O documento resume a homilia proferida pelo professor Hans Küng em celebração dos seus 50 anos de sacerdócio. Küng reflete sobre sua vida e ministério sacerdotal, defendendo uma Igreja mais reformada e menos centralizada em Roma. Ele também critica aspectos do sacerdócio tradicional e defende a ordenação de mulheres e o reconhecimento de ministérios protestantes.
A missa jubilar de Hans Küng e suas reflexões sobre o sacerdócio
1. espiral
boletim da associação NT
F RA T E RN I T A S M O VI M E N T O
Nº 17 - Outubro / Dezembro de 2004
Natal
HOMILIA
JUBILAR
O Prof. Hans Küng celebrou, em 24 de Outubro de 2004, os
seus cinquenta anos de sacerdócio com uma missa na cate-
dral de Rottenburg. Na homilia que então proferiu, o conhe-
Nasceu Jesus, a herança prometida. cido professor de teologia da Universidade de Tübingen, para
Qual Big Bang da nova Criação, além duma revisão do que foi a sua vida ao longo deste perí-
Assim o menino Deus, feito nosso irmão. odo, também define a sua posição relativamente a várias ques-
tões, tais como a profissão do padre, o celibato e a sua espe-
Encontro da Paz e da Justiça, rança de reforma na Igreja.
Da Glória e da Majestade,
Citando uma frase ouvida numa rádio — “Se queres ser feliz
Da Omnisciência e da Omnipotência
uma hora, dorme. Se queres ser feliz um dia, vai pescar. Se
E da Divindade com a Humanidade. queres ser feliz um mês, casa. Se queres ser feliz toda a vida,
Shalom com todos os povos ama o teu trabalho”— diz que poderia muito bem confirmar
Em Deus, Senhor da Criação, a quarta afirmação, pois quando alguém desempenha a sua
missão, realiza a tarefa da sua vida e ama, então é feliz – com
Na solidariedade e na comunhão, todas as vicissitudes inerentes, naturalmente.
No bem-estar e no perdão. Todo o homem permanece o mesmo ao longo dos anos, mas
Glória a Deus e Paz na Terra! não é o mesmo. “Isto é também assim com o meu sacerdó-
cio e com esta celebração aqui: esta é a mesma de há cin-
Cantam os anjos (continua na pág. 2)
Ao Rei da Paz que à terra desce.
E aos homens de coração renovado.
Zélia Sumário:
Quem disse que a escravatura já acabou? 3
Espaço de Partilha 3
Santo N atal
Natal Encontro Norte/Litoral | Reflexões 4-5
para cada um Homenagem ao Pe. Filipe de Figueiredo 6
de vós
Rectificação 6
e dos vossos!
Casa do Gaiato | breves... 7
“Os Novíssimos” 8
2. 2 espiral
(continuação da pág. 1) não como exemplo, mas como dissuasão. É que o sacerdote
passa ao lado da vítima dos ladrões, ao contrário do
quenta anos, mas não é a mesma. Tanta foi a lengalenga samaritano herético. Sacerdotes e escribas combatem Je-
medieval e a tralha barroca secundária que deixámos para sus, especialmente quando ele ousa perturbar-lhes a eco-
trás, tantos foram os constrangimentos do direito canónico nomia do templo. Foram os sacerdotes e o sumo sacerdote
de que nos desfizemos. Ganhámos uma nova liberdade e que, com o auxílio dos ocupantes romanos, acabaram por o
sinceridade e não queremos que nos sejam retiradas. Que- levar à morte”.
remos uma liturgia viva, mas não o liturgismo”.
