"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
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1. A QUESTÃO DO TRABALHO
NA PERSPECTIVA
ANTROPOLÓGICA E
SOCIOLÓGICA
Ivy Ramirez
2. Trabalho
A palavra “trabalho” deriva do termo latino
tripalium, nome dado a um instrumento feito de
três paus aguçados, algumas vezes ainda
munidos de pontas de ferro, com o qual os
agricultores batiam nas espigas de milho e no
trigo para amassá-los e esfiapá-los. Um outro
registro comum em dicionários define o termo
como sendo um “instrumento de tortura”, pois, no
latim popular, tripalium está relacionado ao verbo
tripaliare, que significa “torturar”.
3. Assim, uma forma de
definir o trabalho é
associá-lo à dureza, à
fadiga, e no repertório
simbólico, em
diversas
culturas, considerá-lo
como um castigo.
4. O trabalho é uma
realização exclusiva do
ser humano, e é
determinado também
por sua criatividade.
5. Na antiga Grécia, a
ênfase era dada à
razão, às reflexões,
havendo um desprezo
pelo trabalho;
cultuava-se o ócio dos
filósofos.
6. Ao contrário do que ocorre nos tempos
modernos, a instituição da escravidão na
Antiguidade não foi uma forma de obter
mão de obra barata nem instrumento de
exploração para fins de lucro, mas sim a
tentativa de excluir o labor das condições
da vida humana.
Tudo o que os homens tinham em comum
com as outras formas de vida animal era
considerado inumano. Essa era
também, por sinal, a razão da teoria
grega, tão mal interpretada, acerca da
natureza inumana do escravo.
7. Aristóteles, que sustentou tão explicitamente a sua
teoria para, depois, no leito de morte, alforriar seus
escravos, talvez não fosse tão incoerente como
tendem a pensar os modernos. Não negava que os
escravos pudessem ser humanos; negava somente o
emprego da palavra “homem” para designar membros
da espécie humana totalmente sujeitos à
necessidade. E a verdade é que o emprego da
palavra “animal” no conceito de animal laborans, ao
contrário do outro uso, muito discutível, da mesma
palavra na expressão animal rationale, é inteiramente
justificado. O animal laborans é, realmente, apenas
uma das espécies animais que vivem na Terra – na
melhor das hipóteses, a mais desenvolvida.
8. A justificativa da
escravidão, dada por
Aristóteles em sua
obra Política, aponta a
percepção de uma
contradição que
perpassa todas as
dimensões da vida,
apresentando o
trabalho como sendo
uma forma de desafio
entre liberdade e
necessidade.
9. Na Idade Média, o
trabalho adquire uma
nova dimensão, sob a
forma de servidão, ou
seja, há uma relação
de fidelidade do servo
para com o senhor
feudal.
10.
Durante a Antiguidade grega, a preocupação
era reafirmar a liberdade do homem no âmbito
da necessidade, levando a uma visão que
considerava o trabalho indigno e servil.
São Tomás de Aquino considerou o trabalho
um bem, embora árduo.
11. O Renascimento
adveio com o fim da
Idade Média, e o
trabalho foi
glorificado, adquirindo
uma nova
concepção, chegando
à dimensão técnicocientífica.
São Jerônimo escritor
Caravaggio (1571-1610)
12. Vários autores passaram a definir o trabalho:
Calvino: segundo ele, o homem se salva
através de uma moral rígida, da simplicidade
do trabalho e da honestidade.
Adam Smith, David Ricardo: segundo eles, o
trabalho deveria ser considerado sob uma
forma geral, fosse ele agrícola ou industrial.
Karl Marx: elaborou a teoria da mais valia e
identificou o trabalho não só como uma fonte
de valor econômico, mas também de caráter
social.
13.
Hegel: atribuiu ao
trabalho uma
importância
capital, um processo
pelo qual o homem
toma consciência de
si mesmo, e essa
consciência se
desenvolve quando o
homem se
encontra com os
demais no processo
de criação do mundo.
Tempos modernos, 1936
Charles Chaplin
14. O trabalho é exploração ou
libertação?
Quem mais gerou
polêmica acerca do tema
foi Marx, que, ao analisar
o modo de produção
capitalista, encontrou na
alienação do
trabalho, relacionada à
propriedade privada, um
dos seus fundamentos.
Fala sobre o fetichismo da
mercadoria e o
distanciamento do homem
em relação ao que
produz. As relações
sociais ocorrem como
relações materiais (entre
15. A humanidade encontra-se
hoje diante de uma
crise, devido ao
estabelecimento de uma
contradição: a ameaça do
desemprego estrutural e a
redução da fadiga, do
esforço e dos postos de
trabalho, mediante o
crescimento da
automação, da robotização e
da informatização. Tal
situação merece uma busca
pela forma adequada de
ordenamento de vida, de
trabalho e a apropriação dos
16. No que se refere ao
trabalho, é importante
lembrarmos dos
modelos
implementados pelo
fordismo (Henry Ford),
toyotismo e inovações
tayloristas (Taylor),
introduzidos nas linhas
de montagem, nas
quais as esteiras e os
sistemas automáticos
impõem o ritmo da
produção.
17. O operário seria
confundido com a
própria máquina. O
trabalhador seria
reduzido a gestos
mecânicos, como no
filme Tempos
modernos, do cineasta
Charles Chaplin, o qual
contém uma crítica aos
métodos pensados por
Taylor e Ford.
18. Ivy Ramirez
Assessora de Coordenação do Departamento de
Apoio Pedagógico do Colégio Objetivo de São
Paulo
Contato pelo telefone 0800 77 01342 (ramal 5886)
ou e-mail ivy@objetivo.br