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PROJETO DE LEI Nº , DE 2012
(Dos Srs. Paulo Teixeira, Fábio Trad, Delegado Protógenes e Miro Teixeira)
Altera os arts. 161, 162, 164, 165, 169 e 292
do Decreto-Lei no
3.689, de 3 de outubro de
1941- Código de Processo Penal.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1o
Os artigos 161, 162, 164, 165, 169 e 292 do Decreto-Lei no
3.689, de 3 de
outubro de 1941- Código de Processo Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 161.......................................................................................................
Parágrafo único. É vedado o acompanhamento do exame de corpo de
delito por pessoa estranha ao quadro de peritos e auxiliares.” (NR)
“Art. 162........................................................................................................
§ 1o
Nos casos de morte violenta será obrigatório exame interno,
documentação fotográfica e coleta de vestígios encontrados durante o
exame necroscópico.
§ 2o
Sem prejuízo da documentação fotográfica e da coleta de vestígios,
o perito, fundamentadamente, poderá dispensar a realização de exame
interno quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte.
§ 3o
O exame interno sempre será realizado nos casos de morte violenta
ocorrida em ações com envolvimento de agentes do Estado.
§ 4o
Na hipótese do § 3º, o laudo será elaborado em até dez dias e
encaminhado imediatamente à autoridade policial, ao órgão correicional
correspondente, ao Ministério Público e à família da vítima, sem prejuízo,
quando necessário, de posterior remessa de exames complementares.
§ 5o
É vedado o acompanhamento da autópsia por pessoa estranha ao
quadro de peritos e auxiliares, exceto se indicados por representantes da
vítima.
§ 6o
Caso o laudo não seja juntado aos autos no prazo do § 4o
, a
autoridade policial o requisitará e comunicará o Ministério Público.” (NR)
“Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que
forem encontrados, bem como todas as lesões externas e vestígios
deixados no local do crime.” (NR)
“Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos
juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
devidamente rubricados.” (NR)
“Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere
o estado das coisas até a chegada dos peritos, que deverão instruir seus
laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
.......................................................................................................................
§ 2o
Nos casos de morte violenta ocorrida em ações com envolvimento de
agentes do Estado, o laudo será entregue à autoridade requisitante em até
dez dias, sem prejuízo, quando necessário, de posterior remessa de exames
complementares.” ( NR)
“Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à
captura em flagrante, ou ao cumprimento de ordem judicial, o executor e
as pessoas que o auxiliarem poderão usar moderadamente dos meios
necessários para defender-se ou para vencer a resistência.
§ 1o
Se do emprego da força resultar ofensa à integridade corporal ou à
vida do resistente, a autoridade policial competente deverá instaurar
imediatamente inquérito para apurar esse fato, sem prejuízo de eventual
prisão em flagrante.
§ 2o
Da instauração do inquérito policial de que trata o parágrafo anterior
será feita imediata comunicação ao Ministério Público e à Defensoria
Pública, sem prejuízo do posterior envio de cópia do feito ao órgão
correcional correspondente e, onde houver, à Ouvidoria, ou órgão de
atribuições análogas.
§ 3o
Observado o disposto no art. 6º, todos os objetos que tiverem conexão
com o evento mencionado no § 1º, como armas, material balístico e
veículos, deverão ser, imediatamente, exibidos à autoridade policial.
§ 4o
Independentemente da remoção de pessoas e coisas, deverá a
autoridade policial responsável pela investigação dos eventos com
resultado morte requisitar o exame pericial do local.” (NR)
Art. 2o
Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
O Projeto de Lei aqui apresentado surgiu a partir da comoção de diversos
operadores do sistema de justiça, profissionais de segurança pública e da sociedade civil
organizada, todos atentos à necessidade de correta apuração de casos envolvendo letalidade no
emprego da força estatal.
Da análise cotidiana de ações que envolvem o emprego de força letal policial,
designados genericamente como “resistência seguida de morte” ou “autos de resistência”,
constata-se que vários casos não são submetidos à devida apreciação do sistema de justiça,
porquanto, no mais das vezes, consolida-se a premissa de que não há que se investigar a possível
ocorrência de crime doloso.
Destaca-se que, na análise dos inquéritos instaurados para apurar os casos que
envolvem letalidade na ação policial, é comum a adoção da tese da excludente de ilicitude da
ação, o que prejudica a adequada apuração dos fatos e suas circunstâncias, contrapondo, assim, o
Estado Brasileiro à sua própria Constituição e às regras internacionais de proteção aos direitos
humanos.
