivamente, ficando para trás. O termo ficou famoso como sinônimo de “mulher do lar” por causa do samba Ai, que Saudades da Amélia, de Mário Lago e Ataulfo Alves. Lançada em 1941, a música ressaltava as virtudes de uma mulher que se dedicava de corpo e alma ao bem-estar do marido. Livres da sombra da submissão, muitas mulheres de hoje não querem se dedicar exclusivamente às tarefas domésticas e não esperam, em contrapartida, que caiba sempre ao homem a tarefa de pagar a conta do restaurante. Muitos homens ainda não lidam muito bem com essa nova realidade. Nessa briga de saldos bancários, quem acaba pagando a conta muitas vezes é a harmonia conjugal. Coordenadora administrativa de uma empresa de planos de saúde de São Paulo, Cláudia Donegati, de 44 anos, tinha um salário quase igual ao do marido até receber uma promoção. O contracheque engordou, Cláudia ficou satisfeita com o reconhecimento profissional, mas acabou arranjando dor de cabeça em casa. “Lembro que na época meu marido se sentiu inferiorizado com a situação e o relacionamento deu uma boa balançada”, conta. Foram três anos de muita conversa e ajuda de terapia até reverter a situação. Uma das consequências mais comuns – e polêmicas – da superioridade profissional feminina é que a mulher passa a esperar que o homem assuma parte das tarefas domésticas. O poder financeiro também dá a ela o direito de tomar algumas decisões que tradicionalmente são do marido – a marca do carro, por exemplo. “O homem, culturalmente, cresce para ter poder, copiando o modelo do pai e do avô. Quando vê que na casa dele está sendo diferente, ele se pergunta o que está fazendo de errado”, afirma a consultora Neli Barboza. Você S/A Especial, 1/12/2010 (com adaptações). .1. (AED-SP) Amélia é o símbolo da dona de casa dedicada aos afazeres domésticos e submissa ao marido. Por que esse estereótipo tem se tornado menos comum na sociedade brasileira? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (AED-SP) Por que muitos homens têm dificuldades para aceitar que as mulheres ganhem mais do que eles? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .3. (ENEM-MEC) Texto 1: Durante a Idade Média europeia, as estratégias matrimoniais organizavam e sustentavam as relações sociais. O casamento era antes de tudo um pacto entre famílias. Nesse ato, a mulher era ao mesmo tempo doada e recebida, como um ser passivo. Sua principal virtude, dentro e fora do casamento, deveria ser a obediência, a submissão. Solteira, era identificada sempre como “filia” de, “soror” de. Casada, passava a ser personificada como “uxor” de. Filha, irmã, esposa: os homens deviam ser sua referência. MACEDO, José Rivair. A Mulher na Idade Média. 5.ª ed. São Paulo: Contexto, 2002 (com adaptações). Texto 2: “O que as revistas femininas aconselhavam às leitoras: [...] – A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, nada de incomodá-lo com serviços domésticos. (Jornal das Moças, 1959). AFP  Eleita com 55,7 milhões de votos, Dilma Rousseff é a primeira mulher na Presidência do Brasil
  • 12. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 18 – Se o seu marido fuma, não arrume brigas pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda a casa. (Jornal das Moças, 1957). – O lugar de mulher é no lar, o trabalho fora de casa masculiniza. (Querida, 1955). [...].” In: COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999. Com base na leitura comparativa dos textos, constata-se que: (A) o patriarcalismo medieval europeu influenciou, durante muito tempo, a cultura brasileira, tendo em comum a valorização da submissão feminina. (B) a ideologia patriarcal da Europa renascentista foi absorvida, sem alterações, pela sociedade brasileira na ditadura militar. (C) o Direito Romano, desde a Antiguidade, submeteu a mulher a uma inferioridade legal, que vigora na atual legislação brasileira. (D) as mulheres não possuíam direitos civis, tanto na Europa, na Idade Moderna, quanto no Brasil, na segunda metade do século XX. (E) o papel feminino está subordinado, nas duas conjunturas históricas, coisificando a mulher, contudo não existe a discriminação de gênero na sociedade brasileira atual. .4. (INEP-MEC) “Entre Adão e Deus, no paraíso, não havia mais que uma mulher; ela, porém, não encontrou um momento de descanso enquanto não conseguiu lançar seu marido para fora do jardim das delícias e condenar Cristo ao tormento da cruz.” VITRY, Jacques. Apud GIORDANI, Mário C. História do Mundo