SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  6
Télécharger pour lire hors ligne
345
ORIGINAL / ORIGINAL
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA ÀS FORÇAS DE CISALHAMENTO
DE PORCELANAS APLICADAS SOBRE LIGA DE NÍQUEL-CROMO
E COBALTO-CROMO
RESUMO
Foi comparada a resistência de união metal-porcelana frente à força de cisalha-
mento entre uma liga de níquel-cromo sem berílio, Verabond II® e duas ligas
de cobalto-cromo, New Ceram® e Wirobond C®, associadas a duas porcelanas,
Omega 900® e Noritake EX-3®. Os resultados da análise e dos testes estatísticos
mostraram que os grupos tomados em conjunto são estatisticamente diferentes
entre si, no entanto, existem grupos estatisticamente iguais, formando dois con-
juntos. Conjunto A: formado pelos grupos Verabond II® x Noritake, Verabond
II® x Vita, Wirobond-C® x Noritake e conjunto B: New-Ceram® x Noritake,
Wirobond-C® x Vita, New-Ceram® x Vita, sendo o conjunto B estatisticamente
superior ao conjunto A. Assim, pela metodologia e resultados obtidos as ligas de
cobalto-cromo tiveram resultados superiores às de níquel-cromo.
Palavras-chave: resistência ao cisalhamento; ligas de cobalto-cromo; ligas de ní-
quel-cromo.
ABSTRACT
The porcelain-metal bonding strength between two cobalt-chrome alloys (New-
Ceram® and Wirobond-C®) and one nickel-chrome alloy without beryllium (Ve-
rabond II®) associated with two types of porcelain, Omega 900® and Noritake
EX-3® was compared in this work. Based on the results of the statistical analysis
and tests it can be stated that the groups established are statistically different
within them, however there are two groups which are statistically equal, thus for-
ming two groups. Group A: Verabond II® x Noritake®, Verabond II® x Vita®,
Wirobond-C® x Noritake®; and Group B: New-Ceram® x Noritake®, Wiro-
bond-C® x Vita®, New-Ceram® x Vita®, Group B showing results statistically
superior than Group A. Thus, the cobalt-chrome alloys had superior results in
comparison to the nickel-chrome alloys according to the methodology adopted
and the results obtained.
Keywords: shear strength; chromium alloys; chromium alloys.
Evaluation of the resistances to porcelain shear forces applied on
nickel-chromium and cobalt-chromium league
José Aloísio FERNANDES
Coordenador do Curso de Especialização
em Prótese Dental. ABO Juiz de Fora. Rua
Eurico Vianna, 04, Centro, 36010010,
Juiz de Fora, MG, Brasil. Correspondência
para / Correspondence to: J.A. Fernandes.
RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
346
INTRODUÇÃO
	 No século passado, na década de 50, foram desenvolvi-
das pesquisas visando o desenvolvimento do material ideal para
as restaurações, combinando a resistência de uma estrutura metá-
lica com a estética da porcelana1
. Desta combinação surgiram as
coroas metalocerâmicas, que a partir de uma infra-estrutura me-
tálica, a base de ligas nobres oxidada, recoberta com porcelana,
confecciona-se uma coroa com as vantagens da adaptação margi-
nal e resistência do metal e as características funcionais e estéticas
da cerâmica. A compatibilidade das restaurações metalocerâmica
depende da combinação das propriedades de ambos, metal e por-
celana. O sucesso desta combinação requer que o metal e a por-
celana sejam química, térmica e mecanicamente compatíveis2
. A
compatibilidade química implica na formação de uma união forte
que deverá resistir ao estresse térmico residual e às forças mecâ-
nicas solicitadas clinicamente. A compatibilidade térmica e me-
cânica inclui uma temperatura de fusão que não cause distorção
do substrato metálico, devendo existir um grau de proximidade
entre o coeficiente de expansão térmica linear (C.E.T.L.) do metal
e da porcelana. A compatibilidade química implica na formação
de uma união forte durante a queima da porcelana e envolve a
formação de uma camada de óxido na superfície metálica, e que
cujo controle favorecerá a união química da porcelana ao metal.
	 A utilização de ligas não nobres se difundiu a partir dos
trabalhos de Moffa3
, que utilizou ligas de níquel-cromo com resul-
tados significantemente mais altos que os obtidos com as ligas áu-
ricas no que diz respeito à resistência de união metal-porcelana.
	 Apesar de não haver uma liga ideal, outras vantagens
foram encontradas nas ligas de níquel-cromo, tais como, módulo
de elasticidade, que é o dobro das ligas áuricas, menor densidade,
maior resistência e menor flexibilidade, além do baixo custo4
.
	 A adesão da porcelana ao metal5
se deve principalmente
a três tipos de forças: física – ou forças de Van der Waals; química
– força gerada pela troca de óxidos na interface metal-porcelana;
mecânica – força de compressão, originada pela diferença de co-
eficiente de contração térmica da porcelana e do metal, forma de
contorno da estrutura metálica e das condições de sua superfície.
Todos os três mecanismos requerem molhamento da superfície
metálica com a porcelana durante a sua cocção.
	 Estudando ligas de níquel-cromo e cobalto-cromo
destacaram o níquel e o cromo como os metais mais presentes
e que a adição do cromo aumenta a dureza e a resistência à oxi-
dação da liga, e que pequenas alterações na composição destas
levariam a diferentes comportamentos6
.
	 O aumento do custo dos metais nobres e a demanda por
ligas com grande resistência ao escoamento, quando da queima da
porcelana, despertou o interesse no desenvolvimento de ligas de
metais básicos para satisfazer a estas necessidades. Estas ligas são
quase todas baseadas na combinação níquel-cromo, cobalto-cro-
mo ou níquel-cromo titânio. Em relação às propriedades mecâni-
cas7
, as ligas de cobalto-cromo são superiores às ligas áuricas.
	 A resistência de união metal-porcelana8
de duas ligas de
cobalto-cromo (WIROBOND C®, Remanium 2000®) e a por-
celana Omega 900® foram avaliadas e os resultados não mostra-
ram diferenças estatísticas entre os valores das duas ligas.
	 Comparando duas ligas de cobalto-cromo9
(New Ce-
ram® e Wirobond C®) e níquel-cromo (Wironia®) com a cerâ-
mica Omega 900®, encontrou-se valores similares entre as ligas
de cobalto-cromo, porém Wirobond C® e Wironia® diferiram
estatisticamente. Também comparando resistência de união en-
tre três ligas de cobalto-cromo (IPS 20®, IPS 30® e Remanium
2000®) e uma de níquel-cromo (Wironia®) com a porcelana
Omega 900®, Jóias13
encontrou valores estatisticamente simila-
res para IPS 20®, IPS 30® e Wironia®, mas Remanium 2000®
obteve valores estatisticamente inferiores às demais.
	 Para a resistência ao cisalhamento de duas ligas de co-
balto-cromo (IPS d. Sign 20® e Argeloy NP®) e duas ligas de
níquel-cromo (4ALL® e Wiron 99®) a porcelana utilizada foi
a IPS d. Sign 20® foram avaliadas e concluiu-se que não houve
diferença estatística entre as quatro ligas estudadas10
.
	 As ligas de cobalto-cromo ainda são pouco utilizadas
em relação às de níquel-cromo, apesar de terem comportamen-
to, frente a forças de união, superior ao de ligas de níquel-cro-
mo e áuricas11
.
	 Strietzel (Comunicação pessoal*) cita que a principal
união entre a liga e a cerâmica ocorre nas camadas passivas
constituídas principalmente de óxido de cromo.
	 O objetivo do presente estudo foi comparar a resistên-
cia de união metal-porcelana entre duas ligas de cobalto-cromo
