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Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia                                           37
Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida




      MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO ENTRE OS NEURÔNIOS E DOS
             NEURÔNIOS COM OS ÓRGÃOS EFETUADORES




       Os neurônios estabelecem comunicações entre si por meio de estruturas denominadas
sinapses nervosas e a comunicação entre neurônios e as células musculares ocorre através
de junção neuromuscular.


As sinapses nervosas podem ser químicas ou elétricas

Sinapse química. Forma de comunicação dos neurônios com outros neurônios ou com as
células efetuadoras por meio de mediadores químicos denominados neurotransmissores
(NT). Os NT são sintetizados pelos próprios neurônios e armazenados dentro de vesículas.
Essas vesículas concentram-se no terminal axônico e quando os impulsos nervosos chegam a
esses terminais os NT são liberados por meio de exocitose. A membrana do terminal que libera
os NT denomina-se membrana pré-sináptica e a imediatamente vizinha, membrana pós-
sinaptica. Entre elas há um espaço em torno de 100-500A chamado fenda sináptica. A
interação dos NT com a membrana pós-sinaptica é realizada por meio de receptores
protéicos altamente específicos.     Além dos NT, os neurônios sintetizam mediadores
conhecidos como neuromoduladores cujo efeito é o modular (controlar, regular) a transmissão
sináptica.

Sinapse elétrica. Comunicação nervosa que dispensa mediadores químicos; a
neurotransmissâo é estabelecida através da passagem direta de íons por meio das junções
abertas ou comunicantes (gap junctions). Os canais iônicos ficam acoplados e formas
unidades funcionais denominadas conexinas. A transmissão da informação é muito rápida,
mas oferece quase nenhuma versatilidade quanto ao controle da neurotransmissão. São
particularmente úteis nas vias reflexas rápidas e nas respostas sincrônicas de alguns neurônios
do SNC. Durante a fase de desenvolvimento ontogenético do SN humano os neurônios
possuem ambos os tipos de sinapses, mas depois predominam as neurotransmissões
químicas.
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                Sinapse química                                                      Sinapse elétrica




MECANISMO DA NEUROTRANSMISSÃO QUÍMICA

                                                                         Liberação dos NT

                                                                         Com a chegada do PA no terminal (1),
                                                                                                  ++
                                                                         os     canais    de   Ca       voltagem
                                                                         dependentes abrem-se e ocorre a
                                                                                          ++
                                                                         difusão de Ca para o interior do
                                                                                                               ++
                                                                         terminal (2). O aumento de Ca
                                                                         intracelular estimula a exocitose dos
                                                                         NT para a fenda sináptica (3, 4). Os NT
                                                                         ligam-se a receptores da membrana
                                                                         pós-sinaptica (5) e causam mudanças
                                                                         de permeabilidade iônica. O fluxo
                                                                         resultante de íons muda o potencial de
                                                                         membrana                  pós-sinaptico
                                                                         transitoriamente,    causando       uma
                                                                         resposta pós-sinaptica.
                                                                         Os NT por outro lado, são inativados
                                                                         por enzimas específicas (6).



Os NT causam alterações no potencial de membrana

        Os NT liberados para a fenda difundem-se até a membrana pós-sináptica e ligam-se,
reversivelmente, às moléculas receptoras. Essas moléculas são de natureza protéica e se
ligam especificamente ao seu mediador químico promovendo eventos elétricos. Conforme o
tipo de NT, a interação causa uma mudança na condutância iônica da membrana pós-sináptica
e um fluxo resultante de íons que pode levar à uma despolarização (entrada de cátions) ou
hiperpolarizaçâo (saída de cátions ou entrada de anions). Essas respostas elétricas da
membrana pós-sináptica são chamadas de potenciais pós-sinápticos e propagam-se
passivamente a distâncias bem curtas. O intervalo de tempo que corresponde a liberação do
NT até o inicio do potencial sináptico (em torno de 0,5ms) chama-se retardo sináptico. Esse
retardo pode variar conforme o tipo de receptor sináptico ativado.


A freqüência dos impulsos nervosos determina a quantidade de NT liberados

       Em cada vesícula sináptica há centenas de moléculas de NT. Quando o impulso de um
único PA chegar ao terminal, um certo número de vesículas é esvaziado. Se a freqüência dos
PA aumentar, proporcionalmente, mais vesículas são liberadas, pois o aumento da atividade
                                           ++
nervosa no terminal manterá os canais de Ca abertos por mais tempo. Por outro lado, se a
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freqüência dos PA se mantiver alta por muito tempo, poderá ocorrer falta de vesículas e a
neurotransmissâo poderá falhar até que o estoque de NT seja reposto.

A neurotransmissâo química é quântica

        A unidade elementar da neurotransmissão química é o efeito causado pelos NT
contidos em uma vesícula. Como cada vesícula contém a mesma quantidade de NT, a
resposta pós-sinaptica é quântica, ou seja, a amplitude do potencial pós-sinaptico será sempre
o múltiplo da resposta causada por uma única vesícula.

Como desativar a neurotransmissão?

         Os NT (ou os neuromoduladores) exocitados não podem permanecer ligados aos
receptores permanentemente. O sistema de recepção precisa voltar rapidamente ao seu
estado de repouso, prontificando-se para receber novas mensagens. Há três maneiras de
inativar os mediadores químicos: a) difusão lateral; b) degradação enzimática e c) recaptação
pela membrana pré-sináptica via proteínas especificas de transporte (com consumo de ATP) e
assistida pelos astrócitos. A acetilcolina é o único NT que não sofre recaptação.


Os neurônios possuem dois tipos de NT

                                                                         Se o NT causar despolarização
                                                                         na membrana pós-sináptica, o
                                                                         NT e a sinapse são chamados
                                                                         de excitatórios. Mas, se
                                                                         causarem hiperpolarização são
                                                                         chamados de inibitórios. Há
                                                                         vários tipos de NT excitatórios e
                                                                         inibitórios.

                                                                         O     potencial     pós-sináptico
                                                                         despolarizante é denominado
                                                                         potencial          pós-sináptico
                                                                         excitatório     (PEPS)     e    o
                                                                         hiperpolarizante, potencial pós-
                                                                         sináptico inibitório (PIPS). Os
                                                                         PEPS e PIPS são, portanto,
                                                                         alterações     localizadas     no
                                                                         potencial     de       membrana
                                                                         causadas por aberturas de
                                                                         canais iônicos dependentes de
                                                                         NT.

                                                                         A figura ilustra o efeito do NT
                                                                         excitatório    causando      uma
                                                                         corrente de despolarização na
                                                                         membrana pós-sináptica (influxo
                                                                         de Na+) e de NT inibitórios,
                                                                         causando uma corrente de
                                                                                                        -
                                                                         hiperpolarização (influxo de Cl ).

                                                                         Os PEPs e os PIPs são
                                                                         respostas elétricas de baixa
                                                                         voltagem e as respectivas
                                                                         amplitudes      dependem    da
                                                                         quantidade      de    NT.   Os
                                                                         potenciais pós-sinápticos são
                                                                         eventos elétricos causados pela
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 abertura de canais iônicos NT dependentes cuja amplitude é baixa mas variável. Já os PA são
 eventos elétricos do tipo tudo-ou-nada (amplitude e duração constantes) causados pela
 abertura de canais iônicos (Na e K) voltagem dependentes.

 OS NT agem sobre dois tipos de receptores pós-sinápticos


     Receptores ionotrópicos: possuem sítios de recepção para os NT localizados em um
 canal iônico com comporta. Quando o NT se liga ao sítio receptor ocorre uma mudança de
 conformação espacial resultando na abertura (ou fechamento) de poro iônico.

     Receptores metabotrópicos: são moléculas que possuem sítios para os NT, mas que
 não são canais iônicos. A formação do complexo NT-receptor inicia reações bioquímicas que
 culmina com a abertura indireta dos canais iônicos. Nesse caso o receptor pós-sinaptico ativa
 uma proteína reguladora chamada proteína G que por sua vez, aciona uma outra proteína
 chamada efetuadora que efetivamente, poderá mudar a conformação de um canal iônico ou
 então, ativar uma enzima chave que modifica o metabolismo do neurônio pós-sinaptico. Esses
 tipos de receptores ativam uma reação em cascata e usam um segundo mensageiro (o
 primeiro é NT).
     Assim, nas sinapses em que os NT agem diretamente sobre receptores ionotrópicos, a
 neurotransmissâo é bastante rápida e nas sinapses mediadas por receptores metabotrópicos a
 comunicação é mais demorada.




À esquerda, receptor ionotrópico. Á direita, receptor metabotrópico, mostrando dois sistema da proteína G: ação direta e via 2o
mensageiro



         A proteína G é uma molécula que fica ancorada na membrana citoplasmática e possui
 três subunidades (α, β e δ). Quando ela está em repouso, a unidade α está ligada a uma
 molécula de GDP. Quando o NT se liga ao receptor, a proteína G troca a molécula de GDP
 pelo GTP e a subunidade α desliza-se pela membrana até encontrar uma molécula efetora.
         Por exemplo, quando a acetilcolina liberada pelos terminais nervosos se liga ao seu
 receptor nas fibras musculares cardíacas, a subunidade α age abrindo os canais de K e a sua
 saída e causa PIPS. A hiperpolarização torna a fibra cardíaca menos excitável e como
 conseqüência, ocorre a redução na freqüência de batimento do coração. Outro NT, o GABA
 possui receptores metabotrópicos no SNC que agem de maneira semelhante, causando PIPS
 também pela abertura de canais de K.


