O documento apresenta uma análise ergonômica de uma sala de aula regular. Um questionário aplicado a estudantes mostrou que 97,77% sentiam algum desconforto corporal, principalmente na coluna, mãos e quadril. Uma análise das medidas da sala de aula revelou discrepâncias entre o mobiliário existente e as normas ergonômicas. Conclui-se que é necessária a adequação do mobiliário escolar para melhorar o conforto e a saúde dos alunos.
Análise ergonômica de uma sala de aula de ensino regular
1. ANÁLISE ERGONÔMICA DE UMA SALA DE AULA DE ENSINO REGULAR
GÉSSICA MINATTO1; RALPH FERNANDO ROSAS2
RESUMO
A ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a atividade neles existentes. O
desconforto corporal é sensação como se uma parte do corpo estivesse pesada ou inclinada, tensa,
com formigamento, ou levemente dolorida, sendo que o indivíduo pode vir a sentir outras sensações
desagradáveis, todo indivíduo que realiza suas atividades de forma inadequada, em relação
atividade e corpo, está sujeito a desencadear desconfortos posturais, devido à má adaptação do
ambiente e a sua rotina. Nesse sentido o presente estudo teve como objetivo analisar a adequação
ergonômica da sala de aula e o nível de conforto atribuído pelos discentes ao ambiente escolar numa
escola de ensino regular da cidade de Tubarão SC. Foi selecionada apenas uma sala de aula de 8ª
série, onde todos os estudantes da mesma responderam um questionário para analisar o desconforto
corporal atribuído aos discentes, os resultados demonstram que 97,77% da amostra sentiam algum
tipo de desconforto, e os locais de maior significância foram coluna, mãos e quadril. Foi realizado a
análise ergonômica da sala de aula, e os resultados foram explanados através de análise descritiva
simples, através de figuras e quadro, onde se pode perceber discrepâncias significantes entre o
mobiliário proposto pelas normas em relação ao encontrado. Conclui-se que é necessária a
adequação do mobiliário escolar e intervenção de um fisioterapeuta no ambiente escolar, com o
intuito de melhorar a qualidade de vida dos escolares, e prevenir o agravo das algias posturais que
podem atuar indiretamente na baixa do rendimento escolar.
Palavras- Chave: Ergonomia. Desconforto corporal. Qualidade de Vida.
ERGONOMIC ANALYSIS OF A CLASSROOM OF EDUCATION REGULAR
ABSTRACT
Ergonomics aims to change the systems of work in order to adapt the activity therein. Discomfort is
the feeling of having a part of the body as it was heavy or bent, tense, with tingling or mildly
painful, and the individual may come to experience other unpleasant sensations, any person who
carries out activities in an inappropriate manner, for activity and body, is subject to trigger postural
discomfort due to poor adaptation of the environment and its routine. In this regard the present
study aimed to analyse the adequacy of classroom ergonomics and comfort level felt by students
regarding the school environment in a middle school in the city of Tubarão, SC. One has selected
only one eighth grade classroom, where all students answered the same questionnaire to analyze the
physical discomfort attributed to them, the results show that 97.77% of the sample felt some kind of
discomfort, and the most significant spots were spine, hips and hands. An ergonomic analysis was
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Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.
2
Professor Msc. Ralph Fernando Rosas do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.
2. carried out in the classroom, and the results were explained by simple descriptive analysis, using
figures and table, where one can notice significant differences between the proposed furniture and
the one found there. One concludes that it is necessary to adequate the school furniture and
recommends a physiotherapist intervention in the school environment, in order to improve the life
quality in the school, and prevent the worsening of postural pains that can indirectly act in low
school performance.
Key words: Ergonomics. Physical Discomfort. Quality of Life.
INTRODUÇÃO
A sala de aula é um ambiente onde o aluno permanece por no mínimo durante quatro
horas do seu dia, portanto além do programa de ensino, não menos importante para a formação do
aluno, a sala de aula tem que ter padrões de qualidade e proporcionar conforto tanto para o público
docente quanto para o público discente.