Notou-se, assim, que a partir da classificação de um caso como “auto de
resistência” ou “resistência seguida de morte” diversos pressupostos fundamentais de uma
investigação eficaz deixam de ser adotados. Conforme relatam os profissionais que atuam com
esta temática, a análise empírica de inúmeros autos de inquéritos aponta que vários deles
apresentam deficiências graves, como a falta de oitiva de todos os envolvidos na ação, a falha na
busca por testemunhas desvinculadas de corporações policiais e a ausência de perícias básicas,
como a análise da cena do crime.
Enfatiza-se que a deficiência das investigações desses casos não só representa uma
clara violação dos direitos humanos, como também uma violação de tratados internacionais dos
quais o Brasil é signatário. Neste sentido, podemos mencionar os princípios das Nações Unidas
para a prevenção efetiva e investigação de execuções sumárias, arbitrárias e extralegais, adotado
em 24 de maio de 1989:
“Os governos devem proibir por lei todas as execuções extralegais,
arbitrárias ou sumárias e devem zelar para que todas essas execuções
sejam tipificadas como delitos em seu direito penal e que sejam
sancionáveis com penas adequadas que levem em conta a gravidade de
tais delitos [...]”
Ainda com relação a estes princípios das Nações Unidas, sobre a condução da
investigação:
Deve haver uma investigação completa, imediata e imparcial de
todos os casos suspeitos de execução sumária, arbitrária e extralegal,
inclusive de casos em que a queixa de parentes ou outros relatos
confiáveis sugiram óbito por razões anormais nessas circunstâncias.
Os Governos devem manter oficiais de investigação e procedimentos a
fim de realizar tais inquéritos. O propósito da investigação deve ser
determinar as causas, as razões e a hora da morte, o autor do crime, e
qualquer ato ou prática que possa ter causado a morte. Deve incluir ainda
autópsia adequada, coleta e análise de qualquer prova física ou
documental, bem como relatos de testemunhas. A investigação deve
distinguir entre morte natural, morte acidental, suicídio e homicídio1
.
A eficácia de uma investigação implica, dentre outros fatores, na sua
imparcialidade. Destarte, deve a investigação ser capaz de determinar se a força utilizada foi ou
não justificada segundo as circunstâncias presentes no caso concreto e a identificar e punir os
responsáveis em caso de eventual abuso.
Com efeito, o Projeto encontra-se em conformidade com os direitos fundamentais,
como o direito ao devido processo legal por meio da condução de uma investigação
sistematizada e a busca da redução de falhas, o que se mostra imprescindível para coibir práticas
violadoras de direitos humanos.
Nesse contexto, o projeto ora proposto garante a preservação dos meios de prova
em relação à perícia, à coleta, conservação e exame dos vestígios e a coleta da maior amplitude
possível de elementos materiais aptos a permitir a correta e isenta apuração pelos órgãos do
sistema de justiça, sempre que da ação dos agentes do Estado resultar ofensa à integridade
corporal ou à vida de qualquer cidadão.
A proposta assegura ainda que não haverá mais uma tramitação específica de
procedimentos que tenham como objeto central a resistência, sempre que esta tiver como
resultado uma ofensa física ou mesmo morte. Nesses casos, deverá ser respeitada a apuração
primordial tanto do evento morte quanto das eventuais lesões corporais, segundo as
competências materiais determinadas pela legislação vigente e aplicadas a tais atos. Afasta-se
assim, qualquer possibilidade de que uma eventual resistência de um cidadão a ordem legítima
de autoridade pública prevaleça sobre eventual conseqüência letal da ação do agente público.
Nesse sentido, a aprovação do referido projeto proporciona a ampliação do
controle e da fiscalização sobre a atividade de segurança pública, de maneira eficiente e
independente, de modo a diminuir excessos e garantir a responsabilização pelos atos que não
esteja condizentes com as conquistas do Estado Democrático de Direito e com os anseios sociais
pela redução da violência estatal e da letalidade de suas ações.
Em razão disso e dos argumentos expostos, vimos pedir o apoio de nossos pares
nessa Casa para a aprovação do presente Projeto de Lei.
Sala das Sessões, de setembro, de 2012.
Paulo Teixeira
Deputado Federal
Fábio Trad
Deputado Federal
1
Disponível em: http://www.unodc.org/documents/justice-and-prison-reform/projects/UN_Standards_and_Norms_CPCJ_-_Portuguese1.pdf.
Acesso em 19/07/2012.
Delegado Protógenes
Deputado Federal
Miro Teixeira
Deputado Federal

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Projeto de lei contra os "autos de resistência"

  • 1. PROJETO DE LEI Nº , DE 2012 (Dos Srs. Paulo Teixeira, Fábio Trad, Delegado Protógenes e Miro Teixeira) Altera os arts. 161, 162, 164, 165, 169 e 292 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941- Código de Processo Penal. O CONGRESSO NACIONAL decreta: Art. 1o Os artigos 161, 162, 164, 165, 169 e 292 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941- Código de Processo Penal, passam a vigorar com a seguinte redação: “Art. 161....................................................................................................... Parágrafo único. É vedado o acompanhamento do exame de corpo de delito por pessoa estranha ao quadro de peritos e auxiliares.” (NR) “Art. 162........................................................................................................ § 1o Nos casos de morte violenta será obrigatório exame interno, documentação fotográfica e coleta de vestígios encontrados durante o exame necroscópico. § 2o Sem prejuízo da documentação fotográfica e da coleta de vestígios, o perito, fundamentadamente, poderá dispensar a realização de exame interno quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte. § 3o O exame interno sempre será realizado nos casos de morte violenta ocorrida em ações com envolvimento de agentes do Estado. § 4o Na hipótese do § 3º, o laudo será elaborado em até dez dias e encaminhado imediatamente à autoridade policial, ao órgão correicional correspondente, ao Ministério Público e à família da vítima, sem prejuízo, quando necessário, de posterior remessa de exames complementares. § 5o É vedado o acompanhamento da autópsia por pessoa estranha ao quadro de peritos e auxiliares, exceto se indicados por representantes da vítima. § 6o Caso o laudo não seja juntado aos autos no prazo do § 4o , a autoridade policial o requisitará e comunicará o Ministério Público.” (NR) “Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.” (NR)
  • 2. “Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.” (NR) “Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que deverão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. ....................................................................................................................... § 2o Nos casos de morte violenta ocorrida em ações com envolvimento de agentes do Estado, o laudo será entregue à autoridade requisitante em até dez dias, sem prejuízo, quando necessário, de posterior remessa de exames complementares.” ( NR) “Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à captura em flagrante, ou ao cumprimento de ordem judicial, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar moderadamente dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência. § 1o Se do emprego da força resultar ofensa à integridade corporal ou à vida do resistente, a autoridade policial competente deverá instaurar imediatamente inquérito para apurar esse fato, sem prejuízo de eventual prisão em flagrante. § 2o Da instauração do inquérito policial de que trata o parágrafo anterior será feita imediata comunicação ao Ministério Público e à Defensoria Pública, sem prejuízo do posterior envio de cópia do feito ao órgão correcional correspondente e, onde houver, à Ouvidoria, ou órgão de atribuições análogas. § 3o Observado o disposto no art. 6º, todos os objetos que tiverem conexão com o evento mencionado no § 1º, como armas, material balístico e veículos, deverão ser, imediatamente, exibidos à autoridade policial. § 4o Independentemente da remoção de pessoas e coisas, deverá a autoridade policial responsável pela investigação dos eventos com resultado morte requisitar o exame pericial do local.” (NR) Art. 2o Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. JUSTIFICAÇÃO O Projeto de Lei aqui apresentado surgiu a partir da comoção de diversos operadores do sistema de justiça, profissionais de segurança pública e da sociedade civil