Entre aqueles primeiros que chegaram à fé em Jesus morto e
Falando da liberdade conquistada, diz que foi sempre crítico ressuscitado não estavam certamente sacerdotes. Aliás, para
consigo mesmo. “Posso assegurar-vos que, ao longo destas estes primeiros crentes, o sacerdócio do templo era irrelevante.
décadas, nunca defendi uma opinião que eu não tivesse es- Relevante era agora o Senhor Jesus crucificado e ressuscita-
tudado exaustivamente e exposto maioritariamente por es- do. Para eles tornava-se cada vez mais patente que Jesus era
crito. Em última análise foi para isso que fui nomeado e o único mediador para chegar a Deus, o único Sumo Sacer-
para isso tinha tempo. Consequentemente, só muito rara- dote. Mas todos se consideravam povo sacerdotal, povo de
mente me puderam apontar verdadeiros erros e enganos. Deus.
Às vezes dizia-se que eu não era suficientemente católico, Nas primitivas comunidades cristãs de então havia inúmeros
mais precisamente, não suficientemente católico romano. serviços, vocações, carismas, ofícios, mas não sacerdotes no
Mas será que Jesus de Nazaré era católico romano?” sentido dos sacerdotes do templo. Houve, sim, líderes das
Afirmando que sempre esteve convictamente a favor dum comunidades, anciãos (“presbíteros”). E, tal como no judaís-
papado segundo o modelo da figura neo-testamentária de mo, também nas comunidades cristãs os anciãos e os res-
Pedro, no início, e da figura de João XXIII hoje, mas que ponsáveis das comunidades foram ordenados muitas vezes
nem com a melhor das boas vontades podia subscrever todos com oração e imposição das mãos. E esta ordem continuou
os documentos emanados duma central ditatorial romana, diz depois da morte do apóstolo Paulo compreensivelmente tam-
mesmo: “hoje estou convicto de que deve haver um planea- bém nas suas comunidades carismáticas. Tudo era muito sim-
mento familiar responsável, a ordenação de mulheres, o re- ples e singelo no princípio. Também a celebração da Euca-
conhecimento dos ministérios protestantes e da Ceia do Se- ristia, para a qual se formulava livremente a oração eucarísti-
nhor e, finalmente, a reunificação das igrejas cristãs sepa- ca — uma oração de acção de graças, de memória e de lou-
radas”. E acrescenta: “assumo a liberdade, legitimada pelo vor.
Evangelho, de criticar bispos que, como torcicolos, hoje con- “Para este serviço fui ordenado há 50 anos e incumbido do
denam o que ontem, como professores ou pastores, defen- anúncio da palavra, da celebração da eucaristia, da edifi-
deram”. cação da comunidade na fé. E é isto que significa ser padre
Partindo da frase que escolheu para a estampa da sua missa no sentido de presbítero: o serviço permanente da orienta-
nova — “Orai também por mim, para que Deus me abra uma ção da comunidade pela palavra e pelo sacramento no es-
porta à palavra, a fim de eu anunciar o mistério de Cristo” pírito e segundo os critérios do Senhor Jesus. Portanto é
(Col 4,3) — considera que os critérios e os fundamentos por isto o essencial do sacerdócio e não o que muitas vezes dele
que se orienta na vida não são os seus, mas os de Jesus Cris- se fez numa ideologia sacerdotal que segrega o sacerdote
to, com a sua Boa Nova e a sua actuação. Ao longo da vida do povo. Muito do que ao longo dos séculos se lhe acres-
procurou sempre compreender este mistério. Aprofundou os centou é, na realidade, não essencial. Nestes cinquenta anos
evangelhos, estudou inúmeras obras de ciências bíblicas. que passaram aprendi a distinguir o essencial do não es-
Como capelão dum hospital, analisou, domingo após domingo sencial para dar à nossa igreja, face à devastadora catás-
e perícopa a perícopa, o evangelho de S. Marcos. Refere que trofe pastoral que sobre ela se abateu, novos espaços de
desse estudo muitas novas perspectivas se lhe abriram, mes- acção, possibilidades de organização, oportunidades de
mo a respeito de si mesmo e do seu sacerdócio. “Entre ou- sobrevivência”.
tras coisas, revelou-se que o próprio Jesus de Nazaré não Refere a seguir uma série de questões que desde cedo o pre-
foi sacerdote como os sacerdotes de oblação do templo. Foi ocuparam. Mas isso terá de ficar para depois.
um pregador leigo e líder dum movimento de leigos, do qual [O texto completo pode ler-se em Kirche In, 12/2004, pp. 29-31]
os sacerdotes se mantiveram à distância. Nas muitas pará-
bolas de Jesus, a figura do sacerdote só aparece uma vez e João Simão
3. espiral 3
ESCRAV ACABOU?!...
