2. Morfologia do Solo
Morfologia do solo significa o estudo da sua
aparência no meio ambiente natural, descrição
dessa aparência segundo as características visíveis
a olho nu, ou prontamente perceptíveis.
A morfologia corresponde, à “anatomia do solo”. O
conjunto de características morfológicas constitui a
base fundamental para a identificação do solo,
que deverá ser completada com as análises de
laboratório.
3. Morfologia do Solo
É de extrema importância que a morfologia de um
solo seja devidamente descrita no campo, antes
que dele sejam retiradas amostras para as diversas
análises que são realizadas nos laboratórios de
pedologia.
Diversas características são observadas na descrição
morfológica de perfil, sendo que as principais são:
a) cor; b) textura; c) estrutura; d) consistência e e)
espessura dos horizontes.
4. Cor
A
cor é uma das feições
normalmente mais notadas, por
ser de fácil visualização.
As diversas tonalidades existentes
no perfil são muito úteis à
identificação e delimitação dos
horizontes e, às vezes, ressaltam
certas condições de extrema
importância.
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5. Cor
A cor deve ser descrita por comparação com uma
escala padronizada. A mais usada é a “Tabela
Munsell”, que consiste cerca de 170 pequenos
retângulos com colorações diversas, arranjadas
sistematicamente num livro de folhas descartáveis. A
anotação da cor do solo é feita comparando-se um
fragmento ou torrão, de um determinado horizonte,
com esses retângulos.
7. Cor
Uma vez que se ache o colorido mais próximo,
anotam-se, três elementos básicos que compõem
uma determinada cor:
Matiz – cor “pura” ou fundamental de arco-íris,
determinada pelo comprimento de onda da luz,
que é refletida na amostra (por exemplo, vermelho,
amarelo etc.)
8. Cor - Matiz
Espectro dominante de
cor no solo.
Vermelho (R) Vermelho
Amarelo (YR)
Amarelo (Y)
9. Cor - Valor
Valor – Medida do grau de claridade
da luz ou tons de cinza presentes
(entre branco e preto) variando de
0 ( para o preto absoluto) a 10
(para o branco puro).
0
10
10. Cor - Croma
Croma – proporção da mistura da cor fundamental
com a tonalidade de cinza, também variando de 0
a 10.
0
10
Aumenta a Pureza
11. Cor
•matiz – nome da cor
(R=Red, Y=Yellow)
•valor – brilho ou
tonalidade
•croma – intensidade
ou pureza da cor em
relação ao cinza
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12. Cor – Indicação da cor do solo
Exemplo
10R o matiz indicador
da cor fundamental
vermelha
10R 3/4
Este vermelho esta
misturando com o valor 3
(cinza composto de 3
partes de preto e 7
branco)
Croma 4 (indicando que
aquele cinza contribuiu
em 6 partes e o
vermelho em 4 partes)
13. Porque avaliar a cor do solo?
–Característica do solo mais óbvia e mais facilmente
determinada
–Características importantes do solo podem ser
inferidas a partir da cor.
•Solos bem drenados possuem cor uniforme.
•Solos com lençol freático oscilante possuem
mosqueados em cores acinzentadas, amareladas
e/ou alaranjadas.
14. Cor - Agentes colorantes no solo
•Matéria orgânica escurece o solo e é tipicamente
associada com camadas superficiais do solo. A MO
pode mascarar outros agentes colorantes do solo.
•O ferro (Fe) é o principal agente colorante dos
horizontes subsuperficiais. Cores avermelhadas,
laranjadas e marrons associadas com solos bem
drenados são o resultado de óxido de ferro recobrindo
partículas individuais.
•Manganês (Mn) é comum em alguns solos, resultando em
cores muito escuras em todo o perfil ou na forma de
nódulos.
15. Textura
Quando se separam os constituintes minerais unitários
dos pequenos torrões, verifica-se que o solo é
constituído de um conjunto de partículas individuais
que estão, em condições naturais, ligadas umas às
outras. Essas têm tamanhos bastante variados:
algumas são suficientemente grandes para
observação a olho nu, outras podem ser vistas com
o auxílio de lentes de bolso ou microscópio comum,
enquanto as restantes podem ser observadas com o
auxílio de microscópio eletrônico.