Cadeiras inadequadas no ambiente escolar induzem a posturas erradas, que podem
desencadear problemas na coluna lombar e cervical, e em membros superiores, além de causar
deficiências circulatórias nos membros inferiores, as cadeiras com melhor qualidade ergonômica
permitem a adaptação da cadeira ao aluno e não o inverso1.
Os mobiliários inadequados levam a posturas inadequadas que quando adotadas no
ambiente escolar provocam alterações no funcionamento articular e orgânico, os sinais e sintomas
mais frequentes apresentados pelos estudantes que adotam a má postura sentada englobam dores,
parestesias, limitações dos movimentos, diminuição da força muscular, cefaléia, cãibras, tensão
muscular, tosse, hipersecreção brônquica e dispnéia, as alterações posturais, algias vertebrais,
bursite no ombro, cervicobraquialgia, lombociatalgia, a presença de retrações e contraturas
musculares, a diminuição da força muscular geral, a diminuição da resistência à fadiga e a
ocorrência de problemas respiratórios2.
Para que os alunos possam realizar suas funções durante o período que estão em sala de
aula, a instituição de ensino a qual estão vinculados precisa estar equipada com mobiliário “classe”,
que é cadeira e mesa escolar, adequados ergonomicamente a cada estudante3.
Uma das principais dificuldades em projetos de cadeiras é o fato de que o sentar-se é
comumente visto como atividade estática, enquanto, na realidade, ela é dinâmica4.
Desta forma, observando que no ambiente escolar existe uma grande lacuna de
aplicações e adequações ergonômicas, principalmente no mobiliário mais também no ambiente em
geral, pergunta-se: as condições ergonômicas da sala de aula da 803 da Escola Governador Aderbal
3. Ramos da Silva estão adequadas para que os alunos e professores tenham um ambiente escolar
apropriado?
Levando-se em conta que no contexto escolar nacional, o número de crianças que
freqüentam as escolas é superior ao de adultos envolvidos em atividades ocupacionais, entretanto
pouca ou nenhuma atenção tem sido dispensada as questões ergonômicas que envolvem o ambiente
escolar5.
No município de Tubarão - SC, não há achados relevantes de estudos feitos na área da
ergonomia na sala de aula.
Diariamente, as crianças na idade escolar permanecem sentadas por muitas horas,
arqueadas sobre as suas mesas, com posturas extremamente danosas à sua saúde. A pressão mantida
por diversas horas sobre os ossos em formação das crianças ocasionarão transformações posturais
permanentes, que irão lhes incomodar para o resto de suas vidas5.
Além da falta de conhecimento na questão da saúde dos discentes, percebe-se a
necessidade da prevenção das conseqüências que uma má postura pode trazer, e outro aspecto não
menos importante que é de demonstrar para as autoridades governamentais, professores alunos e
gestores de ensino a importância de se ter um estabelecimento de ensino dentro das normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Norma Brasileira (NBR) 14006:1997, visando
o crescimento saudável do aluno6.
Levando-se em conta que a postura sentada agindo sobre o organismo humano de forma
repetitiva, leva os escolares a criarem seus mecanismos de defesa, podendo promover uma irritação
ou agonia que muitas vezes aparece em sala de aula por meio de dispersão e bagunça7.
Além disso, ressalta-se a relevância do estudo no intuito de que se as autoridades
governamentais investirem de forma adequada na saúde dos alunos e dos professores,
proporcionando uma qualidade de vida dentro do ambiente escolar, haverá uma queda significante
nos gastos voltados à doença, tendo em vista que crianças com uma postura adequada terão
menores chances de desenvolverem alterações posturais patológicas ocasionadas por uma má
postura.
