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Acadêmicos Douglas Wrasse e Andréia
Schauren

 Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista,
dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista,
crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em
21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de
negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria
Leopoldina Machado de Assis. Aos 16 anos, publica em
12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela".
Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título
de Crisálidas. Publica, em 1881, um livro extremamente
original, pouco convencional para o estilo da
época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi
considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de
Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.
Faleceu no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908.
O autor

 Essa resenha temática busca analisar a obra
“Singular ocorrência” de Machado de Assis.
 Para essa análise será discutida as seguintes
temáticas: os personagens; a análise da narrativa; o
teatro machadiano; a intertextualidade; a tragédia; e
a mulher.
Introdução

 Andrade: Cidadão urbano, brasileiro, de classe
média do século XIX, advogado e político.
 Marocas (Maria de tal): Prostituta, simplória, esbelta,
modos sérios, linguagem limpa, vestido afogado,
escorrido, sem espavento, arrastava a muitos.
 Leandro: Suposto amante.
 Narrador personagem.
 Empregada de Marocas.
Personagens

 O conto foi publicado em 1883 no jornal Gazeta de
Notícias.
 A narrativa é curta e ambientada na cidade do Rio de
Janeiro. Possui uma trama de tragédia e redenção. O
conto possui um narrador personagem que conta
através de um dialogo com um amigo uma singular
ocorrência que ocorreu com a personagem Marocas.
 O tempo da história é datado, pois sabemos que a
história vai ser contada a partir de 20 anos atrás do
início do conto. O conto se inicia em 1880, mas
retoma a 1860.
Análise da narrativa

 Em Singular Ocorrência desenvolve-se um enredo
extremamente simples. Andrade e Marocas, assim que
se conhecem apaixonam-se loucamente. Contudo,
Andrade era casado, e Marocas uma prostituta.
 Na ausência de seu atual amante que fora a uma viajem
com a família, o desenrolar da história acarreta
incertezas sobre a fidelidade de Marocas, pois a mesma
havia abandonado seus clientes para dedicar-se
exclusivamente a Andrade.

 Porém, se a “traição” realmente ocorreu, jamais saberemos,
pois fica no ar. Pois o narrador é incapaz de definir o que
ouve ao certo e o leitor fica assim na incerteza.
 A profissão da personagem principal (Marocas) e desenhada
pelo narrador.
[...] está viúva, naturalmente?
- não.
- bem; o marido ainda vive. É velho?
- Não é casada.
- Solteira?
- Assim, assim. Deve chamar-se hoje de. Maria de Tal. Em 1960
florescia com nome familiar de Marocas. Não era costureira,
nem proprietária, nem mestra de meninas; vai excluindo as
profissões e lá chegara. (ASSIS, 1993, p. 153)

 Com isso deixa aberto ao leitor que a profissão de
Marocas é a prostituição, contudo, esta problemática não
é tratada de forma aberta.
 O perfil de comportamento de Marocas segue uma linha
tênue de antíteses, pois tem modos sérios e recatados, “
linguagem limpa”, além disso era pudica, ou seja ela era
casta, obediente; desinteressada, chegava a provocar
compaixão, pelo fato de não ter família acabando assim
por jantar com retrato de Andrade, por não possuir uma
foto de sua mãe.

 Enfim, vai se desenhando uma prostituta que tende a
“beatitude” e não a da “vulgaridade”, do “erotismo ou
da sedução”. (BAEDER, 2009, p. 102)
 Um jogo de concessão, apesar de ser prostituta, vestia-se
como beata, comportava-se com recato. Tecendo assim a
instabilidade a cerca do comportamento, do modo como
essa personagem se veste, ou seja, quebra a expectativa
em relação a essa mulher e a seu posto social.