Feudal. Petrópolis, Vozes, vol. 2, 1983, p. 210. Analisando o texto de Jacques Vitry, um autor do século XVIII, e o papel da mulher nas sociedades da Antiguidade, na Idade Média e na Idade Moderna, assinale a proposição falsa: (A) Na maioria das sociedades da Antiguidade, com exceção da egípcia (onde algumas mulheres tiveram papel de relevo), a mulher tinha pouca importância, sendo considerada, frequentemente, uma propriedade. (B) Como podemos perceber no texto, o preconceito contra as mulheres foi reforçado na Idade Média. (C) A visão preconceituosa do autor, em relação à mulher, é tão grande que atribui a ela a expulsão do homem do paraíso e, até mesmo, a condenação de Cristo à morte na cruz. (D) Em alguns momentos da História da Europa, a mulher foi identificada como encarnação do mal. Muitas delas foram perseguidas, condenadas por “heresias e bruxaria”. (E) Com o advento da imprensa, o desenvolvimento urbano e a disseminação das ideias liberais, as mulheres, gradativamente, passaram a ter condições iguais às dos homens. Já no início da Idade Moderna, na Inglaterra e na França, conseguiram o direito ao voto e o de serem eleitas para a Câmara dos Comuns (Inglaterra) e para a Convenção Nacional (França). .5. (ENEM-MEC) Os dados da tabela mostram uma tendência de diminuição, no Brasil, do número de filhos por mulher. Evolução das Taxas de Fecundidade Época Número de filhos por mulher Século XIX 7 1960 6,2 1980 4,01 1991 2,9 1996 2,32 Fonte: IBGE, contagem da população de 1996. Dentre as alternativas, a que melhor explica essa tendência é: (A) Eficiência da política demográfica oficial por meio de campanhas publicitárias. (B) Introdução de legislações específicas que desestimulam casamentos precoces. (C) Mudança na legislação que normatiza as relações de trabalho, suspendendo incentivos para trabalhadoras com mais de dois filhos. (D) Aumento significativo de esterilidade decorrente de fatores ambientais. (E) Maior esclarecimento da população e maior participação feminina no mercado de trabalho. .6. (ENEM-MEC) A tabela apresenta a taxa de desemprego, em percentuais, dos jovens entre 15 e 24 anos, estratificada com base em diferentes categorias. Região Homens Mulheres Norte 15,3 23,8 Nordeste 10,7 18,8 Centro-Oeste 13,3 20,6 Sul 11,6 19,4 Sudeste 16,9 25,7 Grau de Instrução Menos de 1 ano 7,4 16,1 De 1 a 3 anos 8,9 16,4 De 4 a 7 anos 15,1 22,8 De 8 a 10 anos 17,8 27,8 De 11 a 14 anos 12,6 19,6 Mais de 15 anos 11,0 7,3 Fonte: PNAD/IBGE, 1998. Considerando apenas os dados anteriores e analisando as características de candidatos a emprego, é possível concluir que teriam menor chance de consegui-lo:
  • 13. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 19 (A) mulheres, concluintes do Ensino Médio, moradoras da cidade de São Paulo. (B) mulheres, concluintes de curso superior, moradoras da cidade do Rio de Janeiro. (C) homens, com curso de pós-graduação, moradores de Manaus. (D) homens, com dois anos de Ensino Fundamental, moradores de Recife. (E) mulheres, com Ensino Médio incompleto, moradoras de Belo Horizonte. ********** ATIVIDADES 2 ********** C3 Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. .7. (ENEM-MEC) Um grupo de estudantes, saindo de uma escola, observou uma pessoa catando latinhas de alumínio jogadas na calçada. Um deles considerou curioso que a falta de civilidade de quem deixa lixo pelas ruas acaba sendo útil para a subsistência de um desempregado. Outro estudante comentou o significado econômico da sucata recolhida, pois ouvira dizer que a maior parte do alumínio das latas estaria sendo reciclada. Tentando sintetizar o que estava sendo observado, um terceiro estudante fez três anotações, que apresentou em aula no dia seguinte: I. A catação de latinhas é prejudicial à indústria de alumínio. II. A situação observada nas ruas revela uma condição de duplo desequilíbrio: do ser humano com a natureza e dos seres humanos entre si. III. Atividades humanas resultantes de problemas sociais e ambientais podem gerar reflexos (refletir) na economia. Dessas afirmações, você tenderia a concordar, apenas, com (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) II. (E) III. H12 Analisar o papel da Justiça como instituição na organização das sociedades. .8. (ENEM-MEC) O texto refere-se às terras indígenas. A criação dessas áreas tem como finalidade proteger e garantir a sobrevivência dos grupos indígenas. Elas são controladas pela Funai. No entanto, parte dessas terras ainda não está demarcada, o que facilita a entrada nessas áreas e sua utilização para outras atividades como a agropecuária, a mineração, a extração de madeiras, a construção de hidrelétricas e rodovias. Muitos grupos indígenas abandonam suas terras, encontrando sérios problemas para sua sobrevivência. Adaptado de www.ibge.gov.br Além da Funai e dos índios, estão envolvidos no processo de demarcação de terras indígenas (A) grupos dos sem-terra e comerciantes. (B) empresários e governos. (C) grileiros e ambulantes. (D) embaixadas estrangeiras e comerciantes. (E) desempregados e industriais. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. .9. (ENEM-MEC) Leia as citações. Constituição de 1937 Dos direitos sociais Art. 139 – A greve e o lock-out são declarados recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional. Constituição de 1988 Dos direitos sociais Art. 9.º – É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre os interesses que devam por meio dele defender. Analisando as citações às referidas Constituições, é possível afirmar que o direito de greve (A) ajudou a desenvolver a indústria nacional a partir de 1937, durante a ditadura Vargas. (B) foi uma conquista social recente, no contexto da ditadura militar dos anos 1960, período de conquistas democráticas. (C) foi proibido durante a ditadura Vargas e conquistado em 1988, em um contexto de abertura democrática. (D) permitiu às categorias profissionais realizarem a greve de acordo com sua vontade, tanto em 1937 quanto em 1988. (E) é permitido pelas duas Constituições, desde que esteja de acordo com os superiores interesses nacionais. ________________________________________________ *Anotações*
  • 14. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 20 *MÓDULO 4* Cultura – Choque O Ocidente conhece o Oriente O período entre a ascensão de Alexandre ao poder (336 a.C.) e o domínio da Grécia pelos romanos (146 a.C.) é chamado de Helenístico. Durante esses dois séculos, os gregos expandiram seu território, o que levou a um encontro com a cultura oriental. Alexandre assumiu o poder aos 20 anos, após o assassinato de seu pai, Filipe II. Quando Alexandre nasceu, seu pai, um governante da Macedônia (norte da Grécia), havia acabado de conquistar as outras cidades- -Estado, então bastante enfraquecidas por guerras constantes entre atenienses e espartanos, e unificou a Grécia sob um governo único. O jovem Alexandre herdou um grande território – mas queria mais. Sua maior batalha foi travada para conquistar o reino da Pérsia, sob governo de Dario III. Nos combates, mostrou seu talento para dirigir exércitos e criar novas armas. Anexou a Síria, a Fenícia, a Palestina, o Egito e a Mesopotâmia. Educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre difundia a cultura grega conforme expandia o império. Ao chegar ao Egito, fundou uma cidade para substituir Atenas como centro de saber da época: batizada de Alexandria, ela passou a ser o mais importante centro do Mediterrâneo antes do domínio de Roma. A cidade tinha uma das maiores bibliotecas da Antiguidade, que reunia grande parte do conhecimento da época. Foi em Alexandria que Aristarco de Samos propôs pioneiramente que a Terra gira ao redor do Sol; que Euclides abriu uma escola de matemática; que Herófilo, o pai da anatomia, estudou o cérebro e os ritmos do pulso. Um dos estudantes de Alexandria foi Arquimedes, cuja contribuição para a humanidade em matemática e física inclui o aperfeiçoamento do sistema numérico e a invenção da alavanca e da roldana móvel. Além do Egito e da Pérsia, Alexandre e seus exércitos foram além, atravessando a Ásia Menor e chegando ao rio Indo, na Índia. Nunca um grupo ocidental havia ido tão longe e levado a cultura grega (sua língua, a educação, a filosofia e a religião), o que gerou uma simbiose com os costumes locais. Aparentemente, Alexandre gostaria de avançar mais, mas seus homens, longe de casa havia vários anos, ameaçaram um motim caso não retornassem para a Grécia. Na volta, Alexandre parou na Mesopotâmia e morreu, aos 32 anos, de uma febre desconhecida. A Macedônia foi dividida entre três generais – Alexandre, o Grande, não deixou herdeiros declarados. O Império Macedônio sobreviveu mais de um século graças aos laços de cultura e comércio iniciados por Alexandre. Mas Roma já ascendia e dominaria a Macedônia em 148 a.C., anexando a Grécia dois anos depois. EDITORA MOL  Fonte: José Arruda e Nelson Piletti. Toda a História. 3.ª ed. São Paulo: Ática, 2009, p. 7.
