O documento descreve o depoimento de uma jornalista brasileira, Elemar de Souza Cruz, sobre suas interações com a Princesa Diana. Elemar conheceu Diana através de uma instituição de caridade e teve vários encontros privados com ela, incluindo um almoço no Palácio de Kensington. Diana demonstrou ser humilde e apaixonada por crianças. Elemar compartilha suas lembranças afetuosas da Princesa.
Encontro íntimo com Diana revela personalidade tímida e inquieta da princesa
1. Internacional
3
DIARIO
ON
LINE
(www.dgabc.com.br)
Brasileira
revela
intimidade
de
Diana
A.jornalista
Elemar
de
Souza
Cruz,
que
mora
em
Londres,
escreve
depoimento
exclusivo
ao
Diário
OnLine
sobre
os
momentos
que
passou
ao
lado
da
princesa,
como
em
um
almoço
privado
no
Palácio
de
Kensington
Do
Diário
OnLine
A
jornalista
brasileira
Elemar
de
Souza
Cruz
Pearce,
que
trabalhou
no
Diário
no
final
dos
anos
80
e
entre
1990
e
1992,
e
que
mora
atualmente
em
Londres,
escreve
um
depoimento
exclusivo
e
emocionado
ao
Diário
OnLine
sobre
sua
convivência
com
a
princesa
Diana.
Envolvida
em
uma
instituição
de
caridade
apoiada
por
Lady
Di,
Elemar
teve
várias
conversas
com
a
princesa
e
desfrutou
de
sua
intimidade.
Nestes
contatos,
descobriu
uma
mulher
humilde,
com
enorme
coração,
apaixonada
pelas
crianças.
"Nas
minhas
lembranças
ficam
as
memórias
de
uma
tímida
mas
inquieta
personalidade,
sempre
disposta
a
se
lançar
à
frente
dos
mais
distintos
projetos,
transformando
a
visão
do
mundo",
testemunha.
Elemar
teve
um
almoço
privado
com
a
princesa
no
Palácio
de
Kensington,
no
qual
a
princesa
"abordou
assuntos
delicados".
No
almoço,
a
jornalista
brasileira
conheceu
o
príncipe
William,
15
anos,
herdeiro
do
trono.
"Ele
contou
de
suas
aspirações
em
ingressar
e
seguir
carreira
nas
forças
armadas
reais
britânicas.
Brincando,
ele
me
contou
que,
quando
criança,
seu
sonho
era
se
tornar
policial
de
rua".
A
seguir,
o
depoimento
de
Elemar:
Elemar
de
Souza
Cruz
Especial
para
o
Diário
do
Grande
ABC
LONDRES
O
que
dizer
de
um
ser
humano
tão
especial
quanto
a
princesa
Diana?
Para
aqueles
que,
como
eu,
tiveram
a
oportunidade
de
conhecê-‐la
pessoalmente,
o
sentimento
de
perda
é
imenso.
As
imagens
imortalizadas
por
câmeras
do
mundo
inteiro
mostram
o
carinho
e
afeição
de
Diana
para
com
os
doentes
e
menos
afortunados.
Mas
há
muito
mais
por
traz
desta
alta,
bonita
e
sempre
elegante
princesa
que
conquistou
o
coração
de
súditos
ao
redor
do
globo.
Nas
minhas
lembranças
ficam
as
memórias
de
uma
tímida
mas
inquieta
personalidade,
sempre
disposta
a
se
lançar
à
frente
dos
mais
distintos
projetos,
transformando
a
visão
do
mundo.
Ela
era
o
exemplo
da
moderna
monarquia
que,
ironicamente,
a
baniu
do
palácio
real.
Pessoalmente,
ela
procurava
não
falar
sobre
seu
relacionamento
com
os
familiares
reais.
Mas,
talvez
em
conseqüência
dos
tristes
anos
em
que
sofreu
sozinha
entre
as
paredes
do
palácio,
ela
adquiriu
um
jeito
especial
de
mudar
de
assunto,
sem
perder
a
oportunidade
de
fazer
um
comentário
irônico,
como
se
não
fizesse
parte
do
mesmo
grupo.
Eu
me
lembro
bem
de
nosso
primeiro
encontro,
no
hospital
Harefield,
(em
Harefield,
Middlesex),
em
março
deste
ano.
Há
alguns
meses
tinha
me
envolvido
com
a
instituição
de
caridade
Chain
of
Hope,
cuja
sede
fica
no
bairro
de
Ealing,
em
Londres,
onde
moro,
Trata-‐se
de
uma
instituição
que
traz
crianças
de
países
subdesenvolvidos
para
receberem
tratamento
especial
na
Inglaterra.
Meu
papel
era
tomar
conta
de
uma
menina
de
1
O
anos,
Zulfa
Sitoe,
vinda
de
Moçambique
para
fazer
uma
cirurgia
no
coração.
Em
visita
ao
hospital
para
testes
pré-‐operatórios,
fui
informada
de
que
a
princesa
Diana
gostaria
de
falar
comigo
e
conhecer
pessoalmente
Zulfa.