(New Ceram® e Wirobond C®) e uma liga de níquel-cromo
sem berílio (Verabond II®) associadas a duas porcelanas, Ome-
ga 900® (Vita) e Noritake EX-3® (Noritake).
MATERIAL E MÉTODOS
Materiais
As ligas metálicas e os sistemas cerâmicos utilizados foram:
Ligas
- Verabond II® (Aalba Dent Inc. – EUA)
- New Ceram® (CNG Soluções Protéticas - Brasil)
- Wirobond-C® (Bego, Bremem - Alemanha)
Sistemas cerâmicos
- NORITAKE® (Noritake Co. Limited – Made in Japan)
- Porcelana opaca e de corpo (Super Porcelain EX-3®)
- Líquido para opaco e para modelar (Super Porcelain EX-3®)
- VITA® (Zahnfabrick – Bad Säckingen – Made in Germany)
- Porcelana opaca e de corpo (Omega 900®)
- Líquido para opaco e para modelar (Omega 900®)
- Porcelana opaca e de corpo (Omega 900®)
Método
Corpo-de-Prova
Os corpos-de-prova para aplicação da porcelana e teste de re-
sistência ao cisalhamento foram obtidos utilizando uma matriz
J.A. FERNANDES
RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
* Strietzel h. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por (strietzel@bego.com.br). Em 08 março 2006
347
de aço inoxidável constituída de duas partes: uma base inferior
com uma perfuração cilíndrica vertical medindo 15mm de altu-
ra e 6mm de diâmetro e uma parte superior removível e forma
semi-circunferencial com uma perfuração central de 3mm de
altura e 8,4mm de diâmetro que se encaixam (Figura 1).
Figura 1. Matriz para obtenção dos corpos-de-prova.
Confecção dos corpos-de-prova, inclusão e fundição
	 Para confecção da parte metálica dos corpos-de-pro-
va, foi utilizada cera verde em barras (Max Master®). Cinco
padrões em cera foram obtidos, e após inspeção visual, um foi
selecionado e incluído em revestimento de alta temperatura
Talladium Micro fine 1700® (Talladium Inc., USA) usando a
proporção líquido-pó de 16 ml do líquido + 6 ml de água para
90 gramas de pó, conforme especificação do fabricante. De-
corridos 15 minutos da inclusão em anel de silicone, foi levado
ao forno a uma temperatura de 750°C e, após 20 minutos, atin-
gindo a temperatura de 940°C foi feita a fundição utilizando
maçarico de oxigênio/gás butano, com múltiplos orifícios (Art.
207 Swiss®). Após a fundição, deixou-se que o anel resfrias-
se até a temperatura ambiente. Para remoção dos resíduos de
revestimento foram utilizados jatos abrasivos contendo micro-
esferas de vidro e óxido de alumínio em um aparelho tri-jato
(Renfert® – Alemanha). Após remoção do revestimento, esta
fundição foi levada a um torno mecânico (MITO®), a fim de
que fossem obtidas 10 réplicas (Figura 2). Em seguida, essas ré-
plicas foram duplicadas com silicone (ORMA DUPLO®) con-
forme Figura 3, que serviram de matriz para obtenção dos 90
padrões de cera (Figura 4), que fundidos deram origem à parte
metálica dos corpos-de-prova, sendo 15 para cada combina-
ção metal-porcelana, e seguindo os mesmos critérios utilizados
para obtenção da parte metálica do primeiro corpo-de-prova.
Figura 2. Réplicas dos corpos - de - prova.
Figura 3. Silicone para duplicação das réplicas.
Figura 4. Silicone para obtenção dos corpos – de- prova.
	 Após concluída a aplicação das porcelanas, obtivemos 6
grupos de 15 corpos-de-prova distribuídos conforme Quadro 1.
Quadro 1. Combinações metal-porcelana.
Preparo da parte metálica dos corpos-de-prova
	 Depois de limpos, os corpos-de-prova foram subme-
tidos a tratamento da superfície com pedras de óxido de alumí-
nio e jatos de óxidos de alumínio, numa pressão de 60 libras, e
submersos em álcool isopropílico por cinco minutos, subme-
tidos ao vapor (Vapor Jet-EDG®) sob pressão, levados a um
aparelho de ultra-som (Vitasonic II® – VITA), e pré-oxidados
por cinco minutos a 1.050 °C.
Aplicação da porcelana
	 Para a aplicação da porcelana, os corpos-de-prova fo-
ram posicionados na metade inferior da matriz ficando com
aproximadamente a metade de sua altura acima da mesma.
Como a parte superior da matriz é em forma de semi-circunfe-
rência, apresenta um orifício com diâmetro de 8,4mm e altura
de 3mm, proporcionando uma camada de porcelana com di-
mensões semelhantes em todos os corpos-de-prova (Figura 5).
Para a porcelana NORITAKE EX3®, as duas camadas de opa-
co, pó e líquido, foram aplicadas a uma temperatura de 980°C,
e para a porcelana OMEGA 900® as duas queimas do opaco,
pó e líquido, foram a uma temperatura de 930°C.
	 A temperatura das duas queimas da porcelana de cor-
po foram NORITAKE EX3® a 930°C e OMEGA 900® a
900°C, sempre sob vácuo de 27 Ib/pol².
Resistência ao cisalhamento
RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
348
Figura 5. Detalhe do corpo-de-prova.
	 Após a aplicação das porcelanas, e com um paquíme-
tro (DIGIMESS®) de 0,05mm de precisão, foram feitas medi-
das nos corpos-de-prova tais como: D = diâmetro da porção
metálica do corpo-de-prova; M = diâmetro do corpo-de-prova
incluindo a porcelana; H = altura da camada de porcelana; E =
espessura da camada de porcelana, para que com o auxílio da
planilha de cálculo Excel, pudéssemos calcular a área de conta-
to da porcelana com o metal.
Teste de resistência ao cisalhamento
	 Os corpos-de-prova devidamente confeccionados fo-
ram então submetidos ao teste de resistência ao cisalhamento12
,
em uma máquina universal de tração e compressão EMIC®
(Emic Equipamentos e Sistema de Ensaio Ltda., modelo DL
2000 – Programa Tesc versão 1.10), utilizando-se uma célula de
carga de 200 Kgf e com velocidade de 0,5mm/min.
Metodologia estatística
	 Os valores médios relativos às ligas metálicas, siste-
mas cerâmicos e interações metal-porcelana foram submetidos
a Testes de Hipóteses de igualdade de médias Kruskal-Wallis,
ANOVA, Tukey, ao nível de significância 5%.
RESULTADOS
	 Os resultados obtidos com os testes de cisalhamen-
to12
foram submetidos a testes de hipóteses de igualdade de
médias Kruskal-Wallis, ANOVA e Tukey, com o nível de sig-
nificância adotado de 5%. As estatísticas dos grupos estão
tabeladas a seguir:
Tabela 1. Estatísticas em ordem crescente das médias.
	 As médias dos grupos podem ser agrupadas da seguin-
te forma: V N, V V e NC-N, WV, NC-V, doravante chamados de
conjunto A e conjunto B, respectivamente, conforme Figura 6.
	 Foi realizado o teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis para verificar a hipótese de igualdade das médias. Este
teste revelou que existe diferença significativa entre as médias
dos grupos.Assim, os grupos tomados em conjunto são esta-
tisticamente diferentes entre si.Verificou-se a normalidade dos
dados através do teste de Kolmogorov-Smirnov. A partir deste
resultado realizou-se a ANOVA One-way, quando a hipótese
de igualdade entre médias foi novamente rejeitada. Em seguida
foi aplicado o teste de Tukey, que identificou dois conjuntos:
conjunto A, composto pelos grupos V N, V V, W N e conjunto
B, formado pelos grupos NC-N, W V, NC-V. Cada conjunto
possui médias estatisticamente iguais entre si , porém o conjun-
to B é estatisticamente superior ao conjunto A (Figura 6).
Figura 6. Média final dos grupos.
DISCUSSÃO
	 As ligas à base de níquel-cromo são as mais utilizadas
atualmente. Uma alternativa são as ligas de cobalto-cromo,
uma vez que não sacrifica as propriedades físicas dos sistemas
metalocerâmicos8
.
	 Embora utilizada para testes de resistência ao cisa-
