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RP1105   Gestão estratéGica do suprimento e o impacto no
           desempenho das        empresas Brasileiras




          de minas para o mundo do mundo para minas



                                                       Coordenador
                                                        Carlos Arruda


                                                     Equipe Técnica
                                          Anderson Leitoguinho Rossi
                                                 Lucas Calais Ferreira
                                                Telma Dias Ragonezi
                                                  Fabian Ariel Salum
                                          Arthur Ribeiro de Paiva Kux
                                           Bernardo de Assis Meireles




                                                 Núcleo de Inovação
SumáRio

Introdução …………………………………………………………3


Pesquisa: Gestão da Inovação em grandes
empresas mineiras ......................................4
    Apresentação .........................................4
    Referencial teórico ..................................4
    Metodologia .........................................14

    Critérios para seleção de projetos............47
    Conclusões ..........................................48


Políticas e ações de inovação em
Minas Gerais e outras regiões do mundo.......60
    O sistema regional de inovação de Minas
    Gerais .................................................60


Considerações finais ..................................84


Anexos ....................................................89
    Minicasos ............................................89
    Listagem completa de empresas –
    universo.............................................102
    Listagem completa de contatos..............104




           Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105    2
iNtRodução                                     desde então, vários pesquisadores incorporaram a
                                                               inovação em seus estudos, ou até mesmo a trataram
                                                               como tema central, como foi o caso dos autores Burns e

e   m um ambiente econômico cada vez mais competitivo,
grandes potências como os Estados unidos, França, itália
                                                               Stalker3. No trabalho publicado em 1961, eles analisaram
                                                               20 indústrias diferentes na Inglaterra e classificaram os
                                                               ambientes externos às organizações daquele momento
e Reino unido – que ostentaram sua liderança por muitos
                                                               como “estáveis e previsíveis” e “instáveis e previsíveis”.
séculos vêm perdendo espaço para nações emergentes
                                                               Enquanto os ambientes estáveis exigiam estruturas
como Cingapura, Hong Kong, China e Coreia do Sul.
                                                               organizacionais mais rígidas, portanto mais “mecânicas”,
Em 2010, o relatório de competitividade do imd (World
                                                               ambientes mais instáveis demandariam estruturas
Competitiveness Report)1 apresentou Cingapura como
                                                               flexíveis, que abrissem espaço para a inovação. Sugerindo
o país mais competitivo do mundo, seguido de Hong
                                                               várias características desejáveis às empresas nesse
Kong, superando os Estados unidos, que passou para
                                                               sentido, os autores serviram não só ao desenvolvimento
a terceira posição. o Brasil, no mesmo relatório, avança
                                                               da teoria contingencial das organizações como também
também duas posições, passando do 40º para o 38º lugar.
                                                               influenciaram uma série de outros trabalhos, nas correntes
Apesar de alguns fatores como infraestrutura, educação
                                                               teóricas evolutiva e cognitiva4.
e saúde influenciarem negativamente o posicionamento
do país no relatório, sua leve melhora no rendimento           Já na segunda metade da década de 80, a inovação
geral foi atribuída à avaliação da eficiência de seus          organizacional passa a ser vista de forma sistêmica,
negócios e, principalmente, ao seu desenvolvimento             com modelos dinâmicos5 que cobriam não só a ênfase
econômico recente e à sua capacidade de superação              estruturalista, mas também a funcionalista do tema. isso
da crise econômica mundial de 2008.                            quer dizer que a gestão da inovação compreenderia não
                                                               só a definição de estruturas e estratégias pró-inovação,
A importância do estudo da variável “desenvolvimento”
                                                               mas também aspectos rotineiros como a geração e
na economia, embora aparentemente se situe no âmbito
                                                               implementação de ideias, a cultura organizacional,
macroeconômico, passa essencialmente pelo mundo
                                                               processos e rotinas do dia a dia, entre outros. o cerne
corporativo. A teoria do desenvolvimento econômico de
                                                               do conceito de modelo sistêmico permanece o mesmo
Schumpeter2, cuja primeira publicação data de 1911,
                                                               hoje em dia. os principais modelos de inovação dos
apresenta um novo ponto de vista que coloca a inovação
                                                               últimos anos tentaram agrupar diferentes combinações
como a principal causa de mudanças descontínuas
                                                               e relações entre essas variáveis com o objetivo de
no que ele chamou de “fluxo circular” da economia.
                                                               entender ainda melhor esse fenômeno.
Essas mudanças descontínuas no fluxo circular
geram o desenvolvimento econômico. As inovações,               o Núcleo de inovação da Fundação dom Cabral também
consideradas pelo autor como “novas combinações”,              vem tentando compor esse debate. Atuando desde
seriam um fenômeno inerente ao meio produtivo e                2003, seus trabalhos de treinamento e parcerias com
comercial das organizações.                                    empresas de diferentes tamanhos e setores e pesquisas
                                                               realizadas no tema permitiram um entendimento teórico e
Embora o principal objetivo de Schumpeter na época
                                                               prático significativo de como a inovação se manifesta nas
tenha sido propor uma alternativa aos modelos
                                                               empresas. Esse entendimento se traduziu na concepção
econômicos clássicos da teoria vigente, ele acabou por
                                                               de um modelo sistêmico de inovação enraizado em
estabelecer a inovação como um importante foco de
                                                               estratégia, cultura organizacional, estrutura e sistemas de
estudos, não só na macroeconomia, mas principalmente
                                                               gestão, processos e indicadores6. Diante da experiência
numa abordagem micro, cujo objeto de análise passa
                                                               do Núcleo de inovação nesse tema, o Governo de minas
a ser o empreendedor. Afinal, se o desenvolvimento
                                                               e a Secretaria de Estado de Ciência, tecnologia e Ensino
econômico era basicamente influenciado pela inovação,
                                                               Superior (Sectes-mG) convidaram, em 2009, a Fundação
sendo essa última um fenômeno inerente às lideranças
                                                               dom Cabral a trabalhar em conjunto no projeto “de minas
organizacionais, não é de se espantar que os meios
                                                               para o mundo e do mundo para minas”.
acadêmico e empresarial tenham voltado seus olhares
para ela.                                                      3
                                                                BuRNS, tom; StALKER, G. m. The management of innovation.
                                                               Oxford University Press, 1961.
1
  WoRLd ECoNomiC FoRum. World Competitiveness                  4
                                                                 tidd, Joseph; BESSANt, Paul. Gestão da inovação.
Report. imd, 2010.                                             Longman, 2008.
2
  A Teoria do desenvolvimento econômico, de Joseph Alois       5
                                                                  ROTHWELL, Roy. Sucessful industrial innovation: critical
Schumpeter, foi inicialmente publicada na Alemanha, em 1911,   factors for the 1990s. R&d management, 1992.
e posteriormente traduzida para o inglês, em 1934, quando      6
                                                                 ARRudA, Carlos; RoSSi, Anderson; SAVAGEt, Paulo.
também recebeu pequenas mudanças e incrementos pelo            Criando as condições para inovar. Revista DOM, Nova Lima,
autor.                                                         2009.


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                            3
o objetivo desse projeto reside na proposição de políticas            PESquiSA GEStão dA
públicas que fomentem a atividade inovadora do meio
empresarial de Minas Gerais. Para isso, foram definidas             iNoVAção Em GRANdES
atividades em quatro fases. As fases i e ii se relacionam
ao viés “de minas para o mundo”, enquanto as fases iii e              EmPRESAS miNEiRAS
iV estão relacionadas ao viés “do mundo para minas”.
Na fase I, houve extensa revisão bibliográfica sobre a
gestão da inovação e suas variáveis. de um ponto de            APRESENtAção
vista cronológico, cujo marco teria sido estabelecido
por Schumpeter, percorreram-se diferentes correntes,           A revisão teórica, na tentativa de um entendimento mais
teorias e modelos. Além disso, foram trabalhados em            aprofundado do processo de inovação organizacional,
específico os pilares do Modelo FDC de Inovação, que           serviu como base conceitual para a fase posterior,
será apresentado mais à frente.                                que seria orientada por uma pesquisa de campo. A
                                                               pesquisa empírica teve como objetivo a realização
Na fase ii, a equipe do Núcleo de inovação realizou            de um diagnóstico da inovação perante um contexto
pesquisa de campo sobre o processo de inovação                 bem específico, o de grandes empresas mineiras que
de 60 grandes empresas sediadas no estado. Foram               investem parte de sua receita em atividades de pesquisa,
feitas visitas presenciais, entrevistas semiestruturadas       desenvolvimento e inovação.
e a aplicação de survey visando posterior análise
quantitativa e qualitativa do material coletado. os            de um universo inicial composto por 243 grandes
métodos, as análises e os resultados se encontram nos          empresas (acima de R$60 milhões de dólares conforme
tópicos seguintes deste documento.                             definição do BNDES em 2009) com sede no Estado
                                                               de minas Gerais, foi realizada uma breve pesquisa
A fase III contou com pesquisa bibliográfica e de campo        exploratória nesse grupo, na tentativa de identificar
acerca do tema políticas públicas de fomento à inovação.       aquelas companhias que comporiam uma amostragem
Foi realizada pesquisa exploratória sobre o Sistema            representativa dos diversos setores econômicos e das
Regional de inovação de minas Gerais, o SRi-mG,                regiões do Estado. Foi assim definido o número-alvo
os programas, ações, projetos existentes, principais           de 60 empresas a serem estudadas, compondo os
agentes, estratégias de atuação e interações do sistema,       setores de indústria, serviços, comércio e agronegócio,
bem como pesquisa bibliográfica e de campo acerca do           com participantes de quase todas as regiões do Estado.
tema em outras regiões do mundo. Foi também realizada          Esse estudo empírico das empresas se deu através de
uma visita ao Canadá, na tentativa de estabelecer um           visita às suas instalações, entrevista com os líderes e
benchmarking potencial para estratégias locais.                a aplicação de survey com um membro de cada uma
Finalmente, a fase iV, paralela às outras três, contou         delas, permitindo uma abordagem ampliada do foco
com seminários sobre inovação conduzidos sob a                 de estudo. Além das fontes de dados e informações
responsabilidade da Fundação dom Cabral, com                   supracitadas, a pesquisa também contou com dados
palestrantes como o professor Robert Wolcott, da               secundários, seja através de documentos e registros
Kellogg School of management, e o dr. Flávio ávila, da         oferecidos pelas próprias empresas, ou de informações
Embrapa. Nesse caso, o objetivo foi o conhecimento e           disponibilizadas por outras vias, como websites oficiais
a disseminação de outros trabalhos interessantes, de           e notícias veiculadas pela imprensa.
cunho teórico e prático, sobre gestão da inovação.             A survey foi realizada através da aplicação de questões
As principais análises, resultados e considerações             abertas e fechadas, cujo conteúdo foi direcionado pela
dessas atividades serão apresentados a seguir. Além            base conceitual construída na primeira fase do projeto,
disso, serão propostas algumas recomendações ao                tratada neste relatório na parte i. A estrutura do mesmo foi
Governo do Estado de minas Gerais, no intuito de               idealizada conforme os pilares do modelo desenvolvido
promover um ambiente favorável à inovação. Espera-             pelo Núcleo de inovação da FdC. os resultados a seguir
se que as informações, análises e propostas aqui               estão orientados por esses pilares.
discutidas sirvam ao debate da inovação no Estado,
e que, ao melhor entendê-la, possamos construir um
cenário competitivo mais promissor para as empresas            REFERENCiAL tEóRiCo
dessa região.
                                                               Presente tanto nas rotineiras decisões gerenciais quanto
                                                               nos principais debates acadêmicos contemporâneos,
                                                               a inovação adquiriu enorme importância nos estudos


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                            4
organizacionais, embora ainda não seja um tema                 Além de Burns e Stalker (1968) e de outros estudos da
consensual, tampouco sistêmico – como são, por                 teoria contingencial, também serão analisadas outras
exemplo, os estudos sobre a qualidade total. Inúmeras          obras que tratam a gestão da inovação em momentos
pesquisas realizadas sobre inovação nessa área                 e épocas distintos, passando por Utterback e Abernathy
apresentaram dados valiosos na tentativa de entender           (1975), Van de Ven (1986), Rothwell (1992), Christensen
esse complexo processo, que muitas vezes é confundido          (2001) e tidd et al. (2008), sempre sob a luz dos
com vocábulos correlatos, porém substancialmente               pilares schumpeterianos. independentemente de qual
diferentes, como criatividade, P&d ou invenções.               abordagem ou corrente teórica funcionasse como suas
Numerosas teorias e modelos de inovação foram                  plataformas, todas aparentemente se aproveitaram de
concebidos ao longo do tempo e este trabalho considera         premissas firmadas em 1911 por Schumpeter e sua teoria
que a obra de Schumpeter (1997, 2003) pode ter                 do desenvolvimento econômico. E essa possibilidade
influenciado a quase totalidade deles.                         ajuda a nortear o debate que aqui se pretende conduzir.
                                                               teria o austríaco sido o responsável pelo início dos
Em contraposição ao mainstream econômico, Schumpeter
                                                               estudos da inovação no âmbito das organizações?
(1997) apresentou sua teoria do desenvolvimento
econômico, ancorada no que ele chamava de “fluxo               o objetivo desse referencial teórico é, além de percorrer
circular”, impactado por mudanças descontínuas num             por diversas obras sobre a gestão da inovação que
contexto econômico caracterizado pela incerteza.               adquiriram relevância com o tempo, investigar o
Embora o enfoque do autor fosse mais macroeconômico,           estabelecimento de um paradigma schumpeteriano,
é notória a sua contribuição para os estudos internos          através do entendimento da inovação como um processo
das firmas, posto que essas mudanças descontínuas,             propiciado pelas organizações, fortemente influenciado
responsáveis pelo desenvolvimento econômico,                   pela incerteza do ambiente externo e causado por
ocorreriam primordialmente nas organizações em seus            mudanças descontínuas nas regras do jogo. o método
meios produtivo e comercial (SCHumPEtER, 1997). A              escolhido residiu na revisão bibliográfica para a
notoriedade do trabalho de Schumpeter aparentemente            construção de um ensaio teórico usando o paradigma
influenciou uma nova geração de estudos sobre as               de Kuhn (1996) como plataforma metodológica.
organizações que tinham a inovação como foco parcial
ou até mesmo integral em suas pesquisas.
Escrita em 1911, a teoria do desenvolvimento econômico         O paradigma de Kuhn e a obra
schumpeteriana só seria traduzida do alemão para o
                                                               schumpeteriana
inglês em 1934 (SCHumPEtER, 1997). Nessa época,
a produção acadêmica sobre estrutura organizacional            o desenvolvimento científico em uma determinada
era basicamente dominada pela teoria clássica, a qual          área ou disciplina está diretamente relacionado à forma
indicava apenas um tipo ideal de estrutura, baseada            como a empiria e a teoria se integram na criação de
em rigorosa hierarquia, controle de tarefas e no estudo        um determinado conhecimento. Autores como Popper
dos tempos e movimentos (CLEGG, 1998). Porém, já               (1972) e Lakatos (1989) são bastante importantes
na década de 50, começaram a surgir trabalhos que              nesse aspecto, uma vez que apresentaram arcabouços
consideravam o ambiente externo às organizações                teóricos no que tange ao estudo da formação da ciência
como uma grande contingência, transformando de vez             em si. Embora se saiba da relevância dos trabalhos dos
a abordagem estruturalista. Para eles, as estruturas           autores citados, esta pesquisa acredita que thomas
das organizações seriam fortemente influenciadas pela          Kuhn (1996) tenha sido quem melhor conseguiu decifrar
incerteza diante do ambiente externo: contingência             tal realidade.
responsável pelas adaptações. Essa nova corrente daria         Kuhn (1996) trouxe na década de 60 uma importante
origem à teoria contingencial, cujos primeiros trabalhos       contribuição à literatura com A Estrutura das Revoluções
de relevância foram de Skinner (1953) e Woodward               Científicas. denomina como “ciência normal” o período
(1958). o terceiro deles, de Burns e Stalker (1968), viria a   que se segue a uma descoberta de alta relevância
reconhecer a internalização da inovação diretamente no         ou a um importante feito científico. A partir dessas
contexto corporativo, conforme estabelecido pela teoria        descobertas, novas verdades passam a ser trabalhadas
schumpeteriana. A ênfase nessa obra que veremos a              e articuladas na busca de incrementar essa ciência,
seguir é fruto do entendimento de que ela tenha sido a         confirmando ainda mais os preceitos já preestabelecidos
primeira a realmente reconhecer a inovação como um             pela conquista científica (KUHN, 1996). Esses grandes
fator organizacional, além de prover também a relação          feitos, que o autor chama de “achievements”, são
próxima da teoria contingencial com os conceitos               trabalhos que serviram para definir e legitimar problemas
defendidos por Schumpeter.                                     e métodos para os pesquisadores engajados em um


