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A verdade sobre o
                                                         “choque de gestão” do governo de Minas


Sumário



Apresentação:
Discurso oficial X Realidade                                                2

Existe mérito no “choque de gestão”?                                        3

O “choque de gestão” para o servidor                                        4

Raio X do Estado de Minas Gerais                                            5

Desempenho econômico e receitas                                             6

Injustiça na tributação do ICMS                                          13

Grandes contribuintes recebem benefícios tributários                     17

Despesas do Estado                                                       19

A política do “choque de gestão”                                         22

Queda dos gastos sociais                                                 26

“Choque de gestão” ou de marketing?                                      36

Minas é o terceiro Estado mais endividado do País                        40

Resultado orçamentário                                                   47

Conclusão:
O verdadeiro déficit zero só será alcançado quando
conciliar o ajuste fiscal com o bem estar da população                   51

Fontes                                                                   52




                                                                                                             1
                                                                            A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                            do governo de Minas
A verdade sobre o
A verdade sobre o


                                                          Apresentação
     “choque de gestão” do governo de Minas
“choque de gestão” do governo de Minas




                       Discurso oficial X Realidade
                                                “Se você torturar suficientemente os dados,
                                                               eles acabarão confessando.”
                                                                                           Ronald Coase, economista,
                                                                                                  Prêmio Nobel 1991

                       Vivemos um importante momento, pois, com a realização do processo eleitoral, é hora de
                       fazermos um balanço da evolução do nosso Estado nos últimos oito anos. Esse balanço deve
                       passar, necessariamente, pela análise do desempenho do Estado no atendimento às necessi-
                       dades da população e pelo real desenvolvimento econômico e social alcançados.

                       Neste contexto eleitoral, somos bombardeados por inúmeros dados e pesquisas, divulgados
                       por diversos institutos, organizações e pela mídia, com possíveis análises do desenvolvimento
                       econômico e social obtido nos últimos anos. Entretanto, é necessário estar atento se esses
                       levantamentos e análises realmente espelham a realidade vivida ou se as fontes que realizaram
                       tais estudos não estão comprometidas pela influência de interesses políticos e econômicos.

                       Estudar as contas públicas não é uma tarefa fácil, tampouco agradável. São quadros e mais
                       quadros demonstrativos, em letras miúdas, no site do Tesouro Nacional e da Secretaria de
                       Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG), no órgão oficial do Estado, Minas Gerais, e Tri-
                       bunal de Contas do Estado (TCE). Porém, a análise dos números, muitas vezes escondidos nos
                       discursos oficiais, apresenta-se reveladora.

                       Durante o governo Aécio 2003–2010, foi gasto R$ 1 bilhão com publicidade, sendo grande
                       parte desse gasto para alardear o equilíbrio das contas públicas (déficit zero), por meio do cha-
                       mado “choque de gestão”. Entretanto, não há mérito nenhum nesse discurso fácil, de gastar
                       menos com o Estado e mais com a sociedade, pois sabemos que o Estado é responsável por
                       cuidar dos anseios e do bem estar da população e, se o governo gasta menos com o Estado,
                       ele deixa de prestar serviços públicos essenciais.

                       Como lideranças sindicais, defendemos o Estado do Bem Estar Social; um Estado que es-
                       timule o crescimento, promova a justiça social, a distribuição de renda e o bem-estar da
                       população, por meio da melhoria dos serviços públicos prestados, como saúde, educação,
                       segurança, habitação, assistência social, esporte, meio-ambiente, assistência jurídica e aos
                       direitos humanos.

                       O Estado é uma idéia jurídica abstrata, que se materializa pela ação dos servidores públi-
                       cos. Ou seja: é por meio do serviço público que a ação do Estado se faz presente.

                       Entendemos que o papel de um Sindicato contemporâneo, sério e combativo, ultrapassa a defesa
                       meramente de interesses corporativistas. Como Sindicato Cidadão, o SINDIFISCO-MG é parceiro
                       permanente nas lutas em benefício da qualidade de vida dos trabalhadores e da sociedade, exer-
                       cendo plenamente seu direito de informar, esclarecer, denunciar e propor soluções.

                       Desde 2003, o SINDIFISCO-MG tem se debruçado sobre as contas públicas, desenvolvido
                       análises e estudos, editado publicações diversas com o intuito de fomentar o debate entre
                       o governo e os diversos segmentos da sociedade. No início de 2006, o Sindicato lançou o
                       CADERNO SINDIFISCO-MG: QUEM BANCOU O AJUSTE FISCAL?; a presente publicação é
                       uma atualização desse trabalho.

                       Ao editarmos este Caderno, pretendemos mostrar, por meio de uma linguagem simples, evi-
                       tando o tecnicismo, quais são os verdadeiros dados do governo Aécio Neves, principalmente
                       em relação às áreas sociais e ao funcionalismo. Nosso objetivo principal é contribuir para o
                       debate, com informações, dados e análises, de maneira que todos possam refletir – e concluir
                       – se o que é divulgado na mídia e nos discursos oficiais corresponde à realidade vivida pela po-
                       pulação de Minas Gerais. Principalmente, se o propalado “choque de gestão”, implantado pelo
                       governo mineiro, deve ser, realmente, modelo para o País, e o que isso implicou na melhoria
                       de vida da população.
2                                                                                                          A Diretoria
Existe mérito no “choque de gestão”?
       Desmistificando as falácias do “déficit zero”


Ao longo dos últimos oito anos, o governo mineiro se vangloria na imprensa do ajuste das
contas e dos resultados de superávit do Estado, como resultados do “choque de gestão”, que
conforme explicado pelo próprio governo é a política de gestão adotada em Minas, em que “o
governo gasta menos com o Estado para gastar mais com a sociedade”. Entretanto, quando
analisamos esse discurso com atenção, é fácil desmistificar tal falácia.




                        Basicamente, iremos analisar três pontos,
                        que consideramos essenciais no
                        “choque de gestão”:
                        1º Aumento de receita total de 130% no período de 2002/2009
                        para uma inflação de 47% (IPCA e IGPD-DI);

                        2º Redução dos gastos sociais (saúde, educação e segurança
                        pública) de 60,43% da RCL em 2002 para 45,99% em 2008;

                        3º Redução da folha de pagamento total (consolidado) do Es-
                        tado ou gasto com pessoal de 71,57% em 2002 para 55,44%
                        em 2009. Esta redução ocorreu, principalmente, na folha de
                        pagamento dos servidores do Poder Executivo, que represen-
                        tava 55,87% da Receita Corrente Líquida (RCL) do Estado em
                        2002, passou para 43,49% em 2005 e, em 2009, quando
                        houve reajuste para o funcionalismo por objetivos claramente
                        eleitoreiros, para 46,16%.




Se, como vimos, no período de 2002 a 2009, a Receita Total do Estado cresceu 130% e a
Despesa Total cresceu 118%, com uma inflação de 47%, e ainda, a RCL cresceu 132%, com
esses números, o alardeado “déficit zero” nas contas do governo tem algum mérito? Ora, qual-
quer um faria esse ajuste, bastava corrigir as despesas pela inflação que a receita cuidaria
do resto e haveria um superávit.

Nas próximas páginas, faremos um estudo detalhado do que significam esses números com
a análise das receitas e despesas do Estado. Para que possamos fazer essa discussão, é
preciso analisar alguns indicadores da Administração Pública, comparando os gastos com os
aumentos de receitas, uma vez que não cabe ao Ente Público ter lucro. O dinheiro arrecadado
pelo Estado deve ser aplicado na melhoria de vida da população, por meio da prestação de
serviços públicos de qualidades, da promoção do crescimento e da distribuição de renda.


Os números por si só nada significam se não discutimos o modelo de Esta-
do, a finalidade da arrecadação e o objetivo dos serviços públicos. A serviço
de quem o governante está: da população ou do mercado e/ou do capital?


                                                                                                                         3
                                                                                        A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                        do governo de Minas
A verdade sobre o
    “choque de gestão” do governo de Minas




                             O “choque de gestão” para o servidor
                                             Perdas de direitos históricos


                      As perdas para os servidores
                      públicos estaduais do Executivo
                      p Efeitos maléficos da Reforma Administrativa do governo Aécio: fim e/ou redução dos
                        adicionais por tempo de serviço (quinquênios e trintenário); extinção do apostilamento,
                        transformado em vantagem pessoal.

                      p Congelamento do salário do funcionalismo, principalmente no período 2003–2006.

                      p Controle exacerbado do servidor por meio da Avaliação de Desempenho (ADE), com
                        critérios subjetivos.

                      p Fim da estabilidade, que é um direito constitucional.

                      p Política de quebra de paridade entre ativos e aposentados; instituição de prêmio por
                        produtividade e gratificações somente para servidores da ativa, excluindo, além dos
                        aposentados, os servidores em licença (maternidade, tratamento de saúde etc.).

                      p Confisco das promoções e progressões.

                      p A hipocrisia do subteto, por meio de uma medida demagógica de redução do salário do
                        governador, o que, na realidade, representava um confisco de salário.

                      p Férias-prêmio – verbas retidas.

                      p Instituição, em 2004, da política do “devo e não pago, se quiser recorra à Justiça”,
                        com aumento das despesas com sentenças judiciais, indenizações e restituições traba-
                        lhistas.

                      p Privatização e terceirização no serviço público.



                      E mais, ainda, para os
                      Auditores Fiscais da Receita Estadual
                      p Politica salarial: No governo Itamar Franco, a categoria fiscal, conseguiu, após muita
                        luta, corrigir a produtividade; entretanto, o governo Aécio, por meio de um Decreto de
                        Contingenciamento em 2003, suspendeu essa política salarial, e, depois, extinguiu-a,
                        sendo retomada, parcialmente, também por meio de muita luta.

                      p Perda de autonomia e engessamento do trabalho fiscal, com a implementação do
                        Progepi.

                      p Piso salarial defasado em relação aos demais Estados da Federação.

                      p Injustiça e distorções no reposicionamento.




4
Raio X do Estado de Minas Gerais
                   94,8% dos servidores públicos
                   pertencem ao Poder Executivo

Tabela 1
Quantitativo de Servidores do Estado 2006

           Poder             Ativos         Inativos        Pensionistas            Total
  Legislativo                  4.298             1.313              41               5.652
  Judiciário                 15.794              3.026            237               19.057
  Executivo                 329.781        139.581            36.656               506.018
  Ministério Público           2.438               430            175                3.043
  Total                     352.311        144.350            37.109               533.770




Veja o percentual de servidores nos três Poderes e no MP




O SINDIFISCO-MG solicitou à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), o número atualiza-
do de servidores ativos e inativos de Minas Gerais, bem como o número de servidores por categoria. Veja,
abaixo, o que a Seplag informou.

Tabela 2
Número de Pagamentos de Servidores do Estado
realizados pela Seplag Março de 2010
                                  Pagamentos Públicos            Total
                                        Ativos                 334.151
                                        Inativos               153.845
                                  Total Ativos e Inativos      487.996
                                                                   Fonte: Seplag



Entretanto, no número total de pagamentos do Estado em março de 2010 não estão incluídos os pagamentos
que não são feitos pela Seplag, como o de policiais militares e de servidores de outros Poderes. Em março de
2010, segundo dados do SIAF, foram feitos 21.239 pagamentos no Poder Judiciário. O único dado disponível
em relação à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros é que, em 2006, havia 64.841 servidores.
                                                                                                                              5
                                                                                             A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                             do governo de Minas
A verdade sobre o
    “choque de gestão” do governo de Minas




                                 Desempenho econômico e receitas
                                              Análise do crescimento do PIB e
                                                da arrecadação do Estado


                      Em relação ao desempenho econômico, o Produto Interno Bruto de Minas Gerais cresceu a
                      uma taxa média de 3,0% ao ano entre 1995 e 2007, acumulando crescimento de 42,1%
                      nesse período. Esses dados foram divulgados pela Fundação João Pinheiro (FJP), que é uma
                      entidade do governo de Minas Gerais de apoio técnico à Secretaria de Estado de Planejamento
                      e Gestão e demais sistemas operacionais do Estado.

                      Ainda segundo análise da FJP, o crescimento do PIB mineiro ficou em 21º posição no ranking
                      de crescimento do PIB dentre os 26 Estados da Federação e o Distrito Federal. Já o PIB per
                      capita em Minas Gerais teve crescimento real de 1,8% ao ano, e acumulou no mesmo período
                      – 1995 a 2007 – alta de 24,5%. Em relação aos outros Estados e Distrito Federal, o cresci-
                      mento per capita do PIB mineiro foi apenas o 17º.

                      Em 2009, ano em que o mundo todo sofria os efeitos da crise financeira mundial ocorrida no
                      fim de 2008, o PIB em Minas encolheu 2,6%. Esse porcentual é bem maior à queda do PIB
                      brasileiro, que foi de 0,2%. Tal desempenho é justificado pela Fundação, principalmente, pela
                      característica da economia de Minas Gerais, de ter grande participação da indústria de extra-
                      ção de minério de ferro – um dos setores mais afetados pela crise no Brasil – e metalurgia.

                      Durante o período em que o Estado mais sofreu os efeitos da crise, quando as indústrias,
                      sobretudo as mineradoras, diminuíram a produção e realizaram demissões, vários economistas
                      criticaram a política de concentração da economia e da pauta de exportação em commodities,
                      sobretudo de grãos e minerais. O impacto da crise no PIB de Minas demonstrou as consequências
                      do Estado ter uma economia tão dependente da indústria de extração e transformação de
                      minerais.

                      Tabela 3
                      PIB Minas X Receita Tributária 1999–2007

                                                                      Valores Correntes R$ milhões
                                                                              Receita Tributária
                            Ano        PIB de MG      Receita Tributária
                                                                              em relação ao PIB
                          1999               89.790         6.853                  7,63%
                          2000          100.612             8.254                  8,20%
                          2001          111.315             9.856                  8,85%
                          2002          127.782            11.152                  8,73%
                          2003          148.823            12.762                  8,58%
                          2004          177.325            15.212                  8,58%
                          2005          192.639            17.839                  9,26%
                          2006          214.754            19.944                  9,29%
                          2007          241.293            22.662                  9,39%


                      Ao analisar a evolução da receita própria do Estado nos últimos oito anos é importante lembrar
                      que o governo Aécio foi beneficiado por fatores externos, como crescimento da economia mun-
                      dial e da brasileira. No período de 2002 a 2009, houve aumento significativo da arrecadação

6
de Minas Gerais. A Receita Total (Orçamentária) em 2002 era R$ 17,59 bilhões e em 2009
chegou a R$ 40,56 bilhões, o que representa aumento de 130,54%, com uma inflação nesse
período em torno de 47% (IGP-DI e IPCA-IBGE).

Também é importante destacar que no período houve revisão e elevação das alíquotas do
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto de Transmissão Causa
Mortis e Doação (ITCD) e das taxas, com a criação, sobretudo em 2005, de novas taxas.




                           Para entender os dados e análises seguintes,
                           veja os conceitos abaixo:
                           Receita Tributária: É oriunda da cobrança de tributos pagos pela
                           população. Tem por base suas propriedades, suas rendas, suas
                           atividades e os benefícios diretos e imediatos que lhes são pro-
                           piciados pelo Estado. Consiste na soma do valor total da arreca-
                           dação da Receita Tributária (impostos, taxas e contribuições de
                           melhoria). É a receita própria do Estado.

                           Receita Corrente: É a categoria econômica que compreende Re-
                           ceita Tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, in-
                           dustrial, de serviços, transferências correntes e outros.

                           Receita de Capital: Registra o valor total da categoria econômica
                           que compreende as operações de crédito, alienação de bens,
                           amortização de empréstimos, transferência de capital e outras.

                           Receita Total ou Receita Orçamentária Fiscal: É a soma das Re-
                           ceitas Correntes e de Capital menos as deduções do Fundo de
                           Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valori-
                           zação dos Profissionais da Educação (Fundeb).



