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Legiãourbana

Todas as letras de todos os discos




                                 Folha 1
Álbum 1: LEGIÃO URBANA
                          Período de Gravação: Outubro a Dezembro de 1984

                          Data de lançamento: 1 de Janeiro de 1985

                          Produzido por: Mayrton Bahia

Músicas:

1. Será
2. Dança
3. Petróleo do Futuro
4. Ainda É Cedo
5. Perdidos no Espaço
6. Geração Coca-Cola
7. Reggae
8. Baader-Meinhof Blues
9. Soldados
10.Teorema
11.Por Enquanto

SERÁ
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá




                                                                            Folha 2
Tire suas mãos de mim                          Serão noites inteiras
Eu não pertenço a você                         Talvez por medo da escuridão
Não é me dominado assim
Que você vai me entender                       Ficaremos acordados
                                               Imaginando alguma solução
Eu posso estar sozinho                         Prá que esse nosso egoísmo
Mas eu sei muito bem aonde estou               Não destrua nosso coração.
Você pode até duvidar
Acho que isso não é amor.                      [refrão]

[refrão]                                       Brigar prá quê
                                               Se é sem querer
Será isso imaginação?                          Quem é que vai
Será que nada vai acontecer?                   Nos proteger?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?               Ser que vamos ter
                                               Que responder
Nos perderemos entre monstros                  Pelos erros a mais
Da nossa própria criação                       Eu e você?

A DANÇA
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Não sei o que é direito                        E as suas teorias
Isso vejo preconceito                          E a sua rebeldia
E a sua roupa nova                             E a sua solidão
É só uma roupa nova
                                               Vive com seus excessos
Você não tem idéias                            Mas não tem mais dinheiro
Prá acompanhar a moda                          Prá comprar outra fuga
Tratando as meninas                            Sair de casa então
Como se fossem lixo
                                               Então é outra festa
Ou então espécie rara                          É outra sexta-feira
Só a você pertence                             Que se dane o futuro
Ou então espécie rara                          Você tem a vida inteira
Que você não respeita
                                               Você é tão esperto
Ou então espécie rara                          Você está tão certo
Que é isso um objeto                           Mas você nunca dançou
Prá usar e jogar fora                          Com ódio de verdade.
Depois de ter prazer.
                                               Você é tão esperto
Você é tão moderno                             Você está tão certo
Se acha tão moderno                            Que você nunca vai errar
Mas é igual a seus pais                        Mas a vida deixa marcas
É só questão de idade                          Tenha cuidado
Passando dessa fase                            Se um dia você dançar.
Tanto fez e tanto faz.
                                               [solo]
Você com as suas drogas



                                                                              Folha 3
Nós somos tão modernos                          Você é tão esperto
Só não somos sinceros                           Você está tão certo
Nos escondemos mais e mais                      Que você nunca vai errar
É só questão de idade                           Mas a vida deixa marcas
Passando dessa fase                             Tenha cuidado
Tanto fez e tanto faz                           Se um dia você dançar.


PETRÓLEO DO FUTURO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo

Ah, se eu soubesse lhe dizer o que eu sonhei    Mas você também não sabe
ontem a noite                                   E o que é que eu tenho a ver com isso?
Você ia querer me dizer tudo sobre o seu
sonho também.                                   Sou brasileiro errado
E o que é que eu tenho a ver com isso?          Vivendo em separado
                                                Contando os vencidos
Ah, se eu soubesse lhe dizer o que eu vi        De todos os lados.
ontem a noite
Você ia querer ver mas não ia acreditar.        [solo]
E o que é que eu tenho a ver com isso?
                                                Ah, se eu soubesse lhe dizer
Filósofos suicidas                              O que fazer prá todo mundo ficar junto
Agricultores famintos                           Todo mundo já estava ha muito tempo
Desaparecendo                                   E o que é que eu tenho a ver com isso?
Embaixo dos arquivos
                                                Filósofos suicidas
Ah, se eu soubesse lhe dizer qual é a sua       Agricultores famintos
tribo                                           Desaparecendo
Também saberia qual é a minha                   Embaixo dos arquivos

AINDA É CEDO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá/Ico Ouro-Preto

Uma menina me ensinou                           E por isso se agarrava a mim também
Quase tudo o que eu sei                         Eu me agarrava nela
Era quase escravidão                            Porque eu não tinha mais ninguém.
Mas ela me tratava como um rei
                                                E eu dizia: - Ainda é cedo
Ela fazia muitos planos                                        cedo
Eu isso queria estar ali                                       cedo
Sempre ao lado dela                                            cedo
Eu não tinha aonde ir                                          cedo

Mas, egoísta que eu sou,                        [solo]
Me esqueci de ajudar
A ela como ela me ajudou                        Sei que ela terminou
E não quis me separar.                          O que eu não comecei
                                                E o que ela descobriu
Ela também estava perdida                       Eu aprendi também, eu sei.



                                                                                    Folha 4
Vamos dar um tempo, um dia a gente se
Ela falou: - Você tem medo.                    vê."
Am eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia                        E eu dizia: - Ainda é cedo
Nunca ser dito por ninguém                                     cedo
                                                               cedo
Ela me disse:                                                  cedo.
"- Eu não sei mais o que eu sinto por você.

PERDIDOS NO ESPAÇO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Escrevi prá você e você não respondeu          Escrevi prá você e você não respondeu
Também não respondi quando você me             Também não respondi quando você me
escreveu                                       escreveu
Anotei seu telefone num pedaço de papel        Anotei seu telefone num pedaço de papel
E calculei seu ascendente no recibo do         E calculei seu ascendente no recibo do
aluguel.                                       aluguel.

Esqueci seu sobrenome,                         Esqueci seu sobrenome,
Mas me lembro de você.                         Mas me lembro de você.

E a rotina crescia como planta                 E era como se jogassem Space Invaders
E engulia a metade do caminho                  Perdendo mais dinheiro de muitas maneiras
E a mudança levou tempo por ser tão veloz      Vivendo num planeta perdido como nós
Enquanto estávamos a salvo                     Quem sabe ainda estamos a salvo?

Ficamos suspensos,                             Ficamos suspensos
Perdidos no espaço.                            Perdidos no espaço.


GERAÇÃO COCA-COLA
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês nos empurraram           [I]
Com os enlatados dos USA, de 9 às 6.           Depois de vinte anos na escola
                                               Não é difícil aprender
Desde pequenos nós comemos lixo                Todas as manhas do jogo sujo
Comercial e industrial                         Não é assim que tem que ser?
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de        Vamos fazer nosso dever de casa
vocês.                                         E aí então, vocês vão ver
                                               Suas crianças derrubando reis
[refrão]                                       Fazer com‚dia no cinema com as suas leis.

Somos os filhos da revolução                   [refrão]
Somos burgueses sem religião                   [solo de voz]
Nós somos o futuro da nação                    [repete I]
Geração Coca-Cola.                             [refrão]



                                                                                  Folha 5
O REGGAE
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo/Marcelo Bonfá

Ainda me lembro aos três anos de idade         Me faz o que eu pedir
O meu primeiro contato com as grades           Não faz o que eu fizer
O meu primeiro dia na escola                   Mas não me deixe aqui
Como eu senti vontade de ir embora
                                               Ninguém me perguntou se eu estava pronto
Fazia tudo que eles quisessem                  E eu fiquei completamente tonto
Acreditava em tudo que eles me dissessem       Procurando descobrir a verdade
Me pediram para ter paciência                  No meio das mentiras da cidade
Falhei                                         Tentava ver o que existia de errado
Então gritaram: - Cresça e apareça!            Quantas crianças Deus já tinha matado.

Cresci e apareci e não vi nada                 Beberam meu sangue e não me deixam
Aprendi o que era certo com a pessoa errada    viver
Assistia o jornal da TV                        Tem o meu destino pronto e não me deixam
E aprendi a roubar prá vencer                  escolher
Nada era como eu imaginava                     Vem falar de liberdade prá depois me
Nem as pessoas que eu tanto amava              prender
Mas e daí, se é mesmo assim                    Pedem identidade prá depois me bater
Vou ver se tiro o melhor prá mim.              Tiram todas minhas armas
                                               Como posso me defender?
[solo]                                         Vocês venceram está batalha
                                               Quanto a guerra,
Me ajuda se eu quiser                          Vamos ver.

BAADER-MEINHOF BLUES
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

A violência é tão fascinante                   Meu corpo é quente e estou sentindo frio
E nossas vidas são tão normais                 Todo mundo sabe e ninguém quer mais
E você passa de noite e sempre vê              saber
Apartamentos acessos                           Afinal, amar ao próximo é tão demode.
Tudo parece ser tão real
Mas você viu esse filme também.                Essa justiça desafinada
                                               É tão humana e tão errada
Andando nas ruas                               Nós assistimos televisão também
Pensei que podia ouvir                         Qual é a diferença?
Alguém me chamando
Dizendo meu nome.                              Não estatize meus sentimentos
                                               Prá seu governo,
JÁ estou cheio de me sentir vazio              O meu estado é independente.

SOLDADOS
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo/Marcelo Bonfá

Nossas meninas estão longe daqui


                                                                                   Folha 6
Não temos com quem chorar e nem prá            Porque lutar.
onde ir
Se lembra quando era isso brincadeira          Nossas meninas estão longe daqui
Fingir ser soldado a tarde inteira?            E de repente eu vi você cair
                                               Não sei armar o que eu senti
Mas agora a coragem que temos no coração       Não sei dizer que vi você ali.
Parece medo da morte mas não era então
Tenho medo de lhe dizer o que eu quero         Quem vai saber o que você sentiu?
tanto                                          Quem vai saber o que você pensou?
Tenho medo e eu sei porque:                    Quem vai dizer agora o que eu não fiz?
Estamos esperando.                             Como explicar prá você o que eu quis

Quem é o inimigo?                              Somos soldados
Quem é você?                                   Pedindo esmola
Nos defendemos tanto tanto sem saber           E a gente não queria lutar.

TEOREMA
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Não vá embora                                  Prá tentar ser feliz.
Fique um pouco mais
Ninguém sabe fazer                             Parece energia mas é só distorção
O que você me faz                              E parece que sempre termina
                                               Mas não tem fim.
É exagero
E pode até não ser                             Não vá embora
O que você consegue                            Fique um pouco mais
Ninguém sabe fazer.                            Ninguém sabe fazer
                                               O que você me faz
Parece energia mas é isso distorção
E não sabemos se isso é problema               É exagero
Ou se é a solução.                             E pode até não ser
                                               O que você consegue
Não tenha medo                                 Ninguém sabe fazer.
Não preste atenção
Não dê conselhos                               Parece um teorema sem ter demonstração
Não peça permissão.                            E parece que sempre termina
É só você quem deve decidir o que fazer        Mas não tem fim.

POR ENQUANTO
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Mudaram as estações e nada mudou               Que o prá sempre
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu          Sempre acaba?
Esta tudo assim tão diferente                  Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
                                               Quando penso em alguém
Se lembra quando a gente chegou um dia a       Só penso em você
acreditar                                      E aí então estamos bem
Que tudo era prá sempre
Sem saber



                                                                                   Folha 7
Mesmo com tantos motivos prá deixar tudo
como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta prá casa.




                                           Folha 8
Álbum 2: "DOIS"
                            Período de Gravação: Janeiro a Março de 1986

                            Data de lançamento: 1986

                            Produzido por: Mayrton Bahia


Músicas:

1. Daniel Na Cova dos Leões
2. Quase Sem Querer
3. Acrylic On Canvas
4. Eduardo E Mônica
5. Central do Brasil
6. Tempo Perdido
7. Metrópole
8. Plantas Embaixo do Aquário
9. Música Urbana 2
10.Andréa Dória
11.Fábrica
12."Índios"
No cassete: Química (versão ao vivo)


DANIEL NA COVA DOS LEÕES
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo/Renato Rocha

Aquele gosto amargo do teu corpo                  E o teu medo de ter medo de ter medo
Ficou na minha boca por mais tempo:               Não faz da minha força confusão:
De amargo e então salgado ficou doce,             Teu corpo é meu espelho e em ti navego
Assim que o teu cheiro forte e lento              E sei que tua correnteza não tem direção.

Fez casa nos meus braços e ainda leve             [solo]
E forte e cego e tenso fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.                Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
                                                  A motor e insistir em usar os remos,
Faço nosso o meu segredo mais sincero             É o mal que a água faz quando se afoga
E desafio o instinto dissonante.                  E o salva-vidas não está lá porque não
A insegurança não me ataca quando erro            vemos.
E o teu momento passa a ser o meu instante.

QUASE SEM QUERER
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha

Tenho andado distraído,                           Isso que agora é diferente:
Impaciente e indeciso                             Estou tão tranqüilo
E ainda estou confuso.                            E tão contente.


                                                                                       Folha 9
E eu sei que você sabe
Quantas chances desperdicei                    Quase sem querer
Quando o que eu mais queria                    Que eu vejo o mesmo que você.
Era provar prá todo o mundo
Que eu não precisava                           Tão correto e tão bonito:
Provar nada prá ninguém.                       O infinito é realmente
                                               Um dos deuses mais lindos.
Me fiz em mil pedaços                          Sei que às vezes uso
Prá você juntar                                Palavras repetidas
E queria sempre achar                          Mas quais são as palavras
Explicação pro que eu sentia.                  Que nunca são ditas?
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer                        Me disseram que você estava chorando
Que mentir prá si mesmo                        E foi então que percebi
É sempre a pior mentira.                       Como lhe quero tanto.

Mas não sou mais                               Já não me preocupo
Tão criança a ponto de saber                   Se eu não sei porquê
Tudo.                                          às vezes o que eu vejo
                                               Quase ninguém vê
Já não me preocupo
Se eu não sei porquê                           E eu sei que você sabe
às vezes o que eu vejo                         Quase sem querer
Quase ninguém vê                               Que eu quero o mesmo que você.


ACRYLIC ON CANVAS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá

É saudade, então                               Sempre as mesmas "disculpas"
E mais uma vez                                 E desculpas nem sempre são sinceras
De você fiz o desenho                          Quase nunca são.
Mais perfeito que se fez
                                               Preparei a minha tela
Os traços copiei                               Com pedaços de lençóis
Do que não aconteceu                           Que não chegamos a sujar
As cores que escolhi
Dentre as tintas que inventei                  A armação fiz com madeira
                                               Da janela do seu quarto
Misturei com a promessa                        Do portão da sua casa
Que nós dois nunca fizemos                     Fiz paleta e cavalete
De um dia sermos três
                                               E com as lágrimas que não brincaram com
Trabalhei você                                 você
Em luz e sombra                                Destilei óleo de linhaça
                                               E da sua cama arranquei pedaços
E era sempre:                                  Que talhei em estiletes de tamanhos
"- Não foi por mal.                            diferentes
  - Eu juro que nunca quis deixar você tão     E fiz então, pincéis com seus cabelos
triste"
                                               Fiz carvão do batom que roubei de você



                                                                                 Folha 10
E com ele marquei dois pontos de fuga         "- Sinto muito, ela não mora mais aqui".
E rabisquei meu horizonte.
                                              Mas então porque eu finjo
E era sempre:                                 Que acredito no que invento
"- Não foi por mal.                           Nada disso aconteceu assim
 - Eu juro que não foi por mal, eu não        Não foi desse jeito.
queria machucar você.
Prometo que isso não vai acontecer mais       Ninguém sofreu
uma vez"                                      E é só você
                                              Que provoca essa saudade vazia
E era sempre, sempre o mesmo novamente        Tentando pintar essas flores com o nome
A mesma traição                               De Amor-Perfeito e
                                              Não-Te-Esqueças-De-Mim.
Ás vezes é difícil esquecer:

EDUARDO E MÔNICA
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Quem um dia ira dizer                         Depois telefonaram e decidiram se
Que existe razão                              encontrar.
Nas coisas feitas pelo coração?               O Eduardo sugeriu uma lanchonete
E quem ira dizer                              Mas a Mônica queria ver o filme do Godard.
Que não existe razão?
                                              Se encontraram então no parque da cidade
Eduardo abriu os olhos mas não quis se        A Mônica de moto e o Eduardo de camelo.
levantar:                                     O Eduardo achou estranho e melhor não
Ficou deitado e viu que horas eram            comentar
Enquanto Mônica tomava um conhaque,           Mas a menina tinha tinta no cabelo.
Noutro canto da cidade,
Como eles disseram.                           Eduardo e Mônica eram nada parecidos
                                              Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.
Eduardo e Mônica um dia se encontraram        Ela fazia Medicina e falava alemão
sem querer                                    E ele ainda nas aulinhas de inglês.
E conversaram muito mesmo prá tentar se
conhecer.                                     Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus,
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que     De Van Gogh e dos Mutantes,
disse:                                        De Caetano e de Rimbaud
"- Tem uma festa legal e a gente quer se      E o Eduardo gostava de novela
divertir."                                    E jogava futebol-de-botão com a seu avô.

Festa estranha, com gente esquisita:          Ela falava coisas sobre o Planalto Central,
"- Eu não estou legal. Não aguento mais       Também magia e meditação.
birita."                                      E o Eduardo ainda estava
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais     No esquema "escola - cinema - clube -
Sobre o boyzinho que tentava impressionar     televisão."

E o Eduardo, meio tonto, isso pensava em ir   E, mesmo com tudo diferente,
prá casa:                                     Veio mesmo, de repente,
"- É quase duas, eu vou me ferrar."           Uma vontade de se ver
                                              E os dois se encontravam todo dia
Eduardo e Mônica trocaram telefone            E a vontade crescia,



                                                                                  Folha 11
Como tinha de ser.                             Que nem feijão com arroz.

Eduardo e Mônica fizeram natação,              Construíram uma casa uns dois anos atrás
fotografia,                                    Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Teatro e artesanato e foram viajar.            Batalharam grana e seguraram legal
A Mônica explicava pro Eduardo                 A barra mais pesada que tiveram.
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar:
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo          Eduardo e Mônica voltaram prá Brasília
crescer                                        E a nossa amizade da saudade no verão.
E decidiu trabalhar;                           Só que nessas f‚rias não vão viajar
                                               Porque o filhinho do Eduardo tá de
E ela se formou no mesmo mês                   recuperação.
Em que ele passou no vestibular.
E os dois comemoraram juntos                   E quem um dia ira dizer
E também brigaram juntos, muitas vezes         Que existe razão
depois.                                        Nas coisas feitas pelo o coração?
E todo mundo diz que ele completa ela e        E quem ira dizer
vice-versa,                                    Que não existe razão?