A carência de dados antropométricos relativos à população brasileira e a falta de normas
técnicas nacionais relacionadas a cadeiras e mesas escolares reforçam a importância do
desenvolvimento de projetos com a finalidade de propor critérios de avaliação, contribuindo tanto
para a melhoria do mobiliário fabricado, quanto para o conforto dos alunos durante o período
estudantil.
Com isso, agregar-se-ia mais um item de valor ao produto: a "qualidade ergonômica",
que demonstra, dentro dos seus princípios básicos, como a segurança, o bem-estar e a satisfação do
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Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.
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Professor Msc. Ralph Fernando Rosas do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.
4. ser humano, soluções práticas para o desenvolvimento de móveis que sejam ergonomicamente
adaptados aos seus usuários e adequados à sua utilização diária.
Por todos esses motivos é imprescindível que existam estudos que analisem o conforto
dos alunos e dos professores dentro da sala de aula durante o ano letivo.
Sendo assim o objetivo geral dessa pesquisa foi analisar a adequação ergonômica das
salas de aula e o nível de conforto atribuído pelos discentes ao ambiente escolar numa escola de
ensino regular da cidade de Tubarão SC.
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa classificada quanto: ao nível como sendo descritiva, quanto ao
procedimento de coleta de dados tipo transversal e quanto à abordagem, como quantitativa.
A amostra foi composta pela oitava série três (803) da EGARS é que tem 31 alunos, no
qual preenchia os critérios de inclusão e exclusão desta pesquisa.
Após a apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul (CEP -
UNISUL), tendo como registro o protocolo 10.019.4.08. III iniciou-se a coleta. Essa pesquisa segue
os princípios da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas que envolvem
seres humanos, assim, o TCLE e faz parte da pesquisa como forma de preservação dos direitos do
pesquisado. A pesquisa é isenta de riscos, e o participante pode se retirar dela quando quiser.
Em primeiro momento fez-se contato com a EGARS, colocando de maneira clara e
objetiva a pesquisa, a ser realizada na sala de aula da oitava série assim como a aplicação da escala
de desconforto para diferentes partes do corpo para ser realizada com os alunos, desta forma
pedindo autorização para a diretora da escola através de uma carta de apresentação para realizar a
pesquisa.
O responsável da instituição assinou a carta de apresentação, e os responsáveis pelas
crianças assinaram um TCLE contendo o esclarecimento sobre pesquisa. As assinaturas foram
arquivadas em documento pessoal.
Após a assinatura do TCLE por todos os responsáveis pelos alunos, assim como a
assinatura da carta de apresentação disponibilizada para a direção da EGARS, deu-se início a coleta
de dados que foi realizada no período de Jun - Jul de 2010, onde em primeiro momento foi
realizada a verificação das medidas das carteiras e cadeiras para serem comparadas com as normas
proposta pela ABNT NBR14 006:19976.
5. Logo após o recolhimento dos dados em relação às medidas das carteiras e cadeiras foi
aplicado aos alunos da oitava série da EGARS um questionário denominado escala de desconforto
para as diferentes partes do corpo.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
São apresentados os resultados e a análise dos dados que foram coletados com o
objetivo principal de analisar a adequação ergonômica das salas de aula e o nível de conforto
atribuído pelos discentes ao ambiente escolar numa escola de ensino regular da cidade de Tubarão -
SC. Os resultados serão apresentados na seguinte ordem: Primeiramente os dados obtidos através
dos questionários correspondentes ao desconforto postural aplicados aos discentes, e posteriormente
serão apresentados os resultados encontrados com as medidas ergonômicas da sala de aula 803 da
Escola Governador Aderbal Ramos da Silva.
Com relação ao desconforto corporal dos trinta e um alunos participantes da pesquisa
trinta alunos 96,77 % referiram algum desconforto em alguma parte do corpo e apenas um aluno
3,22% referiu nenhum desconforto em nenhuma parte do corpo, como se pode visualizar no gráfico
1:
Gráfico-1 Distribuição da amostra em relação à presença de desconforto corporal.