Tabela 4
Demonstrativo da Receita Total (Orçamentária) 2002–2006
                                                                                    Valores Correntes R$ mil

                                                                                                 Variação em %
   Receita                2002          2003         2004          2005          2006
                                                                                                  2006/2002
Receita Corrente        15.978.882   19.125.071    22.940.125    26.888.734    30.224.209                 89,15%

   ICMS                  9.397.795   10.835.788    12.931.306    15.184.191    16.662.216                 77,30%

   IPVA                   720.890       740.677      931.865      1.086.501     1.348.982                 92,12%

   IRRF                   624.440       695.883      742.051       737.006       992.155                  58,89%

   ITCD                     26.330       33.509        49.025        83.754        89.494               239,89%

   Taxas                  382.638       456.263      558.018       747.561       851.468                122,53%
   Demais Receitas       4.826.789    6.362.951     7.727.859     9.049.721    10.279.894               112,98%
   Correntes
   Dedução da Receita                              - 1.743.359   - 2.046.577   - 2.201.879
   Corrente*
Receita de Capital       1.615.941      789.394      620.493       671.567      1.077.585                 33,32%

Total                   17.594.823   19.914.465   21.817.258     25.513.725    29.099.916                 65,39%
                                                                                    *Refere-se à dedução para o Fundeb



                                                                                                                                 7
                                                                                                A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                                do governo de Minas
A verdade sobre o
    “choque de gestão” do governo de Minas



                      Tabela 4-A
                      Demonstrativo da Receita Total (Orçamentária) 2007–2009
                                                                                                                      Valores Correntes R$ mil

                                                                                                                                     Variação em %
                             Receita                 2007                        2008                          2009
                                                                                                                                      2002/2009
                         Receita Corrente          34.664.825                42.378.959                    42.518.733                     166,00%

                            ICMS                   18.972.268                22.541.992                    22.002.958                     134,13%

                            IPVA                    1.588.074                  1.838.621                     2.075.812                    187,95%

                            IRRF                    1.041.496                  1.388.427                     1.285.647                    105,89%

                            ITCD                      125.997                     170.413                       195.566                   642,75%

                            Taxas                     934.475                  1.100.917                     1.240.704                    224,25%
                            Demais Receitas        12.002.515                15.338.589                    15.718.055                     225,64%
                            Correntes
                            Dedução da Receita     - 2.839.310               - 3.841.377                   - 4.106.523
                            Corrente*
                         Receita de Capital           807.736                  1.385.751                     2.150.477                      33,08%

                         Total                    32.633.250                 39.923.333                    40.562.696                     130,54%
                                                                                                                           *Refere-se à dedução para o Fundeb


                      Em relação à Receita Total de 2009, de R$ 40,56 bilhões, com dedução do Fundeb de
                      10,12 %, 94,7% refere-se à Receita Corrente e 5,3% à Receita de Capital.

                      As demais receitas correntes que têm maior participação são as transferências correntes com
                      R$ 8,8 bilhões, 21,76% da Receita Total (sem a dedução do Fundeb), seguidas pelas contribui-
                      ções, com 7,17%, pela Receita Patrimonial, com 4,96%, por outras receitas correntes, com
                      3,41%; as demais contribuíram com 1,46%.

                      Iremos priorizar a análise detalhada da Receita Tributária, pois essa é a mais importante fonte
                      de receita própria do Estado. Em 2009, a Receita Tributária de R$ 26,8 bilhões contribuiu
                      com 66,07% da Receita Total e com 70% da Receita Corrente.

                      Tabela 5
                      Evolução Anual das Receitas Tributárias e de ICMS 1999–2009
                                                                                                                                                            R$ mil

                      ICMS1                         ICMS1                         Receita Tributária                        Receita Tribut.
        Ano          (Valores          A.V.2       (Valores           A.V.2           (Valores                    A.V.2        (Valores                 A.V.2
                    Correntes)                   Constantes3)                        Correntes)                              Constantes3)
        1999        6.188.652                    15.247.548                             6.853.085                              16.884.572

        2000        7.434.398         120,13     16.101.257         105,60              8.254.496               120,45         17.877.407            105,8801

        2001        8.899.430         119,71     17.463.863         108,46              9.856.465               119,41         19.341.908            108,1919

        2002        9.390.485         105,52     16.234.491           92,96            11.152.093               113,14         19.280.000            99,67993

        2003       10.792.674         114,93     15.196.066           93,60            12.762.120               114,44         17.969.042            93,20043

        2004       12.827.757         118,86     16.509.823         108,65             15.212.266               119,20         19.578.779            108,9584

        2005       15.128.989         117,94     18.375.189         111,30             17.839.012               117,27         21.666.697            110,6642

        2006       16.662.107         110,13     20.036.299         109,04             19.944.316               111,80         23.983.178            110,6914

        2007       18.972.856         113,87     21.709.752         108,35             22.662.309               113,63         25.931.421            108,1234

        2008       22.377.607         117,95     23.018.450         106,03             27.040.370               119,32         27.814.744            107,2627

        20094      21.964.922          98,16     21.964.922           95,42            26.800.687                99,11         26.800.687            96,35424

                                                                1   Refere-se ao ICMS principal, que desconsidera os valores referentes a juros, multas e dívida ativa

8                                                               2
                                                                3
                                                                    (A.V.) Análise vertical
                                                                    Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1)
                                                                4   Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período
Dentre os componentes da Receita Tributária, 95,37% são impostos e 4,63% taxas. O
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o mais importante com a
participação de 82% da Receita Tributária em 2009, seguido pelo IPVA que correspondeu a
7,75% da Receita Tributária no mesmo ano.



Composição da Receita Tributária Bruta em 2009




A arrecadação de ICMS em 2002 era de R$ 9,39 bilhões e em 2009 foi de quase R$ 22
bilhões, representando aumento de 134%. Desde 2004, Minas Gerais ocupa o 2ª lugar no
ranking de participação na arrecadação de ICMS dentre os 26 Estados da Federação e o
Distrito Federal, com participação média de 10% da arrecadação do ICMS no país, segundo
dados do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

Um fator que vem contribuindo para o aumento da arrecadação de ICMS é a cobrança do
imposto por meio do mecanismo da Substituição Tributária (ST). Nesse regime, a cobrança
do imposto incidente sobre os fatos geradores futuros é antecipada para o momento em que
o produto sai da indústria ou do atacadista. Em 2003, o percentual da receita que era arre-
cado pela ST era de 16,51%, em 2009, esse percentual passou para 29% e o acumulado
até maio de 2010 é de 32%.

Entretanto, as pequenas e microempresas acabam penalizadas com a cobrança pela ST.
O Simples Nacional – regime tributário, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006, de tratamento diferenciado e favorecido aplicável às microempresas
e empresas de pequeno porte para unificar e desburocratizar a cobrança de seis tributos
federais (IRPJ, IPI, CSLL, Cofins, Contribuição para o PIS/Pasep, e Contribuição Patronal
Previdenciária), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS) – não inclui os produtos cobrados
pela ST, dessa forma, ao adotar esse regime, o Estado contorna a legislação do Simples, o
que, conforme diversos especialistas e entidades representantes de segmentos econômicos
constantemente denunciam, pode acarretar em aumento da carga tributária e queda na
competitividade dessas empresas.

Faremos análise detalhada das questões relativas à arrecadação do ICMS na página 13.




                                                                                                                        9
                                                                                       A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                       do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas



                   O IPVA teve um crescimento de 188% no período de 2002 a 2009. Além dos fatores macro-
                   econômicos (crescimento da economia e facilidade no crédito), o que redunda em crescimento
                   da frota, houve um esforço da fiscalização nas regionais com monitoramento da frota durante
                   todo o período. No comparativo com outros Estados da Federação, Minas Gerais vem apresen-
                   tando um bom desempenho.

                   Tabela 6
                   Evolução da Arrecadação de IPVA 2003–2009

      2003/2002         2004/2003          2005/2004     2006/2005       2007/2006                 2008/2007                2009/2008
          2,74%             25,81%           16,59%        24,16%            17,72%                    18,00%                  12,90 %




                   Enquanto o principal tributo sobre o consumo – o ICMS – teve queda de 2,39% em 2009,
                   o IPVA teve aumento de 12,90%. Um dos fatores para essa evolução foi a interferência do
                   governo federal com as políticas de desonerações fiscais (redução do IPI), como parte de en-
                   frentamento da crise de 2008/2009, para estimular o consumo.

                   Embora o ITCD tenha uma participação irrisória (0,73%) na composição da Receita Tributária,
                   foi o que mais cresceu, – 643 %, no período de 2002 a 2009. Isso ocorreu devido a uma
                   melhoria da fiscalização nesse setor, com trabalhos direcionados para verificação de contratos
                   de doação de cotas de capital e para a melhoria dos procedimentos de avaliações de bens
                   imóveis. Esses trabalhos tiveram efeitos bastante positivos, que geraram resultados diretos e
                   indiretos na arrecadação.

                   Tabela 7
                   Evolução da Receita Corrente Líquida (RCL) 2001–2009

                                                                                                                              R$ mil

                        Ano               RCL (V. Correntes)        RCL (V. Constantes1)                   Análise Vertical
                      2001                  11.412.858                      22.396.108
                      2002                  12.542.039                      21.682.972                               96,82%
                      2003                  14.305.976                      20.142.789                               92,90%
                      2004                  16.695.979                      21.488.376                             106,68%
                      2005                  19.550.334                      23.745.214                             110,50%
                      2006                  22.083.399                      26.555.441                             111,83%
                      2007                  23.803.678                      27.237.436                             102,57%
                      2008                  29.242.489                      30.079.928                             110,44%
                      20092                 29.118.470                      29.118.470                               96,80%
                                                               1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1)
                                                               2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período




10
Já a Receita Corrente Líquida (RCL), conforme definido no artigo 2º, inciso IV, da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), é o somatório das receitas tributárias, de contribuições, pa-
trimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras recei-
tas também correntes, deduzidos nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por
determinação constitucional e na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas pro-
venientes da compensação financeira citada no parágrafo 9º do artigo 201 da Constituição.
Também são computados no cálculo da Receita Corrente Líquida os valores pagos e recebi-
dos em decorrência da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo
previsto pelo artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Ainda, a Receita
Corrente Líquida é apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos
onze anteriores, excluídas as duplicidades.

O valor da RCL é utilizado como base para o cálculo dos limites estabelecidos pela LRF relati-
vos à despesa total com pessoal, portanto, a análise da mesma é extremamente importante,
sobretudo, para o funcionalismo estadual, uma vez que essa receita é considerada para o es-
tabelecimento do limite da LRF, e quando o funcionalismo estadual reivindica e debate reajuste
salarial, o governo utiliza o limite da LRF como argumento para não conceder ou restringir o
reajuste. Contudo, na aplicação dessa lei, um dos limites que é mais utilizado é o de despesas
com pessoal, ou seja, a LRF foi feita para arrochar salários dos servidores. Ela estabelece um
limite de endividamento para os Estados – o limite da Dívida Consolidada Líquida (DCL) é duas
vezes a RCL –, mas não estabelece limite de endividamento para a União.

O gráfico abaixo demonstra a evolução da RCL em valores correntes.



Evolução da Receita Corrente Líquida (RCL)

R$ mil




                                                                                                                        11
                                                                                            A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                            do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas



                   Tabela 8
                   Demonstrativo da Receita Corrente Líquida 2008 e 2009

                                                                                                                R$

                          Especificação                                 2008                     2009
                 Receitas Correntes (I)                      42.378.959.652,97          41.063.482.874,44
                   Receita Tributária                           27.040.370.046,03          26.800.687.202,07
                     ICMS                                       22.541.992.042,29          22.002.958.233,35
                     IPVA                                        1.838.620.700,39           2.075.812.228,31
                     ITCD                                          170.413.492,41             195.565.796,53
                     IRRF                                                                   1.285.646.835,63
                     Outras Receitas Tributárias                 2.489.343.810,94           1.240.704.108,25
                   Receita de Contribuições                      2.755.893.100,33           1.452.393.994,44
                   Receita Patrimonial                           1.816.220.264,17           2.010.632.798,01
                   Receita Agropecuária                               5.523.539,19               5.122.362,05
                   Receita Industrial                                91.425.455,77             91.764.472,47
                   Receita de Serviços                             474.011.265,86             493.874.423,39
                   Transferências Correntes                      8.530.938.156,10           8.826.211.736,24
                     Cota-Parte do FPE                           2.091.738.316,50           2.016.018.243,53
                     Transferências LC. 87/1996                    188.723.047,55             188.723.047,56
                     Transferências LC 61/1989                     431.345.653,18             340.194.075,67
                     Transferências do Fundeb                    3.545.131.305,86           3.846.123.181,39
                     Outras Transferências Correntes             2.273.999.833,01           2.435.153.188,09
                   Outras Receitas Correntes                     1.664.577.825,52           1.382.795.885,77
                 Deduções (II)                               13.136.470.238,84          11.945.013.326,36
                   Transferências Constitucionais                6.944.023.258,37           6.785.082.755,01
                   Contrib. Plano de Previd. do Servidor         1.715.217.927,69             843.179.383,36
                   Contrib. Custeio Pensões Militares              614.510.058,32             176.100.622,81
                   Comp. Financ. Regimes Previdenciários             21.342.085,95             34.127.586,42
                   Dedução Receitas Formação Fundeb              3.841.376.908,51           4.106.522.978,76
                 Receita Corrente Líquida (I-II)             29.242.489.414,13          29.118.469.548,08




                                  É necessário ressaltar que a evolução das receitas não é mérito
                                  deste governo. Como podemos comprovar ao analisar a Tabela 5,
                                  o crescimento das receitas vem ocorrendo desde 1999. Esse au-
                                  mento é consequência de vários fatores, dentre eles, a relativa es-
                                  tabilidade e desenvolvimento econômicos vivenciados nos últimos
                                  anos, a política tributária, e o bom desempenho da fiscalização de
                                  Minas Gerais, que é reconhecida como uma das mais eficientes do
                                  Brasil, e tem atuado, com dedicação e seriedade, no planejamento
                                  do trabalho do Fisco e no combate à sonegação, para alavancar a
                                  arrecadação.


12
Injustiça na tributação do ICMS
        Grandes contribuintes pagam menos e
  trabalhadores arcam com maior parte dos tributos

Neste contexto eleitoral, o debate sobre os impostos pagos se acirra, entretanto, muitas
vezes a discussão feita pelos candidatos não se aprofunda ou nem mesmo passa perto de
diagnosticar e atacar o principal problema: o sistema tributário é injusto e onera mais os
trabalhadores.

O perfil injusto da carga tributária é ainda mais grave em relação a impostos indiretos, como
o ICMS. Ao analisarmos o índice de recolhimento dos diversos setores econômicos em rela-
ção ao faturamento, podemos constatar a injustiça na cobrança desse imposto.

Tabela 9
Índice de Recolhimento dos Setores
em Relação ao Faturamento 2003*

                                      SETOR                                       IRF – ICMS (em %)
                               Agricultura e Pecuária                                         1,33
                                     Comércio                                                 1,29
                                Comércio Atacadista                                           0,90
                                Comércio Varejista                                            1,78
                                      Indústria                                               2,34
                              Indústria da Construção                                         1,13
                            Indústria da Transformação                                        2,54
                          Indústria de Extração Mineral                                       0,01
                                 Outras Atividades                                            0,10
                                      Serviços                                                9,54
                             Alojamento e Alimentação                                         2,95
                                   Comunicação                                               14,31
                                  Energia Elétrica                                           19,41
                                  Outros Serviços                                             0,25
                          Reparo Manutenção/Instalação                                        0,61
                                    Transporte                                                3,22

                                          *Embora os dados sejam de 2003, os índices não tiveram alterações significativas




A tabela acima mostra como a tributação do ICMS é feita de forma desproporcional e injusta.
A maioria dos setores está abaixo do índice mínimo aceitável (6%). Setores esses que, além da
imunidade ou não incidência, estão seguramente recheados de benefícios, isenções fiscais, re-
dução de base de cálculo e outros, que são concedidos, sem critério, pelo governo mineiro.

O ICMS é tributo não cumulativo, incidindo sobre o valor agregado, um índice mínimo aceitável
seria em torno de 6%. Se uma empresa mineira compra produtos fora do nosso Estado (12%)
e vende-os internamente (18%), sem agregar ao produto as despesas operacionais (despesas
de venda, administrativas, financeiras e outras), teria de recolher, no mínimo, 6%, mas não é
o que ocorre na prática, pois a média de recolhimento do ICMS é 2,34%. Já na situação em
                                                                                                                                                13
                                                                                                                    A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                                                    do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas



                   que a comercialização (compra e venda) se dê dentro do Estado, o contribuinte teria de reco-
                   lher, no mínimo, a alíquota do setor (na maioria dos casos de 18%) sobre o valor agregado.

