O Consumo elevado de Alcool pelos usuários do CRAS
1. SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
SERVIÇO SOCIAL
IVONE MUNIZ
O CONSUMO ELEVADO DE ALCOOL PELOS USUARIOS DO CRAS
DO MUNICÍPIO DE PINDAÍ
Guanambi
2012
2. IVONE MUNIZ
O CONSUMO ELEVADO DE ALCOOL PELOS USUARIOS DO CRAS
DO MUNICÍPIO DE PINDAÍ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Serviço Social.
Orientador (a):Haline Karina Augusto da Silva
Supervisor: Paulo Sérgio Aragão
Guanambi
2012
3. Dedico este trabalho a Deus que com sua
infinita graça e misericórdia até aquime ajudou,
me capacitando com a sabedoria necessária
para vencer os mais difíceis obstáculos...
Obrigada Senhor!
4. AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus por estar sempre ao meu lado me amparando, me
iluminando e guiando os meus passos, pela porta aberta através do PROUNI para o
meu ingresso na Faculdade!...
Aos meus pais Gero e Dalva, que lutaram para me dar uma boa
educação, que estiveram ao meu lado me incentivando em todas as minhas
escolhas na vida sempre com muito amor e carinho. Pai, obrigada pela sua imensa
preocupação e dedicação, mais que um pai você é um exemplo pra mim. Mãe
obrigada pelo seu jeito carinhoso e dedicada, por sempre querer o melhor para mim
e lutar por isso. Amo muito vocês, Deus me presenteou com pais maravilhosos...
A minha avó Ceiça que durante toda esta caminhada esteve ao meu
lado, que com o seu jeito amável me ensinou a valorizar as pequenas coisas da
vida, você é um exemplo pra mim! Obrigada...
Aos meus irmãos Gilson, Vandilson e Vânia que sempre acreditaram
no meu potencial, me incentivando e apesar das brigas de irmãos, sabem que tenho
grandes amigos e companheiros ao meu lado! Amo vocês!
A minha sobrinha Nicolly por ser uma benção e um presente de
Deus na minha vida!
Ao meu namorado Jean. Este homem que durante todo esse tempo
que estamos juntos esteve ao meu lado durante todos os momentos alegres e
tristes. Que me aturou na TPM e nos meus ataques de puro estresse e choro.
Sempre com muito carinho me fez enxergar as saídas quando eu não conseguia vê-
las. Obrigada pela imensa dedicação.
Aos meus amigos, e a Igreja Batista Filadélfia, que estiveram
sempre do meu lado e compreenderam os meus períodos de ausência, sempre me
dando forças através das orações e palavras de incentivo.
As amigas que a Faculdade em presenteou: Marlene, Nalva e Giseli,
obrigada pelo incentivo, dedicação, pelos diversos momentos agradáveis... Enfim,
obrigada pela amizade de vocês. Hoje mais que amigas, considero todas parte da
minha família! Que este laço de amizade nunca se rompa!
Agradeço de forma especial à amiga e Super Assistente Social
Marileide pelos momentos de ajuda e incentivo, que com o seu jeito doce e
5. tranqüiloconseguiu fazer com que eu levasse esses quatro anos de faculdade da
melhor maneira possível. Obrigada pelas orientações e por sua dedicação, apesar
das diversas tarefas que realiza!
Aos tutores de sala Cristiane, Valda, Santhiago e Marina, pelo
comprometimento e disposição em ajudar, contribuindo enormemente para a minha
formação acadêmica.
Aos usuários do CRAS que entrevistei, que de forma muito solícita
aceitaram participar das entrevistas, contribuindo para a realização do meu TCC.
Às Assistentes Socias e todos os funcionários da Secretaria
Municipal de Assistência e Ação Social de Pindaí e do CRAS, que me acolheram
não como estagiária, mas como parte igual da equipe. Vocês foram fundamentais
para a minha formação.
A todos vocês o meu muito obrigada!!!
“Até aqui nos ajudou o Senhor” I Samuel 7:12
6. "A miúdo, a simples colocação de um problema é
muito mais essencial que a sua solução, que pode
ser apenas uma questão de habilidade matemática
ou experimental. Fazer novas perguntas, suscitar
novas possibilidades, ver velhos problemas sob um
novo ângulo, são coisas que exigem imaginação
criadora e possibilitam verdadeiros adiantamentos
na ciência."
Albert Einstein
7. SANTOS, Ivone Muniz. O CONSUMO ELEVADO DE ALCOOL PELOS USUARIOS
DO CRAS DO MUNICÍPIO DE PINDAÍ. 2012, 87 páginas. Trabalho de Conclusão de
Curso (graduação em serviço social) – Sistema de Ensino Presencial Conectado,
Universidade Norte do Paraná, Pindaí, 2012.
RESUMO
O uso abusivo de álcool constitui uma prática mundial e uma problemática para a
sociedade moderna, podendo ser compreendido por múltiplas perspectivas, sendo o
principal agente de muitas situações de risco e vulnerabilidade social. É
consideradocomo uma questão de saúde pública, uma vez constituindo um fator de
risco para várias doençascrônicas através da dependência química originada pela
exposição ao consumo exagerado desta substância. Diante desses aspectos o
presente trabalho tem como objetivo principal, prevenir a ocorrência de riscos sociais
nos territórios, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e da ampliação do acesso aos
direitos de cidadania. A pesquisa se baseia entre os usuários do CRAS do município
de Pindaí na Bahia, uma instituição que tem como objetivo centralassistir famílias de
classe baixa e classe média baixa. A escolha desta instituição se deu por ser
identificado entre os usuários cadastrados na mesma um índice alarmante de
problemas sociais causados pela conseqüência à ingestão excessiva do álcool. Foi
realizada uma pesquisa de campo exploratória com abordagem quali-quantitativa
entre estes usuários cuja ênfase está centrada na tentativa de compreender este
fenômeno, levando em consideração a percepção e a subjetividade dos sujeitos
envolvidos, o questionário foi composto por 16 questões fechadas, com uma amostra
de 20 usuários, onde dentre estes 78% possuem acima de 20 anos, 62% são do
sexo masculino, 100% católicos, 50% sobrevivem com menos de um salário mínimo,
95% possuem histórico de álcool na família, 55% consomem algum tipo de bebida
alcoólica, 60% começaram a consumir álcool antes dos 10 anos de idade, 81%
destes usuários consomem álcool regularmente e entre 60% dos entrevistados a
cachaça predomina como a bebida mais consumida no município. Como resultado
pode se perceber que diante de tal realidade é necessário o desenvolvimento de
ações públicas imediatas que visem a diminuição, ou exclusão do uso abusivo de
substancias psicoativas, visando o fortalecimento de vínculos, a reinserção e
recuperação social dos usuários.
Palavras-chave:Serviço Social, Bebida Alcoólica, Etilismo, Recuperação.
8. LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa de Pindaí destacado
Figura 2 – Cidade de Pindaí
Figura 3– Culminância do Projeto "Em Busca de Sobriedade"
Figura 4 – Palestra de execução do Projeto "Em Busca de Sobriedade"
Figura 5 – Palestra sobre alcoolismo
Figura 6– Cursos de Pinturas em tecido ofertados pelo CRAS
Figura 7 – Projeto “Diversão nas Férias”, Realizado pelo CRAS
Figura 8 – Cursos de manicure ofertados pelo CRAS
Figura 9 – Curso de Capoeira ofertado pelo CRAS
Figura 10 – Palestra de execução do Projeto “Em Busca de Sobriedade”
Figura 11 – Visita domiciliar em casa de Etilista
Figura12 – visita domiciliar a família em situação de risco e vulnerabilidade social
9. LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Idade
Gráfico 2. Sexo
Gráfico 3. Religião
Gráfico 4: Com quem você mora?
Gráfico 5: Renda familiar
Gráfico 6: Possui histórico de álcool na família?
Gráfico 7:Faz uso de bebidas alcoólicas?
Gráfico 8:Qual a idade que você começou a beber
Gráfico 9:Quem da sua família consome álcool?
Gráfico 10: Com que freqüência?
Gráfico 11:Qual o tipo de bebida você mais consome?
Gráfico 12:Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida que
consome ou parar de beber?
Gráfico 13:As pessoas o incomodam com reclamações sobre o seu modo de beber
ou do seu familiar?
Gráfico 14:Você já se sentiu culpado por consumir bebida alcoólica?
Gráfico 15:Você freqüenta algum grupo de apoio antidrogas, como o as reuniões do
A.A. (Alcoólicos Anônimos)?
Gráfico 16:Você já fez ou faz alguma terapia psicológica ou psiquiátrica sobre o
alcoolismo?
10. LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Níveis de alcool no sangue, estados e sintomas
Quadro 1 – Quantidade de alcool por litro de sangue/efeitos
11. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CRAS
DST
ECA
IBGE
LBA
LOAS
NADH
OMS
PAIF
PNAS
SENAD
SUAS
UNIAD
A A
AVC
BA
CEAS
CEBRID
CID
Centro de referencia da Assistência Social
Doença Sexualmente Transmissível
Estatuto da Criança e do Adolescente
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Legião Brasileira de Assistência
Lei Orgânica de Assistência Social
Nicotinamida adenina dinucleotídeo
Organização Mundial de Saúde
Proteção e Atendimento Integral à Família
Política Nacional de Assistência Social
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
Sistema Único de Assistência Social
Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
Alcoólicos Anônimos
Acidente Vascular Cerebral
Bahia
Centro de Estudos e Ação Social
Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
Classificação Internacional das Doenças
12. SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA (CAPÍTULO I) .........................................................16
2.1 O SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSÃO .....................................................16
2.2 O HISTORICO DO ALCOOL NO BRASIL........................................................19
3. DEMANDAS SOCIAIS QUE O ALCOOL TRAZ PARA O SERVIÇO SOCIAL ....22
3.1 O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOOLICAS ....................................................22
3.2 CAUSAS DO ALCOOLISMO ...........................................................................25
3.3 EFEITOS NEGATIVOS DO ALCOOL ..............................................................28
3.3.1 O ALCOOL NO ORGANISMO...............................................................31
3.3.2 O ALCOOL NO SISTEMA NERVOSO...................................................35
3.3.3 O ALCOOL E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A GESTAÇAÕ ...........36
3.3.4 O ALCOOL E A MÍDIA ...........................................................................37
4. AS ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL NO COTIDIANO DOS USUARIOS
DE ALCOOL E O PROCESSO DE REINCERSÃO SOCIAL DO ETILISTA ............38
4.1 TRATAMENTO ................................................................................................41
5. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO DE PINDAI (CAPITULO II).......................42
5.1 CRAS ...............................................................................................................43
6. METODOLOGIA (CAPÍTULO III)..........................................................................48
6.1 ASPECTOS METODOLOGICOS.....................................................................49
7. ANÁLISE E REFLEXÃO.......................................................................................50
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................66
9. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .......................................................................69
10. ANEXOS .............................................................................................................76
ANEXO A – TERMO DE CONSCENTIMENTO ....................................................77
ANEXO B – QUESTIONÁRIO...............................................................................79
10. APENDICES .......................................................................................................81
APENDICE A – FOTOS DE ATIVIDADES REALIZADAS NO CRAS E
EXECUSSÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO.............................................82
13. 14
1. INTRODUÇÃO
Em meio às fundamentais motivações para o estudo do tema em
questão, é válido destacar que a aplicação deste estudo entre os usuários do CRAS
do Município de Pindaí justifica-se primeiramente por esta Instituição ser uma
unidade pública estatal, responsável pela organização e oferta de serviços de
proteção social básica SUAS, que tem como objetivo primordial prevenir a
ocorrência de riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários
e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania, uma vez que o município de
Pindaí vem apresentando um índice hediondo de dependentes químicos, onde
dentre estes destacamos com ênfase o consumo exorbitante de bebidas alcoólicas,
que se configura como um sério problema social enfrentado pela população, além de
ficar constatados que cerca de 90% dos conflitos familiares vivenciados pelos
usuários do CRAS, envolvem direta ou indiretamente o álcool.