 Proteína G e o sistema da adenilciclase

         A proteína G pode não só atuar diretamente sobre o canal iônico como também
 estimular a geração de 2º mensageiros e acionar outras proteínas efetuadoras intracelulares.
 A adenilciclase é uma das enzimas-chaves que uma vez ativada pela proteína G produz um 2º
 mensageiro conhecido como cAMP. Conforme a célula-alvo, encontraremos subtipos de
 proteínas G (Gs, Gi e Go).

        O NT Noradrenalina, por exemplo, quando se liga ao receptor do tipo β, ativa o sítio
 Gs da proteína G. A subunidade β ativa a enzima-chave adenilciclase (AC) que a partir do
                  o
 ATP produzirá o 2 mensageiro, o cAMP. O cAMP tem a função de ativar uma enzima quinase
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                                                                   ++
A (PKA) cuja função é a de fosforilar canais de Ca . A entrada de cátions torna a membrana
pós-sináptica mais fácil de ser excitada.
        Um outro tipo de receptor da mesma noradrenalina é um tipo α2 que tem efeito
antagônico, ou seja, a inibe a AC. A inibição da enzima deixará de produzir cAMP e como
                              +
conseqüência os canais de K que estavam abertos, se fecham.

       Podemos concluir que um mesmo NT pode ter receptores diferentes e conforme a
sinapse, apresentar efeitos antagônicos.

           Coração                                                                Vasos




Proteína G e o sistema da fosfolipase C

         Outros receptores metabotrópicos ativam outra enzima chave: a fosfolipase C (PLC)
que como a adenilciclase flutua na membrana. A PLC age na membrana fosfolipídica
quebrando o inositol fosfolipídio em dois componentes: IP3 (hidrossolúvel) e DAG
(lipossolúvel). O DAG ativa a proteína quinase C (PKC) enquanto o IP3 difunde-se para o
                           ++                                                              ++
citosol e abre canais de Ca dos reservatórios do retículo endoplasmático. A presença de Ca
intracelular altera o metabolismo do neurônio pós-sinaptico assim com a condutância iônica,
mudando a excitabilidade celular. Este é um dos mecanismos de ação da serotonina.




         As células possuem mecanismos para reverter estes efeitos, graças a enzimas que
defosforilam as moléculas fosfatadas pelas quinases. São as fosfatases. O efeito sobre os
canais iônicos desses NT metabotrópicos dependerá do balanço entre as reações de
fosforilação e de defosforilação.


Que vantagens há em usar 2º mensageiros?
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                                                                          A vantagem é que intracelularmente
                                                                  são produzidos muitos mediadores, isto é,
                                                                  amplificação do sinal inicial: os receptores
                                                                  ionotrópicos possuem uma relação de 1 NT:
                                                                  1 canal iônico. No sistema acoplado à
                                                                  proteína G a relação é de 1NT: muitos
                                                                  canais.
                                                                          Além disso, possui um efeito mais
                                                                  prolongado e os 2º mensageiros podem
                                                                  enviar sinais para dentro da célula.
                                                                          O     fato     de   os     receptores
                                                                  metabotrópicos demorarem mais tempo para
                                                                  modificar a excitabilidade do neurônio ou,
                                                                  então,    por     agirem    modificando     o
                                                                  metabolismo, torna os mediadores químicos
                                                                  que agem nesses receptores agentes
                                                                  moduladores da neurotransmissâo.




MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO ELEMENTAR DOS SINAIS NEURAIS

Os PEPS e PIPS são computados algebricamente na membrana pós-sinaptica por
somação

          Os potenciais pós-sinápticos gerados com a chegada dos NT propagam-se
passivamente até a zona de gatilho. Se o PA será gerado ou não, isso dependerá do evento
elétrico:
a) se a despolarização atingir um valor crítico (ou limiar) será gerado um PA
b) se a despolarização ultrapassar o potencial critico então mais de um PA será gerado
c) se a despolarização atingir valores menores do que o crítico ou se houver hiperpolarização,
     não haverá qualquer PA

Somação espacial e temporal
                                                                                   Na superfície da membrana
                                                                         dos dendritos e dos corpos celulares
                                                                         há receptores para NT excitatórios e
                                                                         inibitórios. Isso quer dizer que o
                                                                         neurônio pós-sinaptico gera PEPS e
                                                                         PIPS conforme a sinapse que está
                                                                         em atividade. Então, como o
                                                                         neurônio realiza a análise dos sinais
                                                                         aferentes? Ele realiza uma análise
                                                                         combinatória de potenciais pós-
                                                                         sinápticos denominada somação que
                                                                         pode ser de duas maneiras:

                                                                         Somação Espacial: somação de
                                                                         potenciais pós-sinápticos causados
                                                                         por    diferentes  neurônios   pré-
                                                                         sinapticos.
                                                                         Somação Temporal: somação de
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potenciais pós-sinápticos em rápida sucessão deflagrados pelo mesmo neurônio pré-sináptico.

         Os potenciais pós-sinápticos têm a propriedade de se somarem algebricamente
modificando a sua intensidade. Assim a somação de três PEPS causados por neurônios
distintos ou pelo mesmo neurônio aumenta as chances do potencial de membrana pós-
sinaptico atingir o valor limiar. Enquanto os potenciais pós-sinapticos gerados nos dendritos e
corpo celular são graduáveis em termos de intensidade, os PA, ao contrário, possuem duração
e amplitude fixas. Isso que dizer que nos axônios, a decodificação de intensidade é feita pela
modulação na freqüência dos PA. Esses comportamentos elétricos mediante os tipos de NT
deixam bem claro que as sinapses químicas funcionam como processadores binários de sinais
(despolarização/hipoepolarizaçao) e que na freqüência dos PA está codificada a mensagem
resultante da análise. Por isso, um neurônio ao receber os sinais de vários neurônios distintos
pode integrá-los por meio de somação e gerar (ou não) uma determinada freqüência de PA
como resposta.

Potenciais de placa das junções neuro-musculares

        Os motoneurônios são os elementos periféricos do SN motor somático cujos corpos
celulares estão localizados na substância cinzenta da medula ou nos núcleos motores dos
nervos cranianos. Seus axônios são mielinizados e conduzem os impulsos nervosos em alta
velocidade. Os terminais axonicos fazem sinapse com uma região especializada do sarcolema
chamada placa motora. A acetilcolina (Ach) é o NT responsável pela estimulação das fibras
musculares e a sua liberação para a fenda sináptica ocorre como nas sinapses nervosas. A
Ach causa um potencial pós-sináptico excitatório chamado potencial de placa. Como fora da
placa motora há canais de Na e K voltagem dependentes, o potencial de placa causará PA ao
longo do sarcolema que por sua vez causará a contração da fibra muscular.


Os potenciais pós-sinapticos das sinapses nervosas e das junções neuro-musculares
operam com níveis diferentes de segurança

         Nas junções neuromusculares, os potenciais de placa são excitatórios e devem ser à
prova de falhas: a cada PA do motoneurônio, o terminal axônico deve liberar uma quantidade
suficiente de vesículas (em torno de 200) capaz de produzir um potencial de placa suficiente
para as fibras musculares se contraírem.
         Já nas sinapses nervosas a neurotransmissâo opera de maneira diferente: a
quantidade de NT liberada pelas vesículas devido a um único PA não será suficiente para
causar um PA no neurônio pós-sináptico: na verdade será necessária a somação espacial e/ou
temporal de vários PEPS. Assim, as sinapses nervosas estão sempre em condições de
processar previamente os sinais nervosos antes de produzir os sinais (PA) em seus axônios.

Propriedades das comunicações neurais


1) Facilitação. Quando o neurônio estimula o outro com uma freqüência elevada durante um
certo intervalo de tempo, a membrana pós-sináptica passa a responder com maior amplitude a
cada estímulo isolado. Em outras palavras, ela fica mais fácil de ser despolarizada até o seu
limiar (torna-se mais excitável).
2) Fadiga sináptica. Se os estímulos de alta freqüência se prolongarem, a membrana pós-
sinaptica apresenta fadiga, resultando na suspensão temporária da transmissão nervosa,
devido ao esgotamento do NT e à inativação dos receptores pós-sinapticos.
3) Potenciação pós-tetânica. É uma forma de facilitação sináptica mais prolongada. Logo
após a fadiga sináptica, a membrana pós-sinaptica se torna excessivamente sensível à
                                         ++
estimulação. Supõe-se que o acúmulo de Ca dentro dos terminais pré-sinápticos facilite a
liberação dos NT.
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4) Potenciação em longo prazo (LTP). A potenciação pós-tetânica decai dentro de poucos
minutos, mas em algumas sinapses centrais (como no hipocampo) o processo é mantido por
longo tempo e parece estar associada à base da aprendizagem e memória.

5) Condução unidirecional. A condução dos impulsos nervosos através das sinapses se dá
apenas unidirecionalmente, dos botões terminais para a membrana pós-sinaptica, nunca em
sentido contrário, garantido o fluxo unidirecional das informações. Uma exceção é a ação de do
neurotransmissor, NO que age do neurônio pós-sináptico para a o pré-sináptico.


Um neurônio pode regular a excitabilidade de outro neurônio por meio de neurônios
inibitórios


                                                          Os PIPS causam redução na
                                                excitabilidade da membrana pós-sinaptica,
                                                pois o potencial de membrana se afasta do
                                                potencial limiar. A função do neurônio
                                                inibitório é justamente tornar o neurônio pós-
                                                sinaptico incapaz de deflagar um PA ou
                                                reduzir a freqüência dos PA.
                                                          Na figura ao lado, observamos que o
                                                neurônio possui dois tipos de sinapses: um
                                                excitatório e outro inibitório. Suponha que
                                                apenas o neurônio excitatório esteja em
                                                atividade (figura de cima). O eletrodo
                                                colocado no dendrito acusa um PEPS e no
                                                soma observamos a propagação eletrotônica
                                                da despolarização. Já na figura de baixo,
                                                entra em ação a sinapse inibitória. Repare
                                                que o soma já não manifesta qualquer
                                                resposta excitatória, indicando a total
incapacidade de gerar PA. A grande maioria dos canais iônicos dependentes de NT inibitórios
                       -
é permeável aos íons Cl . No SNC o principal NT inibitório é o GABA.