CENTRAL DO BRASIL (Instrumental)
Música: Renato Russo


TEMPO PERDIDO
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Todos os dias quando acordo,                   A tempestade que chega é da cor dos teus
Não tenho mais o tempo que passou              olhos castanhos.
Mas tenho muito tempo                          Então me abraça forte e me diz mais uma
Temos todo o tempo do mundo.                   vez
                                               Que já estamos distantes de tudo:
Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia:               Temos nosso próprio tempo.
"Sempre em frente,
Não temos tempo a perder."                     Não tenho medo do escuro, mas deixe as
                                               luzes acesas agora.
Nosso suor sagrado                             O que foi escondido é o que se escondeu
É bem mais belo que esse sangue amargo         E o que foi prometido, ninguém prometeu.
E tão sério                                    Nem foi tempo perdido.
E selvagem.
                                               Somos tão jovens.
Veja o sol dessa manhã tão cinza:

METRÓPOLE
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá

"É sangue mesmo, não é mertiolate."            "Ó tão emocionante um acidente de
E todos querem ver                             verdade."
E comentar a novidade.                         Estão todos satisfeitos
                                               Com o sucesso do desastre:


                                                                                   Folha 12
É contra o regulamento, está bem aqui, pode
"- Vai passar na televisão."                   ver."

"Por gentileza, aguarde um momento.            Ordens são ordens.
Sem carteirinha, não tem atendimento
Carteira de trabalho assinada, sim senhor.     "- Em todo caso já temos sua ficha.
Olha o tumulto: façam fila por favor."         Só falta o recibo comprovando residência.
                                               P'ra limpar todo esse sangue, chamei a
"- Todos com a documentação"                   faxineira
                                               E agora eu já vou indo senão eu perco a
"- Quem não tem senha, não tem lugar           novela
marcado.
Eu sinto muito, mas já passa do horário.       E eu não quero ficar na mão."
Entendo seu problema mas não posso
resolver:

PLANTAS DEBAIXO DO AQUÁRIO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá

Sente o desafio e provoque um desempate:       Pense isso um pouco,
Desarme a armadilha e desmonte o disfarce.     Não há nada de novo.
Se afaste do abismo                            Você vive insatisfeito e não confia em
Faça do bom-senso a nova ordem.                ninguém
                                               E não acredita em nada
Não deixe a guerra começar.                    E agora é isso cansaço e falta de vontade,
                                               Mas, faça do bom-senso a nova ordem:
[diálogos em francês e inglês]
                                               Não deixe a guerra começar.

MUSICA URBANA II
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Em cima dos telhados as antenas de TV          O vento forte seco e sujo em cantos de
tocam música urbana                            concreto
Nas ruas os mendigos com esparadrapos          Parece música urbana
podres                                         E a matilha de crianças sujas no meio da rua
Cantam música urbana.                          Música urbana.

Motocicletas querendo atenção às três da       E nos pontos de ônibus estão todos ali:
manha                                          música urbana
É só música urbana.
                                               Os uniformes, os cartazes
Os PM's armados e as tropas de choque          Cinemas e os lares
vomitam música urbana                          Favelas, coberturas
E nas escolas as crianças aprendem a repetir   Quase todos os lugares.
a música urbana.
Nos bares os viciados sempre tentam            E mais uma criança nasceu.
conseguir a música urbana.
                                               Não há mentiras nem verdades aqui
                                               Só há música urbana.



                                                                                   Folha 13
Yeah, música urbana

ANDRÉA DÓRIA
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Ás vezes parecia que, de tanto acreditar       E o mundo então seria um livro aberto,
Em tudo que achávamos tão certo,               Até chegar o dia em que tentamos ter
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco        demais,
mais:                                          Vendendo fácil o que não tinha preço.
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.               Eu sei - é tudo sem sentido.
                                               Quero ter alguém com quem conversar,
Mas percebo agora                              Alguém que depois não use o que eu disse
Que o teu sorriso                              Contra mim.
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.                      Nada mais vai me ferir.
                                               É que eu já me acostumei
Não queria te ver assim                        Com a estrada errada que segui
Quero a tua força como era antes.              E com a minha própria lei.
O que tens é isso teu
E de nada vale fugir                           Tenho o que ficou
E não sentir mais nada.                        E tenho sorte até demais,
                                               Como sei que tens também.
Ás vezes parecia que era só improvisar

FÁBRICA
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Nosso dia vai chegar                           Temperada a ferro e fogo?
Teremos nossa vez.                             Quem aguarda os portões da fabrica?
Não é pedir demais:
Quero justiça,                                 O céu já foi azul, mas agora é cinza
Quero trabalhar em paz.                        E o que era verde aqui já não existe mais.
Não é muito o que eu lhe peço                  Quem me dera acreditar
Eu quero trabalho honesto                      Que não acontece nada de tanto brincar com
Em vez de escravidão.                          fogo.
Deve haver algum lugar                         Que venha o fogo então.
Onde o mais forte
Não consegue escravizar                        [solo]
Quem não tem chance.
                                               Esse ar deixou minha vista cansada,
De onde vem a indiferença                      Nada demais.

"ÍNDIOS"
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Quem me dera, ao menos uma vez                 Que era prova de amizade
Ter de volta todo o ouro que entreguei         Se alguém levasse embora até o que eu não
A quem conseguiu me convencer                  tinha.


                                                                                     Folha 14
Quando descobri que é sempre isso você
Quem me dera, ao menos uma vez,              Que me entende do início ao fim
Esquecer que acreditei que era por           E é isso você que tem a cura do meu vício
brincadeira                                  De insistir nessa saudade que eu sinto
Que se cortava sempre um pano-de-chão        De tudo que eu ainda não vi.
De linho nobre e pura seda.
                                             Quem me dera, ao menos uma vez,
Quem me dera, ao menos uma vez,              Acreditar por um instante em tudo que
Explicar o que ninguém consegue entender:    existe
Que o que aconteceu ainda está por vir       E acreditar que o mundo é perfeito
E o futuro não é mais como era               E que todas as pessoas são felizes.
antigamente.
                                             Quem me dera, ao menos uma vez,
Quem me dera, ao menos uma vez,              Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Provar que quem tem mais do que precisa      Esta em tudo e mesmo assim
ter                                          Ninguém lhe diz ao menos obrigado.
Quase sempre se convence que não tem o
bastante                                     Quem me dera, ao menos uma vez,
E fala demais, por não ter nada a dizer      Como a mais bela tribo, dos mais belos
                                             índios,
Quem me dera, ao menos uma vez,              Não ser atacado por ser inocente.
Que o mais simples fosse visto como o mais
importante,                                  Eu quis o perigo e até sangrei sozinho,
Mas nos deram espelhos                       Entenda - assim pude trazer você de volta
E vimos uma mundo doente.                    para mim
                                             Quando descobri que é sempre isso você
Quem me dera, ao menos uma vez,              Que me entende do início ao fim
Entender como isso Deus ao mesmo tempo       E é isso você que tem a cura do meu vício
é três                                       De insistir nessa saudade que eu sinto
E esse mesmo Deus foi morto por vocês        De tudo que eu ainda não vi.
É isso maldade então, deixar um Deus tão
triste.                                      Nos deram espelhos e vimos um mundo
                                             doente -
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.      Tentei chorar e não consegui
Entenda - assim pude trazer você de volta
para mim,




                                                                                Folha 15
Álbum 3: Que País é Este
                           Período de Gravação: Outubro a Dezembro de 1987

                           Data de lançamento: Dezembro 1987

                           Produzido por: Mayrton Bahia


Músicas:

1.   Que País É Este
2.   Conexão Amazônica
3.   Tédio (com um "T" bem grande prá você)
4.   Depois do Começo
5.   Química
6.   Eu Sei
7.   Faroeste Caboclo
8.   Angra dos Reis
9.   Mais do Mesmo


QUE PAÍS É ESTE ?
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Nas favelas, no senado                            Manchando os papéis, documentos fiéis
Sujeira prá todo lado                             Ao descanso do patrão
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação            Que país é este ?

Que pais é este?                                  Terceiro Mundo se for
                                                  Piada no exterior
No Amazonas, no Araguaia, na Baixada              Mas o Brasil vai ficar rico
fluminense                                        Vamos faturar um milhão
No Mato grosso, nas Gerais e no Nordeste          Quando vendermos todas as almas
tudo em paz                                       Dos nossos índios num leilão.
Na morte eu descanso mas o sangue anda
solto                                             Que país é este?

CONEXÃO AMAZÔNICA
Letra: Renato Russo
Música: Felipe Lemos

Estou cansado de ouvir falar                      E acho que isto não tem nada a ver
Em Freud, Jung, Engels, Marx                      Yeah, Yeah, Yeah,
Intrigas intelectuais rodando em mesa de bar
Yeah, Yeah, Yeah,                                 Os tambores da selva já começaram a rufar
O que eu quero eu não tenho                       Os tambores da selva já começaram a rufar
O que eu não tenho eu quero ter                   A cocaína não vai chegar
Não posso ter o que eu quero                      A cocaína não vai chegar


                                                                                       Folha 16
Conexão amazônica está interrompida          Auto-exílio nada mais é do que ter seu
Yeah, Yeah, Yeah,                            coração na solidão
                                             Yeah, Yeah, Yeah,
E você quer ficar maluco sem dinheiro e
acha que está tudo bem                       Estou cansado de ouvir falar
Mas alimento prá cabeça nunca vai matar a    Em Freud, Jung, Engels, Marx
fome de ninguém                              Intrigas intelectuais rodando em mesa de bar
Uma peregrinação involuntária talvez fosse   Yeah, Yeah, Yeah,
a solução

TÉDIO
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Moramos na cidade, também o presidente       Também não tenho nada de interessante prá
E todos vão fingindo viver decentemente      fazer
Só que eu não pretendo ser tão decadente     Tédio com um T bem grande prá você
não
                                             Se eu não faço, nada fico satisfeito
Tédio com um T bem grande prá você           Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito
                                             Porque quando escurece, só estou afim de
Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro   aprontar
Não tenho gasolina, também não tenho carro
                                             Tédio com um T bem grande prá você.

DEPOIS DO COMEÇO
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Vamos deixar as janelas abertas              Catar pontas de cigarro nas paredes
Deixar o equilíbrio ir embora
Cair como um saxofone na calçada             Abrir a geladeira e deixar o vento sair
Amarrar um fio de cobre no pescoço           Cuspir um dia qualquer no futuro
                                             De quem já desapareceu
Acender um intervalo pelo filtro
Usar um extintor como lençol                 Deus, Deus, somos todos ateus
Jogar pólo-aquático na cama                  Vamos cortar os cabelos do príncipe
Ficar deslizando pelo teto                   E entregá-los a um Deus plebeu

Da nossa casa cega e medieval                E depois do começo
Cantar canções em línguas estranhas          O que vier vai começar a ser o fim.
Retalhar as cortinas desarmadas              E depois do começo
Com a faca surda que a fé sujou              O que vier vai começar a ser o fim.
                                             E depois do começo
Desarmar os brinquedos indecentes            O que vier vai começar a ser o fim.
E a indecência pura dos retratos no salão    E depois do começo
Vamos beber livros e mastigar tapetes        O que vier vai começar a ser o fim.

QUÍMICA
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo




                                                                                   Folha 17
Estou trancado em casa e não posso sair        Literatura ou Gramática
Papai já disse, tenho que passar               Só gosto de Educação Sexual
Nem música eu não posso mais ouvir             E eu odeio Química
E assim não posso nem me concentrar
                                               Chegou a nova leva de aprendizes
Não saco nada de Física                        Chegou a vez do nosso ritual
Literatura ou Gramática                        E se você quiser entrar na tribo
Só gosto de Educação Sexual                    Aqui no nosso Belsen tropical
E eu odeio Química
                                               Ter carro do ano, TV a cores, pagar
Não posso nem tentar me divertir               imposto, ter pistolão
O tempo todo eu tenho que estudar              Ter filho na escola, férias na Europa, conta
Fico só pensando se vou conseguir              bancária, comprar feijão
Passar na porra do vestibular                  Ser responsável, cristão convicto, cidadão
                                               modelo, burguês padrão
Não saco nada de Física                        Você tem que passar no vestibular.

EU SEI
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Sexo verbal não faz meu estilo                 Com quem você quer falar
Palavras são erros e os erros são seus         Por horas e horas e horas
Não quero lembrar que eu erro também
                                               A noite acabou, talvez tenhamos que fugir
Um dia pretendo tentar descobrir               sem você
Porque é mais forte quem sabe mentir           Mas não, não vá agora, quero honras e
Não quero lembrar que eu minto também          promessas
                                               Lembranças e estórias
Eu sei
                                               Somos pássaro novo longe do ninho
Feche a porta do seu quarto
Porque se toca o telefone pode ser alguém      Eu sei

FAROESTE CABOCLO
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Não tinha medo o tal João de Santo Cristo      Que as velhinhas colocavam na caixinha do
Era o que todos diziam quando ele se perdeu    altar
Deixou prá trás todo o marasmo da fazenda      Sentia mesmo que era mesmo diferente
Só prá sentir no seu sangue o ódio que Jesus   Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido       Ele queria sair para ver o mar
Ainda mais quando com tiro de soldado o        E as coisas que ele via na televisão
pai morreu                                     Juntou dinheiro para poder viajar
Era o terror da cercania onde morava           E de escolha própria escolheu a solidão
E na escola até o professor com ele
aprendeu                                       Comia todas as menininhas da cidade
                                               De tanto brincar de médico aos doze era
Ia prá igreja só prá roubar o dinheiro         professor
                                               Aos quinze foi mandado pro reformatório



                                                                                   Folha 18
Onde aumentou seu ódio diante de tanto        E sem ser crucificado a plantação foi
terror                                        começar

Não entendia como a vida funcionava           Logo, logo os maluco da cidade
Descriminação por causa da sua classe e sua   Souberam da novidade
cor                                           "- Tem bagulho bom ai!"
Ficou cansado de tentar achar resposta        E João de Santo Cristo ficou rico
E comprou uma passagem foi direto a           E acabou com todos os traficantes dali
Salvador
                                              Fez amigos, freqüentava a Asa Norte
E lá chegando foi tomar um cafezinho          Ia prá festa de Rock prá se libertar
E encontrou um boiadeiro com quem foi         Mas de repente
falar                                         Sob um má influência dos boyzinhos da
E o boiadeiro tinha uma passagem              cidade
Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar:   Começou a roubar

Dizia ele "- Estou indo prá Brasília          JÁ no primeiro roubo ele dançou
Nesse país lugar melhor não há                E pro inferno ele foi pela primeira vez
Tô precisando visitar a minha filha           Violência e estupro do seu corpo
Eu fico aqui e você vai no meu lugar"         "- Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!"

E João aceitou sua proposta                   Agora Santo Cristo era bandido
E num ônibus entrou no Planalto Central       Destemido e temido no Distrito Federal
Ele ficou bestificado com a cidade            Não tinha nenhum medo de polícia
Saindo da rodoviária viu as luzes de natal    Capitão ou traficante, Playboy ou general

"- Meu Deus mas que cidade linda!             Foi quando conheceu uma menina
No Ano Novo eu começo a trabalhar"            E de todos os seus pecados ele se
Cortar madeira aprendiz de carpinteiro        arrependeu
Ganhava cem mil pro mês em Taguatinga         Maria Lúcia era uma menina linda
                                              E o coração dele prá ela o Santo Cristo
Na sexta feira foi prá zona da cidade         prometeu
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz
trabalhador                                   Ele dizia que queria se casar
E conhecia muita gente interessante           E carpinteiro ele voltou a ser
Até um neto bastardo do seu bisavô            "- Maria Lúcia eu prá sempre vou te amar
                                              E um filho com você eu quero ter"
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de l                   O tempo passa
Seu nome era Pablo e ele dizia                E um dia vem na porta um senhor de alta
Que um negócio ele ia começar                 classe com dinheiro na mão
                                              E ele faz uma proposta indecorosa
E Santo Cristo até a morte trabalhava         E diz que espera uma resposta, uma resposta
Mas o dinheiro não dava prá ele se            de João
alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário            "- Não boto bomba em banca de jornal
Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar   E nem em colégio de criança
                                              Isso eu não faço não
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que como Pablo ele ia se virar      E não protejo general de dez estrelas
Elaborou mais uma vez seu plano santo         Que fica atrás da mesa com o cú na mão




                                                                                  Folha 19
E é melhor o senhor sair da minha casa       E um filho nela ele fez
Nunca brinque com um peixe de ascendente
escorpião"                                   Santo Cristo era só ódio pro dentro
                                             E então o Jeremias prá um duelo ele chamou
Mas antes de sair, com ódio no olhar         "- Amanhã, as duas horas na Ceilândia
O velho disse:                               Em frente ao lote catorze é prá lá que eu vou
"- Você perdeu a sua vida, meu irmão!"
                                             E você pode escolher as suas armas
"- Você perdeu a sua vida, meu irmão"        Que eu acabo com você, seu porco traidor
"- Você perdeu a sua vida, meu irmão"        E mato também Maria Lúcia
Essas palavras vão entrar no coração         Aquela menina falsa prá que jurei o meu
"- Eu vou sofrer as conseqüências como um    amor"
cão."
                                             E Santo Cristo não sabia o que fazer
Não é que o Santo Cristo estava certo        Quando viu o repórter da televisão
Seu futuro era incerto                       Que a notícia do duelo na TV
E ele não foi trabalhar                      Dizendo a hora o local e a razão
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em     No sábado, então as duas horas
seu lugar                                    Todo o povo sem demora
                                             Foi lá só prá assistir
Falou com Pablo que queria um parceiro
Que também tinha dinheiro e queria se        Um homem que atirava pelas costas
armar                                        E acertou o Santo Cristo
Pablo trazia o contrabando da Bolívia        E começou a sorrir
E Santo Cristo revendia em Planaltina
                                             Sentindo o sangue na garganta
Mas acontece que um tal de Jeremias          João olhou as bandeirinhas
Traficante de renome apareceu por l          E o povo a aplaudir
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo     E olhou pro sorveteiro
E decidiu que com João ele ia acabar.        E prás câmeras e a gente da TV que filmava
                                             tudo ali
Mas Pablo trouxe uma Winchester 22
E Santo Cristo já sabia atirar               E se lembrou de quando era uma criança
E decidiu usar a arma só depois              E de tudo o que viveu até aqui
Que Jeremias começasse a brigar              E decidiu entrar de vez naquela dança
                                             "- Se a via-crucis virou circo, estou aqui."
Jeremias maconheiro sem vergonha
Organizou a Roconha e fez todo mundo         E nisso o sol cegou seus olhos
dançar                                       E então Maria Lúcia ele reconheceu
Desvirginava mocinhas inocentes              Ela trazia a Winchester 22
E dizia que era crente mas não sabia rezar   A arma que seu primo Pablo lhe deu