Fonte: Pesquisa realizada pela autora, 2010
Na tabela 1 foram descritas as principais regiões do corpo onde se constatou por
meio da amostra a presença de desconforto corporal, sendo que os sintomas manifestam-se em mais
de um segmento corporal e em diferentes níveis.
Conforme a tabela abaixo, podemos observar que os locais de maior incidência de dor
ou desconforto foram: Coluna cervical, coluna lombar, quadril e mãos.
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6. Um dos objetivos desse estudo é demonstrar a importância da ergonomia na sala de aula
803 visando à prevenção de problemas futuros em questão de saúde, pois de acordo com esse
estudo as crianças manifestaram algias em vários segmentos do corpo, em contrapartida Achour
Júnior8, diz que muitos problemas de dor são transitórios e nem todas as crianças e adolescentes
com dor na coluna transferem esse problema para idade adulta.
Nos achados deste estudo, dos trinta e um integrantes da pesquisa, vinte e quatro
(77,41%) dos alunos sentem dores na coluna cervical, destes oito (25,80%) suportam a dor,
quatorze (45,16%) sentem dor de caráter intenso e dois (6,45%) sentem dor insuportável, conforme
podemos ver no gráfico abaixo:
Gráfico – 2 Intensidade de desconforto na região cervical.
Fonte: Pesquisa realizada pela autora, 2010.
Os resultados desse estudo demonstram que dos trinta e um alunos que responderam o
questionário vinte quatro sentem algum tipo de desconforto na região cervical, isto corresponde
7. 77,4% do total da amostra, o que corrobora com os achados de um estudo feito por Moro9, onde foi
aplicado um questionário com o objetivo de saber de noventa e três alunos da rede pública de
ensino qual relação com a carteira escolar, além de um questionário, para que marcassem as regiões
do corpo onde sentiam dores ou desconfortos durante o período escolar e foi verificado que 54%
dos relatos de queixas apontavam para a região da nuca e do pescoço.
Corroborando novamente como um estudo realizado pelo Centro de Saúde em
Ergonomia da Universidade de Surrey no Reino Unido, o qual teve como objetivo identificar o grau
de dor nas costas em sessenta e seis crianças do ensino fundamental, como resultado encontraram
aumento dos ângulos de flexão cervical e da parte superior do tronco durante as atividades em sala
de aula, no geral as crianças apontavam a região do pescoço como a região de maior desconforto10.
Em contrapartida um estudo realizado por Nascimento e Iop11, com dezoito alunos do
segundo grau do Colégio Estadual Senador Francisco Beijamim Galloti, apenas dois cerca de
(11,12%), apresentaram dor na coluna cervical de caráter intenso, contrariando os resultados
obtidos com essa pesquisa sendo que vinte e quatro integrantes da amostra (77,41%) sentem algum
tipo de desconforto na região cervical.
Em relação à dor lombar dos trinta e um alunos participantes da pesquisa vinte e dois
alunos (70,9%) sentiam algum tipo de desconforto na coluna lombar, sendo que nove (29,03%),
referiram não sentir nenhum tipo de dor ou desconforto na coluna lombar, dez (32,25%) sentiam
dores de caráter suportável, dez (32,25%) sentiam dores de caráter intenso e apenas dois (6,45%)
sentiam dor de caráter insuportável, a coluna lombar foi uma das regiões onde houve o maior
número de queixas álgicas referidas pelos escolares.
Gráfico – 3 Intensidade de desconforto na região lombar.
Fonte: Pesquisa realizada pela autora, 2010.
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Professor Msc. Ralph Fernando Rosas do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.
8. Segundo Hall12 a incidência de lombalgia em crianças é de quase 30%. Essa
incidência aumenta com a idade e se aproxima da observada em adultos por volta dos dezesseis
anos, com a dor nas costas sendo a mais comum em meninos que em meninas, levando em conta
que a amostra desse estudo é constituída por alunos matriculados na oitava série que tem idade por
volta de dezesseis anos, justifica-se a porcentagem de alunos com dor lombar, que foi de 70,9%.