 Neurônio                                  Neurônio
Excitatório                                Inibitório

                                                               Dendritos e Corpo Celular: local
                                                               de integração dos potenciais pós
                                                               sinápticos de baixa voltagem e
                                                               graduados




                                                            PEPS         Zona de Gatilho: conforme o resultado da somação
                                                                         algébrica dos potenciais pós-sinapticos haverá ou não
         Zona de                                            PIPS         geração dos PA. A freqüência dos PA será determinada
         Gatilho                                                         pela amplitude do PEPS.
          do PA

                                                            PEPS
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CIRCUITOS NEURAIS: UM SISTEMA LÓGICO DE PROCESSAMENTO DE
SINAIS ELÉTRICOS
        A relação dos NT excitatórios e inibitórios com suas respectivas famílias de receptores
sugerem uma ampla flexibilidade no processo de análise e processamento da informação
nervosa. Agora veremos que os arranjos arquitetônicos dos circuitos nervosos também
propiciam sistemas de controle da informação.
       No SNC, as sinapses mais comuns são do tipo axo-somática ou axo-dendrítica. Há,
porém, mais raramente, a ocorrência de sinapses axo-axônicas, dendro-dendríticas,
somato-somáticas, somato-dendríticas e somato-axônicas.

        Apesar de incomum, o circuito nervoso mais simples possível seria o de um neurônio
sensitivo e um neurônio motor, cujo estímulo no primeiro provocaria uma resposta no segundo.
Entende-se por circuito neural o arranjo sináptico entre mais de dois neurônios. Um arco
reflexo é um circuito que pode ter no mínimo um neurônio sensorial, um neurônio motor e o
órgão efetuador. Neste caso, este circuito é denominado arco reflexo monossináptico, pois
envolve uma única sinapse entre o neurônio sensorial e o neurônio motor. Mas o mais comum
é encontrar circuitos polissinápticos, com a participação de não só um único interneurônio,
mas vários que ficam interpostos entre os neurônios sensoriais e os motoneurônios.
        Em vários circuitos, os contatos sinápticos são estáveis e precisos com alto grau de
reconhecimento celular, mas em outros, ocorrem rearranjos dramáticos e não raro, são
eliminados. Ao longo do desenvolvimento, os circuitos são passiveis de serem modificados com
o uso.
        Os circuitos neurais podem ser cadeias de neurônios abertas ou fechadas.

Tipos de circuitos abertos

                                                                                 Circuito convergente: arranjo
                                                                         no qual vários neurônios convergem
                                                                         para um único neurônio. Repare que
                                                                         este neurônio constitui uma via final
                                                                         comum de vários impulsos nervosos
                                                                         que podem chegar de diferentes regiões
                                                                         do SNC. Nos circuitos divergentes os
                                                                         neurônios estão arranjados de tal modo
                                                                         que uma célula pode redistribuir a
                                                                         informação para vários neurônios
                                                                         situados em diferentes locais do sistema
                                                                         nervoso.


Tipos de circuitos fechados

                                                          Circuitos neuronais como vemos na figura ao
                                                 lado, propiciam a recorrência ou reverberação do
                                                 impulso nervoso, auto-reforçando a propagação do
                                                 impulso excitatório na cadeia. Denominamos este tipo de
                                                 circuito de feedback positivo ou facilitatório. Assim, a
                                                 informação é reverberada por um certo tempo que
                                                 depende do número e tipos de associação dos
                                                 componentes da cadeia.
                                                 Entretanto, a presença de um neurônio inibitório neste
                                                 tipo de circuito, ao contrário, autocontrola o nível de
                                                 excitabilidade da própria cadeia: quanto maior o nível de
                                                 excitação, maior vai ser o de inibição e o circuito é
                                                 denominado de feedback negativo inibitório.
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    Circuito inibitório lateral

                                                                           No caso do arranjo de duas cadeias
                                                                  paralelas de neurônios excitatórios, uma
                                                                  poderá influenciar a outra através de um
                                                                  neurônio inibitório lateral. Este circuito é
                                                                  conhecido como inibição lateral.
                                                                  Se houver um outro neurônio inibitório
                                                                  influenciando o neurônio inibitório do circuito
                                                                  anterior, o primeiro inibiria o efeito inibitório do
                                                                  segundo, liberando o circuito excitatório. Neste
                                                                  caso temos um circuito desinibitório.

                                                                           Baseado numa forma binária de
                                                                  processamento de sinal (excitação/inibição) e
                                                                  infinitas possibilidades arquitetônicas na
                                                                  organização dos circuitos neurais um
                                                                  processamento nervoso progressivamente
                                                                  cada vez mais complexo é possível. Em outras
                                                                  palavras, quanto maior o numero de neurônios
                                                                  em um circuito maior será o grau de
                                                                  complexidade      no    processamento      da
                                                                  informação.




    Zona de descarga e Orla Sublimiar

                                              Veja o circuito neuronal ao lado: suponha a estimulação
        A                  B           apenas do neurônio A. Este é eficaz para causar PA no neurônio 1
                                       mas só consegue causar PEPS sublimiares nos neurônios 2, 3 e 4.
                                       O mesmo acontece com a estimulação do neurônio B. Se ambos,
                                       A e B forem estimulados simultaneamente, além dos neurônios 1 e
                                       5, a somação espacial facilitará os neurônios 2, 3 e 4 que também
                                       serão disparados. Denomina-se zona de descarga, o conjunto de
                                       neurônios que dispara em resposta ao estimulo limiar, no caso
                                       corresponde aos neurônios 1 e 5; já os neurônios 2, 3 e 4
1        2      3      4          5    corresponde à orla sublimiar.




    Células marcapasso

            No sistema nervoso, existem células que manifestam atividade elétrica espontânea.
    Uns descarregam-se ritmicamente e outros ao acaso. As células nervosas que regulam o ciclo
    respiratório possuem tais propriedades.
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NEUROTRANSMISSORES E NEUROMODULADORES
   Um NT tem como características típicas:
1. ser sintetizado pelos neurônios pré-sinápticos;
2. ser armazenado dentro de vesículas e armazenados nos terminais axonicos;
3. ser exocitado para a fenda sináptica com a chegada do PA;
4. possuir receptores pós-sinápticos cuja ativação causa potenciais pós-sináptico (excitatórios
   ou inibitórios);
5. uma vez purificado, mimetizar os mesmos efeitos fisiológicos.


                                                                         Geralmente,      um     neurônio
                                                                         produz apenas um tipo de NT,
                                                                         excitatório ou inibitório. Não
                                                                         raro, entretanto, ele pode
                                                                         sintetizar e secretar dois tipos
                                                                         de mediadores químicos: um
                                                                         NT e outro neuromodulador.
                                                                         Esse último tem a função de
                                                                         regular o nível de excitabilidade
                                                                         da membrana pós-sinaptica.

                                                        Os NTs são sintetizados no
                                                        próprio terminal, mas os
                                                        neuromoduladores peptídicos
                                                        são fabricados no corpo celular
                                                        e armazenados em grânulos
                                                        secretores       que        são
                                                        transportados até o terminal. A
ação dos neuromoduladores não é tipicamente a de causar potenciais de ação, mas de
controlar ou regular o grau de excitabilidade da membrana pós-sinaptica, facilitando ou
dificultando a deflagração dos PA nas zonas de gatilho.
       Já vimos que os NT são inativados eficazmente pela combinação de vários mecanismos:
       a) difusão: os NT difundem-se para fora da sinapse.
       b) inativação química por enzimas específicas presentes na sinapse.
       c) captação pré-sináptica.
       d) recaptação pelas células gliais (astrócitos).



CLASSES DE NEUROTRANSMISSORES E OS MECANISMOS DE AÇÃO

        Vimos que os NT apresentam dois tipos de efeitos na membrana pós-sináptica: os
excitatórios que causam despolarização e os inibitórios, hiperpolarizaçâo. Tanto um efeito
quanto outro pode ser causado não só por um tipo exclusivo de NT, mas por vários tipos
diferentes. Além disso, um mesmo NT possui não só um tipo de receptor pós-sináptico, mas
vários subtipos. Todas essas características da neurotransmissâo química conferem às
sinapses nervosas, uma enorme diversidade e plasticidade.

Biossíntese dos Neurotransmissores

       Os NT são dos seguintes tipos químicos: aminoácidos, aminas, purinas, peptídeos e
gases (Veja a lista de alguns NT na tabela).
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                                                               !         "
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         Os NT são sintetizados a partir dos sistemas enzimáticos presentes nos terminais
axônicos ou no corpo celular. Os aminoácidos, por exemplo, são sintetizados em todas as
células a partir da glicose ou de proteínas decompostas. A única exceção é o GABA que é
sintetizado a partir do glutamato por determinados neurônios. As aminas são todas
sintetizadas no terminal sendo que a acetilcolina é sintetizada a partir da colina; a serotonina, a
partir do triptofano e as catecolaminas (dopamina, adrenalina e noradrenalina), a partir da
tirosina. Conhecer os passos da síntese dos NT é especialmente importante já que muitas
doenças neurológicas e psiquiátricas estão associadas com falhas na síntese de NT. Por
exemplo, os distúrbios na síntese de serotonina e noradrenalina causam quadros de depressão
profunda.
        É interessante observar que muitas outras células sintetizam essas substâncias que
chamamos de NT; mas os neurônios são especialistas em armazenar e concentrar tais
substâncias ou os seus percussores dentro de vesículas. Os neuromoduladores peptídicos são
todos sintetizados no reticulo endoplasmático rugoso e armazenados em granulos secretores.