                   Essas anomalias se devem ao balcão de negócio dos benefícios que virou esse tributo, com
                   grande volume de desonerações e sonegação fiscal, sem contar a maior parte das ocorrências
                   de sonegação que acontecem pela não declaração voluntária do contribuinte, pela venda sem
                   nota fiscal, pelo subfaturamento, e outros.

                   Em Minas Gerais, o índice de recolhimento em relação ao faturamento do setor de indústria
                   de extração mineral é o menor, 0,01%, e o da energia elétrica é o maior, 19,41% (alíquota
                   média). Enquanto os trabalhadores pagam 30% sobre o valor da conta de luz, as mineradoras
                   só pagam 0,01% de seu faturamento.

                   Tabela 10
                   Tributação sobre Bens e Serviços Essenciais 2003
                                          Produtos/Serviços     Alíquota             Alíquota Efetiva
                                               Energia             30%                       43%
                                            Comunicação            25%                       33%
                                              Gasolina             25%                       33%
                                           Medicamentos           18%*                       27%
                                                                * Exceto o medicamento genérico e o acondicionado em
                                                                embalagem hospitalar que possuem alíquotas de 12%




                                          Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
                                          (IBPT) aponta que os medicamentos consumidos no Brasil têm em
                                          média uma carga tributária de 35,7%. Desse total, o ICMS é o que
                                          mais pesa, com alíquota média de 17,5%. A título de comparação,
                                          medicamentos de uso animal têm uma carga tributária de apenas
                                          14,3%. O documento mostra ainda que a maior alíquota é a cobrada
                                          no Rio de Janeiro, que chega a 19%. Em Minas Gerais e São Paulo,
                                          a alíquota é de 18% e a maior parte dos estados cobra 17%.


                   Os grandes contribuintes, geralmente financiadores de campanhas eleitorais, tentam intimi-
                   dar o governo insinuando que podem se instalar em outros estados, fazendo leilão da Receita
                   Tributária e, com nisso, alimentam a “guerra fiscal” e conseguem obter benefícios. Enquanto
                   isso, a maioria dos pequenos e médios contribuintes, devido à concorrência desleal aliada à
                   sensação de impunidade, é levada a sonegar.

                   Por conseguinte, o governo, para compensar as perdas de receita com os grandes contri-
                   buintes, aumenta a tributação sobre os bens e serviços essenciais – energia elétrica, teleco-
                   municações e combustíveis –, em que a sonegação é mais difícil devido ao rigoroso controle
                   e, com isso, os trabalhadores é que são mais onerados.




                       Entenda sua conta de luz
                       As alíquotas (imposto) estão embutidas no valor de todos os serviços e
                       mercadorias. Por exemplo, em uma conta de luz no valor de R$ 100, já
                       está embutido R$ 30 de imposto, o que significa que você está pagando
                       R$ 70 pelo serviço. Dessa forma, o imposto pago representa efetivamen-
                       te 42,86% do custo do valor do serviço (30/70). Como o ICMS é um
                       tributo indireto, os valores da indústria e comércio são repassados para o
                       consumidor e a alíquota é de 18%, por isso o índice de recolhimento sobre
                       o faturamento representa 19,41%. Um verdadeiro confisco!
14
Os setores de energia elétrica, comunicação e combustíveis representaram 41% da arreca-
dação de ICMS do Estado em 2009. Enquanto isso, a tributação do setor de mineração não
recolhe praticamente nada – 0,94% da receita total de ICMS.

Acompanhe a tabela de arrecadação de ICMS por setor:

Tabela 11
Arrecadação de ICMS por Setor 2003 e 2009

                                      Participação em % na Receita Total por Setor
                    Setor
                                                2003             2009
            Cimento                             2,14                1,60
            Minerais                                –               0,58
            Siderúrgica                         4,79                3,05
            Veículos                            1,73                2,90
            Combustíveis                       26,13              19,38
            Bebidas                             3,23                4,44
            Medicamentos                        1,21                1,17
            Cigarros                            1,50                1,46
            Energia Elétrica                   13,05              11,50
            Transportes                         2,55                2,30
            Comunicação                        11,45              10,21
            Comércio – outros                  11,61              13,62
            Indústria – outros                  9,51              10,38
            Importação                          4,09                4,16
            Dif. Alíquota                       1,33                1,70
            Outras origens                          –               1,51
            Outros                              5,68              10,04
            Total                              100%               100%



A tributação deveria ser mais pesada sobre o setor mineral (extração e transformação),
pois, conforme exposto anteriormente, esse setor tem grande peso na economia de Minas.
Além disso, as mineradoras já são beneficiadas pela imunidade (EC 42/2003) e pela Lei
87/1996 (Lei Kandir), que concedeu a isenção de impostos aos Estados e ao Distrito Fe-
deral nas operações de exportação de produtos primários. E, conforme podemos constatar
na Tabela 12, as exportações de produtos do setor mineral representam mais de 45% dos
produtos da pauta de exportação mineira.




                                                                                                                 15
                                                                                     A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                     do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas



                   Tabela 12
                   Exportações do Estado por Produtos 2008


                                   Produtos                       Valor em US$           Participação %
                                   Minério de ferro                 6.880.079               28,15%
                                   Café                             2.981.420               12,20%
                                   Ferroniobio                      1.506.148                6,16%
                                   Automóveis com motor             1.283.709                5,25%
                                   Ferro fundido                    1.273.121                5,21%
                                   Ouro em barra, fios, etc           616.167                2,52%
                                   Pasta quím./madeira                609.842                2,49%
                                   Billets de ferro/aço               459.250                1,88%
                                   Prods. semimanuf. ferro/aço        447.407                1,83%
                                   Outros silícios                    417.361                1,71%
                                   Outros produtos                  7.969.936               32,60%
                                   Total                          24.444.440                  100%



                   É necessário que o Estado discuta e reverta o quadro imposto pela Lei Kandir, pois Minas
                   Gerais deixa de receber bilhões em tributos das mineradoras. Em um exemplo hipotético, se
                   houvesse uma alteração na legislação com uma tributação média de 12%, o Estado poderia
                   receber em torno de R$ 2 bilhões.



                   .
                         Se o governo mineiro tivesse, realmente, inte-
                         resse em beneficiar as camadas mais carentes
                         da população, deveria reduzir as tarifas de bens
                         essenciais e os benefícios fiscais concedidos, in-
                         vestir na melhoria dos serviços públicos (saúde,
                         educação, saneamento básico, entre outros) e
                         tributar com alíquotas maiores os bens supérflu-
                         os, além de setores, tais como o de mineração,
                         que são favorecidos por benefícios fiscais, explo-
                         ram recursos naturais não-renováveis e ainda de-
                         gredam o meio-ambiente




16
Grandes contribuintes
              recebem benefícios tributários
        Prática pode se tornar moeda de troca
      para financiamento de campanhas eleitorais


Instrumento originalmente idealizado e regulamentado no Brasil para fomentar políticas públi-
cas, a concessão de benefícios tributários em Minas Gerais tem sido praticada sem o devido
controle e acompanhamento, comprometendo parte da Receita Tributária. Essa prática, inclu-
sive pode tornar-se moeda de troca para financiamento de campanhas eleitorais. É necessário
alertar a sociedade para as consequências nocivas dessa prática, principalmente, tendo em
vista que, na maioria das vezes, ela só beneficia grandes contribuintes.

Os impostos pagos, que constituem a receita, financiam os investimentos do governo em
serviços essenciais como saúde, educação e segurança. Esse dinheiro pertence à sociedade
mineira, entretanto, o governo de Minas e outros Entes vêm abrindo mão de dinheiro público
sem a devida transparência e controle.

Os principais benefícios tributários, que correspondem a tratamento diferenciado de contri-
buintes, são anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter
não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução dis-
criminada de tributos.


Tabela 13
Valores da Renúncia Fiscal Realizada 2008
                                                                                                           R$ mil

       ICMS                   IPVA                ITCD               Taxas                  Total
    3.437.842               25.563               42.361             18.974              3.524.739



O artigo 14 da Lei 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal) disciplina a renúncia de receita
e estabelece que a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária
deve estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro, no exercício
em que deva iniciar a sua vigência e nos dois seguintes. Além disso, devem ser observados
o disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias e outras condições dispostas no artigo 14.
Contudo, em Minas, essas determinações não são seguidas.

Contudo, em Minas, não há transparência, não há estudo técnico, não há clareza e con-
sistência da metodologia, e nem vontade política de ter um grupo especializado e técnico,
bem como controle dessa situação. A concessão é feita sem critérios e controles objetivos,
variando ao longo dos anos, geralmente, de acordo com interesses do governo.

Embora o governo tenha alterado a metodologia de cálculo do impacto financeiro que é ge-
rado pela concessão de benefícios fiscais, podemos estimar que o impacto das renúncias
sobre a Receita de ICMS, atualmente, deve ser em torno de 40%. Pode-se verificar que o
percentual de renúncia em relação à receita é alto na análise do índice de recolhimento em
relação ao faturamento, que no ICMS total gira em torno de 2,34%. Esse valor deveria ser
em torno de 6%. Em contrapartida, o índice de recolhimento do setor de energia elétrica
fica em torno de 19%.




                                                                                                                     17
                                                                                         A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                         do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas



                   Tabela 14
                   Valor das Renúncias por Setores das Empresas 2008

                      Setor                                 Total (R$)          Participação (%)
                      Indústria Transformação           1.730.953.447                50,35%
                      Comércio                             694.444.084               20,20%
                      Serviços                             577.901.240               16,81%
                      Siup                                 290.153.864                8,44%
                      Indústria Extrativa                   82.508.208                2,40%
                      Agropecuária                          37.816.262                1,10%
                      Construção                            18.908.131                0,55%
                      Outros                                  5.156.763               0,15%
                      Total                             3.437.842.000                  100%



                   A indústria de transformação recebe a maior parte dos benefícios tributários. Em 2008,
                   esse setor foi beneficiado com 50,35% do total das renúncias de ICMS.

                   Muitas empresas desse setor que receberam benefícios tributários foram financiadoras de
                   campanhas eleitorais para o governo do Estado, conforme a população pode comprovar nas
                   informações divulgadas pelos candidatos, que estão disponíveis para consulta no site do Tri-
                   bunal Superior Eleitoral.




                                                      Os benefícios fiscais, em sua quase to-
                                                      talidade, acarretam na transferência
                                                      de renda do setor público para o priva-
                                                      do, engrossando o lucro dos grandes
                                                      contribuintes. Quem perde é a socie-
                                                      dade, uma vez que o dinheiro recolhi-
                                                      do das grandes empresas deveria ser
                                                      aplicado na melhoria dos serviços pú-
                                                      blicos. Neste contexto de eleições, a
                                                      sociedade deve cobrar transparência
                                                      do governo e da Assembleia Legislativa
                                                      do Estado.




18
Despesas do Estado
             Onde e como foram gastas as receitas


Perante o desempenho econômico e o aumento das receitas que vimos anteriormente, iremos
analisar agora as despesas do Estado.


Tabela 15
Evolução da Despesa Orçamentária 2002–2006

                                                                                           Valores Correntes R$ mil

                                                                                                            Variação %
Despesa                        2002             2003            2004          2005          2006
                                                                                                          (2002/2006)
Despesas Correntes          16.615.196     18.802.966        19.766.973    22.146.208     25.095.302                51%

  Pessoal e Encargos         8.976.847       9.368.524       10.439.284     11.336.497    12.780.455                42%

  Juros e Encargos Dívida    1.077.532       1.192.787        1.371.951      1.643.595     1.916.507                78%

  Outras Desp. Correntes 6.560.817           8.241.654        7.955.738      9.166.116    10.398.340                58%

Despesa de Capital           1.853.968      1.460.494         1.959.635     3.145.861      3.923.487             112%

  Investimentos               775.437           600.945       1.109.663      2.024.570     2.712.928              250%

  Inversão Financeira         646.834           433.524         417.583       709.845       711.596                 10%

  Amortização Dívida          431.697           426.025         432.388       411.446       498.963                 16%

Total                   18.469.163 20.263.459               21.726.607    25.292.069     29.018.789                57%




Tabela 15-A
Evolução da Despesa Orçamentária 2007–2009
                                                                               Valores Correntes R$ mil

                                                                                            Variação %
Despesa                                  2007               2008            2009
                                                                                          (2002/2006)
Despesas Correntes                 28.327.247          33.601.586         34.329.236          107%

  Pessoal e Encargos               14.268.355             16.674.559      17.576.558           96%

  Juros e Encargos Dívida             2.136.270            2.544.019       2.197.933          104%

  Outras Despesas Correntes        11.922.622             14.383.008      14.555.662          122%

Despesa de Capital                    4.115.902           5.221.250        5.934.225          220%

  Investimentos                       2.820.705            3.725.666       3.585.388          362%

  Inversão Financeira                    829.360            875.306        1.250.816           93%

  Amortização Dívida                     465.837            529.545        1.098.021          154%

Total                              32.443.148          39.299.362         40.263.461          118%




                                                                                                                                   19
                                                                                                       A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                                       do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas




                            Análise Vertical
                            (Participação de cada despesa na Despesa Total)

                            n Em 2002, as despesas correntes representavam 89,96% da despesa
                            total; em 2009, 85,26 %.

                            n No mesmo período, as despesas de capital, que representavam 10,04%,
                            passaram para 14,74%. A despesa de pessoal, que representava 48,60%,
                            caiu para 43,65%, o que representou uma redução real de 10,18%.

                            n Por outro lado, as despesas de capital tiveram um aumento de 41,73%.
                            Ou seja, houve um deslocamento das despesas correntes para as despesas
                            de capital.

                            Análise Horizontal
                            (Crescimento de um período para o outro)

                            n No primeiro mandato do governo Aécio (2002–2006) houve um cresci-
                            mento de 51% das despesas correntes e de 112% na despesa de capital.

                            n Já no período de 2002–2009, houve um crescimento de 107% das despe-
                            sas correntes, enquanto a despesa de capital aumentou 220%, com desta-
                            que para os investimentos (crescimento de 362%). Entretanto, a maior parte
                            desses investimentos não foi aplicada – como deveria ser – em benefício da
                            população, como na saúde e educação, com construção de hospitais e esco-
                            las, ou até mesmo na segurança pública.

                            n O item que menos cresceu foi com pessoal (folha de pagamento) 42% no pe-
                            ríodo de 2002/2006; no período de 2002/2009, 97% para um crescimento
                            de 130% na receita total e 166% (descontando-se as deduções, 143%) na
                            Receita Corrente para uma inflação de 47% nesse período. Enquanto isso as
                            despesas com o pagamento de juros e encargos da dívida foi de 104%.



                            Para entender melhor, observe alguns conceitos:
                            Despesas Correntes
                            Abrigam todas aquelas que não contribuem diretamente para a formação
                            ou aquisição de um bem de capital, ou seja, são as despesas essenciais ao
                            funcionamento da máquina administrativa, tais como: pessoal e encargos so-
                            ciais, juros e encargos da dívida, material de consumo, pagamento de diárias,
                            contribuições e subvenções, auxílio-alimentacão, além de outras despesas da
                            categoria econômica “Despesas Correntes”, não classificáveis nos demais
                            grupos de natureza de despesas.

                            Despesas de Capital
                            Classificam-se, nesta categoria, aquelas despesas que contribuem direta-
                            mente para a formação ou aquisição de um bem de capital: investimentos,
                            inversões financeiras e amortização de dívida.