E Santo Cristo há muito não ia prá casa      "- Jeremias, eu sou homem. Coisa que você
E a saudade começou a apertar                não é
"- Eu vou me embora, eu vou ver Maria        Eu não atiro pelas costas, não.
Lúcia                                        Olha prá cá filha da puta sem vergonha
Já está em tempo de a gente se casar"        D uma olhada no meu sangue
                                             E vem sentir o teu perdão"
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez       E Santo Cristo com a Winchester 22
Com Maria Lúcia Jeremias se casou            Deu cinco tiros no bandido traidor



                                                                                  Folha 20
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor           E João não conseguiu o que queria
                                                Quando veio prá Brasília com o diabo ter
O povo declarava que João de Santo Cristo       Ele queria era falar com o presidente
Era santo porque sabia morrer                   Prá ajudar toda essa gente que só faz
E a alta burgesia da cidade não acreditava na
história                                        Sofrer
Que ele viram da TV

ANGRA DOS REIS
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo/Renato Rocha/Marcelo Bonfá

Deixa, se fosse sempre assim quente             Seja como for
Deita aqui perto de mim                         É uma dor que dói no peito
Tem dias em que tudo está em paz                Pode rir agora que estou sozinho
E agora os dias são iguais                      Mas não venha me roubar

Se fosse só sentir saudade                      Vai ver que não é nada disso
Mas tem sempre algo mais                        Vai ver que já não sei quem sou
Seja como for                                   Vai ver que nunca fui o mesmo
É uma dor que dói no peito                      A culpa é toda sua e nunca foi
Pode rir agora que estou sozinho
Mas não venha me roubar                         Mesmo se as estrelas começassem a cair
                                                E a luz queimasse tudo ao redor
Vamos brincar perto da usina                    E fosse o fim chegando cedo
Deixa prá lá a angra é dos reis                 E você visse nosso corpo em chamas
Por que se explicar se não existe perigo?       Deixa prá lá

Senti seu coração perfeito                      Quando as estrelas começarem a cair
Batendo … toa e isso dói                        Me diz, me diz prá onde a gente vai fugir?

MAIS DO MESMO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/Marcelo Bonfá

Hei menino branco o que é que você faz          Sempre mais do mesmo
aqui                                            Não era isso que você queria ouvir?
Subindo o morro prá tentar se divertir
Mas já disse que não tem                        Ah. bondade sua me explicar com tanta
E você ainda quer mais                          determinação
Por que você não me deixa em paz ?              Exatamente o que eu sinto, como penso
                                                como sou
Desses vinte anos nenhum foi feito prá mim      Eu realmente não sabia que eu pensava
E agora você quer que eu fique igual a você     assim
É mesmo. Como vou crescer se nada cresce        E agora você quer um retrato do país
por aqui?                                       Mas queimaram o filme
Quem vai tomar conta dos doentes?               E enquanto isto na enfermaria
E quando tem chacina de adolescentes            Todos os doentes estão cantando sucessos
Como é que você se sente?                       populares
                                                (e todos os índios foram mortos).
Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel.



                                                                                      Folha 21
Folha 22
Álbum 4: As Quatro Estações
                            Período de Gravação: Agosto a Outubro de 1989

                            Data de lançamento: 26 de outubro 1989

                            Produzido por: Mayrton Bahia

                            Ficha Técnica

Músicas:

1. Há Tempos
2. Pais E Filhos
3. Feedback Song For A Dying Friend
4. Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto
5. Eu Era Um Lobisomem Juvenil
6. 1965 (Duas Tribos)
7. Monte Castelo
8. Maurício
9. Meninos e Meninas
10.Sete Cidades
11.Se Fiquei Esperando o Meu Amor Passar


HÁ TEMPOS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua       A imensa dor que sentes.
cidade.                                            Teu grito acordaria não só a tua casa.
Muitos temores nascem do cansaço e da              Mas a vizinhança inteira.
solidão.
E o descompasso e o desperdício herdeiros          E há tempos nem os santos
são.                                               Tem ao certo a medida da maldade.
Agora da virtude que perdemos.                     E há tempos são os jovens que adoecem.
                                                   H tempos o encanto está ausente.
H tempos tive um sonho.                            H ferrugem nos sorrisos.
Não me lembro não me lembro.                       E só o acaso estende os braços.
                                                   A quem procura abrigo e proteção.
Tua tristeza é tão exata.
E hoje o dia é tão bonito.                         Meu amor,
JÁ estamos acostumados.                            Disciplina é liberdade.
A não termos mais nem isso.                        Compaixão é fortaleza.
                                                   Ter bondade é ter coragem.
Sonhos vem, sonhos vão. O resto é
imperfeito.                                        E ela disse: - lá em casa tem um poço mas a
                                                   água é muito limpa.
Disseste que se tua voz tivesse força igual

PAIS E FILHOS


                                                                                       Folha 23
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Estatuas e cofres. E paredes pintadas.         São meus filhos que tomam conta de mim.
Ninguém sabe o que aconteceu.                  Eu moro com a minha mãe mas meu pai
Ela se jogou da janela do quinto andar.        vem me visitar.
Nada é fácil de entender.                      Eu moro na rua, não tenho ninguém. Eu
                                               moro em qualquer lugar.
Dorme agora. é isso o vento lá fora.           Já morei em tanta casa que nem me lembro
Quero colo. Vou fugir de casa. Posso dormir    mais. Eu moro com os meus pais.
aqui com vocês?
Estou com medo. Tive um pesadelo isso          É preciso amar as pessoas como se não
vou voltar depois das três.                    houvesse amanhã.
                                               Porque se você parar para pensar, na
Meu filho vai ter nome de santo. Quero o       verdade não há.
nome mais bonito.                              Sou uma gota d'água
                                               Sou um grão de areia.
É preciso amar as pessoas como se não          Você me diz que seus pais não entendem.
houvesse amanhã.                               Mas você não entende seus pais.
Porque se você parar para pensar, na
verdade não há.                                Você culpa seus pais por tudo. E isso é
                                               absurdo.
Me diz porque o céu é azul. Me explica a       São crianças como você.
grande fúria do mundo.                         O que você vai ser, quando você crescer?

FEEDBACK SONG FOR A DYING FRIEND
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Soothe young man sweating forehead             His fiery eyes
Touch the naked stem held hidden there         Can slash my savage skin
Safe in such dark hayseed                      And force all seriousness away
Wired nest
                                               He wades in close waters
Then, his light brown eyes are quick           Deep sleeps alter his senses
Once touch is what he thought was grip         I must obey my only rival
                                               He will command our twin revival
This is not his hands
Those there but mine                           [arabian interlude]
And safe my hands
Do seek to gain                                The same,
All knowledge of                               Insane
My master's mainly rain                        Sustain
                                               Again
The scented taste
That stills my tongue                          The two of us so close to our own hearts
Is wrong that set                              I silenced and wrote this awe
But not undone                                 Of the coincidence


QUANDO O SOL BATER NA JANELA DO TEU QUARTO
Letra: Renato Russo



                                                                                  Folha 24
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Quando o Sol bater na janela do teu quarto.    Lembra e vê que o caminho é um só.
Lembra e vê que o caminho é um só.             Até bem pouco tempo atrás.
                                               Poderíamos mudar o mundo.
Porque esperar se podemos começar tudo de      Quem roubou nossa coragem?
novo.
Agora mesmo. A humanidade é desumana.          Tudo é dor.
Mas ainda temos chance.                        E toda dor vem do desejo.
O Sol nasce prá todos. Só não sabe quem        De não sentirmos dor.
não quer.
                                               Quando o Sol bater na janela do teu quarto.
Quando o Sol bater na janela do teu quarto.    Lembra e vê que o caminho é um só.

EU ERA UM LOBISOMEM JUVENIL
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Luz e sentido e palavra
Palavra é que o coração não pensa.             Qual foi a semente que você plantou?
                                               Tudo acontece ao mesmo tempo.
Ontem faltou água.                             Nem eu mesmo sei direito o que está
Anteontem faltou luz.                          acontecendo.
Teve torcida gritando quando a luz voltou.     E daí, de hoje em diante.
                                               Todo dia vai ser o dia mais importante.
Não falo como você fala.
Mas vejo bem o que você me diz.                Se você quiser, alguém prá ser isso seu.
                                               É isso não se esquecer: estarei aqui.
Se o mundo é mesmo parecido com o que
vejo.                                          Não digo nada, espero o vendaval passar.
Prefiro acreditar no mundo do meu jeito.       Por enquanto eu não sei
E você estava esperando voar.                  O que você me falou me fez rir e pensar.
Mas como chegar até as nuvens com os p‚s       Porque estou tão preocupado por estar tão
no chão?                                       preocupado assim?

O que sinto muitas vezes faz sentido.          Mesmo se eu cantasse todas as canções.
E outras vezes não descubro o motivo.          Todas as canções, todas as canções.
Que me explica porque é que não consigo.       Todas as canções do mundo.
Ver sentido no que sinto, o que procuro.       Sou bicho do mato mas...
O que desejo e o que faz parte do meu
mundo.                                         Se você quiser alguém prá ser isso seu.
                                               É só não se esquecer: estarei aqui.
O arco-íris tem sete cores.
E fui juiz supremo.                            Ou então não ter jamais a chave do meu
Vai, vem embora . Volta                        coração.
Todos tem, todos tem suas próprias razões.

1965 - DUAS TRIBOS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Vou passar, quero ver                          Volta aqui, vem você



                                                                                   Folha 25
Como foi, nem sentiu                               Esperança em maldição
Se era falso ou fevereiro
                                                   É o bem contra o mal
Temos paz, temos tempo                             E você de que lado está ?
Chegou a hora e agora é aqui                       Estou do lado do bem
                                                   E você de que lado está ?
Cortaram meus braços
Cortaram minhas mãos                               Estou do lado do bem
Cortaram minhas pernas                             Com a luz e com os anjos
Num dia de verão
                                                   Mataram um menino
Num dia de verão                                   Tinha arma de verdade
Num dia de verão                                   Tinha arma nenhuma
Podia ser meu pai                                  Tinha arma de brinquedo
Podia ser meu irmão
                                                   Eu tenho um autorama
Não se esqueça, temos sorte                        Eu tenho Hanna-Barbera
E agora é aqui                                     Eu tenho pêra, uva e maçã
                                                   Eu tenho Guanabara
Quando querem transformar                          E modelos Revell
Dignidade em doença
                                                   O Brasil é o país do futuro
Quando querem transformar                          O Brasil é o país do futuro
Inteligência em traição                            O Brasil é o país do futuro
                                                   O Brasil é o país
Quando querem transformar
Estupidez em recompensa                            Em toda e qualquer situação
                                                   Eu quero tudo
Quando querem transformar                          P'rá cima (4x)

MONTE CASTELO
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo
Inc. Adapt. "I Coríntios 13" e "Soneto 11" de Luís de Camões

Ainda que eu falasse a língua do homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu           É um não querer mais que bem querer.
nada seria.                                        É solitário andar por entre a gente.
                                                   É um não contentar-se de contente.
É só o amor, é isso o amor.                        É cuidar que se ganha em se perder.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.                      É um estar-se preso por vontade.
Não sente inveja ou se envaidece.                  É servir a quem vence, o vencedor;
                                                   É um ter com quem nos mata a lealdade.
O amor é o fogo que arde sem se ver.               Tão contrario a si é o mesmo amor.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.                    Estou acordado e todos dormem todos
É dor que desatina sem doer.                       dormem todos dormem.
                                                   Agora vejo em parte. Mas então veremos
Ainda que eu falasse a língua dos homens.          face a face.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu
nada seria.                                        É só o amor, é só o amor.



                                                                                    Folha 26
Que conhece o que é verdade.                   E falasse a língua do anjos, sem amor eu
                                               nada seria.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.


MAURÍCIO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Já não sei dizer se ainda sei sentir.          Ás vezes quero ir.
O meu coração já não me pertence.              Para algum país distante e voltar a ser feliz.
Já não quer mais me obedecer.
Parece agora estar tão cansado quanto eu.      Já não sei dizer o que aconteceu.
                                               Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho
Até pensei que era mais por não saber.         meu.
Que ainda sou capaz de acreditar.              Se meu desejo então já se realizou.
Me sinto tão só.                               O que fazer depois, prá onde é que eu vou?
E dizem que a solidão até que me cai bem.
                                               Eu vi você voltar prá mim.
Ás vezes faço planos.

MENINOS E MENINAS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Quero me encontrar mas não sei onde estou.     Não é a vida como está e sim as coisas
Vem comigo procurar um lugar mais calmo.       como são.
Longe dessa confusão e dessa gente que não     Você não quis tentar me ajudar.
se respeita.                                   Então a culpa é de quem? A culpa é de
Tenho quase certeza que eu não sou daqui.      quem?

Acho que gosto de S. Paulo. E gosto de S.      Eu canto em português errado.
João.                                          Acho que o imperfeito não participa do
Gosto de S. Francisco. E S. Sebastião.         passado.
E eu gosto de meninos e meninas.               Troco as pessoas.
                                               Troco os pronomes.
Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim
prá sempre.                                    Preciso de oxigênio.
Vai ficando complicado e ao mesmo tempo        Preciso ter amigos.
diferente.                                     Preciso ter dinheiro.
Estou cansado de bater e ninguém abrir.        Preciso de carinho.
Você me deixou sentindo tanto frio.
Não sei mais o que dizer.                      Acho que te amava.
                                               Agora acho que te odeio.
Te fiz comida. Velei teu sono. Fui teu         São tudo pequenas coisas.
amigo.                                         E tudo deve passar.
Te levei comigo e me diz: Prá mim o que é
que ficou?                                     Acho que gosto de S. Paulo. Gosto de S.
                                               João.
Me deixa ver como viver é bom.                 Gosto de S. Francisco. E S. Sebastião.
                                               E eu gosto de meninos e meninas.




                                                                                     Folha 27
SETE CIDADES
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Já me acostumei com a tua voz.                 Tenho medo de mim mesmo.
Com teu rosto e teu olhar.                     E sinto falta do teu corpo junto ao meu.
Me partiram em dois.
E procuro agora o que é minha metade.          Vem depressa prá mim que eu não sei
                                               esperar.
Quando não estás aqui.                         Já fizemos promessas demais.
Sinto falta de mim mesmo.                      E já me acostumei com a tua voz.
E sinto falta do meu corpo junto ao teu.       Quando estou contigo estou em paz.

Meu coração é tão tosco e tão pobre.           Quando não estás aqui.
Não sabe ainda os caminhos do mundo.           Meu espirito se perde, voa longe.
                                               Longe, longe.
Quando não estás aqui.

SE FIQUEI ESPERANDO MEU AMOR PASSAR

Se fiquei esperando meu amor passar.           Se fiquei esperando meu amor passar.
Já me basta então que eu não sabia amar        Já me basta que estava então longe de
E me via perdido e vivendo em erro.            sereno.
Sem querer me machucar de novo por culpa       E fiquei tanto tempo duvidando de mim.
do amor.                                       Por fazer amor fazer sentido.

Mas você e eu podemos namorar.                 Começo a ficar livre
E era simples: ficamos fortes.                 Espero. Acho que sim.
                                               De olhos fechados não me vejo.
Quando se aprende a amar.                      E você sorriu prá mim.
O mundo passa a ser seu.
Quando se aprende a amar.                      "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do
O mundo passa a ser seu.                       mundo.
                                               Tende piedade de nós.
Sei rimar romã com travesseiro.                Cordeiro de Deus que tirai os pecados do
Quero minha nação soberana.                    mundo.
Com espaço, nobreza e descanso.                Tende piedade de nós.
                                               Cordeiros de Deus que tirai os pecados do
[solo de voz]                                  mundo.
                                               Dai-nos a paz."




                                                                                   Folha 28
Álbum 5: "V"
                             Período de Gravação: Outubro a Dezembro de 1991

                             Data de lançamento: 15 de Dezembro de 1991

                             Produzido por: Mayrton Bahia



Músicas:

1. Love Song
2. Metal Contra As Nuvens
3. Ordem Dos Templários
4. Montanha Mágica
5. Teatro Dos Vampiros
6. Sereníssima
7. Vento No Litoral
8. Mundo Anda Tão Complicado
9. L'Âge D'Or
10.Come Share My Life

LOVE SONG
Letra: Nuno Fernandes Torneol (s‚c XIII)
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Pois nasci nunca vi amor                            Mais rogarei a mia senhor
E ouço del sempre falar.                            Que me mostr' aquel matador
Pero sei que me quer matar                          Ou que m'ampare del melhor.

METAL CONTRA AS NUVENS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

       I                                            Sou metal: me sabe o sopro do dragão.
Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio                       Reconheço o meu pesar:
Sei o que devo defender                             Quando tudo é traição
E por valor e tenho                                 O que venho encontrar
E temo o que agora se desfaz.                       É a virtude em outras mãos.