Princípios de Neurofarmacologia
                                                                Nosso organismo está exposto a várias
                                                        substâncias tóxicas: venenos de origem animal ou
                                                        vegetal metais pesados (mercúrio, chumbo e
                                                        cromo) e a um monte de drogas sintéticas
                                                        (fármacos).
                                                        Várias substâncias são neurotóxicas e afetam
                                                        especificamente      a    neurotransmissâo.      O
                                                        conhecimento básico de alguns princípios de
                                                        neurofarmacologia nos serão muito úteis.
                                                                As substâncias exógenas que se ligam
                                                        especificamente a um determinado receptor
                                                        mimetizando fielmente os efeitos do NT natural são
                                                        conhecidos como agonistas. Quando o contrário
                                                        acontece, isto é quando o efeito natural é
                                                        bloqueado,    chamamos      essas    drogas     de
                                                        antagonistas.
         Já vimos que um mesmo NT pode ter muitos subtipos de receptores pós-sinapticos.
Por exemplo, a ACh possui dois subtipos: os receptores nicotínicos e os muscarínicos. Os
receptores nicotínicos são ionotrópicos, são estimulados somente pela nicotina e estão
presentes somente nas placas motoras das fibras musculares esqueléticas; já os receptores
muscarínicos são metabotrópicos, são estimulados exclusivamente pela muscarina e estão
restritos às fibras musculares lisas e cardíacas. Além da ação das drogas agonistas, esses
receptores possuem também antagonistas específicos: o curare bloqueia apenas os
receptores nicotínicos e a atropina, os receptores muscarinicos. Essas propriedades não
deixam dúvidas de que os receptores colinérgicos são farmacológica e molecularmente
diferentes. Isso pode tornar a compreensão da neurotransmissâo um pouco mais complicada,
mas, por outro lado, quer dizer que se torna possível fabricar medicamentos bastante
específicos que agem ou coração ou nas fibras musculares esqueléticas.
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                A tabela abaixo resume alguns subtipos de receptores e os respectivos NT:
  Neurotransmissor                    Receptor                   Agonistas                Antagonistas

  Ach                                 Muscarínico                Muscarina                Atropina
                                      Nicotínico                 Nicotina                 Curare
  Noradrenalina                       Receptor α                 Fenilefrina              Fenoxibenzoamina
                                      Receptor β                 Isoproterenol            Propanolol
  Glutamato                           AMPA                       AMPA                     CNQX
                                      NMDA                       NMDA                     AP5
  GABA                                GABAA                      Muscimol                 Bicuculina
                                      GABAB                      Baclofen                 Faclofen



  ACETILCOLINA
                                                                     A Ach é um NT clássico e o primeiro a
                                                              ser descoberto. Atua como mediador de várias
            Acetil           Colina                           sinapses nervosas centrais e periféricas.
            CoA
                                                                       Os neurônios colinérgicos possuem a
                        AC                                    enzima-chave a acetilcolina transferase que
        Transportador                                         transfere um grupo acetil do acetil-CoA à colina.
           de ACh
                                                              O neurônio também sintetiza a enzima
                                                              acetilcolinesterase (AchE) que é secretada para
                                             Transportador    a fenda sináptica e degrada o NT em colina e
                                               de colina
                                                              ácido acético. A colina é recaptada e reutilizada
                                                              para síntese de novos NT.
                                                                       Venenos como o gás dos nervos e os
                                                              inseticidas organofosforados inibem a ação da
                                                              AchE. Esse efeito leva a uma exacerbação da
                                                              atividade parassimpática e da atividade
                                                              colinérgica sobre a musculatura esquelética.
                                       Colina + Acetato
                     AChE

Receptor
   pós-
sinaptico




  ACETILCOLINA                        Receptores nicotínicos               Receptores muscarinicos
  Tipo                                Ionotrópico                          Metabotrópico
                                                                                                              +
  Mecanismo de ação                   Abrem canais de Na                   Via proteína G; abrindo canais de K .
  Subtipos                                                                 M1, M2, M3, M4 e M5
  Agonistas                           Nicotina                             Muscarina
  Antagonistas                        Curare                               Atropina
  Distribuição                        Placa motora; SNC                    SNA parassimpático



  CATECOLAMINAS OU AMINAS BIOGÊNICAS

         O aminoácido tirosina é o precursor de três NTs que possuem o grupo catecol:
  noradrenalina, adrenalina e dopamina conhecidas como catecolaminas. Sofrem recaptação
  na membrana pré-sináptica e são enzimaticamente degradadas pela MAO
  (monoaminooxidades) no terminal pré-sináptico. Muitas drogas interferem com a sua
  recaptação prolongando a presença do NT na fenda como a anfetamina e a cocaína.
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                                                         !                                                α                              β
                                                                !
                                                                                      )           (                        )     (
                                                                                      !       +       ,↑        ) !        !   +   ,!        +            ,↓   ) !
                                                                                                                           1                          2

                                                                                      α. α/                                β. β/
                                                                                      1                                    $
                                                                                      1   3           4                    !


                                                                                  )     (
                                                                                  !   +   ,↑ ) !                                                 22

                                                                                  #. #/ #- #0 #&




SEROTONINA
                                                                        Não é uma catecolamina, pois é uma
                                                               amina sem o grupo catecol. É sintetizada a partir
                                                               do aminoácido essencial triptofano.
                                                                        Os neurônios serotonérgicos centrais
                                                               parecem estar envolvidos na regulação da
                                                               temperatura, percepção sensorial, na indução do
                                                               sono e na regulação dos níveis de humor.
                                                                        Como as catecolaminas são recaptadas
                                                               pela membrana pré-sináptica e degradadas pela
                                                               MAO.
                                                                        Drogas que atuam bloqueando a sua
                                                               recaptação como fluoxetina (Prozac) são
                                                               utilizados nos tratamentos antidepressivos.




                         $        (                      )               (
                                      *                  !          +         ,           ) !
                         &'   -                          & '    .       & '       .         & '   .       & '    .#   &'    /   &'   0




AMINOÁCIDOS (glutamato, aspartato, gaba, glicina)

Glutamato e Aspartato
Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia                                                        51
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    Mais da metade dos neurônios do SNC utiliza o Glutamato (Glu) e Aspartato (Asp),
principais NT excitatórios do SNC sendo que o Glu responde por 75% da atividade
despolarizante. Os receptores para o Glu são do tipo:

     O Glu possui quatro tipos de receptores, sendo três deles ionotrópicos:
     AMPA: canal iônico para cátions (Na) produzindo despolarização rápida
     Kainato: parecido com o AMPA
     NMDA: canais para dois cátions (Na e Ca) produzindo despolarização lenta e persistente.




                                                   Os receptores do tipo NMDA são bastante complexos.
                                              O Glu liga-se a receptores NMDA, mas precisa de outro NT
                                              chamado Glicina para abrir o canal. Mesmo aberto, o
                                                                                          ++
                                              interior do canal está obstruído por íons Mg o que impede
                                                                ++
                                              a entrada de Ca . Como o canal AMPA é mais rápido, a
                                              entrada de cations por essa via despolariza a membrana
                                                                      ++
                                              repelindo os íons Mg dos canais NMDA. Finalmente,
                                                                                   +         ++
                                              torna-se possível a entrada de Na e de Ca . Em outras
                                              palavras, a ação despolarizante que o Glutamato depende
                                              de uma despolarização previa e de dois NT.
                                                          ++
                                                   O Ca      desempenha importante papel como 2º
                                              mensageiro.




GLUTAMATO                    Receptores NMDA                         Receptores Ñ-NMDA        Receptores Kainato
Tipo                         ionotrópico (rápido)                    ionotrópico (lento)      Metabotrópico
Mecanismo de ação            Abrem canais de Ca, Na e K              Abrem canais de Na e K   ?
Agonistas                    NMDA                                    AMPA                     KAINATO
Antagonistas                 AP5                                     CNQX                     ?
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GABA, GLICINA

                                                         O ácido γ-aminobutírico (GABA) é um
                                                         aminoácido que não entra na síntese de proteínas
                                                         e só está presente nos neurônios gabaégicos. É o
                                                         principal NT inibitório do SNC. Os receptores são
                                                         de dois subtipos:
                                                                                                        -
                                                             GABAA: Ionotópicos que abrem canais de Cl e
                                                         hiperpolarizam a membrana.
                                                             GABAB Metabotópicos que estão acoplados a
                                                         proteína G e aumentam a condutância para os
                                                                +
                                                         íons K , hiperpolarizando a membrana.

                                           As drogas conhecidas como tranqüilizantes
                                           benzodiazepínicos (ansiolíticos) estimulam estes
                                           receptores, aumentando o nível de inibição do
                                           SNC e são utilizadas nos tratamentos da
                                           ansiedade e da convulsão.
Já os barbituricos têm o mesmo efeito, agindo em outro sitio de ligação; são tão potentes que
são utilizados como anestésicos gerais.
                                                                                     -
    A Glicina é um NT inibitório que aumenta a condutância para o Cl na membrana pós-
sináptica dos neurônios espinhais. A sua presença é essencial para que os receptores NMDA
funcionem.
    A bactéria Clostridium entra no organismo por lesões de pele tais como cortes,
arranhaduras, mordidas de animais e causa o tétano. A bactéria possui toxinas que agem
competitivamente sobre os receptores de glicina, removendo a sua ação inibidora sobre os
neurônios motores do tronco encefálico e da medula espinhal. São os sintomas: rigidez
muscular em todo o corpo, principalmente no pescoço, dificuldade para abrir a boca (trismo) e
engolir, riso sardônico produzido por espasmos dos músculos da face. A contratura muscular
pode atingir os músculos respiratórios.
    A estricnina é um veneno alcalóide de sementes de Strichnos nux vomica que
antagonizam os efeitos da Gli, causando convulsão e morte.