Diante destas constatações sustentou-se a pesquisa no objetivo
principal de Investigar os impactos causados pela prática constante do consumo de
álcool entre os usuários do CRAS de Pindaí - BA, bem como as sequelas
vivenciadas por suas respectivas famílias, identificando o perfil destes etilistas e
compreendendo o que o etilismo acarreta na vida destes usuários, detectando os
fatores que contribuem para a elevação do consumo de bebidas alcoólicas no
município, e verificando a influencia da mídia como agente propulsor de incentivo a
bebida alcoólica dentre estes usuários.
É interessante destacar que os problemas advindos do alcoolismo
além de ser uma questão de ordem social, suas consequências são vistas também
como uma questão de saúde pública, uma vez constituindo um fator de risco para
várias doenças.
Esta situação, por abranger um grave problema de saúde pública,
não admitesoluções apenas no campo da saúde, mas sim deve envolver uma
abordagemamplamente intersetorial, que trate dos problemas da violência urbana,
dasinjustiças sociais, das graves desigualdades de acesso à educação, ao trabalho,
aolazer e à cultura (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1989).
É natural observar ainda, que não existe cura específica para o
etilismo, mas sim tratamento, porém as dificuldades de acesso a este tratamento é
14. 15
muito restrita, uma vez que faltam políticas públicas voltadas para estes usuários,
além do reconhecimento da doença por si próprios.
Um estudo realizado em 2006, pela Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas - SENAD em parceria com a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
(UNIAD), da Universidade Federal de São Paulo, verificou em uma amostra de 1.152
adultos brasileiros que faziam uso do álcool, 45% tinham problemas decorrentes do
beber, no momento da pesquisa ou no passado, sendo 58% homens e 26%
mulheres.
Observa-se através destas informações que o consumo de bebidas
alcoólicas evidencia o comprometimento da saúde física e psicológica do indivíduo,
trazendo consequências futuras frustrantes. Desta forma surgiu o desejo e a
necessidade de investigar esta realidade, no intuito de intervir neste processo
encontrando formas de resgatar os valores e recuperar a reinserção social destes
usuários.
SUDBRACK (2006) assegura que o trabalho de prevenção do uso
de drogasevoluiu da repressão ao usuário e do amedrontamento da população para
um novoenfoque, voltado para a educação e para a saúde, centrado na valorização
da vida ena participação da comunidade.
A partir do conhecimento adquirido com este estudo serão sugeridas
ações voltadas para a prevenção do uso de álcool e sucessivamente as
consequências causadas pelo mesmo, fortalecendo os fatores protetores e
motivando estes usuários a serem os seus próprios agentes de mudança.
15. 16
CAPITULO I
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1.OSERVIÇO SOCIAL COMO PROFISÃO NO BRASIL
O surgimento do Serviço Social no Brasil tem sua origem no
amplomovimento social que a Igreja Católica desenvolve com o objetivo
derecristianizar a sociedade. Com o crescimento da industrialização e
daspopulações das áreas urbanas, surge a necessidade de controlar a massa
operária.Com isso o Estado absorve parte das reivindicações populares, que
demandavamcondições de reprodução: alimentação, moradia, saúde, ampliando as
bases doreconhecimento da cidadania social, através de uma legislação social e
salarial. Essa atitude visava principalmente o interesse do Estado e das classes
dominantesde atrelar as classes subalternas ao Estado, facilitando sua manipulação
edominação, Iamamoto (1998).
O serviço Social surge como um dos mecanismos utilizados pelas
classes dominantes como meio de exercícios de seu poder na
sociedade, instrumento esse que deve modificar-se, constantemente,
em função das características diferenciadas, da luta de classes e / ou
das formas como são percebidas as sequelas derivadas do
aprofundamento do capitalismo”. (Iamamoto e Carvalho, relações
Sociais e Serviço Social no Brasil, 2008, p 19).
“A questão social neste período precisava ser enfrentada de forma
mais sofisticada, transformando-se em questão de política e não de polícia, com a
intervenção estatal e a criação de novos aparelhos que contemplassem os
assalariados urbanos, que se caracterizavam como atores importantes no cenário
político nacional”. (BRAVO, 2004: pág.26).
Segundo Iamamoto a Igreja em sua preocupação com a “questão
social” se prontifica em compartilhar da ação do Estado no que concerne às famílias
através de sua ação doutrinaria e organizadora, com o objetivo de “livrar o
operariado das influências da vanguarda socialista do movimento operário e
harmonizar as classes em conflitos a partir do comunitarismo cristão” (2004, p. 19).
Desde o seu principio o Serviço Social brasileiro viveu um período
conturbado de assistencialismo e caridade, atrelado a ideologia dominante da Igreja
Católica onde o domínio oligárquico regia o país e já se viviam em pleno período
16. 17
capitalista. Paulo Neto (2001) destaca com ênfase que esse foi um período
caracterizado por significativos impactos na estrutura societária, decorrentes do
recrudescimento das contradições surgidas nesse sistema.
Emergindo como profissão a partir do background acumulado na
organização da filantropia própria à sociedade burguesa, o Serviço Social desborda
o acervo das suas protoformas ao se desenvolver como um produto típico da divisão
social (e técnica) do trabalho da ordem monopólica. Originalmente parametrado e
dinamizado pelo pensamento conservador, adequou-se ao tratamento dos
problemas sociais quer tomados nas suas refrações individualizadas (donde a
funcionalidade da psicologização das relações sociais), quer tomados como
seqüelas inevitáveis do „progresso‟ (donde a funcionalidade da perspectiva „pública‟
da intervenção - e desenvolveu-se legitimando-se precisamente como interveniente
prático-empírico e organizador simbólico no âmbito das políticas sociais. Paulo Neto
(2001, p. 79)
E em 1932 foi inaugurado o Centro de Estudos e Ação Social
(CEAS) de São Paulo, como primeira iniciativa de formação de “trabalhadoras
sociais”, baseado no método de ensino da Escola Católica de Serviço Social de
Bruxelas, com orientação para a formação técnica da ação social e difusão da
doutrina social da igreja. “(...) São promovidos diversos cursos de filosofia, moral,
legislação do trabalho, doutrina social, enfermagem de emergência etc.”
(IAMAMOTO & CARVALHO, 2005, p. 173).
Em 1940 surge o Instituto de Serviço Social de São Paulo, outra
escola de Serviço Social, só que destinada a homens e com a oferta de bolsas
gratuitas, subsidiadas pelo Estado. Essa iniciativa partiu da necessidade de levar o
trabalho social para os presídios masculinos, bem como para instituições de
internação e correção de menores. “Ainda quanto à questão da demanda, caberia
considerar dois aspectos: a importância quantitativa de alunos bolsistas e dos cursos
intensivos de formação de auxiliares sociais”; (IAMAMOTO & CARVALHO, 2005, p.
178).
Nesse período o país registrava uma intensificação no processo de
industrialização e um impulso significativo rumo ao desenvolvimento econômico,
social, político e cultural (Pereira, 1991). A partir de então o Serviço Social enquanto
profissão situava-se no processo de reprodução das relações sociais, como
atividadesassistenciais e subsidiárias no estágio do controle social e na propagação
17. 18
da ideologia da classe influente entre a classe trabalhadora.
A expansão do Serviço Social no Brasil ocorreu a partir de 1945,
relacionado às exigências de aprofundamento do capitalismo no paíspassando pela
crise de 1929 até a Segunda Guerra (1939-1945), havia no Brasil uma conjuntura
favorável à industrialização, que, não obstante, se efetivou associada à economia
cafeeira e não em oposição a ela.
São inegáveis os vínculos conservadores da profissão desde a sua
origem, marcada pelo capitalismo na era dos monopólios e pela agudização da
questão social reconhecida, no caso brasileiro, pelo modelo urbano-industrial,
claramente assumido no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) e pela
tendência crescente da Igreja Católica - nessa mesma época - em „recristianizar‟ a
sociedade apoiando-se na modernização das ações leigas. Silva (2008, p. 2).
O período de 1960 ate os dias atuais foram marcados pelo
movimento de Reconceituaçãovoltada à defesa dos direitos de cidadania e dos
valores democráticosdestacando a militância política na efervescência do Populismo.
“O que importa ressaltar – para os fins da presente análise – é que
se a descoberta do marxismo pelo Serviço Social latino –americano contribui
decisivamente para um processo de ruptura teórica e prática com a tradição
profissional, as formas pelas quais se deu aquela aproximação do Serviço Social
com o amplo e heterogêneo universo marxista foram também responsáveis por
inúmeros equívocos e impasses de ordem teórica, política e profissional cujas
refrações até hoje se fazem presente” ( Iamamoto, 2001, p.210).
Assim, IAMAMOTO (2004, p. 20)chama atenção que ao contrário da
ideia evolucionista da profissãoo Serviço Social não pode ser entendido apenas
como novo forma de exercer a caridade, mas, sobretudo, como forma de intervir
ideologicamente na vida dos trabalhadores, ainda que suabase seja a atividade
assistencial; contudo seus efeitos são essencialmente políticos: através do
enquadramento dos trabalhadores nas relações sociais vigentes, reforçando a
mutuacolaboração entre capital e trabalho”.
Na década de 70 através da influencia burocrática e modernizada da
política desenvolvimentista no intuito de obter maior controle sobre a sociedade,
fortaleceu as instituições como a LBA a realizar concursos públicos para o
preenchimento de vagas em diversas áreas, inclusive para Serviço Social.
Durante a década de 80, a sociedade brasileira foi palco de um
18. 19
processo de revitalização da sociedade civil que emergiu com a luta pela
democratização do Estado e da sociedade. Esse período foi marcado por um
movimento de conquistas democráticas que ganharam a cena pública como a
organização de movimentos sociais em diferentes setores, o fortalecimento dos
sindicatos, a visibilidade das demandas populares e a luta por direitos sociais
(RAICHELIS, 2000).
Grandes e significativos avanços aconteceram trazendo um
amadurecimento intelectual e negando a pratica tradicional, segundo (BARROCO
2003:168). “o amadurecimento intelectual se objetiva através da superação dos
equívocos do marxismo vulgar, evidenciados nas leituras mecanicistas que
marcaram a negação inicial da prática tradicional”.
O assistente social convive cotidianamente com as mais amplas expressões
da questão social, matéria prima de seu trabalho. Confronta-se com as
manifestações mais dramáticas dos processos da questão social no nível
dos indivíduos sociais, seja em sua vida individual ou coletiva
(ABEPSS/CEDEPSS, 1996, p. 154-5).
2.2 - HISTÓRICO DO ÁLCOOL NO BRASIL
Apontamentos arqueológicos publicam que toda a história da
humanidade esta permeada pelo consumo de álcool, e que os primeiros vestígios
sobre o dispêndio do mesmo pelo ser humano aconteceu a milhares de anos atrás
desde os tempos das cavernas, “ha recipientes e inscrições nas paredes das
cavernas com possíveis alusões ao hábito da bebida” (LIMA, 2003 p.21).
Considerando-se os dados de estudos arqueológicos, pode-se dizer
que nos primórdios de nossa civilização, há cerca de 6 a 7.000 anos
a.C. já existiam indícios de bebidas alcoólicas produzidas pelo
homem, de forma artesanal (LIMA, 2003 p.21
Conta a história que inicialmente as bebidas tinham um conteúdo
alcoólico relativamente baixo, sendo até considerada por muitos como um remédio
para diversos tipos de doenças que afetavam a humanidade. A partir da Revolução
Industrial registrou-se um grande aumento na oferta de bebidas alcoólicas,
oferecendo um maior consumo e consequentemente, motivando um aumento no
número de pessoas que passaram a apresentar algum tipo de problema devido ao
uso excessivo do álcool.
19. 20
Suas propriedades euforizantes e intoxicantes são conhecidas
desdetempos pré-históricos e praticamente, todas as culturas têm ou tiveramalguma
experiência com sua utilização. É seguramente a drogapsicotrópica de uso e abuso
mais amplamente disseminada em grandenúmero e diversidade de países na
atualidade.