  • 15. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 21  O macedônio Alexandre, o Grande, que assumiu o poder aos 20 anos e morreu aos 32, no século IV a.C., ampliou as possessões gregas ao incorporar o Império Persa e terras da Ásia Menor, numa intensa troca marcada pelo intercâmbio cultural entre dominadores e dominados.  Os romanos chamavam de bárbaros (forma pejorativa de defini-los como “não civilizados”) as etnias que viviam fora de suas fronteiras e que as invadiam. Hunos, godos, anglos e saxões são alguns desses povos, que levaram à derrocada do Império Romano e formaram novas culturas, misturando romanos e outros povos.  No século XIX, os europeus usaram seu poder militar e financeiro para ocupar nações na Ásia e na África. O neocolonialismo redividiu a África de acordo com interesses europeus, prejudicando seriamente várias nações e suas culturas. Os movimentos de ocupação em busca de riqueza provocaram diversas guerras.  Na Índia, os colonizadores ingleses enfrentaram a (vitoriosa) resistência pacífica de Mahatma Gandhi e seus seguidores nas primeiras décadas do século XX. O país acabou por conquistar a independência, em 1947.  Para dominar a China, os ingleses deflagraram (e venceram) a Guerra do Ópio, no século XIX. O país teve um extenso território colonizado por europeus, russos, norte-americanos e japoneses. Hoje, realiza um grande esforço de modernização, crescimento econômico e aumento da influência política no cenário internacional, sem deixar de lado as tradições de uma cultura de 5.000 anos de história. ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para a questão 1. Admirável mundo novo Orgulhosos de sua civilização milenar, os chineses crescem em ritmo vertiginoso e buscam a liderança no cenário internacional Pense num país. Um país de cultura milenar e que se transformou radicalmente nos últimos tempos. Pense na capital desse país, que sofreu a maior mudança de sua longa história em apenas dez anos – os últimos dez anos. Pequim, China, você certamente pensou. Assim, é natural Pequim reivindicar um lugar que já ocupou – ou pretendeu ocupar –, no começo do século XV, como “capital do universo”. A China, que vive há três décadas um crescimento econômico estupendo, 10% ao ano em média, agora se abre para o turismo e o olhar estrangeiro. Destruiu e reconstruiu bairros e bairros. Fincou arranha-céus impressionantes, boa parte deles com a assinatura de arquitetos ocidentais badalados. Viu sua indústria automobilística explodir, suas malhas viária e metroviária fermentar, seu aeroporto duplicar e tornar- -se o maior do mundo. Ficou para trás, muito para trás, a cidade cheia de lavouras chegando aos limites da Praça da Paz Celestial, uma imagem que um estrangeiro veria 30 anos atrás. Se Pequim hoje começa a lembrar Tóquio e Nova York, consegue (ainda) manter vivas suas diferenças. Os prédios não têm os 4.º, 14.º, 24.º, 34.º andares porque o 4 é um número associado à morte. Os casais, que só podem ter um único filho – ou dois, excepcionalmente –, programam o nascimento de olho no horóscopo. Popularíssima é a medicina tradicional chinesa, da acupuntura às receitas de chá e à aplicação de ventosas nas costas. E a terrível e decana censura do governo comunista, que controla toda a imprensa nacional, os filmes em cartaz nos cinemas e a internet, ignora solenemente a pirataria, outro traço cultural que resiste. Os chineses consideram-se pais