1. espiral
boletim da associação FRATERNIT
TERNITAS
FRATERNITAS MOVIMENTO
N.º 23 - Abril / Junho de 2006
ENCONTRO
OU DESCOBERTA?
Quando este boletim chegar às vossas mãos,
alguns estarão de férias, outros ainda não. Haverá
quem tenha ido ao nosso Encontro anual em
Fátima, de 28 de Abril a 1 de Maio, e quem não
tenha podido ir, pelas mais variadas razões.
Para os primeiros, estas linhas talvez sejam
motivo para recordar, ou para discordar... Para
os que não foram, podem ser um meio de
compartilharmos o que vivemos naqueles dias.
Alguma coisa de novo se passou neste
Encontro, e sinto nisso uma grande alegria, se
calhar injustificada, mas, mesmo assim, muito
sincera. Porque creio que houve alguma
descoberta, um pequeno passo no nosso
continuado caminhar, que terá de ser seguido por
muitos outros. Até porque quisemos, desde a
primeira hora, ser “Movimento”, e não piedosa
“associação” apenas. E movimento implica que
nunca estejamos instalados, parados,
conformados. Exige que façamos caminhada,
umas vezes alegremente, outras talvez com
sofrimento, mas sem desanimar.
No encontro vivemos a intensa alegria da
partilha, das conversas para saber como estamos
Sumário: uns e outros, para nos edificarmos, animarmos e
ajudarmos mutuamente. Ninguém duvida, creio,
Encontro ou descoberta que essa é uma das mais importantes vertentes
dos nossos encontros, porque nos sentimos
próximos uns dos outros, mas a vida de cada um
decorre fisicamente longe da maioria dos outros.
E nesta altura é excelente podermos contar tudo
o que nos vai cá por dentro, quer seja alegria e
esperança, quer seja dificuldade e angústia. Como
irmãos, dado que, por alguma razão, quisemos
chamar-nos Fraternitas!
Mas algo de novo se passou desta vez.
Porque duma maneira geral, e passados os
2. 2 espiral
(Continuação pag 1)
primeiros encontros em que cada um contou a
sua história de vida, o modelo das nossas reuniões
anuais assentava em ouvirmos uma personalidade
competente a falar-nos de algum tema, dando
depois um curto espaço de tempo para a reflexão
e o diálogo, em grupos ou não. Eu diria que eram
encontros um pouco “passivos”, estávamos numa
atitude de espectadores mais do que interventores,
recebíamos mas não dávamos muito.
Desta vez o encontro foi mais interactivo.
Duas manhãs completas foram dedicadas a uma
partilha sobre um tema enunciado muito breve-
mente, apenas para orientar a discussão, e esta
realizada em pequenos grupos, de cinco a oito
participantes. De notar que os sete grupos foram
completamente aleatórios, formados apenas
consoante a cor da cartolina que cada um extraía
dum saco. Como curiosidade, apenas um casal “Em ordem ao futuro. Que realizar?”.
se encontrou no mesmo grupo! Sem pretensão de resumir o que nos disse,
Na manhã de sábado, o tema foi: “Qual em tom coloquial, descontraído e amigo,
deve ser a atitude do Movimento em relação à compartilho três pontos interpelativos:
Igreja/Instituição?” (proposto pelo Carlos Leonel). Primeiro, o nosso Movimento deve ser
Na segunda manhã, eu próprio lancei para a constituído por lares adultos de baptizados, em
consi-deração dos grupos: “Natureza e missão diálogo constante com a Igreja, incluindo a
do Movimento”. disponibilidade para o serviço pastoral que ela nos
Esta dinâmica, que a todos pareceu solicite. Devemos caracterizar-nos pela coragem
interessante e oportuna, fez com que houvesse e pela fé, e insistir no aprofundamento comunitário
ver-dadeira partilha. Os grupos eram daquilo que constitui um casal, testemunhando um
suficientemente pequenos para que todos falassem grande sentido de felicidade, pautado pela
mais que uma vez, e não sucedecesse que só os seriedade e pela fraternidade entre todos,
mais faladores monopolizassem a discussão. sobretudo nos momentos difíceis. A «Fraternitas»
Num inquérito, e na avaliação que fizemos tem que tornar bem visível o sentido da
mais tarde, o sentimento geral era que devíamos responsabilidade, da inquietação, da exigência e
enveredar por este caminho no Encontro de Abri/ da total recusa ao marasmo inoperante e cómodo.