De santa a prostituta

 Era boa
 Temperamento moderado, sem extremos.
 Tudo nela é atenuado e passivo.
 Sobrevaloriza as aparências.
 Rosto mediano (nem bonito nem feio)
 Simpática
 Não falava mal de ninguém
 Compreensiva ao extremo
 Não sabia odiar
Santa

 Não era costureira
 Não era proprietária
 Não era mestra de meminas ... Vá excluindo as
profissões e lá chegara.
prostituta

Esteriotipação da
prostituta

 Modos sérios
 Linguagem séria
 Vestido afogado
 Veste-se sem espavento
Ocorrência no texto

 Modos não sérios.
 Linguagem chula.
 Vestido decotado.
 Chama a atenção pelo modo de vestir-se.
Figurativização às
avessas

 Machado de Assis foi crítico teatral, comediógrafo,
tradutor de várias peças e censor do Conservatório
Dramático.
 O conto Singular Ocorrência é escrito em forma de
um diálogo, entre um narrador e um interlocutor e
possui uma intertextualidade com três obras teatrais:
O teatro machadiano

 A Dama das Camélias de Alexandre Dumas Filho.
 O casamento de Olímpia de Emile Augier
 Janto com Minha Mãe de Lambert Thiboust e Adrien
Decourcelle.
 Tirando a primeira obra as outras duas obras são
pouco conhecida do público geral. A maneira que
elas são dispostas no conto cria uma dificuldade de
perceber a intertextualidade, onde os personagens
apenas utilizam de citações de momentos das obras.
Intertextualidade

 O leitor atual teria sérios problemas para identificar os
conceitos que as peças teatrais estavam representando
no conto. Contudo, para a época de produção do conto
esse problema não era visível por que as três peças
estavam em circulação.
 Para “os contemporâneos de Machado, à época em que
‘Singular ocorrência” foi publicado, podiam perceber
sem problemas as relações existentes entre o conto e as
três peças. O escritor, afinal, dialogou com textos teatrais
que lhe foram familiares na adolescência, mas que
também estavam muito próximos dos seus leitores de
1883 e 1884” (FARIA, 1991, p. 5).

 A ligação entre o conto e as obras teatrais:
 A primeira sequência narrativa de “singular ocorrência”,
é inspirada claramente em “A dama das camélias”, tem
como tema, portanto, a regeneração de Marocas.
(FARIAS, 1991, p.6)
 O uso do teatro “janto com minha mãe”, onde ambas as
duas mulheres são sem família, e com isso marcadas
pela solidão. Para enfatizar a solidão vivida por
Marocas, Machado faz uso da cena em que Sophie
personagem da obra Janto com minha mãe, janta
literalmente com o quadro de sua mãe, Marocas por seu
fim janta com o quadro de se marido Andrade.

 No Terceiro momento do conto o equilíbrio da história
se rompe “apesar da regeneração, do amor dedicado a
Andrade, do ‘receio de o perder’, das ‘maneiras tão
acanhadas’, Marocas trai o amante com um
desconhecido que encontra na rua”(FARIA, 1991, p.7).
 Eis aí a questão central do conto. Por que ela fez isso?
Para explica-la no narrador busca inspiração em uma
expressão do teatro de: Auguier: “a nostalgia da lama”
 A nostalgia da Lama: sempre a arrastará para os velhos
hábitos, de maneira inevitável.

 O interlocutor insiste em caracterizar sua atitude com
uma expressão que evoca um universo degradado e que
traz um enorme carga sentenciosa, moralizante, e
desprovida de qualquer psicologia. Talvez esteja aí o
ponto alto do conto. Se aceitarmos a ideia de que o
narrador pode ser uma máscara do escritor, Machado dá
uma bela demonstração de como vê o ser humano se
sem valer de estereótipos literários. Quer dizer: o
intertexto teatral é introduzido para ser negado.
Marocas, ao trair Andrade, não é mais uma arrependida,
mas também não é um depravada. Nem anjo, nem
demônio, como escritor romântico e realista burguês
pintaram a prostituta, mas um ser humano singular,
complexo, enigmático, como tantos outros heróis
machadianos. (FARIAS, 1991, p. 7)

 A partir de 1880 com a publicação de Memórias
Póstumas, e, na vida particular, com a manifestação
mais aguda da doença epilética que o incomodava e
humilhava. Machado se coloca subitamente no
ângulo de visão adequado à sua vocação do trágico,
e promove com um gesto decidido a derrocada das
aparências que lhe impediam o acesso às fontes da
realidade. Não mais a ilusão, nem a fuga na
produção idealizada [fase romântica]. O que ele vai
agora contemplar é a essência da vida e do homem
(SCHNEIDER).
Tragédia

