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FERNANDO



 PESSOA
FERNANDO
 PESSOAS
Biografia
Contexto
Histórico
Heterônimos
ALBERTO
 CAEIRO
A
L
B
E
R
T
O
    CAEIRO
“Mestre dos Mestres”


- Nasceuem Lisboa,
em 1889;

- Morreu em 1915,
tuberculoso.
- Linguagem simples;

- Inimigo do misticismo.
Busca a natureza
Pastorismo de           Pastorismo
  Alberto Caeiro            Árcade

- Pastoreia idéias,   - Fuga para um
sensações;            eldorado, situada
- Recusa a evasão,    numa utopia;
a fuga;               -Fuga da realidade.
- Seu bucolismo é
introspectivo.
Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

«Constituição íntima das cousas»...
«Sentido íntimo do Universo»...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados
                                     [das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si
próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e
montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora
Rascunho do Poema “O Guardador de Rebanhos”
RICARDO
  REIS
R
I
C
A
R
D
O
    REIS
“Poeta à beira-rio”


- Nasceu no Porto, em 1887;
- Formou-se em Medicina;
- Defendia a Monarquia por não
concordar com a República;
- Auto-exilou-se no Brasil.
- Estudioso da cultura clássica;
- Força Humanística de ver o mundo;
- Universo de odes;
- O rio é a metáfora chefe de sua
poesia;
- Neoclássico;
- Carpe diem horaciano;
- É o avesso do mundo de Caeiro.
Ode VI

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quise'ssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranqüilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
ÁLVARO
  DE
CAMPOS
Á
L
V
A
R
O


    DE   CAMPOS
“Poeta à beira-mar”


- Nasceu em Tavira, em 1890;
- Engenheiro naval formado na Escócia;
-Viveu na inatividade, por jamais se
sujeitar a ficar confinado num
escritório, batendo ponto.
- Poeta futurista;
- Homem do século XX, das fábricas,
energia elétrica, das máquinas,
velocidade;
- É um inadaptado às condutas sociais;
- A cidade corresponde para Álvaro de
Campos o que a natureza significa para
Alberto Caeiro;

- Emoção e lucidez.



 “pus em Álvaro de Campos toda a emoção”
                              Fernando Pessoa
Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar
banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das
etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas
ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma
                                             [vez foi vil?
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Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
TEMÁTICA
- Um dos casos mais complexos da
literatura mundial;
- Insólita personalidade e obra
desconcertante;
- Absorveu o passado lírico português e
repercutiu as grandes inquietações
presentes no início do século XX;
- Vinte e sete mil e quinhentos e
quarenta e três textos;
Viagem de Pessoa:
    Simbolismo
    Saudosismo
     Paulismo
 Interseccionismo
 Sensacionalismo
     Cubismo
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Projeto Filosófico: Cosmovisão
- Tenta reconstruir o mundo a partir de um nada,
sem nenhum pré-conceito;
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para aprender a sentir com eles, ser um eu-
cidade, eu-humanidade.
Projeto Filosófico: Cosmovisão

- Para isso se despersonificava, desintegrava seu
ego;
- Se habilita ver o um mundo como os outros
vêem;
- Heterônimos: ”sujeitos” por quais é possível
conhecer a complexidade do real.
Heterônimos

- Máscaras para FP ocultar-se dentro delas para
melhor se revelar;
- Esconder para revelar e revelar para despistar;
- Poesia ortônima é heterônima também?
- Fernando Pessoa ortônimo seria mais um
fingimento?
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           Fernando Pessoa?
- Álvaro de Campos reflete toda a
complexidade que Fernando Pessoa apresenta;
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heterônimos:
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       Mar e nostalgia - Fernando Pessoa
- É moderno, contemporâneo, vive no mundo
que Fernando Pessoa viveu e das suas propostas
estéticas.
Alberto Caeiro; Mestre de poesia?
- Meramente poeta, volta-se para a natureza;
- O poeta autêntico assim procede desde tempos
imemoriais;
- Sua poesia resvala na prosa;
- Para ser mestre da poesia era preciso que ele
não fosse poeta;
- Mestre da poesia porque seus textos
enfrentavam o perigo de não ser poesia;
- É mestre por fingir-se natural; sua poesia não
é natural, deseja-se que ela seja.
Alberto Caeiro; Mestre de poesia?
- Finge-se natural para não ser um modelo de
poeta, mas mestre que aponta a direção;
- Rejeitava-se com poeta:
        “Eu nem sequer sou poeta: vejo”
- Condenado à prisão da linguagem, poeta
procura em vão alcançar a irredutível essência
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 Pessoa:
Mestre de
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Produzido por
 Fábio Rodrigues Lemes

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Fernando Pessoa - O Poeta Enigma