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                          5
campo de estudo. Justamente por terem se tornado o             de Schumpeter, que provavelmente influenciou todo o
pilar central de uma disciplina, como assim fizeram, por       desenvolvimento de conhecimento acerca da gestão da
exemplo, Isaac Newton, no campo da física, e Benjamin          inovação que encontramos hoje na literatura.
Franklin, no campo da eletricidade. tais obras teriam
                                                               Schumpeter nasceu em 1883, na Áustria, tendo finalizado
estabelecido novos paradigmas na ciência, orientando e
                                                               em 1906 sua graduação em direito pela universidade
servindo como base para praticamente toda a pesquisa
                                                               de Viena, com alguns cursos e exames complementares
realizada posteriormente no assunto.
                                                               de economia e ciência política (SCHumPEtER,
o estabelecimento de um paradigma, no entanto, não             1997). Sua precocidade no meio acadêmico ficou logo
traz respostas imediatas às questões levantadas pela           evidente, com a publicação de seu primeiro livro já em
ciência – e de fato nem possui esse objetivo (KuHN,            1908, intitulado The Nature and Essence of Theoretical
1996). Essas questões passariam a ser respondidas, ou          Economics. Esse estudo serviria como plataforma para
pelo menos tentar-se-ia respondê-las, através da criação       a concepção teórica do autor estabelecida em The
de revistas e journals acadêmicos especializados,              Theory of Economic Development, publicada em 1911.
fundações de grupos de especialistas na área e uma             Sua teoria do desenvolvimento econômico se baseava
agenda de pesquisa que tentaria adereçar a essas               no que ele chamava de “fluxo circular” da economia,
perguntas ações que, segundo o autor, estariam                 o qual seria impactado por mudanças descontínuas
associadas às primeiras percepções de um novo                  que afastariam a economia do seu ponto de equilíbrio
paradigma científico. Nesse sentido, o estabelecimento         (SCHumPEtER, 1997). As mudanças descontínuas a
do paradigma seria seguido pela ciência normal,                que o autor se refere seriam frequentemente associadas
baseada em três fases: 1) a extensão do conhecimento           à inovação em sua obra, embora ele tenha sido deveras
e da particularidade dos fatos apresentados pelo               cauteloso na utilização desse termo.
paradigma; 2) a busca por novos fatos dentro dessa
                                                               Quando trouxe a inovação para o foco central de seu
ciência, assim como a comparação desses com os
                                                               estudo (uma vez que a análise do desenvolvimento
observados anteriormente e 3) a posterior articulação
                                                               econômico deveria passar pela compreensão dessas
empírica e teórica do próprio paradigma. Exaurindo as
                                                               mudanças descontínuas), Schumpeter foi ainda mais
três fases, a ciência em questão estaria preparada para
                                                               longe, ao afirmar que a inovação seria um fenômeno
uma quebra de paradigma e o estabelecimento de um
                                                               inerente às organizações:
novo, que por sua vez guiará uma nova era de ciência
normal (KuHN, 1996).
Os preceitos das revoluções científicas trazidos pela                   Essas mudanças espontâneas e descontínuas
obra de thomas Kuhn foram principalmente associados                     no canal do fluxo circular e essas perturbações
a campos de estudo dominados por leis e métodos                         do centro do equilíbrio aparecem na esfera da
muito bem definidos. Usando exemplos de estudiosos                      vida industrial e comercial, não na esfera das
de ciências naturais, a identificação de quebras e                      necessidades dos consumidores de produtos
criações de novos paradigmas ficava bastante clara.                     finais. (...) é o produtor que, via de regra, inicia
No entanto, essa pode não ser uma realidade tão                         a mudança econômica, e os consumidores
facilmente aplicável à temática das ciências sociais e,                 são educados por ele, se necessário; são,
no nosso caso, gerenciais. Kuhn (1996) traz no prefácio                 por assim dizer, ensinados a querer coisas
da segunda edição do livro, publicada em 1966, o fato                   novas, ou coisas que diferem em um aspecto
de que cientistas frequentemente levantavam questões                    ou outro daquelas que tinham o hábito de usar
acerca da legitimidade da replicação da teoria da                       (SCHumPEtER, 1997).
ciência normal para estudos sociais e econômicos.
mesmo que algumas áreas das ciências sociais ainda
                                                               Com essa afirmação, o austríaco provavelmente abriu
sequer tivessem um paradigma a ser seguido (KuHN,
                                                               espaço para a incorporação da inovação e a sua
1996), isso não impediria a transição dos conceitos da
                                                               gestão aos estudos organizacionais, estabelecendo
obra kuhniana para um ponto de vista mais qualitativo
                                                               um campo que viria posteriormente a ser trabalhado
do que quantitativo. dessa forma, ao inserirmos os
                                                               por outros pesquisadores, mesmo que influenciados
conceitos de paradigma e ciência normal neste presente
                                                               e algumas vezes até englobados por outras áreas
trabalho, já de antemão reconhecemos as limitações
                                                               da administração e da economia. Ao internalizar a
em tratar a gestão empresarial e mais especificamente
                                                               inovação para os meios organizacionais, Schumpeter
a gestão da inovação como ciência – e não como um
                                                               (1997) passa a utilizar os termos empreendimento
conjunto de técnicas, como é usualmente aceito. Essa
                                                               e empreendedor para se referir, respectivamente, à
preocupação pode ser atenuada pela existência da obra


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atividade e aos seus responsáveis. o conceito do               ter sinalizado características da primeira das três fases
empreendedor schumpeteriano vai, inclusive, além do            de exaustão do paradigma kuhniano, representada
próprio dono do negócio, incluindo também gerentes             principalmente pela extensão do conhecimento e dos
e membros da diretoria, desde que estivessem ligados           fatos previamente estabelecidos.
diretamente às inovações, frequentemente tratadas
                                                               A grande relevância de Schumpeter para a gestão da
pelo autor como “novas combinações” (SCHumPEtER,
                                                               inovação tornou-se aparente a partir da década de 50.
1997). Os tipos de novas combinações identificados
                                                               Naquela época o campo de estudos organizacionais
pela obra em muito se assemelham com os que
                                                               ainda era incipiente, o que teria facilitado a incorporação
vemos hoje na literatura sobre o tema. os cinco tipos
                                                               da inovação como tema (algumas vezes central) dos
indicados pelo autor foram: 1) introdução de um novo
                                                               trabalhos que surgiam na época. um desses trabalhos
bem; 2) introdução de um novo método de produção;
                                                               foi o de Burns e Stalker (1968), que teria demonstrado
3) abertura de um novo mercado; 4) conquista de uma
                                                               aptidão peculiar ao reconhecer esse conhecimento
nova fonte de oferta de matéria-prima; 5) criação de
                                                               previamente concebido.
uma posição de monopólio através da diferenciação
(SCHumPEtER, 1997).
Schumpeter (1997) também foi claro em diferenciar as
novas combinações conforme seu grau de intensidade
                                                               A teoria contingencial na gestão da
e novidade. Para ele, algumas dessas inovações são             inovação e outras contribuições ao
oriundas de ajustes contínuos na forma ou no que já era        paradigma
feito antes, não determinando um fenômeno propriamente
novo. Essas mudanças geram crescimento econômico,              tom Burns e George. m. Stalker publicaram, em 1961,
mas não são responsáveis pelo desenvolvimento, que             uma relevante obra intitulada The Management of
só acontece através das mudanças descontínuas (ou              Innovation. Burns e Stalker (1968) se situam numa
inovações) no fluxo circular da economia – o que hoje          corrente teórica de estudos organizacionais iniciada por
em dia poderíamos associar a conceitos amplamente              Taylor (1911) e seu estudo dos ‘tempos e movimentos”
aceitos de inovação radical ou disruptiva, como será           nas organizações. A abordagem taylorista serviu como
explicado mais à frente. Nesse sentido, foi trazida à tona     marco à administração científica, embora a teoria clássica
a questão da dificuldade das empresas já estabelecidas         da administração tenha sido instituída apenas em Fayol
e controladoras dos meios de produção em introduzir            (1949). Essa teoria foi pioneira na compreensão da
esse tipo de mudança. O autor ainda afirma que as              gestão como campo de estudo, além de estabelecer
novas combinações (e aqui ele se refere às inovações           princípios básicos para a administração de empresas
de cunho mais radical) “estão corporificadas, por assim        claramente ligados à rigidez organizacional, propondo
dizer, em empresas novas que geralmente não surgem             um modelo único e ideal de estrutura organizacional
das antigas, mas começam a produzir do seu lado”               (CLEGG, 1998).
(SCHumPEtER, 1997).                                            A sociologia passa a ser introduzida nos estudos
A questão das mudanças descontínuas que acarretariam           organizacionais com o estabelecimento da escola das
o afastamento da economia de seu ponto principal de            relações humanas, cujo trabalho mais relevante é de
equilíbrio voltou a ser alvo dos estudos de Schumpeter,        Mayo (1949). A escola busca o foco no indivíduo como
que, anos mais tarde, relacionou o fenômeno ao que             possuidor de necessidades psicológicas e sociais,
denominou “destruição criativa” (SCHumPEtER,                   determinantes na cooperação do empregado para
2003). Para ele, as inovações na economia seriam               atingir os fins da organização (CLEGG, 1998). Como
responsáveis por uma destruição completa das regras            sociólogo, Tom Burns provavelmente foi influenciado por
do jogo anteriormente definidas, estabelecendo uma             essa escola, ao afirmar que os primeiros trabalhos que
nova realidade no mesmo lugar. mesmo que ainda                 deram origem à sua publicação mais famosa objetivavam
num cunho predominantemente macroeconômico,                    o estudo das organizações como “comunidades de
essa obra também foi fonte de grande influência para           pessoas no trabalho” (BuRNS; StALKER, 1968). Esse
os posteriores estudos de gestão da inovação, como             objetivo se ampliava à medida que os autores percebiam
será apresentado no decorrer deste paper. dado que             ser impossível conceber tal estudo sem considerar o
a teoria do desenvolvimento econômico só veio a ser            ambiente externo das organizações.
traduzida para o inglês em 1934, de alguma forma pode-         Ao conduzir um estudo preliminar em duas organizações
se considerar a abordagem da “destruição criativa”, em         do ramo de engenharia, dois pontos centrais emergiram:
obra publicada em 1943, um incremento importante à             o primeiro residia na observação de que as estruturas
teoria do desenvolvimento econômico. Ela pode inclusive        organizacionais analisadas estavam bem condizentes com


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a estrutura proposta pela teoria clássica, especialmente       inglesas da indústria de eletrônicos, dando origem a um
em relação à rigidez. o segundo, no fato de que as             terceiro estudo, cuja pesquisa foi conduzida com oito
estruturas de pesquisa e desenvolvimento (P&d) dessas          empresas. diferentemente das empresas escocesas
empresas estavam orientadas para solução de problemas,         previamente analisadas, estas se caracterizavam
sem poder dar a devida atenção a projetos de longo prazo.      por maior comprometimento com o desenvolvimento
Essas constatações serviram de pano de fundo para um           tecnológico no ramo da eletrônica. Esse novo estudo
segundo estudo conduzido junto a empresas escocesas            propiciou insights mais profundos sobre a caracterização
do ramo da engenharia eletrônica.                              e a diferenciação entre os dois modelos de gestão
                                                               apresentados, além de reforçar a opinião dos autores
Nesse segundo trabalho, Burns e Stalker focaram no
                                                               de que as relações humanas e os códigos de conduta
estudo de cinco empresas pertencentes ao conselho
                                                               (envolvendo questões como poder, hierarquia, controle
escocês chamado electronics scheme, que visava
                                                               etc.) praticamente definem as próprias organizações
facilitar o acesso de empresas escocesas a recursos
                                                               (BuRNS; StALKER, 1968).
e técnicas certos no setor de eletrônicos, e ajudá-
las também no processo de comercialização dessas               Ao introduzir a variável ambiente como principal
novas soluções (BuRNS; StALKER, 1968). dessa                   contingência a ser considerada nos estudos
forma, o contexto em que as organizações foram                 organizacionais e propor um modelo orgânico ideal para
analisadas era o de significativa mudança, de um               a gestão em ambientes caracterizados pela inovação,
ambiente antes caracterizado pela maior estabilidade,          Burns e Stalker avançaram de forma significativa. Desde
com amplo conhecimento de tarefas técnicas e                   a teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter,
comerciais da organização, para um ambiente de                 que introduziu a inovação como um fator gerenciável
incerteza, caracterizado pelo dinamismo e pela                 e, em consequência, a necessidade da abordagem do
instabilidade constantes, principalmente proporcionado         tema nos estudos organizacionais, a obra clássica da
por avanços tecnológicos e pela inovação. Assim, os            teoria contingencial foi a primeira a tratar a gestão da
autores propuseram sistemas que se adequassem e                inovação de uma forma mais abrangente. A obra se
respondessem às contingências impostas por cada um             traduziu numa significante contribuição ao paradigma
desses ambientes. os sistemas de gestão “mecânicos”            schumpeteriano explicitado anteriormente, sendo o
propiciaram uma estrutura organizacional própria a             primeiro trabalho a propor uma estrutura de gestão
ambientes estáveis, e os sistemas “orgânicos”, por sua         diferenciada nas organizações com o objetivo de torná-
vez, definiram estruturas voltadas para ambientes de           las mais inovadoras. Além disso, tratou de reaver a
mudança e incerteza, caracterizados pelo constante             mudança e a incerteza como fatores influenciadores
processo de inovação (BuRNS; StALKER, 1968).                   do processo de inovação, como também já tratado na
                                                               obra de Schumpeter. Nota-se que, embora fizessem
No modelo mecanicista, as tarefas são quebradas
                                                               parte de um campo de estudo distinto do abordado
em tarefas especializadas, e os métodos e poderes
                                                               pelo austríaco, direcionado à macroeconomia, Burns e
associados a cada função, bem definidos. A interação
                                                               Stalker (1968) trataram de adicionar novos e relevantes
com a gestão tende a ser vertical, de superior para
                                                               fatos ao paradigma preestabelecido, no processo de
subordinado, e a hierarquia é clara e bem estabelecida.
                                                               desenvolvimento da ciência normal (KuHN, 1996) da
A informação é filtrada e não é disponibilizada a todos,
                                                               gestão da inovação.
através de um processo de controle contínuo. Já no
modelo orgânico, as tarefas são realizadas à luz da            Além disso, outra grande contribuição – geralmente
organização, tendo seus fins considerados como um              atribuída a Burns e Stalker consiste na disseminação
todo, ou seja, elas não são especializadas. Não há clara       do campo da teoria contingencial, cujos primeiros
definição de funções, métodos, tarefas e poderes. Estes        trabalhos relevantes foram Skinner (1953) e Woodward
são redefinidos constantemente conforme o contexto e as        (1958), mas que só viria a tomar corpo com Burns e
mudanças se apresentam. A interação e a comunicação            Stalker (1968), responsáveis pelo enunciado seminal
são tanto laterais quanto verticais, e os poderes são mais     que iniciou essa abordagem (CLEGG, 1998). A análise
descentralizados (BuRNS; StALKER, 1968).                       conceitual desses trabalhos e de seguidores dessa teoria
                                                               focou em como os diferentes graus de incerteza das
os autores identificaram uma enorme inabilidade
                                                               tarefas organizacionais (conforme as características de
das empresas em adaptar seus sistemas de gestão
                                                               estabilidade ou instabilidade ditadas pelo fator tecnológico
às novas condições a elas impostas, principalmente
                                                               do ambiente onde essas organizações estiverem
na transição de modelos mecanicistas mais rígidos
                                                               inseridas) deveriam influenciar a escolha por diferentes
para outros mais orgânicos e, portanto, mais flexíveis
                                                               estruturas e sistemas de gestão (CLEGG, 1998). As
(BuRNS; StALKER, 1968). Esses resultados foram
                                                               contribuições do trabalho de Burns e Stalker (1968), assim
apresentados na inglaterra junto a grandes empresas