É sabido que o etanol ou o álcool etílico é conhecido desde a pré-
história em quase todo o mundo. Ele é formado através da fermentação do levado
de amido ou do açúcar presente nos frutos e cereais, como batata, cana de açúcar e
arroz, após ser processado se torna um produto comercial. (MICHEL, 2002).
De acordo com MORENO et al (2009) e a Federação das
ComunidadesTerapêuticas (2001) o álcool é a droga mais antiga que muda mentes
e emoções. Através do avanço nas técnicas de fermentação das matérias primas
como cevada e frutas originaram-se a produção de bebidas alcoólicas por vários
povos. Na idade média como droga saudável e utilizada para fins terapêuticos foi
denominada aqua vitae. No século XIX, com a revolução industrial ocorreu sua
popularidade e consequências. No Brasil uma bebida de fabricação indígena pela
fermentação da mandioca chamada cauim foi encontrada pelos portugueses. Mais
tarde fabricaram a cachaça da cana de açúcar. Atualmente a bebida alcoólica no
país é usada na alegria e na tristeza, em todas as classes sociais em todos os
contextos (ANDRADE et al, 2010).
Após a década de 70 a configuração do mercado mundial foi
alterada devido a fatores como: a melhoria do poder de compra e a liberalização dos
costumes e a adoção de novos hábitos. Todos estes aspectos contribuíram para o
aumento do consumo do álcool e das empresas de comercialização de bebidas
destiladas. O aumento de consumidores e a globalização vieram aumentar a
variedade de bebidas disponíveis no mercado (CARVALHO, 2003)
No Brasil atualmente existe uma grande diversidade de bebidas
alcoólicas, cada tipo com uma quantidade diferente de álcool em sua composição,
na cerveja, por exemplo, existem cerca de 5% de álcool, na cerveja light, 3,5%, no
vinho 12%, vinhos fortificados 20% e nos uísque, vodka e pinga cerca de 40%.
(www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab99/alcool/hist.).
O consumo de bebidas alcoólicas é o hábito social mais antigo e
disseminado entre as populações. As justificativas para o seu consumo são os mais
diversos possíveis, sendo atribuído efeito calmante, desinibitório, afrodisíacos e
20. 21
estimulantes do apetite (Cardin et al., 1986; Llambrich, 2005). Se avaliarmos o álcool
é até mais maléfico do que as drogas ilícitas, como a maconha. "Dentro da nossa
realidade, o alcoolismo causa mais mal”.
Apesar das diferenças socioeconômicas e culturais entre os
países, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o álcool como a substância
psicoativa mais consumida no mundo e também como a droga de escolha entre
crianças e adolescentes. No Brasil, o álcool também é a droga mais usada em
qualquer faixa etária e o seu consumo entre adolescentes vem aumentando,
principalmente entre os mais jovens (de 12 a 15 anos de idade) e entre as meninas.
(VIEIRA et al. 2007).
CABRAL, 2010 afirma que a produção de alcool é um procedimento
conhecido desde a antiguidade e tormou algo comum, assim como o consumo
alcoolico. Dessa forma apenas a embriaguez era vista como um constrangimento,
sendo que o alcoolismo cronico e seus sinais não eram considerados problema.
Apenas na segunda metade do século XIX, na França, é desenvolvido o conceito de
alcoolismo como doença e não apenas como vício, a partir daí surge nesse país a
preocupação com o consumo exagerado de alcool. Finalmente em 1967 o
alcoolismo passa a ser incorporado, pela organização Mundial de Saúde – OMS, à
Classificação Internacional das Doenças – CID-8.
Dados brasileiros associados ao uso de álcool e suas
consequências ainda são escassos. Sabe-se, porém, que os acidentes de trânsito
são frequentemente relacionados à alta concentração de álcool no sangue, maior do
que 0,6 g/l, limite de alcoolemia permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro (VIEIRA
et al., 2008).
A ingestão do álcool na infância e na adolescência é hoje um tema
importante, dado o consumo cada vez mais frequente dessa substância pela
população. Quanto mais cedo se inicia o uso de álcool e tabaco, maior a
vulnerabilidade de se desenvolver o abuso e a dependência das mesmas
substâncias e, concomitantemente, o uso de drogas ilícitas (FERIGOLO et al., 2004).
Especificamente quanto à relação entre uso de álcool e homicídio,
estudo realizado em 1990 e 1995 na cidade de Curitiba (Paraná) mostrou que 53,6%
das vítimas e 58,9% dos autores dos crimes estavam intoxicados no momento do
crime (CARLINI et al., 2000).
Por se tornar algo comum o alcool pode ser considerado uma
21. 22
problemática presente na sociedade brasileira moderna influenciando o
comportamento principalmente dos adolescentes, que por coviverem com os pais
etilistas acabam se envolvendo diretamente com esta droga, tornando-se indivíduos
em risco de vulnerabilidade social.
A ingestão do álcool na infância e na adolescência é hoje um tema
importante, dado o consumo cada vez mais frequente dessa substância pela
população. Quanto mais cedo se inicia o uso de álcool, maior a vulnerabilidade de
se desenvolver o abuso e a dependência destasubstância e, concomitantemente, o
uso de drogas ilícitas (FERIGOLO et al.,2004).
No Brasil, a média de idade parao primeiro uso de álcool é 12,5
anos. Por sua vez, quanto mais cedo àexperimentação, pior as consequências e
maior o risco de desenvolvimento deabuso e dependência do álcool (MELONI;
LARANJEIRA, 2004).
Portanto o presente estudo explica se pela necessidade de se
conhecer a realidade da população usuária de álcool no município de Pindaí- Ba,
compreendendo os principais problemas relacionados ao consumo de álcool entre
estes usuários, estendendo para além da prevalência do uso, considerando também
os diversos fatores que influenciam o comportamento do ato de beber.
1. - DEMANDAS SOCIAIS QUE O ALCOOL TRAZ PARA O SERVIÇO SOCIAL.
Dentre uma série de questões sociais enfrentadas pelo Assistente
Social, o álcool tem sido um dos principais causadores desse impacto. Diversos
estudos apontam que os efeitos nocivos do consumo de álcool podem ser
numerosos, compreendendo uma temática discutível na sociedade brasileira.
São notáveis cada vez mais as consequências sociais que o álcool
traz para a sociedade, envolvendo os profissionais do Serviço Social nessa temática
na busca de uma ação imediata e precisa, a fim de impedir que problemas oriundos
do uso abusivo desta substância continuem sobrevindo. Destacamos a seguir
algumas demandas sociais que o álcool traz para o cotidiano do Serviço Social.
3.1 –O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOOLICAS
O consumo de bebidas alcoólicas ocorre em todos os segmentos de
22. 23
todas as sociedades, independente do nível socioeconômico para a sua existência,
entre os indivíduos, diferenciando-se assim, os vários tipos de bebidas alcoólicas
predominantes em cada classe econômica (LORDELLO, 1998).
Atualmente no Brasil o consumo exagerado de bebidas alcoólicas
vem se expondo ao longo de sua historia um difícil problema social. Essa
ingestãoexorbitante procede a cada dia se tornando uma prática mundial, trazendo
consequências negativas que prejudicam a qualidade de vida da população.
Apesar de ser considerado uma droga lícita, ou seja, aceita pela
sociedade e fazer parte da nossa cultura, o álcool tem ocasionado inúmeras
seqüelas ou transtornos de comportamento na mesma, gerando assim um grande
numero de excluídos sociais.
O álcool é considerado a droga de maior consumo por todas as
idades considerando o uso em pelo menos uma fase da vida iniciando este hábito
entre os dez e os onze anos de idade. Pode se constatar que é um número
significante de trabalhos nesta área, de psicologia, medicina, educação e outras
ciências que procuram compreender o complexo processo do consumo abusivo de
drogas e mais, especificamente, do álcool (LEPRE, 2005).
Muitas vezes o contato inicial com a bebida alcoólica pode acontecer
dentro da própria família, estimulando a criança e o adolescente a fazer uso dela
também em outros lugares, podendo levar este indivíduo a uma dependência futura
(ROMANO, et al, 2007).
Numa dimensão global cerca de 80% das pessoas fazem uso de
bebidas alcoólicas, sendo que 10% destas são consideradas alcoólatras. Hoje, o
consumo de bebidas alcoólicas se configura um sério problema de saúde pública
mundial e tanto nos países desenvolvidos, em desenvolvimento como nos
subdesenvolvidos exerce uma grande influencia sobre o individuo, podendo
prejudicá-lo na sua saúde, na vida social, econômica, política e familiar. (LIMA et al.,
2008).
Os transtornos advindos da ingestão excessiva e abusiva de
substancias psicotrópicas, principalmente aquelas relacionadas ao uso do álcool,
vem sendo consideradas desde muito tempo um grave problema de saúde pública,
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS 1994:8) o Alcoolismo como
doença é uma toxicomania ou fármaco-dependência.
23. 24
“Um estado psíquico e algumas vezes também físico, resultante da
interação entre um organismo vivo e uma substância caracterizada por um
comportamento e outras reações que incluem sempre compulsão para
ingerir a droga, de forma contínua ou periódica, com a finalidade de
experimentar seus efeitos psíquicos e às vezes para evitar o desconforto de
sua abstinência. A tolerância pode existir ou faltar e o indivíduo pode ser
dependente de mais de uma droga”.
Como uma droga psicotrópica o álcool age no sistema nervoso
central, provocando mudanças de comportamento alem de causar resultados
agudos em seus dependentes, causando efeitos psicológicos, físicos, sociais e
morais.
Embora ainda seja visto por grande parte da sociedade como um
vício, o alcoolismo é uma doença, vista pela OMS (Organização Mundial de Saúde),
como uma doença de natureza complexa, na qual atua como fator determinante
sobre causas psicossomáticas preexistentes no indivíduo e para cujo tratamento é
preciso recorrer a processos profiláticos e terapêuticos de grande amplitude. Já os
alcoólatras são bebedores excessivos, cuja dependência do álcool chega a ponto de
acarretar-lhes perturbações mentais evidentes, manifestações que afetam a saúde
física e mental, suas reações individuais, seu comportamento socioeconômico ou
pródromos de perturbações desse gênero e que, por isso, necessitam de tratamento
(CORDEIRO et al., 1954).
Para a medicina, alcoolismo é:
Uma doença caracterizada pela ingestão repetitiva e compulsiva de
quaisquer drogas sedativas. O etanol representando apenas uma
deste grupo, de maneiratal a resultar na interferência em algum
aspecto da vida do paciente, seja ele asaúde, o estado civil, a
carreira, os relacionamentos interpessoais, ou outrasadaptações
sociais necessárias. Como com qualquer doença, o
alcoolismorepresenta uma disfunção ou uma inadaptação às
necessidades da vidacotidiana. O aspecto-chave da definição
repousa na repetição recorrente do usode um soporífero apesar do
melhor e definitivo interesse da pessoa. Nenhumamenção precisa ser
feita em relação ao volume específico de álcool consumido, nem à
freqüência com que o consumo ocorre. De fato, há pacientes com
estadoença que não ingerem nada mais forte que uma cerveja e há
aqueles cujoconsumo alcoólico está limitado a apenas uma ou duas
vezes por ano. Muitos,senão a maiorias dos pacientes com essa
doença fazem esforços substanciaispara controlar a freqüência ou o
volume do seu beber, deste modo atingindo acondição daquele que
comumente é chamado de um “periódico. (Gitlow ePerser, 1991).
O álcool apresenta a principal droga do mundo por ser lícita, por isso
ela é a porta de entrada para outras drogas, se tornando um problema social. O
consumo de bebida alcoólica principalmente na adolescência está associado a uma
24. 25
serie de comportamentos de risco, além de aumentar a chance de envolvimento em
acidentes, violência sexual e desvios de conduta social (NENO & ALENCAR, 2001;
PECHANSKY, SZOBOT & SCIVOLETTO, 2004).