Maio, muito mais activo e interpelador que a mera Segundo, devemos amar o mundo, não fugir
escuta de temas dados por especialistas. Esta dele. E merecem a nossa maior atenção e
outra vertente é indicada para os “cursos” de preocupação três estruturas em que estamos
actualiza-ção bíblica ou teológica, no final do ano. profundamente mergulhados: as relações
Penso que foi uma verdadeira descoberta, profissionais, a família e a cultura.
esta nova maneira de encararmos a nossa estadia Dizia D. Januário que precisamos de estar
em Fátima. Porque as conversas à mesa, nos informados e formados. Temos que cultivar o bom
corredores, no café ou nas idas à Capelinha das humor, a alegria, o optimismo, olhando para o
Aparições são muito boas e fazem-nos imenso mundo em transformação com sentido positivo.
bem, mas normalmente não nos permitem Acentuou fortemente a necessidade de termos
aprofundar muito o que somos e vivemos. tempo para a família, sobretudo para os filhos.
Sublinhou ainda formas de intimidade nos casais
D.
CONVERSA COM D. JANUÁRIO que nós somos, que por vezes podem estar um
Na tarde de Domingo e na manhã de 1º de pouco esquecidas: a oração em casal, por
Maio, D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças exemplo. Se não rezamos e não falamos em casal,
Armadas, brindou-nos duas comunicações, a estamos a perder algo de muito importante. É
primeira com o tema “Sentido de 10 anos do verdade que fomos habituados a uma oração de
Movimento. Que testemunhamos?”, e a segunda tipo funcionalista, e isto custa a ultrapassar, mas
3. espiral 3
precisamos de o fazer. Como
comunidade conjugal devemos SENTIR (COM) A IGREJA
abrir-nos a outros casais e
partilhar com eles delicadeza,
afecto e ternura.
Terceiro, quanto ao nosso
«
E u estarei convosco até
ao fim dos tempos»! É
esta a Igreja (Conciliar…)
por outro lado: «o deserto da
obscuridade de Deus, do
esvaziamento das almas, que
futuro, precisamos de continuar fundada por Jesus Cristo e, perderam a consciência da sua
bem no interior da Igreja, mas logo, a seguir, confirmada e dignidade e do caminho do
estando sobretudo no mundo, vivificada pela força e sopro o homem». E aponta a solução:
ao serviço dos pobres e dos que Seu Espírito, que queremos «Só o amor, que vem de Deus,
mais precisam de ajuda e seguir. «Só Ele é o Verbo». pode saciar e fortalecer o
compreensão. E temos que Seguindo a doutrina e o exemplo homem nestes desertos»!
encarar os futuros absolutos e os da Sua vida, a Igreja tem
possíveis (ainda que impro- assumido, como lema e na vida
váveis). E estes devem ser a nossa prática, como se sabe, o prin-
grande esperança. E se possível, cípio da «opção pelos mais
chamemos outros a discutir pobres».
