O documento discute os conceitos de intertextualidade e interdiscursividade a partir da obra de Bakhtin e de outros autores. Segundo Fiorin, interdiscursividade refere-se a qualquer relação dialógica entre enunciados, enquanto intertextualidade é um tipo particular onde há incorporação de materialidade textual de um texto em outro. Kristeva define intertextualidade como a noção de que todo texto é construído a partir de citações de outros textos.
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
CAMPUS AVANÇADO “PROF.ª MARIA ELISA DE ALBUQUERQUE MAIA” - CAMEAM
DEPARTAMENTO DE LETRAS – DL
Curso de Mestrado Acadêmico em Letras
Disciplina: Linguagem e Discurso Professora: Socorro Maia
INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE
José Luiz Fiorin
Mestranda: Francisca Francione Vieira de Brito
2. “Sob diversos nomes –
polifonia, dialogismo, heterogeneidade, intertextualidade –
cada um implicando algum viés específico, como se sabe, o
interdiscurso reina soberano há algum tempo”
(Possenti, 2003, p. 253)
Em Bakhtin não há uma especificidade sobre tais termos. No
conjunto da sua obra aparece apenas uma única vez o termo
intertextual. Essa é uma questão polêmica e bastante
complexa.
Segundo Fiorin, a questão é:
a) Investigar se o interdiscurso está presente na obra de
Bakhtin, ainda que com outro nome;
b) Tentar distinção entre interdiscursividade e
intertextualidade com base nos pressupostos bakhtinianos.
3. O APARECIMENTO DO TERMO INTERTEXTUALIDADE
Intertextualidade – primeira palavra bakhtiniana a ganhar
prestígio no Ocidente graças a Kristeva – antes mesmo que
termos como dialogismo tivessem notoriedade no campo da
pesquisa linguística e literária.
Para Kristeva(1967) o discurso literário “não é um ponto (um
sentido fixo), mas um cruzamento de superfícies textuais, um
diálogo de várias escrituras” (idem, p.439) Todo texto constrói-
se, assim, “como um mosaico de citações, todo texto é absorção e
transformação de um outro texto”(idem, p.440).
Ela trata de repensar a noção generalizada de intertextualidade
vista como procedimento real de constituição do texto
elaborando uma proposta teórica de uma ciência do texto.
4. Noção de texto por Kristeva:
Dizer que o texto é prática significante quer dizer que “a
significação se produz, não no nível de uma abstração (a
língua), tal como postulara Saussure, mas como uma
operação, um trabalho, em que se investem, ao mesmo tempo e
num só movimento, o debate do sujeito e do Outro e o contexto
social” (1994, p.1.681). “Todo texto é um intertexto; outros textos
estão presentes nele, em níveis variáveis, sob formas mais ou
menos reconhecíveis” (idem, p. 1.683).
O que é exatamente intertextualidade?
Qualquer referência ao Outro, tomado como posição discursiva:
paródias, alusões, estilizações, citações, ressonâncias, repetições,
reproduções de modelos, de situações narrativas, de
personagens, variantes linguísticas, lugares comuns, etc.
Segundo Fiorin, este conceito foi sendo utilizado de maneira
muito frouxa ao longo do tempo. (p. 165)
5. A QUESTÃO DO INTERDISCURSO EM BAKHTIN
A questão do Interdiscurso aparece, em Bakhtin, sob o nome de
dialogismo.
Para que possamos analisar mais detalhadamente esse conceito, é
necessário um distanciamento das seguintes concepções recorrentes da
obra de Bakhtin:
a) Dialogismo = diálogo como interação face a face;
b) Existência de dois tipos de dialogismo: entre interlocutores e entre
discursos.