  • 5.
  • 8. A L B E R T O CAEIRO
  • 9. “Mestre dos Mestres” - Nasceuem Lisboa, em 1889; - Morreu em 1915, tuberculoso.
  • 10. - Linguagem simples; - Inimigo do misticismo.
  • 12. Pastorismo de Pastorismo Alberto Caeiro Árcade - Pastoreia idéias, - Fuga para um sensações; eldorado, situada - Recusa a evasão, numa utopia; a fuga; -Fuga da realidade. - Seu bucolismo é introspectivo.
  • 13. Há metafísica bastante em não pensar em nada. O que penso eu do mundo? Sei lá o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso. Que idéia tenho eu das cousas? Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criação do Mundo? Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos E não pensar. É correr as cortinas Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
  • 14. O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério. Quem está ao sol e fecha os olhos, Começa a não saber o que é o sol E a pensar muitas cousas cheias de calor. Mas abre os olhos e vê o sol, E já não pode pensar em nada, Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos De todos os filósofos e de todos os poetas. A luz do sol não sabe o que faz E por isso não erra e é comum e boa.
  • 15. Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores? A de serem verdes e copadas e de terem ramos E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar, A nós, que não sabemos dar por elas. Mas que melhor metafísica que a delas, Que é a de não saber para que vivem Nem saber que o não sabem? «Constituição íntima das cousas»... «Sentido íntimo do Universo»... Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. É incrível que se possa pensar em cousas dessas. É como pensar em razões e fins Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados [das árvores Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
  • 16. Pensar no sentido íntimo das cousas É acrescentado, como pensar na saúde Ou levar um copo à água das fontes. O único sentido íntimo das cousas É elas não terem sentido íntimo nenhum. Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou! (Isto é talvez ridículo aos ouvidos De quem, por não saber o que é olhar para as cousas, Não compreende quem fala delas Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
  • 17. Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos. Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol.
  • 18. E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?), Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e vê, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora
  • 19. Rascunho do Poema “O Guardador de Rebanhos”
  • 22. “Poeta à beira-rio” - Nasceu no Porto, em 1887; - Formou-se em Medicina; - Defendia a Monarquia por não concordar com a República; - Auto-exilou-se no Brasil.
  • 23. - Estudioso da cultura clássica; - Força Humanística de ver o mundo; - Universo de odes; - O rio é a metáfora chefe de sua poesia; - Neoclássico; - Carpe diem horaciano; - É o avesso do mundo de Caeiro.
  • 24. Ode VI Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses.
  • 25. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassosegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar.
  • 26. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos, Se quise'ssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassosegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar.
  • 27. Amemo-nos tranqüilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento - Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência.
  • 28. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço.
  • 30. Á L V A R O DE CAMPOS
  • 31. “Poeta à beira-mar” - Nasceu em Tavira, em 1890; - Engenheiro naval formado na Escócia; -Viveu na inatividade, por jamais se sujeitar a ficar confinado num escritório, batendo ponto.
  • 32. - Poeta futurista; - Homem do século XX, das fábricas, energia elétrica, das máquinas, velocidade; - É um inadaptado às condutas sociais;
  • 33. - A cidade corresponde para Álvaro de Campos o que a natureza significa para Alberto Caeiro; - Emoção e lucidez. “pus em Álvaro de Campos toda a emoção” Fernando Pessoa
  • 34. Poema em Linha Reta Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
  • 35. Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
  • 36. Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma [vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos, Arre, estou farto de semi-deuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
  • 38. - Um dos casos mais complexos da literatura mundial; - Insólita personalidade e obra desconcertante; - Absorveu o passado lírico português e repercutiu as grandes inquietações presentes no início do século XX; - Vinte e sete mil e quinhentos e quarenta e três textos;
  • 39. Viagem de Pessoa: Simbolismo Saudosismo Paulismo Interseccionismo Sensacionalismo Cubismo Futurismo
  • 40. Projeto Filosófico: Cosmovisão - Tenta reconstruir o mundo a partir de um nada, sem nenhum pré-conceito; - Multiplica-se em quantas caricaturas que compuserem ou compõem a humanidade; - Soma-se a visão e verdade de cada uma delas; - Antepassados, contemporâneos e vindouros para aprender a sentir com eles, ser um eu- cidade, eu-humanidade.
  • 41. Projeto Filosófico: Cosmovisão - Para isso se despersonificava, desintegrava seu ego; - Se habilita ver o um mundo como os outros vêem; - Heterônimos: ”sujeitos” por quais é possível conhecer a complexidade do real.
  • 42. Heterônimos - Máscaras para FP ocultar-se dentro delas para melhor se revelar; - Esconder para revelar e revelar para despistar; - Poesia ortônima é heterônima também? - Fernando Pessoa ortônimo seria mais um fingimento?
  • 43. Álvaro de Campos: O verdadeiro Fernando Pessoa? - Álvaro de Campos reflete toda a complexidade que Fernando Pessoa apresenta; - Contém traços e influências dos demais heterônimos: Odes e carpe diem - Ricardo Reis Mar e nostalgia - Fernando Pessoa - É moderno, contemporâneo, vive no mundo que Fernando Pessoa viveu e das suas propostas estéticas.
  • 44. Alberto Caeiro; Mestre de poesia? - Meramente poeta, volta-se para a natureza; - O poeta autêntico assim procede desde tempos imemoriais; - Sua poesia resvala na prosa; - Para ser mestre da poesia era preciso que ele não fosse poeta; - Mestre da poesia porque seus textos enfrentavam o perigo de não ser poesia; - É mestre por fingir-se natural; sua poesia não é natural, deseja-se que ela seja.
  • 45. Alberto Caeiro; Mestre de poesia? - Finge-se natural para não ser um modelo de poeta, mas mestre que aponta a direção; - Rejeitava-se com poeta: “Eu nem sequer sou poeta: vejo” - Condenado à prisão da linguagem, poeta procura em vão alcançar a irredutível essência das coisas.
  • 47. Produzido por Fábio Rodrigues Lemes Contato: fabiokafka@yahoo.com.br