connosco, a dialogar, a entre- O Papa Bento XVI, na sua
ajudar. primeira encíclica, «Deus Caritas
O Encontro lançou-nos est», publicada em 25.01.06,
desafios, e não vamos fingir que recordou o que havia dito na
nada se passou. A descoberta homilia da celebração do início
deste Encontro tem que nos fazer do seu pontificado. Sublinhou a
avançar fortemente ancorados carência de amor de que sofre
na Fé, mas jubilosamente impe- o homem, errando por tantos
lidos pela Esperança. “desertos” do nosso tempo: «o
A todos umas boas Férias, deserto da pobreza, da fome e
e até sempre! da sede; do abandono, da
Vasco Fernandes solidão e do amor destruído»;
A Igreja tem criado vários
Espaço de Partilha institutos para (cor)respon-
derem, no possível e segundo os
1. Ninguém é indiferente às necessidades dos outros. Mas, tempos e as circunstâncias, a
quando os atingidos são os nossos, os que nos são mais alguns problemas, como: “Cor
próximos (familiares, companheiros de jornada ou de ideal), unun”, “Caritas”, “Conselho
certamente nos mobilizamos mais. Pontifício para a Paz e Justiça”,
2. Sabemos que o movimento tem procurado acorrer a “Ajuda a Igreja que Sofre” e
casos concretos e, por vezes, dramáticos. A Fraternitas fá-lo outros. «Não é legítimo esque-
por imperativo de consciência e para dar cumprimento aos cer as inúmeras obras de carida-
seus Estatutos. Mas procura que aconteça evangelicamente: de que, a partir da Igreja, têm
“não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita”. contribuído para o desenvolvi-
3. Só é possível continuar a acorrer a casos de mento da sociedade como factor
verdadeira necessidade se partilharmos também Por isso,
também. importante de promoção profis-
não esperes que te batam expressamente à porta. Decide-te, sional e social», afirmou, recen-
desde já: partilha com os outros através do Movimento. temente, o Presidente das IPSS.
4. Vai já à caixa do multibanco mais próxima e faz uma Também, por ocasião do
transferência interbancária para a conta nº 0033 “Contributo Penitencial”, todas
000045218426660 05 O montante é apenas da tua
05. as dioceses destinaram todo, ou
conta e de Deus. Irá direitinho para quem precisa! grande parte, do seu valor para
5. Também podes depositar na mesma conta bancária o as Comunidades Lusófonas e
valor da quota anual de sócio: 30 euros - casal; 20 euros - da América Latina!...
pessoa singular!
silv pinto
Jose da silva pinto
4. 4 espiral
O QUE OS MUÇULMANOS DEFENDEM
NO OCIDENTE
Há quase quatro anos, sobretudo, no debate que se lação, a autêntica palavra de
a 20 de Fevereiro de seguiu ao 11 de Setembro». Deus, encontra-se no Corão,
2002, o Conselho Central que foi explicado por Maomé. As
Islão, religião da paz. suas sentenças e normas de
dos Muçulmanos na
“Islão” significa simulta- conduta estão consignadas na
Alemanha (ZMD) chamada Suna. Ambos em
neamente paz e dedicação. O
publicou uma declaração Islão vê-se como religião na qual conjunto constituem a base da
de princípios a respeito o homem, dedicando-se livre- fé islâmica, do direito islâmico e
da posição dos mente a Deus, alcança a paz do modo de vida islâmico.
muçulmanos face ao consigo mesmo e com o mundo.
estado e à sociedade, Historicamente o Islão é, a par A creditamos nos profe-
declaração essa que do judaísmo e do cristianismo, tas do Deus uno.
nem só para a uma das três religiões mono- Os muçulmanos veneram
Alemanha é relevante. teístas mundiais originárias do todos os profetas que prece-
Kirche In documenta esta próximo oriente e, porque está na deram Maomé, entre os quais
continuação da cadeia da Moisés e Jesus. Acreditam que o
interessante “Carta
revelação divina, tem muito em Corão restabeleceu e confirmou
Islâmica” que responde a a verdade original, o monoteís-
comum com elas.
muitas questões, e deixa mo puro não só de Abraão, mas
outras em aberto. Acreditamos no Deus de todos os enviados de Deus.
misericordioso.
N a introdução à Carta
Islâmica escreve o
presidente do ZMD, Dr. Nadeem
Os muçulmanos crêem em
Deus, a quem, como os cristãos
árabes, chamam “Allah”. Ele, o
Homem presta contas
no último dia.