Ambas parecem equivocadas uma vez que não se pode pensar em
dialogismo restrito à Análise da Conversação tampouco “fechado”
em duas formas (entre interlocutores e entre discurso). Na
verdade, o dialogismo ocorre entre discursos, e o interlocutor, por
sua vez, só existe enquanto discurso. (p. 166)
6. Mas o que é efetivamente dialogismo em Bakhtin?
É o modo de funcionamento real da linguagem; é uma forma de
composição do discurso, é um princípio constitutivo da
linguagem , enfim... é a relação entre os discursos. (p.167)
“Como não existe objeto que não seja cercado, envolto, embebido
em discurso, todo discurso dialoga com outros discursos, toda
palavra é cercada de outras palavras” (Bakhtin, 1992, p. 319)
As palavras e as orações são as unidades da língua, enquanto os
enunciados são as unidades reais de comunicação. As primeiras
são repetíveis, os segundos, irrepetíveis, são sempre
acontecimentos únicos. (p. 168)
7. Um enunciado, por sua vez, pressupõe existência de um autor
e de um destinatário. Ele não tem significação, mas um sentido
a partir de carga emotiva/expressiva, juízo de valor atribuído.
(p.169) “Todo enunciado possui uma dimensão dupla, pois
revela duas posições: a sua e a do outro.” (p.170) O enunciado
é, pois, dialógico.
As unidades da língua não pertencem e nem são dirigidas a
ninguém especificamente. Elas são neutras em si. De modo
que, sua significação está condicionada à relação que tem com
outras palavras da mesma língua ou de outra. (p.169)
*...+ “o dialogismo é tanto convergência, quanto divergência; é tanto
acordo, quanto desacordo; é tanto adesão, quanto recusa; é tanto
complemento, quanto embate” (Faraco, 2003, p. 66). Para o referido
autor, “o Círculo de Bakhtin entende as relações dialógicas como
espaços de tensão entre os enunciados”. (p. 170)
.
8. Fiorin, destaca, pois, duas formas de incorporação de distintas
vozes no enunciado:
a) O discurso do outro “abertamente citado e nitidamente
separado” (formas composicionais: discurso direto e o
discurso indireto), as aspas, a negação;
b) Quando o enunciado é internamente dialogizado. (formas
composicionais: a paródia, a estilização, a polêmica velada
ou clara, o discurso indireto livre. (p. 174)
O dialogismo vai muito além das formas externas e internas
(centrípetas / centrífugas) influenciadoras na composição do
enunciado. É ele mesmo quem rege o funcionamento do
próprio enunciado e sua constituição. Neste sentido, as
maneiras de incorporar o discurso do outro constitui-se o
próprio modo de funcionamento das unidades reais da
comunicação.
9. O dialogismo é um fenômeno social ou individual?
A teoria defendida por Bakhtin considera tanto o que é de ordem
individual como social na relação dialógica do enunciado. Para ele, há
inúmeros fenômenos que estão presentes na comunicação real, e por
isso mesmo não se trata de um vinculação estanque. (p.177)
O dialogismo incessante é “ a única forma de preservar a liberdade do
ser humano e do seu inacabamento; uma relação, portanto, em que o
outro nunca é reificado; em que os sujeitos não se fundem, mas cada
um preserva sua própria posição de extra-espacialidade e excesso de
visão e a compreensão daí advinha” ( Faraco, 2003, p. 73-74) A
singularidade do sujeito ocorre na “interação viva das vozes sociais”
e, por isso, ele é social e singular (idem, p. 83)
Em síntese: o enunciado mantém relação tanto com os discursos
precedentes como com aqueles que lhe sucedem na cadeia da
comunicação verbal. Este é o princípio básico do dialogismo. (p. 178)
10. INTERDISCURSIVIDADE E INTERTEXTUALIDADE
Os conceitos de texto, enunciado e discurso ora se
equivalem, ora se distinguem na visão bakhtiniana.