QUEM DISSE QUE A ESCRAVATURA JÁ ACABOU?!...
N este mundo tão padrasto para as multinacionais monopolistas, au- perspectivas, porque se pretende ata-
a maior parte dos seus habitantes, tênticas fábricas de pobres, bem car a criminalidade (essa sim, que
encontramos mais de 1.300 milhões como muitos (só muitos?) políticos incomoda), sem se atacar decidida-
de pessoas que mal vivem com 1 que, em vez de servirem as comuni- mente as suas verdadeiras causas.
euro por dia, e mais de 700 milhões dades, se servem delas para somar Não cabe ao simples cidadão,
em situação de extrema pobreza e fortunas que se escondem na «trans- sem poder decisório, resolver estes
fome. Ao todo são mais de 2 biliões parência política»!... problemas na sua raiz, mas ao me-
a viver desumanamente!... Tudo isto porque se vai perden- nos todos temos o direito (e o dever)
É uma vergonhosa miséria do a consciência dos valores huma- de reclamar justiça e denunciar
provocada pela desmedida ambição nos, do respeito pela liberdade dos prepotências geradoras de conflitos
de uns poucos que vivem à farta, es- outros, e dos critérios do Evangelho, sociais. E nesta campanha têm de en-
magando pela fome a maior parte da que já nada parecem dizer a esses trar as Igrejas (por dever de consci-
população mundial. Dado que não responsáveis... ência e de missão), os políticos (por
se vislumbram mudanças de siste- Isto é uma verdadeira escrava- dever de ofício) e os empresários
mas e de estruturas nacionais e in- tura a que os pobres estão sujeitos (por dever de justiça distributiva),
ternacionais, os pobres vão continu- pelos exploradores E esta escrava- porque há gritos que se podem trans-
ar, de lata na mão, à espera das mi- tura gera outras, por exemplo, de tipo formar em guerras fratricidas, que já
galhas da mesa dos ricos… psicológico, que resvalam para a todos conhecem em demasia.
Dizem as estatísticas que 80% prostituição, o roubo, a droga, etc. Embora com nomes diferentes,
das riquezas mundiais estão já nas Enfim, uma sucessão de escravatu- e às vezes até equívocos, a antiga
mãos dos 20% dos ricos, enquanto ras em cadeia, eufemisticamente escravatura continua hoje, e com
que aos 80% de pobres só cabem chamadas «injustiças sociais» que muitos mais tentáculos, a sugar a
20% das riquezas!... E este fosso dá nada dizem a quem as provoca, e gente indefesa!...
sinais de aumentar, em vez de dimi- para cuja solução não se vislumbram Manuel Paiva
nuir. Para se falar de pobreza e ten-
tar resolvê-la, fizeram-se, há anos,
numa «Cimeira», gastos inconcebí-
Espaço de Partilha
veis! 1. Ninguém é indiferente às necessidades dos outros. Mas, quando os
Ora leiam: A Dinamarca entrou atingidos são os nossos, os que nos são mais próximos (familiares,
com 28 milhões de dólares, mais 800 companheiros de jornada ou de ideal), certamente nos mobilizamos
mil dólares para combustível, moto- mais.
ristas, escolta policial e visitas es- 2. Sabemos que o movimento tem procurado acorrer a casos concretos
peciais de chefes de Delegações!... e, por vezes, dramáticos. A Fraternitas fá-lo por imperativo de
A «Volvo» pôs à disposição desses consciência e para dar cumprimento aos seus Estatutos. Mas procura
membros da «Cimeira» 220 que aconteça evangelicamente: “não saiba a tua esquerda o que
limusines!... Como dizia alguém, faz a tua direita”.