lhamento, a metodologia empregada neste estudo nos leva a
fazer algumas considerações. Primeiro uma metodologia que
facilitasse a obtenção de corpos-de-prova com dimensões esta-
tisticamente semelhantes na sua porção metálica. Segundo que
a área de contato interno da porcelana com a parte metálica do
corpo-de-prova, além de ser uniforme fosse calculada e com
isso pudesse ser comprovada a padronização desses espécimes.
Neste trabalho a parte metálica dos corpos-de-prova foi obtida
a partir de um único padrão de cera, e a área interna de contato
da porcelana com esta parte metálica foi medida e calculada
antes dos testes de resistência ao cisalhamento, para que pu-
déssemos comprovar a uniformidade desses espécimes. Essa
uniformidade e homogeneidade foram atestadas pelos baixos
Coeficientes de Variação, em torno de 0,8%, para suas dimen-
sões básicas, ou seja, diâmetro da parte metálica sem a porce-
lana (D) e diâmetro do corpo-de-prova com a porcelana (M),
bem como os valores das áreas de contato interno da porcelana
com o metal (A).
J.A. FERNANDES
RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
349
	 Os resultados demonstraram que dos seis grupos
pesquisados, as menores médias foram do grupo Verabond
II® x Noritake, seguidos dos grupos Verabond II® x Vita,
Wirobond-C x Noritake, New-Ceram® x Noritake, Wiro-
bond-C x Vita e New-Ceram® x Vita, cujas médias indicam
um melhor desempenho das ligas à base de cobalto-cromo.
Esta superioridade das ligas de cobalto-cromo não foi confir-
mada nos testes de cisalhamento13
, embora diferentes meto-
dologias tenham sido utilizadas, onde a liga de níquel-cromo
(Wironia®) apresentou resultados superiores aos das ligas à
base de cobalto-cromo (Wirobond C® e New Ceram®), mas
não estatisticamente significantes, quando se utilizou a porce-
lana Omega 900®.
	 Os resultados encontrados para as ligas Wirobond-
C® e New Ceram® associadas à porcelana OMEGA 900® fo-
ram estatisticamente semelhantes, o que pôde ser comprovado
também em nosso trabalho9
.
	 Baseado nas evidências dos testes realizados nos pa-
rece lícito afirmar que as ligas de cobalto-cromo, utilizadas
em nosso trabalho mostraram valores superiores à de níquel-
cromo no quesito adesão metal-porcelana, e estatisticamente
significante, embora esse desempenho não possa ser confir-
mado por estudos realizados9,13
, pois nestes estudos foram
utilizadas formulações diferentes tanto de níquel-cromo
quanto de cobalto-cromo bem como metodologias distintas
e pequenas modificações químicas6
tanto das ligas quanto das
porcelanas são capazes de produzir variações significantes na
resistência de união.
	 Os valores encontrados10
para a liga de cobalto-cromo
IPS d. SIGN 20® (Ivoclar) foram superiores aos obtidos com
as ligas de níquel-cromo WIRON 99® e 4ALL®, esta superio-
ridade, embora não significativa, também foi encontrada em
nosso experimento, porém com diferença estatística.
	 No caso de ligas de níquel-cromo e cobalto-cromo
a principal união entre o metal e a cerâmica de recobrimento
ocorre nas camadas passivas constituídas principalmente por
óxidos de cromo. Por este aspecto poderíamos justificar o me-
lhor comportamento das ligas Wirobond C® e New Ceram®
em relação a Verabond II®, uma vez que aquelas apresentam
percentuais de cromo superiores a esta. Além disso, entre as
ligas de cobalto-cromo a de maior percentagem de cromo em
sua formulação apresentou resistência de união metal-porcela-
na superior, onde a presença de óxido de cromo na superfície
da liga3
contribuiria para o aumento das forças de união. Além
disso, para se conseguir uma resistência elevada em relação à
corrosão e a união metal-porcelana7
é necessário uma taxa de
cromo de pelo menos 20% na composição da liga, requisito
este preenchido pelas ligas de cobalto-cromo utilizadas em nos-
so experimento, ao passo que ligas de níquel-cromo são consti-
tuídas de uma taxa de cromo bem inferior a esta.
	 Devido à escassez de trabalhos envolvendo ligas de
cobalto-cromo para próteses metalocerâmicas o desenvolvi-
mento de novas pesquisas nesta área é de grande importância,
uma vez que sua introdução clínica, é inevitável8
.
	 Embora apresente vantagens como biocompatibilida-
de, em relação às ligas de níquel-cromo, as ligas a base de co-
balto-cromo ainda são pouco utilizadas, o que segundo nosso
entendimento se dá pelo fato do desconhecimento e da pe-
quena divulgação entre os dentistas e técnicos de laboratórios,
principalmente. Além disso, a dificuldade em mudar hábitos e
aceitar novas técnicas e novos materiais, por parte desses pro-
fissionais, também contribui para justificar a pouca utilização
de ligas de cobalto-cromo para trabalhos metalocerâmicos.
	 Existe uma tendência natural de que as ligas de níquel-
cromo, comumente utilizadas em associações às cerâmicas,
sejam substituídas pelas de cobalto-cromo, as quais parecem
mostrar melhor biocompatibilidade13
.
CONCLUSÃO
	 De acordo com a pesquisa realizada e a metodologia
utilizada parece-nos lícito concluir que:
	 1. As ligas de cobalto-cromo tiveram comportamento
superior à liga de níquel-cromo sem berílio;
	 2. Essas ligas comprovaram suas indicações para tra-
balhos metalocerâmicos, em relação à adesão metal-porcelana,
embora mais testes devam ser realizados.
REFERÊNCIAS
Brecker SC. Porcelain baked to gold: a new medium in
prosthodontics. J Prosthet Dent. 1956; 6(6): 801-10.
Silver M, Klein G, Howard MC. Platinum-porcelain resto-
rations. J Prosthet Dent. 1956; 6(5): 695-705.
Moffa JP, Lugassy AA, Guckes AD, Gettleman L. An eva-
luation of nonprecious alloys for use with porcelain ve-
neers. Part I. Physical properties. J Prosthet Dent. 1973;
30(4):424-31.
Simonpaoli Y. Le point de vue de clinician. Les céramo-ni-
ckels. Rugosités de surface des infrastructu-res metalliques
ou mini-epaulements. Actual Odontostomatol. 1975; 109:
27-35.
Mclean JW. The metal-ceramic restoration. Dent Clin Nor-
th Am. 1983; 27(4): 747-61.
Kelly JR, Rose TC. Nonprecious alloys for use in fixed
prosthodontics: a literature review. J Prosthet Dent. 1983;
49(3): 363-70.
Strietzel R. Aufbrennfähige cobalt-chrom-legierun-gen.
Dent Labor. 2001; 49: 1-6.
Pretti N, Hilgert E, Bottino MA. Evaluation of the shear
bond strength of the union between two CoCralloys and a
Dental Ceramic. J Appl Oral Sci. 2004; 12(4): 2800-04.
Jóias RM. Shear bond strength among three metal alloys
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Resistência ao cisalhamento
RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
350
and ceramic material. J Dent Res. 2004; 83: 315.
Mello RM. Shear bond strength of a ceramic system to al-
ternative mental alloys. J Prosthet Dent. 2005; 93(1): 64- 9.
Hilgert E. Avaliação da união de ligas metálicas à cerâmica
por meio de ensaio de cisalhamento, e análise pela micros-
copia eletrônica de varredura e EDS [tese]. São José dos
10.
11.
Campos: Universidade Estadual Paulista; 2005.
Chiodi Netto J. Avaliação da resistência de união da por-
celana aplicada sobre liga de Ni-Cr e sobre solda [tese].
Bauru: Universidade de São Paulo; 1981.
Jóias RM. Shear bond strength among four metal alloys
and ceramic. J Dent Res. 2005; Abstract 0491.
12.
13.
J.A. FERNANDES
RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006