20
As despesas totais são divididas por funções, veja na tabela abaixo as principais despesas por
funções.

Tabela 16
Principais Despesas por Função
em Relação à Despesa Total 2002–2009

Função                 2002      2003       2004        2005       2006        2007         2008            2009
Legislativo            2,66%     2,69%      2,67%      2,48%      2,47%        2,48%        2,45%           2,60%

Judiciário             5,39%     6,19%      6,09%      6,00%      6,04%        6,05%        5,79%           6,19%

Essencial à Justiça    1,79%     2,16%      1,95%      2,15%      2,40%        2,40%        2,40%           2,33%

Administração          5,81%     5,33%      3,02%      3,86%      4,77%        4,21%        3,84%           3,60%

Segurança Pública     13,18%   12,87%      12,29%     13,06%     13,48%       13,19%    12,62%            13,96%

Previdência Social     5,97%     5,75%     15,19%     13,17%     12,72%       12,52%    11,97%            11,69%

Saúde                  8,07%     8,62%      9,67%      8,97%      8,44%        8,87%        9,17%           9,88%

Educação               19,8%   19,36%      12,88%     12,55%     12,49%       12,54%    12,43%            11,79%

Habitação              0,08%     0,07%      0,04%      0,44%      0,36%        0,30%        1,51%           0,29%

Agricultura            0,60%     0,80%      0,62%      0,95%      0,96%        0,96%        1,22%           1,22%

Indústria              2,80%     1,73%      1,24%      2,05%      1,85%        1,86%        1,24%           2,22%

Transportes            4,16%     3,19%      4,02%      4,20%      4,33%        4,22%        4,65%           5,31%

Encargos Especiais    26,37%   28,25%      27,38%     27,44%     26,79%        27,5%    26,88%            25,67%

Outras Funções         3,32%     2,99%      2,94%      2,68%        2,9%        2,9%        3,83%           3,25%

Total                 100%      100%        100%       100%       100%         100%         100%           100%


Os encargos especiais englobam as despesas que não podem ser associados a um bem ou
serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, que totalizaram, em 2009, R$ 10,3
bilhões.

Tabela 17
Distribuição Encargos Especiais 2009

   Despesas                                      Valor (R$)                Percentual (%)
   Serviço da Dívida Interna                 3.163.534.463,31                 30,61%
   Serviço da Dívida Externa                     82.308.962,13                 0,80%
   Transferência para Municípios             6.790.988.011,58                 65,70%
   Outros Encargos Especiais                   297.229.188,40                  2,88%
   Total                                   10.334.060.625,42                    100%


O que se observa na tabela acima é que, na distribuição dos encargos especiais, quase a
totalidade das despesas refere-se à transferência para os Municípios (65,7%) e serviços da
dívida (31,41%).

Embora não conste na Tabela 16, a despesa com saneamento em 2008 foi de 0,08% e, em
2009, de 0,02 %, ou seja, insignificante comparada com as demais.

Observa-se que as despesas com gastos sociais mais relevantes são realizadas nas funções
Saúde, Educação, Segurança Pública e Previdência Social. A partir da página 26, faremos
análise detalhada da evolução dessas despesas em nosso Estado.                                                           21
                                                                                             A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                             do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas




                                  A política do “choque de gestão”
                                  Arrocho salarial para o funcionalismo,
                               principalmente dos servidores do Executivo

                    Enquanto se alardeava o “déficit zero”, o funcionalismo foi duramente penalizado, especial-
                    mente no período de 2003 a 2005, primeiro mandato do governo Aécio Neves, por meio de
                                                       Essa é a verdadeira política do
                    um arrocho salarial e a sucessiva perda de direitos.
                    “choque de gestão” implementado em Minas!
                    O valor total da folha de pagamento do Estado (Poder Executivo, Legislativo, Judiciário e Minis-
                    tério Público) era de R$ 15,6 bilhões em 2002, caiu para R$ 13,2 bilhões em 2003, R$ 13,4
                    bilhões em 2004, com uma ligeira elevação em 2005, R$ 13,8 bilhões.

                    Em 2006, aumentou para R$ 15,7 bilhões devido ao crescimento vegetativo e a modificações
                    na folha, que começou a incluir novos concursados e pequena correção média nas tabelas
                    (média de 10%). A remuneração saiu de critérios objetivos, tais como tempo de serviço, para
                    critérios subjetivos, tais como avaliação de desempenho e prêmio por produtividade.

                    Tabela 18
                    Despesas com Pessoal dos Três Poderes
                    e do Ministério Público 2002–2009
                                                                                                          Valores Constantes1 R$ mil

     Poder/Órgão              2002            2003         2004        2005           2006              2007               2008             20092
     Poder Legislativo      688.466         615.520      628.191     630.702       719.651           777.698            849.701           893.428

     Poder Judiciário      1.489.758       1.459.948    1.488.547   1.540.798    1.781.915         1.900.987         2.014.022         2.055.265

     Poder Executivo      12.986.274      10.628.956   10.868.240 11.064.065    12.210.502 12.958.435              13.590.078 13.948.986

     Ministério Público     469.215         486.442      450.787     533.385       656.518           689.492            698.278           678.878

     Total do Estado      15.633.713 13.190.866        13.435.765 13.768.950 15.368.586 16.326.612 17.152.080 17.576.557

                                                                            1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1)
                                                                            2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período
                    Tabela 18-A
                    Despesas com Pessoal dos Três Poderes
                    e do Ministério Público 2002–2009
                                                                                                             Valores Correntes R$ mil

     Poder/Órgão              2002            2003         2004        2005           2006              2007               2008              2009
     Poder Legislativo      398.228         437.160      488.090     519.280       598.459           679.655            826.045           893.428

     Poder Judiciário       861.718        1.036.896    1.156.566   1.268.597    1.481.833         1.661.334         1.957.951         2.055.265

     Poder Executivo       7.511.625       7.548.984    8.444.375   9.109.463   10.154.204 11.324.795              13.211.724 13.948.986

     Ministério Público     271.407         345.485      350.251     439.155       545.957           602.569            678.838           678.878

     Total do Estado       9.042.979      9.368.524    10.439.284 11.336.497 12.780.454 14.268.354 16.674.559 17.576.557




                    Observação: Em relação aos anos de 2002 e 2003, os valores divulgados pelo TCE, SEF-MG e
                    Tesouro Nacional são divergentes. Entretanto, isso não prejudica a análise, pois as diferenças
                    são mínimas; o SINDIFISCO-MG optou por utilizar os dados do TCE.
22
Tabela 19
 Evolução das Despesas com Pessoal
 dos Três Poderes e do MP 2002–2009
                                                                                    Valores Constantes Base 100

Poder/Órgão              2002        2003         2004        2005         2006        2007        2008            2009
Poder Legislativo        100         89,40        91,25       91,61       104,53      112,96      123,42          129,77

Poder Judiciário         100         98,00        99,92      103,43       119,61      127,60      135,19          137,96

Poder Executivo          100         84,13        86,03       87,58        96,65      102,57      107,57          110,41

Ministério Público       100        103,67        96,07      113,68       139,92      146,95      148,82          144,68

Total do Estado          100         84,37       85,94        88,07        98,30      104,43      109,71         112,43




 O maior achatamento, entretanto, da folha de pagamento do Estado foi nas despesas com
 pessoal do Poder Executivo: a que menos cresceu no período 2002–2009, conforme demons-
 trado a seguir.




 O sacrifício do servidor
 Se compararmos a folha de pagamento total do Estado (consolidada) em relação à Receita
 Corrente Líquida, houve uma redução de 71,57% em 2002 para 55,44% em 2009, o que
 representa uma queda de 23%. Isso evidencia que o “choque de gestão” foi feito à custa do
 sacrifício do servidor público.

 Tabela 20
 Despesa Líquida com Pessoal (DLP) X
 Receita Corrente Líquida (RCL)
 Poder Executivo, Legislativo, Judiciário
 e Ministério Público 2002–2009
                                                                                                                      R$ mil

                         2002         2003         2004       2005         2006       2007         2008                2009
DLP Consolidada       8.976.900    9.300.300    9.710.060 10.212.800   11.860.030 13.282.770   15.883.270 16.142.290

RCL                  12.542.000   14.306.000   16.696.000 19.550.300   22.083.400 23.803.680   29.242.490 29.118.470
Percentual - DLP        71,57%       65,01%       58,16%     52,24%       53,71%     55,80%       54,32%            55,44%
em relação a RCL


                                                                                                                                23
                                                                                                    A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                                    do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas




                                          Despesa Líquida com Pessoal (DLP)
                                          Soma das despesas com pessoal da ativa, inativos, pensionis-
                                          tas e pessoal terceirizado, menos as despesas não computa-
                                          das (art. 19, parágrafo 1º da LRF). Essas últimas referem-se
                                          às despesas de caráter indenizatório, tais como: as indeni-
                                          zações por demissão e incentivos à demissão voluntária; as
                                          decorrentes de decisão judicial; as despesas de exercícios an-
                                          teriores e inativos com recursos vinculados.


                   Esta redução ocorreu, principalmente, na folha de pagamento dos servidores do Poder Exe-
                   cutivo, que representava 55,87% da RCL em 2002, passou 43,49% em 2005 e, em 2009,
                   com objetivos claramente eleitoreiros para 46,16%. A queda total, no período 2002–2009,
                   foi de 17%.

                   Mais uma vez se evidencia que o “choque de gestão” foi feito com o arrocho salarial do funcio-
                   nalismo, principalmente dos servidores do Poder Executivo, que representam 95% do quadro
                   de servidores do Estado.

                      O Poder Executivo, responsável pela execução de políticas so-
                      ciais, distribuição de renda e prestação de serviços públicos,
                      deveria ser valorizado, entretanto transformou-se em Poder
                      de Quarta Categoria.


                   Tabela 21
                   Despesa Líquida com Pessoal (DLP) X
                   Receita Corrente Líquida (RCL)
                   Poder Executivo 2002–2009
                                                                                                                                           R$ mil

                              2002            2003       2004        2005            2006              2007              2008             20092
     DLP Consolidada
     Valores correntes 7.006.667 7.674.756 8.069.231 8.501.539                 9.844.998 11.038.665 13.382.012 13.441.992
     DLP Consolidada
     Valores constantes1 12.113.291 10.806.043 10.385.415 10.325.699          11.838.678 12.631.028               13.765.242 13.441.992
     Percentual - DLP
     em relação a RCL        55,87%     53,65%     48,33%     43,49%               44,58%            46,37%            45,76%            46,16%

                                                                            1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1)
                                                                            2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período




                   Veja a queda na despesa com servidores do Executivo em relação à receita.




24
Servidor aposentado é o mais penalizado
 A política de governo do “choque de gestão” penalizou todos os servidores públicos estaduais,
 especialmente os aposentados, que tiveram seus proventos congelados e corroídos pela infla-
 ção do período. Um total desrespeito à paridade, garantida pela Constituição
 Federal!

 Se em 2002, as “aposentadorias e proventos” tinham participação de 37,78% na composição da
 folha de pagamento do Estado, caiu para 33,08% em 2005, 30,52% em 2008 e 28,96% em
 2009. Uma queda no período (2002–2009), em termos verticais, de 23%!

 Tabela 22
 Despesas com Pessoal e Encargos Sociais
 segundo a Classificação Econômica 2002–2009
                                                                                                 Valores Constantes1 R$ mil
Elementos                2002        2003         2004        2005            2006              2007              2008                20092
de Despesas
Aposentadorias        5.907.006   4.791.091    4.572.289   4.555.568     5.094.750        5.268.216          5.234.702          5.090.381
e proventos
Pensões                173.335     179.489      176.917     162.510         179.796          178.259            163.324             161.971
Contratação por
tempo detrminado                                    816

Salário-família           1.615       2.054      11.680        2.642           2.995             3.273          424.383                    698
Vencimentos e
vantagens fixas       6.757.591   5.788.846    5.612.215   5.845.656     6.649.078         7.130.999         7.331.262           7.532.853
Pessoal Civil

Vencimentos e
vantagens fixas       1.517.273   1.261.178    1.228.585   1.364.527     1.545.904         1.609.547         1.681.556           1.854.150
Pessoal Militar
Obrigações
Patronais              728.438     784.583     1.042.812   1.102.356     1.290.904         1.382.224         1.054.451           1.799.913
Outras despesas
variáveis -            112.418      80.671       65.637      76.857         107.144          200.440            616.387             157.821
Pessoal Civil

Outras despesas
variáveis -                  2         109         3.432       4.303           6.245             8.715          180.653               13.259
Pessoal Militar
Sentenças
Judiciais              176.458     109.650      471.068     306.825         105.494          176.405            310.641             100.855

Despesas de
Exercícios             133.564      94.615      230.878     299.667         355.234          313.510            520.591             457.028
Anteriores

Auxilio
Alimentação e           10.836
Transporte
Indenizações e
restituições                                                 48.032               414          20.660            21.899
Indenizações e
restituições               847        2.506      19.436                      30.623            31.573            30.445               35.326
trabalhistas

Ressarcimento de
Despesas de Pes-                                                                                 2.785             5.742                4.553
soal Requisitado
Demais                                                                                                                                20.233
aplicações diretas
Contratos                                                                                                                           347.516
Terceirizados
Total                15.519.383 13.094.795    13.435.765 13.768.950 15.368.586 16.326.611 17.152.080 17.576.557


                                                                     1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1)
                                                                     2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período


                                                                                                                                                25
                                                                                                                    A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                                                    do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas




                                          Queda nos Gastos Sociais
                         Indicadores revelam verdadeiros resultados do
                              “choque de gestão” para a sociedade

                   Se para os servidores públicos o “choque de gestão” gerou arrocho salarial, para a população
                   de Minas essa política representou a queda na qualidade dos serviços públicos prestados pelo
                   Estado.



                                            n Arrocho salarial para o funcionalismo
                                            n Falta de investimento na qualificação dos servidores que
                                              atendem a população
                       Diminuição de        n Desmotivação dos servidores no exercício de suas funções
                        gastos com          n Desmantelamento da máquina do Estado
                          pessoal




                                           n   Terceirização
                                           n   Queda na qualidade dos serviços públicos prestados
                      Diminuição de        n   Falta de atendimento às necessidades primárias da população
                        gastos com         n   Precarização dos serviços públicos
                      a prestação de
                     serviços públicos




                   A finalidade do Estado é de arrecadar para fazer face às demandas da sociedade, principalmen-
                   te, nas áreas sociais. Nesse sentido, o melhor indicador da gestão pública é relacionar esses
                   gastos à Receita Corrente Líquida (RCL).

                   Iremos analisar a evolução dos gastos sociais com saúde, educação e segurança. Trabalha-
                   remos com esses itens para demonstrar que houve uma redução de 24% desses gastos em
                   relação à RCL no período de 2002 a 2008.

                   Para realizar a análise, o melhor parâmetro é o ano de 2008, uma vez que 2009 foi um ano
                   atípico em decorrência dos efeitos da crise financeira mundial e a Receita Corrente Líquida,
                   que desde 2003 apresentava crescimento médio de 17%, teve queda. Dessa forma, a evolu-
                   ção dos percentuais da tabela 23 de 2008 para 2009 ocorreram mais por causa da queda
                   da receita do que pelo aumento dos gastos sociais.




26
Tabela 23
 Evolução dos Gastos Sociais em Relação à RCL 2001–2009

Área            2001     2002      2003      2004     2005       2006      2007      2008               2009
Saúde (A)       12,94%   11,86%   11,53%    12,59%    11,60%    11,09%    12,09%     12,32%           13,66%

Segurança (B)   19,45%   19,42%   17,22%    15,99%    16,90%    17,71%    17,98%     16,96%           19,30%

Educação (C)    30,57%   29,15%   25,90%    16,77%    16,24%    16,42%    17,09%     16,71%           16,30%

Total (A+B+C)   62,96%   60,43%   54,65%    45,35%   44,74%     45,22%    47,16%     45,99%          49,26%




 Observa-se que em 2001 esses gastos representaram quase 62,96% da RCL, em 2005
 chegaram a cair para até 44,74% da RCL e a partir daquele ano tiveram uma pequena recu-
 peração, totalizando 45,99% da RCL em 2008.

 Os gastos com saúde, que em 2001 consumiam 12,94% da RCL, diminuíram para o patamar
 de 11% na maioria dos anos seguintes e também tiveram pequena recuperação em 2008
 totalizando 12,32% da RCL. Já as despesas com educação tiveram forte queda; em 2001
 eram 30,57% da RCL e em 2008 chegaram a representar apenas 16,71%. Na área da se-
 gurança, os gastos foram de 19,45% da RCL em 2001, diminuíram em quase todo o período
 de 2003 a 2008, sendo a maior queda em 2004 (15,99%) e, em 2008, os gastos ficaram
 em 16,96% da RCL.