Viajamos Sete léguas                                Minha terra
Por entre abismos e florestas                       É a terra que é minha
Por Deus nunca me vi tão só                         E sempre ser
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.                            Minha terra
                                                    Tem a lua, tem estrelas e sempre ter

Sou metal - raio, relâmpago e trovão                           II
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão


                                                                                           Folha 29
Quase acreditei na sua promessa                  Eu quero a espada em minhas mãos
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada              Sou metal - raio, relâmpago e trovão
Perdi o meu castelo e minha princesa             Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
                                                 Sou metal: me sabe o sopro do dragão.
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade                 Não me entrego sem lutar
                                                 Tenho ainda coração
Existem os tolos e existe o ladrão               Não aprendi a me render
E há quem se alimente do que é roubo.            Que caia o inimigo então.
Mas vou aguardar o meu tesouro
Caso você esteja mentido                                 IV

Olha o sopro do dragão.                          Tudo passa, tudo passar

       III                                       E nossa estória, não estar
                                                 Pelo avesso assim
É a verdade o que assombra,                      Sem final feliz.
O descaso o que condena,                         Teremos coisas bonitas prá contar.
A estupidez o que destrói.
                                                 E até lá vamos viver
Eu vejo tudo o que se foi                        Temos muito ainda por fazer.
E o que não existe mais.                         Não olhe para trás
Tenho os sentidos já dormentes,                  Apenas começamos
O corpo quer, a alma entende.
                                                 O mundo começa agora
Esta é a terra de ninguém                        Apenas começamos.
E sei que devo resistir

A ORDEM DOS TEMPLÁRIOS (instrumental)
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá
(inclui: Douce Dame Jolie de Guillaume de Machaut sec. XIV)


A MONTANHA MÁGICA
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Sou meu próprio líder: ando em círculos          E não há nada a fazer agora.
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim               Para que servem os anjos?
Meio sorriso, meia-lua, toda tarde.              A felicidade mora aqui comigo
                                                 Até segunda ordem
Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia                          Um outro agora vive minha vida
És o que tenho de suave                          Sei o que ele sonha, pensa e sente
E me fazes tão mal.                              Não é coincidência a minha indiferença
                                                 Sou uma cópia do que faço
Ficou logo o que tinha ido embora.               O que temos é o que nos resta
Estou só um pouco cansado                        E estamos querendo demais
Não sei se isto termina logo
Meu joelho dói                                   Minha papoula da Índia



                                                                                      Folha 30
Minha flor da Tailândia                        O resto são escombros.
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal.                            Mas é claro que não vamos lhe fazer mal
                                               Nem é por isso que estamos aqui
Existe um descontrole, que corrompe e          Cada criança com seu próprio canivete
cresce                                         Cada líder com seu próprio 38
Pode até ser, mas estou pronto prá mais uma
O que é que desvirtua e ensina?                Minha papoula da Índia
O que fizemos de nossas próprias vidas?        Minha flor da Tailândia
                                               Chega - vou mudar a minha vida
O mecanismo da amizade,                        Deixa o copo encher até a borda
A matemática dos amantes                       Que eu quero um dia de sol num copo
Agora só artesanato                            d'água.

O TEATRO DOS VAMPIROS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá
(introdução: Canon de Pachelbel)

Sempre precisei de um pouco de atenção         Quando me vi tendo de viver comigo apenas
Acho que não sei quem sou                      E com o mundo
Só sei do que não gosto                        Você me veio como um sonho bom
E desses dias tão estranhos                    E me assustei
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.
                                               Não sou perfeito
Este é o nosso mundo                           Eu não esqueço
O que é demais nunca é o bastante              A riqueza que nós temos
E a primeira vez é sempre a última chance.     Ninguém consegue perceber
Ninguém vê onde chegamos:                      E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Os assassinos estão livres, nós não estamos    Tive medo e não consegui dormir

Vamos sair - mas não temos mais dinheiro       Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando          Os meus amigos todos estão procurando
emprego                                        emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás        Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa                        E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.                      Envelhecemos dez semanas.

Vamos lá tudo bem - eu só quero me             Vamos lá tudo bem - eu só quero me
divertir                                       divertir
esquecer, dessa noite ter um lugar legal prá   esquecer, dessa noite ter um lugar legal prá
ir                                             ir
JÁ entregamos o alvo e artilharia              Já entregamos o alvo e artilharia
Comparamos nossas vidas                        Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia                         E mesmo assim, não tenho pena de
Nossas vidas possam se encontrar.              ninguém.


SERENÍSSIMA
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá




                                                                                   Folha 31
Sou um animal sentimental                      O que ninguém percebe é o que todo mundo
Me apego facilmente ao que desperta o meu      sabe
desejo                                         No entendo terrorismo, falávamos de
Tente me obrigar a fazer o que não quero       amizade.
E você vai logo ver o que acontece
                                               Não estou mais interessado no que sinto
Acho que entendo o que você quis me dizer      Não acredito em nada além do que duvido
Mas existem outras coisas                      Você espera respostas que eu não tenho
                                               Mas não vou brigar por causa disso
Consegui meu equilíbrio cortejando a
insanidade,                                    Até penso duas vezes se você quiser ficar.
Tudo está perdido mas existem
possibilidades,                                Minha laranjeira verde, porque está tão
Tínhamos a idéia, você mudou os planos         prateada?
Tínhamos um plano, você mudou de idéia         Foi da lua desta noite, do sereno da
                                               madrugada
Já passou, já passou - quem sabe outro dia.    Tenho um sorriso bobo, parecido com
                                               soluço
Antes eu sonhava, agora já não durmo           Enquanto o caos segue em frente
Quando foi que competimos pela primeira        Com toda a calma do mundo.
vez?

VENTO NO LITORAL
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

De tarde quero descansar, chegar até a praia   Foi só o tempo que errou
Ver se o vento ainda está forte                Vai ser difícil sem você
E vai ser bom subir nas pedras.                Porque você está comigo o tempo todo.

Sei que faço isso para esquecer                E quando vejo o mar
Eu deixo a onda me acertar                     Existe algo que diz:
E o vento vai levando tudo embora              "- A vida continua e se entregar é uma
                                               bobagem."
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:           Já que você não está aqui,
Dos nossos planos é que eu tenho mais          O que posso fazer é cuidar de mim.
saudade,                                       Quero ser feliz ao menos.
Quando olhávamos juntos na mesma               Lembra que o plano era ficarmos bem?
direção.
                                               "- Ei, olha só o que achei: cavalos-
Aonde está você agora                          marinhos."
Além de aqui dentro de mim?                    Sei que faço isso prá esquecer
                                               Eu deixo a onda me acertar
Agimos certo sem querer                        E o vento vai levando tudo embora.

O MUNDO ANDA TÃO COMPLICADO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Gosto de ver você dormir                       O telefone chega sexta-feira
Que nem criança com a boca aberta              Aperta o passo, por causa da garoa



                                                                                      Folha 32
Agora que temos nossa casa
Me empresta um par de meias                    É a chave o que sempre esqueço.
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia                     Vamos chamar nossos amigos
Amanhã é sua vez                               A gente faz uma feijoada
                                               Esquece um pouco do trabalho
Vem c meu bem, que é bom lhe ver               E fica de bate-papo.
O mundo anda tão complicado                    Temos a semana inteira pela frente
Que hoje eu quero fazer tudo por você          Você me conta como foi seu dia
                                               E a gente diz um pro outro:
Temos que consertar o despertador              "- Estou com sono, vamos dormir!"
E separar todas as ferramentas
A mudança grande chegou                        Vem cá meu bem, que é bom lhe ver
Com o fogão e a geladeira e a televisão        O mundo anda tão complicado
                                               Que hoje eu quero fazer tudo por você.
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça      Quero ouvir uma canção de amor
E na quinta chegou o som.                      Que fale da minha situação
                                               De quem deixou a segurança do seu mundo
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo          Por amor
E até que é fácil acostumar-se com meu         Por amor.
jeito

L'AGE D'OR
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Aprendi a esperar mas não tenho mais           Eu vi uma serpente entrando no jardim
certeza                                        Vai ver que é de verdade dessa vez
Agora que estou bem, tão pouca coisa me        Meu tornozelo coça, por causa de mosquito
interessa                                      Estou com os cabelos molhados, me sinto
Contra minha própria vontade sou teimoso,      limpo.
sincero
E insisto em ter vontade própria.              Não existe beleza na mis‚ria
                                               E não tem volta por aqui,
Se a sorte foi um dia alheia ao meu sustento   Vamos tentar outro caminho
Não houve harmonia entre ação e
pensamento.                                    Estamos em perigo, só que ainda não
                                               entendo
Qual é o teu nome, qual é o teu signo?         É que tudo faz sentido
Teu corpo é gostoso, teu rosto é bonito
Qual é o teu arcano, tua pedra preciosa        E não sei mais
Acho tocante acreditares nisso.                Se é só questão de sorte

JÁ tentei muitas coisas, de heroína a Jesus    Não sei mais
Tudo que já fiz foi por vaidade                Não sei mais
Jesus foi traído com um beijo                  Não sei mais.
Davi teve um grande amigo
                                               L vem os jovens gigantes de marmore
E não sei mais                                 Trazendo anzóis na palma da mão.
Se é só questão de sorte.                      Não é belo todo e qualquer mistério?




                                                                                    Folha 33
O maior segredo é não haver mistério
algum.

COME SHARE MY LIFE
Música: Tradicional folclore americano
Arranjos: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá
                           Álbum 6: Música para Acampamentos
                           Período de Gravação: (Coletânea de apresentações ao vivo)

                           Data de lançamento: 1992

                           Produzido por: Mayrton Bahia


Músicas:

DISCO 1:

1.   Fábrica
2.   Daniel na Cova Dos Leões
3.   Canção do Senhor da Guerra
4.   Teatro dos Vampiros
5.   Ainda É Cedo (Inc. Gimme Shelter)
6.   Baader-Meinhof Blues
7.   Montanha Mágica
8.   Eu Sei
9.   "Índios"

DISCO 2:

1. Dança
2. Mais do Mesmo
3. Soldados
4. Música Urbana 2
5. On The Way Home
6. Maurício
7. Há Tempos
8. Pais e Filhos
9. Faroeste Caboclo
10.Exit Music: Rhapsod in Blue


                           Álbum 7: O Descobrimento do Brasil
                           Período de Gravação: Setembro a Novembro de 1993

                           Data de lançamento: dezembro 1993

                           Produzido por: Mayrton Bahia e Legião Urbana




                                                                                       Folha 34
Músicas:

1. Vinte e Nove
2. Fonte
3. Do Espírito
4. Perfeição
5. Passeio da Boa Vista
6. Descobrimento do Brasil
7. Os Barcos
8. Vamos Fazer Um Filme
9. Os Anjos
10.Um Dia Perfeito
11.Giz
12.Love In The Afternoon
13.La Nuova Gioventu
14.Só Por Hoje


VINTE E NOVE
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Perdi vinte em vinte e nove amizades           Decidi começar a viver.
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes      Quando você deixou de me amar
Estou aprendendo a viver sem você              Aprendi a perdoar
(Já que você não me quer mais.)                E a pedir perdão.

Passei vinte e nove meses num navio            E vinte e nove anjos me saudaram
E vinte e nove dias na prisão                  E tive vinte e nove amigos outra vez.
E aos vinte e nove com o retorno de Saturno

A FONTE
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

O que há de errado comigo ?                    Não sei mais do que sou capaz.
Não consigo encontrar abrigo                   Esperança, teus lençóis tem cheiro de
Meu país é campo inimigo                       doença
E você finge que vê mas não vê                 E veja que da fonte sou os quilômetros
Lave suas mãos que é a sua porta que irão      adiante
bater
Mas antes você ver seus pequenos filhos        Celebro todo dia
trazendo novidades                             Minha vida e meus amigos
                                               Eu acredito em mim
Quantas crianças foram mortas desta vez ?      E continuo limpo
Não faça com os outros
O que você não quer que seja feito com         Você acha que sabe mas você não vê que a
você                                           maldade é prejuízo
Você finge que não vê e isso d câncer          O que há de errado comigo ? Eu não sei
                                               nada e continuo limpo



                                                                                  Folha 35
Olhe nos meus olhos, sou o homem-tocha
Do lado do cipreste branco                     Me tira essa vergonha
À esquerda da entrada do inferno               Me liberta dessa culpa
Está a fonte do esquecimento                   Me arranca esse ódio
Vou mais além, não bebo desta água             Me livra desse medo
Chego ao lago da memória
Que tem água pura e fresca                     Olhe nos meus olhos, sou o homem-tocha
E digo aos guardiões da entrada:               E está é uma canção de amor
- Sou filho da Terra e do Céu                  E está é uma canção de amor
                                               E está é uma canção de amor
Dai me de beber que tenho uma sede sem
fim

DO ESPÍRITO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Sai de mim                                     Não, não, não venha prá cá
Que eu não quero mais saber de você            Que eu não quero mais saber de você.
Esse "- Eu te quero." já não me convence       Não, não, não venha prá cá
mais                                           Que eu não quero mais saber de você.
E agora já nem me incomoda
                                               Não me procura não
Sai de mim, não gosto de ser rejeitado         Você não vai me achar
E agora não tem volta.                         Você não consegue entender.

Eu pego o bonde andando                        [solo]
Você pegou o bonde errado
Sua curiosidade é m                            Não, não, não, venha prá cá
E a ignorância é vizinha da maldade            Que eu não quero mais saber de você.
                                               Não, não, não, venha prá cá
E só porque eu tenho                           Que eu não quero mais saber de você.
Não pense que é de mim que você
Vai ter e conseguir o que não tem.             Não me procura não
                                               Você não vai me achar
Só estou aberto a quem sempre foi do bem       Você não consegue entender.
E agora estou fechado prá você.

PERFEIÇÃO                                      Nossa polícia e televisão
Letra: Renato Russo                            Vamos celebrar o nosso governo
Música: Dado Villa Lobos/Renato                E nosso estado que não é nação
Russo/Marcelo Bonfá
Inc. "O Bêbado e a Equilibrista" (A.           Celebrar a juventude sem escolas
Blanc/J. Bosco)                                As crianças mortas
                                               Celebrar nossa desunião
1                                              Vamos celebrar Eros e Thanatus
Vamos celebrar a estupidez humana              Persáphone e Hades
A estupidez de todas as nações
                                               Vamos celebrar nossa tristeza
O meu país e sua corja de assassinos           Vamos celebrar nossa vaidade
Covardes, estupradores e ladrões

Vamos celebrar a estupidez do povo             2

                                                                                  Folha 36
Vamos comemorar como idiotas               Vamos cantar juntos o hino nacional
A cada fevereiro e feriado                 (A lágrima é verdadeira)
Todos os mortos nas estradas               Vamos celebrar nossa saudade
E os mortos por falta de hospitais         E comemorar a nossa solidão

Vamos celebrar nossa justiça               4
A ganância e a difamação                   Vamos festejar a inveja
Vamos celebrar os preconceitos             A intolerância e a incompreensão
E o voto dos analfabetos                   Vamos festejar a violência
                                           E esquecer a nossa gente
Comemorar a água podre                     Que trabalhou honestamente a vida inteira
Todos os impostos, queimadas, mentiras e   E agora não tem mais direito a nada
sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas           Vamos celebrar a aberração
O trabalho escravo e nosso pequeno         De toda nossa falta de bom senso
universo
                                           Nosso descaso por educação
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo o roubo e toda a indiferença          Vamos celebrar o horror de tudo isso
Vamos celebrar epidemias                   Com festa, velório e caixão
É a festa da torcida campeã                Está tudo morto e enterrado agora
                                           JÁ aqui também podemos celebrar
3                                          A estupidez de quem cantou essa canção
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir                       5
Não se ter a quem amar                     Venha, meu coração está com pressa
                                           Quando a esperança está dispersa
Vamos alimentar o que é maldade            Só a verdade me liberta
Vamos machucar um coração                  Chega de maldade e ilusão
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos        Venha, o amor tem sempre a porta aberta
                                           E vem chegando a primavera
Tudo o que é gratuito e feio               Nosso futuro recomeça
Tudo o que é normal                        Venha, que o que vem é perfeição



O PASSEIO DA BOA VISTA (Instrumental)
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo


O DESCOBRIMENTO DO BRASIL
Letra: Renato Russo
Música: Marcelo Bonfá

Ela me disse que trabalha no correio       Quem viu a tua alma entrar?
E que namora um menino eletricista
Estou pensando em casamento,               Quem são teus inimigos?
Mas não quero me casar.                    Quem é de tua cria?
                                           A professora Adélia,
Quem modelou teu rosto?                    A tia Edilamar
Quem viu a tua alma entrando?              E a tia Esperança.


                                                                              Folha 37
Ser que você vai saber
Ser que você vai saber                     O quanto penso em você com o meu
O quanto penso em você com o meu           coração?
coração?
                                           A gente quer é um lugar prá gente
Quem está agora a teu lado?                A gente quer é de papel passado
Quem para sempre está?                     Com festa, bolo e brigadeiro
Quem para sempre estar?                    A gente quer um canto sossegado
                                           A gente quer um canto de sossego.
Ela me disse que trabalha no correio
E que namora um menino eletricista         Estou pensando em casamento
As famílias se conhecem bem                Mas 'ainda não posso me casar.
E são amigas nesta vida.                   Eu sou rapaz direito
                                           E fui escolhido pela menina mais bonita.

OS BARCOS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa Lobos/Renato Russo

Você diz que tudo terminou                 Ó dor, se há - tentava, já não tento.
Você não quer mais o meu querer
Estamos medindo foras desiguais:           E ao transformar em dor o que é vaidade
Qualquer um pode ver                       E ao ter amor se este é só orgulho
Que isso terminou p'rá você.               Eu faço da mentira, liberdade
                                           E de qualquer quintal faço cidade
São isso palavras: teço ensaio e cena
A cada ato enceno a diferença              E insisto que é virtude o que é entulho:
Do que é amor ficou o seu retrato          Baldio é o meu terreno e meu alarde.
A peça que interpreto
Um improviso insensato                     Eu vejo você se apaixonando outra vez
Essa saudade eu sei de cor                 Eu fico com a saudade
Sei o caminho dos barcos.                  Você com outro alguém.
                                           E você diz que tudo terminou
E a muito estou alheio e quem me entende   Mas qualquer um pode ver:
Recebe o resto exato e tão pequeno:        Isso terminou p'rá você.

VAMOS FAZER UM FILME
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo

Achei um 3x4 teu e não quis acreditar      O sistema é maus, mas minha turma é legal
Que tinha sido a tanto tempo atrás         Viver é foda , morrer é difícil
Um exemplo de bondade e respeito           Te ver é uma necessidade
Do que o verdadeiro amor é capaz.          Vamos fazer um filme.

A minha escola não tem personagem          E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te
A minha escola tem gente de verdade        amo."?
Alguém falou do fim do mundo,
O fim do mundo já passou                   Sem essa de que: "Estou sozinho."
Vamos começar de novo:                     Somos muito mais que isso
Um por todos, todos por um.                Somos pingüim, somos golfinho
                                           Homem, sereia e beija-flor



                                                                                   Folha 38
E no meio de um depressão
Leão, leoa e leão-marinho                     Te ver e ter beleza e fantasia.
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e
respeito                                      E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te
Chega de opressão.                            amo."?
Quero viver a minha vida em paz.              E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te
                                              amo."?
Quero um milhão de amigos                     E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te
Quero iramos e irmãs                          amo."?
Deve de ser cisma minha                       E hoje em dia, vamos fazer um filme ?
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida                      Eu te amo
É vê-la como um musical dos anos trinta       Eu te amo
                                              Eu te amo

OS ANJOS
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa Lobos

Hoje não dá                                   Duas xícaras de indiferença
Hoje não dá                                   E um tablete e meio de preguiça.
Não sei mais o que dizer
E nem o que pensar.                           Hoje não dá
                                              Hoje não dá
Hoje não dá                                   Esta um dia tão bonito lá fora
Hoje não dá                                   E eu quero brincar
A maldade humana agora não tem nome
Hoje não dá.                                  Mas hoje não dá
Pegue duas medidas de estupidez               Hoje não dá
Junte trinta e quatro partes de mentira       Vou consertar a minha asa quebrada
Coloque tudo numa forma                       E descansar.
Untada previamente
Com promessas não cumpridas                   Gostaria de não saber destes crimes atrozes
                                              É todo dia agora e o que vamos fazer?
Adicione a seguir o ódio e a inveja           Quero voar p'rá bem longe mas hoje não dá
As dez colheres cheias de burrice             Não sei o que pensar e nem o que dizer
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça: antes de levar ao forno     Só nos sobrou do amor
Temperar com essência de espirito de porco,   A falta que ficou.

UM DIA PERFEITO
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos

Quase morri
Ha menos de trinta e duas horas atrás         Corre, corre, corre
Hoje a gente fica na varanda                  Que vai chover
Um dia perfeito com as crianças.              Olha a chuva!

São as pequenas coisas que valem mais         Não vou me deixar embrutecer
É tão bom estarmos juntos                     Eu acredito nos meus ideais
E tão simples : um dia perfeito.              Podem até maltratar meu coração



                                                                                 Folha 39
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DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
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DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 