Os resultados dessa pesquisa vêm de encontro com os achados da pesquisa de
Mangueira 13, que escreve em relação à presença da dor em estudantes com faixa etária entre onze e
dezesseis anos, onde se pode observar que 72,9% dos estudantes referiram dor na coluna. Estas
dores estavam predominantemente localizadas na região lombar (41,0%) e torácica (40,4%).
A região do quadril também foi apontada pelos alunos, no que diz respeito ao
desconforto, doze alunos (38,70%) não sentem nenhum tipo de dor ou desconforto, quatorze
(45,16%) sentem dor de nível suportável, cinco (16,12%) sentem dor intensa e nenhum aluno
relatou sentir dor insuportável. Os seguintes dados estão descritos no gráfico 5:
Gráfico – 5 Intensidade de desconforto na região do quadril.
Fonte: Pesquisa realizada pela autora, 2010.
Segundo Chaffin14, a criança deve sentar-se com os dois pés apoiados sobre o chão,
com os joelhos fletidos em ângulo reto, pois, nesta posição sentada, o peso do corpo é transferido
para o assento, piso, encosto e braço da cadeira, diminuído picos localizados de pressão.
Para Kendall e MacProvance15, se a cadeira for alta, haverá falta de suporte para os pés
e os quadris e os joelhos ficarão com flexão excessiva que não existe uma cadeira correta, pois a
altura e profundidade das cadeiras devem ser apropriadas para cada pessoa, onde a altura da cadeira
possa permitir que os pés fiquem apoiados confortavelmente sobre o solo, evitando assim, pressão
nos glúteos e coxas, e favorecendo o aparecimento das dores.
9. Rego16 realizou um estudo com 47 alunos de 5ª e 6ª séries, e observou mediante a
avaliação postural o desnivelamento da pelve em 51% da amostra, ainda foi empregado aos alunos
um questionário, onde os alunos relataram desconforto na posição sentada e inadequação do
mobiliário.
No gráfico 6 abaixo pode-se visualizar a intensidade do desconforto referidos na região
das mãos, o que prevaleceu na mão direita, supostamente por a grande maioria da amostra utilizar
predominantemente a mão direita para realizar suas atividades, como por exemplo escrever, dos 31
alunos participantes da pesquisa 13 (41,93%) relataram nenhuma dor, 12 (38,70%) relataram dos
suportável, 5 (16,12%) referiram dor intensa e apenas 1 (3,22%) referiu dor insuportável.
Gráfico – 6 Intensidade de desconforto nas mãos
Fonte: Pesquisa realizada pela autora, 2010.
A instrução normativa do Instituto Nacional de Seguridade Social usa a expressão
Lesão por Esforço Repetitivo (LER), e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT), estabelecendo um conceito da síndrome, declarando que ela não se origina exclusivamente
de movimentos repetitivos, podendo ocorrer pela permanência prolongada dos segmentos corporais
em determinadas posições, assim como a necessidade de concentração e atenção do trabalhador
para realização das atividades laborais e a pressão imposta pela organização do trabalho17.
Segundo Yeng18, as LER podem atingir qualquer pessoa que exerça atividades físicas
capazes de exigir esforços que superem suas reservas funcionais, sejam elas digitadores, caixas de
banco, músicos, estudantes e até atletas, estas doenças vêm merecendo destaque por parte de
médicos, agências governamentais de saúde e sindicatos de categorias profissionais.
O autor supra citado finaliza finaliza mencionando que as LER, são conseqüentes da
realização de movimentos contínuos, posturas inadequadas e estresses emocionais por um período
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10. de tempo variado e podem se manifestar em qualquer segmento do corpo, habitualmente membros
superiores (punho, antebraço, mão), coluna cervical e lombar.