          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                            8
como outras obras relevantes da teoria contingencial que       Nesse modelo, os ciclos de vida de inovações
serão apresentadas a seguir, muito fizeram, por estender       de processos e produtos sugerem um padrão de
a amplitude do paradigma aqui defendido. A busca               deslocamento ao longo do amadurecimento das
por novos fatos – orientados basicamente por estudos           organizações, de inovações radicais para incrementais
empíricos – nos ajuda a configurá-la como esforços             e daquelas associadas a produtos para processos. o
relacionados à segunda fase da ciência normal, aqui            desenvolvimento passaria por três fases, que influenciam
previamente explorada (KUHN, 1996).                            de forma diferenciada as empresas, o mercado, os
                                                               recursos e as capacitações necessárias para a geração
Nesse sentido, Lawrence e Lorsch (1967) determinaram
                                                               e propagação das inovações. Nota-se que, além de
que a taxa de mudança ambiental afeta a diferenciação
                                                               trabalharem a questão das inovações de produto e
e a integração da organização, de modo que taxas
                                                               processo, introduzidas na teoria schumpeteriana, eles
elevadas de mudanças ambientais exigem que certas
                                                               ainda incluíram a diferenciação estratégica e estrutural
áreas da organização enfrentem índices de incerteza
                                                               das organizações ao perseguir inovações incrementais
maiores do que outras e, dessa forma, demandem
                                                               ou radicais. mesmo com algumas diferenças conceituais,
estruturas mais inovativas. Afirmam ainda que, face às
                                                               podemos identificar, portanto, mais um relevante trabalho
diferenças estruturais e culturais interdepartamentais, as
                                                               que seguiu a lógica central introduzida na teoria do
organizações devem coordená-las através da promoção
                                                               desenvolvimento de Schumpeter (1997).
da maior integração dos seus colaboradores. Além disso,
é importante mencionar que a abordagem contingencial           O trabalho de Utterback e Abernathy (1975), apesar
sinaliza, progressivamente, que o índice de inovação das       de lidar com questões já trabalhadas anteriormente
organizações reflete a competição e concorrência, já que       em outros estudos, alguns deles aqui brevemente
são respostas ao ambiente que as circunda.                     apresentados, já indicava uma tendência a lidar com a
                                                               inovação de uma maneira mais abrangente, ao tratar
outra importante publicação nessa área seria a de
                                                               também aspectos mais funcionalistas de sua gestão.
Woodward (1965), que conduziu um estudo quantitativo
                                                               Rothwell (1992) foi especificamente hábil em entender
e comparativo de organizações manufatureiras,
                                                               essa questão, e seu trabalho será detalhado na seção
seguindo os ditames contingenciais: a tecnologia como
                                                               seguinte.
contingência de operação foi indicada como o elemento
explicativo da estrutura organizacional e, a partir disso,
seria possível aferir sobre a relação de performance,
estrutura organizacional e produção de tecnologia.             O surgimento de modelos dinâmicos de
mintzberg (1979), uma das mais reconhecidas obras
                                                               gestão da inovação
nesse campo de estudo, em concordância com seus
predecessores, contribuiu muito para a concepção sobre         o legado da obra de Schumpeter para a gestão da
a adaptação estrutural face às contingências ambientais.       inovação continuava a dar bons frutos, uma vez que a
Para tal, propôs uma nova taxonomia que contava                quantidade de trabalhos que estudavam essa temática
com cinco arquétipos sobre a configuração básica das           cresceu bastante nos anos de 1970 e 1980. Como vimos
estruturas organizacionais, com diferentes potenciais          aqui anteriormente, a abordagem da gestão da inovação
inovativos, e onde cada organização poderia ser                era basicamente focada em uma lógica estruturalista, que
enquadrada em uma delas, segundo a maior similaridade          buscava identificar sistemas ideais para as organizações
com suas características primordiais.                          lidarem com ambientes mais propícios à inovação. Apenas
                                                               na segunda metade da década de 80 uma ênfase mais
Contemporâneos a Mintzberg, Utterback e Abernathy
                                                               funcionalista passou a ser introduzida, cujos trabalhos
(1975) não necessariamente se encaixam na teoria
                                                               buscavam entender questões menos estratégicas e,
contingencial. Sua presença neste estudo é justificada
                                                               portanto, mais rotineiras nesse processo (RotHWELL,
pela relação aparentemente próxima com o paradigma
                                                               1992). A partir desse momento, os modelos de gestão
schumpeteriano que aqui se defende. os autores
                                                               da inovação passavam a reconhecer a importância
recorreram a dados empíricos de cinco indústrias
                                                               gestora não só na escolha de modelos gerenciais e
diferentes, apontando que as teorias contingenciais
                                                               estruturas ideais, mas também no gerenciamento de
anteriores consideraram os fatores que afetam a inovação
                                                               processos internos e outras ferramentas com o objetivo
sob uma perspectiva fixa, sem uma dimensão dinâmica.
                                                               de facilitar a inovação organizacional, o que corrobora
Nesse sentido, visaram romper com tal tendência
                                                               para a visão dos empreendedores como indutores
analítica, criando um modelo no qual a inovação de
                                                               principais do processo (SCHUMPETER, 1997). Roy
processos, produtos, estrutura organizacional e ambiente
                                                               Rothwell foi um dos primeiros teóricos a perceber essa
competitivo interagem e se correlacionam.
                                                               nova abordagem.


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Rothwell (1992) analisa, inicialmente, as principais          quando ele discorre sobre as estratégias corporativas,
características do processo de inovação das                   já que ficava cada vez mais evidente que a inovação
organizações desde os anos 1950 até os anos 1990,             derivaria de uma rede de companhias interagindo em
conforme os teóricos do assunto, em suas respectivas          uma multiplicidade de maneiras (miLES; SNoW, 1986,
épocas. As primeiras duas gerações de modelos                 apud ROTHWELL, 1992). Exemplos bem-sucedidos
de inovação apresentadas por Rothwell (1992) se               da inclusão de fornecedores nos estágios iniciais do
caracterizavam por uma visão linear do processo, numa         desenvolvimento de automóveis na indústria japonesa
relação de causalidade entre as empresas e o mercado.         confirmavam essa nova realidade (GRAVES, 1987, apud
A primeira delas, iniciada na década de 50 e centrada         RotHWELL, 1992).
no termo “technology-push” (RotHWELL, 1992), se               A quarta e quinta gerações de Rothwell, que representavam
baseava na oferta tecnológica como a grande indutora          o momento em que a inovação passava a ser vista de
da inovação nas organizações, o que representa uma            uma forma mais sistêmica nas organizações se valendo
visão bastante semelhante à introduzida por Schumpeter        de aspectos estruturalistas e funcionalistas da gestão do
(1997). As outras etapas do processo inovativo viriam         processo, eram cada vez mais disseminadas em meados
de forma lógica e sequencial, como o P&d industrial,          da década de 80. Valendo-se dessas novas premissas,
a engenharia e a manufatura (RotHWELL, 1992).                 um dos principais estudos empíricos de gestão de
Nota-se que, até então, o mercado era visto como um           inovação a partir de modelos integrados e sistêmicos foi
receptor passivo do resultado dos esforços tecnológicos       conduzido por um grupo de professores e pesquisadores
das empresas. Para o autor, essa visão evolui na              associados à universidade de minnesota.
segunda geração de modelos de inovação (década
                                                              Esses estudos se baseavam em uma definição central
de 1960), a partir de uma ênfase maior no papel do
                                                              do processo de inovação como “o desenvolvimento e
mercado consumidor como o lado proativo da relação.
                                                              implementação de novas ideias por indivíduos que, por
A pesquisa e o desenvolvimento atuariam captando
                                                              um período determinado de tempo, se envolvem em
necessidades desse mercado, o que justifica o uso do
                                                              transações com outros indivíduos em um determinado
termo “market-pull” (RotHWELL, 1992).
                                                              contexto institucional” (VAN DE VEN, 1986). A definição,
A linearidade dos modelos de inovação deu lugar a uma         de escopo mais genérico, indica a intenção de
visão diferente a partir dos anos 1970, representada          abordar as inovações técnicas (novas tecnologias,
pela terceira geração no trabalho de Rothwell.                produtos e serviços) juntamente com as inovações
Na terceira geração, os teóricos viam a ciência, a            administrativas (novos procedimentos, políticas e
tecnologia e o mercado de maneira mais integrada,             modelos organizacionais), corroborando com a inclusão
criticando os modelos anteriores pela sua simplicidade        da visão funcionalista. Segundo o autor, os quatro fatores
excessiva (ROTHWELL, 1992). Apenas na segunda                 básicos inseridos no conceito de inovação acima (ideias,
metade da década de 80 é que a visão linear passaria          pessoas, transações e contexto institucional) e a relação
a ser preterida. Essa possível ruptura foi justificada        deles entre si indicam quatro questões ou problemas
pelo autor através da adoção de um entendimento               centrais à gestão da inovação: o problema humano
da inovação como um processo que envolveria                   do gerenciamento da atenção (foco); o processual da
simultaneamente elementos de P&d, prototipagem e              aceitação e transformação de ideias em inovações; o
manufatura, enquanto a visão anterior apontava para           estrutural da gestão entre as partes do processo e o
uma ordem sequencial de etapas, com as unidades               processo de inovação como um todo e o estratégico da
atuando em momentos distintos o que caracterizou              liderança institucional (VAN dE VEN, 1986).
a quarta geração de modelos de inovação, segundo              o gerenciamento da atenção nas organizações,
Rothwell (1992). Na quarta geração, caracterizada             anteriormente pesquisado por Van de Ven e Hudson
pelos modelos dinâmicos, ou integrados (RotHWELL,             (1985), estaria relacionado ao trade-off vivido diariamente
1992), também fica clara a inserção da importância das        pelas pessoas em direcionar sua atenção entre o
parcerias para o desenvolvimento em conjunto.                 complexo e o rotineiro, duas direções assumidamente
Como proposta, o autor traz uma evolução idealizada           opostas. os autores chegaram à conclusão, baseados
do modelo integrado, cujas novas características              em uma literatura de psicologia cognitiva, de que uma
incorporadas estariam atreladas, principalmente, às           visão mais realista da inovação deveria considerar
redes de colaboração por softwares de ti e parcerias          limitações psicológicas dos seres humanos em lidar
entre organizações distintas e relações com os                com questões não rotineiras, influenciados pela inércia
fornecedores, clientes e mercado como um todo o               das organizações. Ao trabalhar o problema da aceitação
que configuraria assim a futura quinta geração. Essa          de ideias na gestão da inovação, Van de Ven (1986)
abordagem também é utilizada por Rothwell (1992)              destacou o papel das pessoas nessa questão. Na


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análise, o autor expôs ideias de Schon (1971), que             além de outros pontos de sua teoria aqui já debatidos,
detalhou as várias etapas do processo de aceitação de          foi relembrado e até aprofundado em vários autores
ideias com foco em políticas públicas, apresentando            que percorreram o caminho do estudo da inovação nas
resultados valiosos também para o setor empresarial.           organizações ao longo do tempo. As obras de Rothwell e
Fica claro que é o foco central nas ideias que proveria        Van de Ven expostas nesta seção também demonstram
um veículo para os antes isolados, desconectados e             esforços de extensão do paradigma schumpeteriano
competitivos stakeholders contribuírem para o processo         conforme a ciência normal de thomas Kuhn, que serve
de inovação (VAN dE VEN, 1986).                                como base metodológica desse referencial teórico. Além
Além de trabalhar as duas problemáticas citadas, também        disso, essa fase de ciência normal, caracterizada pela
foi explorada uma terceira questão, a das transações           complementaridade teórica às premissas do paradigma
entre diferentes pessoas, departamentos, unidades              schumpeteriano, permanece em trabalhos mais recentes
e organizações envolvidas no processo de inovação,             e não menos relevantes. Nesse sentido, será exposta,
desde a concepção da ideia até sua implementação. o            a seguir, uma análise das obras de Christensen e tidd,
que Van de Ven (1986) chamou de transações seriam              também sob a luz dos preceitos de Schumpeter.
as relações de negociações e trocas existentes entre
essas partes à medida que a inovação toma seu curso.
Ele concluiu que talvez o mais significante problema           A continuidade da fase de ciência normal:
estrutural então vivido pelas organizações seria o             a análise de obras mais recentes de gestão
gerenciamento das relações entre as partes e o todo.
o quarto problema detalhado trata da importância do            da inovação
contexto extraorganizacional (RUTTAN; HAYAMI, 1984,            Atualmente, quando se debate a gestão da inovação e
apud VAN dE VEN, 1986). Nesse ponto é detalhado                se discute, por exemplo, a diferença entre estratégias
o papel de uma liderança institucional que proponha            (ou estruturas organizacionais) melhor orientadas para
estratégia, estrutura e sistemas internos que reajam bem       perseguir inovações incrementais ou radicais, nem
ao ambiente externo e sirvam como facilitadores para a         sempre se questiona de onde vieram essas ideias e
inovação. o autor usa o termo “supportive leadership”          quando, mais especificamente, elas foram primeiramente
e garante que havia um reconhecimento crescente no             introduzidas na literatura. Conforme percorremos a obra
papel da liderança nesse sentido. Essa quarta questão          de Schumpeter (1997), percebemos que alguns desses
tratada por Van de Ven o aproxima do ponto de vista mais       preceitos, mesmo que em uma roupagem ainda mais
estruturalista da sua obra, embora a ênfase tenha sido         básica e genérica, já haviam sido tratados pela academia.
claramente no funcionalismo da gestão da inovação.             um dos autores que conseguiu tratar essa temática de
A característica basicamente funcionalista da obra de Van      forma bastante intuitiva foi Christensen (2001).
de Ven também o coloca próximo de algumas premissas            Clayton Christensen ficou bastante conhecido devido à
da teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter,          grande aceitação de sua obra The Innovator’s Dilemma,
na ênfase de implementar e comercializar novas ideias          inicialmente publicada em 1997. o objetivo principal
na forma de produtos e serviços que os consumidores            dessa obra era investigar o motivo de empresas líderes
não estão acostumados a utilizar. Embora Schumpeter            em seus setores fracassarem diante do aparecimento de
(1997) não tenha respondido como deveria ser gerido o          novas tecnologias introduzidas no mercado. Essas novas
processo de geração e implementação de novas ideias            tecnologias estavam intimamente ligadas a uma nova
no mercado, ele aparentemente compartilhava do ponto           percepção por parte dos consumidores em relação à
de vista de que a gestão da inovação deveria ir além           maneira como enxergavam produtos e serviços lançados
da escolha de sistemas e estruturas organizacionais            no mercado.
que a facilitassem. Esse trabalho de Van de Ven e sua
                                                               Embora aparentemente seus estudos tenham focado
equipe aqui analisado foi norteador de estudos empíricos
                                                               na inovação tecnológica (seu livro é principalmente
conduzidos em empresas norte-americanas, como a 3m.
                                                               estruturado pelo estudo da indústria de hard disks), a
o grupo analisou algumas inovações desde a criação da
                                                               amplitude do seu conceito de tecnologia – relacionada
ideia até a comercialização do produto ou serviço. Embora
                                                               aos processos organizacionais e produtivos que
os resultados dessa pesquisa tenham sido bastante
                                                               transformam recursos em produtos e serviços de alto
reveladores, nos limitaremos ao modelo que guiou esse
                                                               valor agregado – permite incluí-lo também na área da
estudo, aqui já explicitado cujo debate mais aprofundado
                                                               gestão da inovação organizacional (CHRiStENSEN,
pode ser encontrado em Van de Ven et al. (1999).
                                                               2001). o pilar da obra de Christensen se encontra na
Como vemos, o conceito de Schumpeter (1997) de                 clara diferenciação entre tecnologias incrementais e
inovação como um fator gerenciável nas empresas,               disruptivas. Segundo ele, as tecnologias incrementais


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                          11
dão suporte à melhoria do desempenho de produtos               também aborda o fator de alteração nas “regras do jogo”de
(com dimensões de desempenho que os clientes teriam            um mercado, através de mudanças descontínuas que
historicamente valorizado), enquanto as disruptivas            redefiniriam condições de espaço e limites, promovendo
(podendo ser descontínuas ou caracteristicamente               a necessidade de os atuais ‘jogadores’ se adequarem
radicais) trazem uma proposição de valor distinta da           às novas condições impostas. A relação de sua obra
disponível até então (CHRiStENSEN, 2001).                      com a schumpeteriana vem a ser destacada ao apontar
                                                               características desse processo, o que poderíamos chamar
o autor percorre as características necessárias às
                                                               de uma visão contemporânea de conceitos previamente
empresas para decidirem focar em um ou outro tipo de
                                                               introduzidos e que ainda hoje são atuais:
tecnologia, e ainda expõe as dificuldades em encontrar
organizações ambidestras, que possam lidar com                          Às vezes algo acontece que descola esse
duas situações tão distintas numa mesma estrutura.                      padrão e altera as regras do jogo. Por definição,
Christensen (2001) defende que seja criada uma nova                     não são eventos corriqueiros, mas possuem
organização, distinta da primeira, com estratégia,                      a capacidade de redefinir as condições de
estrutura e objetivos diferenciados, caso a organização                 espaço e limites abrem novas oportunidades,
decida sair de uma visão incremental para outra                         mas também desafiam os jogadores existentes
mais radical, e vice-versa. isso porque a adaptação                     a remodelarem o que estão fazendo à luz de
aos processos e rotinas organizacionais – que antes                     novas condições. É o processo de destruição
visavam à eficiência operacional e administrativa                       criativa (tidd, 2008).
para uma nova realidade de inovações disruptivas,
ou vice-versa – seria bastante lenta e trabalhosa, o
que causaria perda da liderança de mercado. Essa               As semelhanças de tidd (2008) com preceitos da
extrema dificuldade leva a um patamar que indica a             teoria schumpeteriana do desenvolvimento econômico
maior facilidade de novos entrantes do mercado em              não param por aí. Além de classificar a inovação em
entenderem melhor as novas regras estipuladas pelas            tipos, como a inovação de produto e a de processo, já
tecnologias disruptivas, e se aproveitarem dessa               antecipadas por Schumpeter quando abordou o tema
nova versão do ambiente competitivo em que elas se             na roupagem das “novas combinações”, ele ainda cita
encontram (CHRiStENSEN, 2001).                                 mais dois tipos de inovação, que seriam de posição e
                                                               paradigma (tidd, 2008). Esse último caso visa trabalhar
mesmo que o autor tenha tratado de forma bem
                                                               as mudanças descontínuas num cenário competitivo,
mais detalhada tópicos anteriormente levantados por
                                                               que, como colocaria Schumpeter (1997), tende ao
Schumpeter (1997), assim como novas proposições
                                                               afastamento de um possível ponto de equilíbrio.
inexistentes na obra schumpeteriana, vemos algumas
pistas claras de que Christensen (2001) tenha contribuído      A inovação de paradigma para tidd tende também
bastante para o paradigma aqui defendido. Chega a              a demonstrar sua tendência à teoria contingencial,
ser curioso o fato de que temas levantados no início           que já havia ficado clara logo em um dos seus
do século passado sejam ainda tão atuais no âmbito             primeiros trabalhos relevantes. Tidd (1993, 2001) trouxe
da gestão da inovação nas organizações. isso pode              anteriormente um modelo de inovação de orientação
também se traduzir no fato de que as contribuições de          contingencial, que, embora também considerasse alguns
Christensen provavelmente configuraram uma extensão            aspectos funcionalistas de gestão, tendia a considerar
de conhecimento e incorporação de novos fatos ao               a incerteza e a complexidade como as duas grandes
paradigma, embora não tenham atingido a terceira               contingências que afetariam o processo inovativo das
fase dos preceitos de Kuhn de rearticulação empírica           organizações. Esses preceitos vieram a ser confirmados
e teórica, no estágio que antecederia a revolução              pelo autor através da consideração de que não existiria
paradigmática, que negaria as premissas previamente            uma forma ideal de se gerir a inovação, uma vez
introduzidas por Schumpeter.                                   que as organizações se situam diante de diferentes
                                                               oportunidades tecnológicas ou mercadológicas, que
Na mesma linha de trabalho, principalmente em relação
                                                               restringiriam as opções gerenciais (tidd, 2008).
a questões de inovações incrementais, disruptivas e a
um maior potencial dos novos entrantes no mercado              Como aqui fica claro, é possível citar vários links entre
gerarem maior disrupção, surgia o trabalho de Joseph           as obras de Christensen e tidd com o trabalho de
tidd, que defendia premissas no mínimo semelhantes             Schumpeter, que os precedeu em quase um século.
às propostas por Christensen. Tidd (2008) afirmou que          Aqui não procuramos defender a tese de que se trata
a maneira como lidamos com a mudança incremental               de reaproveitamento teórico ou até mesmo replicação
diária deve ser diferente daquela utilizada quando lidamos     de um modelo, mas sim a de que Joseph Schumpeter
com mudanças radicais em produtos ou processos. Ele            teria realmente influenciado obras posteriores a ele


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através do que consideramos o estabelecimento de um            pela teoria do desenvolvimento econômico de
paradigma. Ao tratar as diferentes obras aqui detalhadas,      Schumpeter.
fica a real sensação do entendimento dos trabalhos pós-
schumpeterianos como pertencentes à ciência normal
(KuHN, 1996) da gestão da inovação.
                                                               Referências
                                                               BuRNS, t.; StALKER, G. the Management of innovation.
                                                               Londres: tavitock Publications, 1968.
Considerações finais
                                                               CLEGG, S. Handbook de estudos organizacionais:
Com o estudo das diferentes propostas e a evolução
                                                               modelos de análise e novas questões em estudos
dos modelos de gestão da inovação que surgiram na
                                                               organizacionais. São Paulo: Atlas, 1998. v. 1.
literatura ao longo do tempo, fica claro que o foco de
análise também mudou. de um ponto de vista mais                CHRiStENSEN, C. O dilema da inovação. São Paulo:
estruturalista e estratégico, que dominou dos anos             makron Books, 2001.
de 1950 aos de 1970 e 1980, até o surgimento de                FAYOL, H. General and industrial management, 1949.
modelos que incluíram aspectos mais funcionalistas
da inovação organizacional, vemos que a abordagem              GRAVES, A. Comparative trends in automotive research
dessa temática se tornou consideravelmente mais                and development. Sussex University, 1987.
abrangente. mas independentemente do foco                      KuHN, t. The scructure of scientific revolutions. the
de análise de cada uma das obras de gestão da                  University of Chicago Press, 1996.
inovação (e aqui buscamos explorar algumas das
mais relevantes), a revisão bibliográfica aqui exposta         LAKAtoS, i. La metodologia de los programas de
mostrou uma série de convergências entre as teorias e          investigación científica. madrid: Alianza, 1989.
modelos de várias obras dessa temática com preceitos           LAWRENCE, Paul R.; LORSCH, Jay William. Organization
estabelecidos por Schumpeter em seus dois trabalhos            and environment: managing differentiation and integration.
aqui detalhados. mesmo que esse fato por si só não             Cambridge: Harvard University Press, 1967.
represente uma replicação ou até mesmo cópia de
                                                               MAYO, E. The Human problems of an industrial
premissas teóricas anteriormente concebidas, ele
                                                               civilization, 1949.
mostra que vários modelos de gestão da inovação pós-
schumpeterianos chegaram a levantar novos fatos e              miLES, R.; SNoW, C. Organizational strategy, structure,
até mesmo a rearticular essas premissas, configurando          and process. New York: McGraw-Hill, 1978.
a fase de ciência normal (KuHN, 1996).                         miNtZBERG, H. The structuring of organizations: a
Valendo-nos da plataforma conceitual de Kuhn (1996),           synthesis of the research. Englewood Cliffs: Prentice-
procuramos identificar a criação de um possível                Hall, 1979.
paradigma estabelecido por Schumpeter: a inovação              PoPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo:
como um fator central às organizações e, mais do               Cultrix, 1972.
que isso, um fator gerenciável. Embora cada obra
aqui analisada possua particularidades, objetivos              SCHumPEtER, J. A teoria do desenvolvimento
e metodologia distintos, chega-se à conclusão de               econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
que esse paradigma realmente existe, o que nos                 SCHumPEtER, J. Capitalism, socialism & democracy.
permite aceitar a gestão da inovação como ciência,             Londres: Routledge, 2003.
que recebeu vários incrementos e contribuições ao
longo do tempo. Embora esses incrementos tenham                RotHWELL, R. development towards the fifth-
ajudado a desenvolver aspectos das fases de extensão           generation model of innovation. Technology Analysis &
do conhecimento previamente estabelecido e o                   Strategic Management, 1992.
levantamento de novos fatos, não chegaram à fase da            RUTTAN, V.; HAYAMI. Toward a theory of induced
ciência normal que levaria à introdução de um novo             institutional innovation. Journal of Development Studies,
paradigma, à rearticulação teórica em cima desses              1984.
conhecimentos anteriormente introduzidos. tal análise
                                                               SCHoN, d. Beyond the stable state. New York: Norton,
traz à tona condições suficientes para afirmarmos que,
                                                               1971.
desde o marco da inovação como fator internalizável
às empresas – e, portanto, gerenciável –, a gestão da          SKiNNER, B. Science and human behavior. New York:
inovação como ciência ainda vive o desenvolvimento             macmillan, 1953.
pautado sobre o paradigma estabelecido em 1911


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                           13
TAYLOR, F. The principles of scientific management,            A pesquisa teve característica descritiva, buscando
1911.                                                          identificar quais situações, eventos, atitudes ou opiniões
                                                               se manifestam em uma determinada população. quanto
TIDD, J. Innovation management in context: environment,
                                                               à temporalidade, trata-se de um estudo de corte
organization and performance. International Journal of
                                                               transversal, ou seja, através da coleta de dados em
Management Review, v. 3, n. 3, p. 169-183, 2001.
                                                               um só momento9. A unidade de análise foi a empresa,
tidd, J. technological innovation: organizational              nesse caso, do ponto de vista de um respondente que
linkages and strategic degrees of freedom. Technology          possua um cargo de alto escalão na organização, como
Analysis and Strategic Management, v. 5, n. 3, p. 273-         diretores e presidentes. A escolha do respondente se
285, 1993.                                                     deu por meio induzido, pela necessidade de a survey ser
                                                               aplicada em alguém que compreenda as principais ações
tidd, J.; BESSANt, J. Gestão da inovação. São Paulo:           relacionadas à inovação planejadas e desenvolvidas
Longman, 2008.                                                 pela empresa em análise. A maioria das 60 empresas
VAN dE VEN, A. Central problems in management of               participantes foi visitada considerando-se práticas do
innovation. Management Science, 1986.                          método de observação direta.

VAN dE VEN, A.; HudSoN, R. managing attention                  A pesquisa de campo também contou com entrevistas
to strategic choice. In: PENNiNGS, J. (Ed.). Strategic         presenciais semiestruturadas, com instituições distintas
decision making in complex organizations. San Fancisco:        das que compuseram o grupo de análise, resultando
Jossey-Bass, 1984.                                             na confecção de casos que se encontram no anexo
                                                               deste documento. A coleta de dados, que ocorreu entre
VAN DE VEN, A.; POLLEY, D.; GARUD, R.;                         os meses de agosto e dezembro de 2009, também
VENKAtARAmAN, S. The innovation journey. Oxford:               contou com dados secundários, como documentos
Oxford University Press, 1999.                                 e material publicitário das empresas estudadas e
                                                               pesquisas realizadas anteriormente no tema inovação
WoodWARd, J. Management and technology. Londres:
                                                               organizacional por instituições como Anpei, iBGE e
HmSo, 1958.
                                                               ABdi10.
WoodWARd, J. Industrial organization: theory and
practice. Londres: Oxford University Press, 1965.
UTTERBACK, W.; ABERNATHY, J. Patterns of industrial            Instrumento de pesquisa
innovation. Technology Review, p. 40-47, 1978.
                                                               o instrumento de pesquisa escolhido para a realização
                                                               da survey foi o questionário, com uso da estratégia
                                                               de entrevista pessoal. Esse questionário apresentou
mEtodoLoGiA                                                    uma abordagem quantitativa e qualitativa, através de
                                                               questões abertas e fechadas. A escolha do questionário
A fase de pesquisa de campo do projeto “de minas               se deve ao grande número de empresas entrevistadas.
para o mundo e do mundo para minas” foi centrada,              Como foram aplicados através de entrevista pessoal,
principalmente, na realização de uma survey. Por               também foi possível a utilização de métodos de
definição, a survey se relaciona à obtenção de dados           análise de discurso, que colaboraram para o melhor
e informações de um grupo de pessoas, representante            entendimento do tema nas organizações estudadas. As
de uma população-alvo, através de um instrumento de            questões do questionário foram divididas em oito blocos.
pesquisa7. Esse método é considerado apropriado devido         A escolha do tipo de questão se deve à característica
ao objetivo de se entender “como” se dá o processo de          de cada um dos temas tratados, conforme debatido
inovação nas organizações pesquisadas. Através dela,           no referencial teórico anteriormente apresentado. os
tenta-se chegar à descrição, à explicação e à exploração       blocos foram:
do fenômeno em estudo, no caso a inovação8. Além
disso, o objeto de estudo ocorre no presente, uma vez              1. Caracterização da empresa - questões abertas e
que se deseja obter uma fotografia do cenário atual                   fechadas (dicotômicas e de múltipla escolha)
dessas empresas em relação à gestão da inovação.
                                                                   2. Estratégia de inovação - questões fechadas com
                                                                      uso de escala de classificação (Likert)
7
  FREITAS, Henrique. O método de pesquisa survey. Revista
de Administração da USP, São Paulo, 2000.                      9
                                                                 FREITAS, Henrique. O método de pesquisa survey. Revista
8
  BAPtiStA, makilim; CAmPoS, dinael. Metodologias de           de Administração da USP, São Paulo, 2000.
Pesquisa em Ciências. Rio de Janeiro: LtC, 2009.               10
                                                                  ABdi. Sondagem de inovação, 2010.


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                          14
3. Cultura organizacional - questões fechadas com          Inovação como opção estratégica
       uso de escala de classificação (Likert)
                                                               A gestão da inovação requer uma atuação de forma
    4. Gestão da inovação - questões abertas e                 integrada, considerando-se que a empresa é um
       fechadas dicotômicas                                    sistema de aprendizado dinâmico, estruturada com
    5. Processos - questões fechadas em escala de              base no conhecimento e comprometida, dentre outros,
       múltipla escolha                                        com a inovação sustentável. No entanto, há um dilema
                                                               empresarial: a importância primordial de definir quais são
    6. indicadores - questões abertas e fechadas
                                                               as aspirações estratégicas organizacionais, buscando
       dicotômicas
                                                               não apenas incluir a inovação como um dos aspectos
    7. Competências, conhecimentos e tecnologias               fundamentais, mas integrá-la e adaptá-la às demais
       -questões abertas                                       orientações estratégicas.
    8. Barreiras para inovar - questões fechadas com           A empresa deve, portanto, buscar empreender
       uso de escala de classificação (Likert)                 os objetivos previstos com base no planejamento
                                                               estratégico da inovação, que consiste na definição
                                                               clara de estratégias, planos, objetivos, investimentos
Embora capte também informações em temas como
                                                               a serem realizados e indicadores de desempenho.
competências, conhecimentos, tecnologias e barreiras
                                                               No que tange a estratégias tecnológicas, Freeman
para inovar, o questionário foi basicamente orientado
                                                               (2000) classifica-as como imitativas, dependentes,
pelo modelo FdC de inovação. o modelo de inovação
                                                               tradicionais, ofensivas, defensivas e oportunistas;
como ferramenta estratégica, desenvolvido pelos
                                                               identificações que, embora generalizem uma gama
pesquisadores do Núcleo de inovação da FdC, surgiu
                                                               infinita de possibilidades, podem ser consideravelmente
da observação de melhores práticas e do relacionamento
                                                               úteis para os gestores. Porter (1980) destaca que a
com empresas inovadoras que operam no Brasil.
                                                               estratégia consiste, essencialmente, na relação entre a
inspirado em alguns importantes autores trabalhados no
                                                               empresa e o ambiente externo, definindo cinco forças,
referencial teórico já explanado, o modelo apresenta um
                                                               ancoradas no modelo estrutura-conduta-desempenho.
processo integrado de gestão da inovação, baseado nas
                                                               dessas forças, a inovação impacta apenas em uma, a
decisões estratégicas da organização. incorpora, ainda,
uma visão sistêmica, promovendo a integração das               “rivalidade competitiva”, assegurando a competência
diversas áreas da empresa e dos níveis estratégico, tático     distintiva que a capacitará a oferecer melhores produtos
e operacional. Nessa proposta, os elementos essenciais         que a concorrência12.
para o processo de inovação são: inovação como opção           Segundo Prahalad e Hamel (1990), o desafio gerencial
estratégica; cultura de inovação; estrutura e sistema de       mais crítico a ser considerado pelos elaboradores
gestão (incluindo indicadores) e processos11.                  das diretrizes estratégicas é criar produtos que os
                                                               consumidores precisam, mas ainda não imaginaram,
                                                               a partir do estímulo às competências que possibilitem
                                                               concebê-los, antecipá-los. A concepção supracitada
                                                               está, de certo modo, em concordância com o
                                                               pensamento de Platão (1997): “A necessidade é a mãe
                                                               da invenção”. Veblen (1965), no entanto, inverte a frase,
                                                               demonstrando que o processo de criação de produtos
                                                               forja a preferência de consumo, através de emulação
                                                               e propagandas.
                                                               Numa visão ampliada, a inovação é fruto de um
                                                               trabalho multifuncional e multidisciplinar que envolve,
                                                               em seu processo, portanto, as áreas de marketing,
                                                               produção, finanças, pesquisa e desenvolvimento,
                                                               além dos clientes, parceiros e fornecedores. torna-se
                                                               nítida, dessa forma, a importância de a formulação da
Figura 1 - modelo FdC de inovação                              estratégia de inovação estar totalmente alinhada com a
                                                               visão estratégica da empresa, com nove percepções de
11
   ARRudA, Carlos; RoSSi, Anderson; SAVAGEt, Paulo.
Investigando a gestão da inovação, suas particularidades e     12
                                                                  tidd, Joseph; BESSANt, Paul. Gestão da inovação.
práticas organizacionais contemporâneas, 2009.                 Longman, 2008.


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                           15
âmbito interno e externo, sejam elas setoriais, regionais      propensão a criação, mobilização e interação entre
ou internacionais13.                                           conhecimentos tácitos e explícitos, assim como a sua
                                                               transmissão pela organização18. Essa propensão não
destaca-se o papel fundamental do empreendedor,
                                                               corresponde apenas a uma característica intrínseca à
que deve estar apto a criar um ambiente favorável à
                                                               personalidade, pode ser estimulada através de um clima
inovação e assumir os seus riscos, atuando não apenas
na busca de oportunidades inovadoras, mas também na            favorável à inovação, no qual as pessoas se sintam
gestão dos recursos internos, com o intuito de reduzir         confortáveis para criar – embora moldar a cultura, uma
obstáculos, definir diretrizes, orientar os funcionários       complexa rede de comportamentos e artefatos, seja
para o novo empreendimento, criar uma cultura de               uma tarefa árdua e gradual 19. destacam-se, dessa
inovação, construir e alinhar a estratégia de inovação         forma, a importância e os impactos das especificidades
aos processos corporativos, além de difundir os novos          da cultura organizacional na conformação do processo
conhecimentos14.                                               de inovação, assim como a dificuldade de moldar um
                                                               elemento tão subjetivo e dinâmico para atender aos
                                                               objetivos estratégicos.

