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REVISTA EXIT® 28ª edição “Da Inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” Jan-
Dec 2012


                                                                Entrevista | Jonathan Jenkins,

                                                                Chief Executive,

                                                                The Social Investment Business
                                                                (Londres, Reino Unido)




Dianova: A mensuração / avaliação é um tema quente nos dias que correm no sector social, com cada
vez mais financiadores a quererem saber exactamente de que forma é que o seu dinheiro está a ser
utilizado, e com as organizações sem fins lucrativos a efectuarem avaliações rigorosas para provar que
os seus programas funcionam e atraem fundos para o seu crescimento. Isto é suficiente para atrair
novos investidores sociais? Ou é necessário adoptar outras métricas de avaliação para alcançar uma
maior confiança no investimento por parte dos novos investidores?

Jonathan Jenkins: É verdade que as organizações sem fins lucrativos estão a ver cada vez mais de que
forma poderão demonstrar o impacto do seu trabalho nas pessoas que beneficiam do seu trabalho,
sendo igualmente correcto que os doadores e investidores estão a perguntar cada vez mais por essa
informação.

Neste domínio, existem dois desafios que se colocam actualmente aos líderes das organizações sem fins
lucrativos. Primeiro, quanto investir neste tipo de métrica. Pode tornar-se caro, quer ao nível monetário,
quer ao nível de tempo. Para evitar trabalho desnecessário e a duplicação do mesmo, é preferível que
essa medição do impacto seja integrada no próprio quadro de medição do desempenho da organização.
Como é que esse quadro é desenvolvido diz respeito ao segundo desafio, que se prende com que
metodologia utilizar. Só no Reino Unido existe agora uma série de instrumentos que ajudam a medir o
impacto social, do retorno no investimento social aos resultados alcançados. Estas ferramentas
desempenham diferentes papéis e são adequadas para transmitir determinadas informações para



  Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável”   1
determinados públicos. Por isso, é importante que os líderes das organizações sem fins lucrativos
escolham qual a metodologia mais apropriada para cada um deles.

Para um investidor tem pouco sentido tentar ser prescritivo acerca da metodologia a usar, e forçar uma
metodologia desadequada poderá ser um desperdício. Além disso, a maior parte dos investidores no
sector investem através de fundos, estando, por isso, a financiar uma série de organizações distintas. O
que importa para o investidor é o desempenho do portefólio como um todo e, consequentemente, é
necessário agregar a análise à medição do impacto que as organizações se comprometeram fazer para
produzir este portefólio.

A análise do impacto é uma tarefa dos intermediários da finança social, como o SIB Group. Para levá-la a
cabo, estes usam o The Good Analyst, desenvolvido pelos nossos parceiros “Investing for Good”. Este
processo permite que as várias formas através das quais as organizações escolhem comunicar o seu
impacto sejam agrupadas para que o investidor possa ver o retorno social combinado do seu
investimento.

Para mais informações acerca do The Good Analyst: http://www.investingforgood.co.uk/thegoodanalyst




Dianova: Os doadores enfrentam um difícil dilema, a propósito da medição. Querem assegurar-se que
os seus fundos estão a fazer a diferença e, para tal, exigem compreensivelmente relatórios. Até que
ponto é que a falta de rigor nas métricas de avaliação leva a um fraco investimento social neste tipo
de organizações? O que precisam de fazer estas organizações para ganharem a confiança dos
investidores?

Jonathan Jenkins: É correcto dizer que o mercado de investimento social precisa de crescer e,
efectivamente, medir o impacto é uma maneira importante de estimular o crescimento.

Dianova: O “Investimento Social” ou o “Investimento de Impacto”, como muitas vezes é chamada esta
    forma de financiamento, representa um complemento importante às bolsas e às subvenções
    governamentais. Os investidores sociais investem tipicamente em organizações com uma robusta
    missão de mudança social, que gera receita, mas que ainda não são considerados comercialmente
    atractivos. Como mudar o paradigma de investimento nas grandes organizações do terceiro
    sector?