Outros mediadores da neurotransmissâo
ATP
        Em adição às aminas e aminoácidos, outras moléculas menores podem servir como
mensageiros. Entre eles está o ATP, molécula chave do metabolismo: ele está concentrado em
muitas sinapses do SNC e do SNP e é liberado na fenda dependente de cálcio. Parece abrir
canais catiônicos na membrana pós-sinaptica


Peptídeos Neuroativos
         Também conhecidos como neuropeptídeos, são sintetizados e liberados em baixa
quantidade. Foram identificados ao menos 25 que atuam modulando atividades nervosas. A
ação neuromoduladora consiste em influenciar uma neurotransmissâo clássica, alterando pré-
sinapticamente a quantidade de NT liberada em resposta a um potencial de ação ou pós-
sinapticamente, alterando a sua resposta a um NT. Geralmente os neuropeptídeos são co-
liberados juntamente com os NT clássicos, mas em vesículas separadas (vesículas
secretoras).
Substância P: um polipeptídio que se encontra em quantidade apreciável no intestino, e
participa como importante mediador de reflexos gastrointestinais. É também sintetizado por
neurônios aferentes primários influenciando a sensibilidade dolorosa.
Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia                                         53
Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida




Peptídeos Opióides: os seus receptores são estimulados por substancias opióides como a
morfina. A encefalina é encontrada nos terminais nervosos do trato gastrintestinal e modulam
a sensibilidades dolorosa, agindo sobre os canais de Ca++ voltagem-dependentes. Há pelo
menos 5 subtipos de receptores opiáceos: γ, µ, κ, σ, ε e µ que diferem entre si quanto às
propriedades farmacológicas e distribuição.

Oxido nítrico (NO) e monóxido de carbono (CO): ambos são moléculas gasosas pequenas e
que são sintetizadas enzimas especificas presentes em alguns neurônios. A síntese desses
gases geralmente nas sinapses excitatórias, especialmente mediadas pelo glutamato, através
de receptores do tipo NMDA. Como são voláteis não são armazenados em vesículas e se
difundem facialmente. Essas moléculas agem pós e pré-sinapticamente; neste ultimo caso, age
facilitando a neurotransmissâo por retro-alimentaçâo positiva.

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Animações com mecanismos de ação de várias drogas que agem no SN realizado pela
Unifesp. Alem desse, visite os outros sites sugeridos na homepage da disciplina.