 O principal tema machadiano é a vicissitude da
motivação humana; de como e por que os indivíduos
agem de maneira que agem. O casamento, a viuvez, a
infidelidade; a política, a história nacional, o palco das
relações familiares são, todos eles, meios de organizar
decisões e escolhas. A ficção de Machado é uma
indagação sobre o modo como tomamos nossas decisões
quando confrontados com expectativas alheias que se
opõem aos nossos desejos, formando um contraponto
entre expectativa e frustração. (ALMEIDA, 2009. p.273)

 Em singular ocorrência Machado cria a sensação de
expectativa e frustração. Ele gera no leitor todo o drama
de uma tragédia em torno da traição ou não traição de
Marocas. Contudo, a tragédia do conto não ocorre nesse
momento. Por que Andrade ao ter a noticia do
desaparecimento de Marocas entre em desespero “não
era só a dor de a perder, era o remorso, a dúvida, ao
menos, da consciência, em presença de um possível
desastre, que parecia justifica a moça” (ASSIS, 2003,
p.159).

 Andrade reconcilia com Marocas. Será então a partir
desse momento que a tragédia real Machadiana se faz
valer.
 Marocas dá um filho ao Andrade, mas este morre com
dois anos. E para fechar a solidão da personagem,
Andrade morre pouco tempo depois em uma viajem a
outra província.
 Machado explora em seu conto os acontecimentos ao
acaso, foi um acaso Leandro ser conhecido de Andrade,
o acaso para Machado é “um Deus e um Diabo ao
mesmo tempo” (ASSIS, 2003).

 E pelo caráter enigmático da personagem principal,
que parece, mas não é, ou que é mas não parece, e
também pela falta de credibilidade, (pela posição de
díspar que ocupam em relação a mulher na
sociedade, o que os desqualifica como destinadores
julgadores nas ações femininas, pela imprecisão de
seus relatos e pela importância que dão pelo aquilo
que não dizem) que a ironia vai se completar nesse
ponto.
A mulher

 O enunciado fala algo, mas o narrador mira em outro
alvo, possibilitando a seguinte leitura do texto:
 O desequilíbrio entre o relacionamento entre homens e
mulheres. O importante não é mais a traição em si, se ela
ocorre ou não, mas a reação dos homens a isso. Pois
quando parte deles é um “deslize”. E quando atinge
diretamente a eles se torna impensável, inadmissível ao
desejo feminino, esse “desvio” na leitura leva o leitor a
aceitar de certa forma a duvida em relação a esse sistema
de valores, pois ao esboçar o desejo das mulheres
converte em desentendimento e indignação de uma
sociedade hostil, em que apenas o homem, branco,
possui pregorativas.

 Machado de Assis é sem duvida o maior escritor
brasileiro. Singular ocorrência e uma prova de sua
capacidade de construir uma história. O conto possui
apenas cinco páginas, porém, e constituído de um
profundo conhecimento da realidade humana.
Problemas sociais, psicológicos, e uma trama que
envolve o leitor do suspense a decepção.
Considerações finais
 ALMEIDA, Rogério de. O trágico em Machado de Assis: Análise do conto Singular
Ocorrência. Línguas e Letras, vol. 10, São Paulo, 2009.
 PEREIRA, Camila Rathge Rangel. Singularidades Femininas: A representação da
mulher em contos de Machado de Assis e de Eça de Queirós. TCC, Universidade de
Brasília, Brasília, 2013.
 NETO, Anselmo Pessoa. Singular ocorrência, de Machado de Assis: Uma
interpretação. Signótica, vol.8, São Paulo, 1996.
 CALLIPO, Daniela Mantarro. Marion e Marocas: a redenção da cortesã por amor em
Vitor Hugo e Machado de Assis. Fragmentos, vol. 33, Florianópolis, 2007.
 FARIA, João Roberto. Singular ocorrência teatral. Revista USP, vol. 161, São Paulo,
1991.
 ASSIS, Machado. Seus trinta melhores contos. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2003.
 SCHNEIDER, Claércio Ivan. O olhar trágico-histórico: espelhos da crônica de
Machado de Assis. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/gthistoriaculturalrs/claercioschneider.html Site consultado no
dia 19/10/2015.
 BAEDER, Berenice. A duvida em Machado de Assis: uma gramática de
possibilidades. Dissertação de mestrado. USP, São Paulo, 2009.
Referencias