 Esse diagnóstico de redução dos gastos sociais em Minas se agrava ainda mais quando com-
 paramos o desempenho do nosso Estado com as outras Unidades da Federação.




                                                                                                                 27
                                                                                     A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                                                     do governo de Minas
A verdade sobre o
 “choque de gestão” do governo de Minas




                   Minas é um dos Estados que menos gasta com Saúde
                   Tabela 24
                   Gastos com Saúde X RCL 2009

                      Posição        Estado      R$ mil         RCL        %
                           1              AM    1.595.289     6.161.491   25,89%
                           2              PE    2.735.866    10.631.854   25,73%
                           3              BA    3.511.462    14.671.427   23,93%
                           4              RN     992.953      4.832.600   20,55%
                           5              PB     904.214      4.637.840   19,50%
                           6              AC     473.702      2.453.090   19,31%
                           7              AL     652.681      3.597.965   18,14%
                           8              PI     722.278      4.043.265   17,86%
                           9              TO     606.437      3.406.416   17,80%
                          10              SC    1.759.236    10.405.660   16,91%
                          11              GO    1.505.006     9.105.648   16,53%
                          12              DF    1.676.720    10.254.999   16,35%
                          13              ES    1.200.115     7.486.192   16,03%
                          14              RR     259.388      1.633.114   15,88%
                          15              CE    1.332.702     8.400.940   15,86%
                          16              SP   13.590.458    86.630.248   15,69%
                          17              RO     503.592      3.236.548   15,56%
                          18              PA    1.239.012     7.997.163   15,49%
                          19              SE     603.633      3.934.265   15,34%
                          20              PR    2.281.522    15.092.440   15,12%
                          21              AP     333.383      2.237.967   14,90%
                          22              MG    3.977.788    29.118.470   13,66%
                          23              RS    2.374.785    17.387.287   13,66%
                          24              MS     663.608      4.886.919   13,58%
                          25              MA     803.190      5.971.500   13,45%
                          26              MT     857.740      6.467.671   13,26%
                          27              RJ    3.456.258    28.976.688   11,93%
                          28          Total    50.613.018   313.659.667   16,14%




28
Minas em penúltimo lugar no gasto com a Educação

Tabela 25
Gastos com Educação X RCL 2009

  Posição   Estado     R$ mil         RCL        %
     1        CE      2.995.990     8.400.940   35,66%
     2        PR      5.162.439    15.092.440   34,21%
     3        SP     22.945.341    86.630.248   26,49%
     4        AP       572.045      2.237.967   25,56%
     5        AC       604.345      2.453.090   24,64%
     6        RS      4.148.410    17.387.287   23,86%
     7        RR       367.657      1.633.114   22,51%
     8        PB      1.029.843     4.637.840   22,21%
     9        RO       664.658      3.236.548   20,54%
    10       MA       1.220.506     5.971.500   20,44%
    11        RN       964.594      4.832.600   19,96%
    12        BA      2.900.441    14.671.427   19,77%
    13       MS        959.873      4.886.919   19,64%
    14        TO       662.158      3.406.416   19,44%
    15       AM       1.190.951     6.161.491   19,33%
    16        RJ      5.568.549    28.976.688   19,22%
    17        PA      1.529.805     7.997.163   19,13%
    18        GO      1.698.379     9.105.648   18,65%
    19        SE       701.423      3.934.265   17,83%
    20         PI      717.902      4.043.265   17,76%
    21       MT       1.146.070     6.467.671   17,72%
    22        SC      1.817.883    10.405.660   17,47%
    23        PE      1.844.168    10.631.854   17,35%
    24        AL       609.446      3.597.965   16,94%
    25        DF      2.641.907    10.254.999   25,76%
    26       MG       4.746.062    29.118.470   16,30%
    27        ES      1.162.909     7.486.192   15,53%
    28      Total    70.573.754   313.659.667   22,50%




                                                                                     29
                                                         A verdade sobre o “choque de gestão”
                                                         do governo de Minas
O verdadeiro impacto do choque de gestão em Minas Gerais
O verdadeiro impacto do choque de gestão em Minas Gerais
O verdadeiro impacto do choque de gestão em Minas Gerais
O verdadeiro impacto do choque de gestão em Minas Gerais
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O verdadeiro impacto do choque de gestão em Minas Gerais