da cultura e da filosofia orientais. Converse com um local e ele prontamente repetirá o que aprendeu em idade escolar: esta é a civilização mais antiga do mundo, com 5.000 anos. O alfabeto é praticamente impenetrável para forasteiros – são “apenas” cerca de 20.000 ideogramas. Os chineses orgulham-se disso e passam horas escrevendo os caracteres na calçada. Acredita-se que a elegância da escrita denote o grau de instrução. Mais sinais da cultura chinesa aparecem pelas ruas. No sul de Pequim, o Parque Tiantan Gongyuan reúne respeitáveis senhores que fazem tai chi chuan e cantam e dançam em grupo, ao ar livre. O parque fica ao lado do famoso Templo do Céu, onde os grandes imperadores ofereciam sacrifícios em prol de boas colheitas na primavera. No norte de Pequim, na área montanhosa, está uma seção da Muralha da China, uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo. Com mais de 6.000 quilômetros de extensão, ela começou a ser erguida no século III a.C. para evitar as invasões da Mongólia e agregou quase um quarto da população (militares, prisioneiros e campônios) na obra. Hoje é tomada pelo turismo de massa e por uma massa ainda maior de vendedores ambulantes. A grande obra-prima da China imperial é a Cidade Proibida, bem no centro de Pequim, ao lado da Praça da Paz Celestial. Foi construída para marcar a transferência de poder de Nanquim para Pequim, no século XV, e abrigou as dinastias Ming e Qing, que sobreviveram no poder até 1912. Era “uma cidade dentro de outra”. Ninguém entrava lá sem autorização – daí o nome –, embora houvesse espaço de sobra. O palácio tem quase 9.000 cômodos, entre os recintos do imperador e os edifícios ao redor. O lugar sobreviveu ao saque dos japoneses em 1931 e às tentativas de demolição durante os anos 1960, com a chamada Revolução Cultural. Ali em frente, a célebre Praça da Paz Celestial (ou Tian’anmen) conecta o passado com o presente. Palco das grandes cerimônias cívicas, virou uma “Praça Vermelha” com o triunfo dos comunistas, em 1949. Ao longo das décadas, foi usada para demonstrações de força, culminando com o banho de sangue de 1989, em resposta à manifestação dos estudantes. Uma das maiores praças do mundo, pode comportar até 500.000
  • 16. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 22 pessoas e é a morada eterna de Mao Tsé-tung. Foi ele quem, em 1966, deu início à Revolução Cultural chinesa, um movimento que estimulava os jovens a se engajar no comunismo e a rejeitar modelos externos e que, na prática, fechou escolas e perseguiu intelectuais. Se vivo, Mao não reconheceria – e possivelmente não aprovaria – o que Pequim se tornou. Mas, pelas artes da história, ele continua ali, notavelmente sólido, concreto e ululante – como todos os novíssimos cartões-postais da cidade. Viagem & Turismo, jun. 2008 (com adaptações). .1. (AED-SP) Por que os chineses se orgulham de sua cultura? Ofereça subsídios para comprovar essa ideia. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (INEP-MEC) Questiona-se atualmente qual o fôlego do desenvolvimentismo do peculiar socialismo chinês e se suas reformulações econômicas exigirão iguais mudanças políticas, dando os contornos a uma verdadeira “glasnost” chinesa. VICENTlNO, Cláudio e SCALZARETTO, Reinaldo. Cenário Mundial. A Nova Ordem Internacional. São Paulo: Scipione, 1992. Tomando como referência a citação acima, assinale a alternativa correta: (A) Embora sejam reconhecidos os avanços no plano econômico, politicamente o governo chinês mantém o centralismo e o autoritarismo, tal como se verificou em Pequim no massacre da Praça da Paz Celestial. Naquele momento, os estudantes lutavam contra a influência cultural norte-americana, contra as privatizações e pelo fortalecimento do Partido Comunista Chinês. (B) A base das reformas econômicas na China, a partir da década de 1980, foi a criação de uma economia mercantil planificada, com investimentos na importação de tecnologia e abertura para empresas estrangeiras, aproveitando o potencial da farta mão de obra e do excelente mercado consumidor. (C) Em função da supervalorização da mão de obra, com os altos salários pagos aos operários chineses, e da concorrência da exportação de produtos agrícolas feita por Taiwan, os produtos chineses ficaram restritos ao comércio com o sudeste asiático. (D) A devolução de Hong Kong pelos ingleses à China foi fruto de intensos conflitos que envolveram recentemente os dois países, culminando com a implantação de eleições livres e a formação de uma bolsa de valores naquela região. .3. (ENEM-MEC) O dissidente chinês Liu Xiaobo obteve, nesta sexta- -feira, o Prêmio Nobel da Paz 2010, devido ao uso da não violência na defesa dos direitos humanos, no seu país natal. A China reagiu duramente, qualificando a decisão de uma “blasfêmia” ao próprio prêmio. Folha de S. Paulo, 8/10/2010. A conquista do Prêmio Nobel pelo ativista chinês, que participou das manifestações ocorridas na Praça da Paz Celestial, em Pequim, e duramente reprimidas pelo governo em 1989, deixa claras as contradições com as quais a China depara no início do século XXI, porque: I. a abertura econômica, a partir de 1978, acabou com o coletivismo dos tempos maoístas e foi responsável pelo crescimento do PIB chinês, favorecido pelos investimentos estrangeiros no país. II. ao assumir o governo, Deng Xiaoping combinou abertura econômica com totalitarismo político e, mesmo constatando o crescimento desigual no interior da China, tem resolvido os impasses políticos por meio de negociações pacíficas. III. o paradoxo entre o totalitarismo político e a adoção de liberdade de mercado na China tem desgastado as instituições de poder, que recorrem ao exercício da força para conservar o poder diante de um país influenciado pela economia de mercado. É correto afirmar que: (A) somente I está correta. (B) somente II está correta. (C) somente I e II estão corretas. (D) somente I e III estão corretas. (E) I, II e III estão corretas. .4. (FUVEST-SP) Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Ocidental, ocorridas entre os séculos III e IX, é correto afirmar que: (A) foi uma ocupação militar violenta que, causando destruição e barbárie, acarretou a ruína das instituições romanas. (B) se, por um lado, causaram destruição e morte, por outro contribuíram, decisivamente, para o nascimento de uma nova civilização, a da Europa Cristã. (C) apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu, afinal, conter os bárbaros, derrotando-os militarmente e, sem solução de continuidade, absorveu e integrou os seus remanescentes. (D) se não fossem elas, o Império Romano não teria desaparecido, pois, superada a crise do século III, passou a dispor de uma estrutura socioeconômica dinâmica e de uma constituição política centralizada. (E) os godos foram os povos menos importantes, pois quase não deixaram marcas de sua presença.