O texto, em Bakhtin, é uma unidade de manifestação: manifesta o
pensamento, a emoção, o sentido, o significado. (p. 179) O texto
enquanto entidade “não se vincula aos elementos reproduzíveis de um
sistema da língua (dos signos) e sim aos outros textos (irreproduzíveis)
numa relação específica, dialógica” (Bakhtin, 1992, p. 232)
Assim, enquanto “o enunciado é da ordem do sentido, o texto é
do domínio da manifestação. O sentido não pode construir-se
senão nas relações dialógicas. Sua manifestação é o texto e este
pode ser considerado como uma entidade em si.” (p. 180)
O enunciado é um todo de sentido marcado pelo acabamento, admite
réplica, é portanto de natureza dialógica.
11. INTERDISCURSIVIDADE ≠ INTERTEXTUALIDADE
O discurso deve ser entendido como uma abstração: uma posição
social considerada fora das relações dialógicas, vista como uma
identidade. O discurso é apenas a realidade aparente de que os
falantes concebem seu discurso autonomamente, dão a ele uma
identidade essencial. Entretanto, no seu funcionamento real, a
linguagem é dialógica. (p. 181)
as relações dialógicas entre enunciadores ≠ relações entre textos;
Qualquer relação dialógica é interdiscursiva na medida em que é
se configura uma relação de sentido;
Intertextualidade é quando a relação discursiva é materializada
em textos.
A intertextualidade pressupõe sempre uma interdiscursividade, mas o
contrário não sucede. Ex.: Quando a relação dialógica não se manifesta no
texto, temos interdiscursividade, mas não intertextualidade. (p. 181)
12. SINTETIZANDO: Interdiscursividade e
Intertextualidade em Bakhtin conforme Fiorin
Interdiscursividade – qualquer relação dialógica entre
enunciados;
Intertextualidade – tipo particular de interdiscursividade, onde
se encontram num texto duas materialidades textuais distintas.
Texto – manifestação do enunciado;
Enunciado – interdiscurso (se constitui nas relações dialógicas);
Discurso – é linguístico e histórico, de modo que no discurso do
outro se apreende a história que perpassa o discurso (relação
esta, inscrita na interioridade constitutiva do próprio discurso.
13. INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE
(Elisa Guimarães)
Interdiscursividade – concernente à enunciação, ou seja, ao
processo de produção discursiva;
Intertextualidade – relativa aos enunciados (textos que
resultam do processo da enunciação.
(Guimarães, 2009, p.133)
Tanto um fenômeno quanto o outro dizem respeito à presença de
duas vozes num mesmo segmento textual ou discursivo. Mas
apresentam também diferenças. Assim, define-se:
Intertextualidade – processo de incorporação de um texto em
outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja pra
transformá-lo.
Interdiscursividade – interação com um dado discurso, uma
memória discursiva, que constitui um contexto global que envolve
e condiciona a atividade linguística.
14. INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE
(Elisa Guimarães)
A interdiscursividade, à luz do pensamento de
Bakhtin, que empresta rigor a noções
intuitivas em geral, torna-se impossível a
apreensão do discurso sem a percepção das
relações dialógicas, ou seja, sem história.
(Guimarães, 2009, p.134)
Portanto “os discursos só significam na
interdiscursividade, como também os textos só
significam na intertextualidade”
(Guimarães, 2009, p.134)
15. INTERTEXTUALIDADE (Irandé Antunes, 2009)
Em sentido amplo: remonta à ideia de que a humanidade, no curso de
sua história, realiza um único e permanente discurso, que se vai
compondo, que se vai completando, articulando e refazendo, de maneira
que poderíamos vê-lo como uma grande linha, inteira e sem rupturas.
Dessa forma, todos os nossos discursos apenas continuam os discursos
anteriores [...] (p. 163)
Em sentido restrito: operação que se efetiva pela inserção explícita de
determinado texto em outro texto. Na verdade, essa inserção costuma
ser um fragmento (maior ou menor) de um texto em outro. (p. 164)
“Seja em sentido amplo ou
restrito, todo texto na sua
produção e na sua recepção, está
ligado ao conhecimento que os
interlocutores têm acerca de
outros textos previamente
postos em circulação.” (p. 164)
Meu poema
é um tumulto:
a fala
que nele fala
outras vozes arrasta em alarido.