  • 1.
  • 2.
  • 3. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Sumário Apresentação: Discurso oficial X Realidade 2 Existe mérito no “choque de gestão”? 3 O “choque de gestão” para o servidor 4 Raio X do Estado de Minas Gerais 5 Desempenho econômico e receitas 6 Injustiça na tributação do ICMS 13 Grandes contribuintes recebem benefícios tributários 17 Despesas do Estado 19 A política do “choque de gestão” 22 Queda dos gastos sociais 26 “Choque de gestão” ou de marketing? 36 Minas é o terceiro Estado mais endividado do País 40 Resultado orçamentário 47 Conclusão: O verdadeiro déficit zero só será alcançado quando conciliar o ajuste fiscal com o bem estar da população 51 Fontes 52 1 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 4. A verdade sobre o A verdade sobre o Apresentação “choque de gestão” do governo de Minas “choque de gestão” do governo de Minas Discurso oficial X Realidade “Se você torturar suficientemente os dados, eles acabarão confessando.” Ronald Coase, economista, Prêmio Nobel 1991 Vivemos um importante momento, pois, com a realização do processo eleitoral, é hora de fazermos um balanço da evolução do nosso Estado nos últimos oito anos. Esse balanço deve passar, necessariamente, pela análise do desempenho do Estado no atendimento às necessi- dades da população e pelo real desenvolvimento econômico e social alcançados. Neste contexto eleitoral, somos bombardeados por inúmeros dados e pesquisas, divulgados por diversos institutos, organizações e pela mídia, com possíveis análises do desenvolvimento econômico e social obtido nos últimos anos. Entretanto, é necessário estar atento se esses levantamentos e análises realmente espelham a realidade vivida ou se as fontes que realizaram tais estudos não estão comprometidas pela influência de interesses políticos e econômicos. Estudar as contas públicas não é uma tarefa fácil, tampouco agradável. São quadros e mais quadros demonstrativos, em letras miúdas, no site do Tesouro Nacional e da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG), no órgão oficial do Estado, Minas Gerais, e Tri- bunal de Contas do Estado (TCE). Porém, a análise dos números, muitas vezes escondidos nos discursos oficiais, apresenta-se reveladora. Durante o governo Aécio 2003–2010, foi gasto R$ 1 bilhão com publicidade, sendo grande parte desse gasto para alardear o equilíbrio das contas públicas (déficit zero), por meio do cha- mado “choque de gestão”. Entretanto, não há mérito nenhum nesse discurso fácil, de gastar menos com o Estado e mais com a sociedade, pois sabemos que o Estado é responsável por cuidar dos anseios e do bem estar da população e, se o governo gasta menos com o Estado, ele deixa de prestar serviços públicos essenciais. Como lideranças sindicais, defendemos o Estado do Bem Estar Social; um Estado que es- timule o crescimento, promova a justiça social, a distribuição de renda e o bem-estar da população, por meio da melhoria dos serviços públicos prestados, como saúde, educação, segurança, habitação, assistência social, esporte, meio-ambiente, assistência jurídica e aos direitos humanos. O Estado é uma idéia jurídica abstrata, que se materializa pela ação dos servidores públi- cos. Ou seja: é por meio do serviço público que a ação do Estado se faz presente. Entendemos que o papel de um Sindicato contemporâneo, sério e combativo, ultrapassa a defesa meramente de interesses corporativistas. Como Sindicato Cidadão, o SINDIFISCO-MG é parceiro permanente nas lutas em benefício da qualidade de vida dos trabalhadores e da sociedade, exer- cendo plenamente seu direito de informar, esclarecer, denunciar e propor soluções. Desde 2003, o SINDIFISCO-MG tem se debruçado sobre as contas públicas, desenvolvido análises e estudos, editado publicações diversas com o intuito de fomentar o debate entre o governo e os diversos segmentos da sociedade. No início de 2006, o Sindicato lançou o CADERNO SINDIFISCO-MG: QUEM BANCOU O AJUSTE FISCAL?; a presente publicação é uma atualização desse trabalho. Ao editarmos este Caderno, pretendemos mostrar, por meio de uma linguagem simples, evi- tando o tecnicismo, quais são os verdadeiros dados do governo Aécio Neves, principalmente em relação às áreas sociais e ao funcionalismo. Nosso objetivo principal é contribuir para o debate, com informações, dados e análises, de maneira que todos possam refletir – e concluir – se o que é divulgado na mídia e nos discursos oficiais corresponde à realidade vivida pela po- pulação de Minas Gerais. Principalmente, se o propalado “choque de gestão”, implantado pelo governo mineiro, deve ser, realmente, modelo para o País, e o que isso implicou na melhoria de vida da população. 2 A Diretoria
  • 5. Existe mérito no “choque de gestão”? Desmistificando as falácias do “déficit zero” Ao longo dos últimos oito anos, o governo mineiro se vangloria na imprensa do ajuste das contas e dos resultados de superávit do Estado, como resultados do “choque de gestão”, que conforme explicado pelo próprio governo é a política de gestão adotada em Minas, em que “o governo gasta menos com o Estado para gastar mais com a sociedade”. Entretanto, quando analisamos esse discurso com atenção, é fácil desmistificar tal falácia. Basicamente, iremos analisar três pontos, que consideramos essenciais no “choque de gestão”: 1º Aumento de receita total de 130% no período de 2002/2009 para uma inflação de 47% (IPCA e IGPD-DI); 2º Redução dos gastos sociais (saúde, educação e segurança pública) de 60,43% da RCL em 2002 para 45,99% em 2008; 3º Redução da folha de pagamento total (consolidado) do Es- tado ou gasto com pessoal de 71,57% em 2002 para 55,44% em 2009. Esta redução ocorreu, principalmente, na folha de pagamento dos servidores do Poder Executivo, que represen- tava 55,87% da Receita Corrente Líquida (RCL) do Estado em 2002, passou para 43,49% em 2005 e, em 2009, quando houve reajuste para o funcionalismo por objetivos claramente eleitoreiros, para 46,16%. Se, como vimos, no período de 2002 a 2009, a Receita Total do Estado cresceu 130% e a Despesa Total cresceu 118%, com uma inflação de 47%, e ainda, a RCL cresceu 132%, com esses números, o alardeado “déficit zero” nas contas do governo tem algum mérito? Ora, qual- quer um faria esse ajuste, bastava corrigir as despesas pela inflação que a receita cuidaria do resto e haveria um superávit. Nas próximas páginas, faremos um estudo detalhado do que significam esses números com a análise das receitas e despesas do Estado. Para que possamos fazer essa discussão, é preciso analisar alguns indicadores da Administração Pública, comparando os gastos com os aumentos de receitas, uma vez que não cabe ao Ente Público ter lucro. O dinheiro arrecadado pelo Estado deve ser aplicado na melhoria de vida da população, por meio da prestação de serviços públicos de qualidades, da promoção do crescimento e da distribuição de renda. Os números por si só nada significam se não discutimos o modelo de Esta- do, a finalidade da arrecadação e o objetivo dos serviços públicos. A serviço de quem o governante está: da população ou do mercado e/ou do capital? 3 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 6. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas O “choque de gestão” para o servidor Perdas de direitos históricos As perdas para os servidores públicos estaduais do Executivo p Efeitos maléficos da Reforma Administrativa do governo Aécio: fim e/ou redução dos adicionais por tempo de serviço (quinquênios e trintenário); extinção do apostilamento, transformado em vantagem pessoal. p Congelamento do salário do funcionalismo, principalmente no período 2003–2006. p Controle exacerbado do servidor por meio da Avaliação de Desempenho (ADE), com critérios subjetivos. p Fim da estabilidade, que é um direito constitucional. p Política de quebra de paridade entre ativos e aposentados; instituição de prêmio por produtividade e gratificações somente para servidores da ativa, excluindo, além dos aposentados, os servidores em licença (maternidade, tratamento de saúde etc.). p Confisco das promoções e progressões. p A hipocrisia do subteto, por meio de uma medida demagógica de redução do salário do governador, o que, na realidade, representava um confisco de salário. p Férias-prêmio – verbas retidas. p Instituição, em 2004, da política do “devo e não pago, se quiser recorra à Justiça”, com aumento das despesas com sentenças judiciais, indenizações e restituições traba- lhistas. p Privatização e terceirização no serviço público. E mais, ainda, para os Auditores Fiscais da Receita Estadual p Politica salarial: No governo Itamar Franco, a categoria fiscal, conseguiu, após muita luta, corrigir a produtividade; entretanto, o governo Aécio, por meio de um Decreto de Contingenciamento em 2003, suspendeu essa política salarial, e, depois, extinguiu-a, sendo retomada, parcialmente, também por meio de muita luta. p Perda de autonomia e engessamento do trabalho fiscal, com a implementação do Progepi. p Piso salarial defasado em relação aos demais Estados da Federação. p Injustiça e distorções no reposicionamento. 4
  • 7. Raio X do Estado de Minas Gerais 94,8% dos servidores públicos pertencem ao Poder Executivo Tabela 1 Quantitativo de Servidores do Estado 2006 Poder Ativos Inativos Pensionistas Total Legislativo 4.298 1.313 41 5.652 Judiciário 15.794 3.026 237 19.057 Executivo 329.781 139.581 36.656 506.018 Ministério Público 2.438 430 175 3.043 Total 352.311 144.350 37.109 533.770 Veja o percentual de servidores nos três Poderes e no MP O SINDIFISCO-MG solicitou à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), o número atualiza- do de servidores ativos e inativos de Minas Gerais, bem como o número de servidores por categoria. Veja, abaixo, o que a Seplag informou. Tabela 2 Número de Pagamentos de Servidores do Estado realizados pela Seplag Março de 2010 Pagamentos Públicos Total Ativos 334.151 Inativos 153.845 Total Ativos e Inativos 487.996 Fonte: Seplag Entretanto, no número total de pagamentos do Estado em março de 2010 não estão incluídos os pagamentos que não são feitos pela Seplag, como o de policiais militares e de servidores de outros Poderes. Em março de 2010, segundo dados do SIAF, foram feitos 21.239 pagamentos no Poder Judiciário. O único dado disponível em relação à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros é que, em 2006, havia 64.841 servidores. 5 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 8. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Desempenho econômico e receitas Análise do crescimento do PIB e da arrecadação do Estado Em relação ao desempenho econômico, o Produto Interno Bruto de Minas Gerais cresceu a uma taxa média de 3,0% ao ano entre 1995 e 2007, acumulando crescimento de 42,1% nesse período. Esses dados foram divulgados pela Fundação João Pinheiro (FJP), que é uma entidade do governo de Minas Gerais de apoio técnico à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e demais sistemas operacionais do Estado. Ainda segundo análise da FJP, o crescimento do PIB mineiro ficou em 21º posição no ranking de crescimento do PIB dentre os 26 Estados da Federação e o Distrito Federal. Já o PIB per capita em Minas Gerais teve crescimento real de 1,8% ao ano, e acumulou no mesmo período – 1995 a 2007 – alta de 24,5%. Em relação aos outros Estados e Distrito Federal, o cresci- mento per capita do PIB mineiro foi apenas o 17º. Em 2009, ano em que o mundo todo sofria os efeitos da crise financeira mundial ocorrida no fim de 2008, o PIB em Minas encolheu 2,6%. Esse porcentual é bem maior à queda do PIB brasileiro, que foi de 0,2%. Tal desempenho é justificado pela Fundação, principalmente, pela característica da economia de Minas Gerais, de ter grande participação da indústria de extra- ção de minério de ferro – um dos setores mais afetados pela crise no Brasil – e metalurgia. Durante o período em que o Estado mais sofreu os efeitos da crise, quando as indústrias, sobretudo as mineradoras, diminuíram a produção e realizaram demissões, vários economistas criticaram a política de concentração da economia e da pauta de exportação em commodities, sobretudo de grãos e minerais. O impacto da crise no PIB de Minas demonstrou as consequências do Estado ter uma economia tão dependente da indústria de extração e transformação de minerais. Tabela 3 PIB Minas X Receita Tributária 1999–2007 Valores Correntes R$ milhões Receita Tributária Ano PIB de MG Receita Tributária em relação ao PIB 1999 89.790 6.853 7,63% 2000 100.612 8.254 8,20% 2001 111.315 9.856 8,85% 2002 127.782 11.152 8,73% 2003 148.823 12.762 8,58% 2004 177.325 15.212 8,58% 2005 192.639 17.839 9,26% 2006 214.754 19.944 9,29% 2007 241.293 22.662 9,39% Ao analisar a evolução da receita própria do Estado nos últimos oito anos é importante lembrar que o governo Aécio foi beneficiado por fatores externos, como crescimento da economia mun- dial e da brasileira. No período de 2002 a 2009, houve aumento significativo da arrecadação 6
  • 9. de Minas Gerais. A Receita Total (Orçamentária) em 2002 era R$ 17,59 bilhões e em 2009 chegou a R$ 40,56 bilhões, o que representa aumento de 130,54%, com uma inflação nesse período em torno de 47% (IGP-DI e IPCA-IBGE). Também é importante destacar que no período houve revisão e elevação das alíquotas do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD) e das taxas, com a criação, sobretudo em 2005, de novas taxas. Para entender os dados e análises seguintes, veja os conceitos abaixo: Receita Tributária: É oriunda da cobrança de tributos pagos pela população. Tem por base suas propriedades, suas rendas, suas atividades e os benefícios diretos e imediatos que lhes são pro- piciados pelo Estado. Consiste na soma do valor total da arreca- dação da Receita Tributária (impostos, taxas e contribuições de melhoria). É a receita própria do Estado. Receita Corrente: É a categoria econômica que compreende Re- ceita Tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, in- dustrial, de serviços, transferências correntes e outros. Receita de Capital: Registra o valor total da categoria econômica que compreende as operações de crédito, alienação de bens, amortização de empréstimos, transferência de capital e outras. Receita Total ou Receita Orçamentária Fiscal: É a soma das Re- ceitas Correntes e de Capital menos as deduções do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valori- zação dos Profissionais da Educação (Fundeb). Tabela 4 Demonstrativo da Receita Total (Orçamentária) 2002–2006 Valores Correntes R$ mil Variação em % Receita 2002 2003 2004 2005 2006 2006/2002 Receita Corrente 15.978.882 19.125.071 22.940.125 26.888.734 30.224.209 89,15% ICMS 9.397.795 10.835.788 12.931.306 15.184.191 16.662.216 77,30% IPVA 720.890 740.677 931.865 1.086.501 1.348.982 92,12% IRRF 624.440 695.883 742.051 737.006 992.155 58,89% ITCD 26.330 33.509 49.025 83.754 89.494 239,89% Taxas 382.638 456.263 558.018 747.561 851.468 122,53% Demais Receitas 4.826.789 6.362.951 7.727.859 9.049.721 10.279.894 112,98% Correntes Dedução da Receita - 1.743.359 - 2.046.577 - 2.201.879 Corrente* Receita de Capital 1.615.941 789.394 620.493 671.567 1.077.585 33,32% Total 17.594.823 19.914.465 21.817.258 25.513.725 29.099.916 65,39% *Refere-se à dedução para o Fundeb 7 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 10. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Tabela 4-A Demonstrativo da Receita Total (Orçamentária) 2007–2009 Valores Correntes R$ mil Variação em % Receita 2007 2008 2009 2002/2009 Receita Corrente 34.664.825 42.378.959 42.518.733 166,00% ICMS 18.972.268 22.541.992 22.002.958 134,13% IPVA 1.588.074 1.838.621 2.075.812 187,95% IRRF 1.041.496 1.388.427 1.285.647 105,89% ITCD 125.997 170.413 195.566 642,75% Taxas 934.475 1.100.917 1.240.704 224,25% Demais Receitas 12.002.515 15.338.589 15.718.055 225,64% Correntes Dedução da Receita - 2.839.310 - 3.841.377 - 4.106.523 Corrente* Receita de Capital 807.736 1.385.751 2.150.477 33,08% Total 32.633.250 39.923.333 40.562.696 130,54% *Refere-se à dedução para o Fundeb Em relação à Receita Total de 2009, de R$ 40,56 bilhões, com dedução do Fundeb de 10,12 %, 94,7% refere-se à Receita Corrente e 5,3% à Receita de Capital. As demais receitas correntes que têm maior participação são as transferências correntes com R$ 8,8 bilhões, 21,76% da Receita Total (sem a dedução do Fundeb), seguidas pelas contribui- ções, com 7,17%, pela Receita Patrimonial, com 4,96%, por outras receitas correntes, com 3,41%; as demais contribuíram com 1,46%. Iremos priorizar a análise detalhada da Receita Tributária, pois essa é a mais importante fonte de receita própria do Estado. Em 2009, a Receita Tributária de R$ 26,8 bilhões contribuiu com 66,07% da Receita Total e com 70% da Receita Corrente. Tabela 5 Evolução Anual das Receitas Tributárias e de ICMS 1999–2009 R$ mil ICMS1 ICMS1 Receita Tributária Receita Tribut. Ano (Valores A.V.2 (Valores A.V.2 (Valores A.V.2 (Valores A.V.2 Correntes) Constantes3) Correntes) Constantes3) 1999 6.188.652 15.247.548 6.853.085 16.884.572 2000 7.434.398 120,13 16.101.257 105,60 8.254.496 120,45 17.877.407 105,8801 2001 8.899.430 119,71 17.463.863 108,46 9.856.465 119,41 19.341.908 108,1919 2002 9.390.485 105,52 16.234.491 92,96 11.152.093 113,14 19.280.000 99,67993 2003 10.792.674 114,93 15.196.066 93,60 12.762.120 114,44 17.969.042 93,20043 2004 12.827.757 118,86 16.509.823 108,65 15.212.266 119,20 19.578.779 108,9584 2005 15.128.989 117,94 18.375.189 111,30 17.839.012 117,27 21.666.697 110,6642 2006 16.662.107 110,13 20.036.299 109,04 19.944.316 111,80 23.983.178 110,6914 2007 18.972.856 113,87 21.709.752 108,35 22.662.309 113,63 25.931.421 108,1234 2008 22.377.607 117,95 23.018.450 106,03 27.040.370 119,32 27.814.744 107,2627 20094 21.964.922 98,16 21.964.922 95,42 26.800.687 99,11 26.800.687 96,35424 1 Refere-se ao ICMS principal, que desconsidera os valores referentes a juros, multas e dívida ativa 8 2 3 (A.V.) Análise vertical Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1) 4 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período