16. Textura
Para que as partículas possam ser convencionalmente
estudadas, é costume classificá-las em frações cujos
limites convencionais atualmente mais usados no
Brasil são:
FRAÇÃO
DIÂMETRO (mm)
Pedra
200 a 20
Cascalho
De 20 e 2
Areia
De 2 a 0.05
Silte
Entre 0.05 e 0.002
Argila
Menor que 0,002
18. Textura
A fração de área algumas vezes é subdividida em
duas outras: a) areia grossa (2,0 a 0,3mm) e b)
areia fina (0,2 a 0,05). E outras subdivisões
Lepsh, Igo F.
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19. Textura
Em trabalhos de geologia, é comum fazer essa
separação da seguinte forma.
Fração
Diâmetro mm
Matacão
Bloco
Seixo
Grânulos
Areias
Silte
Argila
Maior que 256
256 a 64
64 a 4,0
4,0 a 2,0
2,0 a 0,062
0,062 a 0,004
Menor que 0,004
20. Textura
Raramente um horizonte é constituído de uma única
fração granulométrica, mas de uma combinação
desses três (areia, silte e argila) a qual define a
classe da textura.
Uma amostra é classificada de arenosa se possuir
85% de frações de tamanho areia: argilosa, se
possuir mais de 35% de argila, e média (ou fraca)
se tiver as três frações
em quantidades
relativamente equilibradas.
21. Estrutura
Um grande número de propriedades físicas e processos
biológicos e químicos são afetados pelo tipo,
tamanho e grau de desenvolvimento dos agregados
→ maior ou menor permeabilidade à água,
facilidade de penetração das raízes, grau de
aeração etc.
22. Estrutura
A estrutura é a agregação das partículas primárias
do solo é avaliada quanto a:
- tipo (laminar, prismática, blocos angulares, blocos
sub angulares, e granular)
- Classe (muito pequena, pequena, média, grande,
muito grande)
- Grau de estrutura (sem estrutura grãos simples, sem
estrutura maciça, com estrutura fraca, com estrutura
moderada, com estrutura forte)
23. Estrutura
A formação dos agregados é ocasionada por
vários fatores:
a) ajuntamento das partículas unitárias (argila,
silte e areia)
b) aparecimento de fendas que separam as
unidades estruturais
25. Estrutura
Para examinar e descrever a
estrutura de um horizonte do solo,
retira-se de um determinado
horizonte um bloco (torrão), com
uma faca ou um martelo.
Depois de separados, verifica-se sua
forma, tamanho e grau de
desenvolvimento (ou de coesão)
dentro e entre esses agregados.
26. Estrutura
Grau de desenvolvimento
-Sem estrutura (maciça –grãos simples)
-Com estrutura:
Fraca: unidades estruturais, na maioria, destruídas no
ato da sua remoção do perfil
Moderada: resistente a manipulação leve
Forte: resistente a desagregação. Separa-se os
agregados sem a ocorrência de material
desagregado
27. Consistência
É a resistência do solo a alguma força que tende a
rompê-los. É estimada pressionando-se um
agregado ou torrão de determinado horizonte do
solo entre os dedos.
A consistência do solo é normalmente determinada
em três estados de umidade:
- Molhado: para estimar a plasticidade e a
pegajosidade;
- úmido: para estimar a friabilidade;
- seco: para estimar a dureza.
28. Consistência
O grau de consistência varia não só em função das
características mais fixas do solo, tais como textura,
estrutura, agentes cimentadores etc. como também
do teor de umidade existente.
29. Consistência
Solo Seco: Dureza ou tenacidade
Solto; Macio; Ligeiramente duro; Duro; Muito duro;
Extremamente duro
Solo Úmido: Friabilidadedo Solo
Solto; Muito friável; Friável; Firme; Muito firme;
Extremam. Firme
Solo Molhado: Plasticidade e Pegajosidade
-Não plástico; Ligeiramente plástico; Plástico; Muito
plástico
-Não pegajoso; Lig. Pegajoso; Pegajoso; Muito pegajoso
30. Porosidade
Porosidade do Solo: Espaço existente entre as
partículas sólidas e entre os agregados do solo .
- Identificada pelo tamanho (muito pequenos, médios,
grandes, muito grandes) e quantidade(pouco,
comum, muitos) dos macroporos visíveis.
- Note-se que na determinação morfológica do solo
somente são observáveis os poros visíveis, não
havendo possibilidade de estimar a porosidade
total do solo (macroporos não visíveis e microporos).
31. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
Além das características morfológicas, podem ser
determinadas características ambientais do local do
perfil do solo.