Foi
um
encontro
casual
e
minha
2. primeira
impressão
foi
a
de
que
a
conhecia
há
muitos
anos.
Ela
me
perguntou
de
onde
eu
era,
e
quando
disse
Brasil,
ela
ficou
encantada.
Ao
contrário
de
outros
membros
da
realeza,
que
impõe
rim
clima
de
formalidade,
Diana
conversava
num
tom
de
amizade,
deixando
todos
muito
a
vontade.
Lembro-‐me
de
que
ela
havia
acabado
de
assistir
a
uma
operação,
e
tomávamos
café
em
copos
de
isopor.
Fiz
um
comentário
sobre
o
copo
e
ela
quase
derramou
o
café
sobre
suas
pernas.
Demos
muita
risada.
Sobre
sua
visita
ao
Brasil,
quando
ainda
era
casada
com
o
príncipe
Charles,
ela
disse
que
adorou
o
povo
mas
não
gostou
de
Brasília
porque
era
"muito
cinzenta".
Muito
pensativa,
acrescentou:
"Por
que
será
que
quanto
mais
o
povo
de
um
país
é
sofrido,
parece
que
as
pessoas
são
mais
amorosas
e
bondosas"".
Ao
sairmos
da
ante-‐sala
de
operações,
notei
que
uma
senhora
portuguesa,
cujo
filho
havia
sido
operado
naqueles
dias,
esperava
há
duas
horas,
no
corredor
do
hospital,
por
uma
oportunidade
de
ver
a
princesa.
Como
ela
não
falava
inglês,
pediu
minha
ajuda.
Eram
cerca
de
21h30,
e,
mesmo
assim,
apesar
do
longo
dia
que
tivera,
Diana,
sem
exitar,
abriu
um
largo
sorriso
quando
lhe
perguntei
da
possibilidade
de
ir
conversar
com
a
tal
mulher
ela
disse:
"É
um
prazer".
Por
algum
tempo
ela
consolou
o
paciente
e
a
família,
dispôs-‐se
a
tirar
fotos
de
recordação
sem
o
menor
problema.
E
era
esse
lado
da
princesa
cuja
história
começou
como
um
conto
de
fadas
que
muita
gente
viu
e
admirou.
As
visitas
aos
hospitais
eram
privadas.
Não
havia
publicidade
envolvida
ou
necessidade
de
auto
promoção.
Os
gestos
de
Diana
eram
espontâneos
e
valiosos,
uma
jóia
que
este
século
cultivou
e
esperava
brilhar
por
muito
tempo.
Mas,
tragicamente,
sua
vida
acabou
subitamente.
Após
nosso
primeiro
encontro,
uma
amiga
em
comum
disse
que
Diana
havia
perguntado
de
mim.
Acredito
que,
ao
longo
dos
anos
difíceis,
ela
desenvolveu
uma
capacidade
enorme
de
analisar
as
pessoas
em
pouco
tempo
de
contato.
Uma
das
coisas
que
ela
mais
admirava
era
a
honestidade
das
pessoas,
e,
pessoalmente,
disse-‐me:
"Você
é
um
livro
aberto,
gosto
disso".
Entre
outras
memórias,
guardo
a
imagem
de
um
constante
sorriso
e
um
senso
de
humor
afiado,
típico
inglês.
Mas,
no
olhar,
Diana
escondia
um
profundo
sinal
de
tristeza,
marca
das
dificuldades
que
enfrentou
com
os
problemas
em
seu
casamento,
a
depressão
após
o
nascimento
do
segundo
filho,
que
culminou
com
bulimia.
É
difícil
imaginar
uma
pessoa
como
ela
confessar
que,
por
algum
tempo,
sofreu
da
doença
mais
comum
do
século
XX,
a
falta
de
amor
próprio.
Em
uma
de
suas
visitas
à
unidade
pediátrica
do
hospital
Harefield,
ela
embalava
um
bebê
recém-‐nascido
que
tinha
sofrido
uma
cirurgia
cardíaca.
Brinquei
com
ela,
dizendo
que
estava
com
vontade
de
se
mãe
de
novo,
já
que
seus
filhos
estavam
crescidos.
Ela
riu
e
disse
que
não
se
via
na
posição
de
começar
de
novo,
porque
foi
mãe
muito
cedo
e
ainda
tinha
muito
que
dar
pai-‐a
seus
filhos
em
termos
de
formação,
especialmente
William,
o
herdeiro
do
trono.
Este
era
um
de
seus
grandes
objetivos
na
vida.
Por
isso,
sofria
com
as
matérias
mentirosas
publicadas
nos
jornais
ingleses,
com
constante
interferência
em
sua
vida
pessoal.
Tive
a
oportunidade
de
ver
príncipe
William
apenas
uma
vez,
quando
Diana
me
convidou
para
um
almoço
privado
em
sua
casa,
em
Palácio
de
Kensington.
Acredito
que
a
positiva
influência
materna
ficará
nele
para
sempre.
O
jovem
príncipe
parece
ter
herdado
não
só
os
atributos
físicos
da
mãe,
mas
também
a
habilidade
de
tocar
as
pessoas
de
forma
especial.