A sala de aula padrão, segundo normas da Secretaria de Estado da Educação e Desporto
(SEED), é de 6 m de largura por 8 m de comprimento sendo, então, o padrão da maioria das escolas
(72%). Este tamanho comporta até, aproximadamente, 35 alunos. Na prática, acomoda entre 15 e 25
alunos19.
A sala de aula no qual foi realizada essa pesquisa tem 6,10 m de largura por 8,35 m de
comprimento e 3 metros de altura, portanto encontra-se nos padrões propostos pela SEED, essa sala
de aula comporta 33 alunos no período matutino, correspondente pela sala 801, e já no período
vespertino na sala 803, onde foi realizada a nossa pesquisa comporta 31 alunos os quais integram a
amostra dessa pesquisa.
O quadro abaixo explana o que foi encontrado em relação às medidas das mesas e
cadeiras da sala 803, e compara com os parâmetros impostos pela ABNT NBR14 006:1997.
A partir do quadro -1 pode-se observar que há discrepância entre as medidas propostas
em relação às encontradas como, por exemplo: Altura do assento, espaço para região posterior do
joelho, inclinação do assento, inclinação do tampo da mesa, inclinação do encosto da mesa, e em
relação ao braço da cadeira, pois as cadeiras encontradas não possuem braço.
Uma pesquisa realizada por Ferreira20, onde abordou o estudo de critérios técnico-
funcionais para a qualificação do mobiliário escolar de 6.319 alunos do ensino fundamental de
11. escolas públicas da região Metropolitana de Porto Alegre – RS, concluiu através do levantamento
de medidas antropométricas dos alunos, que grande parte desta população não possui mobiliário
escolar que garanta um padrão mínimo de conforto e qualidade de acordo com suas características
antropométricas e biomecânicas, o que vem de encontro com os achados deste estudo.
Braccialli7, afirma que cadeiras mal projetadas, com altura e profundidade de assento e
de encosto maior ou menor do que necessário, podem gerar vários ajustes posturais, os quais são
responsáveis por dormência nos membros, dificuldades no retorno venoso, dores lombares,
aceleração do processo degenerativo do disco intervertebral, desgaste das vértebras e,
conseqüentemente, fadiga muscular durante a realização das atividades, corroborando com esse
estudo, pois, alguns parâmetros determinantes do mobiliário escolar, como o espaço para a região
posterior do joelho, não vêm de encontro com os propostos pelas normas, e trazem como
consequência desconforto para os alunos.
21
Loch defende que um produto desenvolvido para uma escola (seja ele material
didático ou equipamento), além de acessível e de atender às necessidades do usuário e da escola,
deve contemplar a segurança, a confiabilidade, ser de fácil manutenção e apresentar qualidade.
Além disso, deve trazer beneficio ao seu usuário e ser produzido em processos eficientes, ressalta
que os estudos ergonômicos, de desempenho e de avaliação pós-uso, assim como de melhoria
contínua do mobiliário, precisam ser pensados desde o seu processo de concepção, o que não
acontece nesta pesquisa, pois todos os alunos utilizam o mesmo mobiliário, que não proporcionam
conforto aos alunos.
Domljan22 realizou um trabalho com 556 alunos de várias escolas da Croácia, a fim de
determinar a relação de dimensões antropométricas de alunos do ensino fundamental, verificando os
ajustes corporais que os alunos fazem durante a postura sentada em seus mobiliários, os resultados
mostraram que os mobiliários utilizados não estavam de acordo com as características
antropométricas de grande parte da amostra, com isso, os mesmo adotavam estratégias corporais
para manter-se numa postura confortável, corroborando novamente com nosso estudo, pois alguns
parâmetros do mobiliário escolar não estão adequados com as normas propostas pela ABNT.
Para Kroemer e Grandjean23, a distância entre o assento e a mesa constitui-se na medida
mais importante a ser considerada, pois a altura das mesas não ajustáveis é definida com base em
medidas médias e não consideram as variações individuais. Os autores recomendam que não sejam
colocadas gavetas acima dos joelhos e nem em caixilhos espessos e argumenta que, como regra
geral, uma mesa inclinada é um avanço em relação à mesa plana, tanto em termos de postura quanto
de visão, as mesas de nosso estudo são compostas por um porta-livro com a altura de 19 cm em
relação ao tampo da mesa, o que em escolares de maior estatura é um empecilho e causa
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Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.
