Trecho de texto de Karl marx sobre a relação do homem com o dinheiro

1. O que existe para mim através da influência do dinheiro, o que eu posso pegar, o que o dinheiro pode comprar, é algo que eu dono do dinheiro, então me torno.

2. Minha força é tão grande quanto a força do dinheiro, as qualidades do dinheiro são minhas qualidades e minha força porque eu possuo dinheiro.

3. O que eu posso fazer e o que eu sou não é, de modo algum minha individualidade quem predetermina.

4. Eu sou feio, mas posso comprar a mais bela das mulheres. Cesso, portanto, de ser feio, já que o efeito da feiúra, sua força repulsiva, é destruída pelo dinheiro.

5. Fisicamente, sou um manco, mas o dinheiro pode comprar-me uma dúzia de pés. Cesso assim, de ser manco.

6. Sou um homem perverso e desonesto, sem espírito nem consciência, mas uma vez que se respeita o dinheiro, a pessoa que o possui também goza de respeito

7. O dinheiro é o bem soberano, portanto, a pessoa que o possui também é boa.

8. Mais: o dinheiro me libera da necessidade de ser honesto, uma vez que sou naturalmente tido como honesto se eu o tenho.

9. Não sou dotado de espírito, mas, sendo o dinheiro o espírito vital de tudo, quem o possui é provido de espírito – e em quantidade.

10. Mais: os homens ricos podem comprar homens de espírito – certamente quem pode comprar homens de espírito possui mais espírito do que eles.

11. Uma vez que posso fazer tudo o que o coração de um homem mostra-se capaz de desejar, possuo, sem dúvida, todas faculdades humanas .

12. Pois não muda o dinheiro todas as fraquezas e inabilidades em seus opostos?

13. Trecho escrito por Karl Marx, reproduzido em O teatro de Nelson Rodrigues – uma realidade em agonia.