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Singular ocorrência

  • 1. Acadêmicos Douglas Wrasse e Andréia Schauren
  • 2.   Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis. Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela". Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas. Publica, em 1881, um livro extremamente original, pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira. Faleceu no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. O autor
  • 3.   Essa resenha temática busca analisar a obra “Singular ocorrência” de Machado de Assis.  Para essa análise será discutida as seguintes temáticas: os personagens; a análise da narrativa; o teatro machadiano; a intertextualidade; a tragédia; e a mulher. Introdução
  • 4.   Andrade: Cidadão urbano, brasileiro, de classe média do século XIX, advogado e político.  Marocas (Maria de tal): Prostituta, simplória, esbelta, modos sérios, linguagem limpa, vestido afogado, escorrido, sem espavento, arrastava a muitos.  Leandro: Suposto amante.  Narrador personagem.  Empregada de Marocas. Personagens
  • 5.   O conto foi publicado em 1883 no jornal Gazeta de Notícias.  A narrativa é curta e ambientada na cidade do Rio de Janeiro. Possui uma trama de tragédia e redenção. O conto possui um narrador personagem que conta através de um dialogo com um amigo uma singular ocorrência que ocorreu com a personagem Marocas.  O tempo da história é datado, pois sabemos que a história vai ser contada a partir de 20 anos atrás do início do conto. O conto se inicia em 1880, mas retoma a 1860. Análise da narrativa
  • 6.   Em Singular Ocorrência desenvolve-se um enredo extremamente simples. Andrade e Marocas, assim que se conhecem apaixonam-se loucamente. Contudo, Andrade era casado, e Marocas uma prostituta.  Na ausência de seu atual amante que fora a uma viajem com a família, o desenrolar da história acarreta incertezas sobre a fidelidade de Marocas, pois a mesma havia abandonado seus clientes para dedicar-se exclusivamente a Andrade.
  • 7.   Porém, se a “traição” realmente ocorreu, jamais saberemos, pois fica no ar. Pois o narrador é incapaz de definir o que ouve ao certo e o leitor fica assim na incerteza.  A profissão da personagem principal (Marocas) e desenhada pelo narrador. [...] está viúva, naturalmente? - não. - bem; o marido ainda vive. É velho? - Não é casada. - Solteira? - Assim, assim. Deve chamar-se hoje de. Maria de Tal. Em 1960 florescia com nome familiar de Marocas. Não era costureira, nem proprietária, nem mestra de meninas; vai excluindo as profissões e lá chegara. (ASSIS, 1993, p. 153)
  • 8.   Com isso deixa aberto ao leitor que a profissão de Marocas é a prostituição, contudo, esta problemática não é tratada de forma aberta.  O perfil de comportamento de Marocas segue uma linha tênue de antíteses, pois tem modos sérios e recatados, “ linguagem limpa”, além disso era pudica, ou seja ela era casta, obediente; desinteressada, chegava a provocar compaixão, pelo fato de não ter família acabando assim por jantar com retrato de Andrade, por não possuir uma foto de sua mãe.
  • 9.   Enfim, vai se desenhando uma prostituta que tende a “beatitude” e não a da “vulgaridade”, do “erotismo ou da sedução”. (BAEDER, 2009, p. 102)  Um jogo de concessão, apesar de ser prostituta, vestia-se como beata, comportava-se com recato. Tecendo assim a instabilidade a cerca do comportamento, do modo como essa personagem se veste, ou seja, quebra a expectativa em relação a essa mulher e a seu posto social.
  • 10.  De santa a prostituta
  • 11.   Era boa  Temperamento moderado, sem extremos.  Tudo nela é atenuado e passivo.  Sobrevaloriza as aparências.  Rosto mediano (nem bonito nem feio)  Simpática  Não falava mal de ninguém  Compreensiva ao extremo  Não sabia odiar Santa
  • 12.   Não era costureira  Não era proprietária  Não era mestra de meminas ... Vá excluindo as profissões e lá chegara. prostituta
  • 14.   Modos sérios  Linguagem séria  Vestido afogado  Veste-se sem espavento Ocorrência no texto