BORGES (1993) aponta os prejuízos causados pelo impacto do
consumo de álcool no desenvolvimento cognitivo e psicossocial, além do álcool abrir
portas para o consumo de outras drogas, contribuindo para o surgimento de
perturbações psiquiátricas e comprometimento da saúde mental.
O álcool se apresenta no meio social sob um rótulo de droga
inofensiva, sendo de fácil acesso pela humanidade em geral. Aidéia construída
sobre álcool como droga aceitável socialmente vem colaborando na formação de
indivíduos alcoólatras. Alem da falsa imagem, a droga ainda leva vantagens por ser
lícita e não ter o cumprimento da lei que proíbe a venda deste produto a indivíduos
com idades inferiores há 18 anos (VESPUCCI & VESPUCCI, 1999)
Dados confirmam que cerca de aproximadamente 68,7% dos
brasileiros consomem álcool, em esfera mundial, está como o primeiro pais do
mundo no consumo de destilados de cachaça.
3.2 - CAUSAS DO ALCOOLISMO
O alcoolismo ou Síndrome de Dependência do Álcool é atualmente
uma das doenças com decorrências anatômicas e igualitárias mais maléficas,
relacionada pela Organização Mundial de Saúde. Ela compromete o físico, o
emocional, o espiritual, como também a família, amigos, social, financeiro,
profissional, ou seja, afeta tudo. É responsável também e principalmente pelo
elevado número de homicídios, suicídios, acidentes de trabalho, de trânsito e um dos
campeões de internações e reinternações em clínicas e hospitais.
Segundo CARVALHO; SOUZA; CARVALHO E SOARES (2009) os
acidentes de trânsito constituem hoje uma verdadeira e urgente questão de saúde
pública no mundo moderno. O aumento da morbimortalidade, devido à violência no
trânsito, já é considerado uma epidemia, face à sua extensão. São muitas as
evidências de que os abusos de álcool são responsáveis por sérios agravos para
saúde.
Para Camargo e Bertoldo (2006), o consumo de álcool é
considerado comportamento de risco pelas alterações cognitivas que tornam o
25. 26
indivíduo mais vulnerável a outras situações de risco, como o contágio por Doença
Sexualmente Transmissível.
De acordo com Carrilo e Mauro (2003), Pechansky et al. (2005) e
Wesselovicz et al. (2008) é grande a incidência de relações sexuais sem o uso de
preservativos entre pessoas alcoolizadas, oferecendo sérios riscos de contaminação
por alguma Doença Sexualmente Transmissível (DST) ou até mesmo uma gravidez
não planejada. Estes fatos parecem estar relacionados com a quantidade de álcool
consumido.
Estudos têm procurado estabelecer as causas do alcoolismo, como
fatores individuais, sociais e culturais, ou a interação desses fatores. Tais estudos
têm estimulado o desenvolvimento de teorias biológicas, psicológicas,
psicodinâmicas, comportamentais e socioculturais para determinar a etiologia do
alcoolismo (DSM-IV, 1995; SHUCKIT, 1999; FRANCES & FRANKLIN, 1992).
As suas principais causas estão intimamente aprofundadas nas
complexas necessidades e incertezas do indivíduo, que após intuir que as bebidas
alcoólicas traziam um efeito tônico e euforizante, permitindo o alívio da angustia e a
liberação das repressões começou a consumi-la constantemente, em algumas
situações também como formas de aceitação no meio onde esta inserido.
SOUZA E ALMEIDA (2008) tendo como base os estudos de
Fishman (1988) e Vieira et al. (2007) listaram como sendo seis os principais fatores
que estimulam o comportamento de beber:
1. Contexto Familiar e Social.
É comum na nossa sociedadeque uma reunião social, ou familiar
possa não tornar-se agradável sem que seja acompanhada de bebida alcoólica. Os
adolescentes são inclinados a imitar os pais, outros parentes e heróis da televisão,
dos livros, do rádio ou do cinema. É comum um adolescente dizer que começou a
beber porque viu que isso era um hábito de alguém que ele admira. Uma pesquisa
realizada por Vieira et al. (2007) com estudantes de Paulínia (SP), revela que 40,4%
dos alunos relataram que familiares foram os primeiros a lhes oferecer bebida
alcoólica e, que quase metade (47,9%) afirmou que há alguém na família que bebe
demais;
26. 27
2. Curiosidade e Experimentação.
Um grande número de adolescentes tem curiosidade de
experimentar o sabor da bebida que eles vêem os outros ingerir, sentem se atraídos
por este hábito. Além disso, querem explorar os efeitos da bebida, por meio do
abuso. Querem saber como é estar embriagado ou intoxicado, acham fascinante
viver a sensação de uma situação relatada pelo pai, ou amigo;
2. Pressão dos amigos.
Para muitos jovens e adolescentes acompanhar a moda pode ser
uma necessidade, assim como gostar de certos tipos de música. Nessa etapa da
vida eles se encontram psicologicamente imaturos para exercer a criticidade e a
capacidade de julgamento, absorvendo influências sem meditar sobre elas. Se beber
está na moda entre determinado grupo de adolescentes, poucos terão a concepção
de segurança e senso crítico suficientes para criticar a bebida ou simplesmente
recusar-se a beber. No estudo de Vieira et al. (2007), 35,5% dos alunos disseram
que amigos foram os primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e 62,4% relatam
beber mais freqüentemente na companhia de amigos.
4. Prazer.
Muitos adolescentes consomem bebidas alcoólicaspara estimularo
entretenimento e o namoro, isto é, para os prazeres. Incluem bebidas alcoólicas
como subsídios favoráveis a distração em festas, idas ao cinema ou ao jogo de
futebol. É entre os mesmos uma tendência cultural e social que identifica o álcool
com o prazer e que sem dúvidas precisa ser censurado.
5. Problemas emocionais.
Uma das conseqüências imediatos e dominantes dos efeitos do
álcool no organismo humano é o de tranqüilizante ou de ocasionador de euforia e
bem-estar. Um exemplo claro de um indivíduo que esteja enfrentando momentos de
tensão, nervosismo, conflitos ou dificuldades no relacionamento familiar, com amigos
27. 28
pode se entregar ao álcool para eliminar temporariamente os sentimentos
depressivos, de ansiedade e medo, agravando ainda mais a situação em vez de
resolvê-la.
6. Facilidade de acesso.
A disponibilidade comercial e o preço do álcool, além de tudo que já
foi citado, é outro fator que contribui fundamentalmente para o seu uso
principalmente entre adolescente. As bebidas alcoólicas são encontradas facilmente,
em qualquer lugar e com preços acessíveis aos jovens. Embora existam leis que
impedem a venda de bebidas à menor de 18 anos, essa é uma prática vulgar e que
deve ser combatida em todo o país.
Infelizmente uma triste realidade que observa-se na atualidade é que
esse acesso chega cada vez mais rápido aos nossos jovens e adolescentes através
dos principais canais de televisão, onde são apresentadas propagandas banalizadas
de diversos tipos de bebidas alcoólicas, estimulando cada vez mais o consumo entre
os mesmos. Embora o álcool seja uma droga o seu consumo é legalizado, sendo
consumido e comercializado livremente em nossa sociedade.
3.3 - EFEITOS NEGATIVOS DO ALCOOL
O uso abusivo do álcool pode provocar várias conseqüências graves
à saúde, pois, além de estar diretamente relacionado com inúmeros acidentes de
transito, altera a percepção do espaço, do tempo e reduz a assiduidade visual. Vale
destacar ainda que do total de álcool ingerido, apenas cerca de cinco por cento é
eliminado pelo organismo, através da expiração, da saliva, da transpiração e da
urina, sendo que o restante é transportado através da corrente sanguínea para os
vários órgãos do corpo. Desta forma, ao atingir os órgãos do nosso organismo o
álcool provoca, perda de inibição, perturbação das capacidades perceptivas senso-
riais, em especial ao nível visual, e pode ainda provocar desidratação, hipoglicemia,
fadiga, constrição intestinal, irritação do estômago, diurese, lesões no fígado e no
cérebro, especificamente a diminuição da coordenação motora. A ingestão freqüente
de quantidades significativas de álcool pode ainda alterar o comportamento, reduzir
a capacidade de aprendizagem, de memorização e de atenção, além de provocar
aumento de peso, impotência sexual e esterilidade, entre muitas outras.
28. 29
A Organização Mundial de Saúde reconhece a dependência química
como doença, porque há alteração da estrutura e no funcionamento normal da
pessoa, sendo-lhe prejudicial. Não tem causa única, mas é produto de uma série de
fatores (físicos, emocionais, psíquicos e sociais) que atuam ao mesmo tempo, sendo
que às vezes, uns são mais predominantes naquela pessoa específica, do que em
outras. Atinge o ser humano nas suas três dimensões básicas (biológica, psíquica e
espiritual), e atualmente, é reconhecida como uma séria questão social, à medida
em que atinge o mundo inteiro, em todas as classes sociais (COSTA, 2009).
Segundo a Revista Plantão Médico - Drogas, Alcoolismo e
Tabagismo (1998, p 67) O alcoolismo é a terceira doença que mais mata no mundo.
Além disso, causa 350 doenças (físicas e psiquiátricas) e torna dependentes da
droga um de cada dez usuários de álcool.
A vinculação do álcool com a sexualidade é marcante na relação
entre moças e rapazes, uma vez que para o rapaz o uso do álcool reforça sua
masculinidade, já a mulher que o usa de forma exagerada é tida como alguém de
comportamento inadequado (ARAÚJO E GOMES,1998)
Segundo (CASTRO) Este dado é preocupante, dada a possibilidade
de crescimento de alcoolistas e os problemas decorrentes do uso de álcool. Além de
outros dados que merecem ser apresentados e discutidos relacionados ao
alcoolismo:
No Brasil 45% dos jovens entre 13 e 19 anos envolvidos em acidentes,
haviam ingerido bebida alcoólica;
Os motoristas alcoolizados são responsáveis por 65% dos acidentesfatais em
São Paulo;
O alcoolismo é a terceira doença que mais mata no mundo;
O abuso do álcool causa 350 doenças físicas e psíquicas;
No Brasil, 90% das internações em hospitais psiquiátricos pordependência de
drogas, acontecem devido ao álcool;
Em geral, o fígado leva uma hora para processar 30 gramas de álcool.
(aproximadamente uma lata de cerveja);
Um, entre dez usuários de álcool, se torna dependente da droga;
O uso de álcool aumenta as chances da pessoa ter comportamento deisco
para a AIDS, (transar sem camisinha);
29. 30
O álcool é a droga que mais detona o corpo (tanto como cocaína e crack),é a
que mais faz vítimas e a mais consumida entre os jovens no
Brasil(alcoolismo, 2001).
Sabe-se que, no Brasil, o alcoolismo é o terceiro motivo para
absenteísmo no trabalho, a causa mais freqüente de aposentadorias precoces e
acidentes no trabalho e a oitava causa para concessão de auxílio doença pela
Previdência Social (VAISSMAN, 2004).
Nas organizações, e suas conseqüências podem ser percebidas
observando-se os seguintes aspectos no comportamento dos trabalhadores
(VAISSMAN, 2004):
Absenteísmo: faltas não autorizadas, licenças por doença, freqüente nas
segundas, sextas, ou antes, e depois de feriados, etc.
Ausências no período da jornada de trabalho: atraso excessivo após
almoço ou intervalo, saída antecipada, idas freqüentes a banheiro,
bebedouro, sala de descanso, etc.
Queda na produtividade e qualidade do trabalho: necessidade de um
tempo maior para realizar menos, desperdício de materiais, perda ou estrago
de equipamentos, desculpas inconsistentes, dificuldades com instruções e
procedimentos, alternância de períodos de alta e baixa produtividade,
dificuldade com tarefas complexas.
Mudanças nos hábitos pessoais: trabalho em condições anormais (bêbado,
com discurso vago ou confuso), comportamento diferente depois do almoço,
menos atenção à higiene e à aparência pessoal.
Relacionamento ruim com os colegas: reação exagerada às críticas reais
ou não, ressentimentos irreais (como a paranóia, idéias de perseguição, etc),
conversar excessivamente com os colegas, estados emocionais muito
variados, endividamento, pedido de empréstimo, irritabilidade em discussões,
explosões de ira, choro ou riso.