Jonathan Jenkins: Claro que os investidores sociais têm muita vontade de apoiar organizações que
atinjam um nível elevado de impacto social. Porém, é importante ter em mente que o investimento
social tem a ver com um retorno combinado, o que significa que os investidores terão em conta duas

  Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável”   2
linhas de fundo – verem as provas de um impacto social significativo, mas também procurarem obter
rendimento financeiro dos seus investimentos.

O     mercado     do    investimento     social   torna-se     mais   forte    devido    à    diversidade        de
empreendimentos/projectos sociais na calha – das organizações locais aparentemente “não-
financiáveis” que procuram aumentar o capital para um edifício para a comunidade, até empresas
sociais comercialmente sólidas que celebram contractos de vários milhões de libras. A maioria dos
empreendimentos sociais, bem como outras PMEs privadas, têm negócios para gerir, mas estão focadas
no retorno do impacto social. É o caso do HCT Group, que compete no ramo da indústria transportadora
no Reino Unido com os maiores players comerciais (como o Arriva e o First Group) e gere uma série de
serviços de transporte, incluindo alguns dos itinerários dos icónicos autocarros vermelhos, o transporte
escolar, o Park and Ride e outros transportes públicos.

As organizações que apresentam o retorno do impacto social já não são mais vistas como “organizações
do Terceiro Sector”, sendo percepcionadas como inovadoras, que aderem ao empreendedorismo e
capitalizam     novas   oportunidades      surgidas   do     desinvestimento    do   sector    público.     Estes
empreendimentos sociais podem ser registados como instituições de solidariedade social, empresas
sociais, mutualidades, cooperativas, bem como empresas de propriedade privada que procuram
aumentar o seu impacto social.

A prioridade número um para desenvolver o mercado é fazer aumentar o número de empreendimentos
de investimento social. Apoiar a disponibilidade para o investimento é crucial e, para a maioria, para tal
acontecer, é necessário que sejam financiadas através de bolsas que permitam às organizações
desenvolver as suas competências, processos e plano de negócio. Em última análise, alguns destes
subsídios podem ser reembolsáveis, mal a organização tenha assegurado o investimento. No Reino
Unido, estamos a gerir um fundo de investimento de £10m, apoiado pelo Governo, no qual
fornecedores autorizados trabalham de perto com as organizações com vista a construírem capacidade
de desenvolver propostas de investimento.




Dianova: Quais são as principais motivações dos investidores sociais? Pensa que o fazem por caridade,
     para passarem uma boa imagem pública ou simplesmente porque acreditam verdadeiramente
     nos projectos e na organização que contribui para solucionar um problema?

Jonathan Jenkins: Surgem investidores sociais de todas as formas e tamanhos e com diferentes
motivações no mercado. Por exemplo, o Governo inglês tem sido uma peça-chave no financiamento de
projectos ligados à inovação e apostou o seu dinheiro num conceito, tal como fizem com o


    Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável”    3
“Futurebuilders England”. Outros intermediários da finança social, como o Big Issue Invest, Bridges
Ventures, Triodos Bank e o Social Investment Business, têm estado sobretudo envolvidos no negócio
dos empréstimos a empreendimentos sociais (social ventures) para apoiar projectos de filantropia bem
sucedidos, mas que não conseguiam aumentar o capital. Tal deu a intermediários como nós um
profundo conhecimento dos modelos de negócio que permitem um retorno misto. Principiantes neste
mercado, como o Deutsche Bank, foram atraídos por este tipo de retorno.

O investimento social tem sido amplamente apregoado como uma nova classe de activos emergentes
(Impact Investments: an emerging asset class J P Morgan 2010) e 2012 é o ano decisivo, com o
lançamento do Big Society Capital, que vai canalizar mais do que £600m para os intermediários da
finança social criarem uma gama de produtos para os empreendimentos sociais e construírem uma
estrutura de mercado. Os gestores tradicionais começam a ver os investimentos sociais de forma
diferente – para além da Responsabilidade Social Corporativa.

Todo este novo capital significa igualmente novos produtos, como o “Investing for Good’s Charity
Programme”, que ajudou a Scope a angariar £20m para expandir a sua rede de lojas de caridade. Temos
igualmente vontade de mudar para o universo do retalho, o que significa que poderíamos falar com
investidores que seriam depois capazes de incluir um produto de investimento social no seu portfólio de
investimento. O relatório da NESTA de 2011 apresenta um quadro promissor para produtos de retalho
no mercado do investimento social.