Pedregosidade
Rochosidade
Relevo local e regional
Erosão
Drenagem
Vegetação
Raízes
Fatores biológicos
32. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
PEDREGOSIDADE
Quantidade de calhaus e matacões (até 100 cm de
diâmetro) sobre o solo ou na massa de solo.
-as classes de pedregosidade são: não pedregosa,
ligeiramente
pedregosa,
moderadamente
pedregosa, pedregosa, muito pedregosa, e
extremamente pedregosa.
33. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
ROCHOSIDADE
- quantidade de matacões (com mais de 100 cm de
diâmetro) e afloramentos rochosos.
- as classes de rochosidade são: não rochosa,
ligeiramente rochosa, moderadamente rochosa,
rochosa, muito rochosa, e extremamente rochosa.
34. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
RELEVO LOCAL E REGIONAL
- A declividade é normalmente determinada a campo
com o auxílio de um clinômetro.
CLASSE DE RELEVO
DECLIVIDADE (%)
Plano
Suave ondulado
Ondulado
<3
3–8
8 – 20
Forte ondulado
Montanhoso
20 – 45
45 – 75
Escarpado
> 75
35. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
EROSÃO
- Refere-se
à remoção da parte superficial e
subsuperficial do solo, principalmente devido à chuva
e/ou vento.
- formas: Erosão eólica, hídrica, lacustre. Erosão hídrica:
laminar ou em sulcos.
- classes: não aparente, ligeira, moderada, forte, muito
forte e extremamente forte.
Sulcos são classificados quanto à freqüência (ocasionais ,
freqüentes, muito freqüentes) e à profundidade
(superficiais, rasos, profundos).
36. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
DRENAGEM
Facilidade de remoção do excesso de água do solo. Classes
de drenagem:
-excessivamente drenado
-fortemente drenado
-acentuadamente drenado
-bem drenado
-moderadamente drenado
-imperfeitamente drenado
-mal drenado
-muito mal drenado
37. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
VEGETAÇÃO
PRIMÁRIA
- Indica a vegetação que originalmente existia na
área
- As formas de vegetação utilizadas pelo Centro
Nacional de Pesquisa de Solos (EMBRAPA-CNPS)
constam em SANTOS et al. (2005, p. 62-63).
38. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
RAÍZES
- Deve ser indicados os horizontes/profundidade nos
quais ocorrem, caracterizando-se:
- Tipo (fasciculares, pivotantes, secundárias)
- Quantidade (muitas, poucas, raras)
- Diâmetro Muito finas (< 1 mm) Finas ( 1 a 2 mm)
Médias (2 a 5 mm) Grossas (5 a 10 mm) Muito
grossas (> 10 mm)
39. Características Ambientais Do Perfil
De Solo
FATORES BIOLÓGICOS
Indicar a ação de organismos como minhocas, cupins,
formigas, tatus, etc., no respectivo horizonte,
anotando o local de máxima atividade e a
distribuição pela área
40. Exemplo de descrição de um do solo
a. Descrição Geral
Perfil: Sanga –Ponto 8 Data: 04-06-2002
Classificação: PLANOSSOLO HIDROMÓRFICO Eutrófico
plíntico
Unidade de Mapeamento: SGe
Localização: Santa Maria, Caomobi, RS. Longitude 241.210 e
Latitude 6.714.665
Situação e declive: Descrito e coletado em barranco de uma
sanga.
Altitude: 98 m Litologia: Areia,siltee argila fluvial
Formação Geológica: Sedimentos recentes
Cronologia: Quaternário
41. Exemplo de descrição de um do solo
Pedregosidade e rochosidade: ausente
Relevo local:Plano
Relevo Regional: Plano
Erosão: laminar e sulcos
Drenagem: imperfeitamente a mal drenado
Vegetação: gramíneas, capim rabo de burro e mariamole
Clima: Cfa2 de Koeppen.
Uso atual: pastagem
Descrito e coletado por: Clovis Orlando Da Rose Gilberto
Logueiro Collares
42. Exemplo de descrição de um do solo
b. Descrição Morfológica
A10-35cm,bruno-escuro (7,5YR 3/2, úmido) e cinzento-avermelhado (7,5YR 5/2, seco); franco; moderada
média granular; poros pequenos e poucos; dura, friável, ligeiramente plástica e pegajosa; transição difusa
e muitas raízes.
A2 35-58cm,bruno(10YR 5/3, úmida) ebruno-acinzentado (10YR 5/2,5, seco); franca; moderada pequena
granular; poros pequenos e poucos; dura, friável e ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição
abrupta e raízes comuns.