Os muçulmanos acreditam
Elyas: «O Islão não é um Deus de Abraão e de todos os que o homem, porque tem
fenómeno novo na Alemanha, profetas, o uno e único, que vontade livre, é o único respon-
sobretudo não é um fenómeno existe por si mesmo fora do sável pelos seus actos e deles
transitório. Vivem na Alemanha tempo e do espaço, acima de presta contas no último dia.
mais de 3,2 milhões de muçul- toda a definição, transcendente
manos, muitos deles já de e imanente, justo e misericor- Muçulmano e muçul-
terceira e quarta geração. A dioso, na sua omnipotência criou mana têm projectos de vida
maior parte identifica-se com a o mundo e irá mantê-lo até ao iguais.
sociedade alemã e irá permane- último dia, o dia do juízo. O muçulmano e a
cer sempre na Alemanha. (…)
A sociedade maioritária Corão é
tem o direito de saber qual é a revelação verbal
posição dos muçulmanos no de Deus.
que concerne aos fundamentos Os muçul-
deste estado de direito, à sua manos acreditam
constituição, à democracia, ao que Deus se revelou
pluralismo e aos direitos huma- muitas vezes através
nos. Embora eles tenham, por dos profetas e, por
vezes, tratado estes temas, de- fim, no século VII do
vem à sociedade maioritária uma calendário ociden-
resposta abrangente, claramente tal, se revelou a
formulada e obrigatória. Este Maomé, o «selo dos
défice tornou-se evidente, profetas». Esta reve-
página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * fraternitas@netcabo.pt * página oficial na Internet: www.geocities.com/
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muçulmana têm como projecto que possam cumprir os seus isso também aceitam o direito de
de vida reconhecer Deus, servi- deveres religiosos. Em princípio, mudar de religião, de ter outra
l’O e cumprir os Seus manda- a lei islâmica obriga os ou mesmo nenhuma religião. O
mentos. Este é também o muçulmanos na diáspora a Corão proíbe qual-quer
caminho para a consecução da acatarem as normas jurídicas exercício de violência e qualquer
igualdade, liberdade, justiça, locais. Neste sentido, a coacção em questões de fé.
fraternidade e do bem-estar.
Nós não pretendemos
Cinco colunas do Islão. a criação dum «estado de
Deveres fundamentais dos Deus» clerical.
muçulmanos são as cinco Pelo contrário, saudamos o
colunas do Islão: a profissão de sistema da República Federal
fé, a oração cinco vezes por dia, Alemã, onde estado e religião se
o jejum no mês do Ramadão, o relacionam mutuamente em
contributo obrigatório (zacat) e harmonia.
a peregrinação a Meca.
Não há contradição
Islão é, simultanea- entre a doutrina islâmica e
mente fé, ética, ordem o conteúdo fundamental dos
social e modo de vida. direitos humanos.
O Islão nem é uma Entre os direitos individuais
doutrina que nega o mundo, concedidos por Deus e ancora-
nem uma doutrina puramente dos no Corão e o conteúdo
relacionada com este mundo, nuclear da declaração ocidental
mas um meio caminho entre os dos direitos do homem não há
dois. Enquanto orientados para qualquer contradição. A inten-
Deus os muçulmanos são cional protecção do indivíduo
teocêntricos; mas o que se concessão de vistos, a contra qualquer abuso da força
procura é o melhor de ambos os autorização de residência e a estatal também é por nós
mundos. Por isso o Islão é naturalização valem como defendida. O direito islâmico
simultaneamente fé, ética, contratos que devem ser manda tratar de igual modo o
ordem social e modo de vida. respeitados pela minoria que é igual e permite tratar
Onde quer que estejam, os muçulmana. diferentemente o que é diferente.