Eu disse antes que tenho um sonho, que qualquer pessoa possa tornar-se investidor social, seja o seu
orçamento de £5 ou um bónus de £5m. Este sonho está ancorado à minha crença na eficiência dos
mercados, e na crescente procura dos investidores de retalho. Apesar de tudo, não me parece um sonho
assim tão absurdo de perseguir.




Dianova: Como promover o impacto social nos dias que correm, condicionados por uma profunda
    crise financeira e por uma sociedade céptica em relação ao seu próprio trabalho humanitário?

Jonathan Jenkins: Já não é apenas o sector social que fala de “capitalismo moral” ou de “capitalismo
responsável”. Todos os líderes dos três maiores partidos ingleses falam dele. De facto, até parece que os
três lutam entre si por este posicionamento. Considerava possível um Primeiro-ministro conservador
referir que a Responsabilidade Social Corporativa não pode ser uma iniciativa fácil de fazer o bem para
aliviar a consciência corporativa, mas que, ao invés, os valores sociais nucleares deverão ser parte
integrante de uma estratégia de negócio? E mais, que este anunciasse que o Estado irá intervir no




  Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável”   4
sistema financeiro e corporativo para legislar onde a moral, a ética e a responsabilidade social são
ultrapassados pela ganância monetária?

Mesmo há um ano atrás seria uma grande surpresa, mesmo no auge da “Big Society”. Hoje em dia,
graças aos esforços de todos no sector, mas mais importante, graças ao espírito “anti-banca” geral da
opinião pública. Estamos a debatermo-nos com a segunda recessão em muitos anos. Esta situação está
a tornar-se num campo de batalha mais mainstream para os corações e mentes dos votantes.

Portanto, o que é o “Capitalismo responsável”? É propriedade e controlo – patrões vs trabalhadores,
accionistas vs empregados por conta própria? Não integralmente. Isto não tem a ver apenas com
banqueiros e cooperativas. E é irrealista esperar que cada organização financie o seu crescimento
através de um “employee buy-out”. Então, quem providencia o dinheiro?

À medida que a consciência individual das oportunidades aumenta, como a de aplicar as suas poupanças
e investimentos num fundo, trabalhando para um retorno social e financeiro, e à medida que se tornar
mais fácil efectuar estas operações com a criação de fundos e produtos financeiros, estou convencido
que o “Joe-saver” vai entrar no mercado a gosto e antecipar o capital institucional de forma muito
galante e louvada.

Finalmente, e mais importante para mim, o Governo necessita de reconhecer o investimento social e os
empreendimentos sociais como parte do clássico debate sobre o empreendedorismo. O Social
Investment Business demorou 10 anos a emprestar dinheiro a empreendimentos sociais viáveis e não-
financiáveis pelos bancos tradicionais e estamos felizes ao partilhar essa experiência, tal como tenho a
certeza que o Big Issue Invest, o Venturesome, o Bridges, o Triodos, o Key Fund também estarão.




Dianova: Onde investir nesta altura? Qual o tipo de organizações que nos trarão um maior impacto
   social para a sociedade e para os mercados?

Jonathan Jenkins: Temos um historial de sucesso de empréstimos a projectos sociais, de saúde,
educação e de empreendimentos comunitários. Projectos sociais que possam mostrar um modelo de
negócio sustentável e evidenciem o seu impacto social têm muitas oportunidades de mudança no sector
público. Recentemente apoiámos o Center at Threeways na sua missão de transferir activos da maior
comunidade em Inglaterra, e estamos a planear igualmente transformar a escola Riddings em Overden
num pólo de desenvolvimento empresarial que será propriedade da comunidade.

O nosso Investment and Contract Readiness Fund de £10 está a ajudar projectos sociais a abordar
áreas-chave do seu negócio, tais como: uma liderança eficaz, plano de negócios e estratégico, finanças,


  Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável”   5
governança, políticas e procedimentos de forma para tornar mais atractivos a potenciais investidores e
comissários.