«uma Cimeira de luxo para falar 3. Só é possível continuar a acorrer a casos de verdadeira necessidade
dos pobres no lixo», que terão fica- se tu, se eu, se nós partilharmos também. Por isso, não esperes
do apenas com o pó e o gás carbónico que te batam expressamente à porta. Decide-te, desde já: partilha
que saído desses motores!... com os outros através do Movimento.
Na fome do «Terceiro Mundo» 4. Vai já à caixa do multibanco mais próxima e faz uma transferên-cia
pesa muito a corrupção de uns tan- interbancária para a conta nº 0033 000045218426660 05. O montante
tos que chupam até aos ossos os já é apenas da tua conta e de Deus. Irá direitinho para quem precisa!
mirrados corpos dos cada vez mais 5. Outra maneira de ajudar a Fraternitas é indicar expressamente no
pobres, sempre cada vez indefesos! campo 901 da tua declaração anual de IRS que pretendes que a
Também neste trágico desequilíbrio Fraternitas, NIPC 504602136, beneficie de 0,5% do imposto que
na distribuição das riquezas entram pagas, sem qualquer encargo adicional para ti.
4. 4 espiral
ENCONTRO NORTE/LITORAL
Gostei muito de participar no nistério. Se para a maioria (dos mais e à guisa de arranque, o Alberto Osó-
Encontro Regional Norte/Litoral que antigos…) esse foi um percurso ge- rio projectou-nos um curto
se realizou no Seminário de ralmente sem grandes percalços, já diaporama intitulado “O Ponto”. E
Valadares, no dia 20 de Novembro para outros, e pelos motivos mais é que arrancámos mesmo. De inter-
passado. Apesar da ausência de al- diversos, esse recomeçar tem-se re- rogação, de exclamação/admiração,
guns que, à última hora, se viram im- velado doloroso, a ponto de desafiar de discórdia mesmo… aquele “Pon-
possibilitados de comparecer, não a capacidade de partilha fraterna da to” podia ser tudo,
faltou a habitual fraternidade no aco- nossa Associação. menos ponto final.
lhimento e a salutar abertura no con- No tempo expressamente des- Interpelou-nos, desa-
vívio e diálogo, no grupo de mais de tinado às apresentações, por entre fiou-nos e, sobretu-
duas dezenas de sócios presentes. “histórias” já mais ou menos conhe- do, abriu-nos frin-
Focarei apenas alguns aspectos que cidas, surge sempre a novidade dos chas de luz para no-
mais me tocaram nessas 7/8 horas que aproveitam o ambiente propício vas formas de pensar
em que estivemos juntos. destes pequenos encontros para ex- e caminhar. Aqui
Começo por assinalar o mo- travasar sentimentos de vivências deixo (deixamos) um
mento de satisfação, sentida por to- acumuladas. Neste aspecto, tocou- bem-haja ao Salo-
dos, com a chegada do Moreira e da -me de modo especial o corajoso e mão Morgado por,
Celeste. O testemunho da sua ale- sentido depoimento do Joaquim Fer- uma vez mais, nos
gria e fidelidade continuam a ser um reira Soares, assim como o testemu- acenar com formas
sinal vivo de que Deus não nos aban- nho de serena aceitação do José diferentes de reflec-
dona na provação. Alves Rodrigues e da Maria de As- tirmos a nossa reali-
Também me sensibilizou a in- sunção ao falarem-nos do contínuo dade específica, en-
formação, prestada pela Isabel acto de amorosa doação ao filho, ví- quanto Fraternitas,
Fernandes, de que dois irmãos nos- tima de neuropatia. desembaraçando-nos
sos têm atravessado momentos difí- O almoço foi-nos fraternal- do esquema, a seu
ceis, no esforço de se enquadrarem mente servido no refeitório da comu- ver demasiado espar-
profissionalmente na nova situação, nidade. tilhado, com que or-
após terem sido dispensados do mi- Para o retomar dos trabalhos, ganizamos os nossos
encontros anuais. A
sua proposta concre- Era evidente a bo
ta — que já circula
entre alguns sócios — mereceu-nos
bons momentos de reflexão, haven-
do mesmo quem alvitrasse que fos-
se ensaiada por todos aqueles que,
com conhecimento prévio, queiram
aceitar esse desafio.