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12. desconforto em membros inferiores, o que acontece nessa pesquisa quando se trata da região do
quadril e dos joelhos.
Segundo Reis24, a realidade das escolas demonstra que as normas que regulamentam o mobiliário
escolar (NBR-14006 e 14007), estabelecendo as condições mínimas para utilização do mobiliário
escolar, não se cumprem na prática, assim, cabe aos alunos a utilização de mobiliários escolares
inadequados, que não atendem a suas especificidades, favorecendo a adoção de posturas
prejudiciais.
Portanto existe um mobiliário regulável, que se torna uma boa saída para conciliar os
gastos com a adequação do mobiliário referente às autoridades governamentais e a diminuição das
queixas álgicas referentes aos escolares, atualmente é crescente o número de escolas que buscam
mobiliários alternativos para equacionar os problemas advindos das questões antropométricas24.
Conforme podemos observar na figura abaixo, essas novas mobílias possuem sistemas de
regulagem tanto da mesa como da cadeira do mobiliário, onde o próprio aluno, com o tempo, irá
encontrar o ajuste ideal para si.
Figura-8 Foto mostrando a postura corporal do aluno induzida por um conjunto
escolar ergonométrico.(Mobiliário escolar regulável de propriedade da Indústria
CEQUIPEL - Biguaçu-SC).
Fonte: Estudo realizado por Moro, 200524.
Diante do exposto percebe-se que o mobiliário ajustável é a mais importante adequação
ergonômica apresentada até o presente momento, para superar os velhos conceitos de sala de aula24.
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados obtidos e analisados, e de acordo com os objetivos pré-
estabelecidos, concluiu-se com a análise ergonômica, que a sala encontra-se dentro do proposto pela
SEED. Em relação ao mobiliário encontrado, diverge em alguns parâmetros do mobiliário proposto
pela ABNT, o que se faz necessário a adequação do mesmo.
Sabe-se que a faixa etária dos alunos é aproximadamente a mesma, em contrapartida a
estatura oscila muito entre cada um dos escolares, por isso faz-se necessário que o mobiliário seja
diferenciado em relação a estatura e o peso dos escolares.
Dos 31 escolares participantes da pesquisa 30 referiram algum tipo de desconforto
corporal durante o período que fica em sala de aula, isso equivale a 96,77% do total da amostra, um
número alerta para os gestores de ensino e de saúde, sendo que o segmento corporal mais citado
entre os locais de prevalência da dor foi a coluna, de acordo com o caderno de saúde pública 70-
85% de todas as pessoas sofrerão de dor lombar em alguma época da vida, se no ambiente escolar
as crianças já possuem algias corporais, imagina-se quando forem submetidas ao mercado de
trabalho.
Os achados dessa pesquisa, relacionado ao desconforto corporal, leva a pensar na
qualidade de vida que as crianças possuem no período de quatro horas em que ficam em sala de
aula, e de que forma esse desconforto afeta negativamente o rendimento escolar dessas crianças.
Trata-se também de uma questão de prevenção o que diretamente afeta as autoridades
governamentais, pois investindo em saúde e qualidade de vida para os nossos escolares no presente
não será necessário investir em auxilio doença no futuro para os mesmos, o que prova mais uma vez
que se faz necessário a atuação de um fisioterapeuta dentro do ambiente escolar, trabalhando
integralmente de forma preventiva ao lado dos educadores, promovendo uma melhora no ambiente
escolar e auxiliando de forma indireta no aumento do rendimento escolar de nossas crianças.
REFERÊNCIAS
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1
Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.
2
Professor Msc. Ralph Fernando Rosas do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão.