1. espiral
boletim da associação FRATERNIT
TERNITAS
FRATERNITAS MOVIMENTO
N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008
MAIS UMA ETAPA VENCIDA
ETAP VENCIDA
APA
P
rezadas irmãs e irmãos
do Fraternitas-Movimento!
Quero começar por dizer que se
venceu mais uma etapa importante do nos-
N atal. Como sempre, é necessário que nos
deixemos envolver no grande acontecimento
que há mais de dois mil anos sucedeu para todos
so movimento e associação. O encontro em Évora nós: o nascimento de Jesus, Filho de Deus Pai, o
foi a confirmação disso mesmo, e todos pudemos Messias esperado, que veio salvar a Humanidade.
ver, no rosto dos que estiveram presentes, a alegria e O mundo vibra à sua maneira e de acordo com os
felicidade por estarmos juntos e continuarmos a tra- seus sentimentos, objectivos e cultura. Nós somos,
balhar com amizade e muita fé na vinha do Senhor. porventura, daqueles que têm mais razões para vi-
Graças ao empenhamento de um grupo restrito - di- ver este tempo que o Senhor nos dá da forma mais
recção e outros mais - estamos todos contentes. Va- adequada e perfeita, com Deus na vida e no cora-
leu a pena! ção dos homens. Não desprezemos, pois, mais esta
oportunidade que temos de progredir e crescer na
N ão foi por acaso que nos reunimos na área
de acção do nosso fundador e pai espiritual,
cinco anos depois da sua passagem para o Pai. Tam-
amizade uns pelos outros e, acima de tudo, no amor
por Ele. Vamos nisto com determinação e certeza, e
façamos sempre o que Deus nos manda e inspira.
bém na mesma linha tivemos pela primeira vez a pre- Sejamos dos primeiros no amor e na compreensão
sença amiga e simpática do novo assistente espiritu- pelos outros que não pensam assim, na certeza de
al, padre Saldanha. Foi, de facto, uma graça de Deus que também eles farão parte do seu rebanho, mais
termos encontrado um sacerdote que se disponibili- dia menos dia.
zou para estar connosco e fazer parte da nossa equi-
pa, como um elo de ligação mais perfeita com a hi-
erarquia da Igreja. Deu para entender que se trata
de um sacerdote simples, desprendido, amigo logo à
V ai haver um congresso dos antigos alunos dos
seminários nos dias 24, 25 e 26 de Abril em
Fátima. Certamente todos lá queremos estar na ple-
primeira vista e de uma simpatia despretenciosa e nitude da nossa força, da nossa cultura e da nossa
aberta. Ficámos mais ricos e vamos saber aproveitar fé. Provavelmente vamos ter de mudar o nosso en-
em plenitude este dom que o Senhor nos concedeu. contro previsto no plano de actividades para a se-
Só desejo que Deus lhe dê muita saúde e muita cora- mana anterior. Espero que entendam a razão e sai-
gem para descobrirmos em conjunto o verdadeiro bam aproveitar esse encontro que vai ser com certe-
caminho que temos de ir trilhando. Foi uma passa- za muito rico e positivo. Daremos notícias mais con-
gem de testemunho e continuidade. Por tudo isto cretas desta decisão quando tudo estiver resolvido e
devemos dar muitas graças a Deus e à boa maneira organizado.
dos humanos: um muito e sincero obrigado! Sousa
Serafim de Sousa
todos
Desejamos a todos
tragam
que as bênçãos do Menino Jesus tragam a paz anseada
às famílias e ao Mundo.
novidade sempre surpreendent
preendente Natal
E que a novidade sempre surpreendente do Natal
esperançoso Nov
torne esperançoso o Ano Novo, 2009!
2. 2 espiral
MEANDROS DIVAGANTES
NO (PER)CURSO DE ACÇÃO TEOLÓGICA
sobre SPE SALVI, de BENTO XVI
F omos à Jerusalém celeste com o Curso de
Actualização Teológica, em Évora. Fez-se me-
mória ao nosso querido e saudoso assistente espiri-
e destaca a importância da eternidade, não no mun-
do actual – «a eliminação da morte ou o seu adia-
mento quase ilimitado deixaria a Terra e a Humani-
tual, cónego Filipe Figueiredo, e embarcámos já com dade numa condição impossível» -, aponta, mas
o seu sucessor P Guilhermino Saldanha, conduzi-
.e como «um instante repleto de satisfação, onde a to-
dos pelo Cónego Senra Coelho, que nos mergulhou talidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade.»
na segunda carta encíclica de Bento XVI, Spe Salvi «Deus é o fundamento da esperança, não um deus
(Salvos na Esperança). qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto hu-
Até pelo Jordão vagueámos, ao contemplarmos mano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a
a área da barragem do Alqueva!... Humanidade no seu conjunto», observa.
Qual rio por aí na planície, erodindo aqui, depo- «Se não podemos esperar mais do que é real-
sitando ali, vamos fazer já uma curta paragem antes mente alcançável de cada vez e de quanto nos seja
de nos determos suavemente na encíclica, tão bem possível oferecerem as autoridades políticas e eco-
“escavada” pelo nosso timoneiro. De facto, tudo isto nómicas, a nossa vida arrisca-se bem depressa a fi-
por causa de algo que nos une – a FÉ: car sem esperança.»
«A Fé: Quanto ao progresso científico, a encíclica alerta
Uma confiança partilhada e proclamada as «possibilidades abissais do mal que se têm aber-
Um encontro to» e pede uma «formação ética do homem» para
Um percurso que este progresso não se transforme numa «amea-
Uma aventura...(?)» ça para o homem e para o mundo».
Encontremo-nos, então, num pequeno percurso O papa indica que rezar «não é retirar-se para o
por esta maravilhosa encíclica, dedicada ao tema canto da própria felicidade» e que «o nosso agir não
da esperança cristã, num mundo dominado pela des- é indiferente diante de Deus» nem para «o desenro-
crença e desconfiança perante as questões relacio- lar da História»... «A capacidade de morrer por amor
nadas com o transcendente. da verdade é medida de humanidade», sentencia.
«O homem tem necessidade de Deus, de contrá- «Como cristãos, não basta perguntarmo-nos como
rio fica privado de esperança», pode ler-se. O Deus posso salvar-me, devemos antes perguntar: o que
em que os cristãos acreditam apresenta-se como ver- posso fazer para que os outros sejam salvos e nasça,
dadeira esperança para o mundo contemporâneo, também para eles, a estrela da esperança? Então
porque lhe abre uma perspectiva de salvação. terei feito também o máximo pela minha salvação
Bento XVI considera que só é possível viver e acei- pessoal», conclui o Bento XVI.
tar o presente se houver «uma esperança fidedigna» «Com um hino do século VIII/IX, a Igreja saúda
Maria, a Mãe da Deus, como «estrela do mar»... As
verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas
que souberam viver com rectidão. Elas são luzes de
esperança.... E quem mais do que Maria poderia ser
para nós estrela de esperança? Ela que, pelo seu
“sim”, abriu ao próprio Deus a porta do nosso mun-
do; Ela que Se constituiu Arca da Aliança viva, onde
Deus Se fez carne, tornou-se um de nós e estabele-
ceu a sua tenda no meio de nós (cf Jo 1, 14)», adian-
ta no ponto 49.
Também a nós nos apeteceu montar três tendas!...
Com é bom vaguear, contemplando e meditando na
força de Deus Esperança! Mas, oh! «Salta par a tua
Galileia», ordena Deus Espírito Santo.
E assim com este discorrer terminemos o percur-
so com: «E o céu não está vazio.» (ponto 5).
Urtélia Silva
Urtélia Silv
3. l
espiral 3
Homenagem ao Cónego Filipe Figueiredo
:: Arquitecto e Primeiro Assistente Religioso ::
A Fraternitas é uma das muitas obras em que o avelmente «Não deixei o sacerdócio, continuo sacer-
P Filipe Figueiredo se empenhou de alma e cora-
.e dote com uma missão diferente. A guerra é a mes-
ção. Uma das suas meninas predilectas. Por duas ma, apenas mudei de trincheira.»
suposições. Primeira, por a nossa situação de vota- O P Lúcio residente em Cuba, que nos últimos
.e Lúcio,
dos ao desprezo pela hierarquia eclesiástica ser algo tempos deixara de comparecer aos encontros da
parecida à que ele experimentou na sua adolescên- Fraternitas, em Évora justificou-se: «Sou padre, mari-
cia e juventude. Afastado de três seminários da área do e pai. Desde que assumi o presente esta-
da sua residência, para prosseguir os estudos do, sinto que os meus deveres sociais pri-
em ordem ao sacerdócio, houve de refazer meiramente são junto da família. Nos úl-
as malas uma quarta vez e rumar a Évora. timos anos, a minha sogra sofreu de
Ali, no Seminário Maior Arquidiocesano, fez Alzaimer, obrigando-me a ajudar a mi-
Filosofia e Teologia e, posteriormente, foi or- nha mulher nos seus cuidados diários.
denado ao serviço desta arquidiocese. Agora, é meu sogro a exigir-me idênti-
Segunda, pela magna generosidade que ca atenção. Sofreu um AVC e tornou-
nos devotou. O seu coração de homem justo se totalmente dependente. Por ele, não
e santo levou-o a tudo fazer para desmoronar as bar- dormi cá. Fui a casa para ajudar na sua higiene diá-
reiras de um tal abandono. No decurso duma pere- ria, deitá-lo e, hoje, levantá-lo pela manhã. Enquan-
grinação à Terra Santa, abraçara, de lágrimas nos to pai, tenho o filho mais novo de 28 anos, recente-
olhos, um outro peregrino, o P Canha, seu antigo
.e mente ordenado diácono em ordem ao sacerdócio,
aluno. Este abraço – diz o sacerdote – «não se confi- que, julgo, continua a precisar de mim. Para ele sou,
nou a mim. Comigo estávamos todos os que pedi- também, director espiritual.» Parabéns Lúcio!
mos a redução ao estado laical, como o futuro veio E o P Carpentier Outro caso actual. Como dis-
.e Carpentier.
a demonstrar. Mal chegámos, o P Filipe pôs em mar-
.e se a Isabel, no decorrer do encontro, não tem apa-
cha o seu plano.» «A Fraternitas» – acrescenta o mes- recido por afazeres pastorais. Em Silves, preside a
mo sacerdote – «nasceu deste gesto.» toda a catequese dos adultos, incluindo a prepara-
Não estaremos longe da verdade se dissermos ção dos noivos para o Matrimónio e dos pais para o
que o P Filipe anteviu nos anais da história contem-
.e Baptismo dos filhos. Assiste todos os funerais, nunca
porânea que o que aconteceu com o P Américo e
.e menos de 100 por ano. Ele e sua esposa são leito-
com ele próprio se estava a reproduzir connosco, res, habitualmente, nas eucaristias dominicais. Pro-
onde existiriam, também, algumas pedras angula- fere a homilia em muitos domingos, a pedido do
res, desprezadas dos construtores. O P Filipe co-
.e pároco, e em todos aqueles em que este não pode
nhecia-nos por dentro. Como bom sociólogo sabe- comparecer. No último domingo de Novembro, ele
ria de casos similares aos que passo a referir. fez uma leitura e sua esposa, conduzida ao âmbão
O P Gil que foi presidente da câmara de Vila
.e Gil, pelo filho mais novo, fez a outra. Semanalmente, às
Pouca de Aguiar nos três primeiros mandatos após o segundas-feiras, substitui o pároco, dirigindo a liturgia
25 de Abril. Por ocasião do 8.º aniversário sobre a da Palavra.
sua morte, a igreja de Vila Pouca foi pequena para A seu respeito, ouvimos dizer, em Silves: «Ele e
albergar a multidão de vilapouquenses na Eucaristia toda a sua família são, aqui, muito conhecidos e
em seu sufrágio e no descerramento do busto em muito estimados.» O seguinte facto, narrado pelo pró-
sua memória, no largo fronteiriço ao templo. Esta- prio Carpentier, é disso testemunha: «Aquando da
vam ali os vilapouquenses em maioria para lhe tes- sagração episcopal do actual prelado algarvio, D.
temunharem gratidão, muitos deles de lágrimas nos Manuel Quintas, efectuada na igreja paroquial de
olhos. E não foram, apenas, os simples que chora- Silves, fui convidado a abrir o cortejo episcopal, la-
ram. Na sessão camarária, choraram os actuais pre- deado dos meus dois filhos. Um gesto que recordo
sidentes da assembleia e de câmara. O primeiro de- com muita satisfação.»
les, mal pronunciou o seu nome, entrou em tal co- Parabéns, Carpentier! A tua acção pastoral e a
moção que o obrigou a retirar-se sem mais palavras. aceitação que o povo e a hierarquia estão a demons-
Não obstante a auréola de bondade e de competên- trar para com a tua família são uma preciosa ala-
cia do homenageado, o prelado diocesano escusou- vanca e um prenúncio profético claro, na linha das
se a estar presente! mudanças eclesiais que os novos tempos reclamam.
A quantos o lamentavam por ter deixado o sacer-
dócio activo, o P Dr. António Gil respondia, invari-
.e Alípio Afonso
Alípio
4. 4 espiral
Romaria à terra onde nasceu o cónego Filipe
:: Era realmente um santo, e não o sabíamos ::
A minha ida e da Antonieta,
dos Açores a Évora, para
participar Curso de Actualização
etâneos, as
virtudes e
obras do pa-
culpa! Ainda tive o desplante de
uma vez me opor pública e viva-
mente a ele, numa discussão en-
Teológica da Fraternitas, de 29 de dre Filipe, fo- tre confrades sobre o sentido re-
Novembro a 1 de Dezembro de ram- se -nos dentor da encarnação do Verbo…
2008, teve também, além do da tornando pre- Paciência!
fraternidade e da solidariedade ha- sentes uma Agora que eu e outros ficámos
bituais, o sentido de romagem: surpresa e um a saber um pouco mais quem era
romagem à terra onde nasceu, se sentimento o padre Figueiredo, só nos resta
fez homem, cristão e padre, o parecidos darmo-lo a conhecer a outros. E
cónego Filipe Figueiredo, e aí com os do patriarca Jacob, no seu como? Antes de mais, conferindo
despendeu o melhor do seu labor sonho da escada que unia a Terra prioridade à publicação de um li-
apostólico. Mas, ao mesmo tem- ao Céu, e o levaram a confessar: vro (há muito em pensamento) so-
po, o de homenagem à pessoa do «O Senhor está realmente neste bre quem foi o nosso cónego Fili-
fundador da Fraternitas. lugar e eu não sabia» (Gn.28,16). pe. Depois, divulgá-lo e a uma es-
O que não supunha e por que O cónego Filipe era realmente um tampa com a imagem dele. É que
não esperava era que, ao desco- santo, e nós não o sabíamos! nos fará bem, neste momento de
brir a dimensão cristã e sacerdotal Daí a tensão emotiva em que uma certa desorientação ascética,
do cónego Filipe, muito para além vivi nesses dias e amiúde me levou saber que há múltiplas maneiras
da que lhe reconhecia, acabasse às lágrimas. Que é que sucedeu, de se ser santo sem que as pesso-
a nossa romagem à terra e home- então, que deixei fugir múltiplas as dêem, necessariamente, por
nagem ao fundador do nosso ocasiões de me encontrar com um isso. Santos que não fazem mila-
movimento por se transformar num santo em carne e osso? Que não gres. Mas, como diria o padre
acto de profunda veneração a um dei a tempo e horas com o alto Américo (dos gaiatos), na sua lin-
santo. grau de santidade e de cristianis- guagem genuína, e certamente um
De facto, à medida que se nos mo evangélico do cónego Filipe, deles: «santos que fazem caca»
foram revelando, pelo testemunho embora usufruindo deles? Mea como os restantes mortais.
autorizado de conterrâneos e co- culpa, mea culpa, mea máxima Artur Oliveira
Artur Oliveira
poder e em que vigorava a trilogia
Bispo amigo da Fraternitas hoje felizmente ultrapassada: “cle-
N a solenidade litúrgica dos
Apóstolos Pedro e Paulo,
29 de Junho de 2008, na Sé-Nova
como Pastor: «Tu, segue-Me.» Es-
tas poderão encontrar explicação
naqueloutras de Jesus, no contex-
ro, nobreza e povo”. Após o Vati-
cano II, alguns bispos e cardeais
de dioceses quiserem ser tratados
de Coimbra, foi ordenado bispo o to dos acontecimentos da celebra- apenas por “padre”, outros aca-
padre João Evangelista Lavrador. ção pascal: «Dei-vos o exemplo baram com as armas episcopais;
Tem o seu múnus na diocese do para que, assim como Eu fiz, vós as insígnias litúrgicas a primar pela
Porto, colaborando com o bispo o façais também.» simplicidade e pela moderação e
residencial, Manuel Clemente. A este propósito ocorre-me fa- as saudações de cariz mais evan-
O hoje bispo João Lavrador zer uma citação do seu irmão no gélico. Foi um tempo de esperan-
esteve directamente ligado à episcopado, António Marcelino, ça. Hoje a sociedade tolera me-
Fraternitas, tendo orientado alguns bispo emérito de Aveiro, no Cor- nos restos do passado que nada
encontros regionais da zona cen- reio do Vouga: «Na Igreja há ain- ajudam à evangelizar e a exprimir
tro, em Coimbra. Auscultado, che- da sinais de um passado teimoso o sentido de família. São costumes
gou a mostrar disponibilidade para que ganhou ferrugem e se foi ins- velhos e inúteis que impedem que
ser assistente religioso do movi- talando à margem do Evangelho, a renovação conciliar avance. Há
mento, se o seu bispo o pudesse por influência do poder e de hábi- que dar lugar a gestos e a lingua-
dispensar, em parte, para este tra- tos profanos. As armas episcopais, gem que ajudem a ver a verdadei-
balho. Não foi possível. Paciência! o tratamento dado ao clero, as ex- ra grandeza dos cristãos e primem
Escolheu como lema episcopal celências e as reverências com os pela simplicidade e maneira de
as palavras dirigidas por Jesus a seus superlativos, são restos do servir.»
Pedro, após a sua confirmação tempo passado, marcados pelo Neves
Fernando Neves
e-mail: geral@fraternitas.pt * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: direccao@fraternitas.pt * página oficial na Internet: w
5. l
espiral 5
UM OUTRO NATAL AINDA DESCONHECIDO
Ouviam-se, ao longe, sinos a tocar!...
Ouviam-se,
Milhões de luzes brilhando perto de mim...
ar,
Melodias suaves cresciam no ar,
E crescendo, crescendo, cantavam assim:
«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,
E traz a Esperança e o Amor também!
Até na manjedoura, pobre e pequenino,
Quer falar a todos, sem excluir ninguém!»... Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada...
Senti-me preso à porta de outro casebre.
Pus-me a pensar: «Jesus! Que nos vens dizer,
us-me «Jesus! dizer, Ouvi lá dentro, na solidão calada,
Assim tão frágil e tão sozinho?... Outra criança que gemia de febre!...
querer,
Tiranos e poderosos nem te vão querer,
Te
E os pobres só Te podem dar carinho!». Perguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...
Será Jesus chorando, também aqui?!»...
Uma voz ouvi, voando do Infinito: Entrei, de mansinho, no portal de xisto,
chorar,
«Esse Menino, aí, gelado a chorar, E fiquei calado... Não conto o que vi!...
Mesmo que te pareça tão pequenito,
É também a ti que te quer falar!». -«Meu Deus! Quem será esta criança agora?!...
Será o mesmo Cristo nela incarnado?!...».
Mirei o tecto húmido daquela cabana: Talvez,
Não pude falar!... Talvez, naquela hora,
Caíam pedras toscas e raízes em malha!... Chorasse Cristo ainda mais desprezado!...
No chão de terra não se via cama,
Apenas feno murcho e um pouco de palha!... Peguei na criança, levei-a ao coração!...
Estava gelada, mas sorriu para mim...
«Menino pequenino, pequenino Menino, E disse, de mansinho, levantando a mão:
Fala-me e conta o que me queres dizer!...». «Sou Cristo que vive em quem sofre assim!».
Abriu-se
Abriu-se então a boca daquele bambino, .................................................................
E só pediu coisas que eu podia fazer: Talvez para mim e para muitos cristãos,
O Natal tenha sido tempo perdido,
«Ser sua presença no mundo em confusão, Só porque não vemos, na dor dos irmãos,
Acolher todos os pobres sem tecto nem lar,
lar, Um outro Natal ainda desconhecido!..
Servir com amor e carinho todo o irmão,
Amar aqueles que não sabem amar!...». Professor Paiva
Professo Paiv
fessor aiva
.
www.fraternitas.pt * e-mail: secretariado@fraternitas.pt * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: tesoureiraria@fraternitas.pt
6. 6 espiral
Na casa do Pai celeste
Maria Helena Meira Dias Coimbra Ribeiro
Esposa do Jorge da Silva Ribei- nos Estados Unidos. O seu nome
ro, não tinham filhos, faleceu no vai ser atribuído a uma artéria das
dia 24 de Setembro. Caldas da Rainha.
Foi conservadora do Museu de «A Helena era como uma bica
José Malhoa, de Caldas da Rai- de água num deserto. Por onde
nha, desde 1949, tendo estagiado passava, era uma alegria espontâ-
com João Couto, Maria José Men- nea, e quem permanecia com ela
donça e António Montez. Foi tam- absorvia o que ela dizia com uma
bém professora na Escola Indus- sede de prazer, porque a Nena –
trial e Comercial na mesma cida- para os amigos – era assim, ami-
de, na década de 60. ga, franca, inteligente... Nunca
Ocupou, ainda, o cargo de houve uma pergunta que lhe fizes-
conservadora do Museu de Arte sem, que ela não respondesse com
Popular, em Lisboa, e frequentou a sua sabedoria e simplicidade.»
um estágio em Columbos (Ohio) (testemunho da cunhada, Lola)
disponibilizar-nos informação ac-
Padre Carlos Leonel Santos tual e de qualidade, se bem que
Fazes-nos falta, Carlos! Conheci-te apenas na Fraterni- sempre avesso a posições radicais.
O teu funeral foi no passado tas e por isso desconheço grande A tua preocupação era ajudar-nos
dia 28 de Outubro, na Dagorda, parte do teu percurso anterior. a ser clarividentes para que me-
concelho do Cadaval, onde tinhas Ouvi, no entanto, rumores, que lhor pudéssemos ser “sinal”. En-
o teu refúgio rural e onde tantas chegaram à Universidade Católica, tão lá aparecias com uns tantos
vezes animaste as celebrações da acerca das tuas posições, determi- livros (por vezes, simples recortes
comunidade cristã com o teu es- nadas e de grande coerência evan- de jornal...) que a muitos ajuda-
merado contributo, sempre escla- gélica, no período em que paro- ram a tomar contacto com novos
recedor. Certamente a Mariazinha quiaste no Entroncamento. Ao que pontos de vista ou outras perspec-
já te terá dito que nessa sentida consta, na mensagem ao povo de tivas na plural vida da Igreja.
despedida estiveram presentes Deus nunca gostaste de meias-tin- Como elemento que eras da
cerca de trinta presbíteros: três no tas e abominaste sempre a tenta- direcção do Centro de Reflexão
activo, uns vinte da Fraternitas e ção de enveredar por meandros Cristã, de Lisboa, e como admi-
mais uns tantos de um outro gru- acomodatícios. nistrador da Livraria Multinova, es-
po de padres dispensados, de que Na Fraternitas foste uma presen- tavas numa posição privilegiada
também fazias parte. ça dinamizadora, preocupado em que te permitia conhecer pessoas
O Carlos Leonel partiu, há bia qual era o caminho e a estrela Ficámos com um lugar vazio.
pouco, mas na nossa saudade que iluminava os seus passos. E daí, talvez não. Porque ele con-
continua connosco e do lado de Humanamente, faz-nos falta. tinua connosco e não só na nossa
cá. Sabemo-lo através d’Aquele Fazem-nos falta o seu entusiasmo, saudade. A Comunhão dos San-
que ressuscitou, e com a sua Res- as suas convicções, o seu exemplo tos, em que acreditamos, não
surreição nos abriu as portas da de fé como cristão assumido e fron- rompe a proximidade em que to-
vida que não tem fim. tal, a inspiração das suas iniciati- dos somos um com a estrela po-
Foi nosso companheiro em vas, o arranque para a frente na- lar configurada em Jesus Cristo.
muitas jornadas. Vimo-lo ao nos- quilo em que se empenhava, a Pelos caminhos da terra foi
so lado, umas vezes pedalando à aposta total em tudo com que se deixando pegadas das suas inici-
frente e capitaneando o pelotão, comprometia. O que quer dizer que ativas. Trabalhou na Editorial
outras ladeando-nos par-a-par, o Carlos não era homem de meias Multinova – fez parte da Direcção
sem nunca se atrasar porque sa- palavras, mas de corpo inteiro. - em que também deu impulso e
7. l
espiral 7
ESTRELAS QUE BRILHA(RA)M Não Morreu
A Maria Helena Ribeiro e o Car- onde a nudez do mundo Não Morreu
los Leonel foram estrelinhas que tem calor Levanta o olhar para lá
brilharam muito, neste troço de e o amor recomeça.
das nuvens
percurso da vida, de uma VIDA Leva-me, pois, depressa,
com sinal mais. Ao lembrar-me através do deserto desta vida, da tristeza e da sauda-
deles, associo o Jorge e a à Belém prometida... de e solidão...
Mariazinha e também «ESTRELA Onde és tu a promessa?» verás que aquele que
DO OCIDENTE», de Miguel Torga: amas continua teu
«Por teus olhos E (do Diário XIII), porque está vivo!...
acesos de inocência também de M. Torga: Adormeceu...
me vou guiando «Ai, a vida!
agora que anoitece, Quanto mais me magoa, mais a
rei magno que procura canto. Rasga o nevoeiro
e desconhece o caminho. Mais exalto este espanto denso da amargura
Sigo aquele que adivinho De viver... com os faróis da Fé e
anunciado. Ai, a vida! da Esperança,
Nessa luz só de luz adivinhada, Como dói ser vivida, e verás que aquele que
infância humana, E como a própria dor a quer e amas continua teu,
humana madrugada. agradece.»
porque está vivo!...
Presépio é aquele berço Urtélia Silva
Urtélia Silv
Adormeceu...
de elevada craveira intelectual e O teu funeral foi um grande
empenhadas com a Igreja; e foi momento de sentida fé na ressur- E quando transpuseres
assim que convidaste algumas de- reição e de esperança. a curva da morte
las para nos enriquecerem em en- Pedimos-te que, junto do Pai, na caminhada veloz
contros e retiros em Fátima. Não intercedas por todos nós e sobre- para os céus,
posso deixar de referir o teu em- tudo pela Mariazinha, pela tua fi-
reencontrarás aquele
penho na preparação e realização lha e pelas duas netinhas que eram
das nossas eucaristias nesses mes- a tua felicidade. Para nós e para que partiu e amas
mos encontros. Nada deixavas ao elas continuas bem vivo, na comu- eternamente vivo
acaso e era evidente a tua preo- nhão de uma outra dimensão. Afi- na VIDA de DEUS!...”
cupação em fazer sobressair a no- nal, as pessoas só
vidade do mistério, contrariando morrem definitiva-
a rotina da celebração. mente quando
Tenho saudades da tua sereni- delas nos esque-
dade, do teu optimismo, e sobre- cemos.
tudo do teu espírito de fidelidade
à Igreja, que algumas vezes me
contagiou. Paulo Eufrásio
Eufrásio
corpo à publicação de vários li- prosseguirá,
vros; foi secretário do Centro de como militante da
Reflexão Cristã; e foi vice-presiden- Fraternitas, o seu
te da Fraternitas à qual se dedicou empenho numa
inteiramente. Em todos estes luga- iniciativa levada a
res patenteou a sua actividade, termo pelo gran-
pelo que é impossível não darmos de padre Filipe de
pela falta do Carlos Leonel, agora Figueiredo que foi
Urtélia Silva
Urtélia Silv
que nos deixou. o nosso primeiro advogado junto
Tem, a partir de agora, outra de Deus. Com o Carlos Leonel, são
maneira de nos ajudar. Antes do dois a pedir por nós.
grande Encontro, em que todos
nos voltaremos a reunir, o Carlos Pacheco de Andrade
checo
8. ASSISTENTE Espaço de SOLIDARIEDADE
RELIGIOSO 1. Ninguém é indiferente às necessidades
dos outros. Mas, quando os atingidos são os
DA FRATERNITAS nossos, os que nos são mais próximos
(familiares, companheiros de jornada ou de
ideal), certamente mobilizamo-nos mais.