muçulmanos são convidados a O preceito da lei islâmica de
contribuir activamente para o Muçulmanos aceitam a reconhecer em cada caso a
bem comum e a serem solidários ordem consti-tucional de ordem jurídica local inclui o
com os irmãos e irmãs na fé em separação de poderes, do reconhecimento do direito
todo o mundo. estado de direito e matrimonial, do direito suces-
democrática, garantida sório e de direito processual em
Para o Islão não está pela constituição. vigor na Alemanha.
em jogo a abolição da Quer sejam cidadãos
riqueza. alemães ou não, os Marcada pela herança
O Islão procura a elimina- muçulmanos representados no judaica, cristã, muçulmana
ção da pobreza. Protege a Conse-lho-Central aceitam a e pelo iluminismo.
propriedade privada subor- ordem fundamental da A cultura europeia está
dinada à comunidade e ao República Federal Alemã, marcada pela herança clássica
ambiente, e fomenta a iniciativa garantida pela consti-tuição, de greco-romana, bem como pela
e responsabilidade empresariais. separação de poderes, do judaico-cristã-islâmica e pelo
estado de direito e democrática, iluminismo. Ela sofreu influência
A lei islâmica obriga os incluindo o pluralismo de efectiva da filosofia e da
muçulmanos na diáspora. partidos, o direito de voto activo civilização islâ-mica. Também na
Os muçulmanos podem e passivo para as mulheres, bem actual transição da era moderna
residir em qualquer país, desde como a liberdade de religião. Por para a pós-moderna, os
/fraternitasmovimento * fraternitas@netcabo.pt * página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * fraternitas@netcabo.pt
6. 6 espiral
islâmicos querem dar um O Conselho-Central esforços direccionados para o
contributo decisivo para a considera que uma das suas fomento da língua e a
superação de crises. Para isso tarefas mais importantes consis- naturalização.
contam, entre outras, a afirma- te em criar uma base de confian-
ção do pluralismo religioso Um estilo de vida
reconhecido pelo Corão, a digno na sociedade.
recusa de toda a forma de O Conselho-Central,
racismo e chauvinismo, em cooperação com todas
bem como o estilo de vida as instituições islâmicas,
sã duma comunidade que considera também tarefa
recusa toda a espécie de sua possibilitar aos
tóxico-dependência. muçulmanos que vivem na
Alemanha um estilo de vida
É necessário de- muçulmano digno no
senvolver na Europa âmbito da constituição e
uma identidade do direito vigente. Disso faz
muçulmana. parte, entre outras coisas:
O Corão não cessa Introdução do ensino da
de exortar as pessoas a usarem ça que possibilite uma convivên- religião islâmica em alemão;
a sua própria cabeça e os seus cia construtiva dos muçulmanos criação de cátedras para a
dotes de observação. Neste com a sociedade maioritária e formação académica de
sentido a doutrina islâmica é com todas as outras minorias. professores de religião islâmica
iluminista e tem sido pou-pada Para isso é necessário o desman- e de imãs; autorização para a
a conflitos sérios entre religião e telamento de preconceitos atra- construção de mesquitas nas
ciência. Em conformidade com vés de esclarecimento e de cidades; autorização para a
isto fomentamos uma compre- transparência, bem como de instalação de altifa-lantes para o
ensão moderna das fontes abertura e diálogo. chamamento à oração; respeito
islâmicas que tenha em conta o das prescrições islâmicas relati-
fundo da problemática da vida Estamos comprome- vas ao vestuário nas escolas e nas
contemporânea e a formação tidos com toda a sociedade. repartições públicas; participa-
duma identidade muçulmana O Conselho-Central sente- ção de muçulmanos nas comis-
própria na Europa. se comprometido com toda a sões de fiscalização dos media;
sociedade e procura, em cola- nomeação de acompa-nhantes
Alemanha é o centro boração com todos os agrupa- militares islâmicos; cuidados
do nosso interesse e da mentos sociais, dar um contri- muçulmanos nas instituições
nossa actividade. buto essencial para a tolerância médicas e sociais; protecção
O Conselho Central trata e a ética, bem como para a estatal dos dois feriados
principalmente de questões do protecção do meio ambiente e islâmicos; e construção de cemi-
Islão e dos muçulmanos no dos animais. Ele condena quais- térios e campos sepulcrais
espaço alemão, bem como de quer violações dos direitos huma- muçulmanos.