Ler   versão   original   (EN)    e   completa     da    Revista    EXIT   28ª    edição    Jan-Dez       2012:
http://issuu.com/dianovaportugal/docs/exit_magazine_28_jandec2012_dianova




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Entrevista: Jonathan Jenkins | Exit 28_2012 (pt)

  • 1. REVISTA EXIT® 28ª edição “Da Inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” Jan- Dec 2012 Entrevista | Jonathan Jenkins, Chief Executive, The Social Investment Business (Londres, Reino Unido) Dianova: A mensuração / avaliação é um tema quente nos dias que correm no sector social, com cada vez mais financiadores a quererem saber exactamente de que forma é que o seu dinheiro está a ser utilizado, e com as organizações sem fins lucrativos a efectuarem avaliações rigorosas para provar que os seus programas funcionam e atraem fundos para o seu crescimento. Isto é suficiente para atrair novos investidores sociais? Ou é necessário adoptar outras métricas de avaliação para alcançar uma maior confiança no investimento por parte dos novos investidores? Jonathan Jenkins: É verdade que as organizações sem fins lucrativos estão a ver cada vez mais de que forma poderão demonstrar o impacto do seu trabalho nas pessoas que beneficiam do seu trabalho, sendo igualmente correcto que os doadores e investidores estão a perguntar cada vez mais por essa informação. Neste domínio, existem dois desafios que se colocam actualmente aos líderes das organizações sem fins lucrativos. Primeiro, quanto investir neste tipo de métrica. Pode tornar-se caro, quer ao nível monetário, quer ao nível de tempo. Para evitar trabalho desnecessário e a duplicação do mesmo, é preferível que essa medição do impacto seja integrada no próprio quadro de medição do desempenho da organização. Como é que esse quadro é desenvolvido diz respeito ao segundo desafio, que se prende com que metodologia utilizar. Só no Reino Unido existe agora uma série de instrumentos que ajudam a medir o impacto social, do retorno no investimento social aos resultados alcançados. Estas ferramentas desempenham diferentes papéis e são adequadas para transmitir determinadas informações para Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 1
  • 2. determinados públicos. Por isso, é importante que os líderes das organizações sem fins lucrativos escolham qual a metodologia mais apropriada para cada um deles. Para um investidor tem pouco sentido tentar ser prescritivo acerca da metodologia a usar, e forçar uma metodologia desadequada poderá ser um desperdício. Além disso, a maior parte dos investidores no sector investem através de fundos, estando, por isso, a financiar uma série de organizações distintas. O que importa para o investidor é o desempenho do portefólio como um todo e, consequentemente, é necessário agregar a análise à medição do impacto que as organizações se comprometeram fazer para produzir este portefólio. A análise do impacto é uma tarefa dos intermediários da finança social, como o SIB Group. Para levá-la a cabo, estes usam o The Good Analyst, desenvolvido pelos nossos parceiros “Investing for Good”. Este processo permite que as várias formas através das quais as organizações escolhem comunicar o seu impacto sejam agrupadas para que o investidor possa ver o retorno social combinado do seu investimento. Para mais informações acerca do The Good Analyst: http://www.investingforgood.co.uk/thegoodanalyst Dianova: Os doadores enfrentam um difícil dilema, a propósito da medição. Querem assegurar-se que os seus fundos estão a fazer a diferença e, para tal, exigem compreensivelmente relatórios. Até que ponto é que a falta de rigor nas métricas de avaliação leva a um fraco investimento social neste tipo de organizações? O que precisam de fazer estas organizações para ganharem a confiança dos investidores? Jonathan Jenkins: É correcto dizer que o mercado de investimento social precisa de crescer e, efectivamente, medir o impacto é uma maneira importante de estimular o crescimento. Dianova: O “Investimento Social” ou o “Investimento de Impacto”, como muitas vezes é chamada esta forma de financiamento, representa um complemento importante às bolsas e às subvenções governamentais. Os investidores sociais investem tipicamente em organizações com uma robusta missão de mudança social, que gera receita, mas que ainda não são considerados comercialmente atractivos. Como mudar o paradigma de investimento nas grandes organizações do terceiro sector? Jonathan Jenkins: Claro que os investidores sociais têm muita vontade de apoiar organizações que atinjam um nível elevado de impacto social. Porém, é importante ter em mente que o investimento social tem a ver com um retorno combinado, o que significa que os investidores terão em conta duas Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 2
  • 3. linhas de fundo – verem as provas de um impacto social significativo, mas também procurarem obter rendimento financeiro dos seus investimentos. O mercado do investimento social torna-se mais forte devido à diversidade de empreendimentos/projectos sociais na calha – das organizações locais aparentemente “não- financiáveis” que procuram aumentar o capital para um edifício para a comunidade, até empresas sociais comercialmente sólidas que celebram contractos de vários milhões de libras. A maioria dos empreendimentos sociais, bem como outras PMEs privadas, têm negócios para gerir, mas estão focadas no retorno do impacto social. É o caso do HCT Group, que compete no ramo da indústria transportadora no Reino Unido com os maiores players comerciais (como o Arriva e o First Group) e gere uma série de serviços de transporte, incluindo alguns dos itinerários dos icónicos autocarros vermelhos, o transporte escolar, o Park and Ride e outros transportes públicos. As organizações que apresentam o retorno do impacto social já não são mais vistas como “organizações do Terceiro Sector”, sendo percepcionadas como inovadoras, que aderem ao empreendedorismo e capitalizam novas oportunidades surgidas do desinvestimento do sector público. Estes empreendimentos sociais podem ser registados como instituições de solidariedade social, empresas sociais, mutualidades, cooperativas, bem como empresas de propriedade privada que procuram aumentar o seu impacto social. A prioridade número um para desenvolver o mercado é fazer aumentar o número de empreendimentos de investimento social. Apoiar a disponibilidade para o investimento é crucial e, para a maioria, para tal acontecer, é necessário que sejam financiadas através de bolsas que permitam às organizações desenvolver as suas competências, processos e plano de negócio. Em última análise, alguns destes subsídios podem ser reembolsáveis, mal a organização tenha assegurado o investimento. No Reino Unido, estamos a gerir um fundo de investimento de £10m, apoiado pelo Governo, no qual fornecedores autorizados trabalham de perto com as organizações com vista a construírem capacidade de desenvolver propostas de investimento. Dianova: Quais são as principais motivações dos investidores sociais? Pensa que o fazem por caridade, para passarem uma boa imagem pública ou simplesmente porque acreditam verdadeiramente nos projectos e na organização que contribui para solucionar um problema? Jonathan Jenkins: Surgem investidores sociais de todas as formas e tamanhos e com diferentes motivações no mercado. Por exemplo, o Governo inglês tem sido uma peça-chave no financiamento de projectos ligados à inovação e apostou o seu dinheiro num conceito, tal como fizem com o Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 3
  • 4. “Futurebuilders England”. Outros intermediários da finança social, como o Big Issue Invest, Bridges Ventures, Triodos Bank e o Social Investment Business, têm estado sobretudo envolvidos no negócio dos empréstimos a empreendimentos sociais (social ventures) para apoiar projectos de filantropia bem sucedidos, mas que não conseguiam aumentar o capital. Tal deu a intermediários como nós um profundo conhecimento dos modelos de negócio que permitem um retorno misto. Principiantes neste mercado, como o Deutsche Bank, foram atraídos por este tipo de retorno. O investimento social tem sido amplamente apregoado como uma nova classe de activos emergentes (Impact Investments: an emerging asset class J P Morgan 2010) e 2012 é o ano decisivo, com o lançamento do Big Society Capital, que vai canalizar mais do que £600m para os intermediários da finança social criarem uma gama de produtos para os empreendimentos sociais e construírem uma estrutura de mercado. Os gestores tradicionais começam a ver os investimentos sociais de forma diferente – para além da Responsabilidade Social Corporativa. Todo este novo capital significa igualmente novos produtos, como o “Investing for Good’s Charity Programme”, que ajudou a Scope a angariar £20m para expandir a sua rede de lojas de caridade. Temos igualmente vontade de mudar para o universo do retalho, o que significa que poderíamos falar com investidores