3. Muito
gentil
e
educado,
embora
transparecendo
a
inquietude
natural
de
um
adolescente,
William
contou
de
suas
aspirações
em
ingressar
e
seguir
carreira
nas
forças
armadas
reais
britânicas.
Brincando,
ele
me
contou
que,
quando
criança,
seu
sonho
era
se
tornal
policial
de
rua.
Fiquei
pensando...
"Você
nasceu
para
ser
rei.
Como
pode
pensar
em
ter
uma
outra
profissão?”
No
almoço
descontraído
que
tivemos
no
palácio,
ele
falou
que
havia
inventado
histórias
para
o
filho
mais
novo,
Harry,
convencendo-‐o
de
que
este
teria
sido
adotado.
Diana,
sem
reprimi-‐
lo,
achou
impossível
que
ele
tivesse
acreditado
em
tal
absurdo,
sendo
que
o
mundo
inteiro
tinha
prova
de
sua
gravidez
e
nascimento
dos
dois
filhos.
Sempre
com
muito
cuidado,
ela
abordou
assuntos
delicados,
como
o
interesse
do
filho
pela
caça
de
animais,
especialmente
da
raposa,
urna
tradição
inglesa.
Claramente
contrária
à
prática
de
tal
esporte,
Diana
respeitava
o
fato
de
que,
como
o
papa
(forma
carinhosa
dos
filhos
se
referirem
ao
pai,
o
príncipe
Charles),
William
acredita
que
a
caça
é
um
meio
de
exterminar
os
animais
que
causam
prejuízo
ou
trazem
doenças
às
fazendas,
Após
o
almoço,
ela
me
contou
que
Charles
havia
abandonado
a
prática
por
alguns
anos
e
seu
pai,
o
duque
de
Windsor,
fez
tamanha
pressão
que
ele
teve
que
voltar
às
caçadas.
Por
isso,
ela
acreditava
que
William
dificilmente
mudaria
sua
opinião,
mas
continuaria
conversando
com
ele
sobre
o
assunto.
O
carinho
de
Diana
para
com
as
crianças
era
incomparável.
Ela
sempre
se
dispunha
a
dar
prioridade
de
sua
atenção
a
uma
criança
presente,
como
fez
ao
conhecer
minha
filha
Rebecca.
Naquele
dia,
especialmente,
havia
sido
publicada
matéria
em
um
jornal
sobre
sua
visita
a
uma
clínica
de
pessoas
com
bulimia.
Uma
das
pacientes
com
quem
Diana
conversou
acabou
vendendo
sua
história
para
o
tal
tablóides,
o
que
a
deixou
muito
decepcionada.
Rebecca,
muito
inquisitiva,
perguntou
o
que
estava
acontecendo.
Sem
pudores
ou
receios,
ela
sentou
no
chão
de
sua
sala
e
explicou
para
minha
filha
sobre
a
tal
doença
que
tivera
e
sobre
a
falta
de
escrúpulos
de
certas
pessoas
em
revelar
confissões
que
ela
teria
feito
apenas
para
confortar
sofredores
do
mesmo
problema
Apesar
da
vida
tumultuada
que
viveu,
Diana
enxergava
as
coisas
de
forma
forma
clara
e
simples.
Não
fazia
rodeios
e
falava
o
que
pensava.
Não
que
ela
não
ponderasse
o
que
ia
dizer,
mas
não
temia
as
conseqüências
de
seus
atos
ou
palavras
verdadeiras.
Talvez
essa
qualidade
não
fosse
tão
admirada
pela
formalidade
da
realeza.
Lembro-‐me
que,
inocentemente,
a
garota
africana
que
hospedei
e
cuidei
perguntou
a
ela
porque
este
país
ainda
tinha
uma
rainha.
Quase
sussurrando,
ela
astutamente
respondeu:
"Eu
também
não
sei
o
porquê".
Acredito
que
jamais
esquecerei
dos
momentos
que
convivemos,
embora
não
tenham
sido
tantos.
É
quase
impossível
recordar
de
cada
gesto
ou
palavra.
Minha
lembrança
de
ocasiões,
como
quando
ela
tocou
piano
para
mim,
minha
filha
e
uma
amiga,
em
sua
casa,
no
Palácio
de
Kensington.
Ou
quando
ela
nos
levou
ao
seu
quarto
e
deu
um
dos
bichos
de
pelúcia
de
sua
coleção
para
Rebecca,
uma
coruja
que
será
guardada
para
sempre
como
um
tesouro.
Mas,
acima
de
tudo,
guardarei
a
imagem
de
um
maravilhosos
ser
humano,
capaz
de
fazer
cada
indivíduo
se
sentir
especial,
independentemente
de
sua
posição
social,
nacionalidade,
cor
da
pele
ou
religião.
Ironicamente,
ao
mesmo
tempo
em
que
Diana
deixa
uma
legado
incomparável
pelas
sementes
plantadas
através
de
seu
trabalho,
ela
deixa
um
vazio
no
peito
de
milhões
de
súditos,
que
dificilmente
encontrarão
uma
substituta
para
a
sua
Queen
of
Hearts
(Rainha
dos
Corações).