Cultura de inovação                                            A cultura organizacional pode inibir ou estimular a
                                                               tendência à inovação. Entretanto, identificar isoladamente
No entanto, para estimular a inovação em uma                   uma cultura e atribuir a ela a receita do sucesso
organização não basta, apenas, definir sua importância         ou fracasso constitui um grande erro, pois exprimir
na posição estratégica e alocar capital e esforços             os impactos da cultura em fórmulas empresariais
à produção de conhecimento: é imprescindível que               desconsideraria as peculiaridades inerentes a cada
a cultura e o clima organizacionais estabeleçam as             organização20. O que podemos afirmar é que a cultura
estruturas informais favoráveis à busca pela inovação          pró-inovação, independentemente das peculiaridades,
e à manifestação criativa15.                                   deve ser orientada em direção à estratégia da empresa:
A cultura organizacional corresponde ao padrão de              assumir os riscos intrínsecos à promoção da inovação,
comportamento adotado pela corporação e inclui não             além de eliminar ou reduzir barreiras às manifestações
apenas normas, valores, crenças e premissas dos                criativas – num ambiente onde os funcionários se sintam
colaboradores, mas ainda todas as formas institucionais        instigados e livres para explorar e gerar conhecimento,
que orientam e governam as atitudes rotineiras e a             sem medo de punições.
tomada de decisões definindo, portanto, as normas e
os valores dominantes na organização16. As práticas da
empresa são, dessa forma, influenciadas pela cultura
organizacional. Concomitantemente, ao desenvolver              Estrutura e sistemas de gestão
determinado padrão de comportamento, os membros
                                                               diante dos diversos desafios organizacionais à
solidificam as bases culturais da organização. Trata-          manifestação criativa e ao surgimento de inovações,
se, portanto, de um sistema no qual a rotina da                torna-se imprescindível, adequar sua estrutura às
empresa é inspirada na cultura, ao mesmo tempo em              exigências estratégicas. Para o sucesso da gestão da
que estabelece as suas características e diretrizes. É         inovação, é imperativa a definição dos seus responsáveis,
importante destacar, sobretudo, que uma cultura só é           com o estabelecimento da equipe que implementará
enraizada caso haja consenso e intensidade no que              a gestão integrada da inovação, atuando com alta
tange às práticas organizacionais17.                           representatividade diante dos demais colaboradores da
Cada empresa possui uma cultura própria, com                   empresa21. É importante destacar a importância da mais
características peculiares, diferenciada de qualquer outra     ampla compreensão da natureza do processo inovativo,
entidade, na medida em que reflete as especificidades          assim como os interesses e as particularidades de cada
de cada membro, além dos valores imbuídos pelo time            organização. Portanto, o trabalho de profissionais com
gerencial. Para inovar, os membros devem manifestar            expertise nesse ramo propicia a melhor orientação
                                                               de todos os processos e etapas vinculados à gestão
13
  tiGRE, Paulo. Gestão da inovação: a economia da tecnologia
no Brasil. Rio de Janeiro, 2006.                               18
                                                                  NoNAKA, i.; tAKEuSCHi, H. The knowledge creating
14
  dRuCKER, Peter. Inovação e espírito empreendedor: práticas   company, 1995.
e princípios, 2002.                                            19
                                                                  tidd, Joseph; BESSANt, Paul. Gestão da inovação.
15
   tEECE, d. Capturing value from knowledge assets, 1998.      Longman, 2008.
16
   SCHEiN, E. Organizational culture and leadership. San       20
                                                                  O’ REILLY, C. Corporations, culture and commitment, 1989.
Francisco, 1992.                                               21
                                                                  NoNAKA, i.; tAKEuSCHi, H. The knowledge creating
17
   O’ REILLY, C. Corporations, culture and commitment, 1989.   company, 1995.


          Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105                                                            16
Relatório de pesquisa - De Minas Para o Mundo, do Mundo Para Minas
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  • 2. SumáRio Introdução …………………………………………………………3 Pesquisa: Gestão da Inovação em grandes empresas mineiras ......................................4 Apresentação .........................................4 Referencial teórico ..................................4 Metodologia .........................................14 Critérios para seleção de projetos............47 Conclusões ..........................................48 Políticas e ações de inovação em Minas Gerais e outras regiões do mundo.......60 O sistema regional de inovação de Minas Gerais .................................................60 Considerações finais ..................................84 Anexos ....................................................89 Minicasos ............................................89 Listagem completa de empresas – universo.............................................102 Listagem completa de contatos..............104 Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 2
  • 3. iNtRodução desde então, vários pesquisadores incorporaram a inovação em seus estudos, ou até mesmo a trataram como tema central, como foi o caso dos autores Burns e e m um ambiente econômico cada vez mais competitivo, grandes potências como os Estados unidos, França, itália Stalker3. No trabalho publicado em 1961, eles analisaram 20 indústrias diferentes na Inglaterra e classificaram os ambientes externos às organizações daquele momento e Reino unido – que ostentaram sua liderança por muitos como “estáveis e previsíveis” e “instáveis e previsíveis”. séculos vêm perdendo espaço para nações emergentes Enquanto os ambientes estáveis exigiam estruturas como Cingapura, Hong Kong, China e Coreia do Sul. organizacionais mais rígidas, portanto mais “mecânicas”, Em 2010, o relatório de competitividade do imd (World ambientes mais instáveis demandariam estruturas Competitiveness Report)1 apresentou Cingapura como flexíveis, que abrissem espaço para a inovação. Sugerindo o país mais competitivo do mundo, seguido de Hong várias características desejáveis às empresas nesse Kong, superando os Estados unidos, que passou para sentido, os autores serviram não só ao desenvolvimento a terceira posição. o Brasil, no mesmo relatório, avança da teoria contingencial das organizações como também também duas posições, passando do 40º para o 38º lugar. influenciaram uma série de outros trabalhos, nas correntes Apesar de alguns fatores como infraestrutura, educação teóricas evolutiva e cognitiva4. e saúde influenciarem negativamente o posicionamento do país no relatório, sua leve melhora no rendimento Já na segunda metade da década de 80, a inovação geral foi atribuída à avaliação da eficiência de seus organizacional passa a ser vista de forma sistêmica, negócios e, principalmente, ao seu desenvolvimento com modelos dinâmicos5 que cobriam não só a ênfase econômico recente e à sua capacidade de superação estruturalista, mas também a funcionalista do tema. isso da crise econômica mundial de 2008. quer dizer que a gestão da inovação compreenderia não só a definição de estruturas e estratégias pró-inovação, A importância do estudo da variável “desenvolvimento” mas também aspectos rotineiros como a geração e na economia, embora aparentemente se situe no âmbito implementação de ideias, a cultura organizacional, macroeconômico, passa essencialmente pelo mundo processos e rotinas do dia a dia, entre outros. o cerne corporativo. A teoria do desenvolvimento econômico de do conceito de modelo sistêmico permanece o mesmo Schumpeter2, cuja primeira publicação data de 1911, hoje em dia. os principais modelos de inovação dos apresenta um novo ponto de vista que coloca a inovação últimos anos tentaram agrupar diferentes combinações como a principal causa de mudanças descontínuas e relações entre essas variáveis com o objetivo de no que ele chamou de “fluxo circular” da economia. entender ainda melhor esse fenômeno. Essas mudanças descontínuas no fluxo circular geram o desenvolvimento econômico. As inovações, o Núcleo de inovação da Fundação dom Cabral também consideradas pelo autor como “novas combinações”, vem tentando compor esse debate. Atuando desde seriam um fenômeno inerente ao meio produtivo e 2003, seus trabalhos de treinamento e parcerias com comercial das organizações. empresas de diferentes tamanhos e setores e pesquisas realizadas no tema permitiram um entendimento teórico e Embora o principal objetivo de Schumpeter na época prático significativo de como a inovação se manifesta nas tenha sido propor uma alternativa aos modelos empresas. Esse entendimento se traduziu na concepção econômicos clássicos da teoria vigente, ele acabou por de um modelo sistêmico de inovação enraizado em estabelecer a inovação como um importante foco de estratégia, cultura organizacional, estrutura e sistemas de estudos, não só na macroeconomia, mas principalmente gestão, processos e indicadores6. Diante da experiência numa abordagem micro, cujo objeto de análise passa do Núcleo de inovação nesse tema, o Governo de minas a ser o empreendedor. Afinal, se o desenvolvimento e a Secretaria de Estado de Ciência, tecnologia e Ensino econômico era basicamente influenciado pela inovação, Superior (Sectes-mG) convidaram, em 2009, a Fundação sendo essa última um fenômeno inerente às lideranças dom Cabral a trabalhar em conjunto no projeto “de minas organizacionais, não é de se espantar que os meios para o mundo e do mundo para minas”. acadêmico e empresarial tenham voltado seus olhares para ela. 3 BuRNS, tom; StALKER, G. m. The management of innovation. Oxford University Press, 1961. 1 WoRLd ECoNomiC FoRum. World Competitiveness 4 tidd, Joseph; BESSANt, Paul. Gestão da inovação. Report. imd, 2010. Longman, 2008. 2 A Teoria do desenvolvimento econômico, de Joseph Alois 5 ROTHWELL, Roy. Sucessful industrial innovation: critical Schumpeter, foi inicialmente publicada na Alemanha, em 1911, factors for the 1990s. R&d management, 1992. e posteriormente traduzida para o inglês, em 1934, quando 6 ARRudA, Carlos; RoSSi, Anderson; SAVAGEt, Paulo. também recebeu pequenas mudanças e incrementos pelo Criando as condições para inovar. Revista DOM, Nova Lima, autor. 2009. Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 3
  • 4. o objetivo desse projeto reside na proposição de políticas PESquiSA GEStão dA públicas que fomentem a atividade inovadora do meio empresarial de Minas Gerais. Para isso, foram definidas iNoVAção Em GRANdES atividades em quatro fases. As fases i e ii se relacionam ao viés “de minas para o mundo”, enquanto as fases iii e EmPRESAS miNEiRAS iV estão relacionadas ao viés “do mundo para minas”. Na fase I, houve extensa revisão bibliográfica sobre a gestão da inovação e suas variáveis. de um ponto de APRESENtAção vista cronológico, cujo marco teria sido estabelecido por Schumpeter, percorreram-se diferentes correntes, A revisão teórica, na tentativa de um entendimento mais teorias e modelos. Além disso, foram trabalhados em aprofundado do processo de inovação organizacional, específico os pilares do Modelo FDC de Inovação, que serviu como base conceitual para a fase posterior, será apresentado mais à frente. que seria orientada por uma pesquisa de campo. A pesquisa empírica teve como objetivo a realização Na fase ii, a equipe do Núcleo de inovação realizou de um diagnóstico da inovação perante um contexto pesquisa de campo sobre o processo de inovação bem específico, o de grandes empresas mineiras que de 60 grandes empresas sediadas no estado. Foram investem parte de sua receita em atividades de pesquisa, feitas visitas presenciais, entrevistas semiestruturadas desenvolvimento e inovação. e a aplicação de survey visando posterior análise quantitativa e qualitativa do material coletado. os de um universo inicial composto por 243 grandes métodos, as análises e os resultados se encontram nos empresas (acima de R$60 milhões de dólares conforme tópicos seguintes deste documento. definição do BNDES em 2009) com sede no Estado de minas Gerais, foi realizada uma breve pesquisa A fase III contou com pesquisa bibliográfica e de campo exploratória nesse grupo, na tentativa de identificar acerca do tema políticas públicas de fomento à inovação. aquelas companhias que comporiam uma amostragem Foi realizada pesquisa exploratória sobre o Sistema representativa dos diversos setores econômicos e das Regional de inovação de minas Gerais, o SRi-mG, regiões do Estado. Foi assim definido o número-alvo os programas, ações, projetos existentes, principais de 60 empresas a serem estudadas, compondo os agentes, estratégias de atuação e interações do sistema, setores de indústria, serviços, comércio e agronegócio, bem como pesquisa bibliográfica e de campo acerca do com participantes de quase todas as regiões do Estado. tema em outras regiões do mundo. Foi também realizada Esse estudo empírico das empresas se deu através de uma visita ao Canadá, na tentativa de estabelecer um visita às suas instalações, entrevista com os líderes e benchmarking potencial para estratégias locais. a aplicação de survey com um membro de cada uma Finalmente, a fase iV, paralela às outras três, contou delas, permitindo uma abordagem ampliada do foco com seminários sobre inovação conduzidos sob a de estudo. Além das fontes de dados e informações responsabilidade da Fundação dom Cabral, com supracitadas, a pesquisa também contou com dados palestrantes como o professor Robert Wolcott, da secundários, seja através de documentos e registros Kellogg School of management, e o dr. Flávio ávila, da oferecidos pelas próprias empresas, ou de informações Embrapa. Nesse caso, o objetivo foi o conhecimento e disponibilizadas por outras vias, como websites oficiais a disseminação de outros trabalhos interessantes, de e notícias veiculadas pela imprensa. cunho teórico e prático, sobre gestão da inovação. A survey foi realizada através da aplicação de questões As principais análises, resultados e considerações abertas e fechadas, cujo conteúdo foi direcionado pela dessas atividades serão apresentados a seguir. Além base conceitual construída na primeira fase do projeto, disso, serão propostas algumas recomendações ao tratada neste relatório na parte i. A estrutura do mesmo foi Governo do Estado de minas Gerais, no intuito de idealizada conforme os pilares do modelo desenvolvido promover um ambiente favorável à inovação. Espera- pelo Núcleo de inovação da FdC. os resultados a seguir se que as informações, análises e propostas aqui estão orientados por esses pilares. discutidas sirvam ao debate da inovação no Estado, e que, ao melhor entendê-la, possamos construir um cenário competitivo mais promissor para as empresas REFERENCiAL tEóRiCo dessa região. Presente tanto nas rotineiras decisões gerenciais quanto nos principais debates acadêmicos contemporâneos, a inovação adquiriu enorme importância nos estudos Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 4
  • 5. organizacionais, embora ainda não seja um tema Além de Burns e Stalker (1968) e de outros estudos da consensual, tampouco sistêmico – como são, por teoria contingencial, também serão analisadas outras exemplo, os estudos sobre a qualidade total. Inúmeras obras que tratam a gestão da inovação em momentos pesquisas realizadas sobre inovação nessa área e épocas distintos, passando por Utterback e Abernathy apresentaram dados valiosos na tentativa de entender (1975), Van de Ven (1986), Rothwell (1992), Christensen esse complexo processo, que muitas vezes é confundido (2001) e tidd et al. (2008), sempre sob a luz dos com vocábulos correlatos, porém substancialmente pilares schumpeterianos. independentemente de qual diferentes, como criatividade, P&d ou invenções. abordagem ou corrente teórica funcionasse como suas Numerosas teorias e modelos de inovação foram plataformas, todas aparentemente se aproveitaram de concebidos ao longo do tempo e este trabalho considera premissas firmadas em 1911 por Schumpeter e sua teoria que a obra de Schumpeter (1997, 2003) pode ter do desenvolvimento econômico. E essa possibilidade influenciado a quase totalidade deles. ajuda a nortear o debate que aqui se pretende conduzir. teria o austríaco sido o responsável pelo início dos Em contraposição ao mainstream econômico, Schumpeter estudos da inovação no âmbito das organizações? (1997) apresentou sua teoria do desenvolvimento econômico, ancorada no que ele chamava de “fluxo o objetivo desse referencial teórico é, além de percorrer circular”, impactado por mudanças descontínuas num por diversas obras sobre a gestão da inovação que contexto econômico caracterizado pela incerteza. adquiriram relevância com o tempo, investigar o Embora o enfoque do autor fosse mais macroeconômico, estabelecimento de um paradigma schumpeteriano, é notória a sua contribuição para os estudos internos através do entendimento da inovação como um processo das firmas, posto que essas mudanças descontínuas, propiciado pelas organizações, fortemente influenciado responsáveis pelo desenvolvimento econômico, pela incerteza do ambiente externo e causado por ocorreriam primordialmente nas organizações em seus mudanças descontínuas nas regras do jogo. o método meios produtivo e comercial (SCHumPEtER, 1997). A escolhido residiu na revisão bibliográfica para a notoriedade do trabalho de Schumpeter aparentemente construção de um ensaio teórico usando o paradigma influenciou uma nova geração de estudos sobre as de Kuhn (1996) como plataforma metodológica. organizações que tinham a inovação como foco parcial ou até mesmo integral em suas pesquisas. Escrita em 1911, a teoria do desenvolvimento econômico O paradigma de Kuhn e a obra schumpeteriana só seria traduzida do alemão para o schumpeteriana inglês em 1934 (SCHumPEtER, 1997). Nessa época, a produção acadêmica sobre estrutura organizacional o desenvolvimento científico em uma determinada era basicamente dominada pela teoria clássica, a qual área ou disciplina está diretamente relacionado à forma indicava apenas um tipo ideal de estrutura, baseada como a empiria e a teoria se integram na criação de em rigorosa hierarquia, controle de tarefas e no estudo um determinado conhecimento. Autores como Popper dos tempos e movimentos (CLEGG, 1998). Porém, já (1972) e Lakatos (1989) são bastante importantes na década de 50, começaram a surgir trabalhos que nesse aspecto, uma vez que apresentaram arcabouços consideravam o ambiente externo às organizações teóricos no que tange ao estudo da formação da ciência como uma grande contingência, transformando de vez em si. Embora se saiba da relevância dos trabalhos dos a abordagem estruturalista. Para eles, as estruturas autores citados, esta pesquisa acredita que thomas das organizações seriam fortemente influenciadas pela Kuhn (1996) tenha sido quem melhor conseguiu decifrar incerteza diante do ambiente externo: contingência tal realidade. responsável pelas adaptações. Essa nova corrente daria Kuhn (1996) trouxe na década de 60 uma importante origem à teoria contingencial, cujos primeiros trabalhos contribuição à literatura com A Estrutura das Revoluções de relevância foram de Skinner (1953) e Woodward Científicas. denomina como “ciência normal” o período (1958). o terceiro deles, de Burns e Stalker (1968), viria a que se segue a uma descoberta de alta relevância reconhecer a internalização da inovação diretamente no ou a um importante feito científico. A partir dessas contexto corporativo, conforme estabelecido pela teoria descobertas, novas verdades passam a ser trabalhadas schumpeteriana. A ênfase nessa obra que veremos a e articuladas na busca de incrementar essa ciência, seguir é fruto do entendimento de que ela tenha sido a confirmando ainda mais os preceitos já preestabelecidos primeira a realmente reconhecer a inovação como um pela conquista científica (KUHN, 1996). Esses grandes fator organizacional, além de prover também a relação feitos, que o autor chama de “achievements”, são próxima da teoria contingencial com os conceitos trabalhos que serviram para definir e legitimar problemas defendidos por Schumpeter. e métodos para os pesquisadores engajados em um Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 5
  • 6. campo de estudo. Justamente por terem se tornado o de Schumpeter, que provavelmente influenciou todo o pilar central de uma disciplina, como assim fizeram, por desenvolvimento de conhecimento acerca da gestão da exemplo, Isaac Newton, no campo da física, e Benjamin inovação que encontramos hoje na literatura. Franklin, no campo da eletricidade. tais obras teriam Schumpeter nasceu em 1883, na Áustria, tendo finalizado estabelecido novos paradigmas na ciência, orientando e em 1906 sua graduação em direito pela universidade servindo como base para praticamente toda a pesquisa de Viena, com alguns cursos e exames complementares realizada posteriormente no assunto. de economia e ciência política (SCHumPEtER, o estabelecimento de um paradigma, no entanto, não 1997). Sua precocidade no meio acadêmico ficou logo traz respostas imediatas às questões levantadas pela evidente, com a publicação de seu primeiro livro já em ciência – e de fato nem possui esse objetivo (KuHN, 1908, intitulado The Nature and Essence of Theoretical 1996). Essas questões passariam a ser respondidas, ou Economics. Esse estudo serviria como plataforma para pelo menos tentar-se-ia respondê-las, através da criação a concepção teórica do autor estabelecida em The de revistas e journals acadêmicos especializados, Theory of Economic Development, publicada em 1911. fundações de grupos de especialistas na área e uma Sua teoria do desenvolvimento econômico se baseava agenda de pesquisa que tentaria adereçar a essas no que ele chamava de “fluxo circular” da economia, perguntas ações que, segundo o autor, estariam o qual seria impactado por mudanças descontínuas associadas às primeiras percepções de um novo que afastariam a economia do seu ponto de equilíbrio paradigma científico. Nesse sentido, o estabelecimento (SCHumPEtER, 1997). As mudanças descontínuas a do paradigma seria seguido pela ciência normal, que o autor se refere seriam frequentemente associadas baseada em três fases: 1) a extensão do conhecimento à inovação em sua obra, embora ele tenha sido deveras e da particularidade dos fatos apresentados pelo cauteloso na utilização desse termo. paradigma; 2) a busca por novos fatos dentro dessa Quando trouxe a inovação para o foco central de seu ciência, assim como a comparação desses com os estudo (uma vez que a análise do desenvolvimento observados anteriormente e 3) a posterior articulação econômico deveria passar pela compreensão dessas empírica e teórica do próprio paradigma. Exaurindo as mudanças descontínuas), Schumpeter foi ainda mais três fases, a ciência em questão estaria preparada para longe, ao afirmar que a inovação seria um fenômeno uma quebra de paradigma e o estabelecimento de um inerente às organizações: novo, que por sua vez guiará uma nova era de ciência normal (KuHN, 1996). Os preceitos das revoluções científicas trazidos pela Essas mudanças espontâneas e descontínuas obra de thomas Kuhn foram principalmente associados no canal do fluxo circular e essas perturbações a campos de estudo dominados por leis e métodos do centro do equilíbrio aparecem na esfera da muito bem definidos. Usando exemplos de estudiosos vida industrial e comercial, não na esfera das de ciências naturais, a identificação de quebras e necessidades dos consumidores de produtos criações de novos paradigmas ficava bastante clara. finais. (...) é o produtor que, via de regra, inicia No entanto, essa pode não ser uma realidade tão a mudança econômica, e os consumidores facilmente aplicável à temática das ciências sociais e, são educados por ele, se necessário; são, no nosso caso, gerenciais. Kuhn (1996) traz no prefácio por assim dizer, ensinados a querer coisas da segunda edição do livro, publicada em 1966, o fato novas, ou coisas que diferem em um aspecto de que cientistas frequentemente levantavam questões ou outro daquelas que tinham o hábito de usar acerca da legitimidade da replicação da teoria da (SCHumPEtER, 1997). ciência normal para estudos sociais e econômicos. mesmo que algumas áreas das ciências sociais ainda Com essa afirmação, o austríaco provavelmente abriu sequer tivessem um paradigma a ser seguido (KuHN, espaço para a incorporação da inovação e a sua 1996), isso não impediria a transição dos conceitos da gestão aos estudos organizacionais, estabelecendo obra kuhniana para um ponto de vista mais qualitativo um campo que viria posteriormente a ser trabalhado do que quantitativo. dessa forma, ao inserirmos os por outros pesquisadores, mesmo que influenciados conceitos de paradigma e ciência normal neste presente e algumas vezes até englobados por outras áreas trabalho, já de antemão reconhecemos as limitações da administração e da economia. Ao internalizar a em tratar a gestão empresarial e mais especificamente inovação para os meios organizacionais, Schumpeter a gestão da inovação como ciência – e não como um (1997) passa a utilizar os termos empreendimento conjunto de técnicas, como é usualmente aceito. Essa e empreendedor para se referir, respectivamente, à preocupação pode ser atenuada pela existência da obra Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 6
  • 7. atividade e aos seus responsáveis. o conceito do ter sinalizado características da primeira das três fases empreendedor schumpeteriano vai, inclusive, além do de exaustão do paradigma kuhniano, representada próprio dono do negócio, incluindo também gerentes principalmente pela extensão do conhecimento e dos e membros da diretoria, desde que estivessem ligados fatos previamente estabelecidos. diretamente às inovações, frequentemente tratadas A grande relevância de Schumpeter para a gestão da pelo autor como “novas combinações” (SCHumPEtER, inovação tornou-se aparente a partir da década de 50. 1997). Os tipos de novas combinações identificados Naquela época o campo de estudos organizacionais pela obra em muito se assemelham com os que ainda era incipiente, o que teria facilitado a incorporação vemos hoje na literatura sobre o tema. os cinco tipos da inovação como tema (algumas vezes central) dos indicados pelo autor foram: 1) introdução de um novo trabalhos que surgiam na época. um desses trabalhos bem; 2) introdução de um novo método de produção; foi o de Burns e Stalker (1968), que teria demonstrado 3) abertura de um novo mercado; 4) conquista de uma aptidão peculiar ao reconhecer esse conhecimento nova fonte de oferta de matéria-prima; 5) criação de previamente concebido. uma posição de monopólio através da diferenciação (SCHumPEtER, 1997). Schumpeter (1997) também foi claro em diferenciar as novas combinações conforme seu grau de intensidade A teoria contingencial na gestão da e novidade. Para ele, algumas dessas inovações são inovação e outras contribuições ao oriundas de ajustes contínuos na forma ou no que já era paradigma feito antes, não determinando um fenômeno propriamente novo. Essas mudanças geram crescimento econômico, tom Burns e George. m. Stalker publicaram, em 1961, mas não são responsáveis pelo desenvolvimento, que uma relevante obra intitulada The Management of só acontece através das mudanças descontínuas (ou Innovation. Burns e Stalker (1968) se situam numa inovações) no fluxo circular da economia – o que hoje corrente teórica de estudos organizacionais iniciada por em dia poderíamos associar a conceitos amplamente Taylor (1911) e seu estudo dos ‘tempos e movimentos” aceitos de inovação radical ou disruptiva, como será nas organizações. A abordagem taylorista serviu como explicado mais à frente. Nesse sentido, foi trazida à tona marco à administração científica, embora a teoria clássica a questão da dificuldade das empresas já estabelecidas da administração tenha sido instituída apenas em Fayol e controladoras dos meios de produção em introduzir (1949). Essa teoria foi pioneira na compreensão da esse tipo de mudança. O autor ainda afirma que as gestão como campo de estudo, além de estabelecer novas combinações (e aqui ele se refere às inovações princípios básicos para a administração de empresas de cunho mais radical) “estão corporificadas, por assim claramente ligados à rigidez organizacional, propondo dizer, em empresas novas que geralmente não surgem um modelo único e ideal de estrutura organizacional das antigas, mas começam a produzir do seu lado” (CLEGG, 1998). (SCHumPEtER, 1997). A sociologia passa a ser introduzida nos estudos A questão das mudanças descontínuas que acarretariam organizacionais com o estabelecimento da escola das o afastamento da economia de seu ponto principal de relações humanas, cujo trabalho mais relevante é de equilíbrio voltou a ser alvo dos estudos de Schumpeter, Mayo (1949). A escola busca o foco no indivíduo como que, anos mais tarde, relacionou o fenômeno ao que possuidor de necessidades psicológicas e sociais, denominou “destruição criativa” (SCHumPEtER, determinantes na cooperação do empregado para 2003). Para ele, as inovações na economia seriam atingir os fins da organização (CLEGG, 1998). Como responsáveis por uma destruição completa das regras sociólogo, Tom Burns provavelmente foi influenciado por do jogo anteriormente definidas, estabelecendo uma essa escola, ao afirmar que os primeiros trabalhos que nova realidade no mesmo lugar. mesmo que ainda deram origem à sua publicação mais famosa objetivavam num cunho predominantemente macroeconômico, o estudo das organizações como “comunidades de essa obra também foi fonte de grande influência para pessoas no trabalho” (BuRNS; StALKER, 1968). Esse os posteriores estudos de gestão da inovação, como objetivo se ampliava à medida que os autores percebiam será apresentado no decorrer deste paper. dado que ser impossível conceber tal estudo sem considerar o a teoria do desenvolvimento econômico só veio a ser ambiente externo das organizações. traduzida para o inglês em 1934, de alguma forma pode- Ao conduzir um estudo preliminar em duas organizações se considerar a abordagem da “destruição criativa”, em do ramo de engenharia, dois pontos centrais emergiram: obra publicada em 1943, um incremento importante à o primeiro residia na observação de que as estruturas teoria do desenvolvimento econômico. Ela pode inclusive organizacionais analisadas estavam bem condizentes com Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 7
  • 8. a estrutura proposta pela teoria clássica, especialmente inglesas da indústria de eletrônicos, dando origem a um em relação à rigidez. o segundo, no fato de que as terceiro estudo, cuja pesquisa foi conduzida com oito estruturas de pesquisa e desenvolvimento (P&d) dessas empresas. diferentemente das empresas escocesas empresas estavam orientadas para solução de problemas, previamente analisadas, estas se caracterizavam sem poder dar a devida atenção a projetos de longo prazo. por maior comprometimento com o desenvolvimento Essas constatações serviram de pano de fundo para um tecnológico no ramo da eletrônica. Esse novo estudo segundo estudo conduzido junto a empresas escocesas propiciou insights mais profundos sobre a caracterização do ramo da engenharia eletrônica. e a diferenciação entre os dois modelos de gestão apresentados, além de reforçar a opinião dos autores Nesse segundo trabalho, Burns e Stalker focaram no de que as relações humanas e os códigos de conduta estudo de cinco empresas pertencentes ao conselho (envolvendo questões como poder, hierarquia, controle escocês chamado electronics scheme, que visava etc.) praticamente definem as próprias organizações facilitar o acesso de empresas escocesas a recursos (BuRNS; StALKER, 1968). e técnicas certos no setor de eletrônicos, e ajudá- las também no processo de comercialização dessas Ao introduzir a variável ambiente como principal novas soluções (BuRNS; StALKER, 1968). dessa contingência a ser considerada nos estudos forma, o contexto em que as organizações foram organizacionais e propor um modelo orgânico ideal para analisadas era o de significativa mudança, de um a gestão em ambientes caracterizados pela inovação, ambiente antes caracterizado pela maior estabilidade, Burns e Stalker avançaram de forma significativa. Desde com amplo conhecimento de tarefas técnicas e a teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter, comerciais da organização, para um ambiente de que introduziu a inovação como um fator gerenciável incerteza, caracterizado pelo dinamismo e pela e, em consequência, a necessidade da abordagem do instabilidade constantes, principalmente proporcionado tema nos estudos organizacionais, a obra clássica da por avanços tecnológicos e pela inovação. Assim, os teoria contingencial foi a primeira a tratar a gestão da autores propuseram sistemas que se adequassem e inovação de uma forma mais abrangente. A obra se respondessem às contingências impostas por cada um traduziu numa significante contribuição ao paradigma desses ambientes. os sistemas de gestão “mecânicos” schumpeteriano explicitado anteriormente, sendo o propiciaram uma estrutura organizacional própria a primeiro trabalho a propor uma estrutura de gestão ambientes estáveis, e os sistemas “orgânicos”, por sua diferenciada nas organizações com o objetivo de torná- vez, definiram estruturas voltadas para ambientes de las mais inovadoras. Além disso, tratou de reaver a mudança e incerteza, caracterizados pelo constante mudança e a incerteza como fatores influenciadores processo de inovação (BuRNS; StALKER, 1968). do processo de inovação, como também já tratado na obra de Schumpeter. Nota-se que, embora fizessem No modelo mecanicista, as tarefas são quebradas parte de um campo de estudo distinto do abordado em tarefas especializadas, e os métodos e poderes pelo austríaco, direcionado à macroeconomia, Burns e associados a cada função, bem definidos. A interação Stalker (1968) trataram de adicionar novos e relevantes com a gestão tende a ser vertical, de superior para fatos ao paradigma preestabelecido, no processo de subordinado, e a hierarquia é clara e bem estabelecida. desenvolvimento da ciência normal (KuHN, 1996) da A informação é filtrada e não é disponibilizada a todos, gestão da inovação. através de um processo de controle contínuo. Já no modelo orgânico, as tarefas são realizadas à luz da Além disso, outra grande contribuição – geralmente organização, tendo seus fins considerados como um atribuída a Burns e Stalker consiste na disseminação todo, ou seja, elas não são especializadas. Não há clara do campo da teoria contingencial, cujos primeiros definição de funções, métodos, tarefas e poderes. Estes trabalhos relevantes foram Skinner (1953) e Woodward são redefinidos constantemente conforme o contexto e as (1958), mas que só viria a tomar corpo com Burns e mudanças se apresentam. A interação e a comunicação Stalker (1968), responsáveis pelo enunciado seminal são tanto laterais quanto verticais, e os poderes são mais que iniciou essa abordagem (CLEGG, 1998). A análise descentralizados (BuRNS; StALKER, 1968). conceitual desses trabalhos e de seguidores dessa teoria focou em como os diferentes graus de incerteza das os autores identificaram uma enorme inabilidade tarefas organizacionais (conforme as características de das empresas em adaptar seus sistemas de gestão estabilidade ou instabilidade ditadas pelo fator tecnológico às novas condições a elas impostas, principalmente do ambiente onde essas organizações estiverem na transição de modelos mecanicistas mais rígidos inseridas) deveriam influenciar a escolha por diferentes para outros mais orgânicos e, portanto, mais flexíveis estruturas e sistemas de gestão (CLEGG, 1998). As (BuRNS; StALKER, 1968). Esses resultados foram contribuições do trabalho de Burns e Stalker (1968), assim apresentados na inglaterra junto a grandes empresas Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 8
  • 9. como outras obras relevantes da teoria contingencial que Nesse modelo, os ciclos de vida de inovações serão apresentadas a seguir, muito fizeram, por estender de processos e produtos sugerem um padrão de a amplitude do paradigma aqui defendido. A busca deslocamento ao longo do amadurecimento das por novos fatos – orientados basicamente por estudos organizações, de inovações radicais para incrementais empíricos – nos ajuda a configurá-la como esforços e daquelas associadas a produtos para processos. o relacionados à segunda fase da ciência normal, aqui desenvolvimento passaria por três fases, que influenciam previamente explorada (KUHN, 1996). de forma diferenciada as empresas, o mercado, os recursos e as capacitações necessárias para a geração Nesse sentido, Lawrence e Lorsch (1967) determinaram e propagação das inovações. Nota-se que, além de que a taxa de mudança ambiental afeta a diferenciação trabalharem a questão das inovações de produto e e a integração da organização, de modo que taxas processo, introduzidas na teoria schumpeteriana, eles elevadas de mudanças ambientais exigem que certas ainda incluíram a diferenciação estratégica e estrutural áreas da organização enfrentem índices de incerteza das organizações ao perseguir inovações incrementais maiores do que outras e, dessa forma, demandem ou radicais. mesmo com algumas diferenças conceituais, estruturas mais inovativas. Afirmam ainda que, face às podemos identificar, portanto, mais um relevante trabalho diferenças estruturais e culturais interdepartamentais, as que seguiu a lógica central introduzida na teoria do organizações devem coordená-las através da promoção desenvolvimento de Schumpeter (1997). da maior integração dos seus colaboradores. Além disso, é importante mencionar que a abordagem contingencial O trabalho de Utterback e Abernathy (1975), apesar sinaliza, progressivamente, que o índice de inovação das de lidar com questões já trabalhadas anteriormente organizações reflete a competição e concorrência, já que em outros estudos, alguns deles aqui brevemente são respostas ao ambiente que as circunda. apresentados, já indicava uma tendência a lidar com a inovação de uma maneira mais abrangente, ao tratar outra importante publicação nessa área seria a de também aspectos mais funcionalistas de sua gestão. Woodward (1965), que conduziu um estudo quantitativo Rothwell (1992) foi especificamente hábil em entender e comparativo de organizações manufatureiras, essa questão, e seu trabalho será detalhado na seção seguindo os ditames contingenciais: a tecnologia como seguinte. contingência de operação foi indicada como o elemento explicativo da estrutura organizacional e, a partir disso, seria possível aferir sobre a relação de performance, estrutura organizacional e produção de tecnologia. O surgimento de modelos dinâmicos de mintzberg (1979), uma das mais reconhecidas obras gestão da inovação nesse campo de estudo, em concordância com seus predecessores, contribuiu muito para a concepção sobre o legado da obra de Schumpeter para a gestão da a adaptação estrutural face às contingências ambientais. inovação continuava a dar bons frutos, uma vez que a Para tal, propôs uma nova taxonomia que contava quantidade de trabalhos que estudavam essa temática com cinco arquétipos sobre a configuração básica das cresceu bastante nos anos de 1970 e 1980. Como vimos estruturas organizacionais, com diferentes potenciais aqui anteriormente, a abordagem da gestão da inovação inovativos, e onde cada organização poderia ser era basicamente focada em uma lógica estruturalista, que enquadrada em uma delas, segundo a maior similaridade buscava identificar sistemas ideais para as organizações com suas características primordiais. lidarem com ambientes mais propícios à inovação. Apenas na segunda metade da década de 80 uma ênfase mais Contemporâneos a Mintzberg, Utterback e Abernathy funcionalista passou a ser introduzida, cujos trabalhos (1975) não necessariamente se encaixam na teoria buscavam entender questões menos estratégicas e, contingencial. Sua presença neste estudo é justificada portanto, mais rotineiras nesse processo (RotHWELL, pela relação aparentemente próxima com o paradigma 1992). A partir desse momento, os modelos de gestão schumpeteriano que aqui se defende. os autores da inovação passavam a reconhecer a importância recorreram a dados empíricos de cinco indústrias gestora não só na escolha de modelos gerenciais e diferentes, apontando que as teorias contingenciais estruturas ideais, mas também no gerenciamento de anteriores consideraram os fatores que afetam a inovação processos internos e outras ferramentas com o objetivo sob uma perspectiva fixa, sem uma dimensão dinâmica. de facilitar a inovação organizacional, o que corrobora Nesse sentido, visaram romper com tal tendência para a visão dos empreendedores como indutores analítica, criando um modelo no qual a inovação de principais do processo (SCHUMPETER, 1997). Roy processos, produtos, estrutura organizacional e ambiente Rothwell foi um dos primeiros teóricos a perceber essa competitivo interagem e se correlacionam. nova abordagem. Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 9
  • 10. Rothwell (1992) analisa, inicialmente, as principais quando ele discorre sobre as estratégias corporativas, características do processo de inovação das já que ficava cada vez mais evidente que a inovação organizações desde os anos 1950 até os anos 1990, derivaria de uma rede de companhias interagindo em conforme os teóricos do assunto, em suas respectivas uma multiplicidade de maneiras (miLES; SNoW, 1986, épocas. As primeiras duas gerações de modelos apud ROTHWELL, 1992). Exemplos bem-sucedidos de inovação apresentadas por Rothwell (1992) se da inclusão de fornecedores nos estágios iniciais do caracterizavam por uma visão linear do processo, numa desenvolvimento de automóveis na indústria japonesa relação de causalidade entre as empresas e o mercado. confirmavam essa nova realidade (GRAVES, 1987, apud A primeira delas, iniciada na década de 50 e centrada RotHWELL, 1992). no termo “technology-push” (RotHWELL, 1992), se A quarta e quinta gerações de Rothwell, que representavam baseava na oferta tecnológica como a grande indutora o momento em que a inovação passava a ser vista de da inovação nas organizações, o que representa uma uma forma mais sistêmica nas organizações se valendo visão bastante semelhante à introduzida por Schumpeter de aspectos estruturalistas e funcionalistas da gestão do (1997). As outras etapas do processo inovativo viriam processo, eram cada vez mais disseminadas em meados de forma lógica e sequencial, como o P&d industrial, da década de 80. Valendo-se dessas novas premissas, a engenharia e a manufatura (RotHWELL, 1992). um dos principais estudos empíricos de gestão de Nota-se que, até então, o mercado era visto como um inovação a partir de modelos integrados e sistêmicos foi receptor passivo do resultado dos esforços tecnológicos conduzido por um grupo de professores e pesquisadores das empresas. Para o autor, essa visão evolui na associados à universidade de minnesota. segunda geração de modelos de inovação (década Esses estudos se baseavam em uma definição central de 1960), a partir de uma ênfase maior no papel do do processo de inovação como “o desenvolvimento e mercado consumidor como o lado proativo da relação. implementação de novas ideias por indivíduos que, por A pesquisa e o desenvolvimento atuariam captando um período determinado de tempo, se envolvem em necessidades desse mercado, o que justifica o uso do transações com outros indivíduos em um determinado termo “market-pull” (RotHWELL, 1992). contexto institucional” (VAN DE VEN, 1986). A definição, A linearidade dos modelos de inovação deu lugar a uma de escopo mais genérico, indica a intenção de visão diferente a partir dos anos 1970, representada abordar as inovações técnicas (novas tecnologias, pela terceira geração no trabalho de Rothwell. produtos e serviços) juntamente com as inovações Na terceira geração, os teóricos viam a ciência, a administrativas (novos procedimentos, políticas e tecnologia e o mercado de maneira mais integrada, modelos organizacionais), corroborando com a inclusão criticando os modelos anteriores pela sua simplicidade da visão funcionalista. Segundo o autor, os quatro fatores excessiva (ROTHWELL, 1992). Apenas na segunda básicos inseridos no conceito de inovação acima (ideias, metade da década de 80 é que a visão linear passaria pessoas, transações e contexto institucional) e a relação a ser preterida. Essa possível ruptura foi justificada deles entre si indicam quatro questões ou problemas pelo autor através da adoção de um entendimento centrais à gestão da inovação: o problema humano da inovação como um processo que envolveria do gerenciamento da atenção (foco); o processual da simultaneamente elementos de P&d, prototipagem e aceitação e transformação de ideias em inovações; o manufatura, enquanto a visão anterior apontava para estrutural da gestão entre as partes do processo e o uma ordem sequencial de etapas, com as unidades processo de inovação como um todo e o estratégico da atuando em momentos distintos o que caracterizou liderança institucional (VAN dE VEN, 1986). a quarta geração de modelos de inovação, segundo o gerenciamento da atenção nas organizações, Rothwell (1992). Na quarta geração, caracterizada anteriormente pesquisado por Van de Ven e Hudson pelos modelos dinâmicos, ou integrados (RotHWELL, (1985), estaria relacionado ao trade-off vivido diariamente 1992), também fica clara a inserção da importância das pelas pessoas em direcionar sua atenção entre o parcerias para o desenvolvimento em conjunto. complexo e o rotineiro, duas direções assumidamente Como proposta, o autor traz uma evolução idealizada opostas. os autores chegaram à conclusão, baseados do modelo integrado, cujas novas características em uma literatura de psicologia cognitiva, de que uma incorporadas estariam atreladas, principalmente, às visão mais realista da inovação deveria considerar redes de colaboração por softwares de ti e parcerias limitações psicológicas dos seres humanos em lidar entre organizações distintas e relações com os com questões não rotineiras, influenciados pela inércia fornecedores, clientes e mercado como um todo o das organizações. Ao trabalhar o problema da aceitação que configuraria assim a futura quinta geração. Essa de ideias na gestão da inovação, Van de Ven (1986) abordagem também é utilizada por Rothwell (1992) destacou o papel das pessoas nessa questão. Na Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 10
  • 11. análise, o autor expôs ideias de Schon (1971), que além de outros pontos de sua teoria aqui já debatidos, detalhou as várias etapas do processo de aceitação de foi relembrado e até aprofundado em vários autores ideias com foco em políticas públicas, apresentando que percorreram o caminho do estudo da inovação nas resultados valiosos também para o setor empresarial. organizações ao longo do tempo. As obras de Rothwell e Fica claro que é o foco central nas ideias que proveria Van de Ven expostas nesta seção também demonstram um veículo para os antes isolados, desconectados e esforços de extensão do paradigma schumpeteriano competitivos stakeholders contribuírem para o processo conforme a ciência normal de thomas Kuhn, que serve de inovação (VAN dE VEN, 1986). como base metodológica desse referencial teórico. Além Além de trabalhar as duas problemáticas citadas, também disso, essa fase de ciência normal, caracterizada pela foi explorada uma terceira questão, a das transações complementaridade teórica às premissas do paradigma entre diferentes pessoas, departamentos, unidades schumpeteriano, permanece em trabalhos mais recentes e organizações envolvidas no processo de inovação, e não menos relevantes. Nesse sentido, será exposta, desde a concepção da ideia até sua implementação. o a seguir, uma análise das obras de Christensen e tidd, que Van de Ven (1986) chamou de transações seriam também sob a luz dos preceitos de Schumpeter. as relações de negociações e trocas existentes entre essas partes à medida que a inovação toma seu curso. Ele concluiu que talvez o mais significante problema A continuidade da fase de ciência normal: estrutural então vivido pelas organizações seria o a análise de obras mais recentes de gestão gerenciamento das relações entre as partes e o todo. o quarto problema detalhado trata da importância do da inovação contexto extraorganizacional (RUTTAN; HAYAMI, 1984, Atualmente, quando se debate a gestão da inovação e apud VAN dE VEN, 1986). Nesse ponto é detalhado se discute, por exemplo, a diferença entre estratégias o papel de uma liderança institucional que proponha (ou estruturas organizacionais) melhor orientadas para estratégia, estrutura e sistemas internos que reajam bem perseguir inovações incrementais ou radicais, nem ao ambiente externo e sirvam como facilitadores para a sempre se questiona de onde vieram essas ideias e inovação. o autor usa o termo “supportive leadership” quando, mais especificamente, elas foram primeiramente e garante que havia um reconhecimento crescente no introduzidas na literatura. Conforme percorremos a obra papel da liderança nesse sentido. Essa quarta questão de Schumpeter (1997), percebemos que alguns desses tratada por Van de Ven o aproxima do ponto de vista mais preceitos, mesmo que em uma roupagem ainda mais estruturalista da sua obra, embora a ênfase tenha sido básica e genérica, já haviam sido tratados pela academia. claramente no funcionalismo da gestão da inovação. um dos autores que conseguiu tratar essa temática de A característica basicamente funcionalista da obra de Van forma bastante intuitiva foi Christensen (2001). de Ven também o coloca próximo de algumas premissas Clayton Christensen ficou bastante conhecido devido à da teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter, grande aceitação de sua obra The Innovator’s Dilemma, na ênfase de implementar e comercializar novas ideias inicialmente publicada em 1997. o objetivo principal na forma de produtos e serviços que os consumidores dessa obra era investigar o motivo de empresas líderes não estão acostumados a utilizar. Embora Schumpeter em seus setores fracassarem diante do aparecimento de (1997) não tenha respondido como deveria ser gerido o novas tecnologias introduzidas no mercado. Essas novas processo de geração e implementação de novas ideias tecnologias estavam intimamente ligadas a uma nova no mercado, ele aparentemente compartilhava do ponto percepção por parte dos consumidores em relação à de vista de que a gestão da inovação deveria ir além maneira como enxergavam produtos e serviços lançados da escolha de sistemas e estruturas organizacionais no mercado. que a facilitassem. Esse trabalho de Van de Ven e sua Embora aparentemente seus estudos tenham focado equipe aqui analisado foi norteador de estudos empíricos na inovação tecnológica (seu livro é principalmente conduzidos em empresas norte-americanas, como a 3m. estruturado pelo estudo da indústria de hard disks), a o grupo analisou algumas inovações desde a criação da amplitude do seu conceito de tecnologia – relacionada ideia até a comercialização do produto ou serviço. Embora aos processos organizacionais e produtivos que os resultados dessa pesquisa tenham sido bastante transformam recursos em produtos e serviços de alto reveladores, nos limitaremos ao modelo que guiou esse valor agregado – permite incluí-lo também na área da estudo, aqui já explicitado cujo debate mais aprofundado gestão da inovação organizacional (CHRiStENSEN, pode ser encontrado em Van de Ven et al. (1999). 2001). o pilar da obra de Christensen se encontra na Como vemos, o conceito de Schumpeter (1997) de clara diferenciação entre tecnologias incrementais e inovação como um fator gerenciável nas empresas, disruptivas. Segundo ele, as tecnologias incrementais Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 11
