O Cangaço foi um fenômeno social no Nordeste brasileiro entre os séculos XIX e XX caracterizado por grupos violentos que assaltavam fazendas e comboios. O primeiro líder conhecido foi Jesuíno Brilhante em 1870, e o último foi Corisco, morto em 1940. O mais famoso foi Lampião, que comandou ataques em grandes cidades entre 1920-1938, quando foi morto em Angicos junto com Maria Bonita, marcando o fim do Cangaço.
2. O Cangaço foi um fenômeno ocorrido no
nordeste brasileiro em meados do século 19
ao início do século 20. O cangaço tem suas
raízes em questões sociais do Nordeste
brasileiro, caracterizando-se por ações
violentas de grupos ou indivíduos isolados
que assaltavam fazendas, sequestravam
coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam
comboios e armazéns. Não tinham moradia
fixa pois eles viviam vagando pelo sertão
brasileiro, como nômades, praticando crimes,
fugindo e se escondendo.
3. O primeiro bando de cangaceiros que se
tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de
Melo Calado, o "Jesuíno Brilhante", que agiu
por volta de 1870, embora alguns
historiadores atribuam a Lucas Evangelista o
feito de ser o primeiro a agregar um grupo
característico de cangaço, nos arredores de
Feira de Santana (em 1828), sendo ele preso
junto com a sua quadrilha em 28 de Janeiro
de 1848 por provocar durante vinte anos
assaltos contra a população da Feira. O
último grupo cangaceiro foi o de "Corisco"
(Cristino Gomes da Silva Cleto), que foi
assassinado em 25 de maio de 1940.
4. Após a morte de Corisco destacou-se o líder
de uma quadrilha de cangaceiros que atuou
por quase duas décadas no nordeste
brasileiro, Virgulino Ferreira da Silva o
Lampião.
Lampião fez um reinado de violências e
ousadias o que levou ele e seu bando a
fazerem ataques à grandes cidades do
sertão, como em Limoeiro do Norte (CE) e
em Queimadas (BA), onde o bando ficou por
ali, matando, saqueando e impondo a sua
vontade pelo tempo que ali permaneceu.
5. Lampião tornou-se um personagem
imaginário nacional, onde era caracterizado
como uma espécie de Robin Hood, pois
roubava dos ricos para dar aos pobres e era
caracterizado como uma figura pré-
revolucionária, que questionava e advertia a
ordem social de sua época e região.
Por parte das autoridades, Lampião
simbolizava a brutalidade, o mal e até
mesmo uma doença que precisava ser
cortada. Para uma parte da população do
sertão, ele encarnou valores como a bravura,
o heroísmo e o senso da honra.
6. O agravamento do problema do cangaço
levou as polícias estaduais a criarem forças
especiais para combatê-lo, as chamadas
"volantes", comandadas por policiais de
carreira, mas formadas por "soldados"
temporários e cujos métodos de atuação
(em especial à população pobre) não era
muito diferente daqueles dos próprios
cangaceiros. Quanto ao governo federal,
seu descaso pelo cangaço foi sempre o
mesmo manifestado pelo semi-árido de um
modo geral.
7. Os cangaceiros conheciam bem a Caatinga,
e por isso, era fácil fugir das autoridades,
conheciam plantas medicinais, fontes de
água, locais com alimento, rotas de fuga e
lugares de difícil acesso. Mas em 1938, o
governo de Alagoas se empenhou na
captura de Lampião. Uma volante
comandada por João Bezerra conseguiu
cercá-lo na fazenda de Angicos, um refúgio
no Estado de Sergipe. Depois de vinte
minutos de tiroteio, cerca de 40 cangaceiros
conseguiram escapar, mas onze foram
mortos, entre eles o líder do bando e sua
mulher, conhecida como Maria Bonita.
8. Os cangaceiros foram degolados e suas
cabeças colocadas em latas contendo
aguardente e cal, para conservá-las. Foram
expostas por todo o Nordeste e por onde
eram levadas atraiam multidões, suas
cabeças ficaram expostas no museu Nina
Rodrigues até 1968, quando finalmente foram
sepultadas.
Este acontecimento veio a marcar o final do
cangaço, pois, a partir da repercussão da
morte de Lampião, os chefes dos outros
bandos existentes na Bahia vieram a se
entregar às autoridades policiais para não
serem mortos.
9. Lampião e Maria bonita se tornaram mitos
em todo o nordeste brasileiro ao misturar
riqueza, extravagância e barbaridade,
lançando no país o banditismo de
ostentação, onde o enfeite e o ornamento
eram destaques particulares aos crimes.
Lampião estava sempre vestido de maneira
extravagante, com roupas de cores
berrantes, chapéus grandes, cintos
elaborados, lenços e etc... E ele sempre
estava enfeitado de medalhas e anéis,
colares e broches. Lampião e seu bando
criaram sua própria moda de forma
autentica.
10. Naquele tempo as armas eram bacamartes
e espingardas de ante cargas, como por
exemplo:
Bacamarte Turco: Possuía 68 cm e era
adaptada por um sistema de pederneira e
percussão. Posteriormente foi adaptada pela
introdução do cartucho metálico.
Carabina Winchester de 1873: Era conhecida
como “Papo Amarelo” por ter o elevador de
munição amarelo, foi por muitos anos a arma
principal do cangaço. As mais usadas no
Nordeste tinham 20 polegadas com um cano
octogonal e suportavam até 12 tiros.
11. Pistola Luguer 1908: Lampião usava uma
quando foi abatido. Esta arma é famosa até
hoje no nordeste, onde as história de sua
potência entraram para o imaginário
popular. Outras pistolas certamente de
diversas origens, podiam ser encontradas,
principalmente as belgas (muitas da marca
FN ) e espanholas (sendo mais comuns as do
tipo “Ruby” ). Eles carregavam armas de
bolso como Bulldog de calibre 5,5mm, pois
eram tremendamente populares e não há
motivo para não se pensar que um ou outro
as usasse como 3ª ou 4ª arma reserva.
12. Adaga Paraibana: É um complemento das
armas de fogo que era usada por todos
cangaceiros. Era usada para “sangrar” como
eles diziam os “cabra safado” e “macacos
das volantes” (sangrar era enfiar a adaga no
pé da garganta ou clavícula, atingindo
coração e pulmões, como se faziam com os
porcos).
Era a arma de combates corpo a corpo e
resolvia as questões pessoais. E muitos dizem
que no processo de fabricação, a lâmina em
brasa era mergulhada em veneno não em
água, recebendo uma têmpera mortal, que
infeccionava os ferimentos.