- P Dr. Guilhermino
.e 2. Sabemos que o Movimento tem
Teixeira Saldanha. procurado acorrer a casos concretos e, por
- Nasceu a 3 de Abril vezes, dramáticos. A Fraternitas fá-lo por
de 1940, na aldeia de imperativo de consciência e para dar
Vilartão, freguesia de
cumprimento aos seus Estatutos. Mas procura
Bouçoais, do concelho
que aconteça evangelicamente: «Não saiba
de Valpaços.
a tua esquerda o que faz a tua direita».
- Entrou para o Semi-
nário de Vila Real em Se-
3. Só é possível continuar a acorrer a
tembro de 1952. casos de verdadeira necessidade se
- Ordenação sacer- partilharmos também Por isso, não esperes
também.
dotal em Março de 1966. que te batam expressamente à porta. Decide-
- Esteve meio ano te, desde já: partilha com os outros através
como prefeito no Seminário, desde Outubro de 1965 do Movimento.
a Março de 1966. 4. Vá já à caixa do multibanco mais
- Paroquiou a freguesia de Veiga de Lila, do con- próxima e faça uma transferência
celho de Valpaços, durante dois anos. interbancária para a conta n.º 0033
- Frequentou o segundo Curso de Capelães Mili- 000045218426660 05 O montante é
05.
tares de Setembro até final de Outubro de 1968. apenas da sua conta e da de Deus. Irá
- Foi capelão militar durante 30 anos, 15 dos direitinho para quem precisa!
quais foram passados na Marinha, tendo chegado a 5. Também pode depositar na mesma
Capelão-chefe do Exército com o posto de Coronel. conta bancária o valor da quota anual de
- Durante o tempo do serviço militar tirou o curso sócio: 30 euros - casal; 20 euros - pessoa
de Direito na Universidade de Lisboa. singular.
- Como capelão, acumulou o cargo de prior da 6. Em entregas pessoais directas de
Igreja do Socorro, em Lisboa, durante dois anos. quantias pecuniárias, peça o respectivo recibo.
- Atingiu a aposentação em 2002.
7. A oferta, assim como o pagamento
- Depois disso foi pároco da freguesia de Santos-
da quota anual, podem ser feitas também por
-o-Velho, em Lisboa, durante 3 anos, até 2005.
Vale Postal, cheque ou transferência bancária.
- Obteve do seu bispo de Vila Real, D. Joaquim
Deve enviar, neste caso, o talão (ou a sua
Gonçalves, autorização de residência em Fátima,
desde 2006, onde oficialmente se encontra. Ali foi fotocópia) comprovativo da transferência
convidado pelo presidente da Fraternitas, Serafim de efectuada.
Sousa, para ser assistente espiritual do movimento. 8. Em qualquer pagamento, dê sempre
«Salvé, amigos! Aproveito o Natal, ocasião de conhecimento do seu fim: quota, jóia, fundo
mais aproximação e comunicação entre as pessoas, de partilha, boletim «Espiral», …
para me tornar presente junto de cada um de vós. 9. Utilize, se necessário, para os efeitos
Um discípulo foi junto do seu mestre e disse-lhe que indicados, qualquer dos seguintes contactos:
queria encontrar Deus. O mestre sorriu e convidou tesouraria@fraternitas.pt; tel: 232459478
o jovem a acompanhá-lo a tomar banho no rio, uma Luis Cunha
vez que estava muito calor. O jovem mergulhou e o Estrada Velha de Abraveses, 292
mestre fez o mesmo e, conseguindo alcançá-lo, agar- 3515-124 Viseu
rou-o e reteve-o à força debaixo de água. Estando o
jovem já um pouco aflito e a espernear, o mestre sejares, encontrá-lo-ás. Se não tiveres essa sede ar-
deixou-o voltar à superfície. E perguntou-lhe que dente, de nada te servem os livros».
coisa teria desejado mais enquanto esteve debaixo Há que desejar Deus na nossa vida no mais pro-
de água. «O ar», respondeu o jovem. «E desejas Deus fundo de nós. Deus faz-se econtradiço ao que o de-
da mesma maneira», perguntou o mestre. Se o de- seja sinceramente.» P.e Guilhermino Saldanha
Saldanha
espiral Boletim da Associação
Fraternitas Movimento
Responsável: Fernando Félix
Praceta dos Malmequeres, 4 - 3.º Esq.
N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008 Massamá / 2745-816 Queluz
www.fraternitas.pt e-mail: fernfelix@gmail.com