Neste artigo é mostrado a realidade da carência de acessos aos Portos no Brasil. O caos na infraestrutura na cabotagem, tanto da burocracia como na falta de investimentos.
Os custos Logístico poderiam ser muito minimizados se fosse utilizados esse modal aqui apresentado.
Infraestrutura e cabotagem: desafios e soluções para o transporte brasileiro
1.
2. Em seu artigo, Cabotagem: opção a considerar, o colega Milton Lourenço, mostra
as dificuldades e burocracia na cabotagem brasileira. Agora, como nunca, ficou
tão evidente a necessidade de investimentos em infraestrutura Logística no Brasil.
E não só em obras para facilitar o acesso de caminhões aos portos.
A realidade no Ceará, sob este aspecto, não é diferente do restante do Brasil.
Obras das vias de acesso aos Portos estão com obras interminavelmente
inacabadas, atrasadas.
É preciso também repensar a matriz de transporte brasileira, o que inclui a
construção de uma rede de armazenagem (condomínios) para a produção agrícola
no interior do País capaz de evitar que caminhões virem silos e as rodovias e vias
de acesso aos portos se transformem em pátios de estacionamento.
3. Sabe-se que há investimentos na rede ferroviária e que, a partir de
2015, com a conclusão das obras do Ferro anel, será possível encurtar
distâncias. Por exemplo: a distância ferroviária entre a região de
Campinas e o Porto de Santos, que hoje chega a 280 quilômetros, vai
cair para 180 quilômetros, pois a concessionária deixará de ser
obrigada a usar no trecho que corta São Paulo a mesma linha de trens
urbanos, sem limites de horário.
Tanto uma infraestrutura capaz de armazenar super safras de
soja, milho, açúcar e farelo como uma melhor distribuição de linhas
férreas que transportem também contêineres e celulose podem tirar
milhares de caminhões das rodovias. Mas não é só.
Com mais de nove mil quilômetros de costa, o País pode desenvolver
também o seu sistema de cabotagem, estimulando o transporte de
cargas entre os portos nacionais. Até porque no Brasil, ao contrário
dos países do Hemisfério Norte, tem a vantagem de desfrutar de
condições climáticas favoráveis de navegação durante todo o ano.
4. Sem contar que a cabotagem
apresenta, em média, um custo 20%
ou mais barato do que o modal
rodoviário, além de oferecer mais
segurança a determinadas cargas
que exigem a presença de escolta, o
que encarece e muito o frete.
É óbvio que se existissem só
vantagens grande parte das cargas já
teria mudado para esse modal.
Acontece que há obstáculos que
impedem a cabotagem de se tornar
competitiva, a começar pela pouca
oferta de navios.
Um dos maiores entraves é a
burocracia aduaneira e portuária
que, praticamente, dobra o tempo
de entrega da carga.
5. É verdade que a adoção do sistema “Porto 24 Horas” pela maioria dos complexos
portuários do País pode ajudar a minorar o problema, mas, de antemão, já se sabe que a
Receita Federal não dispõe de quadro de funcionários suficiente para atender a contento
essa determinação.
Aliás, o que se tem visto é a Receita diminuir a equipe que costumava atuar durante o dia
para atender ao horário noturno. Dá-se o que popularmente é conhecido como “descobrir
um santo para cobrir outro”.
Além disso, a cabotagem está sujeita, praticamente, às regras e ao mesmo tratamento dado
ao transporte de longo curso. Ora, se a carga é doméstica, foge à luz da razão que tenha de
ser submetida a uma fiscalização mais rigorosa ou demorada.
6. Para piorar, há ainda a questão do
bunker, o combustível usado pelos
navios. Incompreensivelmente, o
bunker é mais barato para as
embarcações de longo curso do que
para os navios de cabotagem, já que
aqueles estão isentos de impostos.
Por
tudo
isso,
a
cabotagem, historicamente, tem-se
mostrado um modal sucateado e
pouco atraente.
Se houve nos últimos tempos um
despertar para a questão da
infraestrutura portuária, está na hora
de o governo dedicar à cabotagem a
atenção que o modal merece.
A quem interessa “melar” a melhoria
de infraestrutura portuária de
cabotagem?