que seriam depois capazes de incluir um produto de investimento social no seu portfólio de investimento. O relatório da NESTA de 2011 apresenta um quadro promissor para produtos de retalho no mercado do investimento social. Eu disse antes que tenho um sonho, que qualquer pessoa possa tornar-se investidor social, seja o seu orçamento de £5 ou um bónus de £5m. Este sonho está ancorado à minha crença na eficiência dos mercados, e na crescente procura dos investidores de retalho. Apesar de tudo, não me parece um sonho assim tão absurdo de perseguir. Dianova: Como promover o impacto social nos dias que correm, condicionados por uma profunda crise financeira e por uma sociedade céptica em relação ao seu próprio trabalho humanitário? Jonathan Jenkins: Já não é apenas o sector social que fala de “capitalismo moral” ou de “capitalismo responsável”. Todos os líderes dos três maiores partidos ingleses falam dele. De facto, até parece que os três lutam entre si por este posicionamento. Considerava possível um Primeiro-ministro conservador referir que a Responsabilidade Social Corporativa não pode ser uma iniciativa fácil de fazer o bem para aliviar a consciência corporativa, mas que, ao invés, os valores sociais nucleares deverão ser parte integrante de uma estratégia de negócio? E mais, que este anunciasse que o Estado irá intervir no Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 4
  • 5. sistema financeiro e corporativo para legislar onde a moral, a ética e a responsabilidade social são ultrapassados pela ganância monetária? Mesmo há um ano atrás seria uma grande surpresa, mesmo no auge da “Big Society”. Hoje em dia, graças aos esforços de todos no sector, mas mais importante, graças ao espírito “anti-banca” geral da opinião pública. Estamos a debatermo-nos com a segunda recessão em muitos anos. Esta situação está a tornar-se num campo de batalha mais mainstream para os corações e mentes dos votantes. Portanto, o que é o “Capitalismo responsável”? É propriedade e controlo – patrões vs trabalhadores, accionistas vs empregados por conta própria? Não integralmente. Isto não tem a ver apenas com banqueiros e cooperativas. E é irrealista esperar que cada organização financie o seu crescimento através de um “employee buy-out”. Então, quem providencia o dinheiro? À medida que a consciência individual das oportunidades aumenta, como a de aplicar as suas poupanças e investimentos num fundo, trabalhando para um retorno social e financeiro, e à medida que se tornar mais fácil efectuar estas operações com a criação de fundos e produtos financeiros, estou convencido que o “Joe-saver” vai entrar no mercado a gosto e antecipar o capital institucional de forma muito galante e louvada. Finalmente, e mais importante para mim, o Governo necessita de reconhecer o investimento social e os empreendimentos sociais como parte do clássico debate sobre o empreendedorismo. O Social Investment Business demorou 10 anos a emprestar dinheiro a empreendimentos sociais viáveis e não- financiáveis pelos bancos tradicionais e estamos felizes ao partilhar essa experiência, tal como tenho a certeza que o Big Issue Invest, o Venturesome, o Bridges, o Triodos, o Key Fund também estarão. Dianova: Onde investir nesta altura? Qual o tipo de organizações que nos trarão um maior impacto social para a sociedade e para os mercados? Jonathan Jenkins: Temos um historial de sucesso de empréstimos a projectos sociais, de saúde, educação e de empreendimentos comunitários. Projectos sociais que possam mostrar um modelo de negócio sustentável e evidenciem o seu impacto social têm muitas oportunidades de mudança no sector público. Recentemente apoiámos o Center at Threeways na sua missão de transferir activos da maior comunidade em Inglaterra, e estamos a planear igualmente transformar a escola Riddings em Overden num pólo de desenvolvimento empresarial que será propriedade da comunidade. O nosso Investment and Contract Readiness Fund de £10 está a ajudar projectos sociais a abordar áreas-chave do seu negócio, tais como: uma liderança eficaz, plano de negócios e estratégico, finanças, Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 5
  • 6. governança, políticas e procedimentos de forma para tornar mais atractivos a potenciais investidores e comissários. Ler versão original (EN) e completa da Revista EXIT 28ª edição Jan-Dez 2012: http://issuu.com/dianovaportugal/docs/exit_magazine_28_jandec2012_dianova Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 6