Fomos concluir a nossa refle-
xão à capela do Seminário, numa
curta oração comunitária onde trans-
pareceu bem vivo o espírito de Igre-
ja que nos anima.
A quem pensou e preparou
aquele reconfortante chazinho final,
o nosso muito obrigado.
Uma parcela dos participantes.
Paulo Eufrásio
página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * fraternitas@netcabo.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * fraternitas
5. espiral 5
REFLEXÕES na míngua de ministros, deixam os
cristãos quase abandonados,
1. O encontro do Porto, no seminá- tinua presente na Igreja, interpelan- carenciados da celebração domini-
rio da Boa Nova, de 20 de Novem- do-a como um sinal dos tempos? cal. As tradições condicionam a prá-
bro de 2004, correu muito bem! O Hoje, há profetas como noutros tem- tica pastoral...
encontro de manhã avivou velhas pos ou o Espírito Santo abandonou
amizades. Separados pela vida, a Sua Igreja? 4. E a vida e situação dos ministros
irmanamo-nos no ideal. Afinal, as Não podemos falar de abandono. que têm de percorrer longas distân-
preocupações pelos problemas da Parece que a Igreja tem medo da ino- cias para assistirem algumas comu-
vida actual não são diferentes. vação. O Espírito está presente na nidades? Depois, que celebrações?
Qual a seriedade? Qual o gosto e
alegria pela presidência? Que teste-
munho se dá na comunicação da pa-
lavra? Qual a novidade? Que jovia-
lidade?
5. Sem dúvida que a presente situa-
ção convida a Igreja a uma reflexão.
Que Igreja para o nosso tempo? Uma
estrutura tradicional, administrativa?
Quando é que nos damos conta que
estamos em zona de missão? É mais
fácil fechar os olhos? Mantemos a
celebração eucarística pelos mortos,
esquecendo a realidade humana e so-
cial que nos cerca? Jesus veio para
que tivéssemos “vida em abundân-
cia... plena, cheia de graça e verda-
de”, já neste mundo, para conviver-
mos como ressuscitados. E a Igreja
continua a administrar os sacramen-
tos, verdadeiros e autênticos sinais
da presença do Deus Salvador. Nós,
a disposição entre os participantes no encontro do Seminário da Boa Nova. testemunhas desse amor, na nossa
De tarde, o Salomão abriu o debate. Sua Igreja. Inspira-a e leva-a para fraqueza de viandantes, testemunha-
O que queremos? Os nossos objec- onde quer. Possam os homens abrir mos, em vasos de barro, esse amor
tivos estão conseguidos. Temos o re- o coração e a inteligência para ade- infinito.
conhecimento, a amizade dos hierar- rir ao convite do Espírito. Aconte-
cas. Só temos de nos portar bem. Não ceu com João XXIII: convocou o 6. A reflexão dessa tarde foi rica.
provocar ondas! Vaticano II. Acontece sempre, quan- Partilho, para que a nossa alegria
Foi provocação! A resposta não se do se arrisca. “Eis que faço novas seja mais perfeita. O bom Jesus que
fez demorar, sem hesitações. Interes- todas as coisas” — é palavra de sem- está para vir nos abra o coração.
sa-nos um Fraternitas com vida pre. Temos de correr o risco. Com entusiasmo, adiramos ao con-
nova, com opções de risco, capaz de vite e arrisquemos por novas vias...