Contenu connexe

Tendances

17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villar17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villarKarina Mello
 
Materiais cerâmicos
Materiais cerâmicosMateriais cerâmicos
Materiais cerâmicosLívio Bruno
 
Características do aço e ferro fundido
Características do aço e ferro fundidoCaracterísticas do aço e ferro fundido
Características do aço e ferro fundidoQra Beto Nascimento
 
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]EngenheiroMarcio
 
Tratamentos térmicos e de superfície
Tratamentos térmicos e de superfícieTratamentos térmicos e de superfície
Tratamentos térmicos e de superfícieEngenheiroMarcio
 
Processamento térmico de ligas metálicas
Processamento térmico de ligas metálicasProcessamento térmico de ligas metálicas
Processamento térmico de ligas metálicasAlexandre Silva
 
Acta microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoovActa microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoovKarina Mello
 
Tecnologia dos Materiais
Tecnologia dos Materiais Tecnologia dos Materiais
Tecnologia dos Materiais suzanoleao
 
Processamento Térmico de Ligas Metálicas
Processamento Térmico de Ligas MetálicasProcessamento Térmico de Ligas Metálicas
Processamento Térmico de Ligas MetálicasJoelton Victor
 
Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02Priscila Praxedes
 
Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção eAços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção eAdelmo SEAV Ribeiro Moreira
 
Materiais metálicos
Materiais metálicosMateriais metálicos
Materiais metálicoswelton
 
Aços inox
Aços inoxAços inox
Aços inoxritzona
 
Glossario minero metalurgico
Glossario minero metalurgicoGlossario minero metalurgico
Glossario minero metalurgicoAllanSousa24
 

Tendances (20)

17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villar17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villar
 
Materiais cerâmicos
Materiais cerâmicosMateriais cerâmicos
Materiais cerâmicos
 
Características do aço e ferro fundido
Características do aço e ferro fundidoCaracterísticas do aço e ferro fundido
Características do aço e ferro fundido
 
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
 
Tratamentos térmicos e de superfície
Tratamentos térmicos e de superfícieTratamentos térmicos e de superfície
Tratamentos térmicos e de superfície
 
48127
4812748127
48127
 
Processamento térmico de ligas metálicas
Processamento térmico de ligas metálicasProcessamento térmico de ligas metálicas
Processamento térmico de ligas metálicas
 
Estampagem.
Estampagem.Estampagem.
Estampagem.
 
Acta microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoovActa microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoov
 
143971273 apostila-materiais
143971273 apostila-materiais143971273 apostila-materiais
143971273 apostila-materiais
 
Tecnologia dos Materiais
Tecnologia dos Materiais Tecnologia dos Materiais
Tecnologia dos Materiais
 
Manual sobre tubos
Manual sobre tubosManual sobre tubos
Manual sobre tubos
 
Processamento Térmico de Ligas Metálicas
Processamento Térmico de Ligas MetálicasProcessamento Térmico de Ligas Metálicas
Processamento Térmico de Ligas Metálicas
 
Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02
 
Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção eAços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção e
 
Materiais metálicos
Materiais metálicosMateriais metálicos
Materiais metálicos
 
Aços inox
Aços inoxAços inox
Aços inox
 
Ferros fundidos
Ferros fundidosFerros fundidos
Ferros fundidos
 
Aços e ferros fundidos
Aços e ferros fundidosAços e ferros fundidos
Aços e ferros fundidos
 
Glossario minero metalurgico
Glossario minero metalurgicoGlossario minero metalurgico
Glossario minero metalurgico
 

Similaire à Avaliação da Resistência às Forças de Cisalhamentode Porcelanas Aplicadas Sobre Liga de Níquel-Cromo e Cobalto-Cromo

Apostila eletrodos revestidos
Apostila eletrodos revestidosApostila eletrodos revestidos
Apostila eletrodos revestidosErasmo Maia
 
1901098rev0 apostila aramestubulares
1901098rev0 apostila aramestubulares1901098rev0 apostila aramestubulares
1901098rev0 apostila aramestubularesLukasSeize
 
Esab apostila eletrodosrevestidos
Esab apostila eletrodosrevestidosEsab apostila eletrodosrevestidos
Esab apostila eletrodosrevestidosLima Valdecy
 
Trb0807 cobem 2001_villar
Trb0807 cobem 2001_villarTrb0807 cobem 2001_villar
Trb0807 cobem 2001_villarKarina Mello
 
03 acos
03 acos03 acos
03 acosgabioa
 
Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...
Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...
Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...Adriana de Araujo
 
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidosLukasSeize
 
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidosLukasSeize
 
Desgaste ferros fundidos_freio
Desgaste ferros fundidos_freioDesgaste ferros fundidos_freio
Desgaste ferros fundidos_freiomarcoalves2003
 
Formação de martensita em aços ARBL
Formação de martensita em aços ARBLFormação de martensita em aços ARBL
Formação de martensita em aços ARBLwilliammenezes
 
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdfSoldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdfWILLIANRICARDODOSSAN1
 
8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptx
8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptx8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptx
8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptxtrabalhocasa3
 

Similaire à Avaliação da Resistência às Forças de Cisalhamentode Porcelanas Aplicadas Sobre Liga de Níquel-Cromo e Cobalto-Cromo (20)

Inconel 625
Inconel 625Inconel 625
Inconel 625
 
Apostila eletrodos revestidos
Apostila eletrodos revestidosApostila eletrodos revestidos
Apostila eletrodos revestidos
 
1901098rev0 apostila aramestubulares
1901098rev0 apostila aramestubulares1901098rev0 apostila aramestubulares
1901098rev0 apostila aramestubulares
 
Esab apostila eletrodosrevestidos
Esab apostila eletrodosrevestidosEsab apostila eletrodosrevestidos
Esab apostila eletrodosrevestidos
 
Apostila eletrodos revestidos
Apostila eletrodos revestidosApostila eletrodos revestidos
Apostila eletrodos revestidos
 
Trb0807 cobem 2001_villar
Trb0807 cobem 2001_villarTrb0807 cobem 2001_villar
Trb0807 cobem 2001_villar
 
03 acos
03 acos03 acos
03 acos
 
Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...
Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...
Efeito de inibidor de corrosão nas propriedades do concreto e no comportament...
 