  • 3. organizada, todos atentos à necessidade de correta apuração de casos envolvendo letalidade no emprego da força estatal. Da análise cotidiana de ações que envolvem o emprego de força letal policial, designados genericamente como “resistência seguida de morte” ou “autos de resistência”, constata-se que vários casos não são submetidos à devida apreciação do sistema de justiça, porquanto, no mais das vezes, consolida-se a premissa de que não há que se investigar a possível ocorrência de crime doloso. Destaca-se que, na análise dos inquéritos instaurados para apurar os casos que envolvem letalidade na ação policial, é comum a adoção da tese da excludente de ilicitude da ação, o que prejudica a adequada apuração dos fatos e suas circunstâncias, contrapondo, assim, o Estado Brasileiro à sua própria Constituição e às regras internacionais de proteção aos direitos humanos. Notou-se, assim, que a partir da classificação de um caso como “auto de resistência” ou “resistência seguida de morte” diversos pressupostos fundamentais de uma investigação eficaz deixam de ser adotados. Conforme relatam os profissionais que atuam com esta temática, a análise empírica de inúmeros autos de inquéritos aponta que vários deles apresentam deficiências graves, como a falta de oitiva de todos os envolvidos na ação, a falha na busca por testemunhas desvinculadas de corporações policiais e a ausência de perícias básicas, como a análise da cena do crime. Enfatiza-se que a deficiência das investigações desses casos não só representa uma clara violação dos direitos humanos, como também uma violação de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Neste sentido, podemos mencionar os princípios das Nações Unidas para a prevenção efetiva e investigação de execuções sumárias, arbitrárias e extralegais, adotado em 24 de maio de 1989: “Os governos devem proibir por lei todas as execuções extralegais, arbitrárias ou sumárias e devem zelar para que todas essas execuções sejam tipificadas como delitos em seu direito penal e que sejam sancionáveis com penas adequadas que levem em conta a gravidade de tais delitos [...]” Ainda com relação a estes princípios das Nações Unidas, sobre a condução da investigação: Deve haver uma investigação completa, imediata e imparcial de todos os casos suspeitos de execução sumária, arbitrária e extralegal, inclusive de casos em que a queixa de parentes ou outros relatos confiáveis sugiram óbito por razões anormais nessas circunstâncias. Os Governos devem manter oficiais de investigação e procedimentos a fim de realizar tais inquéritos. O propósito da investigação deve ser determinar as causas, as razões e a hora da morte, o autor do crime, e qualquer ato ou prática que possa ter causado a morte. Deve incluir ainda autópsia adequada, coleta e análise de qualquer prova física ou
  • 4. documental, bem como relatos de testemunhas. A investigação deve distinguir entre morte natural, morte acidental, suicídio e homicídio1 . A eficácia de uma investigação implica, dentre outros fatores, na sua imparcialidade. Destarte, deve a investigação ser capaz de determinar se a força utilizada foi ou não justificada segundo as circunstâncias presentes no caso concreto e a identificar e punir os responsáveis em caso de eventual abuso. Com efeito, o Projeto encontra-se em conformidade com os direitos fundamentais, como o direito ao devido processo legal por meio da condução de uma investigação sistematizada e a busca da redução de falhas, o que se mostra imprescindível para coibir práticas violadoras de direitos humanos. Nesse contexto, o projeto ora proposto garante a preservação dos meios de prova em relação à perícia, à coleta, conservação e exame dos vestígios e a coleta da maior amplitude possível de elementos materiais aptos a permitir a correta e isenta apuração pelos órgãos do sistema de justiça, sempre que da ação dos agentes do Estado resultar ofensa à integridade corporal ou à vida de qualquer cidadão. A proposta assegura ainda que não haverá mais uma tramitação específica de procedimentos que tenham como objeto central a resistência, sempre que esta tiver como resultado uma ofensa física ou mesmo morte. Nesses casos, deverá ser respeitada a apuração primordial tanto do evento morte quanto das eventuais lesões corporais, segundo as competências materiais determinadas pela legislação vigente e aplicadas a tais atos. Afasta-se assim, qualquer possibilidade de que uma eventual resistência de um cidadão a ordem legítima de autoridade pública prevaleça sobre eventual conseqüência letal da ação do agente público. Nesse sentido, a aprovação do referido projeto proporciona a ampliação do controle e da fiscalização sobre a atividade de segurança pública, de maneira eficiente e independente, de modo a diminuir excessos e garantir a responsabilização pelos atos que não esteja condizentes com as conquistas do Estado Democrático de Direito e com os anseios sociais pela redução da violência estatal e da letalidade de suas ações. Em razão disso e dos argumentos expostos, vimos pedir o apoio de nossos pares nessa Casa para a aprovação do presente Projeto de Lei. Sala das Sessões, de setembro, de 2012. Paulo Teixeira Deputado Federal Fábio Trad Deputado Federal 1 Disponível em: http://www.unodc.org/documents/justice-and-prison-reform/projects/UN_Standards_and_Norms_CPCJ_-_Portuguese1.pdf. Acesso em 19/07/2012.
  • 5. Delegado Protógenes Deputado Federal Miro Teixeira Deputado Federal