(Ferreira Gullar, Muitas vozes)
16. INTERTEXTUALIDADE (Mônica Guimarães, 2012)
Intertextualidade – todo texto é realmente um mosaico de
citações de outros textos.
Surgimento no âmbito da crítica literária com Kristeva (1974)
– seguindo os pressupostos bakhtinianos do dialogismo –
onde qualquer enunciado é resposta a enunciados anteriores
e relaciona-se a outros vindouros. (p.146)
“É constitutiva, portanto, a relação que um texto estabelece
com outros. Em muitos textos, percebem-se indícios tangíveis
de uma relação com outros, desde evidências tipográficas, que
demarcam fronteiras bem específicas entre um dado texto e
algum outro que esteja sendo evocado, até pistas mais sutis que
conduzem o leitor à ligação intertextual por meio de
inferências.” (p. 146)
17. RELAÇÕES INTERTEXTUAIS
(Mônica Guimarães, 2012 e Leonardo Mozdzenski, 2009)
Piègay-Gros (1996) divide as relações intertextuais em dois tipos:
relações de co-presença entre dois ou mais textos: a CITAÇÃO (o
texto é inserido expressamente em outro); a REFERÊNCIA (similar
à citação, mas sem transcrição literal do texto-fonte); a ALUSÃO (o
texto-matriz é retomado de forma sutil, por indicações que o leitor
deve perceber); e o PLÁGIO (a citação não vem marcada).
relações de derivação de um ou mais textos a partir de um texto-
matriz: a PARÓDIA (a estrutura e o assunto do texto são retomados
em outras situações com efeitos de carnavalização e ludismo); o
TRAVESTIMENTO BURLESCO (reescritura de um estilo a partir de
uma obra cujo conteúdo é conservado); e o PASTICHE (imitação de
um estilo com utilização da mesma forma do texto imitado);
PARÁFRASE ( repetição de outro texto, com o objetivo de esclarecê-
lo, com a utilização de palavras próprias do autor do texto atual) .
18. RELAÇÕES INTERTEXTUAIS
(Leonardo Mozdzenski, 2009)
Classificação da intertextualidade a partir de análise concreta sobre as
relações entre os textos – “transtextualidade”, conforme Genette (1992 e
1997, citados por BAZERMAN, 2007).
intertextualidade (presença efetiva de um texto em outro, como na
citação explícita, alusão ou plágio);
paratextualidade (relação entre o texto em si e os paratextos que o
circundam, como títulos, prefácios, epígrafes, figuras, etc.);
metatextualidade (relação de comentário, crítica);
hipertextualidade (relação de derivação entre um certo texto [...] e outro
dele originado [...] paródia e pastiche);
e arquitextualidade (relação do texto com o gênero discursivo em que se
enquadra).
A intertextualidade pode ser explícita ou implícita (Koch, 2004)
Implícita: o produtor do texto não menciona a fonte do intertexto
introduzido, esperando que o seu leitor/ouvinte reconheça a sua presença através da
ativação do texto-fonte em sua memória discursiva;
Explícita: menciona-se no próprio texto a fonte do intertexto.