É valido ressaltar que a temática do álcool pertinente ao ambiente de
trabalho tem ocasionado grandes prejuízos para toda a sociedade em seu texto
Lima 2008 expõe dados hediondos de um estudo americano: 74,3% dos
consumidores de drogas estão empregados e 40% das mortes e 47% dos ferimentos
ocorridos no local de trabalho estão relacionados ao abuso de bebidas alcoólicas
30. 31
(LIMA, 2008 P.90)
Segundo Meloni e Laranjeira (2004) citado por SANTOS. O consumo
de bebidas alcoólicas é comum em grande parte das culturas. O uso das bebidas ocorre
em diversas situações como celebrações, situações de negócio, cerimônias religiosas e
eventos sociais e culturais. No entanto, o seu uso indevido é responsável por cerca de
3% de todas as mortes que ocorrem no mundo. As causas das mortes podem ser desde
cirrose e câncer hepáticos até acidentes, quedas, intoxicações e homicídios (MELONI E
LARANJEIRA, 2004 apud LARANJEIRA et al, 2007 ). Outro dado alarmante é que o uso
nocivo do álcool é responsável por 4% dos anos perdidos de vida útil em todo o planeta.
Porém, quando analisamos apenas a América Latina, esse índice aumenta 4 vezes.
Neste continente, cerca de 16% dos anos de vida útil são perdidos.(SANTOS, 2009).
3.3.1 - O ALCOOL NO ORGANISMO
O uso estável exagerado e progressivo de bebidas alcoólicas pode
implicar seriamente sobre o funcionamento do organismo humano, levando o
individuo a enfrentar seqüelas quase sempre irreversíveis.
É sabido que o etanol (CH3 CH2OH),é uma substancia orgânica
obtidade açúcares, hidratação do etileno, ou redução do acelateído encontrado em
bebidas como cerveja, vinho e aguardente. O mesmo quando ingerido, é digerido
pelo estomago, absorvido no intestino e levado pelas correntes sanguíneas ate o
cérebro através das moléculas.
O seu uso excessivo e progressivo provoca diversos efeitos no
organismo, às vezes estimulantes, em outras, efeitos depressores, variando sempre
de intensidade dependendo das características pessoais do organismo de cada
individuo. Os estimulantes por sua vez podem aparecer nos primeiros momentos
após a ingestão do álcool, como euforia, perda de eficiência, diminuição da atenção,
desinibição, ou maior facilidade para falar. Já os efeitos depressores só podem ser
observados com o passar do tempo, como a falta de coordenação motora,
descontrole do sono, inconsciência anestésica, dentre outras, em alguns casos
chegando a ser fatal.
É valido ressaltar que os indivíduos dependentes do álcool podem
desenvolver diversos tipos de doenças, como problemas do aparelho digestivo
(gastrite, síndrome de má absorção e pancreatite), no sistema cardiovascular
31. 32
(hipertensão e problemas no coração), os casos de poli neurite alcoólica,
caracterizada por dor, formigamento e cãibras nos membros inferiores, porem as
mais freqüentes são as doenças do fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e
cirrose).
De acordo com a dose ingerida a forma como o organismo responde
ao consumo de álcool varia em cada pessoa, concentração da bebida e sua
distribuição no sangue, capacidade de metabolização de cada indivíduo que pode
estar relacionadas a sexo, idade, raça e genética. É de fato que o consumo de
bebidas alcoólicas em um longo período de tempo e em grandes quantidades reflete
no organismo humano, causando importantes alterações nutricionais significativas. A
ingestão crônica de álcool relaciona-se a intensas conseqüências no nível nutricional
da pessoa, podendo originar desnutrição. (LIMA et al.,2008).
A desnutrição se desenvolve como resultado das calorias vazias do
álcool, apetite reduzido e má absorção (absorção inadequada de nutrientes pelo
trato intestinal). A desnutrição contribui para a doença hepática. A ingestão do álcool
pode interferir na gliconeogênese, contribuindo para a desnutrição. Em sua
metabolização há formação de NADH. Uma concentração alta desta coenzima ativa
a enzima desloca a reação catalisada pela lactato desidrogenase no sentido da
formação de lactato. Assim a via não segue seu caminho normal de formação de
glicose. Dessa forma uma pessoa que ingeriu muito álcool e com baixa ingestão de
alimentos poderá atingir um estado de hipoglicemia e desnutrição (UNIFESP/EPM,
2004, p.2).
De acordo com o trabalho de BALBACH (s.d.) podemos listar como
principais efeitos do álcool na saúde:
1. Efeitos do álcool sobre o esôfago, o estômago e os intestinos. O álcool
provoca irritações na mucosa gástrica e nas paredes do intestino, prejudicando a
digestão e diminuindo o apetite. Além disso, o câncer no estômago é mais freqüente
nos alcoólatras que nos abstinentes e, 90% dos casos de câncer do esôfago são
devidos ao abuso do álcool;
2. Efeitos do álcool sobre o fígado. Autoridades competentes reconhecem que
90 % dos casos de cirrose hepática têm como causa o alcoolismo. Quando o fígado
sofre engrossamento pela cirrose as veias procedentes do intestino são
32. 33
constringidas e o sangue é obrigado a deixar escapar, por escoamento, a parte
líquida, reunindo muito líquido no ventre. Daí, a ascite, vulgarmente conhecida
comobarriga d‟água;
3. Efeitos do álcool sobre os rins. O álcool provoca irritação nos rins,
prejudicando seu funcionamento normal, acarretando a hidropisia (infiltração da
água da urina nos tecidos) e, posteriormente, a uremia (presença de grande
quantidade de substâncias tóxicas no sangue).
4. Efeitos do álcool sobre os brônquios e os pulmões. Parte do álcool é
eliminada pelos pulmões e pelos brônquios, provocando irritações nesses órgãos.
Os alcoólatras são muito sujeitos às bronquites, e também às afecções pulmonares,
especialmente à tuberculose.
5. Efeitos do álcool sobre o coração. O álcool, a princípio, acelera as
contrações cardíacas. Em seguida, o coração diminui seus batimentos e a circulação
sanguínea se torna mais lenta, acarretando má circulação do sangue. Além disso, o
álcool provoca lesões nas fibras nervosas e nos vasos do próprio coração.
6. Efeitos do álcool sobre o sistema vascular. O álcool é responsável por
cerca de 25% dos casos de arteriosclerose. Ele também atua aumentando a pressão
arterial e maximizando os riscos de acidente vascular cerebral (AVC)
Há também uma relação entre os efeitos do álcool e os níveis da
substância no sangue, que variam em razão do tipo de bebida utilizada, da
velocidade do consumo, da presença de alimentos no estômago e de possíveis
alterações no metabolismo da droga por diversas situações – por exemplo, na
insuficiência hepática, em que a degradação da substância é mais lenta
Álcool no sangue
Álcool no sangue
(gramas/litro)
Estados Sintomas
0,1 a 0,3 Sobriedade Nenhuma influência aparente
0,3 a 0,9 Euforia
Perda de eficiência, diminuição da atenção,
julgamento e controle
0,9 a 1,8 Excitação
Instabilidade das emoções, descoordenação
muscular. Menor inibição. Perda do julgamento
33. 34
crítico
1,8 a 2,7 Confusão
Vertigens, desequilíbrio, dificuldade na fala e
distúrbios da sensação.
2,7 a 4,0 Estupor
Apatia e inércia geral. Vômitos, incontinência
urinária e fezes.
4,0 a 5,0 Coma Inconsciência, anestesia. Morte
Acima de 5,0 Morte Parada respiratória
Fonte: Wikipédia
Observações: Em média 45 gramas de etanol (120 ml de aguardente), com estômago vazio, fazem o sangue ter concentração de 0,6 a1,0 grama por litro;
após refeição a concentração é de 0,3 a0,5 grama por litro. Um conteúdo igual de etanol, sob a forma de cerveja (1,2 litros), resulta 0,4 a0,5 gramas de
etanol por litro de sangue, com estômago vazio e 0,2 a0,3 gramas por litro, após uma refeição mista.
Estas taxas de álcool no sangue variam de acordo com o peso, a
altura e condições físicas de cada indivíduo. Tomando-se por base a ingestão de
álcool por um indivíduo que pese 70 kg podem obter o seguinte resultado.
Com
0,6 g/litro
de sangue,
o risco de
acidente é
50% maior
Com
0,8 g/litro
de sangue,
o risco de
acidente é
quatro vezes maior
Com
1,5 g/litro
de sangue,
o risco de
acidente é
25 vezes maior
Quantidade de álcool por litro de
sangue (em gramas)*
Efeitos
0,2 a 0,3 g/l - equivalente a um copo
de cerveja, um cálice pequeno de
vinho, uma dose de uísque ou outra
bebida destilada
As funções mentais começam a ficar
comprometidas. A percepção da
distância e da velocidade são
prejudicadas
0,3 a 0,5 g/l - dois copos de cerveja,
um cálice grande de vinho, duas doses
de bebidas destiladas
O grau de vigilância diminui, assim
como o campo visual. O controle
cerebral relaxa, dando sensação de
calma e satisfação
0,51 a 0,8 g/l - três ou quatro copos de
cerveja, três copos de vinho, três
doses de uísque
Reflexos retardados, dificuldades de
adaptação da visão a diferenças de
luminosidade, superestimação das
possibilidades e minimização de riscos
e tendência à agressividade
0,8 a 1,5 g/l - a partir dessa taxa, as
quantidades são muito grandes e
variam de acordo com o metabolismo,
com o grau de absorção e com as
Dificuldades de controlar automóveis,
incapacidade de concentração e falhas
na coordenação neuromuscular
34. 35
funções hepáticas de cada indivíduo
1,5 a 2,0 g/l Embriaguez, torpor alcoólico, dupla
visão
2,0 a 5,0 g/l Embriaguez profunda
5,0 g/l Coma alcoólica
Fonte: www.alcoolismo.com.br
As estatísticas provam que o uso do álcool diminui a longevidade
proporcionalmente à quantidade ingerida e à duração do vício por parte do indivíduo.
3.3.2 - O ALCOOL NO SISTEMA NERVOSO
O álcool é uma substancia psicoativa, que opera como um depressor
do sistema nervoso central, produzindo alterações no mesmo, de acordo com a
dose, rapidez e assiduidade com que é ingerido pelo usuário, peso e estado de
ânimo do mesmo podendo causar alterações no comportamento deste, e o limite de
impregnação de cada organismo, entre outros.
É considerado um fator de risco para muitas doenças mentais, pois a
ingestão do produto atua sobre os centros superiores do cérebro, dificultando os
mesmos de realizar a coordenação motora e o sistema nervoso sensitivo,
impossibilitando-o de por alguns instantes usar a razão, levando o individuo a
loucura passageira.
O álcool estimula a produção de betaendorfinas (dopaminas e
analgésicos naturais do organismo), que proporcionam a sensação de euforia,
saciedade e poder. O estado de embriaguez e os problemas da percepção, que se
apresentam aliados a agitação, são decorrentes da depressão do Sistema Nervoso
Central, também é causada pelo álcool. Quando metabolizado, o álcool se torna um
acelateído, que atua fortemente nos neurotransmissores, compromete o
aproveitamento das proteínas e intervém no DNA, que é o material genético das
células. Prejudica também a coordenação motora e libera emoções contidas
(LEPRE, 2005).
ANDRADE (2006) afirma que são inúmeros os problemas gerados
pelo consumo contínuo de álcool. Quanto ao sistema nervoso, esse habito causa
35. 36
amnésia em 30 a 40% dos casos, hipersensibilidade, dormência, formigamento nos
membros superiores e inferiores, estados de euforia patológica, depressão estados
de ansiedade na abstinência alcoólica, delírios e alucinações, perda de memória e
comportamento desajustado. Exames de necropsia mostram que indivíduos que
fazem uso de álcool apresentam o cérebro pequeno, mais leve e comprimido, sendo
que local mais comprometido é o córtex pré frontal, que é a região intelecto e pela
coordenação motora.