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
 
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
1901097rev0 apostila eletrodosrevestidos
 
Estrutura cristalina dos metais
Estrutura cristalina dos metaisEstrutura cristalina dos metais
Estrutura cristalina dos metais
 
Pmt3100 aula 06 2014_2
Pmt3100 aula 06 2014_2Pmt3100 aula 06 2014_2
Pmt3100 aula 06 2014_2
 
Resumo sbq 2009
Resumo sbq 2009Resumo sbq 2009
Resumo sbq 2009
 
Resumo Sbq 2009
Resumo Sbq 2009Resumo Sbq 2009
Resumo Sbq 2009
 
Desgaste ferros fundidos_freio
Desgaste ferros fundidos_freioDesgaste ferros fundidos_freio
Desgaste ferros fundidos_freio
 
Formação de martensita em aços ARBL
Formação de martensita em aços ARBLFormação de martensita em aços ARBL
Formação de martensita em aços ARBL
 
Trabalho de Conclusão de Curso
Trabalho de Conclusão de CursoTrabalho de Conclusão de Curso
Trabalho de Conclusão de Curso
 
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdfSoldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
 
8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptx
8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptx8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptx
8 Estruturas Cristalinas Cerâmicas v28.5.2015.pptx
 
NANOTUBOS DE CARBONO
NANOTUBOS DE CARBONONANOTUBOS DE CARBONO
NANOTUBOS DE CARBONO
 

Plus de GracieleSonobe1

Incisões Para Terceiros Molares Inferiores Inclusos
Incisões Para Terceiros Molares Inferiores InclusosIncisões Para Terceiros Molares Inferiores Inclusos
Incisões Para Terceiros Molares Inferiores InclusosGracieleSonobe1
 
Prótese Parcial Removível Odontológico
Prótese Parcial Removível OdontológicoPrótese Parcial Removível Odontológico
Prótese Parcial Removível OdontológicoGracieleSonobe1
 
MANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
MANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇOMANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
MANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇOGracieleSonobe1
 
Cirurgia Geral Cicatrizaçao
Cirurgia Geral CicatrizaçaoCirurgia Geral Cicatrizaçao
Cirurgia Geral CicatrizaçaoGracieleSonobe1
 
Anestesia em odontopediatria
Anestesia em odontopediatriaAnestesia em odontopediatria
Anestesia em odontopediatriaGracieleSonobe1
 
Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...
Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...
Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...GracieleSonobe1
 
Clinica Odontologica Infantil - passo a passo
Clinica Odontologica Infantil - passo a passoClinica Odontologica Infantil - passo a passo
Clinica Odontologica Infantil - passo a passoGracieleSonobe1
 

Plus de GracieleSonobe1 (8)

Cirurgia Ambulatorial
Cirurgia AmbulatorialCirurgia Ambulatorial
Cirurgia Ambulatorial
 
Incisões Para Terceiros Molares Inferiores Inclusos
Incisões Para Terceiros Molares Inferiores InclusosIncisões Para Terceiros Molares Inferiores Inclusos
Incisões Para Terceiros Molares Inferiores Inclusos
 
Prótese Parcial Removível Odontológico
Prótese Parcial Removível OdontológicoPrótese Parcial Removível Odontológico
Prótese Parcial Removível Odontológico
 
MANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
MANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇOMANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
MANUAL PRÁTICO DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
 
Cirurgia Geral Cicatrizaçao
Cirurgia Geral CicatrizaçaoCirurgia Geral Cicatrizaçao
Cirurgia Geral Cicatrizaçao
 
Anestesia em odontopediatria
Anestesia em odontopediatriaAnestesia em odontopediatria
Anestesia em odontopediatria
 
Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...
Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...
Como escolher um adequado anestésico local para as diferentes situações na cl...
 
Clinica Odontologica Infantil - passo a passo
Clinica Odontologica Infantil - passo a passoClinica Odontologica Infantil - passo a passo
Clinica Odontologica Infantil - passo a passo
 

Dernier

Primeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e AnatomiaPrimeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e AnatomiaCristianodaRosa5
 
AULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsx
AULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsxAULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsx
AULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsxLeonardoSauro1
 
Prurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdf
Prurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdfPrurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdf
Prurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdfAlberto205764
 
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptxINTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptxssuser4ba5b7
 
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery  after surgery in neurosurgeryEnhanced recovery  after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery after surgery in neurosurgeryCarlos D A Bersot
 
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASAULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASArtthurPereira2
 
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdfO mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdfNelmo Pinto
 
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfGustavoWallaceAlvesd
 

Dernier (9)

Primeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e AnatomiaPrimeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
 
AULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsx
AULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsxAULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsx
AULA DE ERROS radiologia odontologia.ppsx
 
Prurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdf
Prurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdfPrurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdf
Prurigo. Dermatologia. Patologia UEM17B2.pdf
 
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptxINTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
 
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery  after surgery in neurosurgeryEnhanced recovery  after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
 
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASAULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
 
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdfO mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
 
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
 
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãosAplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
 

Avaliação da Resistência às Forças de Cisalhamentode Porcelanas Aplicadas Sobre Liga de Níquel-Cromo e Cobalto-Cromo