questões da sociedade alemã. nos em qualquer parte do mundo
Sem descurar a sua ligação ao e oferece-se aqui como interlo- Neutral em política
mundo islâmico, a população cutor na luta contra a discrimina- partidária.
islâmica residente na Alemanha ção, a xenofobia, o racismo, o Os muçulmanos com
deve considerar este país, não sexismo e a violência. direito a voto apoiam aqueles
só como o centro da sua vida, candidatos que melhor defen-
mas também como o centro do Integração, com a dam os seus direitos e objectivos
seu interesse e da sua actividade. preservação da identidade. e que mostrem maior com-
O Conselho-Central luta preensão pelo Islão.
Desmontagem de pela integração da população
preconceitos mediante islâmica na sociedade, com (De: Kirche In, 01/2006,
transparência, abertura e preservação da sua identidade pp. 24,25)
diálogo. islâmica, e apoia todos os João Simão (Tradução)
7. espiral 7
HOMENAGEM A ORIVAL TEIXEIRA PINTO
Meu grande amigo, que
te partiste mais cedo
do que eu imaginava. Lamento a
meu pedido estava satisfeito.
Foste imediatamente a casa dela,
ali bem perto de ti, um lugar a
diária, fazem, tenho a plena
certeza, parte da tua coroa de
glória no céu, onde um dia todos
tua partida deste mundo que ela chama Bósnia para os nos encontraremos. Eras um
atribulado e conforta-me a familiares e amigos e passaste homem pequeno de estatura,
certeza de que estás junto do Pai com ela uma boa parte da tarde, mas eras grande, para não dizer
gozando a felicidade dos justos. conversando e convivendo, mesmo enorme na procura dos
Quando tu nos deixaste e procurando dar-lhe, mesmo em caminhos de Deus. Que Ele te
soube da tua passagem, lembrei- circunstâncias de doença, dê a paz com todos os Anjos e
me daquele pedido que um dia, coragem e força para lutar e Santos, que bem mereces.
ainda bem próximo te fizera, viver, enquanto Deus quiser. No último encontro de
quando me convidaste para mais Jamais poderei esquecer-me de Fátima, nos dias 29 e 30 de Abril
um encontro regional da ti, enquanto me lembrar disto, do e 1 de Maio, rezámos por ti e por
Fraternitas na nossa diocese. Eu teu espírito solidário, da tua outros elementos do nosso
tinha uma sobrinha que morava vontade em estares sempre ao movimento que nos deixaram,
bem perto de ti e se debatia com dispor dos outros e da causa de nomeadamente pelo Cónego
uma doença terrível da tiróide, Deus a Quem servias com muita Filipe e Figueiredo, mas quero
diagnosticada há poucos meses, generosidade e total pedir-te a ti e aos outros que
que andava muito em baixo, desprendimento. A minha intercedam junto do Pai pelos
muito desanimada e deprimida. sobrinha ainda por cá anda, mas êxitos práticos das causas por
Disse-te que ela precisava da tua tu já partiste, meu bom amigo e que nos batemos, também
ajuda para suportar com mais colega. iluminados pelo Espírito Santo.
coragem e determinação o seu Estas e muitas outras Que Deus nos atenda e nos faça
problema e a sua luta feroz pela pequeninas coisas de que eu progredir.
saúde. Ainda a minha carta mal tenho conhecimento e que foram
tinha chegado a tua casa e já o na vida a tua ocupação quase
Serafim de Sousa
serafimserasa@hotmail.com
Ao nosso querido
Orival T. Pinto Breves...