Legio urbana todas as letras completas

  • 1. Legiãourbana Todas as letras de todos os discos Folha 1
  • 2. Álbum 1: LEGIÃO URBANA Período de Gravação: Outubro a Dezembro de 1984 Data de lançamento: 1 de Janeiro de 1985 Produzido por: Mayrton Bahia Músicas: 1. Será 2. Dança 3. Petróleo do Futuro 4. Ainda É Cedo 5. Perdidos no Espaço 6. Geração Coca-Cola 7. Reggae 8. Baader-Meinhof Blues 9. Soldados 10.Teorema 11.Por Enquanto SERÁ Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Folha 2
  • 3. Tire suas mãos de mim Serão noites inteiras Eu não pertenço a você Talvez por medo da escuridão Não é me dominado assim Que você vai me entender Ficaremos acordados Imaginando alguma solução Eu posso estar sozinho Prá que esse nosso egoísmo Mas eu sei muito bem aonde estou Não destrua nosso coração. Você pode até duvidar Acho que isso não é amor. [refrão] [refrão] Brigar prá quê Se é sem querer Será isso imaginação? Quem é que vai Será que nada vai acontecer? Nos proteger? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer? Ser que vamos ter Que responder Nos perderemos entre monstros Pelos erros a mais Da nossa própria criação Eu e você? A DANÇA Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Não sei o que é direito E as suas teorias Isso vejo preconceito E a sua rebeldia E a sua roupa nova E a sua solidão É só uma roupa nova Vive com seus excessos Você não tem idéias Mas não tem mais dinheiro Prá acompanhar a moda Prá comprar outra fuga Tratando as meninas Sair de casa então Como se fossem lixo Então é outra festa Ou então espécie rara É outra sexta-feira Só a você pertence Que se dane o futuro Ou então espécie rara Você tem a vida inteira Que você não respeita Você é tão esperto Ou então espécie rara Você está tão certo Que é isso um objeto Mas você nunca dançou Prá usar e jogar fora Com ódio de verdade. Depois de ter prazer. Você é tão esperto Você é tão moderno Você está tão certo Se acha tão moderno Que você nunca vai errar Mas é igual a seus pais Mas a vida deixa marcas É só questão de idade Tenha cuidado Passando dessa fase Se um dia você dançar. Tanto fez e tanto faz. [solo] Você com as suas drogas Folha 3
  • 4. Nós somos tão modernos Você é tão esperto Só não somos sinceros Você está tão certo Nos escondemos mais e mais Que você nunca vai errar É só questão de idade Mas a vida deixa marcas Passando dessa fase Tenha cuidado Tanto fez e tanto faz Se um dia você dançar. PETRÓLEO DO FUTURO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo Ah, se eu soubesse lhe dizer o que eu sonhei Mas você também não sabe ontem a noite E o que é que eu tenho a ver com isso? Você ia querer me dizer tudo sobre o seu sonho também. Sou brasileiro errado E o que é que eu tenho a ver com isso? Vivendo em separado Contando os vencidos Ah, se eu soubesse lhe dizer o que eu vi De todos os lados. ontem a noite Você ia querer ver mas não ia acreditar. [solo] E o que é que eu tenho a ver com isso? Ah, se eu soubesse lhe dizer Filósofos suicidas O que fazer prá todo mundo ficar junto Agricultores famintos Todo mundo já estava ha muito tempo Desaparecendo E o que é que eu tenho a ver com isso? Embaixo dos arquivos Filósofos suicidas Ah, se eu soubesse lhe dizer qual é a sua Agricultores famintos tribo Desaparecendo Também saberia qual é a minha Embaixo dos arquivos AINDA É CEDO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá/Ico Ouro-Preto Uma menina me ensinou E por isso se agarrava a mim também Quase tudo o que eu sei Eu me agarrava nela Era quase escravidão Porque eu não tinha mais ninguém. Mas ela me tratava como um rei E eu dizia: - Ainda é cedo Ela fazia muitos planos cedo Eu isso queria estar ali cedo Sempre ao lado dela cedo Eu não tinha aonde ir cedo Mas, egoísta que eu sou, [solo] Me esqueci de ajudar A ela como ela me ajudou Sei que ela terminou E não quis me separar. O que eu não comecei E o que ela descobriu Ela também estava perdida Eu aprendi também, eu sei. Folha 4
  • 5. Vamos dar um tempo, um dia a gente se Ela falou: - Você tem medo. vê." Am eu disse: - Quem tem medo é você. Falamos o que não devia E eu dizia: - Ainda é cedo Nunca ser dito por ninguém cedo cedo Ela me disse: cedo. "- Eu não sei mais o que eu sinto por você. PERDIDOS NO ESPAÇO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Escrevi prá você e você não respondeu Escrevi prá você e você não respondeu Também não respondi quando você me Também não respondi quando você me escreveu escreveu Anotei seu telefone num pedaço de papel Anotei seu telefone num pedaço de papel E calculei seu ascendente no recibo do E calculei seu ascendente no recibo do aluguel. aluguel. Esqueci seu sobrenome, Esqueci seu sobrenome, Mas me lembro de você. Mas me lembro de você. E a rotina crescia como planta E era como se jogassem Space Invaders E engulia a metade do caminho Perdendo mais dinheiro de muitas maneiras E a mudança levou tempo por ser tão veloz Vivendo num planeta perdido como nós Enquanto estávamos a salvo Quem sabe ainda estamos a salvo? Ficamos suspensos, Ficamos suspensos Perdidos no espaço. Perdidos no espaço. GERAÇÃO COCA-COLA Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Quando nascemos fomos programados A receber o que vocês nos empurraram [I] Com os enlatados dos USA, de 9 às 6. Depois de vinte anos na escola Não é difícil aprender Desde pequenos nós comemos lixo Todas as manhas do jogo sujo Comercial e industrial Não é assim que tem que ser? Mas agora chegou nossa vez Vamos cuspir de volta o lixo em cima de Vamos fazer nosso dever de casa vocês. E aí então, vocês vão ver Suas crianças derrubando reis [refrão] Fazer com‚dia no cinema com as suas leis. Somos os filhos da revolução [refrão] Somos burgueses sem religião [solo de voz] Nós somos o futuro da nação [repete I] Geração Coca-Cola. [refrão] Folha 5
  • 6. O REGGAE Letra: Renato Russo Música: Renato Russo/Marcelo Bonfá Ainda me lembro aos três anos de idade Me faz o que eu pedir O meu primeiro contato com as grades Não faz o que eu fizer O meu primeiro dia na escola Mas não me deixe aqui Como eu senti vontade de ir embora Ninguém me perguntou se eu estava pronto Fazia tudo que eles quisessem E eu fiquei completamente tonto Acreditava em tudo que eles me dissessem Procurando descobrir a verdade Me pediram para ter paciência No meio das mentiras da cidade Falhei Tentava ver o que existia de errado Então gritaram: - Cresça e apareça! Quantas crianças Deus já tinha matado. Cresci e apareci e não vi nada Beberam meu sangue e não me deixam Aprendi o que era certo com a pessoa errada viver Assistia o jornal da TV Tem o meu destino pronto e não me deixam E aprendi a roubar prá vencer escolher Nada era como eu imaginava Vem falar de liberdade prá depois me Nem as pessoas que eu tanto amava prender Mas e daí, se é mesmo assim Pedem identidade prá depois me bater Vou ver se tiro o melhor prá mim. Tiram todas minhas armas Como posso me defender? [solo] Vocês venceram está batalha Quanto a guerra, Me ajuda se eu quiser Vamos ver. BAADER-MEINHOF BLUES Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá A violência é tão fascinante Meu corpo é quente e estou sentindo frio E nossas vidas são tão normais Todo mundo sabe e ninguém quer mais E você passa de noite e sempre vê saber Apartamentos acessos Afinal, amar ao próximo é tão demode. Tudo parece ser tão real Mas você viu esse filme também. Essa justiça desafinada É tão humana e tão errada Andando nas ruas Nós assistimos televisão também Pensei que podia ouvir Qual é a diferença? Alguém me chamando Dizendo meu nome. Não estatize meus sentimentos Prá seu governo, JÁ estou cheio de me sentir vazio O meu estado é independente. SOLDADOS Letra: Renato Russo Música: Renato Russo/Marcelo Bonfá Nossas meninas estão longe daqui Folha 6
  • 7. Não temos com quem chorar e nem prá Porque lutar. onde ir Se lembra quando era isso brincadeira Nossas meninas estão longe daqui Fingir ser soldado a tarde inteira? E de repente eu vi você cair Não sei armar o que eu senti Mas agora a coragem que temos no coração Não sei dizer que vi você ali. Parece medo da morte mas não era então Tenho medo de lhe dizer o que eu quero Quem vai saber o que você sentiu? tanto Quem vai saber o que você pensou? Tenho medo e eu sei porque: Quem vai dizer agora o que eu não fiz? Estamos esperando. Como explicar prá você o que eu quis Quem é o inimigo? Somos soldados Quem é você? Pedindo esmola Nos defendemos tanto tanto sem saber E a gente não queria lutar. TEOREMA Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Não vá embora Prá tentar ser feliz. Fique um pouco mais Ninguém sabe fazer Parece energia mas é só distorção O que você me faz E parece que sempre termina Mas não tem fim. É exagero E pode até não ser Não vá embora O que você consegue Fique um pouco mais Ninguém sabe fazer. Ninguém sabe fazer O que você me faz Parece energia mas é isso distorção E não sabemos se isso é problema É exagero Ou se é a solução. E pode até não ser O que você consegue Não tenha medo Ninguém sabe fazer. Não preste atenção Não dê conselhos Parece um teorema sem ter demonstração Não peça permissão. E parece que sempre termina É só você quem deve decidir o que fazer Mas não tem fim. POR ENQUANTO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Mudaram as estações e nada mudou Que o prá sempre Mas eu sei que alguma coisa aconteceu Sempre acaba? Esta tudo assim tão diferente Mas nada vai conseguir mudar o que ficou Quando penso em alguém Se lembra quando a gente chegou um dia a Só penso em você acreditar E aí então estamos bem Que tudo era prá sempre Sem saber Folha 7
  • 8. Mesmo com tantos motivos prá deixar tudo como está E nem desistir, nem tentar Agora tanto faz Estamos indo de volta prá casa. Folha 8
  • 9. Álbum 2: "DOIS" Período de Gravação: Janeiro a Março de 1986 Data de lançamento: 1986 Produzido por: Mayrton Bahia Músicas: 1. Daniel Na Cova dos Leões 2. Quase Sem Querer 3. Acrylic On Canvas 4. Eduardo E Mônica 5. Central do Brasil 6. Tempo Perdido 7. Metrópole 8. Plantas Embaixo do Aquário 9. Música Urbana 2 10.Andréa Dória 11.Fábrica 12."Índios" No cassete: Química (versão ao vivo) DANIEL NA COVA DOS LEÕES Letra: Renato Russo Música: Renato Russo/Renato Rocha Aquele gosto amargo do teu corpo E o teu medo de ter medo de ter medo Ficou na minha boca por mais tempo: Não faz da minha força confusão: De amargo e então salgado ficou doce, Teu corpo é meu espelho e em ti navego Assim que o teu cheiro forte e lento E sei que tua correnteza não tem direção. Fez casa nos meus braços e ainda leve [solo] E forte e cego e tenso fez saber Que ainda era muito e muito pouco. Mas, tão certo quanto o erro de ser barco A motor e insistir em usar os remos, Faço nosso o meu segredo mais sincero É o mal que a água faz quando se afoga E desafio o instinto dissonante. E o salva-vidas não está lá porque não A insegurança não me ataca quando erro vemos. E o teu momento passa a ser o meu instante. QUASE SEM QUERER Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha Tenho andado distraído, Isso que agora é diferente: Impaciente e indeciso Estou tão tranqüilo E ainda estou confuso. E tão contente. Folha 9
  • 10. E eu sei que você sabe Quantas chances desperdicei Quase sem querer Quando o que eu mais queria Que eu vejo o mesmo que você. Era provar prá todo o mundo Que eu não precisava Tão correto e tão bonito: Provar nada prá ninguém. O infinito é realmente Um dos deuses mais lindos. Me fiz em mil pedaços Sei que às vezes uso Prá você juntar Palavras repetidas E queria sempre achar Mas quais são as palavras Explicação pro que eu sentia. Que nunca são ditas? Como um anjo caído Fiz questão de esquecer Me disseram que você estava chorando Que mentir prá si mesmo E foi então que percebi É sempre a pior mentira. Como lhe quero tanto. Mas não sou mais Já não me preocupo Tão criança a ponto de saber Se eu não sei porquê Tudo. às vezes o que eu vejo Quase ninguém vê Já não me preocupo Se eu não sei porquê E eu sei que você sabe às vezes o que eu vejo Quase sem querer Quase ninguém vê Que eu quero o mesmo que você. ACRYLIC ON CANVAS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá É saudade, então Sempre as mesmas "disculpas" E mais uma vez E desculpas nem sempre são sinceras De você fiz o desenho Quase nunca são. Mais perfeito que se fez Preparei a minha tela Os traços copiei Com pedaços de lençóis Do que não aconteceu Que não chegamos a sujar As cores que escolhi Dentre as tintas que inventei A armação fiz com madeira Da janela do seu quarto Misturei com a promessa Do portão da sua casa Que nós dois nunca fizemos Fiz paleta e cavalete De um dia sermos três E com as lágrimas que não brincaram com Trabalhei você você Em luz e sombra Destilei óleo de linhaça E da sua cama arranquei pedaços E era sempre: Que talhei em estiletes de tamanhos "- Não foi por mal. diferentes - Eu juro que nunca quis deixar você tão E fiz então, pincéis com seus cabelos triste" Fiz carvão do batom que roubei de você Folha 10
  • 11. E com ele marquei dois pontos de fuga "- Sinto muito, ela não mora mais aqui". E rabisquei meu horizonte. Mas então porque eu finjo E era sempre: Que acredito no que invento "- Não foi por mal. Nada disso aconteceu assim - Eu juro que não foi por mal, eu não Não foi desse jeito. queria machucar você. Prometo que isso não vai acontecer mais Ninguém sofreu uma vez" E é só você Que provoca essa saudade vazia E era sempre, sempre o mesmo novamente Tentando pintar essas flores com o nome A mesma traição De Amor-Perfeito e Não-Te-Esqueças-De-Mim. Ás vezes é difícil esquecer: EDUARDO E MÔNICA Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Quem um dia ira dizer Depois telefonaram e decidiram se Que existe razão encontrar. Nas coisas feitas pelo coração? O Eduardo sugeriu uma lanchonete E quem ira dizer Mas a Mônica queria ver o filme do Godard. Que não existe razão? Se encontraram então no parque da cidade Eduardo abriu os olhos mas não quis se A Mônica de moto e o Eduardo de camelo. levantar: O Eduardo achou estranho e melhor não Ficou deitado e viu que horas eram comentar Enquanto Mônica tomava um conhaque, Mas a menina tinha tinta no cabelo. Noutro canto da cidade, Como eles disseram. Eduardo e Mônica eram nada parecidos Ela era de Leão e ele tinha dezesseis. Eduardo e Mônica um dia se encontraram Ela fazia Medicina e falava alemão sem querer E ele ainda nas aulinhas de inglês. E conversaram muito mesmo prá tentar se conhecer. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, Foi um carinha do cursinho do Eduardo que De Van Gogh e dos Mutantes, disse: De Caetano e de Rimbaud "- Tem uma festa legal e a gente quer se E o Eduardo gostava de novela divertir." E jogava futebol-de-botão com a seu avô. Festa estranha, com gente esquisita: Ela falava coisas sobre o Planalto Central, "- Eu não estou legal. Não aguento mais Também magia e meditação. birita." E o Eduardo ainda estava E a Mônica riu e quis saber um pouco mais No esquema "escola - cinema - clube - Sobre o boyzinho que tentava impressionar televisão." E o Eduardo, meio tonto, isso pensava em ir E, mesmo com tudo diferente, prá casa: Veio mesmo, de repente, "- É quase duas, eu vou me ferrar." Uma vontade de se ver E os dois se encontravam todo dia Eduardo e Mônica trocaram telefone E a vontade crescia, Folha 11
  • 12. Como tinha de ser. Que nem feijão com arroz. Eduardo e Mônica fizeram natação, Construíram uma casa uns dois anos atrás fotografia, Mais ou menos quando os gêmeos vieram Teatro e artesanato e foram viajar. Batalharam grana e seguraram legal A Mônica explicava pro Eduardo A barra mais pesada que tiveram. Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar: Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo Eduardo e Mônica voltaram prá Brasília crescer E a nossa amizade da saudade no verão. E decidiu trabalhar; Só que nessas f‚rias não vão viajar Porque o filhinho do Eduardo tá de E ela se formou no mesmo mês recuperação. Em que ele passou no vestibular. E os dois comemoraram juntos E quem um dia ira dizer E também brigaram juntos, muitas vezes Que existe razão depois. Nas coisas feitas pelo o coração? E todo mundo diz que ele completa ela e E quem ira dizer vice-versa, Que não existe razão? CENTRAL DO BRASIL (Instrumental) Música: Renato Russo TEMPO PERDIDO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Todos os dias quando acordo, A tempestade que chega é da cor dos teus Não tenho mais o tempo que passou olhos castanhos. Mas tenho muito tempo Então me abraça forte e me diz mais uma Temos todo o tempo do mundo. vez Que já estamos distantes de tudo: Todos os dias antes de dormir, Lembro e esqueço como foi o dia: Temos nosso próprio tempo. "Sempre em frente, Não temos tempo a perder." Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas agora. Nosso suor sagrado O que foi escondido é o que se escondeu É bem mais belo que esse sangue amargo E o que foi prometido, ninguém prometeu. E tão sério Nem foi tempo perdido. E selvagem. Somos tão jovens. Veja o sol dessa manhã tão cinza: METRÓPOLE Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá "É sangue mesmo, não é mertiolate." "Ó tão emocionante um acidente de E todos querem ver verdade." E comentar a novidade. Estão todos satisfeitos Com o sucesso do desastre: Folha 12
  • 13. É contra o regulamento, está bem aqui, pode "- Vai passar na televisão." ver." "Por gentileza, aguarde um momento. Ordens são ordens. Sem carteirinha, não tem atendimento Carteira de trabalho assinada, sim senhor. "- Em todo caso já temos sua ficha. Olha o tumulto: façam fila por favor." Só falta o recibo comprovando residência. P'ra limpar todo esse sangue, chamei a "- Todos com a documentação" faxineira E agora eu já vou indo senão eu perco a "- Quem não tem senha, não tem lugar novela marcado. Eu sinto muito, mas já passa do horário. E eu não quero ficar na mão." Entendo seu problema mas não posso resolver: PLANTAS DEBAIXO DO AQUÁRIO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá Sente o desafio e provoque um desempate: Pense isso um pouco, Desarme a armadilha e desmonte o disfarce. Não há nada de novo. Se afaste do abismo Você vive insatisfeito e não confia em Faça do bom-senso a nova ordem. ninguém E não acredita em nada Não deixe a guerra começar. E agora é isso cansaço e falta de vontade, Mas, faça do bom-senso a nova ordem: [diálogos em francês e inglês] Não deixe a guerra começar. MUSICA URBANA II Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Em cima dos telhados as antenas de TV O vento forte seco e sujo em cantos de tocam música urbana concreto Nas ruas os mendigos com esparadrapos Parece música urbana podres E a matilha de crianças sujas no meio da rua Cantam música urbana. Música urbana. Motocicletas querendo atenção às três da E nos pontos de ônibus estão todos ali: manha música urbana É só música urbana. Os uniformes, os cartazes Os PM's armados e as tropas de choque Cinemas e os lares vomitam música urbana Favelas, coberturas E nas escolas as crianças aprendem a repetir Quase todos os lugares. a música urbana. Nos bares os viciados sempre tentam E mais uma criança nasceu. conseguir a música urbana. Não há mentiras nem verdades aqui Só há música urbana. Folha 13
  • 14. Yeah, música urbana ANDRÉA DÓRIA Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Ás vezes parecia que, de tanto acreditar E o mundo então seria um livro aberto, Em tudo que achávamos tão certo, Até chegar o dia em que tentamos ter Teríamos o mundo inteiro e até um pouco demais, mais: Vendendo fácil o que não tinha preço. Faríamos floresta do deserto E diamantes de pedaços de vidro. Eu sei - é tudo sem sentido. Quero ter alguém com quem conversar, Mas percebo agora Alguém que depois não use o que eu disse Que o teu sorriso Contra mim. Vem diferente, Quase parecendo te ferir. Nada mais vai me ferir. É que eu já me acostumei Não queria te ver assim Com a estrada errada que segui Quero a tua força como era antes. E com a minha própria lei. O que tens é isso teu E de nada vale fugir Tenho o que ficou E não sentir mais nada. E tenho sorte até demais, Como sei que tens também. Ás vezes parecia que era só improvisar FÁBRICA Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Nosso dia vai chegar Temperada a ferro e fogo? Teremos nossa vez. Quem aguarda os portões da fabrica? Não é pedir demais: Quero justiça, O céu já foi azul, mas agora é cinza Quero trabalhar em paz. E o que era verde aqui já não existe mais. Não é muito o que eu lhe peço Quem me dera acreditar Eu quero trabalho honesto Que não acontece nada de tanto brincar com Em vez de escravidão. fogo. Deve haver algum lugar Que venha o fogo então. Onde o mais forte Não consegue escravizar [solo] Quem não tem chance. Esse ar deixou minha vista cansada, De onde vem a indiferença Nada demais. "ÍNDIOS" Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Quem me dera, ao menos uma vez Que era prova de amizade Ter de volta todo o ouro que entreguei Se alguém levasse embora até o que eu não A quem conseguiu me convencer tinha. Folha 14
  • 15. Quando descobri que é sempre isso você Quem me dera, ao menos uma vez, Que me entende do início ao fim Esquecer que acreditei que era por E é isso você que tem a cura do meu vício brincadeira De insistir nessa saudade que eu sinto Que se cortava sempre um pano-de-chão De tudo que eu ainda não vi. De linho nobre e pura seda. Quem me dera, ao menos uma vez, Quem me dera, ao menos uma vez, Acreditar por um instante em tudo que Explicar o que ninguém consegue entender: existe Que o que aconteceu ainda está por vir E acreditar que o mundo é perfeito E o futuro não é mais como era E que todas as pessoas são felizes. antigamente. Quem me dera, ao menos uma vez, Quem me dera, ao menos uma vez, Fazer com que o mundo saiba que seu nome Provar que quem tem mais do que precisa Esta em tudo e mesmo assim ter Ninguém lhe diz ao menos obrigado. Quase sempre se convence que não tem o bastante Quem me dera, ao menos uma vez, E fala demais, por não ter nada a dizer Como a mais bela tribo, dos mais belos índios, Quem me dera, ao menos uma vez, Não ser atacado por ser inocente. Que o mais simples fosse visto como o mais importante, Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, Mas nos deram espelhos Entenda - assim pude trazer você de volta E vimos uma mundo doente. para mim Quando descobri que é sempre isso você Quem me dera, ao menos uma vez, Que me entende do início ao fim Entender como isso Deus ao mesmo tempo E é isso você que tem a cura do meu vício é três De insistir nessa saudade que eu sinto E esse mesmo Deus foi morto por vocês De tudo que eu ainda não vi. É isso maldade então, deixar um Deus tão triste. Nos deram espelhos e vimos um mundo doente - Eu quis o perigo e até sangrei sozinho. Tentei chorar e não consegui Entenda - assim pude trazer você de volta para mim, Folha 15