19. EXEMPLIFICAÇÕES DE RELAÇÕES
INTERTEXTUAIS
CITAÇÃO ALUSÃO
Fátima Renato Russo
Vocês esperam uma intervenção divina
Mas não sabem que o tempo agora esta contra vocês
Vocês se perdem no meio de tanto medo
De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender
E vocês armam seus esquemas ilusórios
Continuam só fingindo que o mundo ninguém fez
Mas acontece que tudo tem começo
E se começa, um dia acaba
Eu tenho pena de vocês
E as ameaças de ataque nuclear
Bombas de nêutrons não foi Deus quem fez
Alguém um dia vai se vingar
Vocês são vermes, pensam que são reis
Não quero ser como vocês
Eu não preciso mais
Eu já sei o que eu tenho que saber
E agora tanto faz
Três crianças sem dinheiro e sem moral
Não ouviram a voz suave que era uma lágrima
E se esqueceram de avisar pra todo mundo
Ela talvez tivesse um nome e era Fátima
E de repente o vinho virou água
E a ferida não cicatrizou
E o limpo se sujou e no terceiro dia
Ninguém ressuscitou
20. EXEMPLIFICAÇÕES DE RELAÇÕES
INTERTEXTUAIS (Referência)
Ai que saudades da Amélia
(Ataulfo Alves e Mario Lago)
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Sou sua ( (Péricles Cavalcanti)
Sou sua luz
Sou sua cruz
Sou sua flor
Sou sua jura
Sou sua cura
Pro mal do amor
Sou sua meia
Sou sua sereia
Cheia de sol
Sou sua lua
Sua carne crua
Sobre o lençol
Sou sua Amélia
Sou sua Ofélia Personagem de Hamlet
Sou sua foz
Sou sua fonte
Sou sua ponte
pro além de nós [...]
23. Um Novo José
Calma, José.
A festa não começou,
a luz não acendeu,
a noite não esquentou,
o Malan não amoleceu,
mas se voltar a pergunta:
e agora José? Diga: ora
Drummond,
agora Candessus.
(...)
o Malan tem miopia,
mas nem tudo acabou,
nem tudo fugiu,
nem tudo mofou.
Se voltar a pergunta:
E agora José?
Diga: ora, Drummond,
Agora FMI.
SOUZA, J. Um Novo José. Cit In:
Dionísio, A P. (org.) Gêneros
Textuais & Ensino. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2007.
CHAPEUZINHO AMARELO – Chico
Buarque de Holanda.
Era a chapeuzinho amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela
chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa não aparecia.
Não subia escada,
Nem descia.
Não estava resfriada,
mas tossia.
Ouvia conto de fada e estremecia.
Não brincava mais de nada,
nem amarelinha.
Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela,era cobra.
E nunca apanhava sol,
porque tinha medo de sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada,
deitada , mas sem dormir,
com medo de pesadelo.
Era a chapeuzinho amarelo.
.
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?
Trecho do poema E agora,
José?, de Carlos
Drummond de Andrade
24.
25.
26. Bom Conselho
Chico Buarque
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor
não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem
espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de
pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai
longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a
tempestade
27. CONCLUINDO SOBRE INTERTEXTUALIDADE
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
intertextualidade (pode aparecer no texto escrito ou
falado, na música, na pintura, em filme, imagens
propagandística, novela etc.)
“não importa qual o tipo de remissão - se ao léxico, se a
estruturas fonológicas, a estruturas sintáticas, ao
gênero, ao estilo, ao tom -, haverá intertextualidade
sempre que, intencionalmente, o enunciador estabelecer
um diálogo entre o texto que está produzindo e
outro(s), supondo que o co-enunciador conseguirá
reconhecer a interseção entre eles, ou seja, que será
capaz de identificar o intertexto” (Cavalcante ,2007, p.1) -
online
28. REFERÊNCIAS
FIORIN, José Luiz. Interdiscursividade e intertextualidade. In:
BRAIT, Beth (Org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo:
Editora Contexto, 2006
GUIMARÃES, Elisa. Texto, discurso e ensino. São
Paulo: Contexto, 2009
MAGALHÃES, M. C. Os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto. Ed:
1. 2012
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. 2.
ed. São Paulo, SP: Parábola. Editorial, 2009.
MOZDZENSKI, Leonardo. A intertextualidade no videoclipe: Uma
abordagem discursiva e imagético-Cognitiva. Contemporanea, vol.
7, nº 2. Dez.2009
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1518-
76322012000100013&script=sci_arttext acesso em 12.08.12