  • 15.   Modos não sérios.  Linguagem chula.  Vestido decotado.  Chama a atenção pelo modo de vestir-se. Figurativização às avessas
  • 16.   Machado de Assis foi crítico teatral, comediógrafo, tradutor de várias peças e censor do Conservatório Dramático.  O conto Singular Ocorrência é escrito em forma de um diálogo, entre um narrador e um interlocutor e possui uma intertextualidade com três obras teatrais: O teatro machadiano
  • 17.   A Dama das Camélias de Alexandre Dumas Filho.  O casamento de Olímpia de Emile Augier  Janto com Minha Mãe de Lambert Thiboust e Adrien Decourcelle.  Tirando a primeira obra as outras duas obras são pouco conhecida do público geral. A maneira que elas são dispostas no conto cria uma dificuldade de perceber a intertextualidade, onde os personagens apenas utilizam de citações de momentos das obras. Intertextualidade
  • 18.   O leitor atual teria sérios problemas para identificar os conceitos que as peças teatrais estavam representando no conto. Contudo, para a época de produção do conto esse problema não era visível por que as três peças estavam em circulação.  Para “os contemporâneos de Machado, à época em que ‘Singular ocorrência” foi publicado, podiam perceber sem problemas as relações existentes entre o conto e as três peças. O escritor, afinal, dialogou com textos teatrais que lhe foram familiares na adolescência, mas que também estavam muito próximos dos seus leitores de 1883 e 1884” (FARIA, 1991, p. 5).
  • 19.   A ligação entre o conto e as obras teatrais:  A primeira sequência narrativa de “singular ocorrência”, é inspirada claramente em “A dama das camélias”, tem como tema, portanto, a regeneração de Marocas. (FARIAS, 1991, p.6)  O uso do teatro “janto com minha mãe”, onde ambas as duas mulheres são sem família, e com isso marcadas pela solidão. Para enfatizar a solidão vivida por Marocas, Machado faz uso da cena em que Sophie personagem da obra Janto com minha mãe, janta literalmente com o quadro de sua mãe, Marocas por seu fim janta com o quadro de se marido Andrade.
  • 20.   No Terceiro momento do conto o equilíbrio da história se rompe “apesar da regeneração, do amor dedicado a Andrade, do ‘receio de o perder’, das ‘maneiras tão acanhadas’, Marocas trai o amante com um desconhecido que encontra na rua”(FARIA, 1991, p.7).  Eis aí a questão central do conto. Por que ela fez isso? Para explica-la no narrador busca inspiração em uma expressão do teatro de: Auguier: “a nostalgia da lama”  A nostalgia da Lama: sempre a arrastará para os velhos hábitos, de maneira inevitável.
  • 21.   O interlocutor insiste em caracterizar sua atitude com uma expressão que evoca um universo degradado e que traz um enorme carga sentenciosa, moralizante, e desprovida de qualquer psicologia. Talvez esteja aí o ponto alto do conto. Se aceitarmos a ideia de que o narrador pode ser uma máscara do escritor, Machado dá uma bela demonstração de como vê o ser humano se sem valer de estereótipos literários. Quer dizer: o intertexto teatral é introduzido para ser negado. Marocas, ao trair Andrade, não é mais uma arrependida, mas também não é um depravada. Nem anjo, nem demônio, como escritor romântico e realista burguês pintaram a prostituta, mas um ser humano singular, complexo, enigmático, como tantos outros heróis machadianos. (FARIAS, 1991, p. 7)
  • 22.   A partir de 1880 com a publicação de Memórias Póstumas, e, na vida particular, com a manifestação mais aguda da doença epilética que o incomodava e humilhava. Machado se coloca subitamente no ângulo de visão adequado à sua vocação do trágico, e promove com um gesto decidido a derrocada das aparências que lhe impediam o acesso às fontes da realidade. Não mais a ilusão, nem a fuga na produção idealizada [fase romântica]. O que ele vai agora contemplar é a essência da vida e do homem (SCHNEIDER). Tragédia