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  • 1. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 37 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO ENTRE OS NEURÔNIOS E DOS NEURÔNIOS COM OS ÓRGÃOS EFETUADORES Os neurônios estabelecem comunicações entre si por meio de estruturas denominadas sinapses nervosas e a comunicação entre neurônios e as células musculares ocorre através de junção neuromuscular. As sinapses nervosas podem ser químicas ou elétricas Sinapse química. Forma de comunicação dos neurônios com outros neurônios ou com as células efetuadoras por meio de mediadores químicos denominados neurotransmissores (NT). Os NT são sintetizados pelos próprios neurônios e armazenados dentro de vesículas. Essas vesículas concentram-se no terminal axônico e quando os impulsos nervosos chegam a esses terminais os NT são liberados por meio de exocitose. A membrana do terminal que libera os NT denomina-se membrana pré-sináptica e a imediatamente vizinha, membrana pós- sinaptica. Entre elas há um espaço em torno de 100-500A chamado fenda sináptica. A interação dos NT com a membrana pós-sinaptica é realizada por meio de receptores protéicos altamente específicos. Além dos NT, os neurônios sintetizam mediadores conhecidos como neuromoduladores cujo efeito é o modular (controlar, regular) a transmissão sináptica. Sinapse elétrica. Comunicação nervosa que dispensa mediadores químicos; a neurotransmissâo é estabelecida através da passagem direta de íons por meio das junções abertas ou comunicantes (gap junctions). Os canais iônicos ficam acoplados e formas unidades funcionais denominadas conexinas. A transmissão da informação é muito rápida, mas oferece quase nenhuma versatilidade quanto ao controle da neurotransmissão. São particularmente úteis nas vias reflexas rápidas e nas respostas sincrônicas de alguns neurônios do SNC. Durante a fase de desenvolvimento ontogenético do SN humano os neurônios possuem ambos os tipos de sinapses, mas depois predominam as neurotransmissões químicas.
  • 2. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 38 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida Sinapse química Sinapse elétrica MECANISMO DA NEUROTRANSMISSÃO QUÍMICA Liberação dos NT Com a chegada do PA no terminal (1), ++ os canais de Ca voltagem dependentes abrem-se e ocorre a ++ difusão de Ca para o interior do ++ terminal (2). O aumento de Ca intracelular estimula a exocitose dos NT para a fenda sináptica (3, 4). Os NT ligam-se a receptores da membrana pós-sinaptica (5) e causam mudanças de permeabilidade iônica. O fluxo resultante de íons muda o potencial de membrana pós-sinaptico transitoriamente, causando uma resposta pós-sinaptica. Os NT por outro lado, são inativados por enzimas específicas (6). Os NT causam alterações no potencial de membrana Os NT liberados para a fenda difundem-se até a membrana pós-sináptica e ligam-se, reversivelmente, às moléculas receptoras. Essas moléculas são de natureza protéica e se ligam especificamente ao seu mediador químico promovendo eventos elétricos. Conforme o tipo de NT, a interação causa uma mudança na condutância iônica da membrana pós-sináptica e um fluxo resultante de íons que pode levar à uma despolarização (entrada de cátions) ou hiperpolarizaçâo (saída de cátions ou entrada de anions). Essas respostas elétricas da membrana pós-sináptica são chamadas de potenciais pós-sinápticos e propagam-se passivamente a distâncias bem curtas. O intervalo de tempo que corresponde a liberação do NT até o inicio do potencial sináptico (em torno de 0,5ms) chama-se retardo sináptico. Esse retardo pode variar conforme o tipo de receptor sináptico ativado. A freqüência dos impulsos nervosos determina a quantidade de NT liberados Em cada vesícula sináptica há centenas de moléculas de NT. Quando o impulso de um único PA chegar ao terminal, um certo número de vesículas é esvaziado. Se a freqüência dos PA aumentar, proporcionalmente, mais vesículas são liberadas, pois o aumento da atividade ++ nervosa no terminal manterá os canais de Ca abertos por mais tempo. Por outro lado, se a
  • 3. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 39 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida freqüência dos PA se mantiver alta por muito tempo, poderá ocorrer falta de vesículas e a neurotransmissâo poderá falhar até que o estoque de NT seja reposto. A neurotransmissâo química é quântica A unidade elementar da neurotransmissão química é o efeito causado pelos NT contidos em uma vesícula. Como cada vesícula contém a mesma quantidade de NT, a resposta pós-sinaptica é quântica, ou seja, a amplitude do potencial pós-sinaptico será sempre o múltiplo da resposta causada por uma única vesícula. Como desativar a neurotransmissão? Os NT (ou os neuromoduladores) exocitados não podem permanecer ligados aos receptores permanentemente. O sistema de recepção precisa voltar rapidamente ao seu estado de repouso, prontificando-se para receber novas mensagens. Há três maneiras de inativar os mediadores químicos: a) difusão lateral; b) degradação enzimática e c) recaptação pela membrana pré-sináptica via proteínas especificas de transporte (com consumo de ATP) e assistida pelos astrócitos. A acetilcolina é o único NT que não sofre recaptação. Os neurônios possuem dois tipos de NT Se o NT causar despolarização na membrana pós-sináptica, o NT e a sinapse são chamados de excitatórios. Mas, se causarem hiperpolarização são chamados de inibitórios. Há vários tipos de NT excitatórios e inibitórios. O potencial pós-sináptico despolarizante é denominado potencial pós-sináptico excitatório (PEPS) e o hiperpolarizante, potencial pós- sináptico inibitório (PIPS). Os PEPS e PIPS são, portanto, alterações localizadas no potencial de membrana causadas por aberturas de canais iônicos dependentes de NT. A figura ilustra o efeito do NT excitatório causando uma corrente de despolarização na membrana pós-sináptica (influxo de Na+) e de NT inibitórios, causando uma corrente de - hiperpolarização (influxo de Cl ). Os PEPs e os PIPs são respostas elétricas de baixa voltagem e as respectivas amplitudes dependem da quantidade de NT. Os potenciais pós-sinápticos são eventos elétricos causados pela
  • 4. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 40 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida abertura de canais iônicos NT dependentes cuja amplitude é baixa mas variável. Já os PA são eventos elétricos do tipo tudo-ou-nada (amplitude e duração constantes) causados pela abertura de canais iônicos (Na e K) voltagem dependentes. OS NT agem sobre dois tipos de receptores pós-sinápticos Receptores ionotrópicos: possuem sítios de recepção para os NT localizados em um canal iônico com comporta. Quando o NT se liga ao sítio receptor ocorre uma mudança de conformação espacial resultando na abertura (ou fechamento) de poro iônico. Receptores metabotrópicos: são moléculas que possuem sítios para os NT, mas que não são canais iônicos. A formação do complexo NT-receptor inicia reações bioquímicas que culmina com a abertura indireta dos canais iônicos. Nesse caso o receptor pós-sinaptico ativa uma proteína reguladora chamada proteína G que por sua vez, aciona uma outra proteína chamada efetuadora que efetivamente, poderá mudar a conformação de um canal iônico ou então, ativar uma enzima chave que modifica o metabolismo do neurônio pós-sinaptico. Esses tipos de receptores ativam uma reação em cascata e usam um segundo mensageiro (o primeiro é NT). Assim, nas sinapses em que os NT agem diretamente sobre receptores ionotrópicos, a neurotransmissâo é bastante rápida e nas sinapses mediadas por receptores metabotrópicos a comunicação é mais demorada. À esquerda, receptor ionotrópico. Á direita, receptor metabotrópico, mostrando dois sistema da proteína G: ação direta e via 2o mensageiro A proteína G é uma molécula que fica ancorada na membrana citoplasmática e possui três subunidades (α, β e δ). Quando ela está em repouso, a unidade α está ligada a uma molécula de GDP. Quando o NT se liga ao receptor, a proteína G troca a molécula de GDP pelo GTP e a subunidade α desliza-se pela membrana até encontrar uma molécula efetora. Por exemplo, quando a acetilcolina liberada pelos terminais nervosos se liga ao seu receptor nas fibras musculares cardíacas, a subunidade α age abrindo os canais de K e a sua saída e causa PIPS. A hiperpolarização torna a fibra cardíaca menos excitável e como conseqüência, ocorre a redução na freqüência de batimento do coração. Outro NT, o GABA possui receptores metabotrópicos no SNC que agem de maneira semelhante, causando PIPS também pela abertura de canais de K. Proteína G e o sistema da adenilciclase A proteína G pode não só atuar diretamente sobre o canal iônico como também estimular a geração de 2º mensageiros e acionar outras proteínas efetuadoras intracelulares. A adenilciclase é uma das enzimas-chaves que uma vez ativada pela proteína G produz um 2º mensageiro conhecido como cAMP. Conforme a célula-alvo, encontraremos subtipos de proteínas G (Gs, Gi e Go). O NT Noradrenalina, por exemplo, quando se liga ao receptor do tipo β, ativa o sítio Gs da proteína G. A subunidade β ativa a enzima-chave adenilciclase (AC) que a partir do o ATP produzirá o 2 mensageiro, o cAMP. O cAMP tem a função de ativar uma enzima quinase
  • 5. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 41 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida ++ A (PKA) cuja função é a de fosforilar canais de Ca . A entrada de cátions torna a membrana pós-sináptica mais fácil de ser excitada. Um outro tipo de receptor da mesma noradrenalina é um tipo α2 que tem efeito antagônico, ou seja, a inibe a AC. A inibição da enzima deixará de produzir cAMP e como + conseqüência os canais de K que estavam abertos, se fecham. Podemos concluir que um mesmo NT pode ter receptores diferentes e conforme a sinapse, apresentar efeitos antagônicos. Coração Vasos Proteína G e o sistema da fosfolipase C Outros receptores metabotrópicos ativam outra enzima chave: a fosfolipase C (PLC) que como a adenilciclase flutua na membrana. A PLC age na membrana fosfolipídica quebrando o inositol fosfolipídio em dois componentes: IP3 (hidrossolúvel) e DAG (lipossolúvel). O DAG ativa a proteína quinase C (PKC) enquanto o IP3 difunde-se para o ++ ++ citosol e abre canais de Ca dos reservatórios do retículo endoplasmático. A presença de Ca intracelular altera o metabolismo do neurônio pós-sinaptico assim com a condutância iônica, mudando a excitabilidade celular. Este é um dos mecanismos de ação da serotonina. As células possuem mecanismos para reverter estes efeitos, graças a enzimas que defosforilam as moléculas fosfatadas pelas quinases. São as fosfatases. O efeito sobre os canais iônicos desses NT metabotrópicos dependerá do balanço entre as reações de fosforilação e de defosforilação. Que vantagens há em usar 2º mensageiros?
  • 6. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 42 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida A vantagem é que intracelularmente são produzidos muitos mediadores, isto é, amplificação do sinal inicial: os receptores ionotrópicos possuem uma relação de 1 NT: 1 canal iônico. No sistema acoplado à proteína G a relação é de 1NT: muitos canais. Além disso, possui um efeito mais prolongado e os 2º mensageiros podem enviar sinais para dentro da célula. O fato de os receptores metabotrópicos demorarem mais tempo para modificar a excitabilidade do neurônio ou, então, por agirem modificando o metabolismo, torna os mediadores químicos que agem nesses receptores agentes moduladores da neurotransmissâo. MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO ELEMENTAR DOS SINAIS NEURAIS Os PEPS e PIPS são computados algebricamente na membrana pós-sinaptica por somação Os potenciais pós-sinápticos gerados com a chegada dos NT propagam-se passivamente até a zona de gatilho. Se o PA será gerado ou não, isso dependerá do evento elétrico: a) se a despolarização atingir um valor crítico (ou limiar) será gerado um PA b) se a despolarização ultrapassar o potencial critico então mais de um PA será gerado c) se a despolarização atingir valores menores do que o crítico ou se houver hiperpolarização, não haverá qualquer PA Somação espacial e temporal Na superfície da membrana dos dendritos e dos corpos celulares há receptores para NT excitatórios e inibitórios. Isso quer dizer que o neurônio pós-sinaptico gera PEPS e PIPS conforme a sinapse que está em atividade. Então, como o neurônio realiza a análise dos sinais aferentes? Ele realiza uma análise combinatória de potenciais pós- sinápticos denominada somação que pode ser de duas maneiras: Somação Espacial: somação de potenciais pós-sinápticos causados por diferentes neurônios pré- sinapticos. Somação Temporal: somação de