  • 12. dão suporte à melhoria do desempenho de produtos também aborda o fator de alteração nas “regras do jogo”de (com dimensões de desempenho que os clientes teriam um mercado, através de mudanças descontínuas que historicamente valorizado), enquanto as disruptivas redefiniriam condições de espaço e limites, promovendo (podendo ser descontínuas ou caracteristicamente a necessidade de os atuais ‘jogadores’ se adequarem radicais) trazem uma proposição de valor distinta da às novas condições impostas. A relação de sua obra disponível até então (CHRiStENSEN, 2001). com a schumpeteriana vem a ser destacada ao apontar características desse processo, o que poderíamos chamar o autor percorre as características necessárias às de uma visão contemporânea de conceitos previamente empresas para decidirem focar em um ou outro tipo de introduzidos e que ainda hoje são atuais: tecnologia, e ainda expõe as dificuldades em encontrar organizações ambidestras, que possam lidar com Às vezes algo acontece que descola esse duas situações tão distintas numa mesma estrutura. padrão e altera as regras do jogo. Por definição, Christensen (2001) defende que seja criada uma nova não são eventos corriqueiros, mas possuem organização, distinta da primeira, com estratégia, a capacidade de redefinir as condições de estrutura e objetivos diferenciados, caso a organização espaço e limites abrem novas oportunidades, decida sair de uma visão incremental para outra mas também desafiam os jogadores existentes mais radical, e vice-versa. isso porque a adaptação a remodelarem o que estão fazendo à luz de aos processos e rotinas organizacionais – que antes novas condições. É o processo de destruição visavam à eficiência operacional e administrativa criativa (tidd, 2008). para uma nova realidade de inovações disruptivas, ou vice-versa – seria bastante lenta e trabalhosa, o que causaria perda da liderança de mercado. Essa As semelhanças de tidd (2008) com preceitos da extrema dificuldade leva a um patamar que indica a teoria schumpeteriana do desenvolvimento econômico maior facilidade de novos entrantes do mercado em não param por aí. Além de classificar a inovação em entenderem melhor as novas regras estipuladas pelas tipos, como a inovação de produto e a de processo, já tecnologias disruptivas, e se aproveitarem dessa antecipadas por Schumpeter quando abordou o tema nova versão do ambiente competitivo em que elas se na roupagem das “novas combinações”, ele ainda cita encontram (CHRiStENSEN, 2001). mais dois tipos de inovação, que seriam de posição e paradigma (tidd, 2008). Esse último caso visa trabalhar mesmo que o autor tenha tratado de forma bem as mudanças descontínuas num cenário competitivo, mais detalhada tópicos anteriormente levantados por que, como colocaria Schumpeter (1997), tende ao Schumpeter (1997), assim como novas proposições afastamento de um possível ponto de equilíbrio. inexistentes na obra schumpeteriana, vemos algumas pistas claras de que Christensen (2001) tenha contribuído A inovação de paradigma para tidd tende também bastante para o paradigma aqui defendido. Chega a a demonstrar sua tendência à teoria contingencial, ser curioso o fato de que temas levantados no início que já havia ficado clara logo em um dos seus do século passado sejam ainda tão atuais no âmbito primeiros trabalhos relevantes. Tidd (1993, 2001) trouxe da gestão da inovação nas organizações. isso pode anteriormente um modelo de inovação de orientação também se traduzir no fato de que as contribuições de contingencial, que, embora também considerasse alguns Christensen provavelmente configuraram uma extensão aspectos funcionalistas de gestão, tendia a considerar de conhecimento e incorporação de novos fatos ao a incerteza e a complexidade como as duas grandes paradigma, embora não tenham atingido a terceira contingências que afetariam o processo inovativo das fase dos preceitos de Kuhn de rearticulação empírica organizações. Esses preceitos vieram a ser confirmados e teórica, no estágio que antecederia a revolução pelo autor através da consideração de que não existiria paradigmática, que negaria as premissas previamente uma forma ideal de se gerir a inovação, uma vez introduzidas por Schumpeter. que as organizações se situam diante de diferentes oportunidades tecnológicas ou mercadológicas, que Na mesma linha de trabalho, principalmente em relação restringiriam as opções gerenciais (tidd, 2008). a questões de inovações incrementais, disruptivas e a um maior potencial dos novos entrantes no mercado Como aqui fica claro, é possível citar vários links entre gerarem maior disrupção, surgia o trabalho de Joseph as obras de Christensen e tidd com o trabalho de tidd, que defendia premissas no mínimo semelhantes Schumpeter, que os precedeu em quase um século. às propostas por Christensen. Tidd (2008) afirmou que Aqui não procuramos defender a tese de que se trata a maneira como lidamos com a mudança incremental de reaproveitamento teórico ou até mesmo replicação diária deve ser diferente daquela utilizada quando lidamos de um modelo, mas sim a de que Joseph Schumpeter com mudanças radicais em produtos ou processos. Ele teria realmente influenciado obras posteriores a ele Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 12
  • 13. através do que consideramos o estabelecimento de um pela teoria do desenvolvimento econômico de paradigma. Ao tratar as diferentes obras aqui detalhadas, Schumpeter. fica a real sensação do entendimento dos trabalhos pós- schumpeterianos como pertencentes à ciência normal (KuHN, 1996) da gestão da inovação. Referências BuRNS, t.; StALKER, G. the Management of innovation. Londres: tavitock Publications, 1968. Considerações finais CLEGG, S. Handbook de estudos organizacionais: Com o estudo das diferentes propostas e a evolução modelos de análise e novas questões em estudos dos modelos de gestão da inovação que surgiram na organizacionais. São Paulo: Atlas, 1998. v. 1. literatura ao longo do tempo, fica claro que o foco de análise também mudou. de um ponto de vista mais CHRiStENSEN, C. O dilema da inovação. São Paulo: estruturalista e estratégico, que dominou dos anos makron Books, 2001. de 1950 aos de 1970 e 1980, até o surgimento de FAYOL, H. General and industrial management, 1949. modelos que incluíram aspectos mais funcionalistas da inovação organizacional, vemos que a abordagem GRAVES, A. Comparative trends in automotive research dessa temática se tornou consideravelmente mais and development. Sussex University, 1987. abrangente. mas independentemente do foco KuHN, t. The scructure of scientific revolutions. the de análise de cada uma das obras de gestão da University of Chicago Press, 1996. inovação (e aqui buscamos explorar algumas das mais relevantes), a revisão bibliográfica aqui exposta LAKAtoS, i. La metodologia de los programas de mostrou uma série de convergências entre as teorias e investigación científica. madrid: Alianza, 1989. modelos de várias obras dessa temática com preceitos LAWRENCE, Paul R.; LORSCH, Jay William. Organization estabelecidos por Schumpeter em seus dois trabalhos and environment: managing differentiation and integration. aqui detalhados. mesmo que esse fato por si só não Cambridge: Harvard University Press, 1967. represente uma replicação ou até mesmo cópia de MAYO, E. The Human problems of an industrial premissas teóricas anteriormente concebidas, ele civilization, 1949. mostra que vários modelos de gestão da inovação pós- schumpeterianos chegaram a levantar novos fatos e miLES, R.; SNoW, C. Organizational strategy, structure, até mesmo a rearticular essas premissas, configurando and process. New York: McGraw-Hill, 1978. a fase de ciência normal (KuHN, 1996). miNtZBERG, H. The structuring of organizations: a Valendo-nos da plataforma conceitual de Kuhn (1996), synthesis of the research. Englewood Cliffs: Prentice- procuramos identificar a criação de um possível Hall, 1979. paradigma estabelecido por Schumpeter: a inovação PoPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: como um fator central às organizações e, mais do Cultrix, 1972. que isso, um fator gerenciável. Embora cada obra aqui analisada possua particularidades, objetivos SCHumPEtER, J. A teoria do desenvolvimento e metodologia distintos, chega-se à conclusão de econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997. que esse paradigma realmente existe, o que nos SCHumPEtER, J. Capitalism, socialism & democracy. permite aceitar a gestão da inovação como ciência, Londres: Routledge, 2003. que recebeu vários incrementos e contribuições ao longo do tempo. Embora esses incrementos tenham RotHWELL, R. development towards the fifth- ajudado a desenvolver aspectos das fases de extensão generation model of innovation. Technology Analysis & do conhecimento previamente estabelecido e o Strategic Management, 1992. levantamento de novos fatos, não chegaram à fase da RUTTAN, V.; HAYAMI. Toward a theory of induced ciência normal que levaria à introdução de um novo institutional innovation. Journal of Development Studies, paradigma, à rearticulação teórica em cima desses 1984. conhecimentos anteriormente introduzidos. tal análise SCHoN, d. Beyond the stable state. New York: Norton, traz à tona condições suficientes para afirmarmos que, 1971. desde o marco da inovação como fator internalizável às empresas – e, portanto, gerenciável –, a gestão da SKiNNER, B. Science and human behavior. New York: inovação como ciência ainda vive o desenvolvimento macmillan, 1953. pautado sobre o paradigma estabelecido em 1911 Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 13
  • 14. TAYLOR, F. The principles of scientific management, A pesquisa teve característica descritiva, buscando 1911. identificar quais situações, eventos, atitudes ou opiniões se manifestam em uma determinada população. quanto TIDD, J. Innovation management in context: environment, à temporalidade, trata-se de um estudo de corte organization and performance. International Journal of transversal, ou seja, através da coleta de dados em Management Review, v. 3, n. 3, p. 169-183, 2001. um só momento9. A unidade de análise foi a empresa, tidd, J. technological innovation: organizational nesse caso, do ponto de vista de um respondente que linkages and strategic degrees of freedom. Technology possua um cargo de alto escalão na organização, como Analysis and Strategic Management, v. 5, n. 3, p. 273- diretores e presidentes. A escolha do respondente se 285, 1993. deu por meio induzido, pela necessidade de a survey ser aplicada em alguém que compreenda as principais ações tidd, J.; BESSANt, J. Gestão da inovação. São Paulo: relacionadas à inovação planejadas e desenvolvidas Longman, 2008. pela empresa em análise. A maioria das 60 empresas VAN dE VEN, A. Central problems in management of participantes foi visitada considerando-se práticas do innovation. Management Science, 1986. método de observação direta. VAN dE VEN, A.; HudSoN, R. managing attention A pesquisa de campo também contou com entrevistas to strategic choice. In: PENNiNGS, J. (Ed.). Strategic presenciais semiestruturadas, com instituições distintas decision making in complex organizations. San Fancisco: das que compuseram o grupo de análise, resultando Jossey-Bass, 1984. na confecção de casos que se encontram no anexo deste documento. A coleta de dados, que ocorreu entre VAN DE VEN, A.; POLLEY, D.; GARUD, R.; os meses de agosto e dezembro de 2009, também VENKAtARAmAN, S. The innovation journey. Oxford: contou com dados secundários, como documentos Oxford University Press, 1999. e material publicitário das empresas estudadas e pesquisas realizadas anteriormente no tema inovação WoodWARd, J. Management and technology. Londres: organizacional por instituições como Anpei, iBGE e HmSo, 1958. ABdi10. WoodWARd, J. Industrial organization: theory and practice. Londres: Oxford University Press, 1965. UTTERBACK, W.; ABERNATHY, J. Patterns of industrial Instrumento de pesquisa innovation. Technology Review, p. 40-47, 1978. o instrumento de pesquisa escolhido para a realização da survey foi o questionário, com uso da estratégia de entrevista pessoal. Esse questionário apresentou mEtodoLoGiA uma abordagem quantitativa e qualitativa, através de questões abertas e fechadas. A escolha do questionário A fase de pesquisa de campo do projeto “de minas se deve ao grande número de empresas entrevistadas. para o mundo e do mundo para minas” foi centrada, Como foram aplicados através de entrevista pessoal, principalmente, na realização de uma survey. Por também foi possível a utilização de métodos de definição, a survey se relaciona à obtenção de dados análise de discurso, que colaboraram para o melhor e informações de um grupo de pessoas, representante entendimento do tema nas organizações estudadas. As de uma população-alvo, através de um instrumento de questões do questionário foram divididas em oito blocos. pesquisa7. Esse método é considerado apropriado devido A escolha do tipo de questão se deve à característica ao objetivo de se entender “como” se dá o processo de de cada um dos temas tratados, conforme debatido inovação nas organizações pesquisadas. Através dela, no referencial teórico anteriormente apresentado. os tenta-se chegar à descrição, à explicação e à exploração blocos foram: do fenômeno em estudo, no caso a inovação8. Além disso, o objeto de estudo ocorre no presente, uma vez 1. Caracterização da empresa - questões abertas e que se deseja obter uma fotografia do cenário atual fechadas (dicotômicas e de múltipla escolha) dessas empresas em relação à gestão da inovação. 2. Estratégia de inovação - questões fechadas com uso de escala de classificação (Likert) 7 FREITAS, Henrique. O método de pesquisa survey. Revista de Administração da USP, São Paulo, 2000. 9 FREITAS, Henrique. O método de pesquisa survey. Revista 8 BAPtiStA, makilim; CAmPoS, dinael. Metodologias de de Administração da USP, São Paulo, 2000. Pesquisa em Ciências. Rio de Janeiro: LtC, 2009. 10 ABdi. Sondagem de inovação, 2010. Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 14
  • 15. 3. Cultura organizacional - questões fechadas com Inovação como opção estratégica uso de escala de classificação (Likert) A gestão da inovação requer uma atuação de forma 4. Gestão da inovação - questões abertas e integrada, considerando-se que a empresa é um fechadas dicotômicas sistema de aprendizado dinâmico, estruturada com 5. Processos - questões fechadas em escala de base no conhecimento e comprometida, dentre outros, múltipla escolha com a inovação sustentável. No entanto, há um dilema empresarial: a importância primordial de definir quais são 6. indicadores - questões abertas e fechadas as aspirações estratégicas organizacionais, buscando dicotômicas não apenas incluir a inovação como um dos aspectos 7. Competências, conhecimentos e tecnologias fundamentais, mas integrá-la e adaptá-la às demais -questões abertas orientações estratégicas. 8. Barreiras para inovar - questões fechadas com A empresa deve, portanto, buscar empreender uso de escala de classificação (Likert) os objetivos previstos com base no planejamento estratégico da inovação, que consiste na definição clara de estratégias, planos, objetivos, investimentos Embora capte também informações em temas como a serem realizados e indicadores de desempenho. competências, conhecimentos, tecnologias e barreiras No que tange a estratégias tecnológicas, Freeman para inovar, o questionário foi basicamente orientado (2000) classifica-as como imitativas, dependentes, pelo modelo FdC de inovação. o modelo de inovação tradicionais, ofensivas, defensivas e oportunistas; como ferramenta estratégica, desenvolvido pelos identificações que, embora generalizem uma gama pesquisadores do Núcleo de inovação da FdC, surgiu infinita de possibilidades, podem ser consideravelmente da observação de melhores práticas e do relacionamento úteis para os gestores. Porter (1980) destaca que a com empresas inovadoras que operam no Brasil. estratégia consiste, essencialmente, na relação entre a inspirado em alguns importantes autores trabalhados no empresa e o ambiente externo, definindo cinco forças, referencial teórico já explanado, o modelo apresenta um ancoradas no modelo estrutura-conduta-desempenho. processo integrado de gestão da inovação, baseado nas dessas forças, a inovação impacta apenas em uma, a decisões estratégicas da organização. incorpora, ainda, uma visão sistêmica, promovendo a integração das “rivalidade competitiva”, assegurando a competência diversas áreas da empresa e dos níveis estratégico, tático distintiva que a capacitará a oferecer melhores produtos e operacional. Nessa proposta, os elementos essenciais que a concorrência12. para o processo de inovação são: inovação como opção Segundo Prahalad e Hamel (1990), o desafio gerencial estratégica; cultura de inovação; estrutura e sistema de mais crítico a ser considerado pelos elaboradores gestão (incluindo indicadores) e processos11. das diretrizes estratégicas é criar produtos que os consumidores precisam, mas ainda não imaginaram, a partir do estímulo às competências que possibilitem concebê-los, antecipá-los. A concepção supracitada está, de certo modo, em concordância com o pensamento de Platão (1997): “A necessidade é a mãe da invenção”. Veblen (1965), no entanto, inverte a frase, demonstrando que o processo de criação de produtos forja a preferência de consumo, através de emulação e propagandas. Numa visão ampliada, a inovação é fruto de um trabalho multifuncional e multidisciplinar que envolve, em seu processo, portanto, as áreas de marketing, produção, finanças, pesquisa e desenvolvimento, além dos clientes, parceiros e fornecedores. torna-se nítida, dessa forma, a importância de a formulação da Figura 1 - modelo FdC de inovação estratégia de inovação estar totalmente alinhada com a visão estratégica da empresa, com nove percepções de 11 ARRudA, Carlos; RoSSi, Anderson; SAVAGEt, Paulo. Investigando a gestão da inovação, suas particularidades e 12 tidd, Joseph; BESSANt, Paul. Gestão da inovação. práticas organizacionais contemporâneas, 2009. Longman, 2008. Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 15
  • 16. âmbito interno e externo, sejam elas setoriais, regionais propensão a criação, mobilização e interação entre ou internacionais13. conhecimentos tácitos e explícitos, assim como a sua transmissão pela organização18. Essa propensão não destaca-se o papel fundamental do empreendedor, corresponde apenas a uma característica intrínseca à que deve estar apto a criar um ambiente favorável à personalidade, pode ser estimulada através de um clima inovação e assumir os seus riscos, atuando não apenas na busca de oportunidades inovadoras, mas também na favorável à inovação, no qual as pessoas se sintam gestão dos recursos internos, com o intuito de reduzir confortáveis para criar – embora moldar a cultura, uma obstáculos, definir diretrizes, orientar os funcionários complexa rede de comportamentos e artefatos, seja para o novo empreendimento, criar uma cultura de uma tarefa árdua e gradual 19. destacam-se, dessa inovação, construir e alinhar a estratégia de inovação forma, a importância e os impactos das especificidades aos processos corporativos, além de difundir os novos da cultura organizacional na conformação do processo conhecimentos14. de inovação, assim como a dificuldade de moldar um elemento tão subjetivo e dinâmico para atender aos objetivos estratégicos. Cultura de inovação A cultura organizacional pode inibir ou estimular a tendência à inovação. Entretanto, identificar isoladamente No entanto, para estimular a inovação em uma uma cultura e atribuir a ela a receita do sucesso organização não basta, apenas, definir sua importância ou fracasso constitui um grande erro, pois exprimir na posição estratégica e alocar capital e esforços os impactos da cultura em fórmulas empresariais à produção de conhecimento: é imprescindível que desconsideraria as peculiaridades inerentes a cada a cultura e o clima organizacionais estabeleçam as organização20. O que podemos afirmar é que a cultura estruturas informais favoráveis à busca pela inovação pró-inovação, independentemente das peculiaridades, e à manifestação criativa15. deve ser orientada em direção à estratégia da empresa: A cultura organizacional corresponde ao padrão de assumir os riscos intrínsecos à promoção da inovação, comportamento adotado pela corporação e inclui não além de eliminar ou reduzir barreiras às manifestações apenas normas, valores, crenças e premissas dos criativas – num ambiente onde os funcionários se sintam colaboradores, mas ainda todas as formas institucionais instigados e livres para explorar e gerar conhecimento, que orientam e governam as atitudes rotineiras e a sem medo de punições. tomada de decisões definindo, portanto, as normas e os valores dominantes na organização16. As práticas da empresa são, dessa forma, influenciadas pela cultura organizacional. Concomitantemente, ao desenvolver Estrutura e sistemas de gestão determinado padrão de comportamento, os membros diante dos diversos desafios organizacionais à solidificam as bases culturais da organização. Trata- manifestação criativa e ao surgimento de inovações, se, portanto, de um sistema no qual a rotina da torna-se imprescindível, adequar sua estrutura às empresa é inspirada na cultura, ao mesmo tempo em exigências estratégicas. Para o sucesso da gestão da que estabelece as suas características e diretrizes. É inovação, é imperativa a definição dos seus responsáveis, importante destacar, sobretudo, que uma cultura só é com o estabelecimento da equipe que implementará enraizada caso haja consenso e intensidade no que a gestão integrada da inovação, atuando com alta tange às práticas organizacionais17. representatividade diante dos demais colaboradores da Cada empresa possui uma cultura própria, com empresa21. É importante destacar a importância da mais características peculiares, diferenciada de qualquer outra ampla compreensão da natureza do processo inovativo, entidade, na medida em que reflete as especificidades assim como os interesses e as particularidades de cada de cada membro, além dos valores imbuídos pelo time organização. Portanto, o trabalho de profissionais com gerencial. Para inovar, os membros devem manifestar expertise nesse ramo propicia a melhor orientação de todos os processos e etapas vinculados à gestão 13 tiGRE, Paulo. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro, 2006. 18 NoNAKA, i.; tAKEuSCHi, H. The knowledge creating 14 dRuCKER, Peter. Inovação e espírito empreendedor: práticas company, 1995. e princípios, 2002. 19 tidd, Joseph; BESSANt, Paul. Gestão da inovação. 15 tEECE, d. Capturing value from knowledge assets, 1998. Longman, 2008. 16 SCHEiN, E. Organizational culture and leadership. San 20 O’ REILLY, C. Corporations, culture and commitment, 1989. Francisco, 1992. 21 NoNAKA, i.; tAKEuSCHi, H. The knowledge creating 17 O’ REILLY, C. Corporations, culture and commitment, 1989. company, 1995. Relatório de Pesquisa - Nova Lima - 2011 - RP 1105 16