  • 11. Dentre os componentes da Receita Tributária, 95,37% são impostos e 4,63% taxas. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o mais importante com a participação de 82% da Receita Tributária em 2009, seguido pelo IPVA que correspondeu a 7,75% da Receita Tributária no mesmo ano. Composição da Receita Tributária Bruta em 2009 A arrecadação de ICMS em 2002 era de R$ 9,39 bilhões e em 2009 foi de quase R$ 22 bilhões, representando aumento de 134%. Desde 2004, Minas Gerais ocupa o 2ª lugar no ranking de participação na arrecadação de ICMS dentre os 26 Estados da Federação e o Distrito Federal, com participação média de 10% da arrecadação do ICMS no país, segundo dados do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Um fator que vem contribuindo para o aumento da arrecadação de ICMS é a cobrança do imposto por meio do mecanismo da Substituição Tributária (ST). Nesse regime, a cobrança do imposto incidente sobre os fatos geradores futuros é antecipada para o momento em que o produto sai da indústria ou do atacadista. Em 2003, o percentual da receita que era arre- cado pela ST era de 16,51%, em 2009, esse percentual passou para 29% e o acumulado até maio de 2010 é de 32%. Entretanto, as pequenas e microempresas acabam penalizadas com a cobrança pela ST. O Simples Nacional – regime tributário, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, de tratamento diferenciado e favorecido aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte para unificar e desburocratizar a cobrança de seis tributos federais (IRPJ, IPI, CSLL, Cofins, Contribuição para o PIS/Pasep, e Contribuição Patronal Previdenciária), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS) – não inclui os produtos cobrados pela ST, dessa forma, ao adotar esse regime, o Estado contorna a legislação do Simples, o que, conforme diversos especialistas e entidades representantes de segmentos econômicos constantemente denunciam, pode acarretar em aumento da carga tributária e queda na competitividade dessas empresas. Faremos análise detalhada das questões relativas à arrecadação do ICMS na página 13. 9 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 12. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas O IPVA teve um crescimento de 188% no período de 2002 a 2009. Além dos fatores macro- econômicos (crescimento da economia e facilidade no crédito), o que redunda em crescimento da frota, houve um esforço da fiscalização nas regionais com monitoramento da frota durante todo o período. No comparativo com outros Estados da Federação, Minas Gerais vem apresen- tando um bom desempenho. Tabela 6 Evolução da Arrecadação de IPVA 2003–2009 2003/2002 2004/2003 2005/2004 2006/2005 2007/2006 2008/2007 2009/2008 2,74% 25,81% 16,59% 24,16% 17,72% 18,00% 12,90 % Enquanto o principal tributo sobre o consumo – o ICMS – teve queda de 2,39% em 2009, o IPVA teve aumento de 12,90%. Um dos fatores para essa evolução foi a interferência do governo federal com as políticas de desonerações fiscais (redução do IPI), como parte de en- frentamento da crise de 2008/2009, para estimular o consumo. Embora o ITCD tenha uma participação irrisória (0,73%) na composição da Receita Tributária, foi o que mais cresceu, – 643 %, no período de 2002 a 2009. Isso ocorreu devido a uma melhoria da fiscalização nesse setor, com trabalhos direcionados para verificação de contratos de doação de cotas de capital e para a melhoria dos procedimentos de avaliações de bens imóveis. Esses trabalhos tiveram efeitos bastante positivos, que geraram resultados diretos e indiretos na arrecadação. Tabela 7 Evolução da Receita Corrente Líquida (RCL) 2001–2009 R$ mil Ano RCL (V. Correntes) RCL (V. Constantes1) Análise Vertical 2001 11.412.858 22.396.108 2002 12.542.039 21.682.972 96,82% 2003 14.305.976 20.142.789 92,90% 2004 16.695.979 21.488.376 106,68% 2005 19.550.334 23.745.214 110,50% 2006 22.083.399 26.555.441 111,83% 2007 23.803.678 27.237.436 102,57% 2008 29.242.489 30.079.928 110,44% 20092 29.118.470 29.118.470 96,80% 1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1) 2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período 10
  • 13. Já a Receita Corrente Líquida (RCL), conforme definido no artigo 2º, inciso IV, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), é o somatório das receitas tributárias, de contribuições, pa- trimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras recei- tas também correntes, deduzidos nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional e na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas pro- venientes da compensação financeira citada no parágrafo 9º do artigo 201 da Constituição. Também são computados no cálculo da Receita Corrente Líquida os valores pagos e recebi- dos em decorrência da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Ainda, a Receita Corrente Líquida é apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades. O valor da RCL é utilizado como base para o cálculo dos limites estabelecidos pela LRF relati- vos à despesa total com pessoal, portanto, a análise da mesma é extremamente importante, sobretudo, para o funcionalismo estadual, uma vez que essa receita é considerada para o es- tabelecimento do limite da LRF, e quando o funcionalismo estadual reivindica e debate reajuste salarial, o governo utiliza o limite da LRF como argumento para não conceder ou restringir o reajuste. Contudo, na aplicação dessa lei, um dos limites que é mais utilizado é o de despesas com pessoal, ou seja, a LRF foi feita para arrochar salários dos servidores. Ela estabelece um limite de endividamento para os Estados – o limite da Dívida Consolidada Líquida (DCL) é duas vezes a RCL –, mas não estabelece limite de endividamento para a União. O gráfico abaixo demonstra a evolução da RCL em valores correntes. Evolução da Receita Corrente Líquida (RCL) R$ mil 11 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 14. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Tabela 8 Demonstrativo da Receita Corrente Líquida 2008 e 2009 R$ Especificação 2008 2009 Receitas Correntes (I) 42.378.959.652,97 41.063.482.874,44 Receita Tributária 27.040.370.046,03 26.800.687.202,07 ICMS 22.541.992.042,29 22.002.958.233,35 IPVA 1.838.620.700,39 2.075.812.228,31 ITCD 170.413.492,41 195.565.796,53 IRRF 1.285.646.835,63 Outras Receitas Tributárias 2.489.343.810,94 1.240.704.108,25 Receita de Contribuições 2.755.893.100,33 1.452.393.994,44 Receita Patrimonial 1.816.220.264,17 2.010.632.798,01 Receita Agropecuária 5.523.539,19 5.122.362,05 Receita Industrial 91.425.455,77 91.764.472,47 Receita de Serviços 474.011.265,86 493.874.423,39 Transferências Correntes 8.530.938.156,10 8.826.211.736,24 Cota-Parte do FPE 2.091.738.316,50 2.016.018.243,53 Transferências LC. 87/1996 188.723.047,55 188.723.047,56 Transferências LC 61/1989 431.345.653,18 340.194.075,67 Transferências do Fundeb 3.545.131.305,86 3.846.123.181,39 Outras Transferências Correntes 2.273.999.833,01 2.435.153.188,09 Outras Receitas Correntes 1.664.577.825,52 1.382.795.885,77 Deduções (II) 13.136.470.238,84 11.945.013.326,36 Transferências Constitucionais 6.944.023.258,37 6.785.082.755,01 Contrib. Plano de Previd. do Servidor 1.715.217.927,69 843.179.383,36 Contrib. Custeio Pensões Militares 614.510.058,32 176.100.622,81 Comp. Financ. Regimes Previdenciários 21.342.085,95 34.127.586,42 Dedução Receitas Formação Fundeb 3.841.376.908,51 4.106.522.978,76 Receita Corrente Líquida (I-II) 29.242.489.414,13 29.118.469.548,08 É necessário ressaltar que a evolução das receitas não é mérito deste governo. Como podemos comprovar ao analisar a Tabela 5, o crescimento das receitas vem ocorrendo desde 1999. Esse au- mento é consequência de vários fatores, dentre eles, a relativa es- tabilidade e desenvolvimento econômicos vivenciados nos últimos anos, a política tributária, e o bom desempenho da fiscalização de Minas Gerais, que é reconhecida como uma das mais eficientes do Brasil, e tem atuado, com dedicação e seriedade, no planejamento do trabalho do Fisco e no combate à sonegação, para alavancar a arrecadação. 12
  • 15. Injustiça na tributação do ICMS Grandes contribuintes pagam menos e trabalhadores arcam com maior parte dos tributos Neste contexto eleitoral, o debate sobre os impostos pagos se acirra, entretanto, muitas vezes a discussão feita pelos candidatos não se aprofunda ou nem mesmo passa perto de diagnosticar e atacar o principal problema: o sistema tributário é injusto e onera mais os trabalhadores. O perfil injusto da carga tributária é ainda mais grave em relação a impostos indiretos, como o ICMS. Ao analisarmos o índice de recolhimento dos diversos setores econômicos em rela- ção ao faturamento, podemos constatar a injustiça na cobrança desse imposto. Tabela 9 Índice de Recolhimento dos Setores em Relação ao Faturamento 2003* SETOR IRF – ICMS (em %) Agricultura e Pecuária 1,33 Comércio 1,29 Comércio Atacadista 0,90 Comércio Varejista 1,78 Indústria 2,34 Indústria da Construção 1,13 Indústria da Transformação 2,54 Indústria de Extração Mineral 0,01 Outras Atividades 0,10 Serviços 9,54 Alojamento e Alimentação 2,95 Comunicação 14,31 Energia Elétrica 19,41 Outros Serviços 0,25 Reparo Manutenção/Instalação 0,61 Transporte 3,22 *Embora os dados sejam de 2003, os índices não tiveram alterações significativas A tabela acima mostra como a tributação do ICMS é feita de forma desproporcional e injusta. A maioria dos setores está abaixo do índice mínimo aceitável (6%). Setores esses que, além da imunidade ou não incidência, estão seguramente recheados de benefícios, isenções fiscais, re- dução de base de cálculo e outros, que são concedidos, sem critério, pelo governo mineiro. O ICMS é tributo não cumulativo, incidindo sobre o valor agregado, um índice mínimo aceitável seria em torno de 6%. Se uma empresa mineira compra produtos fora do nosso Estado (12%) e vende-os internamente (18%), sem agregar ao produto as despesas operacionais (despesas de venda, administrativas, financeiras e outras), teria de recolher, no mínimo, 6%, mas não é o que ocorre na prática, pois a média de recolhimento do ICMS é 2,34%. Já na situação em 13 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 16. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas que a comercialização (compra e venda) se dê dentro do Estado, o contribuinte teria de reco- lher, no mínimo, a alíquota do setor (na maioria dos casos de 18%) sobre o valor agregado. Essas anomalias se devem ao balcão de negócio dos benefícios que virou esse tributo, com grande volume de desonerações e sonegação fiscal, sem contar a maior parte das ocorrências de sonegação que acontecem pela não declaração voluntária do contribuinte, pela venda sem nota fiscal, pelo subfaturamento, e outros. Em Minas Gerais, o índice de recolhimento em relação ao faturamento do setor de indústria de extração mineral é o menor, 0,01%, e o da energia elétrica é o maior, 19,41% (alíquota média). Enquanto os trabalhadores pagam 30% sobre o valor da conta de luz, as mineradoras só pagam 0,01% de seu faturamento. Tabela 10 Tributação sobre Bens e Serviços Essenciais 2003 Produtos/Serviços Alíquota Alíquota Efetiva Energia 30% 43% Comunicação 25% 33% Gasolina 25% 33% Medicamentos 18%* 27% * Exceto o medicamento genérico e o acondicionado em embalagem hospitalar que possuem alíquotas de 12% Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) aponta que os medicamentos consumidos no Brasil têm em média uma carga tributária de 35,7%. Desse total, o ICMS é o que mais pesa, com alíquota média de 17,5%. A título de comparação, medicamentos de uso animal têm uma carga tributária de apenas 14,3%. O documento mostra ainda que a maior alíquota é a cobrada no Rio de Janeiro, que chega a 19%. Em Minas Gerais e São Paulo, a alíquota é de 18% e a maior parte dos estados cobra 17%. Os grandes contribuintes, geralmente financiadores de campanhas eleitorais, tentam intimi- dar o governo insinuando que podem se instalar em outros estados, fazendo leilão da Receita Tributária e, com nisso, alimentam a “guerra fiscal” e conseguem obter benefícios. Enquanto isso, a maioria dos pequenos e médios contribuintes, devido à concorrência desleal aliada à sensação de impunidade, é levada a sonegar. Por conseguinte, o governo, para compensar as perdas de receita com os grandes contri- buintes, aumenta a tributação sobre os bens e serviços essenciais – energia elétrica, teleco- municações e combustíveis –, em que a sonegação é mais difícil devido ao rigoroso controle e, com isso, os trabalhadores é que são mais onerados. Entenda sua conta de luz As alíquotas (imposto) estão embutidas no valor de todos os serviços e mercadorias. Por exemplo, em uma conta de luz no valor de R$ 100, já está embutido R$ 30 de imposto, o que significa que você está pagando R$ 70 pelo serviço. Dessa forma, o imposto pago representa efetivamen- te 42,86% do custo do valor do serviço (30/70). Como o ICMS é um tributo indireto, os valores da indústria e comércio são repassados para o consumidor e a alíquota é de 18%, por isso o índice de recolhimento sobre o faturamento representa 19,41%. Um verdadeiro confisco! 14
  • 17. Os setores de energia elétrica, comunicação e combustíveis representaram 41% da arreca- dação de ICMS do Estado em 2009. Enquanto isso, a tributação do setor de mineração não recolhe praticamente nada – 0,94% da receita total de ICMS. Acompanhe a tabela de arrecadação de ICMS por setor: Tabela 11 Arrecadação de ICMS por Setor 2003 e 2009 Participação em % na Receita Total por Setor Setor 2003 2009 Cimento 2,14 1,60 Minerais – 0,58 Siderúrgica 4,79 3,05 Veículos 1,73 2,90 Combustíveis 26,13 19,38 Bebidas 3,23 4,44 Medicamentos 1,21 1,17 Cigarros 1,50 1,46 Energia Elétrica 13,05 11,50 Transportes 2,55 2,30 Comunicação 11,45 10,21 Comércio – outros 11,61 13,62 Indústria – outros 9,51 10,38 Importação 4,09 4,16 Dif. Alíquota 1,33 1,70 Outras origens – 1,51 Outros 5,68 10,04 Total 100% 100% A tributação deveria ser mais pesada sobre o setor mineral (extração e transformação), pois, conforme exposto anteriormente, esse setor tem grande peso na economia de Minas. Além disso, as mineradoras já são beneficiadas pela imunidade (EC 42/2003) e pela Lei 87/1996 (Lei Kandir), que concedeu a isenção de impostos aos Estados e ao Distrito Fe- deral nas operações de exportação de produtos primários. E, conforme podemos constatar na Tabela 12, as exportações de produtos do setor mineral representam mais de 45% dos produtos da pauta de exportação mineira. 15 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 18. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Tabela 12 Exportações do Estado por Produtos 2008 Produtos Valor em US$ Participação % Minério de ferro 6.880.079 28,15% Café 2.981.420 12,20% Ferroniobio 1.506.148 6,16% Automóveis com motor 1.283.709 5,25% Ferro fundido 1.273.121 5,21% Ouro em barra, fios, etc 616.167 2,52% Pasta quím./madeira 609.842 2,49% Billets de ferro/aço 459.250 1,88% Prods. semimanuf. ferro/aço 447.407 1,83% Outros silícios 417.361 1,71% Outros produtos 7.969.936 32,60% Total 24.444.440 100% É necessário que o Estado discuta e reverta o quadro imposto pela Lei Kandir, pois Minas Gerais deixa de receber bilhões em tributos das mineradoras. Em um exemplo hipotético, se houvesse uma alteração na legislação com uma tributação média de 12%, o Estado poderia receber em torno de R$ 2 bilhões. . Se o governo mineiro tivesse, realmente, inte- resse em beneficiar as camadas mais carentes da população, deveria reduzir as tarifas de bens essenciais e os benefícios fiscais concedidos, in- vestir na melhoria dos serviços públicos (saúde, educação, saneamento básico, entre outros) e tributar com alíquotas maiores os bens supérflu- os, além de setores, tais como o de mineração, que são favorecidos por benefícios fiscais, explo- ram recursos naturais não-renováveis e ainda de- gredam o meio-ambiente 16
  • 19. Grandes contribuintes recebem benefícios tributários Prática pode se tornar moeda de troca para financiamento de campanhas eleitorais Instrumento originalmente idealizado e regulamentado no Brasil para fomentar políticas públi- cas, a concessão de benefícios tributários em Minas Gerais tem sido praticada sem o devido controle e acompanhamento, comprometendo parte da Receita Tributária. Essa prática, inclu- sive pode tornar-se moeda de troca para financiamento de campanhas eleitorais. É necessário alertar a sociedade para as consequências nocivas dessa prática, principalmente, tendo em vista que, na maioria das vezes, ela só beneficia grandes contribuintes. Os impostos pagos, que constituem a receita, financiam os investimentos do governo em serviços essenciais como saúde, educação e segurança. Esse dinheiro pertence à sociedade mineira, entretanto, o governo de Minas e outros Entes vêm abrindo mão de dinheiro público sem a devida transparência e controle. Os principais benefícios tributários, que correspondem a tratamento diferenciado de contri- buintes, são anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução dis- criminada de tributos. Tabela 13 Valores da Renúncia Fiscal Realizada 2008 R$ mil ICMS IPVA ITCD Taxas Total 3.437.842 25.563 42.361 18.974 3.524.739 O artigo 14 da Lei 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal) disciplina a renúncia de receita e estabelece que a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária deve estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro, no exercício em que deva iniciar a sua vigência e nos dois seguintes. Além disso, devem ser observados o disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias e outras condições dispostas no artigo 14. Contudo, em Minas, essas determinações não são seguidas. Contudo, em Minas, não há transparência, não há estudo técnico, não há clareza e con- sistência da metodologia, e nem vontade política de ter um grupo especializado e técnico, bem como controle dessa situação. A concessão é feita sem critérios e controles objetivos, variando ao longo dos anos, geralmente, de acordo com interesses do governo. Embora o governo tenha alterado a metodologia de cálculo do impacto financeiro que é ge- rado pela concessão de benefícios fiscais, podemos estimar que o impacto das renúncias sobre a Receita de ICMS, atualmente, deve ser em torno de 40%. Pode-se verificar que o percentual de renúncia em relação à receita é alto na análise do índice de recolhimento em relação ao faturamento, que no ICMS total gira em torno de 2,34%. Esse valor deveria ser em torno de 6%. Em contrapartida, o índice de recolhimento do setor de energia elétrica fica em torno de 19%. 17 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 20. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Tabela 14 Valor das Renúncias por Setores das Empresas 2008 Setor Total (R$) Participação (%) Indústria Transformação 1.730.953.447 50,35% Comércio 694.444.084 20,20% Serviços 577.901.240 16,81% Siup 290.153.864 8,44% Indústria Extrativa 82.508.208 2,40% Agropecuária 37.816.262 1,10% Construção 18.908.131 0,55% Outros 5.156.763 0,15% Total 3.437.842.000 100% A indústria de transformação recebe a maior parte dos benefícios tributários. Em 2008, esse setor foi beneficiado com 50,35% do total das renúncias de ICMS. Muitas empresas desse setor que receberam benefícios tributários foram financiadoras de campanhas eleitorais para o governo do Estado, conforme a população pode comprovar nas informações divulgadas pelos candidatos, que estão disponíveis para consulta no site do Tri- bunal Superior Eleitoral. Os benefícios fiscais, em sua quase to- talidade, acarretam na transferência de renda do setor público para o priva- do, engrossando o lucro dos grandes contribuintes. Quem perde é a socie- dade, uma vez que o dinheiro recolhi- do das grandes empresas deveria ser aplicado na melhoria dos serviços pú- blicos. Neste contexto de eleições, a sociedade deve cobrar transparência do governo e da Assembleia Legislativa do Estado. 18