  • 7. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 43 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida potenciais pós-sinápticos em rápida sucessão deflagrados pelo mesmo neurônio pré-sináptico. Os potenciais pós-sinápticos têm a propriedade de se somarem algebricamente modificando a sua intensidade. Assim a somação de três PEPS causados por neurônios distintos ou pelo mesmo neurônio aumenta as chances do potencial de membrana pós- sinaptico atingir o valor limiar. Enquanto os potenciais pós-sinapticos gerados nos dendritos e corpo celular são graduáveis em termos de intensidade, os PA, ao contrário, possuem duração e amplitude fixas. Isso que dizer que nos axônios, a decodificação de intensidade é feita pela modulação na freqüência dos PA. Esses comportamentos elétricos mediante os tipos de NT deixam bem claro que as sinapses químicas funcionam como processadores binários de sinais (despolarização/hipoepolarizaçao) e que na freqüência dos PA está codificada a mensagem resultante da análise. Por isso, um neurônio ao receber os sinais de vários neurônios distintos pode integrá-los por meio de somação e gerar (ou não) uma determinada freqüência de PA como resposta. Potenciais de placa das junções neuro-musculares Os motoneurônios são os elementos periféricos do SN motor somático cujos corpos celulares estão localizados na substância cinzenta da medula ou nos núcleos motores dos nervos cranianos. Seus axônios são mielinizados e conduzem os impulsos nervosos em alta velocidade. Os terminais axonicos fazem sinapse com uma região especializada do sarcolema chamada placa motora. A acetilcolina (Ach) é o NT responsável pela estimulação das fibras musculares e a sua liberação para a fenda sináptica ocorre como nas sinapses nervosas. A Ach causa um potencial pós-sináptico excitatório chamado potencial de placa. Como fora da placa motora há canais de Na e K voltagem dependentes, o potencial de placa causará PA ao longo do sarcolema que por sua vez causará a contração da fibra muscular. Os potenciais pós-sinapticos das sinapses nervosas e das junções neuro-musculares operam com níveis diferentes de segurança Nas junções neuromusculares, os potenciais de placa são excitatórios e devem ser à prova de falhas: a cada PA do motoneurônio, o terminal axônico deve liberar uma quantidade suficiente de vesículas (em torno de 200) capaz de produzir um potencial de placa suficiente para as fibras musculares se contraírem. Já nas sinapses nervosas a neurotransmissâo opera de maneira diferente: a quantidade de NT liberada pelas vesículas devido a um único PA não será suficiente para causar um PA no neurônio pós-sináptico: na verdade será necessária a somação espacial e/ou temporal de vários PEPS. Assim, as sinapses nervosas estão sempre em condições de processar previamente os sinais nervosos antes de produzir os sinais (PA) em seus axônios. Propriedades das comunicações neurais 1) Facilitação. Quando o neurônio estimula o outro com uma freqüência elevada durante um certo intervalo de tempo, a membrana pós-sináptica passa a responder com maior amplitude a cada estímulo isolado. Em outras palavras, ela fica mais fácil de ser despolarizada até o seu limiar (torna-se mais excitável). 2) Fadiga sináptica. Se os estímulos de alta freqüência se prolongarem, a membrana pós- sinaptica apresenta fadiga, resultando na suspensão temporária da transmissão nervosa, devido ao esgotamento do NT e à inativação dos receptores pós-sinapticos. 3) Potenciação pós-tetânica. É uma forma de facilitação sináptica mais prolongada. Logo após a fadiga sináptica, a membrana pós-sinaptica se torna excessivamente sensível à ++ estimulação. Supõe-se que o acúmulo de Ca dentro dos terminais pré-sinápticos facilite a liberação dos NT.
  • 8. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 44 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida 4) Potenciação em longo prazo (LTP). A potenciação pós-tetânica decai dentro de poucos minutos, mas em algumas sinapses centrais (como no hipocampo) o processo é mantido por longo tempo e parece estar associada à base da aprendizagem e memória. 5) Condução unidirecional. A condução dos impulsos nervosos através das sinapses se dá apenas unidirecionalmente, dos botões terminais para a membrana pós-sinaptica, nunca em sentido contrário, garantido o fluxo unidirecional das informações. Uma exceção é a ação de do neurotransmissor, NO que age do neurônio pós-sináptico para a o pré-sináptico. Um neurônio pode regular a excitabilidade de outro neurônio por meio de neurônios inibitórios Os PIPS causam redução na excitabilidade da membrana pós-sinaptica, pois o potencial de membrana se afasta do potencial limiar. A função do neurônio inibitório é justamente tornar o neurônio pós- sinaptico incapaz de deflagar um PA ou reduzir a freqüência dos PA. Na figura ao lado, observamos que o neurônio possui dois tipos de sinapses: um excitatório e outro inibitório. Suponha que apenas o neurônio excitatório esteja em atividade (figura de cima). O eletrodo colocado no dendrito acusa um PEPS e no soma observamos a propagação eletrotônica da despolarização. Já na figura de baixo, entra em ação a sinapse inibitória. Repare que o soma já não manifesta qualquer resposta excitatória, indicando a total incapacidade de gerar PA. A grande maioria dos canais iônicos dependentes de NT inibitórios - é permeável aos íons Cl . No SNC o principal NT inibitório é o GABA. Neurônio Neurônio Excitatório Inibitório Dendritos e Corpo Celular: local de integração dos potenciais pós sinápticos de baixa voltagem e graduados PEPS Zona de Gatilho: conforme o resultado da somação algébrica dos potenciais pós-sinapticos haverá ou não Zona de PIPS geração dos PA. A freqüência dos PA será determinada Gatilho pela amplitude do PEPS. do PA PEPS
  • 9. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 45 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida CIRCUITOS NEURAIS: UM SISTEMA LÓGICO DE PROCESSAMENTO DE SINAIS ELÉTRICOS A relação dos NT excitatórios e inibitórios com suas respectivas famílias de receptores sugerem uma ampla flexibilidade no processo de análise e processamento da informação nervosa. Agora veremos que os arranjos arquitetônicos dos circuitos nervosos também propiciam sistemas de controle da informação. No SNC, as sinapses mais comuns são do tipo axo-somática ou axo-dendrítica. Há, porém, mais raramente, a ocorrência de sinapses axo-axônicas, dendro-dendríticas, somato-somáticas, somato-dendríticas e somato-axônicas. Apesar de incomum, o circuito nervoso mais simples possível seria o de um neurônio sensitivo e um neurônio motor, cujo estímulo no primeiro provocaria uma resposta no segundo. Entende-se por circuito neural o arranjo sináptico entre mais de dois neurônios. Um arco reflexo é um circuito que pode ter no mínimo um neurônio sensorial, um neurônio motor e o órgão efetuador. Neste caso, este circuito é denominado arco reflexo monossináptico, pois envolve uma única sinapse entre o neurônio sensorial e o neurônio motor. Mas o mais comum é encontrar circuitos polissinápticos, com a participação de não só um único interneurônio, mas vários que ficam interpostos entre os neurônios sensoriais e os motoneurônios. Em vários circuitos, os contatos sinápticos são estáveis e precisos com alto grau de reconhecimento celular, mas em outros, ocorrem rearranjos dramáticos e não raro, são eliminados. Ao longo do desenvolvimento, os circuitos são passiveis de serem modificados com o uso. Os circuitos neurais podem ser cadeias de neurônios abertas ou fechadas. Tipos de circuitos abertos Circuito convergente: arranjo no qual vários neurônios convergem para um único neurônio. Repare que este neurônio constitui uma via final comum de vários impulsos nervosos que podem chegar de diferentes regiões do SNC. Nos circuitos divergentes os neurônios estão arranjados de tal modo que uma célula pode redistribuir a informação para vários neurônios situados em diferentes locais do sistema nervoso. Tipos de circuitos fechados Circuitos neuronais como vemos na figura ao lado, propiciam a recorrência ou reverberação do impulso nervoso, auto-reforçando a propagação do impulso excitatório na cadeia. Denominamos este tipo de circuito de feedback positivo ou facilitatório. Assim, a informação é reverberada por um certo tempo que depende do número e tipos de associação dos componentes da cadeia. Entretanto, a presença de um neurônio inibitório neste tipo de circuito, ao contrário, autocontrola o nível de excitabilidade da própria cadeia: quanto maior o nível de excitação, maior vai ser o de inibição e o circuito é denominado de feedback negativo inibitório.
  • 10. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 46 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida Circuito inibitório lateral No caso do arranjo de duas cadeias paralelas de neurônios excitatórios, uma poderá influenciar a outra através de um neurônio inibitório lateral. Este circuito é conhecido como inibição lateral. Se houver um outro neurônio inibitório influenciando o neurônio inibitório do circuito anterior, o primeiro inibiria o efeito inibitório do segundo, liberando o circuito excitatório. Neste caso temos um circuito desinibitório. Baseado numa forma binária de processamento de sinal (excitação/inibição) e infinitas possibilidades arquitetônicas na organização dos circuitos neurais um processamento nervoso progressivamente cada vez mais complexo é possível. Em outras palavras, quanto maior o numero de neurônios em um circuito maior será o grau de complexidade no processamento da informação. Zona de descarga e Orla Sublimiar Veja o circuito neuronal ao lado: suponha a estimulação A B apenas do neurônio A. Este é eficaz para causar PA no neurônio 1 mas só consegue causar PEPS sublimiares nos neurônios 2, 3 e 4. O mesmo acontece com a estimulação do neurônio B. Se ambos, A e B forem estimulados simultaneamente, além dos neurônios 1 e 5, a somação espacial facilitará os neurônios 2, 3 e 4 que também serão disparados. Denomina-se zona de descarga, o conjunto de neurônios que dispara em resposta ao estimulo limiar, no caso corresponde aos neurônios 1 e 5; já os neurônios 2, 3 e 4 1 2 3 4 5 corresponde à orla sublimiar. Células marcapasso No sistema nervoso, existem células que manifestam atividade elétrica espontânea. Uns descarregam-se ritmicamente e outros ao acaso. As células nervosas que regulam o ciclo respiratório possuem tais propriedades.
  • 11. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 47 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida NEUROTRANSMISSORES E NEUROMODULADORES Um NT tem como características típicas: 1. ser sintetizado pelos neurônios pré-sinápticos; 2. ser armazenado dentro de vesículas e armazenados nos terminais axonicos; 3. ser exocitado para a fenda sináptica com a chegada do PA; 4. possuir receptores pós-sinápticos cuja ativação causa potenciais pós-sináptico (excitatórios ou inibitórios); 5. uma vez purificado, mimetizar os mesmos efeitos fisiológicos. Geralmente, um neurônio produz apenas um tipo de NT, excitatório ou inibitório. Não raro, entretanto, ele pode sintetizar e secretar dois tipos de mediadores químicos: um NT e outro neuromodulador. Esse último tem a função de regular o nível de excitabilidade da membrana pós-sinaptica. Os NTs são sintetizados no próprio terminal, mas os neuromoduladores peptídicos são fabricados no corpo celular e armazenados em grânulos secretores que são transportados até o terminal. A ação dos neuromoduladores não é tipicamente a de causar potenciais de ação, mas de controlar ou regular o grau de excitabilidade da membrana pós-sinaptica, facilitando ou dificultando a deflagração dos PA nas zonas de gatilho. Já vimos que os NT são inativados eficazmente pela combinação de vários mecanismos: a) difusão: os NT difundem-se para fora da sinapse. b) inativação química por enzimas específicas presentes na sinapse. c) captação pré-sináptica. d) recaptação pelas células gliais (astrócitos). CLASSES DE NEUROTRANSMISSORES E OS MECANISMOS DE AÇÃO Vimos que os NT apresentam dois tipos de efeitos na membrana pós-sináptica: os excitatórios que causam despolarização e os inibitórios, hiperpolarizaçâo. Tanto um efeito quanto outro pode ser causado não só por um tipo exclusivo de NT, mas por vários tipos diferentes. Além disso, um mesmo NT possui não só um tipo de receptor pós-sináptico, mas vários subtipos. Todas essas características da neurotransmissâo química conferem às sinapses nervosas, uma enorme diversidade e plasticidade. Biossíntese dos Neurotransmissores Os NT são dos seguintes tipos químicos: aminoácidos, aminas, purinas, peptídeos e gases (Veja a lista de alguns NT na tabela).