criar situações novas — foi conclu- 3. Caminhos novos se abrem à Igre-
são assumida. ja. Os homens da Igreja sempre op-
taram pela segurança, pela paz e Santa Paz! Santo Natal! Sauda-
2. O Salomão levantou uma ques- tranquilidade das suas posições in- ções fraternas!
tão polémica! A “inspiração” aca- telectuais e pastorais. O Espírito in- J. Soares
bou com o último apóstolo? Ou con- comoda. Os homens preferem viver 01.12.2004
@netcabo.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * fraternitas@netcabo.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento
6. 6 espiral
“OS NOVÍSSIMOS” Homenagem ao Padre Filipe de Figueiredo
(continuação da pág. 8)
diferentes segundo os condicio- A Câmara Municipal de Estar- 4 de Dezembro, à mesma hora, o
nalismos (níveis) de cada um reja dedicou a sua Semana Cultural João Evangelista Simão, nosso pre-
(inclusivamente orientador) — his- deste ano ao nosso Padre Filipe de sidente, proferiu, na Biblioteca Mu-
tória, linguística, comunicação, etc. Figueiredo, no 1º aniversário do seu nicipal de Estarreja, a sua comuni-
Como foi brilhante o orientador na passamento. cação intitulada “A Fraternitas —
semântica das luzentes palavras da Decorreu entre os dias 28 de Associação de Padres Dispensados:
Ressurreição!... Novembro e 8 de Dezembro. Teve o seu papel na Sociedade, no Mun-
Com algumas interrogações no diversos e variados actos: celebra- do e na Igreja, o envolvimento do
ar... sempre concluímos que a res- ção Eucarística, exposição evocativa Cónego Filipe de Figueiredo”.
surreição implica o “Eu” todo e que da sua vida, escritura pública da Registamos o evento, que, pela
a morte é a nossa consagração ao di- Fundação Cónego Filipe de maneira como o município de
vino. E Deus como Juiz? — só para Figueiredo, diversas comunicações Estarreja o planeou e concretizou,
salvar, concluímos. Por isso o infer- (conferências) seguidas de debates, manifesta o valor (que nós bem co-
no é uma possibilidade... Mas quan- momentos musicais. nhecemos!) e a extraordinária e
to ao céu é uma realidade — viver Entre os participantes, duas co- multifacetada personalidade do nos-
em Deus. municações foram feitas por mem- so querido padre Filipe.
Desculpem o desabafo — fiquei bros da Fraternitas. No dia 1 de Independentemente do número de
mais convicto de que a minha espo- Dezembro, no Biblioteca Municipal pessoas directamente atingidas por
sa com quem vivi em alegria 45 anos de Estarreja, pelas 14H30, o Fran- esta Semana Cultural, sobressai e
está vivendo em Deus junto da mãe cisco Sousa Monteiro apresentou o permanece a homenagem que uma
de Jesus Cristo. tema “Cónego Filipe de Figueire- autarquia, nestes tempos de arrepio
do: A pastoral dos Ciganos — soli- do religioso, quis prestar a um seu
dariedade humana e cristã”. No dia ilustre filho.
***
No final todos concluímos:
- Foi bom, foi óptimo. Continuamos
com uma direcção excelente.
Vila Pouca de Aguiar enaltece e perpetua no bronze
- Estas ideias, algumas renovadas e a memória do Dr. António Gil
outras novas... de raiz, vieram em
tempo oportuno e caíram, julga-
mos, em terra boa.
- Como Fraternitas/Movimento ago- Na notícia inserta na página 3 de presidir à mesma em nome e em
ra falou-se mais de... mortos. do número anterior do espiral, faz- representação do senhor Bispo de
-se menção da ausência do Senhor Vila Real, dado ter lugar, no mesmo
- Não seria movimento louvável fa- Bispo da diocese de Vila Real, na dia 20 de Junho, a entrada solene de
lar, pedir a quem de direito, me- celebração eucarística de Acção de D. António Marto, em Viseu, como
nos missas pelos mortos e mais ac- Graças. novo prelado dessa diocese.