  • 16. Álbum 3: Que País é Este Período de Gravação: Outubro a Dezembro de 1987 Data de lançamento: Dezembro 1987 Produzido por: Mayrton Bahia Músicas: 1. Que País É Este 2. Conexão Amazônica 3. Tédio (com um "T" bem grande prá você) 4. Depois do Começo 5. Química 6. Eu Sei 7. Faroeste Caboclo 8. Angra dos Reis 9. Mais do Mesmo QUE PAÍS É ESTE ? Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Nas favelas, no senado Manchando os papéis, documentos fiéis Sujeira prá todo lado Ao descanso do patrão Ninguém respeita a constituição Mas todos acreditam no futuro da nação Que país é este ? Que pais é este? Terceiro Mundo se for Piada no exterior No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Mas o Brasil vai ficar rico fluminense Vamos faturar um milhão No Mato grosso, nas Gerais e no Nordeste Quando vendermos todas as almas tudo em paz Dos nossos índios num leilão. Na morte eu descanso mas o sangue anda solto Que país é este? CONEXÃO AMAZÔNICA Letra: Renato Russo Música: Felipe Lemos Estou cansado de ouvir falar E acho que isto não tem nada a ver Em Freud, Jung, Engels, Marx Yeah, Yeah, Yeah, Intrigas intelectuais rodando em mesa de bar Yeah, Yeah, Yeah, Os tambores da selva já começaram a rufar O que eu quero eu não tenho Os tambores da selva já começaram a rufar O que eu não tenho eu quero ter A cocaína não vai chegar Não posso ter o que eu quero A cocaína não vai chegar Folha 16
  • 17. Conexão amazônica está interrompida Auto-exílio nada mais é do que ter seu Yeah, Yeah, Yeah, coração na solidão Yeah, Yeah, Yeah, E você quer ficar maluco sem dinheiro e acha que está tudo bem Estou cansado de ouvir falar Mas alimento prá cabeça nunca vai matar a Em Freud, Jung, Engels, Marx fome de ninguém Intrigas intelectuais rodando em mesa de bar Uma peregrinação involuntária talvez fosse Yeah, Yeah, Yeah, a solução TÉDIO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Moramos na cidade, também o presidente Também não tenho nada de interessante prá E todos vão fingindo viver decentemente fazer Só que eu não pretendo ser tão decadente Tédio com um T bem grande prá você não Se eu não faço, nada fico satisfeito Tédio com um T bem grande prá você Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito Porque quando escurece, só estou afim de Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro aprontar Não tenho gasolina, também não tenho carro Tédio com um T bem grande prá você. DEPOIS DO COMEÇO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Vamos deixar as janelas abertas Catar pontas de cigarro nas paredes Deixar o equilíbrio ir embora Cair como um saxofone na calçada Abrir a geladeira e deixar o vento sair Amarrar um fio de cobre no pescoço Cuspir um dia qualquer no futuro De quem já desapareceu Acender um intervalo pelo filtro Usar um extintor como lençol Deus, Deus, somos todos ateus Jogar pólo-aquático na cama Vamos cortar os cabelos do príncipe Ficar deslizando pelo teto E entregá-los a um Deus plebeu Da nossa casa cega e medieval E depois do começo Cantar canções em línguas estranhas O que vier vai começar a ser o fim. Retalhar as cortinas desarmadas E depois do começo Com a faca surda que a fé sujou O que vier vai começar a ser o fim. E depois do começo Desarmar os brinquedos indecentes O que vier vai começar a ser o fim. E a indecência pura dos retratos no salão E depois do começo Vamos beber livros e mastigar tapetes O que vier vai começar a ser o fim. QUÍMICA Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Folha 17
  • 18. Estou trancado em casa e não posso sair Literatura ou Gramática Papai já disse, tenho que passar Só gosto de Educação Sexual Nem música eu não posso mais ouvir E eu odeio Química E assim não posso nem me concentrar Chegou a nova leva de aprendizes Não saco nada de Física Chegou a vez do nosso ritual Literatura ou Gramática E se você quiser entrar na tribo Só gosto de Educação Sexual Aqui no nosso Belsen tropical E eu odeio Química Ter carro do ano, TV a cores, pagar Não posso nem tentar me divertir imposto, ter pistolão O tempo todo eu tenho que estudar Ter filho na escola, férias na Europa, conta Fico só pensando se vou conseguir bancária, comprar feijão Passar na porra do vestibular Ser responsável, cristão convicto, cidadão modelo, burguês padrão Não saco nada de Física Você tem que passar no vestibular. EU SEI Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Sexo verbal não faz meu estilo Com quem você quer falar Palavras são erros e os erros são seus Por horas e horas e horas Não quero lembrar que eu erro também A noite acabou, talvez tenhamos que fugir Um dia pretendo tentar descobrir sem você Porque é mais forte quem sabe mentir Mas não, não vá agora, quero honras e Não quero lembrar que eu minto também promessas Lembranças e estórias Eu sei Somos pássaro novo longe do ninho Feche a porta do seu quarto Porque se toca o telefone pode ser alguém Eu sei FAROESTE CABOCLO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Não tinha medo o tal João de Santo Cristo Que as velhinhas colocavam na caixinha do Era o que todos diziam quando ele se perdeu altar Deixou prá trás todo o marasmo da fazenda Sentia mesmo que era mesmo diferente Só prá sentir no seu sangue o ódio que Jesus Sentia que aquilo ali não era o seu lugar lhe deu Quando criança só pensava em ser bandido Ele queria sair para ver o mar Ainda mais quando com tiro de soldado o E as coisas que ele via na televisão pai morreu Juntou dinheiro para poder viajar Era o terror da cercania onde morava E de escolha própria escolheu a solidão E na escola até o professor com ele aprendeu Comia todas as menininhas da cidade De tanto brincar de médico aos doze era Ia prá igreja só prá roubar o dinheiro professor Aos quinze foi mandado pro reformatório Folha 18
  • 19. Onde aumentou seu ódio diante de tanto E sem ser crucificado a plantação foi terror começar Não entendia como a vida funcionava Logo, logo os maluco da cidade Descriminação por causa da sua classe e sua Souberam da novidade cor "- Tem bagulho bom ai!" Ficou cansado de tentar achar resposta E João de Santo Cristo ficou rico E comprou uma passagem foi direto a E acabou com todos os traficantes dali Salvador Fez amigos, freqüentava a Asa Norte E lá chegando foi tomar um cafezinho Ia prá festa de Rock prá se libertar E encontrou um boiadeiro com quem foi Mas de repente falar Sob um má influência dos boyzinhos da E o boiadeiro tinha uma passagem cidade Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar: Começou a roubar Dizia ele "- Estou indo prá Brasília JÁ no primeiro roubo ele dançou Nesse país lugar melhor não há E pro inferno ele foi pela primeira vez Tô precisando visitar a minha filha Violência e estupro do seu corpo Eu fico aqui e você vai no meu lugar" "- Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!" E João aceitou sua proposta Agora Santo Cristo era bandido E num ônibus entrou no Planalto Central Destemido e temido no Distrito Federal Ele ficou bestificado com a cidade Não tinha nenhum medo de polícia Saindo da rodoviária viu as luzes de natal Capitão ou traficante, Playboy ou general "- Meu Deus mas que cidade linda! Foi quando conheceu uma menina No Ano Novo eu começo a trabalhar" E de todos os seus pecados ele se Cortar madeira aprendiz de carpinteiro arrependeu Ganhava cem mil pro mês em Taguatinga Maria Lúcia era uma menina linda E o coração dele prá ela o Santo Cristo Na sexta feira foi prá zona da cidade prometeu Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador Ele dizia que queria se casar E conhecia muita gente interessante E carpinteiro ele voltou a ser Até um neto bastardo do seu bisavô "- Maria Lúcia eu prá sempre vou te amar E um filho com você eu quero ter" Um peruano que vivia na Bolívia E muitas coisas trazia de l O tempo passa Seu nome era Pablo e ele dizia E um dia vem na porta um senhor de alta Que um negócio ele ia começar classe com dinheiro na mão E ele faz uma proposta indecorosa E Santo Cristo até a morte trabalhava E diz que espera uma resposta, uma resposta Mas o dinheiro não dava prá ele se de João alimentar E ouvia às sete horas o noticiário "- Não boto bomba em banca de jornal Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar E nem em colégio de criança Isso eu não faço não Mas ele não queria mais conversa E decidiu que como Pablo ele ia se virar E não protejo general de dez estrelas Elaborou mais uma vez seu plano santo Que fica atrás da mesa com o cú na mão Folha 19
  • 20. E é melhor o senhor sair da minha casa E um filho nela ele fez Nunca brinque com um peixe de ascendente escorpião" Santo Cristo era só ódio pro dentro E então o Jeremias prá um duelo ele chamou Mas antes de sair, com ódio no olhar "- Amanhã, as duas horas na Ceilândia O velho disse: Em frente ao lote catorze é prá lá que eu vou "- Você perdeu a sua vida, meu irmão!" E você pode escolher as suas armas "- Você perdeu a sua vida, meu irmão" Que eu acabo com você, seu porco traidor "- Você perdeu a sua vida, meu irmão" E mato também Maria Lúcia Essas palavras vão entrar no coração Aquela menina falsa prá que jurei o meu "- Eu vou sofrer as conseqüências como um amor" cão." E Santo Cristo não sabia o que fazer Não é que o Santo Cristo estava certo Quando viu o repórter da televisão Seu futuro era incerto Que a notícia do duelo na TV E ele não foi trabalhar Dizendo a hora o local e a razão Se embebedou e no meio da bebedeira Descobriu que tinha outro trabalhando em No sábado, então as duas horas seu lugar Todo o povo sem demora Foi lá só prá assistir Falou com Pablo que queria um parceiro Que também tinha dinheiro e queria se Um homem que atirava pelas costas armar E acertou o Santo Cristo Pablo trazia o contrabando da Bolívia E começou a sorrir E Santo Cristo revendia em Planaltina Sentindo o sangue na garganta Mas acontece que um tal de Jeremias João olhou as bandeirinhas Traficante de renome apareceu por l E o povo a aplaudir Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo E olhou pro sorveteiro E decidiu que com João ele ia acabar. E prás câmeras e a gente da TV que filmava tudo ali Mas Pablo trouxe uma Winchester 22 E Santo Cristo já sabia atirar E se lembrou de quando era uma criança E decidiu usar a arma só depois E de tudo o que viveu até aqui Que Jeremias começasse a brigar E decidiu entrar de vez naquela dança "- Se a via-crucis virou circo, estou aqui." Jeremias maconheiro sem vergonha Organizou a Roconha e fez todo mundo E nisso o sol cegou seus olhos dançar E então Maria Lúcia ele reconheceu Desvirginava mocinhas inocentes Ela trazia a Winchester 22 E dizia que era crente mas não sabia rezar A arma que seu primo Pablo lhe deu E Santo Cristo há muito não ia prá casa "- Jeremias, eu sou homem. Coisa que você E a saudade começou a apertar não é "- Eu vou me embora, eu vou ver Maria Eu não atiro pelas costas, não. Lúcia Olha prá cá filha da puta sem vergonha Já está em tempo de a gente se casar" D uma olhada no meu sangue E vem sentir o teu perdão" Chegando em casa então ele chorou E pro inferno ele foi pela segunda vez E Santo Cristo com a Winchester 22 Com Maria Lúcia Jeremias se casou Deu cinco tiros no bandido traidor Folha 20
  • 21. Maria Lúcia se arrependeu depois E morreu junto com João, seu protetor E João não conseguiu o que queria Quando veio prá Brasília com o diabo ter O povo declarava que João de Santo Cristo Ele queria era falar com o presidente Era santo porque sabia morrer Prá ajudar toda essa gente que só faz E a alta burgesia da cidade não acreditava na história Sofrer Que ele viram da TV ANGRA DOS REIS Letra: Renato Russo Música: Renato Russo/Renato Rocha/Marcelo Bonfá Deixa, se fosse sempre assim quente Seja como for Deita aqui perto de mim É uma dor que dói no peito Tem dias em que tudo está em paz Pode rir agora que estou sozinho E agora os dias são iguais Mas não venha me roubar Se fosse só sentir saudade Vai ver que não é nada disso Mas tem sempre algo mais Vai ver que já não sei quem sou Seja como for Vai ver que nunca fui o mesmo É uma dor que dói no peito A culpa é toda sua e nunca foi Pode rir agora que estou sozinho Mas não venha me roubar Mesmo se as estrelas começassem a cair E a luz queimasse tudo ao redor Vamos brincar perto da usina E fosse o fim chegando cedo Deixa prá lá a angra é dos reis E você visse nosso corpo em chamas Por que se explicar se não existe perigo? Deixa prá lá Senti seu coração perfeito Quando as estrelas começarem a cair Batendo … toa e isso dói Me diz, me diz prá onde a gente vai fugir? MAIS DO MESMO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/Marcelo Bonfá Hei menino branco o que é que você faz Sempre mais do mesmo aqui Não era isso que você queria ouvir? Subindo o morro prá tentar se divertir Mas já disse que não tem Ah. bondade sua me explicar com tanta E você ainda quer mais determinação Por que você não me deixa em paz ? Exatamente o que eu sinto, como penso como sou Desses vinte anos nenhum foi feito prá mim Eu realmente não sabia que eu pensava E agora você quer que eu fique igual a você assim É mesmo. Como vou crescer se nada cresce E agora você quer um retrato do país por aqui? Mas queimaram o filme Quem vai tomar conta dos doentes? E enquanto isto na enfermaria E quando tem chacina de adolescentes Todos os doentes estão cantando sucessos Como é que você se sente? populares (e todos os índios foram mortos). Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel. Folha 21
  • 23. Álbum 4: As Quatro Estações Período de Gravação: Agosto a Outubro de 1989 Data de lançamento: 26 de outubro 1989 Produzido por: Mayrton Bahia Ficha Técnica Músicas: 1. Há Tempos 2. Pais E Filhos 3. Feedback Song For A Dying Friend 4. Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto 5. Eu Era Um Lobisomem Juvenil 6. 1965 (Duas Tribos) 7. Monte Castelo 8. Maurício 9. Meninos e Meninas 10.Sete Cidades 11.Se Fiquei Esperando o Meu Amor Passar HÁ TEMPOS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua A imensa dor que sentes. cidade. Teu grito acordaria não só a tua casa. Muitos temores nascem do cansaço e da Mas a vizinhança inteira. solidão. E o descompasso e o desperdício herdeiros E há tempos nem os santos são. Tem ao certo a medida da maldade. Agora da virtude que perdemos. E há tempos são os jovens que adoecem. H tempos o encanto está ausente. H tempos tive um sonho. H ferrugem nos sorrisos. Não me lembro não me lembro. E só o acaso estende os braços. A quem procura abrigo e proteção. Tua tristeza é tão exata. E hoje o dia é tão bonito. Meu amor, JÁ estamos acostumados. Disciplina é liberdade. A não termos mais nem isso. Compaixão é fortaleza. Ter bondade é ter coragem. Sonhos vem, sonhos vão. O resto é imperfeito. E ela disse: - lá em casa tem um poço mas a água é muito limpa. Disseste que se tua voz tivesse força igual PAIS E FILHOS Folha 23
  • 24. Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Estatuas e cofres. E paredes pintadas. São meus filhos que tomam conta de mim. Ninguém sabe o que aconteceu. Eu moro com a minha mãe mas meu pai Ela se jogou da janela do quinto andar. vem me visitar. Nada é fácil de entender. Eu moro na rua, não tenho ninguém. Eu moro em qualquer lugar. Dorme agora. é isso o vento lá fora. Já morei em tanta casa que nem me lembro Quero colo. Vou fugir de casa. Posso dormir mais. Eu moro com os meus pais. aqui com vocês? Estou com medo. Tive um pesadelo isso É preciso amar as pessoas como se não vou voltar depois das três. houvesse amanhã. Porque se você parar para pensar, na Meu filho vai ter nome de santo. Quero o verdade não há. nome mais bonito. Sou uma gota d'água Sou um grão de areia. É preciso amar as pessoas como se não Você me diz que seus pais não entendem. houvesse amanhã. Mas você não entende seus pais. Porque se você parar para pensar, na verdade não há. Você culpa seus pais por tudo. E isso é absurdo. Me diz porque o céu é azul. Me explica a São crianças como você. grande fúria do mundo. O que você vai ser, quando você crescer? FEEDBACK SONG FOR A DYING FRIEND Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Soothe young man sweating forehead His fiery eyes Touch the naked stem held hidden there Can slash my savage skin Safe in such dark hayseed And force all seriousness away Wired nest He wades in close waters Then, his light brown eyes are quick Deep sleeps alter his senses Once touch is what he thought was grip I must obey my only rival He will command our twin revival This is not his hands Those there but mine [arabian interlude] And safe my hands Do seek to gain The same, All knowledge of Insane My master's mainly rain Sustain Again The scented taste That stills my tongue The two of us so close to our own hearts Is wrong that set I silenced and wrote this awe But not undone Of the coincidence QUANDO O SOL BATER NA JANELA DO TEU QUARTO Letra: Renato Russo Folha 24
  • 25. Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Quando o Sol bater na janela do teu quarto. Lembra e vê que o caminho é um só. Lembra e vê que o caminho é um só. Até bem pouco tempo atrás. Poderíamos mudar o mundo. Porque esperar se podemos começar tudo de Quem roubou nossa coragem? novo. Agora mesmo. A humanidade é desumana. Tudo é dor. Mas ainda temos chance. E toda dor vem do desejo. O Sol nasce prá todos. Só não sabe quem De não sentirmos dor. não quer. Quando o Sol bater na janela do teu quarto. Quando o Sol bater na janela do teu quarto. Lembra e vê que o caminho é um só. EU ERA UM LOBISOMEM JUVENIL Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Luz e sentido e palavra Palavra é que o coração não pensa. Qual foi a semente que você plantou? Tudo acontece ao mesmo tempo. Ontem faltou água. Nem eu mesmo sei direito o que está Anteontem faltou luz. acontecendo. Teve torcida gritando quando a luz voltou. E daí, de hoje em diante. Todo dia vai ser o dia mais importante. Não falo como você fala. Mas vejo bem o que você me diz. Se você quiser, alguém prá ser isso seu. É isso não se esquecer: estarei aqui. Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo. Não digo nada, espero o vendaval passar. Prefiro acreditar no mundo do meu jeito. Por enquanto eu não sei E você estava esperando voar. O que você me falou me fez rir e pensar. Mas como chegar até as nuvens com os p‚s Porque estou tão preocupado por estar tão no chão? preocupado assim? O que sinto muitas vezes faz sentido. Mesmo se eu cantasse todas as canções. E outras vezes não descubro o motivo. Todas as canções, todas as canções. Que me explica porque é que não consigo. Todas as canções do mundo. Ver sentido no que sinto, o que procuro. Sou bicho do mato mas... O que desejo e o que faz parte do meu mundo. Se você quiser alguém prá ser isso seu. É só não se esquecer: estarei aqui. O arco-íris tem sete cores. E fui juiz supremo. Ou então não ter jamais a chave do meu Vai, vem embora . Volta coração. Todos tem, todos tem suas próprias razões. 1965 - DUAS TRIBOS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Vou passar, quero ver Volta aqui, vem você Folha 25
  • 26. Como foi, nem sentiu Esperança em maldição Se era falso ou fevereiro É o bem contra o mal Temos paz, temos tempo E você de que lado está ? Chegou a hora e agora é aqui Estou do lado do bem E você de que lado está ? Cortaram meus braços Cortaram minhas mãos Estou do lado do bem Cortaram minhas pernas Com a luz e com os anjos Num dia de verão Mataram um menino Num dia de verão Tinha arma de verdade Num dia de verão Tinha arma nenhuma Podia ser meu pai Tinha arma de brinquedo Podia ser meu irmão Eu tenho um autorama Não se esqueça, temos sorte Eu tenho Hanna-Barbera E agora é aqui Eu tenho pêra, uva e maçã Eu tenho Guanabara Quando querem transformar E modelos Revell Dignidade em doença O Brasil é o país do futuro Quando querem transformar O Brasil é o país do futuro Inteligência em traição O Brasil é o país do futuro O Brasil é o país Quando querem transformar Estupidez em recompensa Em toda e qualquer situação Eu quero tudo Quando querem transformar P'rá cima (4x) MONTE CASTELO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Inc. Adapt. "I Coríntios 13" e "Soneto 11" de Luís de Camões Ainda que eu falasse a língua do homens. E falasse a língua do anjos, sem amor eu É um não querer mais que bem querer. nada seria. É solitário andar por entre a gente. É um não contentar-se de contente. É só o amor, é isso o amor. É cuidar que se ganha em se perder. Que conhece o que é verdade. O amor é bom, não quer o mal. É um estar-se preso por vontade. Não sente inveja ou se envaidece. É servir a quem vence, o vencedor; É um ter com quem nos mata a lealdade. O amor é o fogo que arde sem se ver. Tão contrario a si é o mesmo amor. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. Estou acordado e todos dormem todos É dor que desatina sem doer. dormem todos dormem. Agora vejo em parte. Mas então veremos Ainda que eu falasse a língua dos homens. face a face. E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria. É só o amor, é só o amor. Folha 26
  • 27. Que conhece o que é verdade. E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria. Ainda que eu falasse a língua dos homens. MAURÍCIO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Já não sei dizer se ainda sei sentir. Ás vezes quero ir. O meu coração já não me pertence. Para algum país distante e voltar a ser feliz. Já não quer mais me obedecer. Parece agora estar tão cansado quanto eu. Já não sei dizer o que aconteceu. Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho Até pensei que era mais por não saber. meu. Que ainda sou capaz de acreditar. Se meu desejo então já se realizou. Me sinto tão só. O que fazer depois, prá onde é que eu vou? E dizem que a solidão até que me cai bem. Eu vi você voltar prá mim. Ás vezes faço planos. MENINOS E MENINAS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Quero me encontrar mas não sei onde estou. Não é a vida como está e sim as coisas Vem comigo procurar um lugar mais calmo. como são. Longe dessa confusão e dessa gente que não Você não quis tentar me ajudar. se respeita. Então a culpa é de quem? A culpa é de Tenho quase certeza que eu não sou daqui. quem? Acho que gosto de S. Paulo. E gosto de S. Eu canto em português errado. João. Acho que o imperfeito não participa do Gosto de S. Francisco. E S. Sebastião. passado. E eu gosto de meninos e meninas. Troco as pessoas. Troco os pronomes. Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim prá sempre. Preciso de oxigênio. Vai ficando complicado e ao mesmo tempo Preciso ter amigos. diferente. Preciso ter dinheiro. Estou cansado de bater e ninguém abrir. Preciso de carinho. Você me deixou sentindo tanto frio. Não sei mais o que dizer. Acho que te amava. Agora acho que te odeio. Te fiz comida. Velei teu sono. Fui teu São tudo pequenas coisas. amigo. E tudo deve passar. Te levei comigo e me diz: Prá mim o que é que ficou? Acho que gosto de S. Paulo. Gosto de S. João. Me deixa ver como viver é bom. Gosto de S. Francisco. E S. Sebastião. E eu gosto de meninos e meninas. Folha 27