E158-81cm,bruno-acinzentado-muito-escuro (10YR 3/2, úmida) e cinzento-brunado-claro (10YR 6/3, seco);
franco arenosa; moderada média blocos angulares; poros muito pequenos e poucos; dura, friável e
plástica e pegajosa; transição gradual e raízes comuns.
E281-92cm,bruno-acinzentado-escuro (10YR 4/2, úmida), mosqueados (10YR 5/6, úmida),bruno(10YR 5/3,
seco) e mosqueadosbruno-escuro (7,5YR 4/4, seco); franco arenosa; moderada média blocossubangulares;
poros muito pequenos e poucos; dura, friável e plástica e ligeiramente pegajosa; transição abrupta e
poucas raízes.
Btg92-127cm,bruno-escura (7,5YR 3/2, úmida) ebruno-acinzentado-escuro (10YR, 4/2, seco); franco argilosa;
forte grandeprismáticaque se quebra em média blocossubangulares; poros muito pequenos e poucos; duro,
firme, plástica e pegajosa; transição gradual e poucas raízes.
C127 –142cm+, preto (5YR 2,5/1, úmida) e cinzento-muito-escuro (5YR 3/1, seco); argilosa; forte média e
grandeprismáticaque se quebra em média blocossubangulares; poros muito pequenos e poucos; duro,
firme, plástica e pegajosa; transição gradual e raízes raras.
43. Importância e Função
Recobrindo a maior parte das terras emersas, os solos
constituem sistemas complexos formados pela
interseção da litosfera, biosfera e a atmosfera
terrestres. Como componente básico das paisagens,
os solos apresentam funções estruturais enquanto
suporte físico dos ecossistemas, além de constituir
diversas funcionalidades ecológicas, como a
produção biológica e a regulação do ciclo
hidrológico de superfície.
44. Importância e Função
Além disso, constituem um importante meio fixador de
carbono e depurador de efluentes, minimizando
possíveis impactos ambientais. Do ponto de vista
antrópico, são considerados recursos naturais, fonte
de matéria-prima para a construção e industria
cerâmica, e, fonte de nutrientes e água para as
atividades agrosilvipastoris.
45. Produção Florestal e Agrícola
Filtragem e depuração
Preservação Genética e produção
Infraestrutura
Imagens Google
Fonte de matérias primas
46. Referência Bibliográfica
Lepsh, Igo F. Formação e Conservação dos Solos. Oficina de Textos, 2002
Morfologia SPA, 2006 Apud.
BRADY, N.C. Natureza e propriedades dos solos. 7.ed. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1989. 878p.
BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Pesquisa agropecuária. Divisão de Pesquisa
Pedológica. Levantamento de Reconhecimento dos Solos do Estado do Rio Grande do Sul, Recife, 1973.
431p.
CURI, N. et al. Vocabulário de Ciência do Solo. Campinas, Sociedade Brasileira de Ci6encia do Solo,
1993. 90p.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (RJ). Sistema Brasileiro do Classificação de Solos.
Embrapa Solos, Brasília, 1999. 412p.
KIEHL, J.E. Manual de edafologia. São Paulo, Ceres, 1979, 262p.
OLIVEIRA, J.B. Pedologia Aplicada. Jaboticabal, FUNEP, 2001. 414p.
PRADO, H. Manual de Classificação de Solos do Brasil. Jaboticabal, FUNEP, 1993. 218p.
RESENDE, M. et al. PEDOLOGIA: base para distinçãode ambientes. Viçosa, NEPUT, 1995. 304P.
SANTOS, R. D. Et al. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5a ed. Viçosa. SBCS, 2005. 100p
STRECK, E.V. Et al. Solos do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, EMATER, RS; UFRGS, 2002, 125p.
VIEIRA, L.S. Manua
47. Atividade
1.
2.
3.
4.
Responda o questionário
Quais os fatores de formação do solo? Explique
resumidamente cada uma delas.
A proporção de cada um dos componentes do
solo pode variar de um solo para outro. Em termos
médio a composição pode ser encontrada em que
proporção e quais componentes?
O que é um horizonte e perfil de solo?
Por que avaliar a cor do solo?
48. Atividade
5. Explique as diferentes texturas do solo.
6. Explique as diferentes formas estruturadas do
solo?
7. Como faço análise da consistência do solo?
8. Explique as características ambientais para análise
do perfil do solo
9. Quais os diferentes usos do solos e os impactos
ambientais