  • 1. 345 ORIGINAL / ORIGINAL AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA ÀS FORÇAS DE CISALHAMENTO DE PORCELANAS APLICADAS SOBRE LIGA DE NÍQUEL-CROMO E COBALTO-CROMO RESUMO Foi comparada a resistência de união metal-porcelana frente à força de cisalha- mento entre uma liga de níquel-cromo sem berílio, Verabond II® e duas ligas de cobalto-cromo, New Ceram® e Wirobond C®, associadas a duas porcelanas, Omega 900® e Noritake EX-3®. Os resultados da análise e dos testes estatísticos mostraram que os grupos tomados em conjunto são estatisticamente diferentes entre si, no entanto, existem grupos estatisticamente iguais, formando dois con- juntos. Conjunto A: formado pelos grupos Verabond II® x Noritake, Verabond II® x Vita, Wirobond-C® x Noritake e conjunto B: New-Ceram® x Noritake, Wirobond-C® x Vita, New-Ceram® x Vita, sendo o conjunto B estatisticamente superior ao conjunto A. Assim, pela metodologia e resultados obtidos as ligas de cobalto-cromo tiveram resultados superiores às de níquel-cromo. Palavras-chave: resistência ao cisalhamento; ligas de cobalto-cromo; ligas de ní- quel-cromo. ABSTRACT The porcelain-metal bonding strength between two cobalt-chrome alloys (New- Ceram® and Wirobond-C®) and one nickel-chrome alloy without beryllium (Ve- rabond II®) associated with two types of porcelain, Omega 900® and Noritake EX-3® was compared in this work. Based on the results of the statistical analysis and tests it can be stated that the groups established are statistically different within them, however there are two groups which are statistically equal, thus for- ming two groups. Group A: Verabond II® x Noritake®, Verabond II® x Vita®, Wirobond-C® x Noritake®; and Group B: New-Ceram® x Noritake®, Wiro- bond-C® x Vita®, New-Ceram® x Vita®, Group B showing results statistically superior than Group A. Thus, the cobalt-chrome alloys had superior results in comparison to the nickel-chrome alloys according to the methodology adopted and the results obtained. Keywords: shear strength; chromium alloys; chromium alloys. Evaluation of the resistances to porcelain shear forces applied on nickel-chromium and cobalt-chromium league José Aloísio FERNANDES Coordenador do Curso de Especialização em Prótese Dental. ABO Juiz de Fora. Rua Eurico Vianna, 04, Centro, 36010010, Juiz de Fora, MG, Brasil. Correspondência para / Correspondence to: J.A. Fernandes. RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
  • 2. 346 INTRODUÇÃO No século passado, na década de 50, foram desenvolvi- das pesquisas visando o desenvolvimento do material ideal para as restaurações, combinando a resistência de uma estrutura metá- lica com a estética da porcelana1 . Desta combinação surgiram as coroas metalocerâmicas, que a partir de uma infra-estrutura me- tálica, a base de ligas nobres oxidada, recoberta com porcelana, confecciona-se uma coroa com as vantagens da adaptação margi- nal e resistência do metal e as características funcionais e estéticas da cerâmica. A compatibilidade das restaurações metalocerâmica depende da combinação das propriedades de ambos, metal e por- celana. O sucesso desta combinação requer que o metal e a por- celana sejam química, térmica e mecanicamente compatíveis2 . A compatibilidade química implica na formação de uma união forte que deverá resistir ao estresse térmico residual e às forças mecâ- nicas solicitadas clinicamente. A compatibilidade térmica e me- cânica inclui uma temperatura de fusão que não cause distorção do substrato metálico, devendo existir um grau de proximidade entre o coeficiente de expansão térmica linear (C.E.T.L.) do metal e da porcelana. A compatibilidade química implica na formação de uma união forte durante a queima da porcelana e envolve a formação de uma camada de óxido na superfície metálica, e que cujo controle favorecerá a união química da porcelana ao metal. A utilização de ligas não nobres se difundiu a partir dos trabalhos de Moffa3 , que utilizou ligas de níquel-cromo com resul- tados significantemente mais altos que os obtidos com as ligas áu- ricas no que diz respeito à resistência de união metal-porcelana. Apesar de não haver uma liga ideal, outras vantagens foram encontradas nas ligas de níquel-cromo, tais como, módulo de elasticidade, que é o dobro das ligas áuricas, menor densidade, maior resistência e menor flexibilidade, além do baixo custo4 . A adesão da porcelana ao metal5 se deve principalmente a três tipos de forças: física – ou forças de Van der Waals; química – força gerada pela troca de óxidos na interface metal-porcelana; mecânica – força de compressão, originada pela diferença de co- eficiente de contração térmica da porcelana e do metal, forma de contorno da estrutura metálica e das condições de sua superfície. Todos os três mecanismos requerem molhamento da superfície metálica com a porcelana durante a sua cocção. Estudando ligas de níquel-cromo e cobalto-cromo destacaram o níquel e o cromo como os metais mais presentes e que a adição do cromo aumenta a dureza e a resistência à oxi- dação da liga, e que pequenas alterações na composição destas levariam a diferentes comportamentos6 . O aumento do custo dos metais nobres e a demanda por ligas com grande resistência ao escoamento, quando da queima da porcelana, despertou o interesse no desenvolvimento de ligas de metais básicos para satisfazer a estas necessidades. Estas ligas são quase todas baseadas na combinação níquel-cromo, cobalto-cro- mo ou níquel-cromo titânio. Em relação às propriedades mecâni- cas7 , as ligas de cobalto-cromo são superiores às ligas áuricas. A resistência de união metal-porcelana8 de duas ligas de cobalto-cromo (WIROBOND C®, Remanium 2000®) e a por- celana Omega 900® foram avaliadas e os resultados não mostra- ram diferenças estatísticas entre os valores das duas ligas. Comparando duas ligas de cobalto-cromo9 (New Ce- ram® e Wirobond C®) e níquel-cromo (Wironia®) com a cerâ- mica Omega 900®, encontrou-se valores similares entre as ligas de cobalto-cromo, porém Wirobond C® e Wironia® diferiram estatisticamente. Também comparando resistência de união en- tre três ligas de cobalto-cromo (IPS 20®, IPS 30® e Remanium 2000®) e uma de níquel-cromo (Wironia®) com a porcelana Omega 900®, Jóias13 encontrou valores estatisticamente simila- res para IPS 20®, IPS 30® e Wironia®, mas Remanium 2000® obteve valores estatisticamente inferiores às demais. Para a resistência ao cisalhamento de duas ligas de co- balto-cromo (IPS d. Sign 20® e Argeloy NP®) e duas ligas de níquel-cromo (4ALL® e Wiron 99®) a porcelana utilizada foi a IPS d. Sign 20® foram avaliadas e concluiu-se que não houve diferença estatística entre as quatro ligas estudadas10 . As ligas de cobalto-cromo ainda são pouco utilizadas em relação às de níquel-cromo, apesar de terem comportamen- to, frente a forças de união, superior ao de ligas de níquel-cro- mo e áuricas11 . Strietzel (Comunicação pessoal*) cita que a principal união entre a liga e a cerâmica ocorre nas camadas passivas constituídas principalmente de óxido de cromo. O objetivo do presente estudo foi comparar a resistên- cia de união metal-porcelana entre duas ligas de cobalto-cromo (New Ceram® e Wirobond C®) e uma liga de níquel-cromo sem berílio (Verabond II®) associadas a duas porcelanas, Ome- ga 900® (Vita) e Noritake EX-3® (Noritake). MATERIAL E MÉTODOS Materiais As ligas metálicas e os sistemas cerâmicos utilizados foram: Ligas - Verabond II® (Aalba Dent Inc. – EUA) - New Ceram® (CNG Soluções Protéticas - Brasil) - Wirobond-C® (Bego, Bremem - Alemanha) Sistemas cerâmicos - NORITAKE® (Noritake Co. Limited – Made in Japan) - Porcelana opaca e de corpo (Super Porcelain EX-3®) - Líquido para opaco e para modelar (Super Porcelain EX-3®) - VITA® (Zahnfabrick – Bad Säckingen – Made in Germany) - Porcelana opaca e de corpo (Omega 900®) - Líquido para opaco e para modelar (Omega 900®) - Porcelana opaca e de corpo (Omega 900®) Método Corpo-de-Prova Os corpos-de-prova para aplicação da porcelana e teste de re- sistência ao cisalhamento foram obtidos utilizando uma matriz J.A. FERNANDES RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006 * Strietzel h. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por (strietzel@bego.com.br). Em 08 março 2006