ções pelos vivos caídos nas ruelas Recebemos nota do Sr. Vigário- Como cumpre, gostosamente
ou armazenados em lares por es- geral da diocese, Pe. Dr. Castro procedemos à rectificação.
tarem “fora de validade”? Fontes, informando-nos de que Apenas acrescentamos que a
deveria ter havido qualquer lapso de Eucaristia em Vila Pouca aconteceu
Manuel Nabais comunicação, pois o Sr. Pe. às 10 horas da manhã e a cerimónia
Sebastião Esteves, pároco da Vila, em Viseu teve lugar de tarde. Só não
Arcipreste, natural da mesma região temos a certeza de, na altura, o IP2
do Pe. António Gil, fora incumbido já estar aberto ao trânsito.
7. espiral 7
Casa do Gaiato
T enho acompanhado o que tem
vindo a público sobre o assun-
to. brio educacional e psicológico do Daqui saúdo esses padres. Não
Não aceito de mão beijada o que crescimento. Não bastam condições têm vida fácil. Sabem o que abraça-
está sendo divulgado. Há uma reali- materiais. Só os laços educam, cri- ram. Sabem em quem confiam. A
dade social, que é o ambiente nor- am afecto. pedagogia que praticam é humana.
mal donde provêm estas crianças. Sei que há problemas. Noutros Os padres e todos os servidores es-
Todas são marcadas negativamente tempos acompanhei de perto crian- tão sujeitos ao erro. São humanos.
por uma vida dura, muitas vezes de- ças nessa situação. Era difícil! E só O importante é que não desviem os
sumana. tinha preocupações lúdicas nuns es- olhos dos objectivos que os motivam.
Pai Américo sonhou uma vida tritos quinze dias. Educar, educar Termino com uma oração pela
de família para estas crianças. To- para a vida, com a aprendizagem de perseverança desses padres e pela
das têm direito a uma família. A so- todo o necessário para se defende- sua coragem evangélica ao serviço
ciedade preocupa-se com o secundá- rem na vida é bem mais custoso. Os dos mais pobres.
rio, esquece ou ignora que só um Padres da rua abraçaram esta difícil J. Soares
ambiente de ternura dará o equilí- situação. É sonho! É utopia! 01.12.2004
b r e v e s . . . Paz para ele e consolação aos seus. ram a luz do dia no passado 4 de Ju-
nho, os gémeos David e Sara.
l CASAMENTO (a):
Vida longa e venturosa .
O Rogério Leal Marques e a Alda Pe-
l PERMUTA: reira Henriques, sócios da nosso Movi- l NETOS (b):
Recebemos mais um número do jor- mento, no passado dia 2 de Outubro, Também o Artur Oliveira e a
nal “Rumos” (nº 189 - Ano XXII - foram abençoados pelo Sacramento do Antonieta estão muito gratos a Deus
Novº/Dezº de 2004), da “Associação Matrimónio, em Fátima. pelo dom de mais dois netinhos: o
Rumos – Movimento das Famílias Parabéns! Artur, nascido em 21 de Junho, e o
dos Padres casados no Brasil”. É uma Pedro, nascido em 8 de Outubro.
l CASAMENTO (b):
publicação bimestral com muito inte- Felicidades.
Também tivemos conhecimento que a
resse e variados artigos ao longo das
Susana Angélica, filha do Boaventura e l DOENÇAS:
suas doze páginas.
da Maria Angélica, contraiu matrimó- Têm sido bastantes os que, nos últi-
Agradecemos e daqui lhes enviamos
nio com Paulo Cunha. Aconteceu no dia mos tempos, se viram a braços com
um abraço muito caloroso no Senhor
23 de Outubro passado, em Lavra. problemas de saúde, uns mais graves
que veio para todos (Gal 3,28) e a to-
Felicidades aos noivos! que outros, alguns com necessidade
dos salva.
de operações.
l NOVO REBENTO:
l FALECIMENTO: Indicam-se apenas os nomes: Mar-
Congratulamo-nos com o António
No passado dia 11 de Novembro, fa- ques de Sousa (com melhoras acen-
Regadas e a Carla, pelo nascimento da
leceu Alexandre Herculano Ferreira, tuadas), Maria José, esposa do Fran-
sua filhinha, Matilde, que viu a luz do
irmão do Sampaio Ferreira. em cuja cisco Monteiro (operada), José Alves
dia no passado 14 de Outubro.