  • 21. Despesas do Estado Onde e como foram gastas as receitas Perante o desempenho econômico e o aumento das receitas que vimos anteriormente, iremos analisar agora as despesas do Estado. Tabela 15 Evolução da Despesa Orçamentária 2002–2006 Valores Correntes R$ mil Variação % Despesa 2002 2003 2004 2005 2006 (2002/2006) Despesas Correntes 16.615.196 18.802.966 19.766.973 22.146.208 25.095.302 51% Pessoal e Encargos 8.976.847 9.368.524 10.439.284 11.336.497 12.780.455 42% Juros e Encargos Dívida 1.077.532 1.192.787 1.371.951 1.643.595 1.916.507 78% Outras Desp. Correntes 6.560.817 8.241.654 7.955.738 9.166.116 10.398.340 58% Despesa de Capital 1.853.968 1.460.494 1.959.635 3.145.861 3.923.487 112% Investimentos 775.437 600.945 1.109.663 2.024.570 2.712.928 250% Inversão Financeira 646.834 433.524 417.583 709.845 711.596 10% Amortização Dívida 431.697 426.025 432.388 411.446 498.963 16% Total 18.469.163 20.263.459 21.726.607 25.292.069 29.018.789 57% Tabela 15-A Evolução da Despesa Orçamentária 2007–2009 Valores Correntes R$ mil Variação % Despesa 2007 2008 2009 (2002/2006) Despesas Correntes 28.327.247 33.601.586 34.329.236 107% Pessoal e Encargos 14.268.355 16.674.559 17.576.558 96% Juros e Encargos Dívida 2.136.270 2.544.019 2.197.933 104% Outras Despesas Correntes 11.922.622 14.383.008 14.555.662 122% Despesa de Capital 4.115.902 5.221.250 5.934.225 220% Investimentos 2.820.705 3.725.666 3.585.388 362% Inversão Financeira 829.360 875.306 1.250.816 93% Amortização Dívida 465.837 529.545 1.098.021 154% Total 32.443.148 39.299.362 40.263.461 118% 19 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 22. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Análise Vertical (Participação de cada despesa na Despesa Total) n Em 2002, as despesas correntes representavam 89,96% da despesa total; em 2009, 85,26 %. n No mesmo período, as despesas de capital, que representavam 10,04%, passaram para 14,74%. A despesa de pessoal, que representava 48,60%, caiu para 43,65%, o que representou uma redução real de 10,18%. n Por outro lado, as despesas de capital tiveram um aumento de 41,73%. Ou seja, houve um deslocamento das despesas correntes para as despesas de capital. Análise Horizontal (Crescimento de um período para o outro) n No primeiro mandato do governo Aécio (2002–2006) houve um cresci- mento de 51% das despesas correntes e de 112% na despesa de capital. n Já no período de 2002–2009, houve um crescimento de 107% das despe- sas correntes, enquanto a despesa de capital aumentou 220%, com desta- que para os investimentos (crescimento de 362%). Entretanto, a maior parte desses investimentos não foi aplicada – como deveria ser – em benefício da população, como na saúde e educação, com construção de hospitais e esco- las, ou até mesmo na segurança pública. n O item que menos cresceu foi com pessoal (folha de pagamento) 42% no pe- ríodo de 2002/2006; no período de 2002/2009, 97% para um crescimento de 130% na receita total e 166% (descontando-se as deduções, 143%) na Receita Corrente para uma inflação de 47% nesse período. Enquanto isso as despesas com o pagamento de juros e encargos da dívida foi de 104%. Para entender melhor, observe alguns conceitos: Despesas Correntes Abrigam todas aquelas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital, ou seja, são as despesas essenciais ao funcionamento da máquina administrativa, tais como: pessoal e encargos so- ciais, juros e encargos da dívida, material de consumo, pagamento de diárias, contribuições e subvenções, auxílio-alimentacão, além de outras despesas da categoria econômica “Despesas Correntes”, não classificáveis nos demais grupos de natureza de despesas. Despesas de Capital Classificam-se, nesta categoria, aquelas despesas que contribuem direta- mente para a formação ou aquisição de um bem de capital: investimentos, inversões financeiras e amortização de dívida. 20
  • 23. As despesas totais são divididas por funções, veja na tabela abaixo as principais despesas por funções. Tabela 16 Principais Despesas por Função em Relação à Despesa Total 2002–2009 Função 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Legislativo 2,66% 2,69% 2,67% 2,48% 2,47% 2,48% 2,45% 2,60% Judiciário 5,39% 6,19% 6,09% 6,00% 6,04% 6,05% 5,79% 6,19% Essencial à Justiça 1,79% 2,16% 1,95% 2,15% 2,40% 2,40% 2,40% 2,33% Administração 5,81% 5,33% 3,02% 3,86% 4,77% 4,21% 3,84% 3,60% Segurança Pública 13,18% 12,87% 12,29% 13,06% 13,48% 13,19% 12,62% 13,96% Previdência Social 5,97% 5,75% 15,19% 13,17% 12,72% 12,52% 11,97% 11,69% Saúde 8,07% 8,62% 9,67% 8,97% 8,44% 8,87% 9,17% 9,88% Educação 19,8% 19,36% 12,88% 12,55% 12,49% 12,54% 12,43% 11,79% Habitação 0,08% 0,07% 0,04% 0,44% 0,36% 0,30% 1,51% 0,29% Agricultura 0,60% 0,80% 0,62% 0,95% 0,96% 0,96% 1,22% 1,22% Indústria 2,80% 1,73% 1,24% 2,05% 1,85% 1,86% 1,24% 2,22% Transportes 4,16% 3,19% 4,02% 4,20% 4,33% 4,22% 4,65% 5,31% Encargos Especiais 26,37% 28,25% 27,38% 27,44% 26,79% 27,5% 26,88% 25,67% Outras Funções 3,32% 2,99% 2,94% 2,68% 2,9% 2,9% 3,83% 3,25% Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Os encargos especiais englobam as despesas que não podem ser associados a um bem ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, que totalizaram, em 2009, R$ 10,3 bilhões. Tabela 17 Distribuição Encargos Especiais 2009 Despesas Valor (R$) Percentual (%) Serviço da Dívida Interna 3.163.534.463,31 30,61% Serviço da Dívida Externa 82.308.962,13 0,80% Transferência para Municípios 6.790.988.011,58 65,70% Outros Encargos Especiais 297.229.188,40 2,88% Total 10.334.060.625,42 100% O que se observa na tabela acima é que, na distribuição dos encargos especiais, quase a totalidade das despesas refere-se à transferência para os Municípios (65,7%) e serviços da dívida (31,41%). Embora não conste na Tabela 16, a despesa com saneamento em 2008 foi de 0,08% e, em 2009, de 0,02 %, ou seja, insignificante comparada com as demais. Observa-se que as despesas com gastos sociais mais relevantes são realizadas nas funções Saúde, Educação, Segurança Pública e Previdência Social. A partir da página 26, faremos análise detalhada da evolução dessas despesas em nosso Estado. 21 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 24. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas A política do “choque de gestão” Arrocho salarial para o funcionalismo, principalmente dos servidores do Executivo Enquanto se alardeava o “déficit zero”, o funcionalismo foi duramente penalizado, especial- mente no período de 2003 a 2005, primeiro mandato do governo Aécio Neves, por meio de Essa é a verdadeira política do um arrocho salarial e a sucessiva perda de direitos. “choque de gestão” implementado em Minas! O valor total da folha de pagamento do Estado (Poder Executivo, Legislativo, Judiciário e Minis- tério Público) era de R$ 15,6 bilhões em 2002, caiu para R$ 13,2 bilhões em 2003, R$ 13,4 bilhões em 2004, com uma ligeira elevação em 2005, R$ 13,8 bilhões. Em 2006, aumentou para R$ 15,7 bilhões devido ao crescimento vegetativo e a modificações na folha, que começou a incluir novos concursados e pequena correção média nas tabelas (média de 10%). A remuneração saiu de critérios objetivos, tais como tempo de serviço, para critérios subjetivos, tais como avaliação de desempenho e prêmio por produtividade. Tabela 18 Despesas com Pessoal dos Três Poderes e do Ministério Público 2002–2009 Valores Constantes1 R$ mil Poder/Órgão 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20092 Poder Legislativo 688.466 615.520 628.191 630.702 719.651 777.698 849.701 893.428 Poder Judiciário 1.489.758 1.459.948 1.488.547 1.540.798 1.781.915 1.900.987 2.014.022 2.055.265 Poder Executivo 12.986.274 10.628.956 10.868.240 11.064.065 12.210.502 12.958.435 13.590.078 13.948.986 Ministério Público 469.215 486.442 450.787 533.385 656.518 689.492 698.278 678.878 Total do Estado 15.633.713 13.190.866 13.435.765 13.768.950 15.368.586 16.326.612 17.152.080 17.576.557 1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1) 2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período Tabela 18-A Despesas com Pessoal dos Três Poderes e do Ministério Público 2002–2009 Valores Correntes R$ mil Poder/Órgão 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Poder Legislativo 398.228 437.160 488.090 519.280 598.459 679.655 826.045 893.428 Poder Judiciário 861.718 1.036.896 1.156.566 1.268.597 1.481.833 1.661.334 1.957.951 2.055.265 Poder Executivo 7.511.625 7.548.984 8.444.375 9.109.463 10.154.204 11.324.795 13.211.724 13.948.986 Ministério Público 271.407 345.485 350.251 439.155 545.957 602.569 678.838 678.878 Total do Estado 9.042.979 9.368.524 10.439.284 11.336.497 12.780.454 14.268.354 16.674.559 17.576.557 Observação: Em relação aos anos de 2002 e 2003, os valores divulgados pelo TCE, SEF-MG e Tesouro Nacional são divergentes. Entretanto, isso não prejudica a análise, pois as diferenças são mínimas; o SINDIFISCO-MG optou por utilizar os dados do TCE. 22
  • 25. Tabela 19 Evolução das Despesas com Pessoal dos Três Poderes e do MP 2002–2009 Valores Constantes Base 100 Poder/Órgão 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Poder Legislativo 100 89,40 91,25 91,61 104,53 112,96 123,42 129,77 Poder Judiciário 100 98,00 99,92 103,43 119,61 127,60 135,19 137,96 Poder Executivo 100 84,13 86,03 87,58 96,65 102,57 107,57 110,41 Ministério Público 100 103,67 96,07 113,68 139,92 146,95 148,82 144,68 Total do Estado 100 84,37 85,94 88,07 98,30 104,43 109,71 112,43 O maior achatamento, entretanto, da folha de pagamento do Estado foi nas despesas com pessoal do Poder Executivo: a que menos cresceu no período 2002–2009, conforme demons- trado a seguir. O sacrifício do servidor Se compararmos a folha de pagamento total do Estado (consolidada) em relação à Receita Corrente Líquida, houve uma redução de 71,57% em 2002 para 55,44% em 2009, o que representa uma queda de 23%. Isso evidencia que o “choque de gestão” foi feito à custa do sacrifício do servidor público. Tabela 20 Despesa Líquida com Pessoal (DLP) X Receita Corrente Líquida (RCL) Poder Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público 2002–2009 R$ mil 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 DLP Consolidada 8.976.900 9.300.300 9.710.060 10.212.800 11.860.030 13.282.770 15.883.270 16.142.290 RCL 12.542.000 14.306.000 16.696.000 19.550.300 22.083.400 23.803.680 29.242.490 29.118.470 Percentual - DLP 71,57% 65,01% 58,16% 52,24% 53,71% 55,80% 54,32% 55,44% em relação a RCL 23 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 26. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Despesa Líquida com Pessoal (DLP) Soma das despesas com pessoal da ativa, inativos, pensionis- tas e pessoal terceirizado, menos as despesas não computa- das (art. 19, parágrafo 1º da LRF). Essas últimas referem-se às despesas de caráter indenizatório, tais como: as indeni- zações por demissão e incentivos à demissão voluntária; as decorrentes de decisão judicial; as despesas de exercícios an- teriores e inativos com recursos vinculados. Esta redução ocorreu, principalmente, na folha de pagamento dos servidores do Poder Exe- cutivo, que representava 55,87% da RCL em 2002, passou 43,49% em 2005 e, em 2009, com objetivos claramente eleitoreiros para 46,16%. A queda total, no período 2002–2009, foi de 17%. Mais uma vez se evidencia que o “choque de gestão” foi feito com o arrocho salarial do funcio- nalismo, principalmente dos servidores do Poder Executivo, que representam 95% do quadro de servidores do Estado. O Poder Executivo, responsável pela execução de políticas so- ciais, distribuição de renda e prestação de serviços públicos, deveria ser valorizado, entretanto transformou-se em Poder de Quarta Categoria. Tabela 21 Despesa Líquida com Pessoal (DLP) X Receita Corrente Líquida (RCL) Poder Executivo 2002–2009 R$ mil 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20092 DLP Consolidada Valores correntes 7.006.667 7.674.756 8.069.231 8.501.539 9.844.998 11.038.665 13.382.012 13.441.992 DLP Consolidada Valores constantes1 12.113.291 10.806.043 10.385.415 10.325.699 11.838.678 12.631.028 13.765.242 13.441.992 Percentual - DLP em relação a RCL 55,87% 53,65% 48,33% 43,49% 44,58% 46,37% 45,76% 46,16% 1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1) 2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período Veja a queda na despesa com servidores do Executivo em relação à receita. 24
  • 27. Servidor aposentado é o mais penalizado A política de governo do “choque de gestão” penalizou todos os servidores públicos estaduais, especialmente os aposentados, que tiveram seus proventos congelados e corroídos pela infla- ção do período. Um total desrespeito à paridade, garantida pela Constituição Federal! Se em 2002, as “aposentadorias e proventos” tinham participação de 37,78% na composição da folha de pagamento do Estado, caiu para 33,08% em 2005, 30,52% em 2008 e 28,96% em 2009. Uma queda no período (2002–2009), em termos verticais, de 23%! Tabela 22 Despesas com Pessoal e Encargos Sociais segundo a Classificação Econômica 2002–2009 Valores Constantes1 R$ mil Elementos 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20092 de Despesas Aposentadorias 5.907.006 4.791.091 4.572.289 4.555.568 5.094.750 5.268.216 5.234.702 5.090.381 e proventos Pensões 173.335 179.489 176.917 162.510 179.796 178.259 163.324 161.971 Contratação por tempo detrminado 816 Salário-família 1.615 2.054 11.680 2.642 2.995 3.273 424.383 698 Vencimentos e vantagens fixas 6.757.591 5.788.846 5.612.215 5.845.656 6.649.078 7.130.999 7.331.262 7.532.853 Pessoal Civil Vencimentos e vantagens fixas 1.517.273 1.261.178 1.228.585 1.364.527 1.545.904 1.609.547 1.681.556 1.854.150 Pessoal Militar Obrigações Patronais 728.438 784.583 1.042.812 1.102.356 1.290.904 1.382.224 1.054.451 1.799.913 Outras despesas variáveis - 112.418 80.671 65.637 76.857 107.144 200.440 616.387 157.821 Pessoal Civil Outras despesas variáveis - 2 109 3.432 4.303 6.245 8.715 180.653 13.259 Pessoal Militar Sentenças Judiciais 176.458 109.650 471.068 306.825 105.494 176.405 310.641 100.855 Despesas de Exercícios 133.564 94.615 230.878 299.667 355.234 313.510 520.591 457.028 Anteriores Auxilio Alimentação e 10.836 Transporte Indenizações e restituições 48.032 414 20.660 21.899 Indenizações e restituições 847 2.506 19.436 30.623 31.573 30.445 35.326 trabalhistas Ressarcimento de Despesas de Pes- 2.785 5.742 4.553 soal Requisitado Demais 20.233 aplicações diretas Contratos 347.516 Terceirizados Total 15.519.383 13.094.795 13.435.765 13.768.950 15.368.586 16.326.611 17.152.080 17.576.557 1 Valores corrigidos pelo IGP-DI (Fatores médios anuais - Dez/2008 = 1) 2 Em 2009, não houve correção devido à ocorrência de deflação no período 25 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 28. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Queda nos Gastos Sociais Indicadores revelam verdadeiros resultados do “choque de gestão” para a sociedade Se para os servidores públicos o “choque de gestão” gerou arrocho salarial, para a população de Minas essa política representou a queda na qualidade dos serviços públicos prestados pelo Estado. n Arrocho salarial para o funcionalismo n Falta de investimento na qualificação dos servidores que atendem a população Diminuição de n Desmotivação dos servidores no exercício de suas funções gastos com n Desmantelamento da máquina do Estado pessoal n Terceirização n Queda na qualidade dos serviços públicos prestados Diminuição de n Falta de atendimento às necessidades primárias da população gastos com n Precarização dos serviços públicos a prestação de serviços públicos A finalidade do Estado é de arrecadar para fazer face às demandas da sociedade, principalmen- te, nas áreas sociais. Nesse sentido, o melhor indicador da gestão pública é relacionar esses gastos à Receita Corrente Líquida (RCL). Iremos analisar a evolução dos gastos sociais com saúde, educação e segurança. Trabalha- remos com esses itens para demonstrar que houve uma redução de 24% desses gastos em relação à RCL no período de 2002 a 2008. Para realizar a análise, o melhor parâmetro é o ano de 2008, uma vez que 2009 foi um ano atípico em decorrência dos efeitos da crise financeira mundial e a Receita Corrente Líquida, que desde 2003 apresentava crescimento médio de 17%, teve queda. Dessa forma, a evolu- ção dos percentuais da tabela 23 de 2008 para 2009 ocorreram mais por causa da queda da receita do que pelo aumento dos gastos sociais. 26
  • 29. Tabela 23 Evolução dos Gastos Sociais em Relação à RCL 2001–2009 Área 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Saúde (A) 12,94% 11,86% 11,53% 12,59% 11,60% 11,09% 12,09% 12,32% 13,66% Segurança (B) 19,45% 19,42% 17,22% 15,99% 16,90% 17,71% 17,98% 16,96% 19,30% Educação (C) 30,57% 29,15% 25,90% 16,77% 16,24% 16,42% 17,09% 16,71% 16,30% Total (A+B+C) 62,96% 60,43% 54,65% 45,35% 44,74% 45,22% 47,16% 45,99% 49,26% Observa-se que em 2001 esses gastos representaram quase 62,96% da RCL, em 2005 chegaram a cair para até 44,74% da RCL e a partir daquele ano tiveram uma pequena recu- peração, totalizando 45,99% da RCL em 2008. Os gastos com saúde, que em 2001 consumiam 12,94% da RCL, diminuíram para o patamar de 11% na maioria dos anos seguintes e também tiveram pequena recuperação em 2008 totalizando 12,32% da RCL. Já as despesas com educação tiveram forte queda; em 2001 eram 30,57% da RCL e em 2008 chegaram a representar apenas 16,71%. Na área da se- gurança, os gastos foram de 19,45% da RCL em 2001, diminuíram em quase todo o período de 2003 a 2008, sendo a maior queda em 2004 (15,99%) e, em 2008, os gastos ficaram em 16,96% da RCL. Esse diagnóstico de redução dos gastos sociais em Minas se agrava ainda mais quando com- paramos o desempenho do nosso Estado com as outras Unidades da Federação. 27 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas
  • 30. A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas Minas é um dos Estados que menos gasta com Saúde Tabela 24 Gastos com Saúde X RCL 2009 Posição Estado R$ mil RCL % 1 AM 1.595.289 6.161.491 25,89% 2 PE 2.735.866 10.631.854 25,73% 3 BA 3.511.462 14.671.427 23,93% 4 RN 992.953 4.832.600 20,55% 5 PB 904.214 4.637.840 19,50% 6 AC 473.702 2.453.090 19,31% 7 AL 652.681 3.597.965 18,14% 8 PI 722.278 4.043.265 17,86% 9 TO 606.437 3.406.416 17,80% 10 SC 1.759.236 10.405.660 16,91% 11 GO 1.505.006 9.105.648 16,53% 12 DF 1.676.720 10.254.999 16,35% 13 ES 1.200.115 7.486.192 16,03% 14 RR 259.388 1.633.114 15,88% 15 CE 1.332.702 8.400.940 15,86% 16 SP 13.590.458 86.630.248 15,69% 17 RO 503.592 3.236.548 15,56% 18 PA 1.239.012 7.997.163 15,49% 19 SE 603.633 3.934.265 15,34% 20 PR 2.281.522 15.092.440 15,12% 21 AP 333.383 2.237.967 14,90% 22 MG 3.977.788 29.118.470 13,66% 23 RS 2.374.785 17.387.287 13,66% 24 MS 663.608 4.886.919 13,58% 25 MA 803.190 5.971.500 13,45% 26 MT 857.740 6.467.671 13,26% 27 RJ 3.456.258 28.976.688 11,93% 28 Total 50.613.018 313.659.667 16,14% 28
  • 31. Minas em penúltimo lugar no gasto com a Educação Tabela 25 Gastos com Educação X RCL 2009 Posição Estado R$ mil RCL % 1 CE 2.995.990 8.400.940 35,66% 2 PR 5.162.439 15.092.440 34,21% 3 SP 22.945.341 86.630.248 26,49% 4 AP 572.045 2.237.967 25,56% 5 AC 604.345 2.453.090 24,64% 6 RS 4.148.410 17.387.287 23,86% 7 RR 367.657 1.633.114 22,51% 8 PB 1.029.843 4.637.840 22,21% 9 RO 664.658 3.236.548 20,54% 10 MA 1.220.506 5.971.500 20,44% 11 RN 964.594 4.832.600 19,96% 12 BA 2.900.441 14.671.427 19,77% 13 MS 959.873 4.886.919 19,64% 14 TO 662.158 3.406.416 19,44% 15 AM 1.190.951 6.161.491 19,33% 16 RJ 5.568.549 28.976.688 19,22% 17 PA 1.529.805 7.997.163 19,13% 18 GO 1.698.379 9.105.648 18,65% 19 SE 701.423 3.934.265 17,83% 20 PI 717.902 4.043.265 17,76% 21 MT 1.146.070 6.467.671 17,72% 22 SC 1.817.883 10.405.660 17,47% 23 PE 1.844.168 10.631.854 17,35% 24 AL 609.446 3.597.965 16,94% 25 DF 2.641.907 10.254.999 25,76% 26 MG 4.746.062 29.118.470 16,30% 27 ES 1.162.909 7.486.192 15,53% 28 Total 70.573.754 313.659.667 22,50% 29 A verdade sobre o “choque de gestão” do governo de Minas