  • 12. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 48 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida ! " # $ % &' % " $! % ! % Os NT são sintetizados a partir dos sistemas enzimáticos presentes nos terminais axônicos ou no corpo celular. Os aminoácidos, por exemplo, são sintetizados em todas as células a partir da glicose ou de proteínas decompostas. A única exceção é o GABA que é sintetizado a partir do glutamato por determinados neurônios. As aminas são todas sintetizadas no terminal sendo que a acetilcolina é sintetizada a partir da colina; a serotonina, a partir do triptofano e as catecolaminas (dopamina, adrenalina e noradrenalina), a partir da tirosina. Conhecer os passos da síntese dos NT é especialmente importante já que muitas doenças neurológicas e psiquiátricas estão associadas com falhas na síntese de NT. Por exemplo, os distúrbios na síntese de serotonina e noradrenalina causam quadros de depressão profunda. É interessante observar que muitas outras células sintetizam essas substâncias que chamamos de NT; mas os neurônios são especialistas em armazenar e concentrar tais substâncias ou os seus percussores dentro de vesículas. Os neuromoduladores peptídicos são todos sintetizados no reticulo endoplasmático rugoso e armazenados em granulos secretores. Princípios de Neurofarmacologia Nosso organismo está exposto a várias substâncias tóxicas: venenos de origem animal ou vegetal metais pesados (mercúrio, chumbo e cromo) e a um monte de drogas sintéticas (fármacos). Várias substâncias são neurotóxicas e afetam especificamente a neurotransmissâo. O conhecimento básico de alguns princípios de neurofarmacologia nos serão muito úteis. As substâncias exógenas que se ligam especificamente a um determinado receptor mimetizando fielmente os efeitos do NT natural são conhecidos como agonistas. Quando o contrário acontece, isto é quando o efeito natural é bloqueado, chamamos essas drogas de antagonistas. Já vimos que um mesmo NT pode ter muitos subtipos de receptores pós-sinapticos. Por exemplo, a ACh possui dois subtipos: os receptores nicotínicos e os muscarínicos. Os receptores nicotínicos são ionotrópicos, são estimulados somente pela nicotina e estão presentes somente nas placas motoras das fibras musculares esqueléticas; já os receptores muscarínicos são metabotrópicos, são estimulados exclusivamente pela muscarina e estão restritos às fibras musculares lisas e cardíacas. Além da ação das drogas agonistas, esses receptores possuem também antagonistas específicos: o curare bloqueia apenas os receptores nicotínicos e a atropina, os receptores muscarinicos. Essas propriedades não deixam dúvidas de que os receptores colinérgicos são farmacológica e molecularmente diferentes. Isso pode tornar a compreensão da neurotransmissâo um pouco mais complicada, mas, por outro lado, quer dizer que se torna possível fabricar medicamentos bastante específicos que agem ou coração ou nas fibras musculares esqueléticas.
  • 13. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 49 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida A tabela abaixo resume alguns subtipos de receptores e os respectivos NT: Neurotransmissor Receptor Agonistas Antagonistas Ach Muscarínico Muscarina Atropina Nicotínico Nicotina Curare Noradrenalina Receptor α Fenilefrina Fenoxibenzoamina Receptor β Isoproterenol Propanolol Glutamato AMPA AMPA CNQX NMDA NMDA AP5 GABA GABAA Muscimol Bicuculina GABAB Baclofen Faclofen ACETILCOLINA A Ach é um NT clássico e o primeiro a ser descoberto. Atua como mediador de várias Acetil Colina sinapses nervosas centrais e periféricas. CoA Os neurônios colinérgicos possuem a AC enzima-chave a acetilcolina transferase que Transportador transfere um grupo acetil do acetil-CoA à colina. de ACh O neurônio também sintetiza a enzima acetilcolinesterase (AchE) que é secretada para Transportador a fenda sináptica e degrada o NT em colina e de colina ácido acético. A colina é recaptada e reutilizada para síntese de novos NT. Venenos como o gás dos nervos e os inseticidas organofosforados inibem a ação da AchE. Esse efeito leva a uma exacerbação da atividade parassimpática e da atividade colinérgica sobre a musculatura esquelética. Colina + Acetato AChE Receptor pós- sinaptico ACETILCOLINA Receptores nicotínicos Receptores muscarinicos Tipo Ionotrópico Metabotrópico + Mecanismo de ação Abrem canais de Na Via proteína G; abrindo canais de K . Subtipos M1, M2, M3, M4 e M5 Agonistas Nicotina Muscarina Antagonistas Curare Atropina Distribuição Placa motora; SNC SNA parassimpático CATECOLAMINAS OU AMINAS BIOGÊNICAS O aminoácido tirosina é o precursor de três NTs que possuem o grupo catecol: noradrenalina, adrenalina e dopamina conhecidas como catecolaminas. Sofrem recaptação na membrana pré-sináptica e são enzimaticamente degradadas pela MAO (monoaminooxidades) no terminal pré-sináptico. Muitas drogas interferem com a sua recaptação prolongando a presença do NT na fenda como a anfetamina e a cocaína.
  • 14. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 50 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida ! α β ! ) ( ) ( ! + ,↑ ) ! ! + ,! + ,↓ ) ! 1 2 α. α/ β. β/ 1 $ 1 3 4 ! ) ( ! + ,↑ ) ! 22 #. #/ #- #0 #& SEROTONINA Não é uma catecolamina, pois é uma amina sem o grupo catecol. É sintetizada a partir do aminoácido essencial triptofano. Os neurônios serotonérgicos centrais parecem estar envolvidos na regulação da temperatura, percepção sensorial, na indução do sono e na regulação dos níveis de humor. Como as catecolaminas são recaptadas pela membrana pré-sináptica e degradadas pela MAO. Drogas que atuam bloqueando a sua recaptação como fluoxetina (Prozac) são utilizados nos tratamentos antidepressivos. $ ( ) ( * ! + , ) ! &' - & ' . & ' . & ' . & ' .# &' / &' 0 AMINOÁCIDOS (glutamato, aspartato, gaba, glicina) Glutamato e Aspartato
  • 15. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 51 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida Mais da metade dos neurônios do SNC utiliza o Glutamato (Glu) e Aspartato (Asp), principais NT excitatórios do SNC sendo que o Glu responde por 75% da atividade despolarizante. Os receptores para o Glu são do tipo: O Glu possui quatro tipos de receptores, sendo três deles ionotrópicos: AMPA: canal iônico para cátions (Na) produzindo despolarização rápida Kainato: parecido com o AMPA NMDA: canais para dois cátions (Na e Ca) produzindo despolarização lenta e persistente. Os receptores do tipo NMDA são bastante complexos. O Glu liga-se a receptores NMDA, mas precisa de outro NT chamado Glicina para abrir o canal. Mesmo aberto, o ++ interior do canal está obstruído por íons Mg o que impede ++ a entrada de Ca . Como o canal AMPA é mais rápido, a entrada de cations por essa via despolariza a membrana ++ repelindo os íons Mg dos canais NMDA. Finalmente, + ++ torna-se possível a entrada de Na e de Ca . Em outras palavras, a ação despolarizante que o Glutamato depende de uma despolarização previa e de dois NT. ++ O Ca desempenha importante papel como 2º mensageiro. GLUTAMATO Receptores NMDA Receptores Ñ-NMDA Receptores Kainato Tipo ionotrópico (rápido) ionotrópico (lento) Metabotrópico Mecanismo de ação Abrem canais de Ca, Na e K Abrem canais de Na e K ? Agonistas NMDA AMPA KAINATO Antagonistas AP5 CNQX ?
  • 16. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 52 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida GABA, GLICINA O ácido γ-aminobutírico (GABA) é um aminoácido que não entra na síntese de proteínas e só está presente nos neurônios gabaégicos. É o principal NT inibitório do SNC. Os receptores são de dois subtipos: - GABAA: Ionotópicos que abrem canais de Cl e hiperpolarizam a membrana. GABAB Metabotópicos que estão acoplados a proteína G e aumentam a condutância para os + íons K , hiperpolarizando a membrana. As drogas conhecidas como tranqüilizantes benzodiazepínicos (ansiolíticos) estimulam estes receptores, aumentando o nível de inibição do SNC e são utilizadas nos tratamentos da ansiedade e da convulsão. Já os barbituricos têm o mesmo efeito, agindo em outro sitio de ligação; são tão potentes que são utilizados como anestésicos gerais. - A Glicina é um NT inibitório que aumenta a condutância para o Cl na membrana pós- sináptica dos neurônios espinhais. A sua presença é essencial para que os receptores NMDA funcionem. A bactéria Clostridium entra no organismo por lesões de pele tais como cortes, arranhaduras, mordidas de animais e causa o tétano. A bactéria possui toxinas que agem competitivamente sobre os receptores de glicina, removendo a sua ação inibidora sobre os neurônios motores do tronco encefálico e da medula espinhal. São os sintomas: rigidez muscular em todo o corpo, principalmente no pescoço, dificuldade para abrir a boca (trismo) e engolir, riso sardônico produzido por espasmos dos músculos da face. A contratura muscular pode atingir os músculos respiratórios. A estricnina é um veneno alcalóide de sementes de Strichnos nux vomica que antagonizam os efeitos da Gli, causando convulsão e morte. Outros mediadores da neurotransmissâo ATP Em adição às aminas e aminoácidos, outras moléculas menores podem servir como mensageiros. Entre eles está o ATP, molécula chave do metabolismo: ele está concentrado em muitas sinapses do SNC e do SNP e é liberado na fenda dependente de cálcio. Parece abrir canais catiônicos na membrana pós-sinaptica Peptídeos Neuroativos Também conhecidos como neuropeptídeos, são sintetizados e liberados em baixa quantidade. Foram identificados ao menos 25 que atuam modulando atividades nervosas. A ação neuromoduladora consiste em influenciar uma neurotransmissâo clássica, alterando pré- sinapticamente a quantidade de NT liberada em resposta a um potencial de ação ou pós- sinapticamente, alterando a sua resposta a um NT. Geralmente os neuropeptídeos são co- liberados juntamente com os NT clássicos, mas em vesículas separadas (vesículas secretoras). Substância P: um polipeptídio que se encontra em quantidade apreciável no intestino, e participa como importante mediador de reflexos gastrointestinais. É também sintetizado por neurônios aferentes primários influenciando a sensibilidade dolorosa.
  • 17. Curso de Fisiologia 2007 Ciclo de Neurofisiologia 53 Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida Peptídeos Opióides: os seus receptores são estimulados por substancias opióides como a morfina. A encefalina é encontrada nos terminais nervosos do trato gastrintestinal e modulam a sensibilidades dolorosa, agindo sobre os canais de Ca++ voltagem-dependentes. Há pelo menos 5 subtipos de receptores opiáceos: γ, µ, κ, σ, ε e µ que diferem entre si quanto às propriedades farmacológicas e distribuição. Oxido nítrico (NO) e monóxido de carbono (CO): ambos são moléculas gasosas pequenas e que são sintetizadas enzimas especificas presentes em alguns neurônios. A síntese desses gases geralmente nas sinapses excitatórias, especialmente mediadas pelo glutamato, através de receptores do tipo NMDA. Como são voláteis não são armazenados em vesículas e se difundem facialmente. Essas moléculas agem pós e pré-sinapticamente; neste ultimo caso, age facilitando a neurotransmissâo por retro-alimentaçâo positiva. " #$$% % % & & & $ Animações com mecanismos de ação de várias drogas que agem no SN realizado pela Unifesp. Alem desse, visite os outros sites sugeridos na homepage da disciplina.