Efeitos do álcool sobre o sistema nervoso. O álcool prejudica o
funcionamento dos centros de coordenação motora e o sistema nervoso sensitivo.
Ao agir sobre os centros superiores do cérebro, priva o indivíduo,
momentaneamente, do uso da razão. Esse estado de loucura passageira é um fator
muito importante na produção de crimes. É também um fator de risco para uma
diversidade de doenças mentais. (BALBACH s.d.)
A ação depressora do álcool no cérebro produz mudanças
emocionais e comportamentais. Os efeitos do uso crônico de álcool podem causar
alterações no lobo frontal e em diferentes áreas corticais e subcorticais do cérebro,
bem como déficits psicológicos específicos na memória de figuras e na habilidade
abstrata e verbal, além de problemas clínicos graves, entre eles a dependência física
e a síndrome de abstinência. (GUTTING, 1978; MOSELHY, GEORGIOU & KAHN,
2001).O uso freqüente de álcool tem causado redução do volume do hipocampo,
dificuldades de raciocínio e concentração, além de perda considerável de memória.
Segundo a Infocancer 2004, o Câncer de boca pode estar associado
a fatores como o uso excessivo de álcool.Cerca de 50% dos pacientes com Câncer
do Fígado apresenta cirrose hepática que também está associada ao etilismo, a
ingestão excessiva de álcool associada ao fumo leva ao desenvolvimento de câncer
nas vias aerodigestivas superiores, ou seja, Câncer da Laringe, aumentando o risco
para o câncer supraglótico, a ingestão regular de álcool, mesmo que em quantidade
moderada pode causar o Câncer de mama (INFOCANCER 2004).
3.3.3 - O ALCOOL E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A GESTAÇÃO
A OMS (Organização Mundial de Saúde) tem realizado estudos
que demonstram a influência negativa do álcool quando consumido por mulheres
durante a gestação. Sabe-se que alem dos danos causados a mulher que consome,
36. 37
eles ainda se apresentam maiores quando se diz respeito ao feto que ainda esta em
processo de desenvolvimento no útero.
Estudos comprovam que além de diversos outros problemas
relacionados ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas durante a gestação os
mais freqüentessão:Malformações no corpo, nos órgãos internos e, em parte dos
sentidos, Síndrome de Down, atraso mental,deficiências orgânicas após o
nascimento, a criança pode apresentar incapacidade de desenvolvimento normal,
dificuldades de aprendizagem, defeitos de caráter, pobreza mental e espiritualalém
de causar um aborto, ou seja a morte do feto.
Segundo a Dra. MaríaLuisa Martínez, médica espanhola e
conhecedora do tema, as bebidas alcoólicas penetram no feto, através da corrente
sangüínea materna, causando a SFA Síndrome fetal alcoólica descrita pela primeira
vez por Jones e Smith em 1973, que são anormalidades faciais e exibe déficit
intelectual, problemas cognitivos e problemas comportamentais físicos e mentais
que Segundo a OMS, a cada ano atinge 12.000 bebês no mundo.
3.3.4 - O ALCOOL E A MÍDIA
A televisão é um dos meios de comunicação mais presentes no
cotidiano dos brasileiros, a mesma tem um caráter apelativo muito marcante, seduz,
utiliza efeitos audiovisuais e exerce uma poderosa influência sobre nossa cultura
(LOT ET AL, 1995).
A televisão é uma das opções de lazer dos adolescentes ficando
atrás apenas ao ato de ouvir músicas, mas as emissoras de televisão não vêm
demonstrando interesse em explorar atrações educativas, direcionando seus
programas pelo interesse de seus anunciantes, ou seja, se preocupando apenas
com o interesse financeiro, sem levar em consideração a qualidade da programação
ou o conteúdo das mensagens repassadas, que nem sempre são adequadas aos
horários em que são apresentadas (ZAGURY, 1996).
A mídia através das diversas propagandas vem influenciando o
consumo de substancias psicoativas, principalmente entre a população jovem, pois
ao invés de explorar as potencialidades educativas direciona suas programações
visando apenas o seu interesse financeiro sem levar em consideração a qualidade
da programação ou o conteúdo das mensagens repassadas, que nem sempre estão
37. 38
adequadas aos horários em que são apresentadas.
Constitui-se um tema naturalmente controverso no meio social e
acadêmicobrasileiro, o uso de álcool entre a população adolescente. Ao mesmo
tempo em quea lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas
para menores de18 anos (Lei nº. 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o
consumo deálcool pelos jovens, seja no ambiente domiciliar, em festas, ou mesmo
emambientes públicos. Isso demonstra que a sociedade como um todo adota
atitudesparadoxais frente o alcoolismo e o adolescente. Por um lado, condena o
abuso deálcool pelos jovens, mas é permissiva ao estimular o consumo de bebidas
alcoólicaspor meio de propagandas (PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO,2004).
A linguagem publicitária hoje é muito persuasiva, as principais
propagandas usam apelos emocionais, provocando na vida dos indivíduos a
sensação de que o consumo das mesmas provocaria uma mudança de vida,
difundindo um conceito deturpado de tais produtos nos anúncios e propagandas
comerciais, desconsiderando os prejuízos causados por este.
4. AS ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL NO COTIDIANO DO USUARIOS
DE ALCOOL E O PROCESSO DE REINSERÇÃO SOCIAL DO ETILISTA
O Assistente social é o profissional que tem em mente o bem-estar
coletivo e a integração do indivíduo na sociedade. Seu desempenho é muito vasto,
uma vez que suas competências são regulamentadas pela Lei 8662/93 que dispõe
sobre a profissão e dá outras providências e pelo Código de Ética Profissional.
Como qualquer outra profissão inscrita na divisão social e técnica do
trabalho, sendo o Assistente Social um trabalhador assalariado, dependem da venda
de sua força de trabalho especializada no mercado profissional de trabalho. Para
que ele tenha valor de troca expresso monetariamente no seu preço requer que o
profissional seja capaz de responder critica e criativamente aos desafios postos
pelas profundas transformações incidentes nas esferas de produção e do Estado,
com profundas repercussões na conformação das classes sociais. (IAMAMOTO,
2009, p.172).
Segundo a ABESS/CEDEPSS (1996, p.154-5) “a formação
profissional tem na questão social sua base de fundação sócio histórica, o que lhe
confere um estatuto de elemento central e constitutivo da relação entre profissão e
38. 39
realidade social. O assistente social convive cotidianamente com as mais amplas
expressões da questão social, matéria prima de seu trabalho. Confronta-se com as
manifestações mais dramáticas dos processos da questão social no nível dos
indivíduos sociais, seja em sua vida individual ou coletiva.”
A questão social não é senão as expressões do processo de
formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político
da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado
e do Estado. É a manifestação no cotidiano da vida social, da contradição entre o
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais
além da caridade e repressão. (CARVALHO e IAMAMOTO 1991, p.77)
Observa- se no cenário da sociedade contemporânea as diversas
faces apresentadas pela questão social, sendo assim necessária a atenção do
profissional de serviço social frente a estas formas de demandas sociais
enfrentadas. A atuação do Assistente Social é voltada para atender, sobretudo os
usuários em situações de risco e vulnerabilidade social e tem como objetivos de sua
atuação voltados basicamente para o enfrentamento das expressões da questão
social, através da formulação e execução de intervenções sociais pertinentes ao
campo de trabalho, assegurando acesso universal aos direitos sociais, civis e
políticos. Por ser uma carreira generalista, o campo de trabalho é amplo: vai desde a
área pública, em hospitais e secretarias, a empresas, na parte de recursos humanos,
treinamento e de responsabilidade social ate os setores privados. No caso do
alcoolismo ele atua dando suporte tanto para o etilista como para a família
orientando e buscando apoio para que o mesmo logo após o período de tratamento
saia do vício e se reintegre à sociedade.
Em decorrência, ao término do tratamento, o que geralmente dura
de 8 a 10 meses, o usuário recuperado se vê diante de outro desafio: o retorno ao
meio sociofamiliar. Trata-se do reinicio das relações no âmbito da família, do
trabalho, da escola... O que é decisivo para o seu retorno ou não ao uso de drogas.
Dependerá de como essa reinserção é trabalhada, enfrentada e assumida por todos
os envolvidos nesse processo: profissionais, egressos e familiares (COSTA, 2009).
Na conjuntura histórica da sociedade brasileira o álcool, parece está
intimamente anexo a grande parte dos espaços e circunstâncias do dia-a-dia das
pessoas, especialmente em certas atividades esportivas, viagens, trabalho
acompanhadas a abundantes doses de bebidas alcoólicas, que atinge
39. 40
indistintamente os indivíduos que o consome e indiretamente as pessoas próximas a
estes. “O alcoolismo é considerado uma doença de evolução crônicae progressiva
acometendo todos os indivíduos, sem distinção de sexo, raça, nível socioeconômico,
escolaridade e atividade laborativa” (BARROS, 1994: 53).
Desde a antiguidade no Brasil, o problema do álcool sempre foi
tratado como uma questão socialde saúde publica e isso reflete no perfil de toda a
sociedade, levando não só o profissional assistente social a meditar sobre o mesmo,
mas toda uma equipe multidisciplinar, uma vez que o foco principal para uma boa
intervenção é o trabalho em rede, pois além das consequências que o álcool trás
aos etilistas e suas famílias que fundamentalmente necessitam da intervenção de
diferentes profissionais como psicólogos, psiquiatras, médicos, enfermeiros,
psicopedagogos, e outros proporcionando condições de melhor enfrentamento dos
problemas advindos da mesma no contexto familiar e social.
O trabalho em rede consiste em uma constante articulação integrada
no intuito de discutir as demandas e serviços prestados para o enfrentamento das
mesmas, ampliando a relação permanente entre todos ao envolvidosdesta demanda,
para que se possa romper com o individualismo ter as ações voltadas a prevenção
ao uso e abuso de bebidas alcoólicas.
Para que o profissional assistente social possa lidar com a
complexidade desses diversos fenômenos atuantes em nossa sociedade o mesmo
necessita estar engajado em seu projeto Ético político através de conhecimentos
teóricos metodológicos específicos para o desenvolvimento das ações e a
compreensão das relações frente a estas demandas.
Um dos maiores desafios que o assistente social vive no
presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a
realidade e construir propostas de trabalho criativas e
capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de
demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um
profissional propositivo e não só executivo (IAMAMOTO,
2005,p.20).
E necessário que o profissional de serviço social tenha um olhar
critico em relação à demanda do uso exagerado de álcool e das consequências
apresentadas determinantes desses fatores, intervindo assim na realidade desses
usuários, com o intuito de transformação através da implantação de projetos ações e
40. 41
programas desenvolvidos por meio de uma postura ética através da relação de
interlocução teoria pratica, onde a família, os gestores e a sociedade de forma geral
deve estar sendo estimulada para a formulação de propostas de políticas publicas
que visa o enfrentamento dessa demanda.
A questão da dependência do álcool permeia vários contextos na
área de assistência social, seja na perspectiva preventiva ou de tratamento, onde o
público-alvo do atendimento, pode ser idoso, criança, adolescente, homens,
mulheres, famílias e deficientes.
Sabemos da complexidade e da dificuldade intrínseca no tema
álcool e outras drogas e da extrema importância do papel a ser exercido pelo
assistente social nas instituições na qual atua, portanto é necessário que este possa
assumir o seu papel enquanto transformador da sua realidade.
Diante do seu campo de atuação o profissional assistente social
deve exercer seu trabalho com a visão direcionada para o ser social, tendo
capacidade e competência de sugerir transformações e alcançar respostas
profissionais. É necessário nesta atuação diagnosticar o território de abrangência da
intervenção com a finalidade principal de desenvolver uma ação preventiva, através
de atividades educativas, profissionalizantes e culturais, propiciando a esses
usuários a construção de cidadania e identidade, oportunizando para eles uma
consciência critica de que o consumo exagerado de álcool, ou seja a drogadição,
através deste consumo exagerado e constante não tem a contribuir na formação da
sua competência como cidadão de direitos sociais abrindo caminhos para o
fortalecimento de vínculos e a reinserção à sociedade, sendo indispensável um
trabalho em rede para que se possa concretizar estas ações.