casa se encontrava, em fase final de Carneiro (operado), Maria Emília, es-
Aos pais babados, e à menina, os nos-
uma longa convalescença. Emigran- posa do Horácio Fernandes (proble-
sos parabéns!
te nos EUA, para onde esperava re- mas abdominais); também a mãe da
gressar em breve, foi acometido de l NETOS (a): Margarida, esposa do Osório, tem vis-
súbita e fatal crise de asma. Acabava Os nossos associados, Marques de Sou- to o seu estado de saúde agravar-se
de assar as castanhas para, em famí- sa e Manuela Frada, estão naturalmen- (problemas abdominais).
lia, comemorar o São Martinho. te muito felizes pelos netinhos que vi- Unamo-nos na oração por todos.
8. Curso de actualização Teológica
“OS NOVÍSSIMOS”
A Associação Fraternitas / Movimento propor- Ora, dado o seu à vontade com a terminologia lati-
cionou aos seus associados mais um curso de actualiza- na, grega e hebraica deu-nos ideias lógicas e bem “la-
ção teológica. vadas” nas fontes do génesis e outras que muito ajuda-
O tema difícil e complexo de abordar motivou 73 ram a reaprender e a reflectir nomeadamente na pleni-
sócios(as) ávidos(as) dos novíssimos ensinamentos acer- tude da criação — o Homem. Deus o criou por amor,
ca dos “velhos novíssimos” (se assistiu não leia mais, por amor o conserva e por amor lhe deu e dá as coisas
de certo compreendeu mais e melhor). Este registo é só do mundo criado para que livremente as domine.
para constar no percurso da Fraternitas que não é uma O amor, a nível divino e a nível humano na
associação qualquer de amigos — também é isso, mas radicalidade foi reanalisado até à exaustão.
tornou-se primordialmente num testemunho de viver em A conclusão decorreu em coerência — Deus é amor.
Igreja. Amamos porque nos amou primeiro. Só quem se sente
Realizou-se em Fátima. É lá a sede. Foi lá que o amado se converte ao amor. Amando o irmão amo a
saudoso Padre Filipe por intercessão de Maria conse- Deus. Vejo o irmão, vejo Deus (Clemente de Alexandria
guiu que alguns “subversivos” (da ordem eclesiástica) - séc. II).
reafirmassem o
SIM à Mãe Igre-
ja.
O orientador
do curso foi o jo-
vem Padre Dr.
António Couto,
ilustre professor
de teologia bí-
blica na UCP.
Começou
pelo Amor Divi-
no — lendo e in-
terpretando na
bíblia a criação
Estavam ali quase todos os participantes: foi muito árduo juntar o “rebanho”!...
do Mundo e a
criação do Ho-
mem. O Amor é a única chave da vida.
Na comuni- A assistência ficou satisfeita — tinha mais luz no
cação — clara, “cérebro” e mais doçura no “coração”.
precisa e apo- ***
díctica, entrela- Nas sessões ulteriores abordaram-se os temas fortes
çava amiúde as dos novíssimos — Morte/Juízo/Inferno/Ressurreição e
normas da igre- Uma pausa para descontracção... Céu. Os correspondentes termos andavam “num virote”
ja (D.V. 12 - Vat. a serem analisados e interpretados nas culturas da
II): «os textos devem ser lidos e interpretados com o Mesopotâmia, do Egipto e da Grécia em confronto com
mesmo espírito de quem os escreveu (escritor e época) as do povo hebreu — na Bíblia e com os critérios da
e deve estar atento à “analogia da fé”». sua leitura. Não raros foram ainda
espiral boletim da
associação fraternitas movimento
analisados à luz da cultura e ciência
contemporânea.
Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO
Responsável: Alberto Osório de Castro Assim estes termos iam sendo
e-mail: a-osorio-c@clix.pt inevitavelmente joeirados de modos
Nº 17 - Outº/Dezº de 2004
(continua na pág. 6)