  • 3. 347 de aço inoxidável constituída de duas partes: uma base inferior com uma perfuração cilíndrica vertical medindo 15mm de altu- ra e 6mm de diâmetro e uma parte superior removível e forma semi-circunferencial com uma perfuração central de 3mm de altura e 8,4mm de diâmetro que se encaixam (Figura 1). Figura 1. Matriz para obtenção dos corpos-de-prova. Confecção dos corpos-de-prova, inclusão e fundição Para confecção da parte metálica dos corpos-de-pro- va, foi utilizada cera verde em barras (Max Master®). Cinco padrões em cera foram obtidos, e após inspeção visual, um foi selecionado e incluído em revestimento de alta temperatura Talladium Micro fine 1700® (Talladium Inc., USA) usando a proporção líquido-pó de 16 ml do líquido + 6 ml de água para 90 gramas de pó, conforme especificação do fabricante. De- corridos 15 minutos da inclusão em anel de silicone, foi levado ao forno a uma temperatura de 750°C e, após 20 minutos, atin- gindo a temperatura de 940°C foi feita a fundição utilizando maçarico de oxigênio/gás butano, com múltiplos orifícios (Art. 207 Swiss®). Após a fundição, deixou-se que o anel resfrias- se até a temperatura ambiente. Para remoção dos resíduos de revestimento foram utilizados jatos abrasivos contendo micro- esferas de vidro e óxido de alumínio em um aparelho tri-jato (Renfert® – Alemanha). Após remoção do revestimento, esta fundição foi levada a um torno mecânico (MITO®), a fim de que fossem obtidas 10 réplicas (Figura 2). Em seguida, essas ré- plicas foram duplicadas com silicone (ORMA DUPLO®) con- forme Figura 3, que serviram de matriz para obtenção dos 90 padrões de cera (Figura 4), que fundidos deram origem à parte metálica dos corpos-de-prova, sendo 15 para cada combina- ção metal-porcelana, e seguindo os mesmos critérios utilizados para obtenção da parte metálica do primeiro corpo-de-prova. Figura 2. Réplicas dos corpos - de - prova. Figura 3. Silicone para duplicação das réplicas. Figura 4. Silicone para obtenção dos corpos – de- prova. Após concluída a aplicação das porcelanas, obtivemos 6 grupos de 15 corpos-de-prova distribuídos conforme Quadro 1. Quadro 1. Combinações metal-porcelana. Preparo da parte metálica dos corpos-de-prova Depois de limpos, os corpos-de-prova foram subme- tidos a tratamento da superfície com pedras de óxido de alumí- nio e jatos de óxidos de alumínio, numa pressão de 60 libras, e submersos em álcool isopropílico por cinco minutos, subme- tidos ao vapor (Vapor Jet-EDG®) sob pressão, levados a um aparelho de ultra-som (Vitasonic II® – VITA), e pré-oxidados por cinco minutos a 1.050 °C. Aplicação da porcelana Para a aplicação da porcelana, os corpos-de-prova fo- ram posicionados na metade inferior da matriz ficando com aproximadamente a metade de sua altura acima da mesma. Como a parte superior da matriz é em forma de semi-circunfe- rência, apresenta um orifício com diâmetro de 8,4mm e altura de 3mm, proporcionando uma camada de porcelana com di- mensões semelhantes em todos os corpos-de-prova (Figura 5). Para a porcelana NORITAKE EX3®, as duas camadas de opa- co, pó e líquido, foram aplicadas a uma temperatura de 980°C, e para a porcelana OMEGA 900® as duas queimas do opaco, pó e líquido, foram a uma temperatura de 930°C. A temperatura das duas queimas da porcelana de cor- po foram NORITAKE EX3® a 930°C e OMEGA 900® a 900°C, sempre sob vácuo de 27 Ib/pol². Resistência ao cisalhamento RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
  • 4. 348 Figura 5. Detalhe do corpo-de-prova. Após a aplicação das porcelanas, e com um paquíme- tro (DIGIMESS®) de 0,05mm de precisão, foram feitas medi- das nos corpos-de-prova tais como: D = diâmetro da porção metálica do corpo-de-prova; M = diâmetro do corpo-de-prova incluindo a porcelana; H = altura da camada de porcelana; E = espessura da camada de porcelana, para que com o auxílio da planilha de cálculo Excel, pudéssemos calcular a área de conta- to da porcelana com o metal. Teste de resistência ao cisalhamento Os corpos-de-prova devidamente confeccionados fo- ram então submetidos ao teste de resistência ao cisalhamento12 , em uma máquina universal de tração e compressão EMIC® (Emic Equipamentos e Sistema de Ensaio Ltda., modelo DL 2000 – Programa Tesc versão 1.10), utilizando-se uma célula de carga de 200 Kgf e com velocidade de 0,5mm/min. Metodologia estatística Os valores médios relativos às ligas metálicas, siste- mas cerâmicos e interações metal-porcelana foram submetidos a Testes de Hipóteses de igualdade de médias Kruskal-Wallis, ANOVA, Tukey, ao nível de significância 5%. RESULTADOS Os resultados obtidos com os testes de cisalhamen- to12 foram submetidos a testes de hipóteses de igualdade de médias Kruskal-Wallis, ANOVA e Tukey, com o nível de sig- nificância adotado de 5%. As estatísticas dos grupos estão tabeladas a seguir: Tabela 1. Estatísticas em ordem crescente das médias. As médias dos grupos podem ser agrupadas da seguin- te forma: V N, V V e NC-N, WV, NC-V, doravante chamados de conjunto A e conjunto B, respectivamente, conforme Figura 6. Foi realizado o teste não-paramétrico de Kruskal- Wallis para verificar a hipótese de igualdade das médias. Este teste revelou que existe diferença significativa entre as médias dos grupos.Assim, os grupos tomados em conjunto são esta- tisticamente diferentes entre si.Verificou-se a normalidade dos dados através do teste de Kolmogorov-Smirnov. A partir deste resultado realizou-se a ANOVA One-way, quando a hipótese de igualdade entre médias foi novamente rejeitada. Em seguida foi aplicado o teste de Tukey, que identificou dois conjuntos: conjunto A, composto pelos grupos V N, V V, W N e conjunto B, formado pelos grupos NC-N, W V, NC-V. Cada conjunto possui médias estatisticamente iguais entre si , porém o conjun- to B é estatisticamente superior ao conjunto A (Figura 6). Figura 6. Média final dos grupos. DISCUSSÃO As ligas à base de níquel-cromo são as mais utilizadas atualmente. Uma alternativa são as ligas de cobalto-cromo, uma vez que não sacrifica as propriedades físicas dos sistemas metalocerâmicos8 . Embora utilizada para testes de resistência ao cisa- lhamento, a metodologia empregada neste estudo nos leva a fazer algumas considerações. Primeiro uma metodologia que facilitasse a obtenção de corpos-de-prova com dimensões esta- tisticamente semelhantes na sua porção metálica. Segundo que a área de contato interno da porcelana com a parte metálica do corpo-de-prova, além de ser uniforme fosse calculada e com isso pudesse ser comprovada a padronização desses espécimes. Neste trabalho a parte metálica dos corpos-de-prova foi obtida a partir de um único padrão de cera, e a área interna de contato da porcelana com esta parte metálica foi medida e calculada antes dos testes de resistência ao cisalhamento, para que pu- déssemos comprovar a uniformidade desses espécimes. Essa uniformidade e homogeneidade foram atestadas pelos baixos Coeficientes de Variação, em torno de 0,8%, para suas dimen- sões básicas, ou seja, diâmetro da parte metálica sem a porce- lana (D) e diâmetro do corpo-de-prova com a porcelana (M), bem como os valores das áreas de contato interno da porcelana com o metal (A). J.A. FERNANDES RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