4.1 – TRATAMENTO
Barros afirma que o alcoolismo é considerado uma doença de
evolução crônica e progressiva acometendo todos os indivíduos, sem distinção de
sexo, raça, nível socioeconômico, escolaridade e atividade laborativa.(BARROS,
1994).
O processo de tratamento do alcoolismo é fundamentado na
aceitação da doença, enfrentamento e prevenção a recaída. É preciso esclarecer
que não existe um tratamento ideal para o alcoolismo, mas para cada caso
41. 42
individualmente, para cada usuário como o processo de dependência, é necessário
que se submeta a um bom exame clinico, onde será indicado o tratamento mais
apropriado para o mesmo.
Nos dias atuais o tratamento do alcoolismo tem envolvido duas
etapas: desintoxicação e reabilitação.
Desintoxicação de acordo com a Wikipédia é um termo geral que
descreve a remoção de substâncias tóxicasdo corpo. É uma das funções mais
importantes do fígado, trato gastrointestinal inferior e rins, mas também pode ser
feita artificialmente através de técnicas como a diálise.
Conforme Cezar Bittencourt, reabilitação “trata-se de medida de
política criminal que objetiva restaurar a dignidadepessoal e facilitar a reintegração
do condenado à comunidade, que já deu mostras de sua aptidãopara exercer
livremente a sua cidadania”.
42. 43
CAPÍTULO II
4 - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PINDAÍ-BA
O município de Pindaí esta situado no Centro Sul Baiano, com uma
área de 665 Km2 e com uma população em 2010 de 15,628 habitantes, sendo que
desse total, 3,631 são da zona urbana e 11.997 da zona rural constituindo assim um
município com uma zona rural extensa particularizando sua grande cultura agrícola.
Dentre esta população 76% tem idades entre 15 e 60 anos de idade. A distancia da
sede para a capital do Estado é de 843 km.
Em 1900 era um simples povoado logo elevado a distrito de
Umburanas com o nome de São João da Gameleira. No ano de 1918, passou a
distrito de Urandi sendo que 1945 recebeu o nome de Pindaí, pois São João da
Gameleira coincidia com o nome de outro município baiano. No dia 13 de fevereiro
de 1962 criou-se o município desmembrado do de Urandi, sob a lei estadual nº
1.617, publicada no diário oficial do dia 20 de fevereiro deste mesmo ano. Foi
instalado como independente a Sete de abril de 1963.
Nesta época também houve a primeira eleição donde foi escolhido o
Sr. Jerônimo Borges como prefeito municipal. Já no ano de 1965, foi apresentado na
câmara municipal um projeto que modificaria o nome de Pindaí para Ouro Branco,
em vista da grande produção de algodão que é a cultura de maior destaque na
região. Apesar de ter havido aprovação unânime por parte dos vereadores o nome
não se oficializou, pois já existia no estado da Bahia outro município com esta
denominação. Fonte (IBGE).
Pindaí limita-se ao Norte com Guanambi e Caetité, ao Sul com
Urandi, ao Leste com Caetité, Licínio de Almeida e Urandi e ao Oeste com Urandi,
Candiba e Guanambi. Está localizado a 14º49" Lat. Sul e 42º68" W.Gr. A altitude da
sede municipal é de 610 metrosem relação Mao nível do mar, e o bioma
predominante é cerrado caatinga. Fonte (IBGE).
O Município conta com 01 Distrito como uma vila em grande
desenvolvimento, localizado na zona rural, assim distribuído: Distrito de Guirapá
distante 50 km da sede, com uma média de 1.080 habitantes, com estrada de terra e
barro. O referido distrito apresenta infraestrutura mais desenvolvida que algumas
localidades, contando com rede de distribuição de água, luz, não apresenta esgoto.
43. 44
Comporta bom número de escolas da rede pública. Além do distrito acima referido, o
município tem ainda na sua composição geográfica, 04 localidades de maior
concentração populacional, assim distribuídas: Paus Pretos, com 360 habitantes13
km distante da sede e estrada de barro. Tanque, com380 habitantes 12,5 km
distante da sede e estrada de barro. Sanharó com 280 habitantes 6 km distante da
sede e estrada de barro. Mato Grosso com 180 habitantes 5 km distante da sede e
estrada de barro.
Fonte: (Site Oficial da Prefeitura Municipal de Pindaí).
5.1– CRAS
O CRAS é conhecido como "a casa das famílias", pois é uma
unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social responsável
pela organização e oferta de serviços da proteção social básica do SUAS nas áreas
de vulnerabilidades e risco social dos municípios, desenvolve o Programa de
Atenção Integral à Família, PAIF, que visa atender as famílias, garantindo seus
direitos básicos. É responsável pela oferta de serviços continuados de proteção de
assistência e de promoção social. O atendimento social psicológico para famílias
submetidas a risco de vulnerabilidade social é executada pelos profissionais através
da escuta qualificada individual ou em grupo identificando as principais
necessidades e ofertando orientações aos usuários e suas famílias, visando o
fortalecimento do convívio sócio familiar e comunitário.
Esta unidade pública do SUAS é referência para o desenvolvimento
de todos os serviços sócio-assistenciais de proteção básica do SUAS, no seu
território de abrangência. Estes serviços, de caráter preventivo, protetivo e proativo,
podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que disponha de espaço físico e
equipe compatível. Quando desenvolvidos no território do CRAS, por outra unidade
pública ou entidade de assistência social privada sem fins lucrativos, devem ser
obrigatoriamente a ele referenciados.(Orientações técnicas CRAS, 2009).
O CRAS ostenta dois amplos eixos estruturantes no SUAS: a
matricialidade sócio familiar e a territorialização.
Sabe-se que a família independente dos formatos ou modelos em
que assume é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, segundo a
PNAS, é o conjunto de pessoas unidas por laços consanguíneos, afetivos e ou de
solidariedade, cuja sobrevivência e reprodução social pressupõem
44. 45
obrigaçõesrecíprocas e o compartilhamento de renda e ou dependência econômica.
Portanto amatricialidadesociofamiliarse refere à centralidade da
família comonúcleo social fundamental para a efetividade de todas as ações e
serviçosda política de assistência social. A importância da família como espaço de
socialização, já é reconhecida desde apromulgação da Constituição Federal de 1988
em seu artigo 226, que diz “a família, baseada sociedade, tem especial proteção do
Estado” (BRASIL, 2003B). Logo após a LeiOrgânica da Assistência Social - LOAS
também vêm reforçando esta centralidade quandodiz em seu artigo 2º que a
assistência social tem por objetivo a proteção a família.
De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socio-
assistenciais o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF dentro
do CRAS tem como objetivos: fortalecer o papel de proteção à família, progredindo
na sua qualidade de vida; precavendo a extrusão dos vínculos familiares e
comunitários, permitindo a superação de ocorrências de vulnerabilidade social
vivenciadas; promovendo conquistas igualitárias e materiais às famílias,
potencializando o princípio e a autonomia destas; levando as mesmas à ascensão
aos benefícios, programas de transferência de renda e serviços sócio-assistenciais,
contribuindo para a inserção destas famílias na rede de proteção social de
assistência social; além de promover acesso aos demais benefícios setoriais,
colaborando para o usufruto de direitos e apoio às famílias que possuem, dentre
seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados especiais, através do
acolhimento dos membros desta família na busca de superação da situação.
A territorializaçãopor sua vez se refere à centralidade do território
como fator determinantepara a compreensão das situações de vulnerabilidadee risco
sociais, bem como para seu enfrentamento. A adoção daperspectiva da
territorialização se materializa a partir da descentralizaçãoda política de assistência
social e consequente ofertados serviços sócio-assistenciais em locais próximos aos
seus usuários. Isso aumenta sua eficácia e efetividade, criando
condiçõesfavoráveisà ação de prevenção ou enfrentamento das situaçõesde
vulnerabilidade e risco social, bem como de identificação e estímulo das
potencialidades presentes no território.(Orientações técnicas CRAS, 2009).
O CRAS deve assegurar as famílias usuárias de seus serviços os
seguintes direitos:
45. 46
De conhecer o nome e a credencial de quem o atende (profissional técnico,
estagiário ou administrativo do CRAS);
À escuta, à informação, à defesa, à provisão direta ou indireta ou ao
encaminhamento de suas demandas de proteção social asseguradas pela
Política Nacional de Assistência Social;
A dispor de locais adequados para seu atendimento, tendo o sigilo e sua
integridade preservados;
De receber explicações sobre os serviços e seu atendimento de forma clara,
simples e compreensível;
De receber informações sobre como e onde manifestar seus direitos e
requisições sobre o atendimento sócio assistencial;
A ter seus encaminhamentos por escrito, identificados com o nome do
profissional e seu registro no Conselho ou Ordem Profissional, de forma clara
e legível;
A ter protegida sua privacidade, dentro dos princípios e diretrizes da ética
profissional, desde que não acarrete riscos a outras pessoas;
A ter sua identidade e singularidade preservadas e sua história de vida
respeitada;
De poder avaliar o serviço recebido, contando com espaço de escuta para
expressar sua opinião;
A ter acesso ao registro dos seus dados, se assim o desejar;
A ter acesso às deliberações das conferências municipais, estaduais e
nacionais de assistência social.
O CRAS – Centro de Referencia da Assistência Social do Município
de Pindaí, foi inaugurado no dia 03 de dezembro de 2010, está localizado à Rua São
João nº 175 no centro da cidade do município supracitado não possui sede própria,
conta com uma estrutura física restrita, mas todas as atividades são desenvolvidas
da melhor forma possível, onde o seu objetivo primordial é assistir famílias de classe
baixa e classe média baixa, este foi o espaço eleito para o desenvolvimento deste
trabalho.
Por ano são atendidas mais de 500 famílias, com diversos cursos,
oficinas, palestras, encontros, projetos para idosos, mulheres, homens, gestantes,
crianças e adolescentes. São as famílias que fazem parte desta construção política
social do CRAS no município de Pindaí.
46. 47
A visita domiciliar é uma das ferramentas muito utilizadas na
dinâmica do CRAS, são através destas visitas que temos contato direto com a
realidade da família, perfilhando de fato as necessidades enfrentadas,
diagnosticando encaminhamentos e orientando frente à realidade apresentada. Além
de acompanhar as condicionalidades que não estão sendo cumpridos nas diversas
áreas como da saúde, educação e delicados outros casos de extrema
vulnerabilidade social.
ESTÁ SITUADO EM UM ESPAÇO FÍSICO COMPOSTO POR:
01 Recepção,
01 Brinquedoteca,
01 Sala de atendimento,
01 Cozinha,
01 Sala de uso coletivo,
01 Sala para coordenação,
01 Banheiro,
02 Espaços externos que são utilizados para múltiplas atividades.
OS OBJETIVOS PRINCIPAIS DO CRAS SÃO:
Ofertar o serviço de proteção social básica;
Desenvolver a auto - estima;
CONTA COM UMA EQUIPE TÉCNICA COMPOSTO POR:
01 Coordenador,
01 Assistente social,
01 Recepcionista,
01 Auxiliar de serviços gerais
01 Psicólogo,
X Além dos oficineiros que não são profissionais permanentes, e que são
convocados de acordo a necessidade
47. 48
Identificar as famílias em situações de vulnerabilidades;
Atuar de forma preventiva, para que as famílias não tenham seus direitos violados;
Promover o acompanhamento sócio-assistencial de famílias em um determinado
território;
Potencializar a família como unidade de referencia, fortalecendo vínculos internos e
esternos de solidariedade;
Desenvolvendo ações que possibilitem a redução da pobreza.
.