  • 17. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 23 .5. (FUVEST-SP) “África vive (...) prisioneira de um passado inventado por outros.” Mia Couto, Um retrato sem moldura, in Leila Hernandez, A África na Sala de Aula. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 11. A frase acima se justifica porque: (A) os movimentos de independência na África foram patrocinados pelos países imperialistas, com o objetivo de garantir a exploração econômica do continente. (B) os distintos povos da África preferem negar suas origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural africana. (C) a colonização britânica do litoral atlântico da África provocou a definitiva associação do continente à escravidão e sua submissão aos projetos de hegemonia europeia no Ocidente. (D) os atuais conflitos dentro do continente são comandados por potências estrangeiras, interessadas em dividir a África para explorar mais facilmente suas riquezas. (E) a maioria das divisões políticas da África definidas pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais, mesmo após os movimentos de independência. .6. (INEP-MEC) Observe a figura a seguir. ESTÚDIO PINGADO Essas marcas representam: (A) a expansão do agronegócio. (B) o poderio da robótica. (C) a vulgarização da internet. (D) o fortalecimento do mercado interno. (E) a mundialização do capital. .7. (ENEM-MEC) “O espaço geográfico é o resultado das transformações introduzidas pela Revolução Industrial. (...) O desenvolvimento científico e tecnológico é revertido em novos produtos (...) e redução de custos, permitindo (...) maior capacidade de competição.” orbita.starmedia.com/geoplanetbr/industria.html No contexto da citação acima, é correto afirmar que: (A) as principais atividades da indústria são as que transformam matérias-primas em produtos manufaturados. (B) a tecnologia provoca a substituição de humanos por robôs. (C) um setor considerado de ponta, nesta fase técnico- -científico-informacional, é a biotecnologia. (D) o avanço da engenharia genética tem possibilitado a seleção das características genéticas das pessoas. (E) o avanço técnico-científico na indústria atinge com igual intensidade as diferentes sociedades. ********** ATIVIDADES 2 ********** H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. .8. (ENEM-MEC) Em um confronto entre policiais e camelôs no centro de São Paulo, foram colhidos por um repórter de TV dois depoimentos: o do proprietário de uma loja e o de um camelô. Depoimento 1 “Esta situação está ficando insustentável. Não há lugar para os pedestres circularem livremente pela calçada e isso prejudica meus negócios. O preço dos produtos desses camelôs é uma afronta, porque, como não pagam impostos e só trabalham com mercadorias contrabandeadas ou roubadas, não há concorrência que resista.” Proprietário de uma loja na região central de São Paulo. Depoimento 2 “Eu era metalúrgico, e fui demitido. O que antes eu fazia, hoje um monte de máquinas faz no meu lugar. Eu não consigo arrumar outro emprego, porque as outras fábricas também estão demitindo. A crise está muito brava. Peguei meu Fundo de Garantia e apostei tudo nisso. Monto minha barraca onde tem mais gente passando pra poder faturar um pouco e sustentar minha família.” Vendedor ambulante do centro de São Paulo.
  • 18. CHH  História  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio CHH  História 24 Os depoimentos indicam que (A) a crise econômica e o desemprego prejudicam proprietários e trabalhadores. (B) os comerciantes são os únicos prejudicados pela crise do desemprego. (C) a crise econômica pode ser resolvida pelo comércio dos camelôs. (D) donos das lojas e camelôs estão unidos contra a crise. (E) os camelôs são os únicos prejudicados pela crise uma vez que os comerciantes são os detentores dos capitais. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. .9. (ENEM-MEC) À medida que os europeus se apropriavam das terras do continente americano, intensificaram-se os conflitos com os ameríndios. As ofensivas dos europeus aos povos indígenas acabaram por contribuir para a resolução do problema de mão de obra. Pode-se afirmar que as relações entre os conquistadores europeus e os ameríndios foram marcadas pelo(a) (A) respeito ao modo de vida dos indígenas. (B) disposição do ameríndio a submeter-se ao europeu. (C) integração entre europeus e ameríndios. (D) exploração da mão de obra indígena. (E) ausência de reações violentas contra os colonizadores. .10. (ENEM-MEC) Leia o texto e observe a charge. Mais do que a chegada dos colonos, é a escravização que desintegra o modo de vida das tribos indígenas. Eles morrem com centenas de doenças transmitidas pelos brancos. Só na Bahia, em 1563, uma epidemia de varíola mata cerca de 30 mil índios. Fonte: NOVAIS, Carlos Eduardo e LOBO, César. História do Brasil para principiantes, 1999. Utilizando o texto e a charge, escolha a opção correta acerca da transformação da vida dos índios na Bahia após a chegada dos portugueses ao Brasil no século XVI. (A) Nos primeiros encontros com os europeus, os índios já tinham conhecimento dos perigos à saúde que o contato com os colonizadores ocasionaria. (B) A charge revela que os índios eram seguidores dos portugueses e não questionavam os aspectos negativos do contato com os europeus. (C) A escravidão dos índios dessa região foi imposta pelos portugueses e aceita pacificamente pelos índios. (D) A colonização europeia da América desorganizou o modo de vida das populações indígenas e disseminou doenças. (E) Os colonizadores tratavam com respeito os indígenas que logo com eles se aliaram nos trabalhos agrícolas. ________________________________________________ *Anotações*