  • 5. 349 Os resultados demonstraram que dos seis grupos pesquisados, as menores médias foram do grupo Verabond II® x Noritake, seguidos dos grupos Verabond II® x Vita, Wirobond-C x Noritake, New-Ceram® x Noritake, Wiro- bond-C x Vita e New-Ceram® x Vita, cujas médias indicam um melhor desempenho das ligas à base de cobalto-cromo. Esta superioridade das ligas de cobalto-cromo não foi confir- mada nos testes de cisalhamento13 , embora diferentes meto- dologias tenham sido utilizadas, onde a liga de níquel-cromo (Wironia®) apresentou resultados superiores aos das ligas à base de cobalto-cromo (Wirobond C® e New Ceram®), mas não estatisticamente significantes, quando se utilizou a porce- lana Omega 900®. Os resultados encontrados para as ligas Wirobond- C® e New Ceram® associadas à porcelana OMEGA 900® fo- ram estatisticamente semelhantes, o que pôde ser comprovado também em nosso trabalho9 . Baseado nas evidências dos testes realizados nos pa- rece lícito afirmar que as ligas de cobalto-cromo, utilizadas em nosso trabalho mostraram valores superiores à de níquel- cromo no quesito adesão metal-porcelana, e estatisticamente significante, embora esse desempenho não possa ser confir- mado por estudos realizados9,13 , pois nestes estudos foram utilizadas formulações diferentes tanto de níquel-cromo quanto de cobalto-cromo bem como metodologias distintas e pequenas modificações químicas6 tanto das ligas quanto das porcelanas são capazes de produzir variações significantes na resistência de união. Os valores encontrados10 para a liga de cobalto-cromo IPS d. SIGN 20® (Ivoclar) foram superiores aos obtidos com as ligas de níquel-cromo WIRON 99® e 4ALL®, esta superio- ridade, embora não significativa, também foi encontrada em nosso experimento, porém com diferença estatística. No caso de ligas de níquel-cromo e cobalto-cromo a principal união entre o metal e a cerâmica de recobrimento ocorre nas camadas passivas constituídas principalmente por óxidos de cromo. Por este aspecto poderíamos justificar o me- lhor comportamento das ligas Wirobond C® e New Ceram® em relação a Verabond II®, uma vez que aquelas apresentam percentuais de cromo superiores a esta. Além disso, entre as ligas de cobalto-cromo a de maior percentagem de cromo em sua formulação apresentou resistência de união metal-porcela- na superior, onde a presença de óxido de cromo na superfície da liga3 contribuiria para o aumento das forças de união. Além disso, para se conseguir uma resistência elevada em relação à corrosão e a união metal-porcelana7 é necessário uma taxa de cromo de pelo menos 20% na composição da liga, requisito este preenchido pelas ligas de cobalto-cromo utilizadas em nos- so experimento, ao passo que ligas de níquel-cromo são consti- tuídas de uma taxa de cromo bem inferior a esta. Devido à escassez de trabalhos envolvendo ligas de cobalto-cromo para próteses metalocerâmicas o desenvolvi- mento de novas pesquisas nesta área é de grande importância, uma vez que sua introdução clínica, é inevitável8 . Embora apresente vantagens como biocompatibilida- de, em relação às ligas de níquel-cromo, as ligas a base de co- balto-cromo ainda são pouco utilizadas, o que segundo nosso entendimento se dá pelo fato do desconhecimento e da pe- quena divulgação entre os dentistas e técnicos de laboratórios, principalmente. Além disso, a dificuldade em mudar hábitos e aceitar novas técnicas e novos materiais, por parte desses pro- fissionais, também contribui para justificar a pouca utilização de ligas de cobalto-cromo para trabalhos metalocerâmicos. Existe uma tendência natural de que as ligas de níquel- cromo, comumente utilizadas em associações às cerâmicas, sejam substituídas pelas de cobalto-cromo, as quais parecem mostrar melhor biocompatibilidade13 . CONCLUSÃO De acordo com a pesquisa realizada e a metodologia utilizada parece-nos lícito concluir que: 1. As ligas de cobalto-cromo tiveram comportamento superior à liga de níquel-cromo sem berílio; 2. Essas ligas comprovaram suas indicações para tra- balhos metalocerâmicos, em relação à adesão metal-porcelana, embora mais testes devam ser realizados. REFERÊNCIAS Brecker SC. Porcelain baked to gold: a new medium in prosthodontics. J Prosthet Dent. 1956; 6(6): 801-10. Silver M, Klein G, Howard MC. Platinum-porcelain resto- rations. J Prosthet Dent. 1956; 6(5): 695-705. Moffa JP, Lugassy AA, Guckes AD, Gettleman L. An eva- luation of nonprecious alloys for use with porcelain ve- neers. Part I. Physical properties. J Prosthet Dent. 1973; 30(4):424-31. Simonpaoli Y. Le point de vue de clinician. Les céramo-ni- ckels. Rugosités de surface des infrastructu-res metalliques ou mini-epaulements. Actual Odontostomatol. 1975; 109: 27-35. Mclean JW. The metal-ceramic restoration. Dent Clin Nor- th Am. 1983; 27(4): 747-61. Kelly JR, Rose TC. Nonprecious alloys for use in fixed prosthodontics: a literature review. J Prosthet Dent. 1983; 49(3): 363-70. Strietzel R. Aufbrennfähige cobalt-chrom-legierun-gen. Dent Labor. 2001; 49: 1-6. Pretti N, Hilgert E, Bottino MA. Evaluation of the shear bond strength of the union between two CoCralloys and a Dental Ceramic. J Appl Oral Sci. 2004; 12(4): 2800-04. Jóias RM. Shear bond strength among three metal alloys 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Resistência ao cisalhamento RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006
  • 6. 350 and ceramic material. J Dent Res. 2004; 83: 315. Mello RM. Shear bond strength of a ceramic system to al- ternative mental alloys. J Prosthet Dent. 2005; 93(1): 64- 9. Hilgert E. Avaliação da união de ligas metálicas à cerâmica por meio de ensaio de cisalhamento, e análise pela micros- copia eletrônica de varredura e EDS [tese]. São José dos 10. 11. Campos: Universidade Estadual Paulista; 2005. Chiodi Netto J. Avaliação da resistência de união da por- celana aplicada sobre liga de Ni-Cr e sobre solda [tese]. Bauru: Universidade de São Paulo; 1981. Jóias RM. Shear bond strength among four metal alloys and ceramic. J Dent Res. 2005; Abstract 0491. 12. 13. J.A. FERNANDES RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 345-350, out./dez. 2006