  • 23.   O principal tema machadiano é a vicissitude da motivação humana; de como e por que os indivíduos agem de maneira que agem. O casamento, a viuvez, a infidelidade; a política, a história nacional, o palco das relações familiares são, todos eles, meios de organizar decisões e escolhas. A ficção de Machado é uma indagação sobre o modo como tomamos nossas decisões quando confrontados com expectativas alheias que se opõem aos nossos desejos, formando um contraponto entre expectativa e frustração. (ALMEIDA, 2009. p.273)
  • 24.   Em singular ocorrência Machado cria a sensação de expectativa e frustração. Ele gera no leitor todo o drama de uma tragédia em torno da traição ou não traição de Marocas. Contudo, a tragédia do conto não ocorre nesse momento. Por que Andrade ao ter a noticia do desaparecimento de Marocas entre em desespero “não era só a dor de a perder, era o remorso, a dúvida, ao menos, da consciência, em presença de um possível desastre, que parecia justifica a moça” (ASSIS, 2003, p.159).
  • 25.   Andrade reconcilia com Marocas. Será então a partir desse momento que a tragédia real Machadiana se faz valer.  Marocas dá um filho ao Andrade, mas este morre com dois anos. E para fechar a solidão da personagem, Andrade morre pouco tempo depois em uma viajem a outra província.  Machado explora em seu conto os acontecimentos ao acaso, foi um acaso Leandro ser conhecido de Andrade, o acaso para Machado é “um Deus e um Diabo ao mesmo tempo” (ASSIS, 2003).
  • 26.   E pelo caráter enigmático da personagem principal, que parece, mas não é, ou que é mas não parece, e também pela falta de credibilidade, (pela posição de díspar que ocupam em relação a mulher na sociedade, o que os desqualifica como destinadores julgadores nas ações femininas, pela imprecisão de seus relatos e pela importância que dão pelo aquilo que não dizem) que a ironia vai se completar nesse ponto. A mulher
  • 27.   O enunciado fala algo, mas o narrador mira em outro alvo, possibilitando a seguinte leitura do texto:  O desequilíbrio entre o relacionamento entre homens e mulheres. O importante não é mais a traição em si, se ela ocorre ou não, mas a reação dos homens a isso. Pois quando parte deles é um “deslize”. E quando atinge diretamente a eles se torna impensável, inadmissível ao desejo feminino, esse “desvio” na leitura leva o leitor a aceitar de certa forma a duvida em relação a esse sistema de valores, pois ao esboçar o desejo das mulheres converte em desentendimento e indignação de uma sociedade hostil, em que apenas o homem, branco, possui pregorativas.
  • 28.   Machado de Assis é sem duvida o maior escritor brasileiro. Singular ocorrência e uma prova de sua capacidade de construir uma história. O conto possui apenas cinco páginas, porém, e constituído de um profundo conhecimento da realidade humana. Problemas sociais, psicológicos, e uma trama que envolve o leitor do suspense a decepção. Considerações finais
  • 29.  ALMEIDA, Rogério de. O trágico em Machado de Assis: Análise do conto Singular Ocorrência. Línguas e Letras, vol. 10, São Paulo, 2009.  PEREIRA, Camila Rathge Rangel. Singularidades Femininas: A representação da mulher em contos de Machado de Assis e de Eça de Queirós. TCC, Universidade de Brasília, Brasília, 2013.  NETO, Anselmo Pessoa. Singular ocorrência, de Machado de Assis: Uma interpretação. Signótica, vol.8, São Paulo, 1996.  CALLIPO, Daniela Mantarro. Marion e Marocas: a redenção da cortesã por amor em Vitor Hugo e Machado de Assis. Fragmentos, vol. 33, Florianópolis, 2007.  FARIA, João Roberto. Singular ocorrência teatral. Revista USP, vol. 161, São Paulo, 1991.  ASSIS, Machado. Seus trinta melhores contos. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2003.  SCHNEIDER, Claércio Ivan. O olhar trágico-histórico: espelhos da crônica de Machado de Assis. Disponível em: http://www.ufrgs.br/gthistoriaculturalrs/claercioschneider.html Site consultado no dia 19/10/2015.  BAEDER, Berenice. A duvida em Machado de Assis: uma gramática de possibilidades. Dissertação de mestrado. USP, São Paulo, 2009. Referencias