AS PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO CRAS SÃO:
Atendimento a famílias e indivíduos;
Visitas domiciliares e institucionais;
Encaminhamentos a rede sócio-assistencial;
Reuniões e ações comunitárias;
Palestras;
Oficinas de convivência;
Trabalho sócio educativos;
Campanhas;
Capacitações incentivando a geração de Emprego e Renda;
Articulação e fortalecimento de grupos sociais.
Os cursos de geração de renda fazem parte das ações do CRAS
que visa oferecer as famílias beneficiarias e a comunidade uma formação para o
trabalho informal. Além de capacitação profissional dos cidadãos recebendo apoio
no aprendizado para geração de sua própria renda. Dentre os cursos desenvolvidos
no CRAS temos:
CURSOS DESENVOLVIDOS NO CRAS
Curso de capoeira;
Curso de manicure e pedicure;
Curso de corte e costura;
Curso de artesanato;
Curso de pintura em tecido
48. 49
O CRAS do município de Pindaí tem hoje 564 famílias cadastradas,
sendo que estes estão compostos por beneficiários do Programa Bolsa Família,
BPC, além de diversos outros usuários que não são beneficiários de algum
programa de transferência de renda, e que se encontra em situação de risco ou
vulnerabilidade social.
49. 50
CAPITULO III
6 - METODOLOGIA
A pesquisa é uma atividade de investigação que utiliza processos
científicos para verificar problemas teóricos e práticos. Busca uma solução ou
resposta para as dúvidas existentes e só obtêm êxito se os instrumentos científicos e
procedimentos utilizados no trabalho forem os mais adequados. Assim ela possui
três elementos indispensáveis para a sua concreta realização, que são as dúvidas
problemas, método científico e resposta solução. (CERVO ET. AL., 2007).
Este estudo consiste em uma pesquisa de campo exploratória com
abordagem quali-quantitativa, realizada entre os usuários do CRAS e suas famílias
que tem algum envolvimento com o álcool, visando ao aprofundamento no universo
dos significados na investigação dos impactos causados pela prática constante do
consumo de álcool entre os usuários do CRAS, bem como as sequelas vivenciadas
por suas respectivas famílias, visando conhecimentos em relação ao consumo do
álcool, a partir de uma perspectiva sociocultural.
6.1– ASPECTOS METODOLOGICOS
A presente pesquisa caracteriza-se por uma abordagem
descritiva e exploratória, de natureza quali-quantitativo, realizado no CRAS do
município de Pindaí/BA.
O caráter descritivo é definido por Duarte e Furtado (2002, p. 28)
como o meio de “descrever um fenômeno ou situação mediante um estudo realizado
em determinado contexto espacial e temporal”.
Para Minayo (2002) a abordagem qualitativa pode pretender chegar
à verdade considerando o que certo ou errado. Já Gil (1996, p. 64) este tipo de
pesquisa permite “descrever ou explicar um fenômeno ou uma cultura”.
Quanto a abordagem quantitativa Gil (1996) determina que o ideal é
descobrir quantos indivíduos de uma mesma população compartilham de uma
mesma característica.
Os instrumentos de coleta utilizados foramos questionários com
questões fechadas norteadoras quanto ao Tema em evidência, estudando os
50. 51
significados e importância do mesmo, que de acordo com CERVO et. Al. (2007), é
uma maneira de obtenção de respostas a questões formuladas. Este conta com 16
questões objetivas, a fim de verificar o índice de álcool consumido pelos habitantes
do Município de Pindaí e os aspectos envolvidos. Para este estudo foram priorizados
os usuários cadastrados no CRAS deste município.
As perguntas do questionário referem-se a aspectos relevantes ao
estudo como idade, sexo, religião, com quem mora, renda familiar, se faz uso de
bebidas alcoólicas, com que idade começou a beber, que tipo de bebida consome,
possui histórico de álcool na família, se frequenta algum grupo antidrogas, dentre
outras. Os resultados obtidos serão organizados em gráficos em forma de coluna,
utilizando o programa Microsoft Office Excel, interpretados e discutidos de acordo
com os conhecimentos obtidos através da observação de trabalhos publicados na
área.
A construção teórica deste trabalho foi fundamentada a partir da
pesquisa bibliográfica que se deu durante todo o processo de construção desse
estudo, com a finalidade de coletar informações imprescindíveis para o mesmo.
Com relação ao universo de pesquisa estafoi constituída por
usuários cadastrados no CRAS que faz uso de bebidas alcoólicas e suas respectivas
famílias. A amostra determinada para esta pesquisa foi escolhida conveniente, onde
a pesquisa de campo foi realizada através da observação de cotidiano e das ações
dos sujeitos.
Todos os participantes receberam explicação sobre os objetivos e
métodos da pesquisa através de informações que estão contidas em um Termo de
Livre Consentimento, apresentado aos mesmos. Somente participaram da pesquisa
os dependentes alcoólicos que concordaram com o termo. Foram levados em
consideração os aspectos éticos contidos na resolução 196/96 que regulamenta a
pesquisa em seres humanos. Garantiu-se o anonimato, à privacidade e desistência
em qualquer etapa da pesquisa.
Após a realização da coleta dos dados, estes foram organizados e
analisados à luz da fundamentação teórica construida durante a pesquisa
bibliográfica. Com apresentação dos dados discutidos e analisados a seguir.
7- ANÁLISE E REFLEXÃO
51. 52
Neste momento do estudo foi realizada uma analise dos dados
obtidos à luz de uma fundamentação teórica no intuito de investigar o nível de
alcoolismo no município, bem como os impactos causados pela prática constante do
consumo de álcool entre os usuários do CRAS de Pindaí, e as sequelas vivenciadas
por suas respectivas famílias, sendo de fundamental importância a veracidade das
informações adquiridas e a solidez das análises feitas.
Para a pesquisa foram analisados questionários respondidos pelos
usuários do CRAS do Município supracitado, contendo questões que se referiram ao
consumo de álcool pelos mesmos ou seus concernentes familiares.
Dentre os entrevistados, grande parte, ou seja, 78% destes têm
idade superior aos 20 anos. Esses dados justificaram-se por a pesquisa ter sido uma
amostra realizada entre usuários adultos cadastrados no CRAS, uma vez que é
possível ainda constatar que há um grande numero de adolescentes que faz uso
destas substancias no município, e que a cada dia esse consumo se inicia mais
precocemente. O curioso é que em sua grande maioria o contato inicial desses
adolescentes com o álcool acontece dentro da própria casa diante do apoio da
família.
Segundo Melo et al. (2008), a família tem um papel muito importante
na formação dos jovens, entre suas funções cumpre função de mediadora, o
indivíduo adquire as noções do certo e do errado, sem a imposição dos agentes
externos da sociedade.
Gráfico 1. Idade
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Acima de 20 anos Até 20 anos
78%
22%
52. 53
Em relação ao sexo dos entrevistados, como mostra o gráfico 2,
pode-se observar que é predominante o sexo masculino, uma vez que estamos nos
referindo apenas aos usuários do CRAS, é valido ainda destacar que através de
pesquisa realizada no município consta que o índice de bebidas alcoólicas
consumidos apenas pelas mulheres é alarmante.
Segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel Brasil, 2010), realizada pelo
Ministério da Saúde, a parcela da população feminina que admite abusar no álcool
passou de 8,2%, em 2006, para 10,6%, em 2010. Entre os homens, a proporção
passou de 25,5% para 26,8%. Na análise geral, o levantamento ponta que o
consumo excessivo de bebidas alcoólicas passou de 16,2% para 18% da
população.( g1.globo.com/.../aumenta-o-consumo-excessivo-de-alcool-entre-
mul...)
Gráfico 2. Sexo
Quanto à religião dos entrevistados os dados mostram que 100%
dos entrevistados são católicos, não havendo nenhum evangélico, ou de outra
religião
Segundo SOUZA et.al.2005, em seu trabalho a religião católica
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Feminino Masculino
38%
62%
53. 54
representou 60,9% dos entrevistados. É sabido que os evangélicos admitem um
critério de pertencimento ao seu grupo religioso e abdica a qualquer modalidade ao
uso de bebidas alcoólicas, uma vez que a Bíblia deixa claro que existe o livre
arbítrio.
Gráfico 3. Religião
No questionamento com quem você mora a maioria dos
entrevistados, ou seja 60% dos mesmos responderam que moram com o cônjuge,
28% com os pais, além dos 12% que se declararam outros, dentre estes
destacamos irmão, filhos, amigos, etc. Diversos estudos vêm relacionando o
consumo exagerado de álcool ao fato de não morar com os pais, uma vez em cerca
de 46% dos usuários de bebida alcoólica tem influência direta ou indiretamente da
família. Segundo Vaillant (1999), o risco familiar é considerado critério de
vulnerabilidade ao alcoolismo, uma vez que a presença de pais alcoolistas aumenta
o risco do alcoolismo em seus filhos. Essa afirmação se opõe ao que dizem
Cavalcante, Alves & Barroso (2008), quando afirmam que a família é o lócus onde o
adolescente se vê seus principais exemplos de vida, sendo assim, o meio familiar é
destacado como um dos espaços responsáveis pela formação do indivíduo e
promoção da sua saúde.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Católico Evangélico Outro
100%
0% 0%
54. 55
Gráfico 4: Com quem você mora?
Em relação a renda familiar como mostra o gráfico 5, foi verificado
que a maioria, 50% ou metade dos entrevistado apresentam uma renda de menos
de 1 salário mínimo por mês, seguido de 38% de usuários que sobrevivem apenas
com um salário mínimo, além dos 10% que se declararam não possuírem renda
alguma.
Esses dados mostram como o Brasil é um pais onde impera um
histórico de desigualdades sociais, mesmo diante de um elevado crescimento
econômico cada vez mais abrangendo uma mínima camada da população, onde
famílias inteiras precisam sobreviver com uma renda mensal tão miserável.
De acordo com IAMAMOTO (2006), o conjunto de desigualdades
sociais que cada vez mais estão se acentuando na sociedade capitalista tem sua
raiz histórica na contradição existente entre capital e trabalho.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Pais Cônjuge Outros
28%
60%
12%
55. 56
Gráfico 5: Renda familiar
Em relação ao histórico dos usuários de álcool na família, cerca de
95% dos entrevistados disseram possuir esse tipo de histórico familiar. Esse é um
percentual preocupante, pois a maioria destas famílias cadastradas no CRAS e que
foram entrevistadas são constituídas por pais, mães e filhos em sua grande maioria
crianças e adolescentes.
A esse respeito MELLO (1995), diz que a convivência de
adolescentes com a bebida alcoólica no seu núcleo familiar influencia diretamente
na escolha do indivíduo pelo uso do álcool, pois os adolescentes que consomem
álcool em reuniões familiares têm em geral uma visão do álcool como substancia
que não oferece riscos, lícita, consumida pelos seus pais e familiares, portanto
aceitável socialmente.
Atrelado a esse pensamento observamos que os jovens e
adolescentes usuários de álcool e outras drogas psicotrópicas sofrem de uma
predisposição contraída através da convivência com os seus progenitores etilistas,
uma vez que sabemos que o alcoolismo não uma doença individual, mas atinge a
família de modo geral a partir do momento em que começam a surgir os problemas
paralelos do alcoolismo como acidentes de trânsito, violência, perda de emprego,
decadência social, financeira e moral e a co-dependência, isto é, quando toda a
família se torna dependente do álcool.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Não possui renda 1 salário Menos de um
salário
2 Salários
10%
38%
50%
2%
56. 57
Gráfico 6: Possui histórico de álcool na família?
Quanto a fazer o uso de bebidas alcoólicas, cerca de 55%
disseram usar álcool, 45% não, porém estes últimos relataram sofrerem as
conseqüências advindas do mesmo consumido por seus familiares. É interessante
destacar que dentre estes usuários entrevistados existem também muitos familiares,
alem daqueles que já estão freqüentando o grupo de A.A., ou seja, aqueles que já
se conscientizaram que são doentes e admitem que precisam de um tratamento.
Gráfico 7:Faz uso de bebidas alcoólicas?
Com relação ao inicio do processo de consumo de bebidas
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Sim Não
95%
5%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Sim Não
55%
45%