Orival… te adiantaste um pouco a nós, CASAMENTO:
Ao deixar esta vida tão terrena; O Fernando Jorge Félix Ferreira e a Maria
Mas estamos ouvindo tua voz, José Bijóias Mendonça, sócios da Fraternitas-
Embora sem te vermos… e faz pena… Movimento, no passado dia 26 de Maio,
celebraram matrimónio por registo civil, em
Catequizaste a Fé de teus avós, Santarém.
Que é fiel, entre todas, e mais plena; Parabéns!
No Hospital, voluntário para os “sós”,
Nesta vida, criaste bela cena. NOVO SÓCIO:
Na reunião de 3 de Junho, foi admitido o
Publicaste um livrinho como “noz”, sócio nº 107: Caetano António Pacheco de
Pequeno, mas contendo o teu dilema: Andrade, jornalista, casado com Maria da
Que era depor os “contras” sob os “prós”… Graça M. O. Pacheco de Andrade, professora
do Ensino Secundário, e residentes em Alverca.
Filmaste, em tua vida, bel’cinema:
Abandonando tudo o que era atroz;
Assim, nos Céus, terás o teu Emblema!
Silv Pinto
J. Silva Pinto
8. PALPI-
“ SENTIR O PALPI-
TAR DO MUNDO
Vivemos num mundo cheio de sofrimento,
mas numa Igreja que nos ajuda a libertar-nos
através de cristãos…
De entre os 5,7 biliões de pessoas no
mundo, cerca de ¼, 1, 5 biliões, são considerados
miseráveis, pois sobrevivem com o equivalente a
um dólar por dia, considerados muito pobres,
cerca de três biliões, com pouco mais de dois
dólares. A maioria são mulheres! Mais de 40.000
crianças morrem, por dia, no mundo, vítimas da
fome ou da desnutrição! O actual sistema sócio-
económico europeu produz cerca de um milhão
de pobres, por ano. Actualmente, a Europa conta
com mais de 68 milhões de pobres e cerca de 15
UM TRISTE BRADO
milhões de desempregados. Em Portugal, há cerca
de 2 milhões de pobres e 480.000 Muito novo ainda me dispus
desempregados. Nestes últimos 20 anos, nãos e Ao trabalho na “Vinha do Senhor”,
conseguiu diminuir a percentagem da pobreza em Rejeitando outro apelo sedutor
Portugal. Que se opunha à chamada de Jesus.
Isto põe de em questão as políticas
assistencialistas. Qual foi o impacto e a avaliação Fascinou-me o altar cheio de luz
da aplicação de milhões de contos (moeda antiga) E preguei o Evangelho com fervor!
na luta contra a pobreza, em Portugal, recebidos Mas depois…abracei um outro amor,
de Bruxelas nos anos mais recentes?! Será que Tentando mitigar a minha cruz!
essas políticas eram para erradicar a pobreza ou
para entreter/manter o sistema?! Até que ponto A Igreja abençoou nossa união,
foi colocada a “pessoa” no centro de todo o Sempre fui pai amigo e bem amado,
processo e a consideraram sujeito e não apenas Dei a Deus e à esposa o coração.
objecto desse mesmo processo?! Directa ou
indirectamente ligada a esta problemática está o Mas não posso conter um triste brado:
problema Ecológico: mais de metade das florestas Se o Céu já me deu o seu perdão,
tropicais do mundo, desapareceram do planeta, Porque hei-de ser, na Igreja, um mal-amado?
desde 1950! Estas situações, já vividas no tempo
de S. Bernardo, levou-o a descrevera vida humana Domingos Leite
de Cristo, em comparação, desta maneira: “Pobre
no nascimento, mais pobre na vida e paupérrimo
ma cruz”…
boletim da
espiral associação fraternitas movimento
Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO
Responsável: Alberto Osório de Castro
e-mail: a-osorio-c@clix.pt
Nº 17 - Outº/Dezº de 2004