  • 28. SETE CIDADES Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Já me acostumei com a tua voz. Tenho medo de mim mesmo. Com teu rosto e teu olhar. E sinto falta do teu corpo junto ao meu. Me partiram em dois. E procuro agora o que é minha metade. Vem depressa prá mim que eu não sei esperar. Quando não estás aqui. Já fizemos promessas demais. Sinto falta de mim mesmo. E já me acostumei com a tua voz. E sinto falta do meu corpo junto ao teu. Quando estou contigo estou em paz. Meu coração é tão tosco e tão pobre. Quando não estás aqui. Não sabe ainda os caminhos do mundo. Meu espirito se perde, voa longe. Longe, longe. Quando não estás aqui. SE FIQUEI ESPERANDO MEU AMOR PASSAR Se fiquei esperando meu amor passar. Se fiquei esperando meu amor passar. Já me basta então que eu não sabia amar Já me basta que estava então longe de E me via perdido e vivendo em erro. sereno. Sem querer me machucar de novo por culpa E fiquei tanto tempo duvidando de mim. do amor. Por fazer amor fazer sentido. Mas você e eu podemos namorar. Começo a ficar livre E era simples: ficamos fortes. Espero. Acho que sim. De olhos fechados não me vejo. Quando se aprende a amar. E você sorriu prá mim. O mundo passa a ser seu. Quando se aprende a amar. "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do O mundo passa a ser seu. mundo. Tende piedade de nós. Sei rimar romã com travesseiro. Cordeiro de Deus que tirai os pecados do Quero minha nação soberana. mundo. Com espaço, nobreza e descanso. Tende piedade de nós. Cordeiros de Deus que tirai os pecados do [solo de voz] mundo. Dai-nos a paz." Folha 28
  • 29. Álbum 5: "V" Período de Gravação: Outubro a Dezembro de 1991 Data de lançamento: 15 de Dezembro de 1991 Produzido por: Mayrton Bahia Músicas: 1. Love Song 2. Metal Contra As Nuvens 3. Ordem Dos Templários 4. Montanha Mágica 5. Teatro Dos Vampiros 6. Sereníssima 7. Vento No Litoral 8. Mundo Anda Tão Complicado 9. L'Âge D'Or 10.Come Share My Life LOVE SONG Letra: Nuno Fernandes Torneol (s‚c XIII) Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Pois nasci nunca vi amor Mais rogarei a mia senhor E ouço del sempre falar. Que me mostr' aquel matador Pero sei que me quer matar Ou que m'ampare del melhor. METAL CONTRA AS NUVENS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá I Sou metal: me sabe o sopro do dragão. Não sou escravo de ninguém Ninguém senhor do meu domínio Reconheço o meu pesar: Sei o que devo defender Quando tudo é traição E por valor e tenho O que venho encontrar E temo o que agora se desfaz. É a virtude em outras mãos. Viajamos Sete léguas Minha terra Por entre abismos e florestas É a terra que é minha Por Deus nunca me vi tão só E sempre ser É a própria fé o que destrói Estes são dias desleais. Minha terra Tem a lua, tem estrelas e sempre ter Sou metal - raio, relâmpago e trovão II Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão Folha 29
  • 30. Quase acreditei na sua promessa Eu quero a espada em minhas mãos E o que vejo é fome e destruição Perdi a minha sela e a minha espada Sou metal - raio, relâmpago e trovão Perdi o meu castelo e minha princesa Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão Sou metal: me sabe o sopro do dragão. Quase acreditei, quase acreditei E, por honra, se existir verdade Não me entrego sem lutar Tenho ainda coração Existem os tolos e existe o ladrão Não aprendi a me render E há quem se alimente do que é roubo. Que caia o inimigo então. Mas vou aguardar o meu tesouro Caso você esteja mentido IV Olha o sopro do dragão. Tudo passa, tudo passar III E nossa estória, não estar Pelo avesso assim É a verdade o que assombra, Sem final feliz. O descaso o que condena, Teremos coisas bonitas prá contar. A estupidez o que destrói. E até lá vamos viver Eu vejo tudo o que se foi Temos muito ainda por fazer. E o que não existe mais. Não olhe para trás Tenho os sentidos já dormentes, Apenas começamos O corpo quer, a alma entende. O mundo começa agora Esta é a terra de ninguém Apenas começamos. E sei que devo resistir A ORDEM DOS TEMPLÁRIOS (instrumental) Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá (inclui: Douce Dame Jolie de Guillaume de Machaut sec. XIV) A MONTANHA MÁGICA Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Sou meu próprio líder: ando em círculos E não há nada a fazer agora. Me equilibro entre dias e noites Minha vida toda espera algo de mim Para que servem os anjos? Meio sorriso, meia-lua, toda tarde. A felicidade mora aqui comigo Até segunda ordem Minha papoula da Índia Minha flor da Tailândia Um outro agora vive minha vida És o que tenho de suave Sei o que ele sonha, pensa e sente E me fazes tão mal. Não é coincidência a minha indiferença Sou uma cópia do que faço Ficou logo o que tinha ido embora. O que temos é o que nos resta Estou só um pouco cansado E estamos querendo demais Não sei se isto termina logo Meu joelho dói Minha papoula da Índia Folha 30
  • 31. Minha flor da Tailândia O resto são escombros. És o que tenho de suave E me fazes tão mal. Mas é claro que não vamos lhe fazer mal Nem é por isso que estamos aqui Existe um descontrole, que corrompe e Cada criança com seu próprio canivete cresce Cada líder com seu próprio 38 Pode até ser, mas estou pronto prá mais uma O que é que desvirtua e ensina? Minha papoula da Índia O que fizemos de nossas próprias vidas? Minha flor da Tailândia Chega - vou mudar a minha vida O mecanismo da amizade, Deixa o copo encher até a borda A matemática dos amantes Que eu quero um dia de sol num copo Agora só artesanato d'água. O TEATRO DOS VAMPIROS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá (introdução: Canon de Pachelbel) Sempre precisei de um pouco de atenção Quando me vi tendo de viver comigo apenas Acho que não sei quem sou E com o mundo Só sei do que não gosto Você me veio como um sonho bom E desses dias tão estranhos E me assustei Fica a poeira se escondendo pelos cantos. Não sou perfeito Este é o nosso mundo Eu não esqueço O que é demais nunca é o bastante A riqueza que nós temos E a primeira vez é sempre a última chance. Ninguém consegue perceber Ninguém vê onde chegamos: E de pensar nisso tudo, eu, homem feito Os assassinos estão livres, nós não estamos Tive medo e não consegui dormir Vamos sair - mas não temos mais dinheiro Vamos sair - mas não temos mais dinheiro Os meus amigos todos estão procurando Os meus amigos todos estão procurando emprego emprego Voltamos a viver como há dez anos atrás Voltamos a viver como há dez anos atrás E a cada hora que passa E a cada hora que passa Envelhecemos dez semanas. Envelhecemos dez semanas. Vamos lá tudo bem - eu só quero me Vamos lá tudo bem - eu só quero me divertir divertir esquecer, dessa noite ter um lugar legal prá esquecer, dessa noite ter um lugar legal prá ir ir JÁ entregamos o alvo e artilharia Já entregamos o alvo e artilharia Comparamos nossas vidas Comparamos nossas vidas E esperamos que um dia E mesmo assim, não tenho pena de Nossas vidas possam se encontrar. ninguém. SERENÍSSIMA Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Folha 31
  • 32. Sou um animal sentimental O que ninguém percebe é o que todo mundo Me apego facilmente ao que desperta o meu sabe desejo No entendo terrorismo, falávamos de Tente me obrigar a fazer o que não quero amizade. E você vai logo ver o que acontece Não estou mais interessado no que sinto Acho que entendo o que você quis me dizer Não acredito em nada além do que duvido Mas existem outras coisas Você espera respostas que eu não tenho Mas não vou brigar por causa disso Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade, Até penso duas vezes se você quiser ficar. Tudo está perdido mas existem possibilidades, Minha laranjeira verde, porque está tão Tínhamos a idéia, você mudou os planos prateada? Tínhamos um plano, você mudou de idéia Foi da lua desta noite, do sereno da madrugada Já passou, já passou - quem sabe outro dia. Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço Antes eu sonhava, agora já não durmo Enquanto o caos segue em frente Quando foi que competimos pela primeira Com toda a calma do mundo. vez? VENTO NO LITORAL Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá De tarde quero descansar, chegar até a praia Foi só o tempo que errou Ver se o vento ainda está forte Vai ser difícil sem você E vai ser bom subir nas pedras. Porque você está comigo o tempo todo. Sei que faço isso para esquecer E quando vejo o mar Eu deixo a onda me acertar Existe algo que diz: E o vento vai levando tudo embora "- A vida continua e se entregar é uma bobagem." Agora está tão longe Vê, a linha do horizonte me distrai: Já que você não está aqui, Dos nossos planos é que eu tenho mais O que posso fazer é cuidar de mim. saudade, Quero ser feliz ao menos. Quando olhávamos juntos na mesma Lembra que o plano era ficarmos bem? direção. "- Ei, olha só o que achei: cavalos- Aonde está você agora marinhos." Além de aqui dentro de mim? Sei que faço isso prá esquecer Eu deixo a onda me acertar Agimos certo sem querer E o vento vai levando tudo embora. O MUNDO ANDA TÃO COMPLICADO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Gosto de ver você dormir O telefone chega sexta-feira Que nem criança com a boca aberta Aperta o passo, por causa da garoa Folha 32
  • 33. Agora que temos nossa casa Me empresta um par de meias É a chave o que sempre esqueço. A gente chega na sessão das dez Hoje eu acordo ao meio-dia Vamos chamar nossos amigos Amanhã é sua vez A gente faz uma feijoada Esquece um pouco do trabalho Vem c meu bem, que é bom lhe ver E fica de bate-papo. O mundo anda tão complicado Temos a semana inteira pela frente Que hoje eu quero fazer tudo por você Você me conta como foi seu dia E a gente diz um pro outro: Temos que consertar o despertador "- Estou com sono, vamos dormir!" E separar todas as ferramentas A mudança grande chegou Vem cá meu bem, que é bom lhe ver Com o fogão e a geladeira e a televisão O mundo anda tão complicado Que hoje eu quero fazer tudo por você. Não precisamos dormir no chão Até que é bom, mas a cama chegou na terça Quero ouvir uma canção de amor E na quinta chegou o som. Que fale da minha situação De quem deixou a segurança do seu mundo Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo Por amor E até que é fácil acostumar-se com meu Por amor. jeito L'AGE D'OR Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Aprendi a esperar mas não tenho mais Eu vi uma serpente entrando no jardim certeza Vai ver que é de verdade dessa vez Agora que estou bem, tão pouca coisa me Meu tornozelo coça, por causa de mosquito interessa Estou com os cabelos molhados, me sinto Contra minha própria vontade sou teimoso, limpo. sincero E insisto em ter vontade própria. Não existe beleza na mis‚ria E não tem volta por aqui, Se a sorte foi um dia alheia ao meu sustento Vamos tentar outro caminho Não houve harmonia entre ação e pensamento. Estamos em perigo, só que ainda não entendo Qual é o teu nome, qual é o teu signo? É que tudo faz sentido Teu corpo é gostoso, teu rosto é bonito Qual é o teu arcano, tua pedra preciosa E não sei mais Acho tocante acreditares nisso. Se é só questão de sorte JÁ tentei muitas coisas, de heroína a Jesus Não sei mais Tudo que já fiz foi por vaidade Não sei mais Jesus foi traído com um beijo Não sei mais. Davi teve um grande amigo L vem os jovens gigantes de marmore E não sei mais Trazendo anzóis na palma da mão. Se é só questão de sorte. Não é belo todo e qualquer mistério? Folha 33
  • 34. O maior segredo é não haver mistério algum. COME SHARE MY LIFE Música: Tradicional folclore americano Arranjos: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Álbum 6: Música para Acampamentos Período de Gravação: (Coletânea de apresentações ao vivo) Data de lançamento: 1992 Produzido por: Mayrton Bahia Músicas: DISCO 1: 1. Fábrica 2. Daniel na Cova Dos Leões 3. Canção do Senhor da Guerra 4. Teatro dos Vampiros 5. Ainda É Cedo (Inc. Gimme Shelter) 6. Baader-Meinhof Blues 7. Montanha Mágica 8. Eu Sei 9. "Índios" DISCO 2: 1. Dança 2. Mais do Mesmo 3. Soldados 4. Música Urbana 2 5. On The Way Home 6. Maurício 7. Há Tempos 8. Pais e Filhos 9. Faroeste Caboclo 10.Exit Music: Rhapsod in Blue Álbum 7: O Descobrimento do Brasil Período de Gravação: Setembro a Novembro de 1993 Data de lançamento: dezembro 1993 Produzido por: Mayrton Bahia e Legião Urbana Folha 34
  • 35. Músicas: 1. Vinte e Nove 2. Fonte 3. Do Espírito 4. Perfeição 5. Passeio da Boa Vista 6. Descobrimento do Brasil 7. Os Barcos 8. Vamos Fazer Um Filme 9. Os Anjos 10.Um Dia Perfeito 11.Giz 12.Love In The Afternoon 13.La Nuova Gioventu 14.Só Por Hoje VINTE E NOVE Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Perdi vinte em vinte e nove amizades Decidi começar a viver. Por conta de uma pedra em minhas mãos Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes Quando você deixou de me amar Estou aprendendo a viver sem você Aprendi a perdoar (Já que você não me quer mais.) E a pedir perdão. Passei vinte e nove meses num navio E vinte e nove anjos me saudaram E vinte e nove dias na prisão E tive vinte e nove amigos outra vez. E aos vinte e nove com o retorno de Saturno A FONTE Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá O que há de errado comigo ? Não sei mais do que sou capaz. Não consigo encontrar abrigo Esperança, teus lençóis tem cheiro de Meu país é campo inimigo doença E você finge que vê mas não vê E veja que da fonte sou os quilômetros Lave suas mãos que é a sua porta que irão adiante bater Mas antes você ver seus pequenos filhos Celebro todo dia trazendo novidades Minha vida e meus amigos Eu acredito em mim Quantas crianças foram mortas desta vez ? E continuo limpo Não faça com os outros O que você não quer que seja feito com Você acha que sabe mas você não vê que a você maldade é prejuízo Você finge que não vê e isso d câncer O que há de errado comigo ? Eu não sei nada e continuo limpo Folha 35
  • 36. Olhe nos meus olhos, sou o homem-tocha Do lado do cipreste branco Me tira essa vergonha À esquerda da entrada do inferno Me liberta dessa culpa Está a fonte do esquecimento Me arranca esse ódio Vou mais além, não bebo desta água Me livra desse medo Chego ao lago da memória Que tem água pura e fresca Olhe nos meus olhos, sou o homem-tocha E digo aos guardiões da entrada: E está é uma canção de amor - Sou filho da Terra e do Céu E está é uma canção de amor E está é uma canção de amor Dai me de beber que tenho uma sede sem fim DO ESPÍRITO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Sai de mim Não, não, não venha prá cá Que eu não quero mais saber de você Que eu não quero mais saber de você. Esse "- Eu te quero." já não me convence Não, não, não venha prá cá mais Que eu não quero mais saber de você. E agora já nem me incomoda Não me procura não Sai de mim, não gosto de ser rejeitado Você não vai me achar E agora não tem volta. Você não consegue entender. Eu pego o bonde andando [solo] Você pegou o bonde errado Sua curiosidade é m Não, não, não, venha prá cá E a ignorância é vizinha da maldade Que eu não quero mais saber de você. Não, não, não, venha prá cá E só porque eu tenho Que eu não quero mais saber de você. Não pense que é de mim que você Vai ter e conseguir o que não tem. Não me procura não Você não vai me achar Só estou aberto a quem sempre foi do bem Você não consegue entender. E agora estou fechado prá você. PERFEIÇÃO Nossa polícia e televisão Letra: Renato Russo Vamos celebrar o nosso governo Música: Dado Villa Lobos/Renato E nosso estado que não é nação Russo/Marcelo Bonfá Inc. "O Bêbado e a Equilibrista" (A. Celebrar a juventude sem escolas Blanc/J. Bosco) As crianças mortas Celebrar nossa desunião 1 Vamos celebrar Eros e Thanatus Vamos celebrar a estupidez humana Persáphone e Hades A estupidez de todas as nações Vamos celebrar nossa tristeza O meu país e sua corja de assassinos Vamos celebrar nossa vaidade Covardes, estupradores e ladrões Vamos celebrar a estupidez do povo 2 Folha 36
  • 37. Vamos comemorar como idiotas Vamos cantar juntos o hino nacional A cada fevereiro e feriado (A lágrima é verdadeira) Todos os mortos nas estradas Vamos celebrar nossa saudade E os mortos por falta de hospitais E comemorar a nossa solidão Vamos celebrar nossa justiça 4 A ganância e a difamação Vamos festejar a inveja Vamos celebrar os preconceitos A intolerância e a incompreensão E o voto dos analfabetos Vamos festejar a violência E esquecer a nossa gente Comemorar a água podre Que trabalhou honestamente a vida inteira Todos os impostos, queimadas, mentiras e E agora não tem mais direito a nada sequestros Nosso castelo de cartas marcadas Vamos celebrar a aberração O trabalho escravo e nosso pequeno De toda nossa falta de bom senso universo Nosso descaso por educação Toda a hipocrisia e toda a afetação Todo o roubo e toda a indiferença Vamos celebrar o horror de tudo isso Vamos celebrar epidemias Com festa, velório e caixão É a festa da torcida campeã Está tudo morto e enterrado agora JÁ aqui também podemos celebrar 3 A estupidez de quem cantou essa canção Vamos celebrar a fome Não ter a quem ouvir 5 Não se ter a quem amar Venha, meu coração está com pressa Quando a esperança está dispersa Vamos alimentar o que é maldade Só a verdade me liberta Vamos machucar um coração Chega de maldade e ilusão Vamos celebrar nossa bandeira Nosso passado de absurdos gloriosos Venha, o amor tem sempre a porta aberta E vem chegando a primavera Tudo o que é gratuito e feio Nosso futuro recomeça Tudo o que é normal Venha, que o que vem é perfeição O PASSEIO DA BOA VISTA (Instrumental) Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo O DESCOBRIMENTO DO BRASIL Letra: Renato Russo Música: Marcelo Bonfá Ela me disse que trabalha no correio Quem viu a tua alma entrar? E que namora um menino eletricista Estou pensando em casamento, Quem são teus inimigos? Mas não quero me casar. Quem é de tua cria? A professora Adélia, Quem modelou teu rosto? A tia Edilamar Quem viu a tua alma entrando? E a tia Esperança. Folha 37
  • 38. Ser que você vai saber Ser que você vai saber O quanto penso em você com o meu O quanto penso em você com o meu coração? coração? A gente quer é um lugar prá gente Quem está agora a teu lado? A gente quer é de papel passado Quem para sempre está? Com festa, bolo e brigadeiro Quem para sempre estar? A gente quer um canto sossegado A gente quer um canto de sossego. Ela me disse que trabalha no correio E que namora um menino eletricista Estou pensando em casamento As famílias se conhecem bem Mas 'ainda não posso me casar. E são amigas nesta vida. Eu sou rapaz direito E fui escolhido pela menina mais bonita. OS BARCOS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa Lobos/Renato Russo Você diz que tudo terminou Ó dor, se há - tentava, já não tento. Você não quer mais o meu querer Estamos medindo foras desiguais: E ao transformar em dor o que é vaidade Qualquer um pode ver E ao ter amor se este é só orgulho Que isso terminou p'rá você. Eu faço da mentira, liberdade E de qualquer quintal faço cidade São isso palavras: teço ensaio e cena A cada ato enceno a diferença E insisto que é virtude o que é entulho: Do que é amor ficou o seu retrato Baldio é o meu terreno e meu alarde. A peça que interpreto Um improviso insensato Eu vejo você se apaixonando outra vez Essa saudade eu sei de cor Eu fico com a saudade Sei o caminho dos barcos. Você com outro alguém. E você diz que tudo terminou E a muito estou alheio e quem me entende Mas qualquer um pode ver: Recebe o resto exato e tão pequeno: Isso terminou p'rá você. VAMOS FAZER UM FILME Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Achei um 3x4 teu e não quis acreditar O sistema é maus, mas minha turma é legal Que tinha sido a tanto tempo atrás Viver é foda , morrer é difícil Um exemplo de bondade e respeito Te ver é uma necessidade Do que o verdadeiro amor é capaz. Vamos fazer um filme. A minha escola não tem personagem E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te A minha escola tem gente de verdade amo."? Alguém falou do fim do mundo, O fim do mundo já passou Sem essa de que: "Estou sozinho." Vamos começar de novo: Somos muito mais que isso Um por todos, todos por um. Somos pingüim, somos golfinho Homem, sereia e beija-flor Folha 38
  • 39. E no meio de um depressão Leão, leoa e leão-marinho Te ver e ter beleza e fantasia. Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te Chega de opressão. amo."? Quero viver a minha vida em paz. E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."? Quero um milhão de amigos E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te Quero iramos e irmãs amo."? Deve de ser cisma minha E hoje em dia, vamos fazer um filme ? Mas a única maneira ainda De imaginar a minha vida Eu te amo É vê-la como um musical dos anos trinta Eu te amo Eu te amo OS ANJOS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa Lobos Hoje não dá Duas xícaras de indiferença Hoje não dá E um tablete e meio de preguiça. Não sei mais o que dizer E nem o que pensar. Hoje não dá Hoje não dá Hoje não dá Esta um dia tão bonito lá fora Hoje não dá E eu quero brincar A maldade humana agora não tem nome Hoje não dá. Mas hoje não dá Pegue duas medidas de estupidez Hoje não dá Junte trinta e quatro partes de mentira Vou consertar a minha asa quebrada Coloque tudo numa forma E descansar. Untada previamente Com promessas não cumpridas Gostaria de não saber destes crimes atrozes É todo dia agora e o que vamos fazer? Adicione a seguir o ódio e a inveja Quero voar p'rá bem longe mas hoje não dá As dez colheres cheias de burrice Não sei o que pensar e nem o que dizer Mexa tudo e misture bem E não se esqueça: antes de levar ao forno Só nos sobrou do amor Temperar com essência de espirito de porco, A falta que ficou. UM DIA PERFEITO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos Quase morri Ha menos de trinta e duas horas atrás Corre, corre, corre Hoje a gente fica na varanda Que vai chover Um dia perfeito com as crianças. Olha a chuva! São as pequenas coisas que valem mais Não vou me deixar embrutecer É tão bom estarmos juntos Eu acredito nos meus ideais E tão simples : um dia perfeito. Podem até maltratar meu coração Folha 39